No Máximo, Seis Versos - Poemas Breves, Bíblicos & Outros - J.T. Parreira

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Uma breve introdução De todas as chamadas nove artes, é na Poesia que mais justificadamente se pode asseverar que menos é mais. A concisão, a precisão do corte e do entalhe, só fazem amplificar o poder comunicante do texto, só podem elevá-lo. Nos versos aqui coligidos, versos irmanados pela brevidade, João Tomaz Parreira dá vazão ao seu caudal de metáforas condensadas, à tecitura precisa, que em seu rigor vezes lembra o Hermetismo italiano no que ele tinha de melhor, a explosão/maximização das cargas expressivas do poema ao nível microscópico. E em tal labor engendra a quase perfeição poética, como neste fulgurante A Tentação, onde o Cristo jejuante é tentado no deserto pelo Adversário, que lhe oferece as nações da terra:Na ponta do precipício, no gumedo ar, nos seus olhos Ele guardouantes o azul do que os reinosao fundo do mundo. E assim sucedem-se, ao longo de todo este breve volume, as pequenas cápsulas de alumbramento, lances minimalistas de poesia não apenas cristã mas variada em sua temática, em suas cores, porém fulcralmente uma poesia imantada, que aponta de maneira indelével para o norte, para o Cordeiro. A boa poesia é como a alta culinária, onde a pequena porção concentra uma profusão de surpreendentes sabores, um buquê de amoráveis aromas que podem fascinar até no prato (e tema) mais prosaico. É assim a poesia de JTP: culinária d’alma, capaz de envolver, satisfazer e elevar os paladares mais exigentes e experimentados.A todos os leitores, bon appetit!Sammis Reachers, editor

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J.T.PARREIRA

NO MÁXIMO, SEIS VERSOS Poemas Breves, Bíblicos & Outros

Edição de Sammis Reachers, 2014

Foto de capa: “Running with the seagulls” – Ed Schipul/Flickr (CC)

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Índice

Uma breve introdução ............................................................... 04 Oração Matinal ............................................................................. 05 A Tentação ..................................................................................... 06 A Mulher Negra ........................................................................... 07 O Meteoro e o Orvalho ............................................................. 08 Morar ao Lado .............................................................................. 09 O Que Disse Jesus ........................................................................ 10 O Ponto Final ................................................................................ 11 Um Poema ...................................................................................... 12 Poema Para a Não Metáfora ................................................... 13 David ................................................................................................ 14 Aos 90 .............................................................................................. 15 Há Dias Assim ............................................................................... 16 Eclesiastes, 2 ................................................................................. 17 David e Bate-Seba ....................................................................... 18 A Túnica .......................................................................................... 19 Os Pobres Quixotes .................................................................... 20 Veneza ............................................................................................. 21 A 9ª ................................................................................................... 22 Manhã de Domingo .................................................................... 23 O Cardume ..................................................................................... 24 Cântico Breve dos Exilados .................................................... 25 Reportagem no Japão Séc. XIX .............................................. 26 Oriente ............................................................................................ 27 Jardim das Oliveiras .................................................................. 28 O Natal ............................................................................................. 29 Cansaço no Museu ...................................................................... 30 O Pecado ......................................................................................... 31 Poema Para Um Evolucionista .............................................. 32 Os Mineiros ................................................................................... 33 O Músico Suicida ......................................................................... 34 Um Prodígio Moderno .............................................................. 35 Parque Infantil ............................................................................. 36 Amazónia ....................................................................................... 37 Os Discípulos de Emaús ........................................................... 38 Regresso a Casa ........................................................................... 39 Para Um Estudo Psicológico da Personagem ................. 40 O Retrato ........................................................................................ 41 Naufrágio ....................................................................................... 42 Desembarque na Normandia ................................................ 43 Fadiga .............................................................................................. 44 “Le Déjeuner Sur L’Herbe” de Manet ................................. 45 As Descobertas ............................................................................ 46 Marylin Monroe ........................................................................... 47 O autor ........................................................................................... 48 Outros e-books do autor ....................................................... 49

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Uma breve introdução De todas as chamadas nove artes, é na Poesia que mais justificadamente se pode asseverar que menos é mais. A concisão, a precisão do corte e do entalhe, só fazem amplificar o poder comunicante do texto, só podem elevá-lo. Nos versos aqui coligidos, versos irmanados pela brevidade, João Tomaz Parreira dá vazão ao seu caudal de metáforas condensadas, à tecitura precisa, que em seu rigor vezes lembra o Hermetismo italiano no que ele tinha de melhor, a explosão/maximização das cargas expressivas do poema ao nível microscópico. E em tal labor engendra a quase perfeição poética, como neste fulgurante A Tentação, onde o Cristo jejuante é tentado no deserto pelo Adversário, que lhe oferece as nações da terra:

Na ponta do precipício, no gume do ar, nos seus olhos Ele guardou

antes o azul do que os reinos ao fundo do mundo.

E assim sucedem-se, ao longo de todo este breve volume, as pequenas cápsulas de alumbramento, lances minimalistas de poesia não apenas cristã mas variada em sua temática, em suas cores, porém fulcralmente uma poesia imantada, que aponta de maneira indelével para o norte, para o Cordeiro. A boa poesia é como a alta culinária, onde a pequena porção concentra uma profusão de surpreendentes sabores, um buquê de amoráveis aromas que podem fascinar até no prato (e tema) mais prosaico. É assim a poesia de JTP: culinária d’alma, capaz de envolver, satisfazer e elevar os paladares mais exigentes e experimentados. A todos os leitores, bon appetit!

Sammis Reachers

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ORAÇÃO MATINAL Pai Celestial, sou o teu vizinho importuno perdoa-me as mãos nos bolsos, e a repetição como o sol que se espreguiça na linha do oriente, nesta nova manhã dá-me o pão sem remorsos e a água nos meus olhos quando choro.

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A TENTAÇÃO Na ponta do precipício, no gume do ar, nos seus olhos Ele guardou antes o azul do que os reinos ao fundo do mundo.

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A MULHER NEGRA “Jorro de sangue jovem / sob um pedaço de pele fresca” Nicolás Guillén A mulher negra na alvura dos seus dentes traz as palavras, a cascata do seu riso, a manhã esperada que ilumina a sua pele, a nova mulher negra é uma noite em festa.

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O METEORO E O ORVALHO O orvalho está sobre a folha, sobre a noite o meteoro não descansa, passa como o silêncio, aqui em baixo a gota não treme, é uma parte macia do céu.

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MORAR AO LADO Do outro lado da parede também se vive e há uma razão qualquer para fazerem o silêncio.

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O QUE DISSE JESUS João, 15, 7 Se estiverdes em mim as minhas palavras estão em vós, o que pedirdes não será preciso, porque está feito.

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O PONTO FINAL O que vai ficar antes deste ponto final parágrafo. O que vier a seguir é já a marcha do desconhecido.

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UM POEMA Um poema que seja para nós que seja nós.

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POEMA PARA A NÃO METÁFORA Não dizer que aqueles olhos são como a noite, a cor fica melhor dizer a noite é os teus olhos com um eclipse de sol no meio.

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DAVID Nenhum homem esteve mais perto de Deus do que David por razão da música e seus salmos Quando tocava a harpa, era Deus que respirava Deus desfazia o silêncio nos dedos de David.

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AOS 90 (para a minha mãe) Olhou para dentro dos olhos, os olhos da mãe, agora mais alquebrados, há pouca coisa para ver.

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HÁ DIAS ASSIM Hoje é o silêncio que vem sentar-se na soleira, à boca a poesia virá quando puder.

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ECLESIASTES, 2 Empreendi grandes obras edifiquei a alegria nas casas, plantei vinhas, fiz jardins de todas as cores os pomares são altos relevos no vento Tudo é vaidade, mesmo a morte não é nova debaixo do solo.

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DAVID E BATE-SEBA Quem sou eu para condenar-te, David? Não soubeste segurar os teus olhos e como duas aves em busca da cor os lançaste? Desceram da tua varanda ao encontro da nudez do amor.

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A TÚNICA Conservaste a tua túnica de linho inteiro, dulcificado com o pó dos caminhos e o toque envergonhado pela orla dos dedos até que as mãos alheias, entre altas lanças lançaram os dados desfiaram o teu corpo.

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OS POBRES QUIXOTES Pobres Quixotes que afiastes as lanças no fogo da poesia para os moinhos de vento cuidastes que o mundo ficaria livre dos gigantes de largas mãos.

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VENEZA O que é que tenho em Veneza? Águas nos olhos, os olhos de Canaletto parte de mim não conhece Veneza a outra parte nada numa água ancestral, gôndolas rasgam o que outrora foi seda.

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A 9ª Beethoven é um querubim surdo Beethoven como o vento não se escuta a si próprio tem música nas mãos onde toca, tira a poeira do mais pobre dos silêncios.

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MANHÃ DE DOMINGO No primeiro dia da semana, com os perfumes guardados para o Santo Sepulcro quando do oriente o sol começasse iam as mulheres preservar a beleza só do corpo mortal.

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O CARDUME Criaturas luminosas deslizam. No veludo escuro as águas abrem-se em figuras esguias, o cardume, como um coração que bate no oceano, respira.

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CÂNTICO BREVE DOS EXILADOS Os salgueiros inundavam as margens do rio e neles, as nossas harpas com lágrimas, molhavam o silêncio.

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REPORTAGEM NO JAPÃO SÉC.XIX As famílias japonesas corriam distâncias para ver jardins floridos, pelas manhãs os jornais abriam com botões de flor.

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ORIENTE Está o sol nos galhos desta árvore do lado leste do jardim.

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JARDIM DAS OLIVEIRAS A lua nos galhos observa, por entre as folhas das oliveiras, os ramos a dançar as folhas fatigadas presas no vento que inunda o ar, desconhecem que estão perto da angústia de Deus.

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O NATAL Árvores a iluminar as janelas por detrás do gelo nos vidros, os espíritos de natal com filamentos de lâmpada.

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CANSAÇO NO MUSEU Foi gastando os olhos nas paredes onde se debatiam quadros de beleza duvidosa quando chegou à Dança de Matisse os seus olhos eram dois vidros já cansados e sem luz.

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O PECADO Ouvi a tua voz rasgar as folhas estava nua tive medo e escondi-me da tristeza dos teus olhos.

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POEMA PARA UM EVOLUCIONISTA “Soyez patients./ Je descendrai de l'arbre / pour vos faire un monde” Slobodan Jovalekic A paciência é uma árvore a redesenhar as folhas no seu tempo, a vida chegará e o macaco há-de descer da árvore para te fazer um mundo.

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OS MINEIROS As mãos como archotes ocupadas em devorar a treva trazem à superfície o que ficou a dar substância à esfera.

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O MÚSICO SUÍCIDA O silêncio do pentagrama foi encerrado num armário, o compositor depois suicidou-se.

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UM PRÓDIGO MODERNO Depois de sair de casa lançou a chave à passagem do primeiro mercadorias, retalhando a vida no aço resistente dos carris.

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PARQUE INFANTIL Nos meus olhos, alguma vez recordo a baloiçar quase no céu a loucura sã de uma criança.

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AMAZÓNIA “Ah! Povo desarmado! / Suas estradas cortam / As linhas do meu corpo” Ricardo G.Ramos, no poema “ Eu, Índio” As estradas por dentro dos índios, cortaram as linhas da seiva da amazónia.

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OS DISCÍPULOS DE EMAÚS Estávamos sentados. Os olhos convertidos às suas mãos quando partia o pão no escuro abrindo-nos a luz.

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REGRESSO A CASA “E se eu implorar (...) que me liberteis, devereis amarrar-me com mais cordas ainda” Odisseia O doce canto desnudando o coração o desejo nu, bem amarrado ao mastro Ulisses não podia atirar às ondas de Sereias os seus braços.

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PARA UM ESTUDO PSICOLÓGICO DA PERSONAGEM Hoje esteve calmo, como o Grand Canyon.

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O RETRATO A erosão das rochas nos píncaros é o retrato mais antigo, que se conhece do vento.

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NAUFRÁGIO Desabitado, o convés ao largo aguarda a visita das marés e dos olhos que vêm à praia, rasos de água ninguém espera mais nada senão os apetrechos do barco lentamente repartidos.

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DESEMBARQUE NA NORMANDIA Alguns morreram, muitos morreram, quase todos como um poema rasgado que não viu a luz ao fundo da última palavra.

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FADIGA Exausta de blandícias, a minha voz agora verte em vernáculo antigo a raiva contra a faca injusta, não apenas a que guarda os celeiros mas aquela que corta desigual o pão de todos, o pão de cada dia.

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“LE DÉJEUNER SUR L’HERBE” DE MANET Não é um almoço, é uma tela desenrolando-se na relva os impressionistas criaram a tendência dos almoços a cores, não havia almoços brancos.

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AS DESCOBERTAS Do alto da gávea, hora de abrir o sol: o marinheiro vê a cor do mar, a mover-se com o vento.

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MARYLIN MONROE A sua nudez não foi suficiente não surpreendeu a morte, os seus olhos não penetraram nada adormeceu, ou foi adormecendo.

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O autor

João Tomaz (do Nascimento) Parreira, Lisboa, 1947. Poeta. 6 livros de poesia (Este Rosto do Exílio, 1973; Pedra Debruçada no Céu, 1975; Pássaros Aprendendo para Sempre, 1993; Contagem de Estrelas, 1996; Os Sapatos de Auschwitz, 2008; e Encomenda a Stravinsky, 2011) Um ensaio teológico (O Quarto Evangelho - Aproximação ao Prólogo, 1988), diversos e-books e participação em Antologias. Escreve na revista evangélica «Novas deAlegria» desde 1964 e no Portal da Aliança Evangélica Portuguesa. Na juventude escreveu poesia e artigos no suplemento juvenil do "República", entre 1970-1972, sob a direcção de Raul Rego. Tendo começado em 1965 também no Juvenil do "Diário de Lisboa", de Mário Castrim. Está representado no Projecto Vercial, a maior base de dados da literatura portuguesa.

Edita os blogs Poeta Salutor e Papéis na Gaveta

e colabora em Confeitaria Cristã , Mar Ocidental e Liricoletivo.

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Outros e-books do autor

Aquele de Cuja Mão Fugiu o Anjo - Este e-book reúne 30 poemas de inspiração

cristã, plena substanciação da fina literatura que tem consagrado o autor

(J.T.Parreira) como um dos maiores poetas evangélicos de nossa língua.

Para os apreciadores da dita poesia evangélica, desnecessárias são as

apresentações à obra de J.T.Parreira. Mas para proveito de todos, devemos prestar

os devidos esclarecimentos. Poeta evangélico lusitano, com já mais de quatro

décadas dedicadas à poesia, JTP é autor de seis livros de poesia e tem participação

em diversas antologias; poemas vertidos para o inglês, italiano, espanhol e turco.

Foi um dos deflagradores, juntamente com o poeta e pastor brasileiro Joanyr de

Oliveira, do movimento pela Nova Poesia Evangélica, que a partir das décadas de

sessenta e setenta do século passado insuflou um benfazejo espírito de renovação

e atualização em nossas letras. Faço minhas as palavras do economista e escritor

João Pedro Martins: “João Tomaz Parreira é um autor incontornável no escasso

universo da literatura feita por evangélicos. A sua poesia é Poesia Gourmet.”

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FALANDO ENTRE VÓS COM SALMOS - O mote para este trabalho poético-literário

sobre os Salmos, foi-me dado por essa recomendação paulina aos crentes da Igreja

em Éfeso, que lemos na Epístola 5, 19.

Partindo do estilo interno tradicional dos Salmos, usando um discurso poético

contemporâneo, sem perda do lirismo e da linguagem que devem compor uma

peça literária como um salmo, procuro num acto de pura poiética construir um

poema-salmo. O alvo é tentar re-escrever do ponto de vista estético do poeta, a

valia espiritual de uma substantiva parte do saltério.

Assim, este primeiro volume , dedica-se a 25 cânticos davídicos, de 1 a 25; e o 2º

volume, ainda em processo de escrita, tratará dos cânticos suplicantes, que

englobará alguns salmos entre o 44 a 106. - O Autor

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Na Ilha Chamada Triste - Nos 16 poemas que compõem este opúsculo, iniciado no

Recife (Brasil),“defronte do mar”, em Abril de 1995, e concluído em Aveiro

(Portugal) pelo mesmo ano, o poeta evangélico lusitano J. T. Parreira enfeixa as

vozes de uma Patmos do Exílio e sua companheira sequaz, seu quase duplo que é a

Solidão. Ilha (e ilha interior) da pura contemplação do profeta (apóstolo João) e do

poeta (JTP) que produzem num a Revelação (Apocalipse), que com seu tesouro de

ora literalidade, ora alegoria, nos traz a Advertência e a Esperança; e noutro a

poesia que re-conta, re-vive, re-vigora e trans-vigora com a verve de sua voz

poética as vivências do Apóstolo em seu exílio insular.

Eis-nos Patmos, (uma) estranha ilha (chamada) Triste, mas de uma “tristeza

segundo Deus” (2Co 7.10), que opera em seu fim a salvação.

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Quando eu era menino lia o Salmo oitavo - A poesia de J.T.Parreira é poesia

maior. É poesia que, ao ser lida, inevitavelmente produz a libertadora (e

infelizmente rara) sensação de uma lufada de ar que nos eleva e, de roldão,

transmigra-nos de nosso dia-a-dia corrido e muitas vezes repleto de sensaboria,

para a dimensão poiética, de enlevo, fascinação e gozo auferidos pelas palavras ao

serem laboriosamentere-alinhadas para que ofereçam o seu melhor.

Nesses 29 poemas, escritos entre fins de 2011 e início de 2012, o vate português dá

provas de seu dom de ampliar, ou melhor dito, alar as palavras, trabalhando os

temas bíblicos, reafirmando poeticamente sua transcendência divina, ao re-

capturar e re-vestir o que eu chamaria de seu élan (ímpeto, vigor) devocional.

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Piquenique no Éden - ...Parreira é o poeta das finas texturas e da metáfora de ouro, a voz incessante e incensória de nossa melhor poesia cristã, que, de sua Aveiro atlântica, é como um Davi(d) que dispara tesouros de sua rica aljava, tendo por arco a lira, e por seta a palavra. Neste Piquenique no Éden, o leitor faceará palavras esmeradas que, em sua morfologia de pedestal, de câmara sacra, de pluma e lâmina, rodopiam em suave dança, em círculos concêntricos em torno à Palavra, o Cristo, o Verbo Encarnado: aqui podemos palmilhar com Ele rompendo as brumas em direção a Emaús, ou melhor, em direção a Ele mesmo; e receber de Suas mãos o pão que sacia a alma, e receber de Seu coração o sacrifício que nos traz a paz. Em muitos dos poemas que compõem este singelo opúsculo, somos ainda convidados/constrangidos a lamentar, na dor de Jó, nos muitos abismos de Jonas, na dura sina do indivíduo judeu e da nação Israel, a tristeza de termos deixado um dia o Jardim, como se fossemos membros amputados do corpo da infância, abortados-quando-prestes, quando prestes a nos firmarmos na instância/estação da Felicidade. Aquela Felicidade sempiterna que a redentora Palavra, que subiu e desceu daquela cruz, nos assegura que será novamente, e será para sempre. Para baixar o livro pelo 4Shared, CLIQUE AQUI. Para baixar pelo Scribd, ou ler online, CLIQUE AQUI.

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