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O ENSINO DE QUÍMICA ABORDANDO A HISTÓRIA DA UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS APÍCOLAS
Autor: Gleide Regiane Martini1
Orientador: Dr. Marcos Roberto Rosa2
Resumo
O mel é conhecido como um dos alimentos mais antigos da humanidade. O estudo sobre o mel está incluído na História da Química e se define como temática deste projeto de intervenção que tem como objeto de estudo os produtos apícolas e a forma pedagógica de trabalhar a interdisciplinaridade com disciplinas como Biologia, História, Geografia, Matemática, Sociologia, Português e Arte. Questiona de que modo os alunos do Ensino Médio podem obter um aprendizado significativo a partir do contexto e dentro do conteúdo de química implementando um projeto de intervenção de modo que adquiram uma imagem da ciência mais contextualizada, como recurso didático na investigação dos produtos apícolas ao longo do tempo, buscando fatos relevantes em seu contexto sócio-econômico-cultural, estabelecendo uma relação com o conhecimento científico. Diagnosticou-se o conhecimento de alunos da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Arnaldo Busato, do município de Coronel Vivida, Paraná, sobre a Filosofia da Ciência e a História da Química com relação ao uso dos produtos apícolas com aplicação de ações estratégicas durante quinze aulas e com ênfase nos conceitos de interdisciplinaridade. Os resultados indicam aquisição de conhecimento sobre o mel e sobre a Química, participação e desenvolvimento criativo dos alunos e melhoria do aprendizado.
Palavras-chave: Ciências; Química; Conhecimento; Mel; Interdisciplinaridade.
1 Introdução
Neste projeto de intervenção o tema de estudo selecionado engloba a
Filosofia da Ciência e História da Química inserida como recurso didático, sugerido
pelas “Diretrizes Curriculares de Química para o Ensino Médio (DCEs)” (SEED/Pr,
2009) através do estudo de produtos apícolas.
A justificativa para a escolha deste tema leva em conta que muitos alunos
apresentam grandes dificuldades no aprendizado da Química, daí o porquê do
elevado índice de reprovação nessa disciplina. Há necessidade de compreender o
1 Pós-Graduada em Ensino de Ciências de 2º Grau – Química, pela Universidade Estadual do Centro-
Oeste – Unicentro, 1999; Graduada em Ciências – Habilitação em Química. Docente no Colégio Estadual Arnaldo Busato, do município de Coronel Vivida, PR. 2 Professor orientador PDE. Mestre e Doutor em Química, Físico-Química, pela USP.
passado, a evolução do conhecimento químico, as exigências de novos
experimentos, elaboração de novos conceitos sobre a química na sociedade e, para
isso, é fundamental uma abordagem dos conteúdos da Filosofia da Ciência e a
História da Química com o objetivo de evidenciar o seu caráter provisório, bem como
suas limitações, potencialidades e a contextualização de conceitos químicos.
Entende-se que, desta forma, pode-se auxiliar os alunos na compreensão da
natureza da ciência e no aprendizado de conceitos que explicam os fenômenos
químicos estudados pela Ciência Química.
O ensino de Química, nessa perspectiva, pode viabilizar a organização, a
superação de explicações simplistas aos fenômenos naturais originados nas
concepções fortemente enraizadas em visões do senso comum, auxiliando-os a
utilizar o saber científico para argumentar a respeito dos acontecimentos sociais e
naturais que os cercam.
Esta compreensão é corroborada com o seguinte registro:
A inclusão da História da Ciência no ensino tem razões que se fundamentam na Filosofia e Epistemologia e a própria concepção de ciência adotada interfere na seleção e abordagem dos conteúdos. Considera-se que a incorporação de um maior conteúdo de História, Filosofia e Sociologia da Ciência nos currículos pode contribuir para a humanização do ensino científico, facilitando a mudança de concepções simplistas sobre a ciência para posições mais relativistas e contextualizadas sobre esse tipo de conhecimento (LUFFIEGO et al., 1994; HODSON, 1985 apud OKI; MORADILO, 2008, p.69).
Com respeito a esta proposta de intervenção pedagógica, sua base são as
Diretrizes Curriculares de Química para o Ensino Médio, cujo objetivo consiste em
subsidiar reflexões sobre o ensino da História da Química bem como possibilitar
novos direcionamentos e abordagens no processo ensino-aprendizagem, para
formar um aluno que se aproprie dos conhecimentos científicos e seja capaz de
refletir criticamente sobre o meio em que está inserido.
Com este propósito, a ênfase no estudo da história da disciplina e em seus
aspectos epistemológicos, defende uma seleção de conteúdos estruturantes que a
identifique como campo do conhecimento constituído historicamente nas relações
políticas, econômicas, sociais e culturais das diferentes sociedades.
Sabe-se que a história é a ciência que tem como objetivo estudar o passado
para compreender o presente, e a história da química vem com a necessidade de
explicar e fazer entender com métodos científicos sua existência e de que nada é
por acaso.
Afirmar que o estudo da Química foi constituído a partir das relações
históricas e políticas, é um modo de demonstrar a natureza desse conhecimento,
inclusive questões ideológicas que o influenciaram o que, por sua vez, possibilita o
desenvolvimento de concepções mais críticas a respeito das relações da Química na
sociedade. É importante ressaltar a influência do Oriente no estatuto procedimental
da Química – as práticas alquímicas, dos boticários, anteriores ao estabelecimento
da Química como Ciência Moderna.
Esses são pressupostos para uma abordagem pedagógica crítica da
Química, que visa perfumistas e da medicina oriental.
Justifica-se assim, uma abordagem aos conteúdos no ensino da Química
que tem como alguns de seus representantes: Chassot (1995, 1998, 2003, 2004);
Mortimer (2002, 2006); Maldaner (2003); e, Bernardelli (2004). O Ensino da História
da Química, portanto, segue o direcionamento determinado pelas Diretrizes
Curriculares da Educação Básica, que indica a construção e reconstrução de
significados dos conceitos científicos com aporte aos contextos históricos, políticos,
econômicos, sociais e culturais, embasado em resultados de pesquisa sobre o
ensino de ciências.
Pesquisadores em ensino de Química no Brasil, que têm defendido uma
educação química pautada na significação dos conceitos químicos na busca de
construir cidadania de forma crítica em relação ao meio em que vivem, entendem
que esta metodologia vai além da cronologia das descobertas Químicas, em razão
de que não há uma organização dos conteúdos da Química nas escolas que sigam
esta ordem.
Para justificar este projeto, portanto, e discutir os fundamentos teórico-
metodológicos da Educação Básica no ensino da Química, importante referir que “O
conhecimento químico, assim como todos os demais saberes, não é algo pronto,
acabado e inquestionável, mas em constante transformação” (CHASSOT, 1995,
p.68).
Acredita-se que a História da Química permite ao professor problematizar de
forma significativa a ação pedagógica, mediante promoção de apropriação das
ideias químicas que leve os alunos à compreensão do pensamento químico, pelo
entendimento dos fatos que geraram as suas descobertas.
Pretende-se que esta compreensão contribua para que o aluno assimile o
estudo da Química como um elemento presente no ambiente e o conhecimento
como um processo elaborado e transformado em função das necessidades
humanas porque a ciência é construída por homens e mulheres, falível, em razão
disto, e inseparável dos processos sociais, políticos e econômicos.
Apresentando a problematização do estudo, considera-se que inserir no
ensino escolar o desenvolvimento da investigação e problematização dos conteúdos
consiste em provocar no educando o interesse e, ao mesmo tempo, o
estabelecimento de uma relação entre ele e o objeto do conhecimento, a intenção do
professor deve prever como resultado a aprendizagem significativa.
A abordagem a uma problemática implica em despertar a atenção do aluno
para o contexto no ambiente em que vive e atua, de modo a perceber situações em
seu cotidiano que precisam ou que podem ser resolvidas, tanto quanto promover a
busca e a investigação por algum objeto que ainda não conhece.
Entretanto, o conhecimento acerca deste objeto deve estar no parâmetro de
interesse do aluno, à necessidade do grupo ou comunidade escolar, pois, segundo
expôs Nunes (2002, p.80) quanto à explicação, compreensão e intervenção “são
processos que requerem um conhecimento que vai além da descrição da realidade e
mobiliza competências cognitivas para deduzir, tirar inferências ou fazer previsões a
partir do fato observado”.
Abordando a história da Química, é natural que seu trajeto seja percorrido
desde o passado, quando se teve o trabalho de metalurgia como banco das ideias
chinesas de cura e equilíbrio, quando a Alquimia trouxe a investigação sobre
diferentes naturezas da matéria e prática laboratorial para nela interferir, enfim
(PARANÁ, 2008), e chega-se a contemporaneidade com o advento de experiências
sui generis como a proposta de produção de vinho a partir do mel - o hidromel - e
que se torna um desafio à pesquisa da Química e uma oportunidade de aprendizado
ao educando, trazendo referências da Química do passado.
Pois que, diante da informação de Chagas (2008), de que “O Hidromel é
uma bebida fermentada a base de mel e água, consumida desde a antiguidade. Sua
fabricação é anterior ao do vinho e a cerveja”, percebe-se que a história da Química
se reveste de maior importância, pois o mel consiste em uma fonte original de
açúcares simples, como glicose e frutose, em cerca de 60-80% do seu peso total
(CHAGAS et al., 2008).
Apoiados neste contexto que aduz aos dados sobre a Química desde a
antiguidade e aporta em experimentos atuais fundados em informações já
existentes, este projeto de intervenção questiona: de que modo os alunos do
Ensino Médio podem obter um aprendizado significativo a partir do contexto,
com o estudo do mel, dentro do conteúdo de química?
Para obtenção de respostas ao questionamento, elencam-se objetivos que
buscam primeiramente, desenvolver um Projeto de Intervenção junto aos alunos do
Ensino Médio para que adquiram uma imagem da ciência mais contextualizada da
Química como recurso didático na investigação sobre os produtos apícolas e seu
uso químico ao longo do tempo.
De modo especifico, objetiva-se estudar as diferentes formas de inserção da
Filosofia da Ciência e a História da Química estabelecendo uma relação com os
conteúdos científicos; investigando fatos relevantes em seu contexto sócio-
econômico-cultural; e, diagnosticando o conhecimento dos alunos em relação ao uso
dos produtos apícolas.
Este Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola foi elaborado visando
contribuir para a melhoria das metodologias de ensino e aprendizagem dos alunos
da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Arnaldo Busato, do município de
Coronel Vivida, PR.
2 Abordagem sistematizada à filosofia e a ciência
Abordando a filosofia entende-se que ela permite um conhecimento racional,
qual um exercício da razão, vista com maior ênfase após o século VI a.C., quando
seus registros revelam todo o conhecimento da época em explicações racionais
atinentes ao cosmo. Naquele século, as indagações à natureza tinham conotação
racional e assim também a obtenção de respostas a problemas teóricos e
especulativos, pensamento este que permaneceu presente na ciência filosófica até o
século XVI (ARAÚJO, 2003).
Em sua importância, “a filosofia representou, até o advento da ciência
moderna, a culminância de todos os esforços da racionalidade ocidental. Era o saber
por excelência; a filosofia e a ciência formavam um único campo racional” (ARAUJO,
2003, p. 23-24).
Seguiram-se modificações e assuntos que a filosofia estudava mudaram-se
para o olhar da ciência empírica, surgindo as ciências naturais, tendo no
conhecimento científico a separação do pensamento teocêntrico e o ser humano foi
incumbido de explicar o mundo, ou seja, a natureza por meio de leis, princípios,
teorias com uma busca constante de uma verdade busca por meio do método
científico (PARANÁ, 2008).
Estudar na contemporaneidade, portanto, inclui utilizar-se de métodos
científicos e assim é preciso que o educando conheça a História da Química,
responsabilidade esta que a escola assume por meio de seus conteúdos
concernentes à produção do conhecimento, seus métodos e determinantes, sejam
eles de conotação política, econômica, social e ideológica, mas que se interligam
com as histórias das disciplinas escolares e as teorias de aprendizagem, valorizando
o trabalho do professor e aprofundando as discussões que concorrem à sua prática
pedagógica (PARANÁ, 2008).
Cabe destacar que:
Por serem históricos, os conteúdos estruturantes são frutos de uma construção que tem sentido social como conhecimento, ou seja, existe uma porção de conhecimento que é produto da cultura e que deve ser disponibilizado como conteúdo, ao estudante, para que seja apropriado, dominado e usado. Esse é o conhecimento instituído. Além desse saber instituído, pronto, entretanto, deve existir, no processo de ensino/aprendizagem, uma preocupação com o devir do conhecimento, ou seja, existem fenômenos e relações que a inteligência humana ainda não explorou na natureza (PARANÁ, 2008, p.25).
É por isto solicitado ao aprendente que sobreponha os conhecimentos
herdados culturalmente, posto que não se constitui em todo o conhecimento
possível que a inteligência tem e é capaz de ter do mundo, mas que deve buscar
aprender mais a fim de atender à consciência individual que lhe destaca a
necessidade intrínseca e natural de continuar explorando aquilo que não sabe
(CHAUÍ, 2003).
Por ser assim, as disciplinas da Educação Básica não se dissociam dos
campos de estudo que as identificam como conhecimento histórico, ou seja, deverão
compor os seus conteúdos estruturantes.
Deles, portanto, são derivados os conteúdos básicos a serem trabalhados
por série e que comportam assuntos estáveis e permanentes da disciplina, aqueles
que dizem respeito ao movimento histórico e as atuais relações sociais. “Esses
conteúdos, articulados entre si e fundamentados nas respectivas orientações
teórico-metodológicas, farão parte da proposta pedagógica curricular das escolas”
(PARANÁ, 2008, p.27).
Neste trabalho o enfoque é a ciência aplicada no mel, como produto natural
e dotado de variadas características nutricionais e cosmetológicas, assunto
apresentado na sequência.
A consulta teórica tem como base de investigação as obras de Moreira
(2001); Pereira et al. (2003); Vargas (2006); Guimarães (2007); Chagas (2008),
dentre outras.
2.1 O histórico do mel, características e derivados
O mel é conhecido desde a Antiguidade, utilizado como edulcorante por
muito tempo, sofrendo substituições gradativas pelos açúcares refinados
manufaturados, a exemplo daqueles extraídos da cana de açúcar e da beterraba.
Inicialmente utilizado como medicamento e oferenda aos deuses, no Antigo Egito o
mel prestava-se a ofertas em cerimônias religiosas; nas primícias ofertadas a Deus
pelos israelitas, também o mel estava incluso. Em outras aplicações:
Como medicamento, papiros egípcios de cerca de 1500 a.C. citam o mel em centenas de prescrições para uso externo e interno. Na Babilônia e na Grécia Antiga, o mel também era usado para conservar o corpo de reis ou generais mortos em batalha, até que pudessem ser transportados para o funeral (VARGAS, 2006, p.8).
No Egito, cerca de 2400 a.C. e na Mesopotâmia, 700 a.C. o uso de colmeias
primitivas as revelou sob a forma de barro, palha e estrume de vaca. Ainda que os
egípcios sejam considerados pioneiros na criação de abelhas, o termo colmeia
deriva do grego colmo, referente aos recipientes de palha trançada nos quais eram
abrigados os enxames de abelhas (VARGAS, 2006).
“Os egípcios começaram a colocar as abelhas em potes de barro. A retirada
do mel ainda era muito similar à ‘caçada’ primitiva, entretanto, os enxames podiam
ser transportados e colocados próximo à residência do produtor” (PEREIRA et al.,
2003, p.1).
Explicado como uma substância produzida pelas abelhas e demais insetos
sociais a partir do néctar das flores ou de secreções de plantas que elas coletam e
transformam por meio da evaporação da água e da adição de enzimas, o mel é
considerado um dos alimentos mais puros da natureza, apreciado por seu sabor
característico e considerável valor nutritivo (ARAÚJO; SILVA; SOUSA, 2006).
Consiste o mel de uma fonte original de açúcares simples, como glicose e
frutose, comportando cerca de 60-80% do seu peso, em climas temperados
(CHAGAS et al., 2008).
Segundo Bertelli (2010), o mel tem sido uma das substâncias fitoterápicas
mais estudadas no mundo, pela riqueza de suas propriedades medicinais, sendo
conhecidas as suas funções como a ação anti-inflamatória, imunomoduladora, que
auxilia na regulação do sistema imunológico; e ação mucolítica, que dissolve o muco
nas vias respiratórias, ajudando na expectoração.
A produção de mel se dá a partir o néctar como matéria-prima ou pela
excreção de afídios ou o exsudato de plantas ou frutas. O néctar é definido como “A
matéria-prima para a produção de méis florais que são os mais apreciados e
alcançam os maiores preços no mercado” (MOREIRA; De MARIA, 2001, p.516).
O açúcar natural que as plantas detêm é a sacarose, constituída por glicose
e frutose e é segregado pelos nectários da flor sob a forma de néctar, ou seja, água
e açúcar em solução. A definição dos nectários é de que “[...] são órgãos ativos que
selecionam na seiva as substâncias que irão ser segregadas” (VARGAS, 2006,
p.11).
Presentes nos néctares estão os açúcares, a dextrina, as gomas e pequenas
quantidades de matérias nitrogenadas e fosforadas, além de minerais, ácidos
orgânicos, vitaminas, pigmentos e substâncias aromáticas. O néctar é a matéria-
prima para a produção de méis florais (VARGAS, 2006).
Utilizado como alimento saboroso, o mel apresenta outras propriedades,
anti-sépticas, cicatrizantes e também revigorantes; de fácil assimilação, os seus
minerais contribuem para a manutenção do esqueleto – com o cálcio – e para a
regeneração do sangue, com o ferro (BERTELLI, 2010).
Além dos elementos já citados, contém ainda cera e grãos de pólen, de
modo que já foram encontradas mais de 180 substâncias em diferentes tipos de mel,
sendo atribuídas a sua composição, cor, aroma e sabor às variações nas floradas,
por causa das regiões geográficas e das condições climáticas (CHAGAS, 2008).
Quanto ao mel floral apresenta-se de forma variada:
- monofloral, quando o néctar é coletado de uma única espécie vegetal;
- polifloral, se mais de uma espécie de planta contribui com o néctar;
- silvestre, que se caracteriza por ser um mel polifloral produzido em
vegetação primária e, portanto, espécies nativas contribuem com o néctar;
- extrafloral, é produzido a partir do exsudato de plantas ou de restos de
frutas ou outra fonte de matéria-prima (MOREIRA; De MARIA, 2001).
Relata Bertelli (2010, p.8), quanto ao mel, que:
Durante a fabricação do mel, as abelhas adicionam uma enzima chamada glicose-oxidase, garantindo que pequenas quantidades de peróxido de hidrogênio (potente antiséptico) se formem constantemente no açúcar do alimento. Desta forma, o mel age como uma espécie de desinfetante, inibindo a inflamação e favorecendo a reconstrução de um novo tecido no local.
Segundo Vargas (2006, p.25) “Uma das características intrínsecas do mel é
sua propriedade antimicrobiana, através da qual pode se manter imune à
deterioração por longos períodos de tempo”. Por ser assim, é útil no tratamento de
dispepsias, úlceras gástricas e duodenais, e demais doenças do trato
gastrointestinal, com ação antiinflamatória e atividade antioxidante.
Com respeito à composição química do mel, segundo Moreira e De Maria
(2001, p.516):
A fração monossacarídica do mel é composta basicamente pelos açúcares simples frutose e glicose. [...] Além da frutose e da glicose, a presença do monossacarídeo D-galactose, em quantidades traços, também já foi relatada em amostras de mel. Entretanto, é importante ressaltar que esse monossacarídeo quando na sua forma livre é considerado um composto tóxico para as abelhas.
Acrescentam Araújo, Silva e Sousa (2006), em sua composição estão
presentes elementos como água, glicose, frutose, sacarose e maltose, sais minerais,
vitaminas, enzimas, hormônios, proteínas, ácidos, aminoácidos e fermento.
A glicose é o monossacarídeo responsável pela granulação do mel, sendo
que a acidez do mel é associada ao monossacarídeo D-glicose, que é convertido por
meio da ação da enzima D-glicose oxidase, no ácido glicônico. Este ácido, por sua
vez, se constitui de 70% a 90% dos ácidos orgânicos do mel, responsável,
juntamente com a sua lactona, pela acidez do mel. No processo de conversão da D-
glicose no ácido D-glicônico ocorre a formação do peróxido de hidrogênio.
(MOREIRA; De MARIA, 2001).
Características do mel são estabelecidas a partir dos teores de frutose e de
glicose, sendo esta última o monossacarídeo.
Destacam Araújo, Silva e Sousa (2006), há grande preocupação por parte
de apicultores e consumidores com a qualidade e com constantes adulterações de
amostras de méis. Segundo a legislação vigente do mel, este produto contém
pequena quantidade de hidroximetilfurfural (HMF); o armazenamento prolongado em
temperatura ambiente alta e/ou superaquecimento, entretanto, eleva este teor,
alterando o valor nutricional do mel. O máximo permitido é de 40mg de
hidroximetilfurfural por 1Kg de mel.
“A adulteração é em geral realizada com a adição de outros carboidratos,
principalmente açúcares comerciais como glicose comercial, solução ou xarope de
sacarose e solução de sacarose invertida, proveniente de cana ou milho” (VARGAS,
2006, p.21).
Os critérios de análise incluíram avaliações de locais de coleta; a verificação
do estado da embalagem; e as possíveis contaminações dos méis por organismos
externos, utilizando-se de procedimentos analíticos em acordo com as diretrizes e
metodologias recomendadas pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento
(MAPA) através da Instrução Normativa de 2001.
Os resultados obtidos por Araújo, Silva e Sousa (2006, p.54) foram os
seguintes:
Das dez amostras analisadas apenas uma apresentou-se dentro de todos os padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento, como mel apto para consumo de mesa, com um índice de reprovação de 90% das amostras de méis avaliadas.
Tais conclusões conferem aos produtores e comerciantes de produtos
apícolas maior atenção ao controle da qualidade durante a extração e o
beneficiamento do mel, em detrimento da preocupação com o aumento da produção
e comercialização.
A prática da adulteração do mel inclui fatores como o alto custo, a facilidade
de incorporar os adulterantes, a dificuldade de identificação, a dificuldade de
identificação dos criminosos ou responsáveis e da impunidade nesta prática
(VARGAS, 2006).
Dentre as suas características, o mel é utilizado como adoçante, mas
reconhecido em suas propriedades terapêuticas: constituído, em cerca de 75%, por
hidratos de carbono, nomeadamente por açúcares simples, a glicose e a frutose, em
sua composição entra a água, com cerca de 20%, por minerais, cálcio, cobre, ferro,
magnésio, fósforo, potássio, dentre outros, bem como por aminoácidos existentes,
por ácidos orgânicos, como o ácido acético e o ácido cítrico, e por vitaminas do
complexo B, por vitamina C, D e E, além de possuir um teor considerável de
antioxidantes, os flavonoides e fenólicos (WIKIPÉDIA, 2010).
Visto por algumas pessoas como remédio, o mel é um rico alimento e deve
ser consumido de modo constante, em razão de seu valor nutritivo: uma colher de
sopa corresponde ao valor individual nutritivo de 2 bananas; meia maçã; 2 laranjas;
150g de uva; 2 ovos e meio; 200ml de leite; 40g de queijo; 100g de nozes; 50g de
pão; 100g de carne; 150g de peixe; 45g de cenoura; 300g de ervilha (SUCUPIRA,
2010).
Dentre os aspectos de cristalização do mel, segundo Vargas (2006), os
açúcares presentes no mel são responsáveis pela cristalização, determinada pelas
relações de frutose e glicose (F/G) e glicose e água (G/A), sendo que méis que
comportam baixa relação glicose/água ou que apresentam altos teores de frutose
não cristalizam facilmente.
Ou seja, “A cristalização ocorre pela separação da glicose, que é menos
solúvel em água do que a frutose, sendo que os cristais de mel podem se finos ou
grossos, dependendo da origem orgânica ou nectária” (BALLONI, 1999, p.1).
Considerando a relação glicose e água, sendo menor essa relação assim
também será a tendência do mel em sua cristalização, pois da evaporação da água
contida no mel ocorre a aceleração na formação de cristais. Como características, o
mel que contém mais açúcar de uva tende a se cristalizar mais; aqueles que têm
mais açúcar de frutas se conservam líquidos por mais tempo (BALLONI, 1999).
A tendência à cristalização do mel se coaduna com o tempo, condição
relacionada à composição de química de néctar, fatos climáticos e armazenagem.
Entretanto, não perde as suas propriedades nutricionais e energéticas, bem como o
sabor e o aroma do mel líquido.
Sobre essa característica de cristalização assim é registrado:
É prático usá-lo, pois sua consistência pastosa não escorre facilitando o consumo das crianças pessoas acamadas ou idosas. Tão logo colocando na boca seus cristais dissolvem-se facilmente. Quando se habitua usar mel cristalizado, certamente sua preferência vai recair sobre ele, inclusive e mais fácil aplicá-lo em pães, biscoitos, sanduíches, canapés, etc. Em razão da cristalização natural do mel, recomenda-se aquisição deste produto envasado em pacotes de boca larga a fim de facilitar o manuseio: vasilhame tipo litro ou garrafa deve ser evitado uma vez que esse recipiente e reciclável e coletado quase sempre em locais impróprios, portanto fonte que não oferece segurança quanto sua higienização, além de dificultar a retirada do mel cristalizado (SUCUPIRA, 2010, p.1).
A cristalização do mel é considerada uma das garantias de sua pureza, pois
a cristalização não modifica suas propriedades, podendo o mel ser ingerido mesmo
cristalizado, devido à permanência e manutenção intactas de suas vitaminas e
enzimas (BALLONI, 1999).
Nos estudos sobre o desenvolvimento de produtos alimentícios e
cosmetológicos a base de derivados apícolas, de acordo com Chagas (2006) a
apicultura recebe destaque quanto aos benefícios sociais, econômicos e ecológicos
que dela decorrem. Há a geração de milhares de empregos nos serviços de manejo
das abelhas, tanto quanto na fabricação e comércio de equipamentos,
beneficiamento dos produtos e polinização de culturas agrícolas.
Quanto ao uso do mel como cosmético, Bertelli (2010) lembra que desde a
década de 1960 as mulheres utilizam produtos caseiros para cuidados com a
beleza. Dentre esses produtos se encontra o mel, pelas propriedades já
relacionadas, como hidratante e cicatrizante, tornando-se e mantendo-se como um
grande aliado da beleza, sob a forma de máscaras feitas em casa ou como elemento
principal de cosméticos, apreciado pela grande capacidade no combate ao
ressecamento da camada superior da pele e pela ação prolongada que mantém.
A justificativa para seu uso é de que “A hidratação é tão intensa que chega a
melhorar a aparência das rugas, e as enzimas contidas fazem dele um poderoso
antioxidante, que ajuda na redução da degradação do colágeno da pele”
(BERTELLI, 2010, p.8).
No tocante às atuais tecnologias para beneficiamento do mel e seus
derivados, colheita e tratamento do mel, assim relacionam Araújo, Silva e Sousa:
Após sua colheita o mel continua sofrendo modificações físicas, químicas e organolépticas, gerando a necessidade de produzi-lo dentro de níveis elevados de qualidade, controlando todas as etapas do seu processamento,
afim de que se possa garantir um produto de qualidade (ARAÚJO; SILVA; SOUSA, 2006, p.52).
Outros produtos apícolas incluem a própolis, conhecida como um vedante da
colmeia, apresentando propriedades cicatrizantes. Também a cera, da qual os favos
são feitos, é utilizada em cosméticos e depiladores e, o pólen, que é coletada pelas
abelhas, e um fortificante natural (CHAGAS, 2008).
Também derivado do mel se encontra o Hidromel, que consiste de “Uma
bebida alcoólica tradicional, contendo de 8 a 18% (v/v) de etanol, preparado pela
fermentação do mel. [...] obtido pela transformação dos açúcares do mel em álcool
por um processo de fermentação similar ao do vinho” (CHAGAS et al., 2008, p.203).
A sua obtenção demanda um longo tempo, dependendo da variedade do
mel fermentado, da levedura utilizada, dos nutrientes fornecidos e do controle do pH.
Neste procedimento, assinalam Chagas et al., algumas medidas essenciais:
As adições de vários nutrientes foram necessários, tais como o ácido cítrico, que evita a manutenção de outros microorganismos. A adição de fosfato de potássio, cloreto de magnésio e hidrogeno sulfato de sódio produz um meio favorável para fermentação, tendo um plano desejável de metabolismo. Sulfato de amônio, peptona e fosfato de potássio são nutrientes para fermentação; a tiamina, pantotenato de cálcio, inositol, pirodoxina e biotina são vitaminas necessárias para ótima fermentação e ação do processo metabólico (CHAGAS et al., 2008, p.204).
Em outra obra de Chagas (2008), dados indicam que o hidromel sempre
esteve presente em países que não apresentavam condições para o cultivo da
vinha, permanecendo esquecido nas regiões produtoras de uva.
Quanto à levedura “[...] realiza a fermentação do açúcar com o objetivo de
conseguir a energia química necessária a sua sobrevivência, sendo o etanol apenas
e tão somente um substrato desse processo” (CHAGAS, 2008, p.17).
Com isto, o mais importante na fabricação do hidromel consiste na
fermentação alcoólica, um conjunto de reações enzimáticas controladas que permite
a liberação de energia por uma molécula orgânica e degradada em compostos
simples: a glicolise se inicia com a ativação da glicose, recebendo dois fosfatos
energéticos, em reações sucessivas, originadas em duas moléculas de adenosina
trifosfato (ATP), que se transforma em adenosina difosfato (ADP). (CHAGAS, 2008).
O hidromel é uma bebida alcoólica, pode conter alguns compostos benéficos
também encontrados no mel.
Ainda sobre o mel, seus derivados compreendem vários produtos, a
exemplo da própolis, um termo descrito ainda no século XVI na França; o primeiro
trabalho científico surgiu em 1908. Na Antiguidade, a própolis foi adotada entre os
gregos, incluindo Hipócrates, utilizada como cicatrizante interno e externo. Plínio,
historiador romano, refere-se à própolis como medicamento capaz de reduzir
inchaços e aliviar dores. A própolis é assim definida por Pereira, Seixas e Aquino
Neto (2002, p.321):
A própolis é uma mistura complexa, formada por material resinoso e balsâmico coletada pelas abelhas dos ramos, flores, pólen, brotos e exsudados de árvores; além desses, na colmeia as abelhas adicionam secreções salivares.
Na composição da própolis estão os flavonoides, resinas balsâmicas (55%),
cera (30%) pólen, gorduras, ácidos, ferro, cobre, manganês, zinco e vitaminas
(SUCUPIRA, 2010). Atua como antibiótico natural, bactericida e analgésico.
A própolis é utilizada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do
ninho, o propósito é evitar correntes de ar frias durante o inverno, para a limpeza da
colônia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho que não pode ser
removido da colônia, com base nas propriedades bactericidas e fungicidas que
contém (PEREIRA et al., 2003).
Citado atualmente com cerca de 300 constituintes já identificados e/ou
caracterizados em diferentes amostras de própolis, constam entre eles os
flavonoides, os ácidos aromáticos, os ácidos graxos, os fenois, os aminoácidos, as
vitaminas A, B1, B2, B6, C, E e PP, presentes na própolis de origem francesa, além
de minerais como Mn, Cu, Ca, Al, Si, V, Ni, Zn e Cr3. “Mais recentemente, com a
evolução das técnicas de análise, compostos de alta massa molecular e
carboidratos (incluindo polissacarídeos) foram relatados” (PEREIRA; SEIXAS;
AQUINO NETO, 2002, p.324).
A própolis tem grande utilização na medicina popular, assim como em
cosméticos e dermocosméticos, tendo suas propriedades biológicas diretamente
vinculadas com a sua composição química, fato que se constitui em um problema
com respeito ao uso da própolis em fitoterapia, considerando que a sua composição
química varia sob a influência de diferentes fatores: a flora da região; época da
colheita; técnica empregada; e, espécie da abelha que produz o mel (PEREIRA;
SEIXAS; AQUINO NETO, 2002).
Dentre os produtos oferecidos pela apicultura está a geleia real, “[...] que é o
alimento das larvas de todas as abelhas por até 72 horas, e a rainha o recebe por
toda vida” (CHAGAS, 2008, p.9).
Produto com características essencialmente orgânicas e produzidas pelas
abelhas jovens, presta-se como único e exclusivo alimento da abelha rainha,
responsável por sua vitalidade e longevidade. Reconhecida como a mais complexa
fórmula de nutrientes já encontrada na natureza, em razão da diversidade de
elementos essenciais ao perfeito equilíbrio orgânico, a geleia real é um
superalimento de alto valor biológico nutritivo (SUCUPIRA, 2010).
Em sua composição é assim descrita a geleia real:
Constituída basicamente de água, carboidratos, proteínas, lipídios e vitaminas, a geleia real é muito viscosa, possui cor branco-leitosa e sabor ácido forte. Embora não seja estocada na colmeia como o mel e o pólen, é produzida por alguns apicultores para comercialização in natura, misturada com mel ou mesmo liofilizada (PEREIRA et al., 2003, p.1).
Trata-se de um produto utilizado pela indústria de cosméticos e
medicamentos, na composição de diversos produtos, e tem na China o principal
País produtor, responsável por cerca de 60% da produção mundial (PEREIRA et al.,
2003).
A cera se constitui em um dos produtos oriundos do organismo das abelhas,
através de glândulas cerífenas existentes em seu abdômen e elaborada a partir da
ingestão do mel. “Na colmeia é largamente empregada na construção dos favos
onde serão armazenados o mel, pólen e as crias. É composta de substâncias
variadas ésteres, gordura, ceroleína e vitaminas” (SUCUPIRA, 2010, p.1).
Especialmente a cera produzida pela abelha Apis mellifera possui 248
componentes diferentes, nem todos ainda identificados, característica em sua
secreção pela cor clara que apresenta, escurecendo com o tempo, em virtude do
depósito de pólen e do desenvolvimento das larvas (PEREIRA et al., 2003).
Dentre as suas propriedades são considerados o poder de cicatrização e
embelezamento. O uso na terapêutica e estética se dá sob a forma de pomada e
cremes, com emprego na indústria de componentes eletrônicos, química, calçadista,
farmacêutica e de cosmética, na produção de batons hidratantes e cera depilatória,
bem como na produção de velas, lustração de móveis, instrumentos musicais e
veículos, e nas artes plásticas, a encáustica (SUCUPIRA, 2010).
Quanto à apitoxina, segundo Callegari et al. (2007, p.1), é o veneno das
abelhas e consiste de “uma mistura complexa de enzimas, peptídeos e aminoácidos,
carboidratos e lipídeos”. Sua produção se dá nas glândulas de secreção ácida e de
secreção alcalina existentes no interior do abdômen da abelha operária
Em sua composição inclui 88% de água, 19 aminoácidos, enzimas,
peptídeos e aminas bioativas, açúcares, componentes voláteis e outros em
pequenas quantidades, apresentando propriedades antiartríticas (CALLEGARI et al.,
2007).
No tratamento terapêutico com a apitoxina, assim são relatadas as suas
propriedades:
As propriedades anti-artríticas da apitoxina, o veneno produzido pela abelha Apis mellifera, são reconhecidas há muitos séculos. Há cerca de 2.500 anos, Hipócrates já empregava ferroadas de abelha em seus procedimentos terapêuticos. No século II de nossa era, outro médico grego, Galeno, escreveu sobre o tratamento com veneno; Carlos Magno, no século VIII, foi tratado com ferroadas de abelha para combater suas inflamações nas juntas (MAIA, 2002, p.1).
A comercialização da apitoxina, consoante à sua qualidade, é normatizada
pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento através da Portaria nº 25, de 31 de
julho de 2000, em seu artigo 1º, I (BRASIL, 2000).
2.2 Abelhas e o ambiente
Pereira et al. (2003, p.1), abordando a rainha da colmeia, assim registram:
A rainha é a responsável pela manutenção populacional de uma colônia que, em muitos casos pode atingir até 100 mil indivíduos e a união de todas as abelhas. Apesar da grande quantidade de abelhas presente na colônia, a vida útil de uma operária gira em torno de 45 dias, o que leva a rainha à necessidade da reposição constante dessa enorme massa populacional. Para isso, uma rainha em condições reprodutivas ideais e de potencial genético elevado pode atingir a incrível taxa de postura de 3.000 ovos/dia.
Ainda que uma rainha possa viver até 5 anos, a taxa de postura tende a
decair acentuadamente devido ao desgaste a que ela é submetida, com mais ênfase
em regiões de clima tropical, ao atingir os 2 anos de idade. Em casos assim, a
rainha deve ser substituída (PEREIRA et al., 2003).
A polinização das plantas é definida como:
Processo pelo qual o pólen da flor masculina (ou parte masculina de uma flor hermafrodita) fertiliza uma flor feminina (ou parte feminina de uma flor hermafrodita) da mesma espécie. Ela pode ocorrer, no caso da autofecundação, dentro da mesma flor ou entre flores diferentes numa mesma planta, ou na fecundação cruzada, entre flores diferentes de diferentes plantas, dependendo das circunstâncias e espécies. A polinização pode ser facilitada pelo vento e a água ou por agente como os pássaros e outros animais (LOPEZ et al., 2008, p.129).
Segundo Itagiba (1997, p.99), com a redução dos insetos nativos pela ação
de desmatamentos e queimadas, aliado à utilização de agrotóxicos nas lavouras,
verifica-se o aumento na importância da abelha melífera na polinização. Dentre os
agentes polinizadores na natureza estão o vento, os pássaros, insetos, a água e a
gravidade. No conjunto de insetos as abelhas se destacam “pois vivem em grandes
sociedades, formando colônias populosas, sendo dotadas de características
forrageiras que favorecem a polinização cruzada”.
Como principais agentes polinizadores, as abelhas realizam a troca entre
elas e as plantas implicando na produção, pelos vegetais, de substâncias
adocicadas que as atraem, as quais levam em seus pelos o pólen da planta florífera.
“O pólen é importante para o desenvolvimento da colmeia, pois é a fonte principal de
proteína das abelhas, logo, ao garantir o desenvolvimento da família as abelhas,
também perpetuam a espécie vegetal” (SOUZA; EVANGELISTA-RODRIGUES;
PINTO, 2007, p.2).
É a interação ocorrida entre as abelhas e plantas que garante aos vegetais o
sucesso na polinização cruzada, uma importante adaptação evolutiva das plantas,
com aumento do vigor das espécies, oportunizado a criação de novas combinações
de fatores hereditários e aumentando a produção de frutos e sementes (SOUZA;
EVANGELISTA-RODRIGUES; PINTO, 2007).
No caso de polinização realizada por abelhas, são citadas para o manejo as
abelhas de mel (Apis mellifera) nas mais diversas culturas; as mamangavas
(especialmente Bombus terrestris) manejadas no cultivo de solanáceas e em
plantações de tomate; as abelhas carpinteiras (Xylocopa sp), no maracujá; diversas
espécies do gênero Osmia, em plantações de maçã e outras frutíferas; e Megachile
rotundata na polinização de alfafa (SOUZA; EVANGELISTA-RODRIGUES; PINTO,
2007).
No ambiente e com relação às abelhas estão presentes os pesticidas e a
contaminação do mel. Problemas quanto à sanidade do mel são apresentados por
Vargas (2006), citando a década de 1950 como sendo de difícil enfrentamento pela
apicultura, de doenças e pragas que acometeram a produção de mel, como a
nosemose, acariose e cria pútrida europeia, com redução de 80% das colmeias
existentes no País, e diminuição significativa da produção.
Ficou evidente um quadro no qual era preciso aumentar a resistência das
abelhas no País fato que motivou a busca por abelhas africanas, pelo Ministério da
Agricultura brasileiro e, após muitas controvérsias, mantém-se atualmente as
abelhas chamadas de africanizadas, por terem herdado muitas características das
abelhas africanas, responsáveis pelo desenvolvimento apícola do País (PEREIRA et
al., 2003).
Na contemporaneidade, a detecção de mortandade de colmeias inteiras de
abelhas da espécie Apis mellifera, responsáveis pela produção comercial de mel em
alguns países, em especial nos Estados Unidos no ano de 2006, onde atingiu 30 dos
50 estados, o suficiente para ser considerado uma epidemia, obtendo comentários
como o citado a seguir:
São vários os suspeitos pela mortandade das abelhas. Já se acusaram – sem o apoio de dados científicos – a radiação de telefones celulares e o pólen dos cultivos transgênicos. Mais recentemente um esforço conjunto de pesquisadores tem levado a causas mais palpáveis, tanto nos Estados Unidos como no Brasil. Uma delas chegou recentemente às Américas – o protozoário Nosema ceranae, descoberto em abelhas asiáticas [...]. Uma outra espécie do mesmo protozoário que ataca o sistema digestivo das abelhas – Nosema apis – já é um velho conhecido dos insetos fabricantes de mel (GUIMARÃES, 2007, p.1).
Além dos parasitas, responsáveis pela eliminação de abelhas, outros fatores
são apontados por Guimarães (2007), a exemplo do consumo de grãos de pólen
tóxicos como o barbatimão e infecções virais, com parcela significativa de atuação
neste caso.
Estudo realizado por Romero (2007) sobre a contaminação do meio
ambiente por pesticidas agrícolas prejudiciais às abelhas e colmeias e que estão
presentes no mel trouxe os seguintes resultados:
Durante o período de observação das colmeias, de 1999 a 2004, os autores do estudo encontraram 48 tipos diferentes de pesticidas nas amostras de mel, de quatro classes distintas: organoalogenados, organofosforados, organonitrogenados e piretroides. Os pesticidas no mel são extraídos com o auxílio de solventes orgânicos após a diluição do mel em água. ‘Por meio de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas, foi possível quantificar a concentração dos pesticidas nas amostras. Todos os 48 tipos de pesticidas identificados têm algum grau de toxicidade e podem ser prejudiciais à saúde’ (ROMERO, 2007, p.1).
A hipótese proposta por Rissato et al. (2006) de que cerca de 10.000 a
25.000 abelhas operárias fazem uma média de 10 viagens para explorar
aproximadamente 7 km2 nas áreas ao redor de seu habitat, recolhendo o néctar, a
água e o pólen das flores. Trata-se de um processo no qual diversos
microorganismos, produtos químicos e partículas suspensas no ar são interceptados
por estas trabalhadoras e que são retidos nos pelos superficiais de seu corpo ou
inalados e unidos em seu aparelho respiratório.
Com base nestes fatores, “as abelhas podem ser usadas como bioindicadores
para monitoramento de impacto ambiental causado por fatores biológicos, químicos
e físicos, tais como parasitas, contaminações industriais ou pesticidas” (RISSATO et
al., 2006, p.950).
Com esta viagem cotidiana, todos os setores ambientais são explorados
pelas abelhas, a exemplo da figuração proposta por Rissato et al. (2006, p.950), na
Figura 1:
Figura 1 - Representação da difusão de substâncias poluentes no ambiente Fonte: Rissato et al., 2010, p.950.
Deve ser considerada como concentração máxima de resíduos de pesticidas
permitida legalmente no mel (LMR) a estabelecida por regulamentos de diferentes
países: Alemanha, Itália, e Suíça ajustaram o LMR para amitraz, bromopropilato,
coumafós, ciamizol, flumetrina e fluvalinato, que oscilaram entre 0,01 e 0,1 mg/kg na
Alemanha, 5 e 500 mg/kg na Suíça, e 10 mg/kg na Itália.
Entretanto, os limites máximos de resíduos de pesticidas no mel não foram
incluídos no Codex Alimentarius, sendo que a legislação da união europeia (EU)
regulou o LMR para três acaricidas: amitraz, coumafós e ciamizol, em 0,2, 0,1, e 1
mg/kg, respectivamente; na agência de proteção ambiental dos EUA o LMR
estabelecido foi para amitraz (1 mg/kg), coumafós (0,1 mg/kg) e fluvalinato (0,05
mg/kg). (RISSATO et al., 2006).
3 Aplicação do projeto de intervenção: alunos da 3ª série do Ensino Médio
A Filosofia da Ciência e a História da Química podem contribuir para
reencontrar sentido no que se ensina, proporcionando instrumentos que irão
justificar muitos conteúdos.
Percebe-se que ao longo dos anos escolares o estudo vai se tornando cada
vez mais pragmático. Ensinando os conteúdos somente, muitas vezes sem a
preocupação com a contextualização histórica, social e política, de modo que façam
sentido para os alunos nas diversas realidades regionais, culturais e econômicas,
contribuindo com sua formação cidadã.
A abordagem dos conteúdos no ensino da Química foi norteada pela
construção e reconstrução de significados dos conceitos científicos, vinculada a
contextos históricos, políticos, econômicos, sociais e culturais, e esteve
fundamentada em resultados de pesquisa sobre o ensino de Ciências e História da
Química.
A partir das DCEs, selecionamos os conteúdos estruturantes da Química no
Ensino Médio e Profissionalizante.
Com respeito ao estudo sobre os produtos apícolas foram ministrados
conteúdos sobre a Química Orgânica envolvendo tópicos de química dos
carboidratos, polifenois, flavonoides, acidez, oxidação e a fermentação que é um
processo biológico.
Sobre as abelhas, produtoras do mel: foram ministradas informações sobre a
rainha, operárias, a polinização das plantas, o uso dos pesticidas e contaminação do
mel, o mel e a geleia real, a cristalização do mel, dentre outros assuntos
concernentes ao tema de estudo.
Foi utilizada a História da Química através do estudo do mel e derivados
apícolas, no processo de ensino aprendizagem, com intenção de oferecer ao aluno
uma abordagem contextualizada de alguns conteúdos de forma a contribuir para
desmistificá-la como disciplina.
Este Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola foi elaborado visando
contribuir para a melhoria das metodologias de ensino e aprendizagem dos alunos
da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná.
Para que os objetivos do projeto alcançassem as ações previstas foram
realizadas em 15 (quinze) aulas de 50 (cinquenta) minutos.
3.1 Ações implementadas
3.1.1 Primeira ação: objetivos do projeto de intervenção
Dividida em 03 (três) etapas, nesta primeira ação desenvolveram-se as
seguintes atividades:
Atividade Objetivo
Projeto de Intervenção Apresentação do Projeto
Diagnóstico: pesquisa de campo Realização de Diagnóstico acerca do conhecimento dos alunos sobre o mel
Questões norteadoras Apresentação das Questões Norteadoras que servem ao estudo
Tabela 1 - Atividades do projeto de intervenção Fonte: Autoria, 2011.
O projeto de intervenção foi apresentado aos alunos, utilizando-se de slides
que mostraram o tema de estudo, os objetivos, as estratégias de ação e os
resultados esperados.
Nesta apresentação foram utilizados slides elaborados no Programa Power
Point e apresentados na TV PenDrive.
Na sequência, foi realizado o diagnóstico. Iniciou-se esta intervenção com
pesquisa sobre o tema, por meio de questionário, com perguntas de respostas
múltiplas, com a intenção de verificar conhecimento dos alunos envolvidos no
projeto sobre o tema História da Química, através do estudo do mel e derivados
apícolas.
Foi entregue um questionário para cada aluno de modo a obter informações
sobre o seu conhecimento individual. Composto de questões fechadas, ou seja, com
diversas alternativas de respostas a serem assinaladas conforme o conhecimento
que o aluno possui sobre o tema investigado, e, com alternativas de questões
abertas, quando o aluno respondeu de modo espontâneo à pesquisa.
Após o preenchimento dos questionários pelos alunos, os mesmos foram
recolhidos, ordenados e processados. Os resultados foram comentados na ação
seguinte. Esta ação foi realizada em 01 (uma) aula.
Em seguida, foram apresentadas as questões norteadoras do estudo,
dispostas na Quadro 1:
1 Importância do mel na alimentação
2 Minerais presentes no mel
3 Hidromel: Fermentação e oxidação
4 Importância da abelha para o meio ambiente (polinização)
5 O mel cristaliza. Isso é bom ou ruim? Por que sua aparência altera?
6 Mel: Usos na Alimentação; Cosmetológicos; Consumo In Natura
7 A composição do mel é influenciada pelo que?
8 Apicultura: Benefícios sociais, econômicos e ecológicos
9 Mel e Própolis X Saúde
10 Qual o problema de aquecer o mel acima de 40 C ?
11 Produtos apícolas industrializados
12 Mel e as formas nas quais se apresenta
13 Por que encontramos pesticidas no mel?
14 Carboidratos X adoçantes artificiais
15 Matéria prima para a produção de méis florais
16 Composição da fração monossacarídica do mel
17 Monossacarídeo responsável pela granulação do mel
18 Mel: produto ácido ou básico
19 Glicídios presentes no mel
20 Própolis: Flavonoides e Fenois
21 Composição química do mel
22 Ácidos orgânicos encontrados no mel
23 Carboidratos: Frutose e Glicose (Por que?)
Quadro 1 – Questões norteadoras sobre o mel Fonte: Autoria, 2011.
3.1.2 Segunda ação: contato inicial
Neste segundo encontro foi feita uma explanação para os alunos sobre a
importância da História da Química e estudo do mel e derivados apícolas, como eles
podem auxiliar no cotidiano dos alunos.
No Egito, cerca de 2400 a.C. e na Mesopotâmia, 700 a.C. o uso de colmeias
primitivas as revelou sob a forma de barro, palha e estrume de vaca. Ainda que os
egípcios sejam considerados pioneiros na criação de abelhas, o termo colmeia
deriva do grego colmo, referente aos recipientes de palha trançada nos quais eram
abrigados os enxames de abelhas (VARGAS, 2006).
“Os egípcios começaram a colocar as abelhas em potes de barro. A retirada
do mel ainda era muito similar à ‘caçada’ primitiva, entretanto, os enxames podiam
ser transportados e colocados próximo à residência do produtor” (PEREIRA et al.,
2003, p.1).
A produção de mel se dá a partir o néctar como matéria-prima ou pela
excreção de afídios ou o exsudato de plantas ou frutas. O néctar é definido como “A
matéria-prima para a produção de méis florais que são os mais apreciados e
alcançam os maiores preços no mercado” (MOREIRA; De MARIA, 2001, p.516).
O açúcar natural que as plantas detêm é a sacarose, constituída por glicose
e frutose e é segregado pelos nectários da flor sob a forma de néctar, ou seja, água
e açúcar em solução. A definição dos nectários é de que “[...] são órgãos ativos que
selecionam na seiva as substâncias que irão ser segregadas” (VARGAS, 2006,
p.11).
Presentes nos néctares estão os açúcares, a dextrina, as gomas e pequenas
quantidades de matérias nitrogenadas e fosforadas, além de minerais, ácidos
orgânicos, vitaminas, pigmentos e substâncias aromáticas. O néctar é a matéria-
prima para a produção de méis florais (VARGAS, 2006).
Utilizado como alimento saboroso, o mel apresenta outras propriedades,
anti-sépticas, cicatrizantes e também revigorantes; de fácil assimilação, os seus
minerais contribuem para a manutenção do esqueleto – com o cálcio – e para a
regeneração do sangue, com o ferro (BERTELLI, 2010).
Para este momento, recursos áudios-visuais (slides, recorte de filmes, etc.)
foram utilizados de forma que o tema deste projeto começasse a traduzir-se. Foram
comentados os resultados do diagnóstico obtidos na pesquisa de campo acerca dos
conhecimentos dos alunos sobre o mel. Esta ação foi realizada em 01 (uma) aula.
3.1.3 Terceira ação: análise orientada
Os alunos foram encaminhados ao laboratório de informática e à biblioteca,
a fim de realizarem pesquisas sobre o mel. Nesta etapa foi disponibilizado aos
alunos o maior número possível de fontes (livros, revistas, sites, filmes, etc.) para
que obtivessem as informações necessárias no auxilio da compreensão dos
conteúdos químicos.
Foram disponibilizados recortes de filmes, com base nas questões
norteadoras; a seguir apresentam-se sugestões de sites e um filme para o uso nesta
análise.
- Sugestões de sites
Produção de Rainhas e Multiplicação de Enxames
http://www.youtube.com/watch?v=QtpBm-r8XgU&feature=related
Produção e Processamento de Própolis e Cera
http://www.youtube.com/watch?v=3doh0Ad9_Oc&feature=relmfu
Processamento de Mel Puro e Composto
http://www.youtube.com/watch?v=eL3G8mXbrME&feature=relmfu
Ciclo da extracção do Mel
http://www.youtube.com/watch?v=iFYwjaZdPKc&feature=related
Propolis Vermelha da Bahia Brasil
http://www.youtube.com/watch?v=LqfxSLyBZ0E
Geleia Real
http://www.youtube.com/watch?v=xGJTc8704I8&feature=related
Própolis - Energia e combate a velhice.
http://www.youtube.com/watch?v=RZeMMHNtfCY&feature=related
Benefícios do Própolis
http://www.youtube.com/watch?v=ZA4wpcRU8xM&feature=related
Própolis verde - na luta contra o cancer
http://www.youtube.com/watch?v=3Fn_a8UcRFU&feature=related
Produção e Processamento de Própolis e Cera
http://www.youtube.com/watch?v=3doh0Ad9_Oc&feature=related
Carboidratos: site inovação tecnológica. Pesquisa altera radicalmente
entendimento da estrutura dos ossos humanos
www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010160071107.
- Sugestão de filme:
Bee Movie A História de uma Abelha
Em cada etapa foram acompanhados pela professora PDE, que avaliou os
dados e informações encontrados pelos alunos, favorecendo a interatividade e a
troca de conhecimento sobre o tema da investigação.
Esta ação foi realizada em 03 (três) aulas.
3.1.4 Quarta ação: conteúdos científicos acervo histórico
Esta ação compreendeu a prática pedagógica de transmissão de conteúdos,
utilizando-se de coletânea de textos contendo a História da Química através do
estudo do mel e derivados apícolas, bibliografias, sites, curiosidades da química
(como história em quadrinhos, desenhos, etc.). As sugestões a seguir são das
principais obras científicas a serem utilizadas para esta prática:
- Sugestões de livros:
1. Química de alimentos. Eliana Paula Ribeiro e Elisena Seravalli. São
Paulo: Edgard Blücher, 2007. Este livro comenta os principais componentes dos
alimentos (água, carboidratos, propriedades com base na estrutura química dos
componentes alimentares).
2. O mesmo e o não mesmo. Roald Hoffmann. Tradução de Roberto Leal
Ferreira e prefácio de Claudia Sant Anna Martins. São Paulo: Editora da Unesp,
2007. Apresenta a Química de forma simples e interessante, aproximando-a do
público em geral. Roald Hoffmann foi agraciado com o prêmio Nobel.
3. Ser Protagonista Química – volume 3. Organizador: Julio Cezar
Foschini. Lisboa: Edições SM : São Paulo, 2010.
4. Química na abordagem do cotidiano – vol. 3 - Química Orgânica.
Francisco Miragaia Peruzzo e Eduardo Leite do Canto. 4. ed. São Paulo: Moderna,
2010.
5. Química – vol. Único. Antonio Sardella. 5. ed. São Paulo: Ática, 2003.
Compostos Orgânicos Naturais.
6. Química meio ambiente cidadania tecnologia. vol. 3. Martha Reis. São
Paulo: FTD, 2010.
7. Os Botões de Napoleão: as 17 moléculas que mudaram a História.
Penny Le Gouteur e Jay Burreson. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
Nas revistas sugeridas a seguir, em seus artigos e reportagens, podem
servir também de apoio para este estudo:
- Sugestões de revistas:
1. Carboidratos: estrutura, propriedades e funções. Revista Química
Nova na Escola, n. 29, p. 3-7, ago. 2008. O artigo apresenta informações
importantes acerca das propriedades e funções dos carboidratos, com sugestões de
atividades experimentais para o estudo de algumas propriedades dessas sustâncias.
2. Proteínas: hidrólise, precipitação e um tema para o ensino de
Química. Revista Química Nova na Escola, Sociedade Brasileira de Química (SBQ),
n. 24, nov. 2006. O artigo apresenta uma introdução aos conceitos básicos sobre
proteínas (incluindo a apresentação dos aminoácidos proteicos) bem como um
experimento simples de ser realizado.
3. Carboidratos: estrutura, propriedades e funções, Wilmo E. Francisco
Junior, Química Nova na Escola, n. 29, ago. 2008. Os experimentos aqui
propostos podem ser utilizados para a introdução ou revisão de alguns conceitos
químicos, especialmente no que diz respeito à compreensão de conceitos científicos
relacionados aos carboidratos.
Com o propósito de apresentar importantes informações acerca desses
compostos, o presente artigo reporta as principais propriedades e funções dos
carboidratos, bem como sugestões de atividades experimentais para o estudo de
algumas de suas propriedades. Descritores: carboidratos, açúcares,
experimentação.
4. Avaliação da qualidade físico-química do mel comercializado na
cidade de Crato, CE, Dyalla Ribeiro de Araújo1, Roberto Henrique Dias da Silva2,
Jonas dos Santos Sousa. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 6, n. 1, 1º Sem.
2006. As palavras-chave do artigo são: mel, qualidade, comercialização.
5. Própolis: 100 anos de pesquisa e suas perspectivas futuras, Alberto
dos Santos Pereira, Fernando Rodrigues Mathias Silva Seixas e Francisco Radler de
Aquino Neto. Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ilha do
Fundão, Cidade Universitária, Rio de Janeiro - RJ. Química
Nova, v.25, n.2, abr./maio 2002.
6. Biodiversidade e composição química da própolis: glicídios no mel,
Ricardo Felipe Alves Moreira. Química Nova, v. 24, n. 4, p.516-525, 2001.
7. As propriedades antioxidantes do mel, Maria Celeste de Carvalho
Serra. Centro de Estudos de Engenharia Química, Instituto Superior de Engenharia
de Lisboa.
8. Ação antimicrobiana do mel em leite fermentado, Ilana Racowski et al..
Revista Analytica, n.30, p.106-115, ago./set., 2007. O artigo aborda as propriedades
antimicrobianas devido à sua acidez, ação de enzimas, concentração de açúcares e
flavonoides.
Apresenta-se a seguir uma lista de sugestões de teses que podem auxiliar
neste estudo; em seguida, encontram-se sugestões de publicações para este
mesmo fim.
- Sugestões de teses:
1. Perfil de substâncias fenólicas de méis brasileiros por cromatografia
líquida de alta eficiência e avaliação do potencial antioxidante. Regina Lucia
Pelachim Lianda Seropédica, Rio de Janeiro, jan. 2009. Este trabalho descreve a
identificação de ácidos fenólicos e flavonoides em amostras de méis silvestres, de
eucalipto e de laranjeira obtidas de diferentes regiões geográficas. Palavras chaves:
Ácidos fenólicos, Flavonoides, Mel, CLAE, Atividade Antioxidante.
2. Avaliação da qualidade do mel produzido na região dos Campos
Gerais do Paraná. Taís Vargas. Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos -
Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2006.
- Sugestões de publicações:
1. Alimentação - utilidades do mel. Fábia de Mello Pereira, Maria Teresa do
Rêgo Lopes, Ricardo Costa Rodrigues de Camargo, Sérgio Luís de Oliveira Vilela.
In: Embrapa – Produção de Mel.
Interdisciplinaridade
1. Forma pedagógica de trabalhar em conjunto os conceitos de disciplinas
como Biologia, História, Geografia, Matemática, Sociologia, Português e
Arte
1.1 O mel e a Biologia
O mel, como uma fonte de antioxidantes, tem sido relatado como eficaz
contra o escurecimento enzimático de frutas e vegetais (CHEN et al., 2000), a
deterioração oxidativa de alguns alimentos (McKIBBEN & ENGESETH, 2002) e no
controle do crescimento de patógenos em alimentos (TAORMINA et al., 2001).
Propriedades antissépticas e antibacterianas também são atribuídas ao mel
(RACOWSK et al., 2007). Sua propriedade antibacteriana foi estudada por diversos
autores (WHITE & SUBERS, 1963; CORTOPASSI-LAURINO & GELLY, 1991;
COOPER et al., 1999). Foram estudadas também suas ações fungicida (EFEM et
al., 1992), cicatrizante e promotora da epitelização das extremidades de feridas
(EFEM, 1988).
Pode ser trabalhado também a fermentação em Biologia.
1.2 História
A origem histórica do mel.
1.3 Geografia
Caracterização da região em que o mel foi produzido. Este tipo de
caracterização seria útil para os consumidores que estivessem interessados em
consumir apenas méis de regiões com legislações mais rigorosas em relação a
utilização de agrotóxicos bem como ao cultivo de plantas transgênicas.
A análise microscópica do mel, principalmente do sedimento para
identificação e contagem de grãos de pólen é ainda a principal ferramenta usada
para analisar a origem botânica do mel.
O perfil de carboidratos pode ser útil para a identificação da região brasileira
em que o mel foi produzido e também pode ser útil para testar a autenticidade do
mel brasileiro.
1.4 Sociologia
Trabalha a sinopse do Filme Bee Movie, a história da abelha. A questão do
empreendedorismo, a sociedade, organização e trabalho das abelhas.
1.5 Português
Constitui-se na correção do trabalho no contexto das normas cultas.
1.6 Arte
A produção da história em quadrinhos, relacionando o tipo de desenho,
pintura, utilização dos recursos para a criação da arte. Pode ser elaborado um mapa
conceitual do mel e os conceitos químicos aprendidos neste projeto.
O trabalho foi feito pelos alunos participantes deste projeto; os textos e
bibliografias foram selecionados a partir dos conteúdos do ano escolar e também do
interesse dos alunos, com a orientação da professora.
Esta ação foi realizada em 02 (duas) aulas.
1.7 Matemática
Foram trabalhadas as figuras geométricas.
3.1.5 Quinta ação: oficina
Esta etapa de aprendizado previu reflexão e ação a fim de definir como o
material coletado seria organizado para posterior disponibilização ao público. Foi
amplamente orientada pelo professor, pois é o momento em que o conteúdo teórico
foi contextualizado e também porque os alunos socializaram o trabalho.
A partir das informações colhidas na pesquisa de campo, da apropriação de
informações por meio dos conteúdos científicos os alunos produziram uma história
em quadrinhos (HQs).
Definindo a história em quadrinhos, consiste em “Um gênero de literatura
que, numa definição bastante simples, são formados por dois códigos de signos: a
imagem e a linguagem escrita” (LUYTEN, 2011 apud FOSSATTI, 2012, p.34 –
grifos no original).
Segundo Fossatti (2012), as HQs oferecem importante representação visual
do conhecimento, com destaque ao essencial, auxiliando na organização narrativa
da história, de fácil memorização, enriquecendo a leitura, a escrita e o pensamento e
desenvolvendo conexões entre o visual e o verbal.
Com relação às aulas de ciências, as HQs se constituem em relevante meio
de divulgação científica, servindo também como exercício de produção de textos,
exercício do humor, sensibilização em relação à arte e trabalho em equipe
(FERREIRA, 2009; SANTOS, 2003 apud FOSSATTI, 2102).
Um modelo de história em quadrinhos e vários desenhos foram
apresentados aos alunos, como subsídio à criação de sua própria arte sobre o mel.
Nesta atividade os alunos foram divididos em grupos e orientados pelo professor de
Artes que os auxiliou na elaboração dos desenhos no computador e técnica de
pintura.
Para os balões com o conteúdo sobre o mel, além da correção do conteúdo
químico, a professora de português fez a correção do conteúdo dentro das normas
cultas da língua portuguesa.
Pode ser consultado o site da Embrapa:
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/index.
htm
Esta ação foi realizada em 03 (três) aulas.
3.1.6 Sexta ação: socialização
Organizou-se uma mostra na escola para apresentar o resultado das
pesquisas realizadas sobre a História da Química através do estudo do mel e
derivados apícolas. Pretendeu-se que o material produzido oferecesse uma boa
contribuição para melhor assimilação e desmistificação da complexidade da
disciplina.
Foi convidada toda a comunidade escolar para visitação da mostra, de modo
que os alunos se apropriassem das informações sobre o mel. O convite se estendeu
a todos os alunos e apicultores do município e aos alunos da Casa Familiar Rural
para assistirem a palestra com o Professor Dr. Marcos Roberto da Rosa, autoridade
na pesquisa e estudos sobre o mel e produtos apícolas, com apresentação do
Hidromel.
Durante a mostra foi realizada nova pesquisa de campo com os alunos
participantes do projeto de intervenção, aplicando-se o mesmo questionário inicial,
visando verificar qual o grau de envolvimento, se houve mudanças na concepção
apresentada no momento inicial do projeto, o grau de entendimento dos alunos
sobre os conceitos químicos, juntamente com sua aplicação e história desenvolvidas
nesta pesquisa.
Esta ação foi realizada em 04 (quatro) aulas.
3.1.7 Sétima ação: conclusão do projeto de intervenção
Ao final da implementação do Projeto de Intervenção foram apresentados os
dados iniciais e finais da pesquisa de campo, de modo a fazer um comparativo entre
o conhecimento que os alunos possuíam, os avanços possíveis neste conhecimento,
de modo a criar um clima de interesse aos alunos pela Química e pelo mel, como um
todo.
Esta ação foi realizada em 01 (uma) aula.
4 Resultados obtidos na aplicação do Projeto de Intervenção
4.1 Dados obtidos com a aplicação do questionário
Para a avaliação do conhecimento dos alunos sobre o mel, são
apresentadas as notas atribuídas ao número de acertos pelos mesmos nos
questionários inicial e final.
Assim, avaliado o conhecimento de 21 (vinte e um) alunos, as notas da
pesquisa inicial e da pesquisa final são mostradas no Gráfico 1:
4
0
3
1
8
3
4
2
1
5
0
4
1
6
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Nota 4 Nota 5 Nota 6 Nota 7 Nota 8 Nota 9 Nota 10
Nota para o conhecimento inicial Nota para o conhecimento f inal
Gráfico 1 – Conhecimento inicial e conhecimento final dos alunos sobre o mel Fonte: Autoria, 2011.
Analisando os dados coletados e mediante a atribuição de nota para os
acertos da pesquisa inicial mostram que a maioria dos alunos obteve nota 6, ou seja,
oito, dos vinte e um alunos já detinha algum conhecimento sobre o mel.
Com a nota 7, quatro alunos responderam acertadamente às questões da
pesquisa, confirmando o seu conhecimento sobre o mel, mesmo número de alunos
que obteve nota 4, sendo estas 3 notas as mais atribuídas: 4, 6 e 7.
Na etapa final, a aplicação do questionário mostrou modificações acerca do
conhecimento dos alunos sobre o mel e as notas atribuídas aos acertos nas
questões são mostradas no Gráfico.
Verifica-se que houve aumento significativo na dimensão da nota atribuída,
subindo para nota 5 como a mais baixa, obtida por um aluno, bem como aumento na
nota 8, obtida por cinco alunos, a nota 9, obtida por 4 alunos e chegando a nota 10,
obtida por seis alunos, confirmando-se como as notas mais incidentes nesta etapa
final da pesquisa do conhecimento dos alunos sobre o mel, as notas 8, 9 e 10.
Verificando os dados no conjunto, constata-se que houve evolução no
conhecimento dos alunos sobre o mel, com respeito à atribuição de notas mais altas
e com maior incidência, como é o caso da nota 10, que aumentou de um para cinco
alunos; da nota 9, que saiu de zero alunos para quatro; da nota 8, que passou de um
aluno na pesquisa inicial para cinco alunos na etapa final.
Analisando estes resultados entende-se que houve melhora no
conhecimento dos alunos sobre o mel e sobre a Química, mostrando que o Projeto
de Intervenção obteve o atendimento aos objetivos os quais se propôs.
4.2 As Histórias em Quadrinhos e a percepção dos alunos sobre o mel
Das Histórias em Quadrinhos, foram desenvolvidas várias criações pelos
alunos, expressando temas que foram aprendidos ao longo da implementação do
projeto de intervenção, confirmando a aquisição de conhecimento e o aprendizado
sobre o mel.
Analisando as imagens constantes nas HQs constata-se que o aprendizado
adquirido pelos alunos pela aplicação do Projeto de Intervenção trouxe ótimos
resultados, destacando-se que além da compreensão sobre o mel e sobre a
Química, os alunos aprenderam acerca das características que envolvem este
produto.
Comprovadamente, a melhoria no conhecimento é demonstrada na criação
de HQs e nos textos produzidos sobre o mel, revelando a compreensão e o
entendimento, bem como a capacidade de criação de histórias que ilustrem o novo
conhecimento.
5 Conclusão
Chegar ao término de um trabalho que estendeu-se ao longo de um ano,
com diferentes intenções permeando a sua aplicação e com grandes expectativas
de obtenção de resultados, implica em relatar que todos os esforços foram
compensados e que surpresas diversas foram encontradas em sua trajetória.
Assim, com o propósito de desenvolver um projeto junto aos alunos do
Ensino Médio para que adquirissem uma imagem da ciência mais contextualizada
da Química com base em sua História como recurso didático na investigação sobre
os produtos apícolas e seu uso ao longo do tempo, aplicou-se o Projeto de
Intervenção durante 15 (quinze) aulas, seguindo um cronograma rigoroso quanto às
estratégias de ação que foram programadas.
Após realizado este Projeto de Intervenção, é possível responder ao
questionamento que deu origem a este trabalho, indicando que os alunos do Ensino
Médio podem obter um aprendizado significativo a partir do contexto histórico, com o
estudo da História do Mel e produtos apícolas, dentro do conteúdo de química,
partindo da explanação sobre as diferentes formas de inserção da História da
Ciência à Química.
Com esta introdução, estabeleceu-se uma relação entre a História da
Ciência e os conteúdos de Química. Realizando investigação de fatos históricos
relevantes em seu contexto sócio-econômico-cultural, estabeleceu-se uma relação
entre a História da Ciência e o Conhecimento Científico; por fim, foi diagnosticado o
conhecimento dos alunos sobre a Filosofia da Ciência e a História da Química com
relação ao uso dos produtos apícolas e também dos conceitos interdisciplinares de
Biologia, História, Geografia, Matemática, Sociologia, Português e Arte.
As surpresas do Projeto de Intervenção apareceram tanto no interesse
demonstrado pelos alunos, com participação ativa e responsável nas atividades do
Projeto, quanto na confirmação de que houve um efetivo avanço no conhecimento.
Finaliza-se este artigo sobre o Projeto de Intervenção pressupondo-se que
um grande passo foi dado no ensino de Ciências aos alunos do Ensino Médio,
representado pela participação e pela ampliação do conhecimento sobre o mel.
Pretende-se que este Projeto de intervenção seja estendido a todas as
escolas que dele possam fazer uso, com variações que se fizerem necessárias ao
bom desempenho das atividades e à participação e criatividade dos alunos.
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