Post on 03-Aug-2015
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................6
1 HISTÓRIA DA CHINA.................................................................................................7
1.1 Pré-história.............................................................................................................7
1.2 Primeiras Dinastias................................................................................................8
1.3 Primeira Unificação Chinesa: Dinastias Qin e Han................................................9
1.4 Fragmentação do Império Chinês........................................................................10
1.5 Segunda Unificação: Dinastias Sui e Tang..........................................................10
1.6 Nova divisão: A dinastia Song e a invasão mongol.............................................11
1.7 Dinastia Ming.......................................................................................................12
1.8 Dinastia Manchu dos Qing...................................................................................12
1.9 Revolução de 1991 e a República.......................................................................14
1.10 República Popular..............................................................................................17
1.12 A China do presente..........................................................................................21
2 POLÍTICA DA CHINA................................................................................................22
3 ECONOMIA...............................................................................................................24
3.1 Principais dados e características da economia chinesa.....................................24
4 GEOGRAFIA.............................................................................................................26
4.1 Clima....................................................................................................................27
4.2 Relevo..................................................................................................................27
4.3 Flora........................................................................Erro! Indicador não definido.
4.4 Fauna...................................................................................................................30
5 RELIGIÃO..................................................................................................................32
5.1 História.................................................................................................................32
5.2 Práticas................................................................................................................34
6 CULTURA..................................................................................................................35
6.1 Cerâmica..............................................................................................................35
6.2 Artes Marcias Chinesas – O Kung Fu..................................................................36
6.3 Mitologias Chinesas.............................................................................................36
6.3.1 Lao Zi ............................................................................................................36
6.3.2 Doutrina...........................................................................................................36
6.4 Musica da China..................................................................................................36
7 CULINÁRIA...............................................................................................................36
7.1 Cultura do Chá na China........................................................................................43
7.2 Culinária e cidade Shanghai..................................................................................44
7.3 Alguns pratos famosos..........................................................................................45
8 IDIOMA......................................................................................................................48
9 LITERATURA CHINESA...........................................................................................50
9.1 Época Clássica....................................................................................................50
9.2 Época Medieval....................................................................................................52
9.3 Época Moderna....................................................................................................53
9.4 A Arte da Guerra do grande Sun-Tzu..................................................................54
10 CURIOSIDADES......................................................................................................54
10.1 Reportagens do Fantástico sobre a China.........................................................55
10.1.1Reportagem: Sônia Bridi (Guilin, China) Pesca sem anzol...........................55
10.1.2 Reportagem: Sônia Bridi (Wuqiao, China) Fábrica de malabaristas............56
10.1.3 Reportagem: Sônia Bridi (Guilin, China) Cabelos gigantes.........................59
10.1.4 Reportagem: Sônia Bridi (Yan'an, China)Pés Delicados.............................61
10.1.5 Reportagem: Sônia Bridi (Pequim e Yan'an, China) Pregão de solteiros....63
10.1.6 Reportagem: Sônia Bridi (Yan'an, China) Vida nas cavernas......................66
10.1.7 Reportagem: Sônia Bridi (Lijiang, China) Guardião das ervas chinesas......69
ENTREVISTA...............................................................................................................70
ANEXOS.....................................................................................................................706
REFERÊNCIAS............................................................................................................77
INTRODUÇÃO
1 HISTÓRIA DA CHINA
A civilização chinesa tem uma longa história, cuja principal característica foi, até
o século XIX, a imutabilidade de determinados elementos como o cultivo de cereais, a
escrita, a importância da família ou o culto aos antepassados. Assim como outros
povos da antiguidade, os chineses pensavam que a melhor forma de viver não
consistia em modernizar-se, mas em repetir arquétipos do passado.
1.1 Pré-história
Sítios paleontológicos de Zhou Koudian (Chou Kou-tien), próximo de Pequim,
demonstram a presença de hominídeos primitivos, os chamados sinantropos, há mais
de 200.000 anos.
São pouco documentadas as origens da civilização chinesa. Na Mongólia e na
Manchúria desenvolveu-se uma cultura mesolítica de caçadores e agricultores no
período pós-glacial. Em Linxia e Chiiafeng apareceram as primeiras colônias agrícolas
sedentárias. No início do quarto milênio antes da era cristã, surgiu na fértil região do
vale do Amarelo a civilização neolítica de Yangzhou, caracterizada pela pintura em
cerâmica, pelo aperfeiçoamento das técnicas agrícolas (cultivo de cereais) e pela
domesticação de animais.
1.2 Primeiras Dinastias
No começo do segundo milênio antes da era cristã, a China entrou na idade do
bronze. A descoberta desse metal teve conseqüências importantíssimas. Formou-se
uma vasta civilização caracterizada pela divisão da sociedade entre os nobres,
habitantes das cidades-palácios, e os camponeses. A nobreza reconhecia a
autoridade de um soberano, embora o poder deste, na prática, se limitasse ao campo
religioso. Assim surgiu a primeira dinastia conhecida, denominada Shang (séculos
XVIII-XII a.C.), da qual se tem notícia pelas inscrições encontradas nas escavações de
Anyang. Essa dinastia, enfraquecida pela pressão dos povos vizinhos, foi substituída
entre os séculos XII e III a.C. pela dinastia Zhou (Chou), que transferiu a capital para
Luoyang, na região de Henan (Honan).
A cultura (costumes) inicial viu-se ameaçada pelas cidades vizinhas e pela
pressão dos povos bárbaros vizinhos, sobretudo os do norte, os mongóis, pois os do
sul foram vencidos.Graças à descoberta do ferro foi possível conter os grupos que
ameaçavam as fronteiras.
As guerras desse período vieram acompanhadas de grande florescimento
cultural. Foi nessa época que surgiram as duas principais correntes filosóficas da
China: a confucionismo, que ressaltava os princípios morais, e o taoísmo, criado por
Laozi (Lao-tzu ou Lao-tsé), que defendia uma vida em harmonia com a natureza.
Outra escola importante foi a de Mêncio (em chinês Mengzi, Mengtse ou Meng Ko),
que destacava a importância da educação como meio para aperfeiçoar a natureza
humana.
1.3 Primeira Unificação Chinesa: Dinastias Qin e Han
Os últimos reis Zhou viveram retirados em Luoyang. Entre os anos 230 e 221
a.C., o estado de Qin (ou Ch’in) destronou a dinastia Zhou e se impôs aos príncipes
locais. Embora de curta duração (221-206 a.C.), a dinastia Qin foi de vital impotância
para a China, pois lançou as bases de um império que haveria de se manter durante
mais de dois milênios.
O império consistia em um território unificado sob controle religioso e político de
um soberano. Mas a custosa política defensiva e centralizadora dos Qin (construção
da Grande Muralha, estradas) provocou uma rebelião generalizada da qual saiu
vencedor o proprietário de terras Liu Pang, que impôs sua autoridade e fundou a
dinastia Han (206 a.C.-220 da era cristã).A política dessa dinastia se voltou para o
fortalecimento do poder real, o que tornava imprescindível enfraquecer os príncipes
feudais. O governo central apoiava-se em um funcionalismo fiel.
A dinastia Han coincidiu com um período de expansão comercial e agrícola que
se manifestou pela rotação de culturas, pela realização de numerosas obras
hidráulicas, pela formação de uma classe mercantil e pela substituição da antiga
aristocracia por um grupo de proprietários de terras mais dinâmicos. Os Han também
adotaram uma política expansionista que resultou na conquista do norte da Coréia, da
região de Um Us e da zona meridional até Cantão. No campo ideológico, essa dinastia
fez o confucionismo a doutrina oficial do estado; as idéias de Confúcio, ensinadas nas
escolas, eram matéria exigida nos concursos ao funcionalismo.
No fim do século II da era cristã, as sublevações populares, de inspiração
taoísta, e os ataques dos nômades instalados nas fronteiras norte-ocidentais
obrigaram o imperador a entregar o poder a militares e proprietários de terras nas
regiões vizinhas.
1.4 Fragmentação do Império Chinês
A época compreendida entre os anos 220 e 589 é conhecida como a dos três
reinos e das seis dinastias. Nesse período, a China sofreu divisões internas e o ataque
de diversos povos nômades (tibetanos, turcos e mongóis). Alguns desses povos
estabeleceram-se no vale do Amarelo, o que provocou uma intensa emigração para o
curso inferior do Yangzi, onde se produziu uma fecunda fusão cultural. O delta desse
rio tornou-se uma próspera região agrícola, baseada nas culturas de arroz e chá. No
âmbito religioso, difundiram-se o budismo e o taoísmo.
1.5 Segunda Unificação: Dinastias Sui e Tang
Em 581, Yang Jian, alto funcionário do reino Zhou do norte, conseguiu
submeter à sua autoridade a região do sul, depois da conquista de Nanquim. Assim, a
nova dinastia, denominada Sui, reunificou o país depois de três séculos de
fragmentação política, econômica, cultural e lingüística. Durante esse período,
construiu-se o grande canal que uniu o Yangzi ao Amarelo.
Os reveses nas guerras contra coreanos e turcos precipitaram a queda da
dinastia. Li Yuan, comandante dos exércitos do norte, aproveitou o desencadeamento
de uma revolta na região oriental para assassinar o imperador e tomar o poder. A nova
dinastia, a Tang (618-907), continuou a obra reunificadora iniciada pelos Sui. Os Tang
reorganizaram a administração, derrotaram turcos e coreanos e conquistaram o Tibet.
Durante essa época, a China conheceu grande desenvolvimento artístico (poesia e
pintura) e científico (cartografia e matemática) e entrou em contato com outras
civilizações, como a japonesa, a coreana, a indiana e a árabe. O período de
florescimento cultural e de expansão territorial da dinastia Tang terminou com a
derrota chinesa frente aos árabes em 751, na fronteira norte-ocidental. A partir desse
momento, começou uma fase de decadência e esta resultou em nova fragmentação
que veio em seguida a queda dos Tang, em 907. O período das cinco dinastias e dos
dez estados, entre 907 e 960, caracterizou-se pelo caos político, embora tenha havido
um importante desenvolvimento científico que se plasmou na invenção da imprensa.
1.6 Nova divisão: A dinastia Song e a invasão mongol
A partir de 960, a dinastia Song (Sung) reorganizou o país impondo reformas
tributárias que aliviaram a situação econômica dos camponeses e favoreceram o
comércio. Nessa época houve grande desenvolvimento cultural, com a difusão de
textos impressos e a renovação das doutrinas confucionistas. Contudo, a nova dinastia
perdeu o controle do nordeste do império. No século XI, a China ficou dividida em
duas zonas: a metade meridional, ocupada pelos Song; e a metade setentrional, em
poder do reino mongol de Kitan. No século seguinte, os Ruzhen (Juchen)
estabeleceram o reino Jin (Chin) na China setentrional, onde se mantiveram até a
chegada dos mongóis.
Em 1206, Gengis Khan consolidou seu poder sobre as tribos mongóis das
estepes do lago Baikal. Cinco anos depois, invadiu a China. Com a derrota definitiva
dos Jin em 1234, os mongóis continuaram seu avanço para o sul em 1250. A parte
meridional do país, controlada pela dinastia Song, resistiu com valentia, mas
finalmente, em 1279, todo o território chinês ficou sob a autoridade de uma dinastia
estrangeira, a dos Yuan (Yüan). O neto de Gengis Khan, Kublai-Khan (ou Kubilay-
Khan), transferiu a capital para Khanbalip (a futura Pequim). Durante essa época o
comércio foi favorecido pelo controle da zona acidental, que abriu as rotas para a Ásia
central e a Europa. A abertura dessas rotas permitiu a chegada das idéias européias
por meio de viajantes como Marco Pólo e Giovanni da Montecorvino.
1.7 Dinastia Ming
Não durou muito o imenso império mongol, assimilado à sociedade e à cultura
chinesas. Em meados do século XIV, uma revolta camponesa transformou-se em
guerra de libertação contra os mongóis, cujo último imperador foi derrubado em 1368,
quando o monge budista Zhu Yuanzhang (Hongwu) fundou a dinastia Ming. Durante
esse período aumentou a atividade humana marítima. As embarcações chinesas
chegavam à Arábia e até mesmo à África oriental. Floresceram as belas-artes
(arquitetura, cerâmica) e multiplicaram-se os contatos com o exterior. No fim do século
XVI os portugueses instalaram-se em Macau e vieram muitas missões jesuíticas. A
partir do fim desse século, os ataques de piratas japoneses geraram grande
instabilidade, que foi aproveitada pelos manchus, descendentes dos Juchen da
Manchúria, que conquistaram todo o império em 1644.
1.8 Dinastia Manchu dos Qing
Até o fim do século XVIII, a China experimentou grande florescimento sob a
nova dinastia Qing (Tsing) manchu. O império logrou sua máxima expansão territorial:
pacificou-se o Tibet e os mongóis foram derrotados; o Annam (o futuro Vietnã),
Myanmar e o Nepal reconheceram as fronteiras meridionais da China; e Formosa foi
conquistada em 1680.
A introdução de novas culturas, como a do milho e do tabaco, favoreceu o
desenvolvimento agrícola, e o comércio expandiu-se com o estabelecimento de
colônias européias (portuguesas, holandesas e britânicas). Além disso, a população
cresceu muito: passou de 150 milhões de habitantes em 1600 para 400 milhões no
começo do século XIX.
Com o fim do século XVIII, porém ,a China entrou em um período de crise
econômica, política e social. Dessa vez, a ameaça para a dinastia manchu e para a
China tradicional viria da Europa, que pretendia aumentar sua penetração comercial
nesse país, contra a vontade dos imperadores. A instabilidade política interna, fruto da
crise econômica, serviu de brecha aos europeus para forçarem a abertura dos portos
chineses ao comércio.
Em 1839, os ingleses aproveitaram a destruição de um carregamento de ópio
(mercadoria que introduziam na China a partir da Índia) para declarar guerra à dinastia
manchu. A chamada Guerra do Ópio terminou com a derrota chinesa. Os ingleses
forçaram o Tratado de Nanquim (1842), pelo qual os chineses se comprometiam a
abrir ao comércio britânico cinco portos, entre os quais os dois mais importantes do
país, Xangai e Cantão, e além disso cediam o de Hong Kong.
Nos anos seguintes, prosseguiu a instabilidade interna. Em meados da década
de 1850, sucederam-se os levantes muçulmanos das regiões de Xinjiang e Yunnan;e ,
em 1853, o movimento Taiping, de cunho religioso e milenarista, conquistou Nanjing e
tentou expandir seu poder pelo norte da China. Uma intervenção militar franco-
britânica obrigou o governo chinês a fazer novas concessões. Pelo Tratado de
Pequim, firmado em 1860, abriram-se 11 outros portos no país e ofereceram-se mais
vantagens aos estrangeiros. A China, agora aberta ao comércio, tornou-se presa dos
interesses europeus. O império cedeu aos franceses o território vassalo do Vietnã e
aos japoneses a ilha de Formosa e a península da Coréia.
Em reação à política imperialista praticada pelas potências ocidentais e pelo
Japão, os círculos nobiliárquicos próximos da imperatriz Cizi (Tzu-hsi, Tse-hi)
estimularam uma revolta xenófoba que chegou ao auge em 1900, quando os boxers
(membros de uma sociedade secreta contrária à penetração ocidental), sitiaram as
legações européias em Pequim. Sobreveio a intervenção conjunta de forças
americanas, alemãs, inglesas, francesas, russas e japonesas, que libertaram as
legações e obrigaram a imperatriz a seguir condições de comércio favoráveis aos
estrangeiros.
A região da Manchúria, objeto de disputa entre a Rússia e o Japão, caiu
finalmente em poder dos japoneses depois da guerra de 1904-1905 entre esses dois
países. As concessões feitas pelo governo chinês aos japoneses, junto com a
eliminação dos boxers, abalaram a já agonizante autoridade da dinastia Qing.
1.9 Revolução de 1991 e a República
A partir do início do século, a dinastia manchu realizou uma tímida abertura que
não agradou a nenhum setor da sociedade. Em 1911, a oposição dirigida por Sun
Yixian (Sun Yat-sem), fundador do partido nacionalista conhecido como Guomindang
(Kuomintang), tomou o poder com apoio dos estudantes e dos trabalhadores urbanos.
Em outubro de 1911, explodiu o movimento revolucionário. Em fevereiro do ano
seguinte abdicou o último imperador manchu, Xuantong (Hsuang-tung). Sun Yixian,
primeiro presidente da república chinesa, renunciou nesse mesmo mês em favor do
general Yuan Shikai, figura mais aceitável para o Ocidente. A constituição democrática
de 1913 não chegou a entrar em vigor, porque Yuan tornara-se um ditador. Sua morte,
em 1916, inaugurou um período de guerras civis, situação que os japoneses
aproveitaram para apoderar-se das possessões alemãs na China (Shandong e
Qingdao).
Em 1923, Sun Yxian obteve o apoio soviético em troca do compromisso de
aliar-se ao recém-fundado Partido Comunista Chinês de Mao Zedong (Mao Tse-tung)
e Chen Duxiu. Sun conquistou Cantão e deu início a importante reformas políticas e
sociais. Morreu em 1925 e teve por sucessor o general Chiang Kai-shek (Jiang Jieshi
em pinyin), que tomou o poder em um golpe de estado e rompeu com os comunistas.
Entre 1926 e 1927, Chiang derrotou os generais, que se haviam tornado senhores
regionais, e unificou o país. Em seguida iniciou a perseguição aos comunistas,
provocando a segunda guerra civil (1927-1936). Os comunistas foram dizimados entre
1927 e 1930 depois de uma série de insurreições fracassadas. Em 1931, porém, Mao
e Lin Biao (Lin Piao) se apoderaram do sul de Jiangzim onde fundaram uma república
do tipo soviético. Os ataques dos nacionalistas forçaram Mao a retirar suas tropas.
Estas, entre outubro de 1934 e outubro de 1925, percorreram dez mil quilômetros
rumo ao interior do país (a longa marcha), atingindo as áridas terras de Xanan, na
região de Shaanxi.
Enquanto isso, em 1931, os japoneses aproveitaram a guerra civil para forçar
Chiang Kai-shek a entregar-lhes a Manchúria (1931), Xangai (1932) e o território de
Jehol, no norte (1933). Ante a política de concessões de Chiang, que ameaçavam
transformar a China em um protetorado japonês, multiplicaram-se os protestos, o que
obrigou o governo nacionalista a enfrentar os invasores. Em 1936, os japoneses
tomaram Pequim e outras grandes cidades. Em ano depois, Chiang pediu a
colaboração dos comunistas para expulsar os japoneses. A guerra, que só foi
declarada em 1941, começou com um rápido avanço japonês para a Indochina. O
desenvolvimento da Segunda Guerra Mundial enfraqueceu as posições japonesas na
China. As tropas comunistas desse país ampliaram seu domínio sobre o norte e o
leste, enquanto Chiang Kai-shek tinha de enfrentar graves problemas políticos e
econômicos na zona sob seu controle.
Em 1945, com a capitulação japonesa, reacendeu-se a guerra civil. Chiang Kai-
shek contava com um exército mais bem aparelhado e com apoio americano. Mao,
porém, gozava de maior prestígio e do apoio soviético. Em 1947, beneficiando-se da
excessiva dispersão das tropas nacionalistas, o exército comunista lançou-se à
ofensiva e conquistou todo o norte da China. Ao mesmo tempo, a negativa do governo
nacionalista de promover reformas e acabar com a corrupção atraiu para Mao o apoio
de grande parte da burguesia e dos intelectuais da zona controlada por Chiang Kai-
shek. Depois de uma série de campanhas vitoriosas, em 1949, o exército comunista
tomou Nanquim e Xangai, e em outubro do mesmo ano, Mao proclamou a República
Popular da China. No início de 1950, estava conquistado todo o país, à exceção da
ilha de Formosa (Taiwan), onde Chiang Kai-shek constituiu um governo nacionalista
que, até a década de 1970, foi reconhecido como legítimo representante do povo
chinês pelas potências ocidentais.
1.10 República Popular
Durante os três primeiros anos do novo regime, presidido por Mao e com Zhou
Enlai como primeiro-ministro, a China entrou numa fase de transformação econômica.
Manteve-se o setor privado na indústria e, ao mesmo tempo, decretou-se uma reforma
agrária.
Por outro lado, o novo estado socialista alinhou sua política externa com a da
União Soviética e a dos países europeu do bloco soviético. Na Ásia, invadiu o Tibet
em 1950 e logo enfrentou disputas com outros países vizinhos, como a Índia e o
Paquistão. Em 1950, os chineses intervieram na guerra da Coréia apoiando o governo
comunista do norte contra o do sul, respaldado pelas Nações Unidas.
Em 1952, a reforma agrária acabara com o sistema latifundiário e a economia
se estabilizara. O governo nacionalizou as instituições financeiras e comerciais e, em
1953, pôs em marcha o primeiro plano qüinqüenal, inspirado no modelo soviético. O
objetivo era acelerar o processo de industrialização e incrementar a produção,
formando cooperativas agrícolas e industriais.
Em 1954 foi aprovada a primeira constituição do novo regime, que definia a
China como um estado socialista, estruturado segundo os princípios do centralismo
democrático. Em maio de 1956, iniciou-se a “campanha das cem flores”, que pretendia
estimular a crítica dos erros do regime à luz dos postulados do marxismo-leninismo.
Isso serviu para catalisar a insatisfação de alguns setores, o que obrigou a direção do
partido a lançar uma nova campanha ideológica de cunho antidireitista.
Em 1958, os resultados favoráveis do primeiro plano qüinqüenal estimularam os
governantes a iniciar um ambicioso segundo plano, que ficou conhecido como “o
grande salto para frente”. Esse plano, que pretendia acelerar a implantação da
sociedade comunista, abandonou o modelo soviético de progresso gradual e procurou
alcançar seus objetivos mobilizando as massas. Os cidadãos eram enquadrados em
comunas populares, em que a vida se tornava coletivizada em todos os seus
aspectos. O resultado foi um fracasso contundente. Paralelamente, surgiram graves
problemas internos e externos. Em 1959 houve uma sublevação no Tibet e, um ano
depois, a China rompeu relações com a União Soviética. A ruptura teve dupla origem:
a luta pela hegemonia na direção do movimento comunista internacional e as disputas
territoriais ao longo da fronteira comum.
Também o partido estava dividido em duas facções: a primeira, que defendia a
pureza ideológica do comunismo chinês, era representada por Mao e Lin Biao e
apoiada pelo exército; a segunda, favorável a uma postura tecnocrática, tinha como
líderes Liu Shaoqi (Liu Shao-chi, presidente do estado desde 1959, após a renúncia
de Mao) e Deng Xiaoping (Teng Hsiao-ping) e contava com o apoio dos sindicatos. O
triunfo do setor ideológico mais radical materializou-se em 1966 com a campanha
“anti-revisionista”, denominada Revolução Cultural, que serviu para depurar o partido e
afastar do poder os elementos moderados (Deng e Liu) e estimular o espírito
revolucionário do povo. A Revolução Cultural paralisou o progresso material e
tecnológico do país. Mesmo assim, a China detonou em 1967 sua primeira bomba de
hidrogênio e em 1970 pôs em órbita seu primeiro satélite artificial.
A direção política e militar do país parecia consolidada e unificada em 1970.
Todavia, em 1971 Lin Bio, vice-presidente do Partido Comunista e provável sucessor
de Mao, opôs-se à política de abertura aos Estados Unidos indicada por Zhou Enlai.
Poucos meses depois, acusado de organizar uma conspiração, morreu na queda do
avião em que fugia para a União Soviética. Seu cargo passou para Zhou, que
reabilitou algumas figuras políticas pragmáticas, como Deng e Xiaoping.
Na década de 1970, a política internacional da China se orientou no sentido da
distensão e da moderação. Essa nova postura criou condições para o ingresso do país
nas Nações Unidas (outubro de 1971) e para a normalização das relações
diplomáticas com muitos países capitalistas. Além disso, favoreceu a aproximação
com os Estados Unidos, confirmada com a visita do Presidente Nizon à China em
1972.
Em 1975 promulgou-se uma nova constituição, inspirada nos princípios da
revolução cultural. Nesse mesmo ano começou uma nova campanha anti-sionista, que
culminou em abril de 1976 com a destituiçãode Deng Xiaoping, cujo protetor político,
Zhou Enlai, tinha morrido em janeiro. O cargo de Zhou - primeiro-ministro, na prática o
segundo posto em importância no país – foi ocupado por Hua Guofeng (Hua Kuo-
feng).
EM 9 de setembro de 1976 morreu Mao Zedong, “o grande timoneito”. Um mês
depois, Hua, o novo homem forte do país, encarcerou os elementos mais esquerdistas
do regime, o chamado “bando dos quatro” ou “camarilha dos quatro”, entre os quais
estavam Jiang Qing (Chiang Ching), a última esposa de Mao. Hua abandonou as
críticas ao revisionismo e reabilitou Deng Xiaoping. A China entrava um uma era mais
pragmática.
1.11 Pós-maoísmo
A quinta Assembléia popular Nacional, realizada em 1978, promulgou uma nova
constituição e confirmou a revisão da doutrina maoísta. Na esfera econômica, o
primado cabia à eficiência, e o campo político, consolidava-se a tendência à distensão
com os países ocidentais e ao confronto com a União Soviética. No mesmo ano, Hua
foi confirmado presidente do partido.
A modernização e a liberalização iniciadas após a morte de Mao fortaleceram-
se, enquanto Hua Guofeng perdia prestígio. Em 1980, ele cedeu o cargo de primeiro-
ministro a Zhao Ziyang (Chao Tzu-Yang), íntimo colaborador de Deng Xiaoping, e no
ano seguinte teve de renunciar à presidência do partido em favor de Hu Yaobang,
outro protegido de Deng. Transformado em homem forte do regime, embora se
mantivesse no cargo secundário de vice-presidente do partido, Deng promoveu a
promulgação de uma nova constituição em 1982 e acelerou o processo de
liberalização. O cargo de presidente do partido, criado por Mao, foi abolido de Hu
Yaobang tornou-se secretário-geral.
A abertura traduziu-se em acordos destinados a acabar com os enclaves
coloniais que ainda existiam em território chinês. Um convênio assinado em 1985 com
o Reino Unido devolveria Hong Kong à jurisdição chinesa em 1997, embora Pequim se
comprometesse a respeitar até o ano de 2047 o sistema capitalista desse enclave. Em
1987, formou-se com Portugal acordo semelhante, devolvendo Macau à administração
chinesa.
Contudo, o processo modernizador chinês logo enfrentou dificuldades. Os
jovens passaram a reivindicar mais democracia. Atacado pelos tradicionalistas, Hu
Yaobang renunciou em 1987 à secretaria-geral do partido e foi substituído por Zhao
Ziyang. Li Peng, defensor da linha dura, tornou-se primeiro-ministro.
Em 1989, milhares de jovens ocuparam a praça da Paz Celestial (Tiananmen)
em Pequim exigindo mais democracia. Após um momento de indecisão, as forças
armadas atacaram os manifestantes, causando centenas de vítimas. Zhao Ziyang,
acusado de simpatizar com o movimento em favor da democracia, foi substituído por
Jiang Zemin. Li Peng manteve-se no cargo de primeiro-ministro.
1.12 A China do presente
Com a proclamação da República Popular da China (RPC) em 1 de outubro de
1949, o país viu-se novamente dividido entre a RPC, no continente, e a República da
China (RC), em Taiwan e outras ilhas. Cada uma das partes se considera o único
governo legítimo da China e denuncia o outro como ilegítimo. Desde os anos 1990, a
RC tem procurado obter maior reconhecimento internacional, enquanto que a RPC se
opõe veementemente a qualquer envolvimento internacional e insiste na "Política de
uma China".
2 POLÍTICA DA CHINA
A forma de governo da China ficou definida na constituição de 1954. As
constituições posteriores (1975, 1978, 1982) só modificaram aspectos secundários,
sem alterar a natureza do sistema político. Segundo a constituição, a China é um
estado socialista. O poder legislativo cabe à Assembléia Popular Nacional, cujos
membros são eleitos por votação universal de cinco em cinco anos. A Assembléia se
reúne uma vez por ano; seu presidente exerceu as funções de chefe de estado de
1976 a 1982, período em que vagou o cargo de presidente da república, que é
meramente cerimonial. O poder executivo cabe ao Conselho de Assuntos do Estado,
composto por um gabinete ministerial presidido por um primeiro-ministro.
Boa parte do poder político concentra-se nas mãos do Partido Comunista;
constituição confere-lhe papel central na direção do povo chinês. Formalmente, a
liderança do partido cabe ao comitê central, cujos membros elegem o Politburo, órgão
máximo do poder. Em 1982, aboliu-se o cargo de presidente do partido, substituído
pelo secretário-geral. Na prática, o poder efetivo esteve ora em mãos do presidente ou
do secretário-geral do partido, como em alguns períodos do regime de Mao, ora em
mãos do primeiro-ministro, conforme ocorreu com Zhou Enlai durante alguns anos. Foi
exercido até mesmo pelo ocupante de um cargo secundário do partido, caso de Deng
Xiaoping.
2.1 Administração Territorial
Na organização territorial do estado chinês coexistem três níveis
administrativos: as 21 províncias, as cinco regiões autônimas (A Mongólia Interior, o
Tibet, Xinjiang Ningxia e Qinghai) e as três municipalidades (Pequim, Xangai e Tianjin)
Apesar de suas dimensões e da diversidade de povos que habitam, a China
não é um país federativo, mas um “estado multinacional unitário”, expressão que, sob
uma suposta liberdade de ação local, encobre um férreo centralismo administrativo,
característico da milenar tradição imperial.
As províncias e as regiões autônomas se subdividem em prefeituras, distritos e
municípios. Em todos esses níveis existem assembléias populares que elegem os
órgãos locais ou de base, cujos membros, por sua vez, escolhem os componentes das
instituições de nível superior, e assim por diante. Cada assembléia nomeia um comitê
permanente que a representa nos intervalos entre as sessões e assume a
administração de sua circunscrição.
3 ECONOMIA
A economia da China é hoje a sexta mais poderosa do planeta (atrás apenas
dos EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido e França), e tem a maior taxa de
crescimento anual. No ano de 2004, registrou o espetacular crescimento de 9,5%, com
PIB de US$ 1,65 trilhão. Em valores absolutos, o PIB (soma dos valores de tudo que é
produzido no país) chinês é três vezes maior que o brasileiro.
Tal façanha só foi possível com a política de abertura do governo chinês,
desencadeada e consolidada ao longo da década de 80. A cada ano, até meados dos
anos 90, a China estabelecia mais zonas econômicas especiais e criava mais cidades
e áreas litorais abertas ao investimento exterior.
A partir dessa abertura, permitiu-se maior investimento estrangeiro e incentivou-
se o desenvolvimento de uma economia de mercado e do setor privado --isso apesar
do regime socialista.
Como diz o próprio nome, a República Popular da China é uma nação
comunista (politicamente) e capitalista (economicamente), já que defende a
propriedade privada, o trabalho assalariado e a abertura ao capital estrangeiro. É esse
caminho por duas mãos que faz valer o tradicional lema “Um país, dois sistemas”. O
Produto Interno Bruto (PIB) da China atingiu 2,2 trilhões de dólares em 2006, fazendo
deste país a quarta maior economia do mundo. Estas cifras apontam que a economia
chinesa representa atualmente 13% da economia mundial.
3.1 Principais dados e características da economia chinesa
- Entrada da China, principalmente a partir da década de 1990, na economia de
mercado, ajustando-se ao mundo globalizado;
- A China é o maior produtor mundial de alimentos: 500 milhões de suínos, 450
milhões de toneladas de grãos. É o maior produtor mundial de milho e arroz.
- Agricultura mecanizada, gerando excelentes resultados de produtividade
- Aumento nos investimentos na área de educação, principalmente técnica;
- Investimentos em infra-estrutura com a construção de rodovias, ferrovias, aeroportos
e prédios públicos. Construção da hidrelétrica de Três Gargantas, a maior do mundo,
gerando energia para as indústrias e habitantes;
- Investimentos nas áreas de mineração, principalmente de minério de ferro, carvão
mineral e petróleo;
- Controle governamental dos salários e regras trabalhistas. Com estas medidas as
empresas chinesas tem um custo reduzido com mão-de-obra (os salários são baixos),
fazendo dos produtos chineses os mais baratos do mundo. Este fator explica, em
parte, os altos índices de exportação deste país.
- Abertura da economia para a entrada do capital internacional. Muitas empresas
multinacionais instalaram e continuam instalando filiais neste país, buscando baixos
custos de produção, mão-de-obra abundante e mercado consumidor amplo.
- Incentivos governamentais e investimentos na produção de tecnologia.
- Participação no bloco econômico APEC (Asian Pacific Economic Cooperation),
junto com Japão, Austrália, Rússia, Estados Unidos, Canadá, Chile e outros países;
- A China é um dos maiores importadores mundiais de matéria-prima.
GEOGRAFIA
A China contém uma larga variedade de paisagens, principalmente com
planaltos e montanhas a oeste e terras de menor altitude a leste. Como resultado, os
rios principais correm de oeste para leste (Chang Jiang, o Huang He (do oriente-
central), o Amur (do nordeste), etc), e, por vezes, em direcção ao sul (Rio das Pérolas,
Rio Mekong, Brahmaputra, etc). Todos estes rios desaguam no Pacífico.Possui uma
área de 9 572 909 km²
No leste, ao longo da costa do Mar Amarelo e do Mar da China Oriental,
encontramos uma extensa e densamente povoada planície aluvial. A Costa do Mar da
China do Sul é mais montanhosa. O relevo da China meridional caracteriza-se por
serras e cordilheiras não muito altas.
A oeste, temos outra grande planície aluvial, a norte. No sul ocidental
encontramos uma meseta calcárea atravessada por cordilheiras montanhosas de
altitude moderada onde, nos Himalaias, se situa o seu ponto mais elevado (Monte
Everest). O sudoeste é ainda caracterizado por altos planaltos cercados pela
paisagem árida de alguns desertos, como o Takla-Makan e o deserto de Gobi, que
está em expansão. Devido à seca prolongada e, provavelmente devido a práticas de
uma agricultura empobrecedora dos solos, as tempestades de poeira tornaram-se
comuns durante a primavera chinesa.
Durante muitas dinastias, a fronteira sudoeste da China foi delineada pelas altas
montanhas de vales escavados de Yunnan, que, hoje, separam a China dos estados
de Burma, Laos e Vietname.
4.1 Clima
A maior parte do território chinês se encontra situada na zona temperada do
Norte. O clima é temperado e as quatro estações são marcadas, por isso é favorável
para a vida humana.
O clima da China se caracteriza por monções continentais. Desde Setembro até
Abril do ano seguinte, as monções invernais secas e frias que vêm da Sibéria e da
meseta da Mongólia, se debilitam pouco a pouco do Norte a Sul formando a situação
do clima frio e seco, da existência de diferença de temperaturas no Norte e Sul.
De Abril a Setembro, a corrente do ar úmido vem dos mares de Leste e Sul
formando a situação de alta temperatura e muita chuva, daí a pouca diferença de
temperatura entre o Norte e Sul.
Conforme os índices de temperatura, a China se divide em zonas climáticas de
Sul a Norte: equatorial, tropical, subtropical e temperada.
As precipitações diminuem do Sudeste a Noroeste, e muito grande a diferença
das precipitações entre os distintos lugares do país. As chuvas podem passar para os
1.500 mm3 na costa Sudeste, enquanto no lado noroeste, no interior do Continente as
precipitações não excedem a 200mm3.
4.2 Relevo
China é também um país de grandes montanhas, zonas montanhosas, planícies
e colinas ocupam o 65% da superfície continental. Segundo a alinhação podemos
distinguir cinco sistemas de montanhas. A cordilheira de Kunlun, ao norte do
Himalaya, separa a alta planície de Qinghai-Tibete do deserto de Taklamakan, três
dos seus cumes superam os 7.000 metros: Muztag, Muztagata e Kongur; a cordilheira
Tianshan, mais ao norte com as seus cumes nevados; a cordilheira Xingan, no
noroeste da China; e por último a cordilheira Hengduam e Qilian. As montanhas
atingem especial altitude no setor ocidental para descender progressivamente para a
costa. Há montanhas de singular beleza como é a Montanha Huangshan, a única zona
de paisagem exclusivamente montanhosa que encontra-se no sul da província de
Anhui. Trata-se de uma montanha conhecida pelos seus singulares pinhos e pedras
estranhas. Tem mais de setenta afiados picos que estão permanentemente cobertos
por nuvens e nevoeiro. Os aspectos sobressalientes são os pinhos, as rochas, as
nuvens e as fontes termais.
4.3 Flora
A China oferece uma grande variedade de solos que correspondem-se
aproximadamente com as regiões geográficas. Ao norte da China encontramos na
Bacia do Tarim o cinzento desértico, os pardos e férteis loes da planície, o castanho
terreno florestal da Manchuria e as produtivas terras aluviais da Grande Planície do
norte. Na China Central a Bacia Vermelha caracteriza-se por um fértil solo florestal
cinzento-castanho, e a planície e delta do Yangtsé pelos seus terrenos aluviais. Na
China meridional o solo é vermelho com abundantes materiais lateríticos. No Tibete
destacam os terrenos pedregosos, semelhantes aos montanhosos da tundra.
Dado o fato da China ser um enorme país, que abarca os mais variados climas,
não é surpreendente que exista uma grande variedade de espécies vegetais e
animais. Parece que a vegetação natural da China estava formada por bosques mistos
discontínuos de caducas e coníferas próprios de zonas temperadas; mas devido ao
cultivo intensivo, esta vegetação desapareceu há muitos séculos. Desgraçadamente o
impacto humano chega a ser considerável, por isso a riqueza natural é rara ou está
em perigo de extinção. O governo tem estabelecido mais de 300 reservas naturais,
protegendo por volta de 1, 8 % do território. O maior problema é a destruição do
habitat causado pela agricultura intensiva, a urbanização e a produção industrial.
A flora tem "progredido" bem, apesar da pressão de mais de 1.000 milhões de
pessoas, mas a desflorestamento, o pastoreio e os cultivos intensivos têm feito
grandes estragos.
A última grande extensão florestal chinesa está na região sub ártica do
nordeste, perto da fronteira russa. Pela sua diversidade de vegetação, a zona em
redor de Xishuangbanna, no sul tropical, é a mais rica do país. Esta região também
procura habitat para manadas de elefantes selvagens; porém, tanto os seres vivos
como a floresta tropical estão sob a pressão da agricultura, da tala e da queimada.
Talvez a planta cultivada mais bela seja o bambu. Há muitas variedades e é
cultivado no sudeste, para ser utilizado como material de construção e alimento.
Outras plantas úteis incluem ervas, entre elas o ginseng, horquilha dourada, angélica e
fritilaria. Uma das árvores mais raras é o abeto branco de Cathay na província de
Guangxi.
4.4 Fauna
A variedade de animais selvagens e domésticos é muito ampla. Além de estar
representadas a maior parte das aves canoras e de caça, existem 800 variedades
nativas do país. Ao norte, no nordeste especialmente, habitam animais selvagens
como o tigre, o antílope, o cervo, o goral (antílope cabra), a ovelha azul, o leopardo, o
lobo e os mamíferos de peles. No Tibete pode-se ver ovelhas, yaks, pandas gigantes e
ursos selvagens. No sul proliferam tigres, gibones, macacos e caimanes. Há que
assinalar que o animal mais raro da Ásia Central é o urso formigueiro.
Talvez não exista na China animal mais representativo da beleza e luta pela
vida selvagem do que o urso panda. Estes belos animais, atualmente em perigo de
extinção devido à combinação da caça, a invasão do habitat e os desastres naturais,
sobrevivem graças aos tímidos esforços do governo central. Com escassa densidade,
povoam as regiões de Sichuan, Tibete e Xinjiang, que provêem de habitat a outras
magníficas espécies, como o leopardo das neves e os yaks selvagens. O extremo
noroeste da China está habitado por alguns interessantes mamíferos como renas,
alces, cervos almizcleros, ursos e martas. Também há uma considerável ornitofauna
como grullas, patos, abutardas, cisnes e garças.
A ilha Hainam também possui variada vegetação tropical e vida animal. Há sete
reservas naturais na ilha, embora é justo dizer que ainda algumas espécies em perigo
de extinção, terminam no prato da comida.
Entre os animais domésticos encontram-se cães, gatos, patos, gansos, frangos
e porcos que abundam em todo o território da China. Os búfalos aquáticos são nativos
da zona sul da Península de Shandong. O zebú habita no sul e nordeste da China; no
noroeste criam cabras, ovelhas e cavalos. Os camelos e as vacas são importantes
também no nordeste.
Há também variedade de peixes de água doce, sendo o mais comum a carpa.
Também abundam lagartos, rãs, tartarugas e salamandras. Na costa destacam a
lubina, arenque, cavalas, ostras, tubarões e enguias.
A observação de pássaros é algo do que poderá desfrutar o turista,
especialmente na primavera, estação na qual há que dirigir-se à Reserva Natural de
Zhalong, na província de Heilongjiang; ao Lago Qinghai, na província do mesmo
nome; e ao Lago Poyang, ao norte da província de Jiangxi, o lago de água doce maior
da China.
5 RELIGIÃO
O Confucionismo e o Taoísmo são consideradas religiões chinesas, mas ambas
começaram como filosofias. Confúcio, do mesmo modo que seus sucessores, não deu
importância aos deuses e se voltou para a ação. Por sua vez, os taoístas apropriaram-
se das crenças populares chinesas e da estrutura do budismo. Como conseqüência,
surgiu uma corrente separada do "taoísmo religioso", diferente do "taoísmo filosófico"
que se associava aos antigos pensadores chineses Lao-Tsé e Zuang-Zi.
O budismo chegou à China pela primeira vez durante o final da dinastia Han,
arraigou-se rapidamente e templos como o da fotografia foram construídos. Os
comunistas eliminaram a religião organizada ao tomarem o poder em 1949 e a maior
parte dos templos foi reorganizada para usos seculares. A Constituição de 1978
restaurou algumas liberdades religiosas e, atualmente, existem grupos budistas e
cristãos ativos na China.
5.1 História
Desde tempos remotos, a religião chinesa consistia na veneração aos deuses
liderados por Shang Di ("O Senhor das Alturas"), além de venerações aos
antepassados. Entre as famílias importantes da dinastia Chou, este culto era
composto de sacrifícios em locais fechados. Durante o período dos Estados
Desunidos (entre 403 e 221 a.C.), os estados feudais suspenderam os sacrifícios. Na
dinastia Tsin, e no início da Han, os problemas religiosos estavam concentrados nos
"Mandamentos do Céu". Existiam, também, seguidores do taoísmo-místico-filosófico
que se desenvolvia em regiões separadas, misturando-se aos xamãs e médiuns.
No final da dinastia Han, surgiram grandes movimentos religiosos. Zhang
Daoling, declarou haver recebido uma revelação de Lao-Tsé e fundou o movimento
Tianshidao (O Caminho dos Mestres Celestiais). Esta revelação pretendia substituir os
cultos populares corrompidos. A doutrina transformou-se no credo oficial da dinastia
Wei (386-534), sucessora da Han, inaugurando, assim, o "taoísmo religioso" que se
espalhou pelo norte da China.
A queda da dinastia oriental Jin (265-316) fez com que muitos refugiados se
deslocassem para o sul, levando o Tianshidao. Entre 346 e 370, o profeta Yang Xi
ditou revelações outorgadas pelos seres imortais do céu. Seu culto, o Mao Shan,
combinava o Tianshidao com as crenças do sul. Outros grupos de aristocratas do sul
desenvolveram um sistema que personificava os conceitos taoístas, transformando-os
em deuses. No início do século V, este sistema passou a dominar a religião taoísta.
Durante o século VI, com a reunificação da China nas dinastias Sui e Tang, o
taoísmo se expandiu por todo o império e passou a conviver com outras religiões,
como o budismo e o nestorianismo. O Taoísmo continuou a se desenvolver na dinastia
Song, expulsa em 1126. Sob o domínio de dinastias posteriores, a religião taoísta
desenvolveu a Doutrina das Três Religiões (Confucionismo, Taoísmo e Budismo).
Com o advento do comunismo na China, o Taoísmo religioso foi vítima de
perseguições. Todavia, as tradições foram mantidas na China continental e estão
conseguindo ressurgir.
5.2 Práticas
O taoísmo religioso considera três categorias de espíritos: deuses, fantasmas e
antepassados. Na veneração aos deuses, incluem-se orações e oferendas. Muitas
destas práticas originaram-se dos rituais do Tianshidao. O sacerdócio celebrava
cerimônias de veneração às divindades locais e aos deuses mais importantes e
populares, como Fushoulu e Zao Shen. As cerimônias mais importantes eram
celebradas pelos sacerdotes, já os rituais menores eram entregues a cantores locais.
O exorcismo e o culto aos antepassados constituíam práticas freqüentes na religião
chinesa. O taoísmo religioso tem sua própria tradição de misticismo contemplativo,
parte da qual deriva-se das próprias idéias filosóficas.
6 CULTURA
Na cultura chinesa os valores tradicionais eram derivados da versão ortodoxa
do confucionismo, que era ensinado nas escolas e fazia até parte dos exames da
administração pública imperial. Os líderes que dirigiram os esforços para mudar a
sociedade chinesa depois do estabelecimento da República Popular da China em
1949 foi elevado na antiga sociedade e foi marcado com seus valores. Embora fossem
revolucionários conscientes, não tiveram nenhuma intenção de transformar a cultura
chinesa completamente. Como administradores práticos, os líderes do partido
comunista chinês buscaram mudar alguns aspectos tradicionais, como a posse da
terra e a educação rural, enquanto conservam outros, como a estrutura familiar. As
mudanças na sociedade chinesa foram menores e menos consistentes do que as
reivindicações dos porta-vozes oficiais.
6.1 Cerâmica
A China é detentora da maior tradição mundial na fabricação de cerâmica e
porcelana. O reconhecido destaque do país neste campo se deve não apenas à
beleza e qualidades técnicas dos produtos, mas também à enorme influência que
tiveram tanto na Ásia quanto no Ocidente. A cerâmica foi produzida na China desde o
III milênio a.C. Alguns exemplos antigos revelam excelente qualidade e belíssima
decoração, mas é apenas a partir da dinastia Han (206 a.C. - 220 d.C.) que tem início
uma tradição contínua de fabricação de cerâmica cozida e vitrificada para uso em
túmulos. Da mesma forma que os vasos, os túmulos eram feitos de modo a oferecer
um retrato da vida na época, com celeiros, casas, lagos para peixes, animais e jogos
reproduzidos no barro. Louça cozida também foi produzida, resultando nos produtos
da sexta dinastia (251-589) e da dinastia Tang (251-589). A dinastia Song (960-1279)
representou a idade de ouro da cerâmica chinesa, com os famosos fornos, tanto no sul
quanto no norte da China. O sudeste do país se transformou no mais importante
centro de cerâmica a partir da dinastia Yuan (1279-1368). Os chineses desenvolveram
o controle sobre o pigmento azul, de modo que ele pudesse ser utilizado em detalhes
pincelados. Durante a dinastia Ming (1368-1644), a louça azul e branca alcançou seu
ponto alto, especialmente no século XV. Já na dinastia Qing (1644-1911), os esmaltes
da "família verde" se tornaram populares no reinado do imperador Kangxi (1662-1722)
e a "família rosa" no reinado de Youngzheng (1723-1735). O complexo de fabricação
de cerâmica de Jingdezhen teve hábeis diretores durante o século XVIII e desfrutou do
patrocínio da corte, especialmente no governo do imperador Qianlong (1736-1795),
grande incentivador das artes e colecionador. A cerâmica chinesa produzida após o
século XVIII tem sido vista apenas como hábil imitação dos modelos antigos.
6.2 Artes Marcias Chinesas – O Kung Fu
É originário da China e nasceu da necessidade de sobrevivência dos
antepassados na luta contra animais ferozes e contra inimigos.
Conta a lenda que certa vez, um monge chinês -Ta Mo - subiu numa montanha
e se pôs a contemplar o movimento dos animais, as posições que tomavam para a luta
e a maneira como se defendiam dos ataques. Observando tais movimentos,
desenvolveu um trabalho de adaptação desses animais para o homem,
estruturando-os de acordo com as possibilidades físicas do homem. Assim nasceu o
Kung-Fu, como chamam os ocidentais esta luta chinesa.
Esta arte marcial milenar vem orientando as pessoas, bem como ajudando os
jovens a se direcionarem em disciplina, respeito com os colegas.
De um modo geral, estrutura o corpo físico, em combinação com a mente,
extravasando as ansiedades, angústias e estresses acumulados no dia a dia,
fortalecendo-os.Pode ser praticado por adultos e crianças de ambos os sexos.
Combina-se ginástica completa de todo o corpo, bem como movimentos,
denominados Katis, onde compila-se, em seqüências baseadas em movimentos de
animais, mãos e pernas.
Decorrentes das observações dos ataques dos animais, de onde se originou o
Kung-fu, surgiram os vários estilos praticados no mundo, conseqüentes das mutações
e adaptações para o ocidente.
Hoje a realidade brasileira mostra uma arte marcial chinesa (Kung-fu), voltada
para o bem estar físico e mental do praticante. Não há para o seguidor, na medida em
que passa a conhecer o fundamento da doutrina, aspirações de ser um "lutador
profissional", seu treinamento é voltado para o relaxamento da mente e o
desenvolvimento corpóreo, atribuindo-lhe saúde e bem estar.
6.3 Mitologia chinesas
6.3.1 Lao Zi
Segundo conta a lenda, a gestação de Lao Zi demorou 81 anos (a quantidade
de capítulos que tem sua obra Dao De Jing) e quando por fim nasceu, já tinha os
cabelos branco, rugas em seu rosto (próprias de um ancião) e orelhas bastante
maiores que as normais. Nascido sob uma ameixeira em uma aldeia do país de Chu,
teve como primeiro nome Li-Er (orelhas de ameixeira) e posteriormente substituído por
Lao Zi (velho sábio).
Logo depois de viajar por países do Oriente, retornou a China e foi funcionário
do Estado de Chu. Anos depois, ao notar a decadência da casa real, Lao Tse se
dirigiu ao país de Qin, no Oeste, num carro conduzido por um boi azul. Quando
chegou próximo do Hien-ku, o guardião de uma fonte chamada Yin-Hi e outra Luan-
Yin reconheceu o filósofo ilustre. Suplicou-lhe que ficasse um ano em sua casa, antes
de partir para seu destino e que escrevesse um livro expondo sua doutrina. O mestre
se deixou convencer, escrevendo o Dao de jing, que quer dizer, o "Livro da Vida e da
Virtude", e depois partiu mais ao oeste, e entrou no país dos Bárbaros, onde foi
perdido seu rastro.
A aplicação de métodos línguisticos, à mais antiga versão do "Daode Jing"
conhecida, sugere que a sua autoria terá sido conjunta. A designação Lao Zi era, na
época da suposta redacção do "Livro da Via e da Virtude", um título honorífico, legado
a um mestre credenciado. Trata-se, provavelmente, de uma simplificação posterior; o
taoísmo é um sistema filosófico ("daojia") e religioso ("daojiao") com imemoriais raízes
temporais e culturais. O "Dao de Jing" constituiu uma tentativa de síntese; não é
despropositado, de todo, assumir que a própria figura de Lao Zi é, também ela, uma
tentativa de síntese rectroactiva. Uma análise mais apurada à figura de Zhang Daoling
poderá clarificar as coisas.
6.3.2 Doutrina
O Taoísmo estabelece a existência de três forças: uma positiva, outra negativa
e uma terceira, conciliadora. As duas primeiras se opõem e se complementam
simultaneamente. São:
Símbolo do yin\yang
Yin - Força negativa, feminina, úmida...
Yang - Força positiva, masculina, seca...
Tao - Força convergente, em que yin e yang são fundidos numa existência dual
e complementar.
A igualdade entre as duas primeiras forças estranha a igualdade de suas
manifestações consideradas em abstrato. Por isso o taoísta não considera superior a
vida sobre a morte, não outorga supremacia à construção sobre a destruição, nem ao
prazer sobre o sofrimento, nem ao positivo sobre o negativo, nem à afirmação sobre a
negação. O Tao é simplesmente algo que não pode ser alcançado por nenhuma forma
de pensamento humano. Por isso não existe nome, dado que os nomes derivam de
experiências; finalmente e por necessidade de ser descrito ou expressado, o
denominou Tao, que significa "caminho" ou "atalho" (reto ou virtuoso) que conduz à
meta.
Quando Lao Tse fala do Tao procura afastá-lo de tudo aquilo que possa dar
uma idéia de algo concreto. Prefere enquadrá-lo em um plano distinto a tudo o que
pertence ao mundo. "Existia antes do Céu e da Terra", diz, e efetivamente não é
possível dizer de onde provém. É mãe da criação e fonte de todos os seres.
O Tao tampouco é temporário ou limitado; ao tentar observá-lo, não o vê, não o
ouve nem o sente. É a fonte cósmica primária da que provém a criação. É o princípio
de todos, a raiz do Céu e da Terra, a mãe de todas as coisas. Mas, se tentar defini-lo,
olhá-lo ou ouvi-lo, não seria possível: o Tao retorna ao Não-Ser, vai onde é
inacessível, inalcançável e eterno. Todas as coisas sob o Céu gozam do que é, o que
é surge do que não é e retorna ao Não-Ser, com o que nunca deixa de estar ligado.
O Tao do Não-Ser é a força que move tudo o que há no mundo dos fenômenos,
a função, o efeito de tudo o que é: apóia-se no Não-Ser.
O mundo dos seres pode ser renomado com o nome de Não-Ser e o mundo
dos fenômenos com o nome de Ser. As diferenças recaem nos nomes, pois o nome de
um é Ser e o do outro, Não-Ser, mas embora os nomes são distintos, trata-se de um
único fato: o mistério desde cujas profundidades surgem todos os prodígios. Ao
encontrar o caminho que conduz da confusão do mundo para o eterno, estamos no
caminho do Tao.
A princípios do século IV a.C., os filósofos chineses escreviam sobre o yin e o
yang em termos relacionados com a natureza.
Observando da perspectiva do Tao, vê-se como todas as coisas se elevam,
voltam-se grandes e logo retornam a sua raiz. Viver e morrer são simplesmente entrar
e sair. As forças da mente não têm poder sobre quem segue o Tao. O caminho do
Não-Ser leva a quietude e a observação e conduz do múltiplo ao único.
Para poder percorrer esse caminho é necessário a preparação interna.
Mediante a prática espiritual, a perseverança, o recolhimento e o silêncio que chega a
um estado de relaxamento que deve ser tão sereno que possibilita a contemplação do
Ser interior, a alma, e assim se consegue ver o invisível, escutar o inaudível, sentir o
inalcançável. Quando avança este caminho, Lao Tse vê e conhece o mecanismo da
magia da observação, mas não lhe interessa tirar proveito destes conhecimentos. Para
ele, como para o taoísmo, o mais elevado é chegar a penetrar a Unidade onde não
existem os opostos. Quando neste caminho se obtém a união com o cósmico, chega-
se à possibilidade de contemplar o Ser. Assim, sem sair da casa, pode-se conhecer o
mundo, sem olhar pela janela se pode apreciar o Tao do céu. Quem mantém esse
objetivo não precisa viajar. Alcança suas metas. Não olhe nada, tem-no tudo claro.
Não trabalha e, entretanto, consegue contemplar tudo.
6.4 Música da China
A música na China parece datar de antes da civilização chinesa, e documentos
e artefatos fornecem evidência de uma cultura musical bem desenvolvida ainda na
Dinastia Zhou (1122 AC - 256 AC).
A Agência de Música Imperial, estabelecida primeiro na Dinastia Qin (221-207
AC), estava muito expandida sob o império do Imperador Han Wu Di (140-87 AC) e
ordenou supervisionar a música da corte e a música militar e determinou que a música
folclórica estaria oficialmente reconhecida. Em dinastias subseqüentes, a revelação da
música chinesa estava fortemente influenciada por músicas estrangeiras,
especialmente as da Ásia Central.
A música instrumental é tocada com instrumentos de solo ou conjuntos
pequenos de instrumentos de corda, flautas, e vários pratos, gongos, e tímpanos. A
escala tem cinco notas. Os tubos de bambu estão entre os instrumentos musicais
conhecidamente mais antigos da China. Os instrumentos estão tradicionalmente
divididos em categorias baseadas em seu material de composição: pele, abóbora,
bambu, madeira, seda, barro, metal e pedra. A música escrita mais antiga é Solidão da
Orquídea, atribuído por Confúcio .
Na China antiga a posição dos músicos na sociedade era muito mais baixa que
a dos pintores. O estudo da teoria da música não era o bastante. Mas quase todos
imperadores levaram as músicas folclóricas seriamente.
7 Culinária
China tem umas das mais ricas heranças da culinária do planeta. A comida
chinesa sólida é degustada com pauzinhos chineses (hashis)e os líquidos com uma
colher larga e plana (normalmente de cerâmica). O chinês considera ter uma faca na
mesa muito selvagem, assim a maioria dos pratos são preparados em pedaços
pequenos, prontos para serem escolhidos e comidos. A comida chinesa é diferente da
comida ocidental onde a proteína de carne é o prato principal de uma refeição, uma
fonte de carboidratos (arroz, talharim) são normalmente o ingrediente principal de uma
comida chinesa. Por causa da extensa e variada natureza da China, a culinária
chinesa pode ser dividida em muitos estilos regionais diferentes.
7.1 Cultura do Chá na China
A cultura do chá chinês se refere aos métodos de preparação do chá, o
equipamento usado para fazer chá e as ocasiões em que o chá é consumido na
China.
O chá é uma bebida popular desde dos tempos antigos da China. Era
considerado uma das sete necessidades diárias, sendo as outras a lenha, o arroz, o
óleo, o sal, o molho de soja, e o vinagre. A cultura do chá na China difere daquelas da
Europa, Reino Unido ou Japão em tais coisas como nos métodos de preparação,
métodos de degustação e nas ocasiões em que é consumido. Até nos dias atuais, em
ambas as ocasiões, casuais e/ou formais chinesas, o chá é regularmente bebido. Além
de ser uma bebida, o chá chinês é usado em medicamentos herbários e na culinária
chinesa.
7.2 Culinária e cidade Shanghai
A cidade de Shanghai, cujo nome significa “Sobre o Mar”, situa-se a 31,14
graus de latitude norte e 121,29 graus de longitude leste, na parte central do litoral
leste da China. Historicamente lembrada por seus antigos nomes -- Hu e Shen --,
Shanghai é o portão de entrada para a grande bacia do Rio Chang (mais conhecido,
fora do País, como Rio Yangtzê).
Com uma população urbana e rural de 13 milhões e uma área de 6 341 km²,
Shanghai possui o porto mais importante da China e se destaca também por sua
riqueza histórica e cultural.
Shanghai é um paraíso também para os apreciadores da boa comida, com mais
de mil restaurantes servindo 16 dos mais famosos estilos da culinária chinesa, como
os de Beijing, Sichuan, Guangdong, Yangzhou e Fujian, da cozinha internacional.
É também uma das culinárias mais famosas. Ela é muito aberta: baseada na
culinária local, ela combinou e absorveu vantagens de diversas culinárias, incluindo
culinárias vegetais e européias. A culinária de Shanghai é leve e delicada, preserva o
sabor original dos ingredientes.
7.3 Alguns pratos famosos
Caranguejo cozido no vapor - o segredo do prato é o caranguejo, que é uma
especialidade do Rio Yang Tzé;
Song Shu Gui Yu - peixe na forma de esquilo. O peixe é frito, servido no molho
da cor de ouro. A pele do peixe é crocante, e a carne é fina. Tem sabor doce e
azedo. A forma do peixe parece um esquilo, daí vem o nome do prato;
Qing Tang Yu Wan - Sopa de bolinhos de peixe. A sopa é clara, os bolinhos são
brancos, delicados e lisos. A sopa é feita com bacon, cogumelos, brotos de
bambu e ervilhas;
Chun Juan - rolinho da primavera. É uma comida comum na China, e do sul é
mais famosa. A comida é frita, feita com legumes da primavera enrolados numa
capa de farinha de trigo. Tradicionalmente serve-se a comida na primavera,
hoje em todas as estações;
Yang Zhou Chao Fan - arroz frito à maneira de Yang Zhou. É arroz frito junto
com bacon, ovo, camarão e legumes da estação.
Bolinho de arroz recheado - há 2.200 anos, quando invasores chegaram à
China e o pai do poeta Qu Yuan suicidou-se, Qu Yuan se jogou no rio. Para que
o dragão não o ferisse, o povo fez bolinhos de arroz e jogou no rio. Por isso,
todo mês de maio, os chineses fazem esta comida em memória de Qu.
Tofu recheado - Zhu Yuanzhang, o fundador da dinastia Ming (uma das mais
estáveis e autocráticas dinastias chinesas), passava fome quando jovem. Bateu
à porta de uma senhora para pedir comida. A senhora serviu-lhe sobras de tofu,
recheou com carne e acrescentou verduras cozidas. O prato saboroso ficou na
memória do jovem. Ao tornar-se imperador, ordenou que a iguaria constasse do
cardápio real.
Camarão-trovão - é um camarão com molho de tomate pouco apimentado.
Quando jogado em cima do biscoito de arroz para ser servido, reproduz o som
de trovão e chuva. É o único prato que "canta". Na 2ª Guerra Mundial, a
primeira-dama da China, Shong Meilin, fez um banquete para os aliados. Serviu
este prato, e o general americano gostou muito. Ao perguntar o nome, Shong
Meilin respondeu: "Bomba de Tóquio".
Camarão à moda de Shanghai - é um camarão cinza (de 8 a 10 cm) sem casca,
temperado com sal, pimenta-do-reino e maisena. Depois de frito e escorrido, é
refogado rapidamente em fogo alto, com saquê chinês e cebolinha verde.
Além do conceito do yin e yang, existe o conceito dos cinco elementos. Os
chineses acreditam que estejamos cercados por cinco campos de energia: fogo,
madeira, terra, metal e água. Na culinária esses elementos são representados pelos
cinco sabores:
Amargo - Fogo
Azedo - Madeira
Picante - Metal
Doce - Terra
Salgado – Água
8 IDIOMA
O alfabeto chinês surgiu há cerca de 4500 anos atrás e, segundo a lenda, foi
criado por um homem chamado Cang-Jié ( ). Com o passar dos anos, no entanto,
as letras foram se simplificando. Durante a Revolução Chinesa, foi criado um novo
alfabeto chinês simplificado. O alfabeto simplificado hoje é utilizado na China e em
Singapura, enquanto o alfabeto tradicional é utilizado em Taiwan, Hong Kong, por
imigrantes chineses e vem ganhando força no sul da China. O chinês mandarim é uma
língua sino-tibetana , da família chinesa e oficial na China, Formosa (Taiwán) e
Singapura e falado em Hong Kong, Indonésia e Malásia e pela China ser o país mais
populoso do mundo, o mandarim é a língua mais falada no mundo.
O alfabeto chinês é chamado de kanji ( ). Esse alfabeto é também usado em
parte pelos idiomas japonês e coreano.
Ao contrário do nosso alfabeto latino, onde a letra identifica um som mas não dá
qualquer informação sobre seu significado, no alfabeto chinês cada letra tem um
significado, mas não um som. Ou seja, a não ser que você saiba o som de um caráter,
você não pode saber qual é o som apenas olhando para ele, mas pode saber o
significado. Isso faz com que os vários dialetos possam ler um mesmo texto, mesmo
que sua pronúncia seja diferente. Cada caracter chinês normalmente corresponde a
uma sílaba.
Os caracteres chineses se originaram de desenhos. No entanto, milhares de
anos depois, apenas alguns poucos ainda guardam alguma semelhança, como o
caractere para árvore, por exemplo: (mù).
O número de caracteres do alfabeto chinês é bastante grande, se comparado
com o nosso, de apenas 23 letras. Ao contrário do alfabeto latino, uma pessoa não
precisa saber todos os kanjis para poder ler um texto em chinês. Na verdade,
praticamente nenhuma pessoa é capaz de ler todas os kanjis. Normalmente, o número
de kanjis conhecidos por alguém varia de acordo com a escolaridade dessa pessoa.
Deste modo, somente alguém graduado pode ler um texto técnico, por exemplo.
O alfabeto chinês era inicialmente composto por cerca de 50.000 caracteres. Os
sistemas de computador hoje incorporam cerca de 6.500 caracteres na China e 13.000
em Taiwan. Para que se leia um jornal comum, é necessário o conhecimento de 3.000
caracteres chineses (ou 4.000 em Taiwan). Uma pessoa é considerada alfabetizada
na China caso conheça 2.000 caracteres específicos (ou 1.500 se for um agricultor).
Antigamente os caracteres eram escritos somente verticalmente, de cima para
baixo. Hoje, o alfabeto simplificado é escrito horizontalmente, da esquerda para direita,
como o nosso. O alfabeto tradicional ainda é escrito de cima para baixo, exceto em
textos científicos, onde o uso de equações torna essa escrita difícil.
Existe um sistema para a romanização de caracteres chineses, chamado pinyin
( ). Desta forma, é possível escrever as palavras chinesas usando os nossos
caracteres latinos. Esse sistema é usado também para dicionários e para digitação de
textos no computador.
9 LITERATURA CHINESA
Existem duas tradições na literatura da china: a literária e a popular ou
coloquial. A última remonta a mais de mil anos antes da era cristã e permanece até
nossos dias. No princípio consistia em poesia mais tarde em teatro e romance, e
depois foi incorporando obras históricas, relatos populares e contos. Os intelectuais da
classe oficial que ditavam os gostos literários, não a creditavam digna de estudos por
a considerarem inferior, sendo que, até o século XX, este tipo de literatura não obteve
o reconhecimento da classe intelectual. Seu estilo brilhante e refinado marca os
princípios da tradição literária ortodoxa, que começou há 2.000 anos.
9.1 Época Clássica
A época clássica é correspondente a da literatura grega e romana. As etapas de
formação tiveram lugar do século VI ao IV a.C. nos períodos da dinastia Chou (c.
1027-256 a.C.). Desta época são as obras de Confúcio, Mencio, Laozi (Lao-tsé),
Zhuangzi e outros grandes filósofos chineses. Culminou com a recopilação dos
chamados cinco clássicos, ou clássicos confucianos, além de outros tratados
filosóficos.
A obra poética mais importante do período clássico foi o Shijing (Livro das odes
ou Clássico da poesia), antologia de poemas compostos em sua maioria entre séculos
X e VII a.C. A lenda diz que foi o próprio Confúcio quem seleccionou e editou os 305
poemas que formam a obra. Trata-se de poemas simples e realistas da vida
camponesa e cortesã.
O estilo aristocrático ou cortesão alcança sua máxima expressão com os
poemas de Chu, estado feudal ao sul da China central que foi a terra de Qu Yuan,
primeiro grande poeta chinês.
Durante a dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) as tendências realista e romântica:
deram lugar à escolas poéticas. Os versos de Chu foram o começo de um novo
gênero literário, o fu, o poema em prosa. Mais tarde, a poesia se enriqueceu com
canções populares reunidas por Yüeh-fu, no século II a.C.
Os primeiros trabalhos em prosa formam, junto com o Shijing, os cinco
clássicos. São o I Ching (Anais do Chin), livro de adivinhacões; o Shujing (Livro dos
documentos), um conjunto de antigos documentos de Estado; o Liji (Memória sobre os
ritos), coleção de códigos governamentais e rituais, e o Chunqiu (Anis da primavera), a
história do estado de Lu desde 722 até 481 a.C. Do século VI até o III a.C. foram
escritas as primeiras grandes obras da filosofia chinesa, como os Analectas de
Confucio, aforismos recompilados por seus discípulos; os eloqüentes debates de
Mencio, discípulo de Confúcio; o Doodejing (Clássico da forma e sua virtude), atribuído
a Lao Tse, fundador do taoísmo, e os ensaios de Zhuangzi, o outro grande filósofo
taoísta. Também são importantes os ensaios de Mozi, Xunzi e Han Fei Zi. Sima Qian
escreveu o Shiji (Memórias históricas), história da China até a dinastia Han. Os
discípulos de Confúcio criaram, as bases da tradição literária da prosa chinesa,
adotando uma linguagem literária própria, diferente da linguagem falada.
9.2 Época Medieval
Do século III ao século VII d.C., a China estava dividida em estados rivais,
porém com a difusão do budismo vindo da Índia e a invenção de um tipo de imprensa
viveu um dos períodos mais brilhantes da história de sua literatura.
Durante os períodos de agitação política, poetas encontraram refúgio e consolo
no campo. Alguns eram ermitãos e criaram uma escola de poesia a que chamaram
Campo e jardim. Outros escreveram os melhores poemas populares chineses, como
os de amor atribuídos a poetisa Tzu-yeh. O melhor poeta destes séculos turbulentos
foi Tao Qian, também conhecido por Tao Yuanming, que cantava as alegrias da
natureza e da vida solitária.
A melhor poesia chinesa foi escrita durante a dinastia Tang (617-907), da qual
se conservam mais de 49.000 poemas escritos por 2.200 poetas. Os três poetas mais
famosos foram Wang Wei, filósofo e pintor; Li Po, líder taoísta da escola romântica, e
seu amigo e rival Tu Fu, meticuloso em seus esforços para conseguir um realismo
preciosista, cuja obra influenciou o poeta Po Chu-i, que utilizava a poesia como um
meio para a crítica e a sátira.
Durante a dinastia Song (960-1279), Su Tung-po foi o melhor poeta chinês de
tsu (estilo poético que fixa o número de versos e seu comprimento segundo o tom e o
ritmo). A poetisa chinesa Li Qingzhao alcançou grande popularidade por seus versos
tsu sobre sua viudedad. Han Yu, mestre da prosa Tang, exigia a volta da escrita direta
e simples do estilo clássico.
A tradição literária prlongou-se na dinastia Song com Ouyang Xiu, mais
conhecido por suas maravilhosas descrições de paisagem. Os engenhosos ensaios de
Su Xun são os melhores do estilo clássico.
O teatro propriamente dito não se desenvolveu até o final do período medieval.
Na época Tang, os atores já ocupavam um lugar importante entre os artistas
populares e se agrupavam em companhias profissionais, que atuavam em teatros
construídos para receber milhares de pessoas.
9.3 Época Moderna
A época moderna começa no século XIII e chega até nossos dias. No século
XIV, a narrativa popular chinesa foi cada vez mais importante. Dois dos primeiros
romances desta época, Sanguozhi Yanyi (Histórias romanceadas dos reinos) e
Shuihuzhuan (À beira d'água), podem ser considerados a épica em prosa do povo
chinês. Cao Xueqin escreveu o romance realista Hongloumeng (Sonho do quarto
vermelha).
No século XVII, apareceram numerosas coleções de breves histórias. A mais
popular é Jinguqiguan (Contos maravilhosos do passado e do presente), composto de
40 histórias.
No século XX, influenciados pela literatura ocidental, os escritores chineses,
guiados por Hu Shi, começaram uma revolução literária conhecida como o
renascimento chinês. Intencionavam utilizar a linguagem coloquial com fins literários.
Com ensaios e histórias mordazes atacavam a sociedade tradicional, e escritores
como Lu Xun (pseudônimo de Zhou Shuren) ajudaram ao avanço da revolução
socialista.
Durante os anos da Revolução Cultural (1966-1978) os artistas e escritores se
adaptaram as necessidades do povo e a influência burguesa ocidental foi atacada
duramente. Desde então tem se permitido uma maior liberdade de expressão,
tolerando-se o renovado interesse pelas idéias e as formas ocidentais.
9.4 A Arte da Guerra do grande Sun-Tzu
A Arte da Guerra (" Estratégia Militar de Sun Tzu" ), é um tratado militar escrito
durante o século IV a.C. pelo estrategista conhecido como Sun Tzu . O tratado é
composto por treze capítulos, onde em cada capítulo é abordado um aspecto da
estratégia de guerra, de modo a compor um panorama de todos os eventos e
estratégias que devem ser abordados em um combate racional. Acredita-se que o livro
tenha sido usado por diversos estrategistas militares através da história como
Napoleão, Adolf Hitler e Mao Tse Tung.
10 CURIOSIDADES
10.1 Reportagens do Fantástico sobre a China
10.1.1Reportagem: Sônia Bridi (Guilin, China) Pesca sem anzol
Diante de tanta beleza na terra, os chineses buscaram explicação no céu.
Concluíram que um dragão, a mais poderosa das criaturas, criou as montanhas e as
curvas do Rio Li. E se eles acham que esse é o lugar mais lindo do mundo, descendo
as águas claras, levadas suavemente pela correnteza, tendo a concordar. Vejo o
pescador descendo com sua jangada, que é hoje como era quando ainda se
acreditava em dragões. O homem e seus pássaros saem para pescar.
Ele usa um fio de palha para amarrar o pescoço de uma ave. Não há delicadeza
nisso. Já de barriga cheia, o cormorão aceita, resignado. Mas só sai para trabalhar
porque o pescador chacoalha o barco, tornando impossível o descanso. Hábil
pescador, o cormorão tira os peixes da água facilmente. Com a garganta presa, não
consegue engolir. Ao homem, só resta o trabalho de "pescar" na goela do pássaro.
Mas o choque do presente está tornando rara a cena. Depois que chegaram as
redes, quem pesca com cormorão não consegue competir. Sem se apertar, o velho
pescador também achou um jeito moderno de ganhar a vida.
Guilin é um dos lugares preferidos pelos chineses. Virou moda entre os turistas
de aventura do mundo inteiro. E turismo rende dinheiro. O pescador cobra 2 remimbis,
o equivalente a R$ 0,40, para tirar uma foto com turistas. Por quilo de peixe, não
ganha mais de R$ 2. Assim, de pescador profissional, pesca para atrair mais turistas
do que peixes.
Alimentado pelo degelo de montanhas muito longe dali, o Rio Li é tão
transparente que dá para ver os peixinhos se escondendo entre as algas. A vegetação
verdinha é o pasto aquático dos búfalos chineses.
Há 2 milhões de anos, toda a região era coberta por um oceano. Quando a
água desapareceu, restaram as montanhas de calcário, que brincam com a
imaginação. Uma delas foi batizada de Montanha dos Nove Cavalos. Meus olhos não
chineses não acham as formas que eles juram que estão vendo. O Morro do Elefante
é o símbolo da cidade. Até o dinheiro chinês homenageia a beleza do lugar.
10.1.2 Reportagem: Sônia Bridi (Wuqiao, China) Fábrica de malabaristas.
Repetir uma, dez, cem mil vezes a mesma pirueta, o mesmo malabarismo, a
mesma travessura. Passar o tempo vendo o mundo invertido e esticar, girar, se
segurar. Concentração em alerta. Um piscar de olhos, e os tubos caem.
Como se já não fosse difícil subir os degraus com 30 quilos nos ombros, um
garoto anda com a escada. Ainda são principiantes. Na maioria das tentativas, erram
no último pulinho. Com disciplina e paciência chinesa, eles vão chegar lá.
Santa persistência em busca da perfeição. He Zhi Yi e Liu Hu são internos de
uma escola de acrobacias nos arredores de Wuqiao, uma cidade ao sul de Pequim
que se tornou a capital mundial das acrobacias. Quinze crianças de idades diferentes
pagam 2 mil remimbis por ano, pouco mais de R$ 500, para viver e aprender no local.
Uma escola pobre, que na falta de chão antiimpacto improvisou um sistema de
amortecedor com tábuas soltas.
O sonho vai deixando cicatrizes. Nada que abale quem está decidido a
perseguir o sucesso. Não há professores na sala, mas ninguém faz corpo mole. É
preciso melhorar, aprimorar, tornar perfeita a técnica para conquistar o que todos
querem: fama e dinheiro.
A escola pertence a Jian Zhen Tong, artista que durante 20 anos fez parte de
uma importante companhia de acrobatas. Ele começou aos 8 anos e, aos mais novos,
ensina: aprender leva a vida toda. Jian conta que ganhou algum dinheiro. Vive com
tranqüilidade, mas não ficou rico. O lado bom do trabalho é que viajou muito.
Na China, o nome Wuqiao representa acrobacia como Shaolin representa kung
fu. Diz a lenda que foi na cidade que essa arte nasceu, há 4 mil anos. Jian Zheng
Tong ainda ensina os alunos a raiz da tradição. Na terra pobre, árida, os camponeses
foram descobrindo que fazer truques com as ferramentas rendia uns trocados nas
feiras.
Eles entendem as leis da física na prática: o vento leva a palha leve, e os grãos
pesados ficam no chão. Separando soja ou inventando malabarismos, eles aprendem
a manipular essas leis. O lugar pobre de 270 mil habitantes até hoje é o maior
fornecedor de artistas de circo para o mundo inteiro.
Quem ensina nessas escolas de fundo de quintal ou de fundo de sítio não
estudou educação física para passar as técnicas corretas de preparo físico, mas é
quem tem experiência ensinando quem tem intuição para aprender. E todos motivados
a, literalmente, fazer um malabarismo para fora de uma vida de pobreza.
Como na China nove anos de estudo são obrigatórios, os alunos têm também
aulas de chinês, geografia, matemática. Aprendem que todos os movimentos de
acrobacia têm um nome. Eles podem ler uma coreografia como quem lê música.
Em Wuqiao, existem dezenas de escolas, de todos os tamanhos, que misturam
acrobacia às disciplinas tradicionais. Numa delas, são mais de mil alunos – metade
estuda técnicas acrobáticas. Parece uma linha de montagem de artistas.
O professor Wang Hui garante que dois meninos, de 7 e 6 anos, têm um talento
especial. Provavelmente serão grandes artistas. Determinação não falta. Eles
conseguem dar 15 cambalhotas, uma atrás da outra, como se fosse a coisa mais
simples do mundo. Humildes, Lu Wei e Chen Chong falam que não são tão bons
nisso. Ainda pretendem melhorar muito.
No meio de todas essas crianças cheias de sonho, o professor diz que, para
reconhecer um aluno talentoso, basta olhar o corpo – pernas mais longas que o tronco
– e observar o jeito como aprende. Eles são diferentes, especiais. E aluno ajuda aluno.
Na escola como no palco, ser companheiro e poder confiar no colega é fundamental. E
ter um certo charme ajuda.
Uma pequena nasceu com o talento. Aos 3 anos, é cheia de energia. Uma
serelepe. Começou a aprender há pouco tempo e esbanja seu carisma de artista.
Para que servem vasos, sombrinhas e mesas? Para serem equilibrados com
pés. Outra escola é para os que têm mais dinheiro. A mensalidade é cara para os
padrões locais: R$ 400 por mês, ou três salários-mínimos chineses. Na escola, os
alunos têm equipamentos novos e um palco preparado para espetáculos.
Li Ge tem 9 anos e uma vasta experiência. Ela soube da escola numa
reportagem da TV chinesa e ficou encantada. Está há dois anos lá e já ganhou
prêmios, medalhas. Li Ge diz que fica um pouco nervosa quando sobe no palco e que
o melhor momento é quando a apresentação acaba e começam os aplausos.
Apesar da riqueza de seus artistas, Wuqiao precisa melhorar as condições de
vida do povo. O governo construiu um parque temático apostando que os turistas vão
ver na cidade o que faz tanto sucesso lá fora. São mais de 20 palcos e capacidade
para receber até cem mil pessoas. É como um grande banco de empregos para quem
não entrou nos circos ou nas companhias de acrobacia. Um adestrador de ratinhos, o
tradicional fantoche e equilibristas por toda parte.
Acrobacia para os chineses é como futebol para os brasileiros. Quem tem
talento pode acreditar no sonho. Todos os dias, as jovens promessas se apresentam
no principal palco do parque. Na platéia, empresários de olho nos futuros craques.
Talvez um deles consiga o que todos querem: um bom contrato de trabalho numa
companhia que os leve pelo mundo, para perto da fama, para longe da pobreza.
10.1.3 Reportagem: Sônia Bridi (Guilin, China) Cabelos gigantes
Ainda é preciso subir quilômetros a pé para alcançar vilas nas montanhas
próximas a Guilin. No caminho, vamos encontrando outra especialidade que faz a
fama do lugar: a pimenta vermelha. Os moradores da região são de uma minoria
étnica: o povo drum.
Isolados há milênios nas montanhas, eles têm língua, costumes, identidade
própria. Ainda usam as roupas tradicionais no dia-a-dia.
Encontramos mais mulheres do que homens. Eles estão no fundo das
montanhas, cuidando do maior patrimônio da região: as plantações de arroz. Há
séculos dominaram as montanhas, fizeram das encostas degraus, terraços onde
podem plantar. A perder de vista, um espetáculo que sacia os olhos antes de começar
a matar a fome.
Mulheres pequenas, magrinhas, têm uma força impressionante e carregam
peso montanha acima. Uma delas me leva para conhecer a casa dela, construída na
encosta. A parte de baixo é ocupada pelos porcos. Lá dentro, o que impressiona é o
vazio: um fogãozinho no chão – a mais básica das necessidades – e só. Mas não tem
ar de miséria. É uma pobreza que já conheceu tempos piores.
A vizinha trança sandálias com palha de arroz e agora vende para os turistas.
Para um povo que vivia de cultura de subsistência, o dinheirinho que entra deixou a
vida bem melhor.
Seguimos o caminho e logo adiante encontramos outro povo: os bai. Numa
terra tão apegada a tradições, as mulheres se agarram à força de suas crenças.
Cabelo comprido traz vida boa. E quanto mais longos os fios mais anos de vida. Por
isso, eles medem mais de um metro.
As mulheres bai só cortam o cabelo uma vez, aos 8 anos de idade. É um ritual
de entrada na vida, repetido todos os dias, ao ajeitar as imensas madeixas.
Elas juram que gastam só dez minutos por dia para pentear e enrolar os fios
intermináveis. Mechas de fios que foram caindo são juntadas para aumentar o efeito.
Preso, até parece um turbante indiano. Mas, solto, pesa muito. Para provocar,
pergunto se nunca pensaram em ter um cabelo curto como o meu? A cara delas diz
tudo.
Para as mulheres do povo bai, o cabelo é como um troféu para ser oferecido ao
marido. Só no dia do casamento o homem pode ver a noiva com as mechas soltas. E
elas contam que eles ficam maravilhados com o tamanho do presente.
A maneira como o cabelo é preso mostra a posição da mulher na sociedade.
Cabelos cobertos: mulher solteira. Presos com nó na frente: casada e com filho. Sem
o nó: casada, mas ainda não é mãe.
Pesados brincos de prata ajudam a atrair maridos. Quem se importa, então, de
passar a vida toda carregando mais de 50 gramas na orelha?
O fogo no meio da sala aquece a reunião na cozinha comunitária. Elas
preparam um chá tradicional, mas parece que estão fazendo comida. Fritam o arroz,
que fica parecendo pipoca. Misturam gengibre, sal, pimenta e chá, muito chá verde.
É bom. Tem gosto de sopa, não de chá. Deve ser bem nutritivo. Com o sabor
ancestral, me despeço das belezas de Guilin rumo a outro pedaço da China.
10.1.4 Reportagem: Sônia Bridi (Yan'an, China) Sofrimento em nome da beleza
Seguimos pela província de Yan'an em busca de sobreviventes de outros
tempos. Chegamos à vila da estradinha e somos recebidos por um ritual. A Dança do
Dragão, uma dança para chamar chuva, foi ressuscitada por mulheres velhinhas com
a vida profundamente marcada pela história.
Eu me sento ao lado das mais velhas para ver. Quando eram meninas, a beleza
de uma mulher era medida pelo tamanho dos pés. Mulheres de pés grandes eram
consideradas feias. Por isso, toda menina de família rica era submetida a uma
deformação física.
Uma vovó sorridente ainda lembra da dor e de como chorava com os pés
amarrados tão forte que os ossos do peito do pé se quebraram. Pés atrofiados, que
perderam sua função de suportar o corpo, são constantemente enfaixados para que
elas consigam ficar em pé. Uma crueldade em nome da beleza. Mas a vovó diz que
elas só podiam aceitar. Quem não tinha pés pequenos não casava. Ela conseguiu um
marido rico.
Depois de viver décadas assim, tirar a faixa é difícil, dolorido. É como mostrar
uma parte muito íntima do corpo. Quando a vovó concorda em tirar uma das faixas,
tiro meu sapato e brinco para ela ficar mais à vontade. Perto dos meus, os pés dela
parecem miniaturas.
Ela conta que o único homem a ver seus pés desnudos foi o marido. No dia do
casamento, um pano separava os dois. Levantando a barra, o noivo viu os pés e ficou
feliz porque eram bem pequenos. "Se fossem grandes, ele se sentiria envergonhado",
ela diz.
Essas mulheres ainda eram recém-casadas quando veio a Revolução
Comunista. Na China de Mao Tse Tung, o símbolo de beleza virou ofensa. As
mulheres de pés atrofiados foram obrigadas a andar com sapatos bem grandes e a
enfrentar uma vida de miséria, trabalho duro, sem ter como se equilibrar. Com o fim da
Revolução Cultural, puderam voltar a fazer e usar seus sapatinhos.
Na vila que fede a esterco – guardado para ser usado como combustível nos
fogões – são as vovós que ainda trabalham duro e mantêm a estrutura de famílias
separadas pelo crescimento econômico. Andando pela região só se vêem velhos e
crianças. Os adultos se foram, em busca de trabalho nas cidades.
A Dança do Dragão pode até nem trazer chuva, mas mantém a vitalidade
dessas mulheres que sobreviveram aos maridos e à crueldade do seu tempo. Como
manda a tradição chinesa, a líder do grupo faz um discurso. Me deseja boa sorte,
promoção, aumento, filhos e netos. E me pede para contar a história delas e ajuda
para realizar o sonho de viajar, conhecer o mundo. Quem sabe, o Brasil?
10.1.5 Reportagem: Sônia Bridi (Pequim e Yan'an, China) Pregão de solteiros
O desenvolvimento que transforma a paisagem chinesa com velocidade
espantosa deixa sempre a sensação de que existem duas Chinas. O presente está em
algum lugar entre o passado e o futuro que se ergue.
Um povo que abraça a modernidade e resiste em soltar os pés de tradições
milenares. Como os casais que encontramos na fronteira geográfica da velha e da
nova China.
Sob os portões da cidade proibida, fica o antigo Palácio Imperial em Pequim. O
pequeno parque fica cheio nos fins de semana, com chineses de meia idade.
Gravamos com uma câmera pequena, como se fossemos turistas. Os simpáticos
cinqüentões têm fama de espancar jornalistas que queiram mostrar o que eles estão
fazendo: procurando casamento para os filhos.
Carregam anúncios com a idade, altura e escolaridade dos jovens. Uma mulher
se interessa, acha um que pode ser um bom pretendente para a filha e chama uma
amiga pra dar opinião. Um homem quer mais detalhes sobre a educação do candidato
a noivo. As fotos passam de mão em mão.
Fazemos de tudo para disfarçar, mas eles são desconfiados demais. Uma
mulher se sente ofendida porque gravamos o retrato do filho e dá o alarme. O
cinegrafista Paulo Zero sai, para evitar que a câmera seja quebrada. Além do risco de
perder o equipamento e sermos espancados, como gravamos sem permissão das
autoridades, ainda podemos parar na cadeia.
Os filhos não sabem que estão sendo oferecidos em praça pública por pais
desesperados. São vítimas de uma distorção cruel da política de controle da
natalidade, que obriga a maioria dos casais a ter um só filho.
Como a China não têm sistema de previdência para todos e a tradição diz que é
o homem quem cuida dos pais na velhice, muitos chineses fazem qualquer coisa para
garantir que esse filho seja do sexo masculino. O resultado disso é que hoje há 23
milhões de chineses em idade de casar que não conseguem achar uma noiva. Sheng
Qiang é um deles. Passou dos 30 e nunca teve uma namorada estável. Acha que não
encontrou a garota certa, mas reconhece que, se encontrar, vai ter que disputá-la com
outros pretendentes. "Tem homem demais na China", diz ele.
Quem tem alguma desvantagem, física ou financeira, acaba sozinho. Os pobres
do campo, que vão para a cidade trabalhar na construção, são os que geralmente
ficam sobrando. Mas mesmo um rapaz de Pequim, como Luo Hao, pode chegar aos
28 anos sem namorada. Músico, ele diz que mal ganha para se sustentar. Pergunto
que tipo de homem ele acha que consegue arrumar namorada.
"Rico. Quem é rico consegue o que quer. Não interessa se é feio ou bonito", ele
responde.
Ele é gordinho. O outro tem um ar deprimido. Mas veja o que pensa um
personal trainer, ainda solteiro: "Muitas garotas só querem achar um ricaço com carrão
que pague roupas bonitas. Elas não querem trabalhar".
Chen trabalha, ganha bem e nunca fica com um namorado por mais de um
mês. Ela diz que não escolhe pelo dinheiro, de jeito nenhum. Ela tem que se
apaixonar. Mas... "Para ser franca, eu não acho que vá me apaixonar por um homem
sem trabalho fixo e sem uma boa escolaridade", diz.
Sheng diz que se sente só. Se afunda no trabalho e tenta se conformar. Se ele
acha que pode ser feliz sem casar e ter filho? "Não vou dizer que esse tipo de vida é
feliz, mas a gente tem que aprender a viver se adaptando às circunstâncias",
desabafa.
Esse exército de solteiros preocupa o país. Os médicos são proibidos de falar o
sexo do bebê ao fazer ultra-som para evitar o aborto seletivo. Mas o assassinato e
abandono de meninas recém-nascidas é extremamente alto. Na China, para cada 100
meninas nascidas, há 118 meninos, quando a média mundial é de 104 meninos.
As vilas têm metas de controle populacional. E, às vezes, elas são cumpridas
de forma violenta. Muitas famílias tentam escapar da restrição tendo mais de um filho.
Mas o caso do advogado cego Chen Guancheng mostra como isso ainda é tratado.
Ele está preso porque denunciou que, no interior, mulheres grávidas do segundo filho
estavam sendo seqüestradas pela polícia e forçadas a abortar. Algumas, no nono mês
de gravidez.
O destino de filhos que morrem solteiros fez reviver uma prática chocante para
a cultura ocidental. Os chineses acreditam que os mortos têm as mesmas
necessidades que os vivos. Daí que, quando um homem morre solteiro, muitas
famílias sentem que o espírito só vai ter paz se tiver uma noiva na outra vida. E aí
saem à procura de uma noiva cadáver para ele. Acham uma família que tenha uma
filha que morreu solteira, negociam um preço pelo corpo, que é transferido para ser
enterrado ao lado do homem solteiro.
A preferência por filhos homens é tão antiga quanto a história da China. Em
épocas de fome, toda a comida ia para os meninos, enquanto as meninas pereciam.
Os solteiros acabavam encontrando um destino no Exército ou nos mosteiros. Mas
com a repressão religiosa e a falta de guerras, são chamados hoje de galhos secos,
que nunca darão frutos. Em nome do progresso nacional, milhares de tragédias
pessoais, de homens sozinhos, de pais que sonham com netos que nunca virão.
10.1.6 Reportagem: Sônia Bridi (Yan'an, China) Vida nas cavernas
A fumaça que brota do chão cobre a paisagem como nuvens. Terra seca e céu
de azul forte. Montanhas que parecem tão sem vida escondem milhares de pequenas
cavernas. E tem gente morando lá dentro. São como grandes edifícios de terra. As
cavernas normalmente têm entre cinco e sete metros de comprimento. Espaço
apertado que a praticidade dos chineses consegue multiplicar.
A casa toda funciona numa peça só: o fogão fica colado na cama, que é
também um sofá onde eles recebem as visitas, onde as pessoas se sentam para
conversar e tomar um chá. O sistema interessante é que a fumaça desse fogão não
sai direto por uma chaminé. Nem se vê a chaminé. Ela vai por tubulações
serpenteando debaixo da cama, que é aquecida, deixa o ambiente quentinho e só
depois vai para fora.
Cento e vinte milhões de chineses moram em cavernas no vale do Rio Amarelo.
Na entrada das casas de portas semicirculares, panos coloridos cortam o vento e
conservam o calor. Dona Wang Bin Xiang vive com o marido e passa os dias cuidando
do netinho enquanto a filha e o genro trabalham.
A hospitalidade deles é incrível. Quanto mais pobre a família mais coisas eles
oferecem. Para quem já teve tão pouco, a comida é um dádiva. Só nos anos 60, 30
milhões de chineses morreram de fome. Por isso, tudo é aproveitado. Até as cascas
são guardadas para alimentar os animais. Dona Wang Bin Xiang mostra as mãos
cortadas, cheias de calos, de uma vida inteira trabalhando na lavoura e cuidando da
família.
Na China, os bebês não usam fraldas. Eles usam calças com um buraquinho.
Então, quando precisam fazer xixi ou coco, eles já estão prontos. Se abaixam em
qualquer lugar e ali mesmo resolvem o problema.
Medo do diferente. Dona Wang Bin Xiang conta que nunca tinha visto de perto
uma pessoa com olhos claros e nem uma mulher com a minha altura.
Em cada andar da montanha, uma pequena fazenda. O povo das cavernas cria
porcos, cabras, qualquer animal que possa ajudar na sobrevivência da família.
Nos anos 50, as cavernas eram feitas em massa. Um imenso condomínio
daquela época, na universidade local, está sendo reformado e vai ser alojamento de
estudantes. São prédios e continuam sendo cavernas.
Aquelas montanhas guardam muita história. Foram o ponto final da Grande
Marcha – quando o exército comunista, liderado por Mao Tse Tung, atravessou a
China fugindo das tropas do governo. Mao Tse Tung vivia e trabalhava numa caverna.
Por causa dele, a cidade foi tão bombardeada pelos japoneses durante a Segunda
Guerra Mundial que pouca coisa histórica restou. Só a torre foi poupada porque era
usada pelo inimigo como referência para encontrar a cidade.
No norte da China, durante o inverno, o sol nunca fica a pino. Ao meio-dia,
parece o sol das 17h no Brasil. Na área de montanhas, perto da fronteira com o
deserto, entendemos a força da expressão "um lugar ao sol". A face sul da montanha,
que fica de frente para o sol, está sempre aquecida. Em compensação, a face norte, o
lado escuro da montanha, passa meses sem receber um raio de sol. A neve que caíra
havia uma semana ainda não tinha derretido.
No inverno, a temperatura pode chegar a -30ºC. Já no outono, o gelo ameaça
as plantas. Mas um sistema simples, aproveitando a idéia das cavernas, está
revolucionando a economia do lugar: estufas feitas com paredes grossas de barro de
um lado e, de frente para o sol, uma cobertura de plástico. Esteiras de palha de trigo
sobem de manhã, para deixar o calor entrar, e são abaixadas à noite para conservar a
temperatura. Lá dentro, um clima quase tropical. Os tomates crescem bonitos e
grandes.
Com financiamento do governo local, as famílias que conseguiram construir
uma estufa vivem muito melhor: vendem no inverno culturas de verão e faturam o
equivalente a R$ 2 mil por ano – o que, na China, dá o dobro do poder de compra do
dinheiro no Brasil.
Essa revolução agrícola ajuda a prosperarem cidades como Yan'an, que por
falta de espaço para crescer para os lados, sobe prédios e se espreme no vale do rio.
A nova arquitetura convive com cavernas que ficaram, como um templo cavado nas
montanhas, e hotéis em estilo caverna vão aparecendo nas encostas. Ao entrar na
modernidade, o vale do Rio Amarelo tenta fazer de um jeito primitivo de viver uma
atração turística.
10.1.7 Reportagem: Sônia Bridi (Lijiang, China) Guardião das ervas chinesas
O homem que guarda os segredos de uma medicina em extinção nos espera na
porta. Se a própria saúde é um cartão de visitas, Doutor Ho deve ser muito bom. Aos
90 anos, fala com vitalidade, num inglês próprio dele.
O filho mostra o jardim medicinal que reproduz as espécies encontradas nas
montanhas ali perto. Uma flor amarela ajuda a enxergar melhor. Contra gripe, hortelã.
Rosas para o sangue circular bem. Ervas para asma, para dor de estômago e até para
unir ossos que se quebraram. Um imenso pé de cannabis – uma variedade da planta
da maconha, usada para combater a gripe. Uma erva é especial para tensão pré-
menstrual. O nome dela em chinês quer dizer "bom para mãe".
Mas as plantas nunca são usadas sozinhas. Viram pó e, das combinações,
saem as fórmulas medicinais. Doutor Ho é o guardião da herbologia naxi e tem uma
imensa fama internacional, dividindo opiniões. Para quem duvida da eficiência dos
remédios, doutor Ho mostra a carta que recebeu de um de seus pacientes
americanos.
É o caso de um homem com câncer, que foi tratado só com medicina chinesa.
Ele foi acompanhado pela clínica mayo e o câncer entrou em remissão há mais de dez
anos. O paciente foi declarado curado do câncer só com as ervas do Doutor Ho.
Ele é outro caso de perseguição durante a Revolução Cultural. Foi considerado
representante do passado e ficou 20 anos sem poder exercer a medicina. Quando
voltou, ao defender a tradição, começou também uma luta pela preservação das
montanhas, berçário das plantas medicinais.
Histórias assim não são raras. Numa casa típica de Lijiang encontramos dona
Yang Si Chun. A falta de escola não impediu que uma mente brilhante se
desenvolvesse. Naquela parte do mundo, as mulheres sobrevivem aos homens. A
explicação dela: "Nós nos mantemos ativas a vida inteira, trabalhando duro. Até casas
ajudei a construir. Eles só querem beber, fumar, jogar e escrever poesia".
Dona Yang Si Chun usa com orgulho um símbolo de como as mulheres eram
oprimidas na cultura naxi. Quando a menina nasce, a mãe geralmente cria uma ovelha
negra. Quando o animal é abatido, a mãe prepara uma pele, que depois é usada pela
menina para aliviar a carga que ela, literalmente, carrega nas costas. Agora, a vovó
carrega isso apenas como um enfeite, uma recordação. É uma coisa que está
desaparecendo na cultura naxi. O trabalho pesado dela agora é só no jardim.
"Ser mulher hoje é muito melhor", conta, enquanto serve um licor de ameixa
muito forte. "Elas vão para a escola, têm emprego, mandam nelas mesmas!".
A senhora Yang, o Doutor Ho. Tão próximos tão emblemáticos do momento que
vive a China. O país corre o risco de perder conhecimento precioso enquanto se
moderniza e se despede de velhas práticas que já vão tarde.
ENTREVISTA
ANEXOS
REFERENCIAS
O CLIMA DA CHINA. Disponível em:<http://mz2.mofcom.gov.cn/aarticle/aboutchina/climate/200504/20050400079333.html> Acesso em: 03, mês: agosto e ano 2007 ISSN .
http://pt.wikipedia.org/wiki/China 20~31/08/2007 e 3/09/2007
http://www.suapesquisa.com/geografia/economia_da_china.htm 3/09/2007