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Cerca de 40%desconhecemque estão infectadosO essencial actualizado sobreo VIH/sida. Epidemia poderáser controlada até 2030. Áfricado Sul testa nova vacina. En-trevista à directora do INLS,Lúcia Furtado. Inquérito derua revela que os angolanosestão mais tolerantes e discri-minam menos. |Pags.6 a 12

Na sua bocahá cerca de700 espéciesdiferentes de bactériasComo preveniras cáries dentárias? A existência de placa bacteria-na nos dentes, resultante doconsumo de hidratos de car-bono refinados / açúcares, levaà acção de uma bactéria espe-cífica, Streptococcus Mutans,que conduz à desmineraliza-ção do esmalte dentário e,consequentemente, à cáriedentária. A remoção da placabacteriana dos dentes e umadieta equilibrada cria as con-dições favoráveis para que talnão aconteça. Tudo o que pre-cisa saber para uma boa saúdeoral.|Pag.4

VIH/SIDA

O Caminho do BemEuropean Society for

Quality ResearchLausanne

EUROPE BUSINESS ASSEMBLY

OXFORD

jornalAno 7 - Nº 77Dezembro2016Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá

MINISTÉRIO DA SAÚDEGOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude

a saúde nas suas mãosA N G O L A

da

Saúde materno-infantilmelhora em Angola

Resultados de inquérito do INE

A taxa de mortalidade infantil na República de Angola reduziu nos últimos cinco anos de 115 para 44por mil nascidos vivos, de acordo com os resultados do Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde,referente a 2015/2016, divulgado este mês pelo INE. O mesmo relatório traz outras informações relativas à saúde que fazem crer que a taxa de mortalidade materna terá também melhorado. De acordo com o ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo, estes indicadores representam uma tendência positiva no domínio da saúde em Angola. |Pag.2

As bebidas alcoólicas são das mais antigas e consumidas em todo o mundo, sendo Angola um dos países em que o seu consumo, por habitante, é elevado. O risco de envolvimento em acidente mortal aumenta rapidamente à medida que a concentração de álcool

no sangue se torna mais elevada:2 taças de vinho ou 2 copos de cerveja (0,5 g/l) – o risco aumenta 2 vezes4 taças de vinho ou 4 copos de cerveja (0,8 g/l) – o risco aumenta 4 vezes

4 doses de uísque ou 4 latas grandes de cerveja (1,20g/l) – o risco aumenta 16 vezes

ENTRE COM SAÚDE EM 2017. NESTA QUADRA NÃO BEBA, OU FAÇA-O MODERADAMENTE. UM CONSELHO DO JORNAL DA SAÚDE.

Álcool e orisco de

acidentemortal

QUADRA FESTIVA

2  OPINIãO Dezembro 2016 JSA

Conselho editorial: Prof. Dr. MiguelBettencourt Mateus (coordenador),Dra. Adelaide Carvalho, Prof. Dra.Arlete Borges, Dr. Carlos (Kaka) Al-berto, Enf. Lic. Conceição Martins,Dra. Filomena Wilson, Dra. HelgaFreitas, Dra. Isabel Massocolo, Dra.Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dú-nem, Dra. Joseth de Sousa, Prof. Dr.Josinando Teófilo, Prof. Dra. MariaManuela de Jesus Mendes, Dr. Mi-guel Gaspar, Dr. Paulo Campos.Director Editorial: Rui Moreira de Sá

direccao@jornaldasaude.org; Redacção: Cláudia Pinto; FranciscoCosme dos Santos.Correspondentesprovinciais: Elsa Inakulo (Huambo);Diniz Simão (Cuanza Norte); Casimi-ro José (Cuanza Sul); Victor Mayala(Zaire) MARKETING E PUBLICIDA-

DE: Maria Luísa Tel.: + 244 928013 347 E-mail: maria.luisa@mar-ketingforyou.co.ao Fotografia: JorgeVieira. Editor:Marketing For You, Lda- Rua Dr. Alves da Cunha, nº 3, 1º an-

dar - Ingombota, Luanda, Angola,Tel.: +(244) 935 432 415 / 914 780462, direccao@jornaldasaude.org.Conservatória Registo Comercial deLuanda nº 872-10/100505, NIF5417089028, Registo no Ministérioda Comunicação Social nº141/A/2011, Folha nº 143.

Delegação em Portugal:Beloura Of-fice Park, Edif.4 - 1.2 - 2710-693 Sin-tra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247670 Fax: + (351) 219 247 679

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Tiragem: 20 000 exemplares. Audiência estimada: 80 mil leitores.

FICHA TÉCNICA 

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Segundo o Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde de 2015-2016, publicado este mês de Dezembro pelo INE, há uma evoluçãopositiva em todos os indicadores avaliados. Em mil nascimentos vi-vos registam-se 44 mortes. Há cinco anos, a relação era de 115 mor-tes em mil nascimentos vivos. Os dados colocam Angola como oquarto país na SADC com menos óbitos à nascença e o décimo emÁfrica.

Outro dado importante tem a ver com o relacionamento entrehomens e mulheres. O estudo revela que apenas dois por cento demulheres com idades entre os 15 e 49 anos tiveram mais de umparceiro nos últimos 12 meses.

Um segundo relatório, a ser lançado em Fevereiro próximo,apresenta dados como a situação da mortalidade materna, trabalhoinfantil, violência doméstica e taxa de prevalência do VIH/Sida. O mi-

nistro da Saúde, Luís Gomes Sambo, adiantou, entretanto, que osindicadores apurados demonstram, também, uma redução da mor-talidade materna.

Recentemente, o responsável do pelouro anunciou que o Minis-tério da Saúde vai admitir, ainda durante este mês de Dezembro,482 médicos, e, em Janeiro de 2017, mais 900.

Ora, tratam-se de boas novidades que espelham uma evoluçãosignificativa num país que saiu de uma fase de pós-conflito e que estáa procurar recuperar todo o seu sistema sanitário. Ainda há muitoa fazer, mas há que evidenciar a evolução positiva, à qual não é alheioo trabalho árduo dos profissionais de saúde – médicos, farmacêu-ticos, enfermeiros e outros técnicos.

O Jornal da Saúde deseja a todos os seus leitores e parceirosBoas Festas e um ano de 2017 com ganhos em saúde!

Boas notícias

Indicadores de saúde melhoram em Angola

Rui MoReiRa de Sá

Director Editorialdireccao@jornaldasaude.org

O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças ao apoio das seguintes em-

presas e entidades socialmente responsáveis que contribuem para o bem-estardos angolanos e o desenvolvimento sustentável

do país.

QUADRO DE HONRAEmpresas Socialmente

Responsáveis

n O ministro da Saúde,Luís Gomes Sambo, asse-gurou, este mês, em Luan-da, que o seu pelouro vaiencontrar formas paracombater o exercício ile-gal da medicina ou da en-fermagem, com o fito decontinuar a garantir umasaúde fiável aos cidadãos.

Luís Gomes Sambo mani-festou esta intenção duran-te uma reunião que mante-ve com o governador pro-vincial de Luanda, HiginoCarneiro, administradoresmunicipais e responsáveisde unidades hospitalares daprovíncia de Luanda.De acordo com o minis-

tro, será estudado com osresponsáveis das adminis-trações municipais a formade controlar melhor deter-minadas práticas clandesti-nas de profissionais quenem sempre estão habilita-

dos e que enganam a popu-lação.“Temos que encontrar

formas de combater o exer-cício ilegal da medicina, daenfermagem ou de qual-quer outra profissão de saú-de, porque é dever do Esta-do regular a prática do exer-cício da medicina e saúdeno país”, disse.A situação da rede sani-

tária e as determinantes desaúde foram os dois temasque nortearam o encontro

entre o ministro da Saúde,Luís Gomes Sambo, o go-vernador provincial, HiginoCarneiro, administradoresmunicipais e médicos.Fez saber que, em virtu-

de das duas epidemias re-gistadas no princípio doano, a febre-amarela e o pa-ludismo, foram já acautela-das algumas medidas pre-ventivas, com vista a evita-rem-se mais casos dogénero em 2017.Chamou atenção para

uma maior responsabilida-de da população nas ques-tões que têm a ver com aprevenção das doenças, hi-giene do meio ambiente e osaneamento.O governante conside-

rou imperiosa a luta contraos vectores responsáveis devárias doenças como a có-lera, febre-amarela, chicun-gunha, dengue, paludismoe a ameaça do zica.

nO director provincial da saúde da Huí-la, Altino Matias, entregou este mês osdiplomas a 725 técnicos de saúde, for-mados em diferentes especialidades, naEscola Técnica de Saúde do Lubango.

A formação durou quatro anos, nas áreasde enfermagem geral, análises clínicas,saúde ambiental, estomatologia, farmá-cia, nutrição, fisioterapia, serviço de parto,instrumentalização cirúrgica, anestesia ediagnóstico terapêutico.Na ocasião, Altino Matias apelou aos no-vos técnicos a exercerem a actividade comcompetência e muito amor, dentro dopríncípio da humanização dos serviços desaúde, “acção que deve ser uma prática re-petida no dia-a-dia”.Realçou a importância dos cursos, parti-cularmente o de parteiras, esperando queos profissionais dessa área revertam oquadro da mortalidade materno infantil e“dêem resposta ao que a mulher grávida eo recém-nascido esperam: saúde".

Ministério da Saúde vai combater exercícioilegal da medicina em Angola

HuílaEscola de saúde lança 725 profissionaisno mercado de trabalho

n O cuidado nutricional contribui paramelhorar a qualidade de vida dos pacien-tes com Anemia Falciforme, porque as de-ficiências nutricionais podem condicionare/ou agravar algumas situações na doença,informou a nutricionista Cármina Pelin-ganga, no encontro para pais sobre "Nutri-ção da Criança com Anemia Falciforme -da teoria a prática" promovido pela Direc-ção Nacional de Saúde Pública / Minsa, emparceria com a Fundação Lwini.A especialista alertou os pais para a ne-

cessidade da pessoa com doença falcifor-me ter uma dieta saudável e equilibrada,baseada em todos os grupos de alimentosda pirâmide alimentar, embora algunsajustes possam ser feitos de acordo comcada paciente.Fez saber que a hidratação ajuda a mi-

nimizar, ou mesmo a evitar as crises vasooclusivas, diminuindo a viscosidade dosangue, o que melhora a circulação dos va-sos. O consumo de dois a três litros deágua/dia é o ideal.Cármina Pelinganga alertou para o

facto da anemia falciforme poder serconfundida com a anemia ferropri-va, que ocorre pela falta de ferro noorganismo e leva algumas pessoas

a seguirem uma alimentação inadequada,sendo que a doença falciforme, no geral,não exige qualquer restrição alimentar,apenas uma dieta equilibrada, acompa-nhada de cuidados de saúde – o que me-lhora a qualidade de vida do paciente.A nutricionista adiantou que,

recentemente, vários avan-ços têm sido feitos, tantoa nível de citogenéticae diagnóstico, co-mo também notratamento dascomplica-

ções. As recentes pesquisas em busca detratamentos curativos, como implante demedula óssea.O diagnóstico precoce da anemia falci-

forme poderá ajudar a diminuir o númerode mortes nos primeiros cinco anos de vi-da. Os sintomas são: dor nos ossos, múscu-los e articulações associada ou não ao es-forço, infecção ou exposição ao frio, fe-bre, cansaço fácil, olhos amarelados,palidez, feridas nas pernas, incha-ço nas mãos e nos pés e maiortendência de contrair infec-ções.

3ACTUAlIDADEDezembro 2016 JSA 

Cuidado nutricional melhora vida dos doentes de anemia falciforme

Medicamento para epilepsia alargado a criançasn A Comissão Europeia aca-ba de alargar a indicação te-rapêutica de Zebinix (aceta-to de eslicarbazepina) a ado-lescentes e crianças commais de seis anos.

O Zebinix, fabricado pela Bial,está agora indicado em todosos países da UE como tera-pêutica adjuvante em doentesadultos, adolescentes e crian-ças com mais de seis anoscom crises epiléticas parciais,com ou sem generalização se-cundária.Os medicamentos pediá-

tricos na área da epilepsiacontinuam a ser uma necessi-dade premente para os profis-sionais de saúde, pacientes,seus familiares e cuidadores.

Em AngolaA epilepsia é uma doença quetem como ponto de partidauma perturbação no funcio-namento do cérebro devido auma descarga anormal de al-guns ou da quase totalidadedos neurónios cerebrais. La-mentavelmente, é alvo degrande discriminação. Actual-mente, mesmo com a infor-

mação de que cerca de 80%dos casos podem ser contro-lados com tratamento, as pes-soas com essa condição aindasofrem preconceito por faltade conhecimento da socieda-de, principalmente em rela-ção às convulsões. Essas cri-ses, que costumam durarpoucos minutos, podem ma-nifestar-se de formas diferen-tes. Em alguns casos, a pessoafica ausente, parada com oolhar fixo, em outros é como seela levasse um pequeno susto.No tipo mais conhecido, apessoa tem movimentos invo-luntários com os músculos,pode se contorcer, babar e, al-gumas vezes, urinar e vomitar. De acordo com a chefe de

Departamento de Neurolo-gia do Hospital Militar Prin-cipal, médica Antónia Silva, aepilepsia é o segundo caso deinternamento no banco deurgência do Hospital MilitarPrincipal, a seguir ao AVC.Esta profissional tem apela-do à população, em particu-lar, aos técnicos de saúde, aprocurarem obter maior in-formação sobre esta patolo-gia, acrescentando que odoente de epilepsia é estig-matizado, sofrendo limita-ções sobretudo no sector daeducação, garantindo queesta doença pode ser contro-lada e o enfermo levar umavida normal como qualquerpessoa.

Designa-se por "células falciformes" porque osglóbulos vermelhos, que normalmente são re-dondos e muito flexíveis, ganham a forma demeia lua em quarto crescente ou de uma foice.Na doença das células falciformes, os glóbulosvermelhos em meia lua não duram tanto tempono corpo quanto os glóbulos vermelhos nor-mais, e isto conduz à anemia. Os glóbulos verme-lhos falciformes também não são tão flexíveisquanto os glóbulos vermelhos normais e nemsempre conseguem passar pelos vasos sanguí-neos muito pequenos. Se as células falciformesficarem presas nos vasos sanguíneos, dificulta acirculação do sangue, e isto causa um bloqueiocirculatório, provocando dor na zona afectada.Esta situação é conhecida como uma crise dascélulas falciformes ou crise de dor: é frequente ador aparecer subitamente e pode durar váriashoras ou dias.

O que é a doença dascélulas falciformes?

FIGURA DO ANO

Imee Pinille – a melhor aluna de medicinan A UAN entregou recentemente os diplo-mas aos alunos licenciados e aos que ter-minaram o mestrado. A jovem Imee Pinil-le foi a melhor aluna de medicina. O Jornalda Saúde homenageia esta nova médicaque quer "ajudar a reduzir a mortalidadeinfantil no país".“Acredito que ser distinguida num universode uma centena de alunos da Faculdade deMedicina da UAN, como a melhor aluna doano académico 2015*, não se deveu unica-mente ao empenho, dedicação e entrega to-tal aos estudos, mas pelo grande auxílio doscolegas que sempre primaram no apoio mú-tuo para conseguirmos superar as grandesdificuldades.Receber este diploma é uma grande ale-

gria, não só para mim, mas também para osmeus familiares.As maiores dificuldades que enfrentei no

percurso da formação foram a carga horáriaa que nos submetiam – tínhamos que abdi-car do convívio familiar para dedicar-nosaos estudos – e a falta bibliotecas para con-sultas aos conteúdos académicos. Gostei de fazer amigos, irmãos, e apren-

der a arte da medicina. O que mais me mar-cou pela positiva foram os mestres e profes-sores que nos instruíram na Faculdade. Pretendo seguir posteriormente a espe-

cialidade de cuidados intensivos em pedia-

tria, porque tenho a intenção ajudar a redu-zir a mortalidade infantil no país e pelo cari-nho que sinto pelas crianças. O papel e a função social do médico em

Angola é reduzir e minimizar o sofrimentodos pacientes.O sector da saúde no país tem vindo a

melhorar devido o empenho do Ministérioda Saúde. Deve evoluir em todas as suas ver-tentes para termos uma saúde ideal para to-dos”. *Recebeu o seu diploma em 2016

4 ActuAlidAde Dezembro 2016 JSA

Meça regularmente o seu nível de glicémia

Dia mundial da diabetes assinalado em Luanda

n O Dia Mundial da Diabetes foi assinalado comuma marcha na marginal de Luanda, entre outrasactividades.

A diabetes é uma doença crónica que se caracteri-za pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) nosangue e pela incapacidade do organismo emtransformar toda a glicose proveniente dos ali-mentos.Dados publicados este ano pela OMS estimam

que cerca de 422 milhões de adultos no Mundo vi-viam com diabetes em 2014, quatro vezes mais doque em 1980.“Estão a diagnosticar-se cada vez mais angolanos

com esta enfermidade. Nos próximos 15 anos, umem cada dez adultos terá diabetes”, garantiu a presi-dente da Sociedade Angolana de Diabetologia, Sa-brina Coelho da Cruz, ao Jornal da Saúde. A médica responsável pela área das doenças cróni-cas não transmissíveis da Direcção Nacional de Saú-de Pública, Joseth de Sousa, sempre muito activa, es-clareceu que a data é comemorada anualmentecom o objectivo de aumentar o conhecimento sobreesta doença e de como preveni-la.

Na sua boca há cerca de 700 espécies diferentes de bactérias

Como controlá-las, prevenir as cáries e outras doenças orais?

nEm meados do século XVI,Anton van Leewenhoek in-ventou o microscópio. Acontribuição desta desco-berta para a ciência em geral,e para as ciências da saúdeem particular, tem sido deci-siva na melhoria das condi-ções de vida das populações.A observação de microorga-nismos, do seu comporta-mento e interacção com osseres humanos tem-se reve-lado uma mais valia no con-trolo e tratamento de patolo-gias que outrora, pelo desco-nhecimento, eram fatais.Em termos da saúde oral,

fruto do estudo da micro-biologia da flora oral, sabe-mos hoje que uma quanti-dade e variedade de micro-organismos interagem nanossa cavidade oral. Resul-tante dessa interacção, emque se destacam as bacté-rias, registamos patologiasque afectam grande partedas populações com mani-

festações agudas e crónicas.Foram detectadas cerca de700 espécies diferentes debactérias na cavidade oral,cada uma com as suas espe-cificidades e grau de pato-genicidade. Da observaçãodo comportamento dasbactérias e interacção comos hospedeiros, percebe-seque estas precisam das con-dições adequadas para de-

senvolverem o seu poten-cial patogénico. Que condições são essas

e como as podemos contro-lar tem sido o grande desafioque tem conduzido a dife-rentes formas de actuaçãono sentido de prevenir asdoenças orais. Se, por um la-do, há que prevenir as doen-ças orais, por outro há quepromover a saúde oral no

sentido da obtenção da me-lhor qualidade de vida pos-sível. A cárie dentária e adoença periodontal (doençadas gengivas e suporte den-tário), doenças que mais seregistam na cavidade oral,são em grande escala resul-tado da relação estabelecidaentre as bactérias da cavida-de oral e as condições nelaexistentes.

Remoção da placa bacteriana

Sendo a cavidade oral cons-tituída por diferentes tecidos(duros e moles) as bactériasdiferenciam-se na sua loca-lização e conforme as condi-ções encontradas desenvol-vem ou não o seu potencialpatogénico. Assim, enquan-to hospedeiros, temos a pos-sibilidade de controlar a re-lação que se estabelece comas bactérias. Por exemplo: aexistência de placa bacteria-na nos dentes, resultante doconsumo de hidratos de car-

bono refinados/ açúcares,leva à acção de uma bactériaespecífica, StreptococcusMutans, que conduz à des-mineralização do esmaltedentário e consequente-mente à cárie dentária. A re-moção da placa bacterianados dentes e uma dieta equi-librada cria as condições fa-voráveis para que tal nãoaconteça. Com este exem-plo vemos que, o binómiohospedeiro/microorganis-mos é a chave para a preven-ção das doenças orais. En-quanto hospedeiros cabe-nos a tarefa de controlar obiofilme oral/ placa bacte-riana que está na origem dasdoenças orais mais comuns.Esse controlo passa, generi-camente, pela remoção daplaca localizada nos dentes,gengiva, língua e por umcontrolo da dieta, temas queabordaremos no futuro. So-mos, assim, agentes activosna prevenção das doençasque nos possam afectar epromovemos a saúde oralpor forma a não afectar asaúde em geral.

Celso serra

Higienista oral

hocelsoserra@outlook.com

“Enquanto hospedeiros cabe-nos a tarefa de controlar o biofilme oral/ placa bacteriana que está na origem das doençasorais mais comuns. Esse controlo passa, genericamente, pela remoção da placa localizada nos dentes, gengiva, língua e por um controlo da dieta”

6 DIA MUNDIAL LUTA CONTRA A SIDA Dezembro 2016 JSA

nEstima-se que, desde o iní-cio da epidemia, na décadade 80 do século passado,mais 78 milhões de pessoasterão sido infectadas peloVIH. Desde essa época, 35milhões de pessoas terãomorrido de doenças relacio-nadas com a sida. No final de2015, a ONUSIDA, institui-ção das Nações Unidas quemonitoriza a doença, calcu-lava que 36,7 milhões depessoas viveriam com oVIH. Nesse ano, o númerode novas infecções terá ul-trapassado os dois milhões.

Apesar dos números re-velarem um decréscimo

progressivo do número deinfecções e mortes relacio-nados com a doença desde2005, ano em que o númerode vítimas da doença atin-giu o seu auge, a verdade éque ainda há muito para fa-zer para se conseguir cum-prir a meta ousada dentrodos Objectivos de Desen-volvimento Sustentável dasNações Unidas, que consis-te em pôr um termo à epi-demia de sida até 2030. Pa-ra atingir esse objectivo, aONUSIDA recomenda umaabordagem baseada numaumento substancial do in-vestimento nos próximos

anos para acelerar o impul-so necessário para superar,em menos de 15 anos, umdos maiores desafios desaúde pública nesta gera-ção.

Resultados animadores Os dados mais recentes daONUSIDA, que cobrem 160países, demonstram osenormes ganhos já alcança-dos e o que pode ser alcan-çado nos próximos anosatravés de uma abordagemFast Track. Nos últimos doisanos, o número de pessoasinfectadas pelo VIH inseri-das em programas de tera-

pia anti-retroviral aumen-tou cerca de um terço, atin-gindo os 17 milhões de pes-soas - dois milhões acimados 15 milhões até 2015 fi-xados pela Assembleia Ge-ral das Nações Unidas em2011. Desde que a primeirameta de tratamento globalfoi estabelecida, em 2003, asmortes relacionadas com asida diminuíram 43%. Naregião mais afectada domundo, a África Oriental eAustral, o número de pes-soas em tratamento mais doque duplicou desde 2010,atingindo cerca de 10,3 mi-lhões de pessoas e as mor-

tes relacionadas com adoença nesta região dimi-nuíram 36% desde esse ano.No entanto, grandes desa-fios estão por vir.

Por todo o mundo, espe-cialistas nas mais variadasáreas da ciência procuramsoluções que ajudem a con-trolar a doença. Com umafrequência cada vez maior,surgem notícias que aju-dam a conhecer a sida e aencontrar formas de me-lhor a combater. Muitas de-las notícias são bastantepromissoras. Deixamos, aseguir, algumas das mais re-centes.

SuSana GonçalveS com

Rui MoReiRa de Sá

No mês em que se assinala o

Dia Mundial de Luta Contra

a Sida, compilámos algumas

das mais promissoras notí-

cias veiculadas nos últimos

meses relativas a avanços no

combate a uma doença que

já foi sinónimo de “sentença

de morte” e a uma epide-

mia que as Nações Unidas

pretendem eliminar até

2030.

Epidemia poderá ser controlada até 2030

n Entre as mulheres, as ado-lescentes e jovens mulheresna África Oriental e Australtêm taxas de infecção até oi-to vezes mais altas do que oshomens nas mesmas re-giões e menos de uma emcada cinco das jovens entreos 15 e 19 anos sabem se es-

tão ou não infectadas.O diagnóstico é também

baixo em algumas popula-ções-chave, como os ho-mens que têm sexo com ho-mens, os trabalhadores se-xuais, os transgénero, aspessoas que injectam drogase os reclusos, que represen-

tam aproximadamente 44%dos 1,9 milhões de novos ca-sos de infecção por VIH emadultos no ano passado.

O autodiagnóstico dupli-ca a frequência com que oshomens que têm sexo comoutros homens fazem o testedo VIH.

Cerca de 70% dos parcei-ros de pessoas com VIHtambém estão infectados emuitos deles não estão diag-nosticados.

As novas diretrizes daOMS recomendam formasde ajudar as pessoas que es-tão infectadas a informar os

seus parceiros e a encorajá-los a fazer o teste.

Actualmente, 23 países játêm políticas nacionais queapoiam o autodiagnósticodo VIH e muitos outros estãoa desenvolver políticas nessesentido, mas uma imple-mentação abrangente do

autodiagnóstico continua li-mitada.

A OMS recomenda a dis-tribuição gratuita de kits deautodiagnóstico do VIH eoutras medidas que permi-tam reduzir o custo dos kits,de forma a aumentar o aces-so.

Mulheres com taxas de infecção mais altas

8 DIA MUNDIAL LUTA CONTRA A SIDA Dezembro 2016 JSA

nLúcia Furtado, directorageral do Instituto Nacionalde Luta Contra a Sida (IN-LS), explica que em Angola,assim como em muitos paí-ses com recursos limitados,a prevalência do VIH “é cal-culada através de progra-mas matemáticos orienta-dos pela ONUSIDA e ali-mentados com dados deestudos de seroprevalênciarealizados em mulheresgrávidas em consulta pré-natal e em populações es-pecíficas. Assim, obtemosas estimativas de prevalên-cia na faixa etária de 15 a 49

anos (2,4 % em 2015) e de-mais indicadores de inte-resse”. Estes estudos de se-roprevalência são realiza-dos “a cada dois anos, desde2004, em todas as provín-cias, em 36 sítios sentinela.Desses, onze estão na zonarural”. Questionada sobre aexistência de números re-centes relativos à prevalên-cia da sida no País, revela:“Aguardamos os resultadosdo inquérito de indicadoresmúltiplos de Saúde, que es-tá em fase final e que irá nosmostrar a prevalência deforma mais representativa”.Para o tratamento dos pa-cientes seropositivos, Ango-la “tem um Protocolo Na-cional de Normas para oAcompanhamento e Trata-mento com anti-retrovirais,que orienta os critérios deinício de tratamento, as me-dicações a serem utilizadas(que são as recomendadaspela OMS), e todo acompa-nhamento clínico e labora-torial para as pessoas quevivem com VIH/sida”, escla-rece a médica. Apesar dos recursos li-

mitados, nos últimos trêsanos a cobertura de trata-mento tem avançado, em-

bora ainda esteja “aquémdo desejado”, lamenta, refe-rindo que para melhorar oacesso das pessoas ao trata-mento, “temos investidoem capacitação, informa-ção ao público, diagnóstico,

além de melhoria da gestãode stock e sistema de infor-mação”. Além de facilitar o acesso

dos doentes ao tratamento,é necessário evitar queaqueles que já estão a ser

tratados desistam do trata-mento. Embora a maioriados pacientes siga o trata-mento prescrito, “temos re-gistado uma taxa de aban-dono alta, e este é uma dasmaiores preocupações edesafios para os serviços desaúde”, alerta a especialistaque justifica este abandonocom “o estigma e a discrimi-nação, que estão entre osprincipais factores de nãoadesão, assim como a po-breza, a ignorância e fragili-dades do Sistema de Saúde”.Tratando-se de uma

doença contagiosa, o com-bate à mesma passará, obri-gatoriamente, pela preven-ção e, nesse aspecto, a di-rectora geral do INLSdefende que para fazer che-gar à população a impor-tância de travar o contágiodeve continuar a “divulgar-se informação com quali-dade, respeitando a diversi-dade cultural; ampliam oacesso à testagem para oVIH; envolver e comprome-ter outros sectores do Go-verno e da sociedade civil;advogar o respeito aos direi-tos humanos; capacitarprofissionais da saúde e deoutros ministérios; e fazer

trabalho comunitário, prin-cipalmente com envolvi-mento das pessoas vivendocom VIH”. No entanto, ain-da existem obstáculos, aonível social e cultural, queimpedem o controlo dapropagação da doença. Lú-cia Furtado confirma que “opreconceito e os tabus mo-rais são grandes obstáculosà prevenção”. “Discriminarpessoas com VIH ou pes-soas de grupos mais vulne-ráveis, excluí-las social-mente, julgar e condenarcomportamentos, não dia-logar e nem assumir as prá-ticas sexuais que existem,mas que estão encobertas, apobreza, a desigualdade degénero” são factores que,segundo a especialista, “in-fluenciam directamente aocorrência de novas infec-ções.Questionada sobre os

principais desafios que secolocam aos profissionaisde saúde ligados ao trata-mento da doença, LúciaFurtado resume: “ter a ca-pacidade de acolher as pes-soas com empatia, sem dis-criminar, e envolver-se nasdiversas frentes de preven-ção, tratamento e cuidados”.

Lúcia Furtado, Directora Geral do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida

Cerca de 40% desconhecem que estão infectados

SuSana GonçalveS

A ONUSIDA calcula que

existam em Angola 320 mil

pessoas infectadas pelo VIH

e que o número de mortes

associadas à doença atinja as

12 mil. A esmagadora maio-

ria dos pacientes infectados

terá mais de 15 anos, mas

existirão cerca de 25 mil

crianças afectadas. Já o nú-

mero de órfãos até aos 17

anos, em resultado da epide-

mia, será de 130 mil.

OMS recomenda autodiagnóstico do VIHn Quatro em cada dez pes-soas infectadas com o VIHnão sabem que têm o vírus,alertou a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS)que defende uma apostano autodiagnóstico.

Quatro em cada dez pessoasinfectadas com o VIH nãosabem que têm o vírus, aler-tou este mês a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS)que defende uma aposta noautodiagnóstico para alargaro tratamento e a prevençãoda transmissão.“Milhões de pessoas com

o VIH ainda estão excluídasde um tratamento que salvavidas e que também previnea transmissão a terceiros”,disse a diretora-geral daOMS, Margaret Chan, citadanum comunicado da organi-zação sedeada em Genebra.“O autodiagnóstico do

VIH deverá abrir a porta amuito mais pessoas paraque saibam o seu estado epara que descubram comoreceber tratamento e acederaos serviços de prevenção”,acrescentou a responsável.A OMS divulgou este mês

novas orientações sobre o

autodiagnóstico que permi-te que as pessoas saibam,através de uma análise aosseus fluidos orais, ou a umapicada no dedo, se estão ounão infectadas com o vírus,num local privado e conve-niente.Os resultados estão pron-

tos em 20 minutos ou me-nos.As pessoas que tiverem

um resultado positivo sãoaconselhadas a realizar tes-tes de confirmação nos ser-viços de saúde e a OMS reco-menda que recebam infor-mação e que sejam

encaminhadas para aconse-lhamento e para serviços deprevenção e tratamento.Segundo a organização, a

falta de diagnóstico de VIH éum enorme obstáculo à re-comendação da OMS deque todos os infectados de-vem receber terapia anti-re-troviral.Um relatório da OMS re-

vela que mais de 18 milhõesde pessoas com VIH estãoactualmente a receber tera-pia anti-retroviral, mas ou-tras tantas pessoas não rece-bem ainda tratamento, amaioria das quais por desco-

nhecer que está infectada.Hoje, 40% de todas as

pessoas com VIH (mais de14 milhões) ainda desco-nhecem o seu estado, mui-tas das quais estão em gru-pos de risco de infecção, masconsideram difícil acederaos serviços de diagnósticoexistentes.Entre 2005 e 2015, a pro-

porção de pessoas com VIHque já sabe o seu estado au-mentou de 12% para 60% emtodo o mundo.Das pessoas que já têm

um diagnóstico, mais de80% estão a receber terapia

anti-retroviral.Mas a cobertura do diag-

nóstico do VIH permanecebaixa em alguns grupos,sendo mais reduzida noshomens do que nas mulhe-res, por exemplo.Os homens representam

apenas 30% das pessoas quefizeram testes de diagnósti-co do VIH. Como resultado,os homens com VIH têmmenor probabilidade de es-tarem diagnosticados e emtratamento e têm maior pro-babilidade de morrer decausas associadas ao vírusdo que as mulheres.

“O preconceito e os tabus moraissão grandes obstáculos à prevenção”

9JSA Dezembro 2016

Nova vacina contra VIH testada na África do Suln Uma nova vacina contra o VIHfoi testada este mês na África doSul. O teste pretende incluir5.400 homens e mulheres activossexualmente.

Uma nova vacina contra o VIH,testada este mês na África do Sul, é

tida como o “prego final no caixão”para a sida caso se prove o seu su-cesso, estimaram cientistas.O director de um instituto go-

vernamental dos Estado Unidosligado a doenças infecciosas,Anthony Fauci, afirmou, em co-municado, que a nova vacina é

promissora.O início do teste denominado

HVTN 702 teve inicio recente-mente, em 14 locais da África doSul, e pretende incluir 5.400 ho-mens e mulheres activos sexual-mente, com idades entre os 18 eos 35 anos.

Segundo a agência noticiosaAssociated Press, trata-se domaior e mais avançado teste parauma vacina contra o VIH a decor-rer na África do Sul, onde mais demil pessoas são infectadas diaria-mente com o vírus que provoca asida.

Jovens mulheres têm alta taxa de HIV apesar dos medicamentos anti-retroviraisn O número de pessoas infecta-das pelo VIH que estão a tomarmedicamentos anti-retroviraisduplicou em apenas cinco anos,mas há uma grande taxa de in-fecção entre mulheres jovens,sobretudo as africanas.

O número de pessoas infectadaspelo VIH que estão a tomar medi-camentos anti-retrovirais dupli-cou em apenas cinco anos, mashá uma grande taxa de infecçãoentre mulheres jovens, sobretudoas africanas, segundo um relató-rio da ONU divulgado este mês.Em junho de 2016, cerca de

18,2 milhões de pessoas tiveramacesso aos medicamentos quesalvam vidas, incluindo 910 milcrianças, o dobro do número emrelação há cinco anos”, indicou odocumento do Programa Con-junto das Nações Unidas para oVIH/SIDA (ONUSIDA) intitulado“Get on the Fast-Track: the life-cycle approach to HIV”.Neste relatório, lançado recen-

temente em Windhoek, na Namí-

bia, refere-se que está em cursouma meta de 30 milhões de pes-soas em tratamento com anti-re-trovirais (ARV) até 2020.Entretanto, o relatório mostra

também os enormes riscos que asmulheres jovens estão a enfren-tar. No ano passado, mais de7.500 adolescentes e mulheres jo-vens foram infectadas com VIHpor semana, em todo o mundo, amaior parte delas em África, no-meadamente no sul do continen-te.As mulheres jovens enfrentam

uma ameaça tripla. Elas sofremcom um alto risco de infecção pe-lo VIH, têm baixas taxas de testesde HIV e têm pouca adesão aotratamento. “O mundo está a fa-lhar com as jovens e temos neces-sidade de fazer mais, urgente-mente”, disse o director executivoda ONUSIDA, Michel Sidibé, du-rante o lançamento do relatóriona capital namibiana.Sidibé saudou o progresso fei-

to com o tratamento do VIH, masalertou que qualquer avanço é

“incrivelmente frágil”. A elevadataxa de infecção entre as jovens eas adolescentes é muitas vezesmotivada por relacionamentoscom homens mais velhos.O relatório apontou que os da-

dos recolhidos na África do Sulmostraram que mulheres e ado-lescentes estavam a ser infecta-das com o VIH por homens adul-tos. Muitos homens contraem oVIH muito mais tarde na vida e,depois, continuam com o ciclo deinfecção.O relatório apontou um estu-

do na província de KwaZulu-Na-tal, na África do Sul, que revelouque apenas 26% dos homens sa-biam o seu estado de portador doVIH e apenas cinco por cento es-tava em tratamento.Globalmente, entre 2010 e

2015, o número de novas infec-ções por VIH nas mulheres jo-vens, entre 15 e 24 anos, reduziuem apenas seis por cento, pas-sando de 420.000 para 390.000.Para atingir o objectivo de menosde 100.000 novas infecções por

VIH entre adolescentes e mulhe-res jovens até 2020, exigirá umaredução de 74% entre 2016 e2020.O relatório também alertou pa-

ra o risco de resistência aos medi-camentos e a necessidade de re-duzir os custos dos tratamentosde segunda e terceira linha.Também destacou a necessi-

dade de mais sinergias com osprogramas de combate à tuber-culose (TB), ao papilomavírushumano (HPV) e o cancro de colodo útero, e aos programas de he-patite C, a fim de reduzir as prin-cipais causas de doença e morteentre pessoas a viver com VIH.Em 2015, das 1,1 milhões de

pessoas com VIH que morreram,440.000 tinham tuberculose, in-cluindo 40.000 crianças. Global-mente, o acesso a medicamentoscontra o VIH para prevenir atransmissão do vírus de mãe parafilho aumentou em 77% em 2015.Como resultado, as novas infec-ções por VIH entre crianças dimi-nuíram 51% desde 2010.

A propósito do Dia Mundial de Luta

Contra a Sida, a ONU lançou este ano

uma campanha para promover os direi-

tos das pessoas portadoras de VIH e

combater a discriminação de que são al-

vo no local de trabalho.

“Actualmente, devemos trabalhar todos

juntos, governos, empregadores e orga-

nizações de trabalhadores – membros

da Organização Internacional do Traba-

lho (OIT) – e outras partes interessadas,

e comprometermo-nos a proteger os

direitos humanos das pessoas que vivem

com o VIH, para que estas possam bene-

ficiar de um trabalho produtivo e viver

com dignidade”, afirmou o Director Ge-

ral da OIT, Guy Ryder, no lançamento da

campanha em Genebra. De acordo com

a OIT, mais de 30 milhões de pessoas

portadoras de VIH em idade activa ainda

lidam com elevados níveis de discrimina-

ção, o que limita ou impede o seu acesso

ao emprego. Os jovens em idade activa

representam 40% das novas infecções

por VIH que ocorrem anualmente em

todo o mundo.

A campanha “Chegar a Zero no traba-

lho”, lançada dias antes do Dia Mundial

de Luta Contra a Sida, pretende promo-

ver as recomendações da OIT sobre o

VIH e a Sida no local de trabalho, reco-

mendações que se referem à promoção

dos direitos humanos, segurança no em-

prego e um melhor acesso à prevenção

do VIH, tratamento e serviços de assis-

tência e apoio no âmbito do local de tra-

balho.

“O objectivo mais desafiante é atingir

zero discriminação”, afirmou o Director

da ONUSIDA, Luiz Loures, afirmando

que os esforços da OIT são cruciais para

uma resposta efectiva ao VIH. "O local

de trabalho é o local mais eficaz para

proteger os direitos humanos dos traba-

lhadores e garantir um ambiente seguro

e favorável para as pessoas portadoras

ou afectadas pelo VIH".

Acabar com a discriminação contra os

portadores de VIH no local de trabalho

enquadra-se no mote “Chegar a Zero”,

tema dos Dias Mundiais de Luta Contra

a Sida de 2011 a 2015.

Este Dia Mundial foi lançado em 1988 e

foi o primeiro dia global dedicado à saú-

de. A Organização Mundial de Saúde de-

clarou que os objectivos da campanha se

afiguram difíceis, mas são alcançáveis.

Embora 2,5 milhões de pessoas tenham

contraído o VIH no ano passado e cerca

de 1,7 milhões tenham morrido em con-

sequência deste, estes números repre-

sentam menos 700.000 novas infecções

em todo o mundo do que há dez anos, e

menos 600.000 do que em 2005. Gran-

de parte do progresso alcançado é atri-

buída aos chamados medicamentos anti-

retrovirais utilizados para tratar as pes-

soas infectadas pelo VIH.

ONU lança campanha contra a discriminaçãono local de trabalho

No ano passado, mais de 7.500 ado-

lescentes e mulheres jovens foram

infectadas com VIH por semana, a

nível mundial

10 DIA MUNDIAL LUTA CONTRA A SIDA Dezembro 2016 JSA

“A sida não émotivo para discriminação” Francisco cosme dos santos

A sida, síndrome da imunodeficiência adquirida, é uma doença provocadapelo vírus da imunodeficiência humana (VIH).

A sua transmissão ocorre através do contactocom uma pessoa infectada, quer por meio derelações sexuais, quer pelo contacto com san-gue infectado, ou de mãe para filho (a chama-da “transmissão vertical”), durante a gravidezou o parto, ou pela amamentação.Ao entrar no organismo, o VIH dirige-se de

imediato ao sistema sanguíneo, onde começaa replicar-se, atacando o sistema imunológicoe destruindo as células defensoras do organis-mo. Desta forma, a pessoa infectada (seropo-sitiva), fica mais debilitada e sensível a outras

doenças provocadas por micróbios, as cha-madas infecções oportunistas, como a tuber-culose, a pneumonia ou a toxoplasmose, porexemplo, que não afectam de forma tão peri-gosa quem tem um sistema imunológico afuncionar convenientemente. Além disso, osdoentes com sida também podem sofrer dealguns tipos de tumores (cancros). A sida pro-voca ainda perturbações como perda de pesoe outros problemas de saúde e, sem tratamen-to, pode levar à morte. Esta síndrome, que semanifesta e evolui de modo diferente de pes-

soa para pessoa, é considerada actualmenteuma doença crónica. Com o devido tratamen-to, quem está infectado pode fazer uma vidapraticamente normal. No entanto, a melhorpolítica ainda passa pela prevenção e pelasensibilização da população para a mesma. O Jornal da Saúde foi para a rua tentar ava-

liar os conhecimentos de alguns angolanossobre a sida. Assim, colocámos aos nossos en-trevistados questões como o que é a sida, quala diferença entre sida e VIH, como se contraiou previne, se há razões para discriminação

ou receios, etc. Embora ainda seja evidente al-guma falta de informação relativa à doença e aconfusão que essa mesma falta de informaçãopossa causar, a verdade é que a maioria dosentrevistados sabe como se transmite e co-nhece as formas mais divulgadas de preven-ção. Porém, da análise das respostas, o desta-que vai para a forma unânime como os entre-vistados rejeitam a discriminação e afirmamque as pessoas infectadas devem ser respeita-das e têm o direito a uma vida absolutamentenormal.

FALA POVO

“Não podemos discriminar”Victor Ladislau António

Inglês,

32 anos

Electricista, bairro Rocha Pinto

A sida é a Síndrome de Imunodefi-ciência Adquirida. Não sei dizerqual é a diferença entre o VIH e a si-da, mas sei que pode contrair-se adoença mantendo relações sexuaissem o uso do preservativo quandoum dos parceiros é portador do ví-rus, ou pelo contacto com objectoscortantes infectados e não esterili-zados. Acho que não é um riscoabraçar uma pessoa infectada comVIH/sida e que os indivíduos comesta doença podem ter uma vidasocialmente normal desde que es-tejam protegidos. Penso que pode-mos conviver com pessoas com si-

da, porque não podemos discrimi-ná-las. O uso correcto do preserva-tivo previne a infecção e para meproteger não dispenso o uso da “ca-misinha” e cuido-me quando vou àbarbearia cortar o cabelo, porexemplo, primando sempre pelouso de máquinas que assegurem aminha saúde. Não tenho nojo nemmedo algum de quem tem sida por-que, muitas vezes, convivemoscom pessoas sem sabermos sequerque são portadoras desta doença.

“São pessoas como nós”Avelino Ngumbe Inock, 24

anos.Engraxador, bairro da Boavista

Sinceramente, não sei dizer bem oque é a sida e desconheço comple-tamente a diferença entre o VIH e a

SIDA. Mas sei que a doença se apa-nha, sobretudo, quando dois indiví-duos se envolvem sexualmente, esei que o uso correcto do preservati-vo previne a infecção. Aprendi quenão se apanha ou se contrai a sidaatravés da picada de um mosquito.Também não há qualquer risco emabraçar uma pessoa que tem estadoença, mas confesso que tenhomedo de ser infectado. Os indiví-duos com sida podem ir à escola,trabalhar e ter uma vida igual à daspessoas que não têm a doença. Nãotenho nojo ou medo de quem pade-ce de sida, até porque a doença não

12 DIA MUNDIAL LUTA CONTRA A SIDA Dezembro 2016 JSAFALA POVO

se detecta sem haver um examemédico que comprove que a pessoaé seropositiva e podemos convivercom doentes que nem sabem que osão. São pessoas como nós

“Não se deve estigmatizar”Filomena Mário, 21 anos

Estudante, Bairro Benfica

Futungo de Belas

A sida é uma doença sexualmentetransmissível e o VIH e a SIDA são amesma doença, não têm qualquerdiferença. Pode contrair-se atravésdo acto sexual, do contacto com ob-jectos cortantes, por transfusão desangue quando o dador está infec-tado, por via do corte do cordãoumbilical de uma mãe infectadapara o seu filho. Tenho medo de serinfectada, mas sei que a sida não setransmite através da picada demosquitos e que não é arriscadoabraçar um seropositivo. Para meprevenir, não faço tatuagens, evitofazer cortes no corpo com lâminas equando assim procedo as lâminasdevem ser novas e esterilizadas.Uso também o preservativo, procu-ro fazer o teste de três em três me-ses, e, acima de tudo, primo pela fi-delidade. Qualquer pessoa que te-nha VIH/sida pode ir à escola etrabalhar, porque não deixa de serum ser humano. O que a distinguedos outros indivíduos é a doençaque possui, que não tem cura e temque ser controlada. Não tenho nojoou medo de pessoas com sida, por-que muitas vezes nem nos aperce-bemos que estamos a conviver comquem tem esta doença. Por outrolado, não se deve estigmatizar estesindivíduos pois pode dar-se o casode algum familiar nosso ficar doen-te e não o podemos abandonar. Po-deria perfeitamente conviver compessoas com sida, porque estoubem informada e já convivi com al-guém que tem esta doença

“Não há qualquer riscono abraço”Ana Pedro, 43 anos

Doméstica, Bairro Rangel

A sida é uma doença que se trans-mite através do acto sexual e a di-

ferença entre o VIH e sida é que oVIH é o indivíduo que tem adoença e a sida é o indivíduo queé seropositivo. A infecção aconte-ce, não só através das relações se-xuais mas também de materiaiscortantes, como lâminas e objec-tos não esterilizados que sãocompartilhados. Não tenho medoalgum de contrair esta doençaporque no mundo actual tudo épossível. Não se apanha o VIHatravés da picada de um mosqui-to e não há nenhum risco emabraçar alguém que tenha sida.Quem tem esta doença pode ir àescola e trabalhar naturalmente.Não tenho nojo nem medo algumde quem tem VIH, porque estadoença não se transmite porcompartilhar um abraço, dar umbeijo, nem pela convivência. Pos-so, perfeitamente, conviver compessoas com sida, porque são in-divíduos como os outros e mere-cem o nosso apoio. Sei que o usocorrecto do preservativo previnea infecção do VIH, mas o único“método” de prevenção que utili-zo é a fidelidade, que adoptei nomeu relacionamento

“Estes indivíduos não de-vem ser ignorados”Antónia Francisco 43 anos

Vendedora ambulante, Bairro Golf 2

A sida é uma doença que dizemque não tem cura. Não sei qual adiferença entre a sida e o VIH massei que se contrai quando parti-lhamos uma agulha ou seringascom uma pessoa infectada ou portransfusão de sangue. Não sei di-zer se tenho medo ou não de apa-nhar esta doença, nem o que devofazer se tal acontecer. Tenho vistopublicidades que falam sobre apossibilidade de se apanhar a sidapor uma picada de mosquito, masnão sei como. Penso que não hánenhum risco em abraçar umapessoa com sida e que estes indi-víduos não devem ser ignorados,para que não se sintam despreza-dos e cheguem ao ponto de se sui-cidarem, devido à pressão psico-lógica. Quem tem sida pode ir àescola, trabalhar e ter uma rotinanormal, como qualquer outro serhumano. Não tenho nojo e nemmedo destas pessoas porque sãoseres humanos, como eu. Possoconviver com estes indivíduos,porque não são as relações pes-soais que estão doentes. Sei que ouso correcto do preservativo pre-vine a infecção mas confesso que

não uso de nenhum método parame prevenir.

“Solidariedade paracontrolar a doença”Geraldo Macaia Sunda, 36 anos.

Empreiteiro de obras, Bairro Bondo

Chapéu Belas

Não sei dizer o que é a sida, sei ape-nas que é uma doença e desconhe-ço a diferença entre a SIDA e o VIH.Sei que se “apanha” em objectoscortantes infectados, quando se fazsexo sem o uso do preservativo, portransfusão de sangue contamina-do, e tenho medo de contrair a in-fecção. Mas também sei que não épossível ser infectado por uma pi-cada de mosquito e que não há ne-nhum risco em abraçar pessoascom sida, que podem ir à escola etrabalhar naturalmente. Emboranem sempre o uso correcto do pre-servativo previna a infecção, uso-opara me prevenir e tenho muitocuidado quando vou ao barbeiro.Não tenho nojo nem medo daspessoas com sida, porque nuncaconvivi com alguém muito próxi-mo, como um parente ou amigoque tenha esta doença. Confessoque nem sei como é uma pessoaque tem sida. Mas acho que pode-ria conviver com pessoas com sidaporque esta é uma doença que sópode ser controlada quando há umgrande espírito de solidariedade eajuda mútua.

“Não devemos isolá-los”Marcos Inglês, 24 anos

Escritor, Bairro do Jumbo

A sida é uma doença que se trans-mite pelo sexo e a diferença entreVIH e SIDA é que VIH é o vírus daimunodeficiência humana, e a si-da, acho que é a Síndrome daImunodeficiência humana. Po-de-se ser infectado por via de al-guns materiais como facas, agu-lhas, lâminas e também pelo se-xo. Embora nunca tenha pensadomuito sobre isso, actualmentesinto medo de contrair esta doen-ça. Não sei se posso apanhá-la ounão através da picada de um mos-quito, mas sei que não há ne-

nhum risco em abraçar uma pes-soa com sida e que o indivíduocom esta doença pode ir à escola,ir trabalhar e viver normalmente.O uso correcto do preservativoprevine a infecção do VIH, as in-fecções urinárias, a sífilis, e de ou-tros vírus que podem ser contraí-dos sexualmente mas, para meprevenir, tenho uma única par-ceira. Não tenho nojo nem temoas pessoas infectadas porquenunca convivi com indivíduosque tenham esta doença. Mas, àpriori, são pessoas que não dife-rem das outras. Poderia convivercom uma pessoa com sida, por-que é um ser humano como qual-quer um de nós e está passar poruma situação que qualquer umpoderia atravessar. Por isso, nãodevemos isolá-lo.

“Não se transmite através do convívio”Júlio Laurindo, 52 anos. Segurança,

Bairro Cassequel do Buraco

A SIDA é uma doença que não temcura. Desconheço a diferença en-tre o VIH e a SIDA, mas não são amesma doença. Sei que se “apa-nha” através do acto sexual semqualquer protecção e tenho medode contraí-la. Não é um risco abra-çar uma pessoa com sida, porque adoença não se transmite por umsimples abraço. O indivíduo comsida pode ir à escola e ir trabalhar àvontade. Sei que o uso correcto dopreservativo previne a infecção epara me prevenir tenho feito sexocom preservativo. Também nãome envolvo com desconhecidos.Não tenho nojo ou medo das pes-soas com sida porque esta doençanão se transmite através do conví-vio, da comida. Posso convivercom pessoas com sida, porque nãopodemos rejeitar quem tem essadoença.

“Não seremos contami-nados por conversar”João Filipe Namuele, 28 anos

Relações públicas, Bairro da Corim-

ba, Samba

A sida é uma doença que setransmite sexualmente. Desco-

nheço a diferença entre o VIH e aSIDA. Sei que podemos ser infec-tados através das relações se-xuais e com objectos que não es-tão esterilizados. Qualquer ho-mem tem medo de apanhar estadoença e eu não sou excepção.Não estou informado sobre seposso ou não contrair a doençaatravés da picada de um mosqui-to, mas sei que não é um riscoabraçar uma pessoa com essadoença e que os indivíduos comsida podem ir à escola e trabalharsem problemas. Não tenho nojonem medo algum porque são se-res humanos como nós, que têmapenas a doença. Não seremoscontaminados ao conversar comeles. Posso conviver com umapessoa com sida, porque é umser normal. Sei que o uso correc-to do preservativo previne a in-fecção do VIH e faço questão deusá-lo.

“São pessoas válidas pa-ra a sociedade”Taikene Nunda, 33 anos

Bancário, Bairro Marçal

É uma doença contagiosa quesignifica síndrome de imunode-ficiência adquirida. A diferençaentre o HIV e a SIDA, é que o HIVé quando a doença é prolongadae a sida é apenas o vírus, que po-de “apanhar-se” através das rela-ções sexuais, objectos cortantes,transfusões de sangue sem o de-vido controle. Tenho medo decontrair a sida porque esta doen-ça pode ser adquirida de váriasformas. Pela informação que te-nho sei que não é transmitida pe-la picada de um mosquito, e quenão é um risco abraçar uma pes-soa com esta doença. A pessoacom sida pode ir à escola, traba-lhar e desenvolver as suas activi-dades com a maior normalidade.Para me prevenir das infecçõesdo VIH, tenho feito testes regu-larmente, uso o preservativo,porque acredito que é um dosmétodos de protecção, e tam-bém tenho cuidado quando ma-nejo objectos cortantes ou serin-gas. Não tenho nojo nem medode quem vive com sida, porquetodos nós sabemos os seus riscose como devemos nos prevenir.Devemos conviver com estaspessoas, porque são apenas pes-soas que vivem com a doençamas que contribuem e servem asociedade.

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14 SAÚDE MENTAL Dezembro 2016 JSA

Portugal

Perturbações mentais aumentaram com acrise e já atingem um terço da população

nTrata-se dos resultados pre-liminares do projeto “CrisisImpact”, que estuda os efeitosda crise económica sobre asaúde mental das populaçõesem Portugal, apresentado emfins de Novembro, durante oFórum Gulbenkian de SaúdeMental.O estudo, da autoria de Jo-

sé Caldas de Almeida, presi-dente do Lisbon Institute ofGlobal Mental Health, ba-seia-se numa atualização doestudo nacional de saúdemental de 2008-2009, permi-tindo comparar os dados doinício da crise com os do finalde 2015.A conclusão que mais res-

salta do estudo é o “aumentosignificativo da prevalência deproblemas de saúde mentaldurante este período”, eviden-ciando uma relação estreitacom os factores sociais e eco-

nómicos resultantes da crise.Segundo os dados preli-

minares, os problemas desaúde mental passaram deuma prevalência de 19,8% em2008, para 31,2% em 2015,um aumento que se verificouem todos os níveis de gravida-de, mas sobretudo nos casosde maior gravidade.Nos problemas ligeiros

passou-se de 13,6% para16,8% (um aumento de trêspontos percentuais), nos pro-blemas moderados de 4,4%para 7,6% (3,2 pontos percen-tuais), e nos problemas maisgraves de 1,8% para 6,8% (5pontos percentuais).A prevalência de proble-

mas de saúde mental em2015 foi mais elevada entre asmulheres, os idosos, os viúvose separados e as pessoas combaixa escolaridade.Quanto à relação destes

problemas com a crise eco-nómica – nomeadamente adiminuição de rendimentos,o desemprego, a privação fi-nanceira e a descida de esta-tuto socioeconómico — o es-tudo demonstra que estãosignificativamente associa-dos, revelando igualmenteelevados padrões de pertur-bações depressivas e de an-siedade.Mais de 40% das pessoas

da amostra do estudo repor-

taram descida de rendimen-tos desde 2008, cerca de me-tade por corte de salários epensões, 14% por desempre-go, 6% por mudança de em-prego e 5% por reforma.Os que referem não ter

rendimentos suficientes parapagar as suas despesas sãoquase 40% da amostra e apre-sentam uma prevalência sig-nificativamente mais elevadade problemas de saúde men-tal do que as que não sentemprivação financeira.A situação agrava-se

quanto maior é a privação,

sendo especialmente marca-da no grupo de pessoas quenão conseguem pagar as des-pesas básicas (comida, eletri-cidade, água) e que têm dívi-das.Pelo contrário, a existência

de um elevado suporte sociale o viver em bairros onde aspessoas se sentem seguras ebem integradas provaram serfactores protectores em rela-ção ao risco de ter problemasde saúde mental.

Uso de medicamentosNo que respeita ao uso de

medicamentos, acompanhaa tendência crescente da pre-valência de problemas men-tais, tendo-se verificado umasubida progressiva das per-centagens de pessoas queusam psicofármacos, sobre-tudo antidepressivos e ansio-líticos.Em valores absolutos, o

uso destes medicamentos émuito mais elevado entre asmulheres, mas verificou-seum aumento particularmen-te elevado no consumo porparte dos homens, especial-mente ansiolíticos.Relativamente aos trata-

mentos, nos últimos cincoanos 27,9% das pessoas pro-curaram ajuda, sobretudojunto dos médicos de medici-na geral, seguidos dos psi-quiatras e psicólogos.No geral, o sistema de saú-

de revelou capacidade de res-posta, embora com algunsproblemas a nível do acessoaos cuidados e sobretudo anível da continuidade e daqualidade dos cuidados.Se entre 70% e 80% das

pessoas conseguiram teracesso a cuidados, apenas40% tiveram acesso aos cui-dados adequados, sendo asdificuldades em cobrir oscustos e em marcar consultasos principais obstáculosapontados.

Os problemas de saúde

mental em Portugal, sobre-

tudo os casos mais graves,

aumentaram com a crise

económica, atingindo quase

um terço da população em

2015, a par de um aumento

do consumo de antidepres-

sivos e ansiolíticos, revela

um estudo deste país.

“A conclusão que maisressalta do estudo é o aumento significativo da prevalência de problemas de saúde mental durante este período, evidenciando uma relação estreita com os factores sociais e económicos resultantes da crise”

A situação em AngolaRui MoReiRa de Sá

n As conclusões deste estu-do podem ser úteis para An-gola que atravessa actual-mente uma situação crítica.

As doenças mentais são mui-to prevalentes no país devidoao uso de drogas, ao alcoolis-mo, ao stress pós traumático,à depressão, à esquizofrenia,aos transtornos mentais e aosconflitos sociais e conjugais. Amaioria destes casos não temsido tratada com a devida an-tecedência devido à falta deinformação e ao estigma asso-ciado às patologias do foromental. Por outro lado, exis-tem poucos especialistas trei-nados para o seu acompa-

nhamento. A depressão dimi-nui a capacidade das pessoaslidarem contra os conflitosdiários, propicia a ruptura fa-miliar, a interrupção da esco-laridade e leva à perda de em-prego.

Evolução positivaEm Outubro último realizou-se, em Luanda, um fórum desaúde mental. Promover a in-formação relacionada com otema e garantir o acesso dapopulação aos serviços da es-pecialidades foram duas dasprioridades apontadas naocasião, conforme relatámosneste jornal. O Director Na-cional da Saúde Pública, Mi-guel de Oliveira, garantiu quese alcançaram ganhos signifi-

cativos nesta área já que, até2013, existiam apenas 10 uni-dades de referência no País,que estavam associadas aosserviços de psiquiatria e psi-cologia e, hoje, são já 40 asunidades sanitárias com ser-viços de saúde mental, quecontam com equipas de mé-dicos psiquiatras e psicólogosclínicos.O responsável afirmou que

considera importante au-mentar os investimentos e asparcerias em acções de saúdemental, bem como traçarem-se estratégias de voluntariadojunto de estudantes, profissio-nais de saúde e sociedade ci-vil, que contribuam para a re-dução do estigma, do precon-ceito e da discriminação

associados à doença mental.Promover a inclusão e au-mentar a informação da po-pulação em relação os cuida-dos da saúde mental devemser outras das prioridades dosresponsáveis ligados a estaárea.Recorde-se que, em 2012,

o Ministério da Saúde, fezuma avaliação em todo o ter-ritório nacional com o objec-tivo de melhorar a assistênciadestas doenças e garantir adignidade que o doente men-tal merece, conforme o JS no-ticiou na altura. Com basenessa avaliação, foram orga-nizados os serviços em Ben-guela, Cabinda, Huambo,Huíla, Malange e Luanda nu-ma primeira fase onde foram

integrados serviços de saúdemental, em 37 unidades de to-do país, culminando com aformação de vários profissio-nais, enfermeiros e médicoscom habilidades deste domí-nio e a inauguração de nor-mas e protocolos de actuação.Segundo a comunicação

apresentada por Massoxi Vi-gário, coordenadora do Pro-grama Nacional de SaúdeMental, na edição anteriordeste Fórum, em 2014 houveuma incidência de patologias,“destacando-se a esquizofre-nia, seguida dos transtornospor consumo abusivo de ál-cool e outras drogas, transtor-nos orgânicos que causammalária, e por último, mas nãomenos importante, as depres-

sões”. Ainda de acordo comesta responsável, em 2015,observaram-se mudanças,quer no aumento da procura,como da oferta de serviços,ainda que os resultados este-jam muito aquém dos preco-nizados devido à existência dediscriminação e estigma noseio das comunidades. A redede serviços de saúde mentalpermitiu implementar a inte-gração de serviços dentro doshospitais, facilitando o acesso,para que todas as pessoaspossam usufruir de cuidadosde saúde que outrora nãoeram facultados sobretudopelas longas distâncias emque se encontravam estasunidades, segundo a respon-sável.