Post on 15-Aug-2020
UNIVERSIDADE DE LISBOA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
O TRABALHO COLABORATIVO NAS FUNÇÕES
SUPERVISIVAS DO DIRETOR DE TURMA
Anabela Coelho do Val
APÊNDICES
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
Área de Especialidade em Supervisão e Orientação da Prática
Profissional
Dissertação Orientada pela Professora Doutora Maria João Mogarro
2017
98
APÊNDICES
99
ÍNDICE DE APÊNDICES
Apêndice A – Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma ………..………...100
Apêndice B – Guião da entrevista aos Diretores de Turma ……………………………….....……...148
Apêndice C – Protocolo de autorização para a realização das entrevistas aos diretores de turma ….149
Apêndice D – Transcrição das entrevistas …………………………………………...……….……..150
Apêndice E – Quadro de codificação para análise das entrevistas ……………………..…………..228
Apêndice F – Análise de conteúdo das entrevistas ………………….…………………….………..231
Apêndice G – Validação das entrevistas …………………………………………………….……..316
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
100
Identificaç
ão do
despacho,
decreto ou
portaria
Artigos em que aborda o DT Características Competências
Funções
Perfil/qualidades Observaçõ
es
Decreto n.º
48572 de 9
de setembro
de 1968
Art. 17.º
1. Os professores de cada turma devem reunir-
se em conselho, com o fim de estudar os
elementos respeitantes à observação e
orientação dos alunos e relações com o meio
familiar.
2. As reuniões dos conselhos de turma devem
realizar-se sempre sem prejuízo das
actividades escolares, cabendo aos professores
que nelas participam a gratificação constante
da tabela n.º 3, anexa ao Decreto-Lei n.º 48541
.
3. A presidência dos conselhos de turma
compete ao director de turma respectivo, o
qual designará o secretário.
Art. 144.º
1. Haverá para cada turma um director de
turma, a quem competirá, além de presidir aos
conselhos de turma e ao serviço de
orientação escolar a que se refere o n.º 2 do
artigo 115.º, apreciar os problemas
educativos e disciplinares relativos aos
alunos da turma e assegurar os contactos
com as famílias.
Conselho de Turma
DT – preside o CT
DT:
- preside a
orientação escolar
- analisa problemas
educativos e
disciplinares
- contacta com as
famílias
Pedagógicas
Disciplinares
Administrativas
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
101
2. Os directores de turma serão designados
pelo director da escola, preferentemente de
entre os professores das turmas respectivas,
podendo ter a seu cargo até quatro turmas.
Art. 145.º
1. Compete ao director de turma:
a) Presidir aos conselhos de turma e ao serviço
de orientação escolar, quando não estiver
presente autoridade superior, apreciar os
problemas educativos e disciplinares relativos
aos alunos da turma e assegurar os contactos
com a família, de harmonia com o disposto no
artigo anterior;
b) Assegurar a coordenação entre os grupos
de disciplinas;
c) Requisitar o material didáctico necessário
para os diferentes grupos de disciplinas e velar
pela sua utilização;
d) Propor ao director ou, por seu intermédio, à
Direcção de Serviços do Ciclo Preparatório o
que se lhe afigure de utilidade para o ensino e
acção
educativa dos alunos;
e) Desempenhar com carácter permanente, por
delegação do director, parte das funções deste,
conforme o preceituado no regulamento
interno da escola;
Promover a
coordenação entre
gupos
Pedagógicas
Disciplinares
Administrativas
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
102
f) Proceder em tudo de harmonia com as
instruções superiores, assegurando a execução
dessas instruções.
2. Este cargo é de aceitação obrigatória.
Decreto-Lei
n.º 769-A /
76 de 23 de
outubro
Art. 24.º
Ao conselho pedagógico incumbe a orientação
pedagógica do estabelecimento de ensino,
promovendo a cooperação entre todos os
membros da escola, de modo a garantir
adequado nível de ensino e conveniente
formação dos alunos.
Art. 25.º
- 1. Para o exercício das suas atribuições, o
conselho pedagógico apoiar-se-á,
nomeadamente, nos docentes organizados em
conselhos de grupo, subgrupo, disciplina ou
especialidade e, ainda, de ano e de turma.
2. Os conselhos referidos no número anterior
serão presididos por professores eleitos
anualmente de entre os docentes
profissionalizados, salvo onde os não haja,
caso em que caberá ao conselho directivo a sua
nomeação, ouvidos os respectivos conselhos.
Art. 27.º
Compete aos conselhos de docentes de ano ou
de turma dar parecer sobre todas as questões
de natureza pedagógica e disciplinar que a
esses anos ou turmas digam respeito.
Art. 28.º
Cooperação
Conselho de turma
Presidente do
conselho de turma -
profissionalizado
Pedagógicas
Disciplinares
Revogado
pelo artigo
53 do
Decreto-Lei
n.º 172/91,
de 10 de
maio
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
103
Quando os conselhos de ano ou de turma se
reunirem para tratar de questões de natureza
disciplinar, serão presididos pelo presidente
do conselho pedagógico, deles fazendo parte
dois representantes dos alunos do respectivo
ano ou turma e, ainda, um representante dos
encarregados de educação, este sem voto
deliberativo.
CT presididos pelo
presidente do CP
Portaria
674/77 de 3
de
novembro
Manda o Governo da República Portuguesa,
pelo Ministro da Educação e Investigação
Científica, nos termos do Decreto-Lei n.º
47587, de 10 de Março de 1967, o seguinte:
1 - Os orientadores de estágio deverão fazer
parte dos conselhos pedagógicos dos
estabelecimentos de ensino preparatório e
secundário, instituídos pelo artigo 22.º do
Decreto-Lei n.º 769-A/76, de 23 de Outubro.
2 - Em cada estabelecimento de ensino
constituir-se-á um conselho de directores de
turma, que elegerá dois membros, os quais
integrarão os conselhos pedagógicos dos
estabelecimentos de ensino preparatório e
secundário, instituídos pelo artigo 22.º do
Decreto-Lei n.º 769-A/76, de 23 de Outubro.
Portaria
679/77 de 8
de
novembro
2.3 - Os representantes dos directores de turma
entrarão em funções após a sua eleição.
7.3 - Conselho de turma:
7.3.1 - Nas turmas do ensino preparatório, do
ensino secundário unificado e dos cursos
Eleitos
Revogado
pela
Portaria
970/80 de
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
104
gerais diurnos em extinção haverá directores
de turma, cujas atribuições são:
a) Relativamente aos conselhos directivo e
pedagógico:
1) Servir de apoio à acção dos conselhos
directivo e pedagógico;
2) Comunicar ao presidente do conselho
directivo os casos disciplinares cuja
gravidade entenda que excedem a sua
competência;
b) Relativamente aos alunos:
1) Esclarecer os alunos antes da eleição do
delegado de turma, pelo que respeita à matéria
processual;
2) Reunir com os alunos sempre que
necessário, por sua iniciativa, a pedido do
aluno delegado de turma ou da maioria dos
alunos, a fim de resolver problemas surgidos
com a turma ou acerca dos quais interesse
ouvi-la;
3) Estabelecer contactos frequentes com o
aluno delegado de turma para se manter ao
corrente de todos os assuntos relacionados com
a turma;
c) Relativamente aos encarregados de
educação:
1) Receber individualmente os
encarregados de educação em dia e hora para
tal fim indicados, sem prejuízo de outras
Mediador
Promotor do
diálogo
Contacto regular
com o delegado de
turma
Reúne
individualmente
com os EE
Disciplinares
Trabalha diretamente
com:
- conselhos diretivo
e pedagógico;
Alunos;
EE.
12 de
novembro
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
105
diligências que junto destes se tornarem
necessárias;
2) Organizar e convocar reuniões com os
encarregados de educação para informação e
esclarecimento acerca de avaliação,
orientação, disciplina e actividades
escolares;
3) Informar, segundo as normas em vigor, os
encarregados de educação a respeito do
aproveitamento, assiduidade e
comportamento dos alunos.
7.3.2 - O conselho de turma será constituído
por todos os professores da turma e pelo
aluno delegado de turma, sob a presidência
do director de turma, quando existir, ou do
professor eleito pelos membros do conselho de
turma para presidir às reuniões.
7.3.3 - O aluno delegado de turma não assistirá
às reuniões que tratem de assuntos
relacionados com exames, nem às reuniões de
avaliação no final de cada período lectivo.
7.3.4 - As reuniões do conselho de turma serão
de três tipos:
a) Para apuramento periódico do
aproveitamento e assiduidade dos alunos;
b) Para coordenação da actividade dos
professores de turma, com vista a análise e
solução de problemas de natureza
pedagógico-didáctica referentes ao binómio
ensino-aprendizagem;
CT
Tipos de CT:
ordinários e
extraordinários
Pedagógicas
Disciplinares
Administrativas
Pedagógicas
Disciplinares
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
106
c) Para conhecimento e proposta de resolução
de questões de natureza disciplinares.
7.3.5 - O conselho de turma terá reuniões
ordinárias e extraordinárias:
a) Reunir-se-á ordinariamente, no início e no
meio de cada período lectivo, para análise dos
problemas de natureza pedagógica, e, no fim,
para avaliação, de acordo com o plano de
reuniões elaborado pelo conselho pedagógico;
b) Reunir-se-á extraordinariamente sempre
que quaisquer assuntos de natureza pedagógica
ou disciplinar o justifiquem.
7.3.6 - As reuniões ordinárias do conselho de
turma serão convocadas pelo respectivo
director ou, na falta deste, por professor eleito
pelo conselho de turma.
7.3.7 - As reuniões extraordinárias serão
convocadas pelo presidente directivo, por sua
iniciativa ou por proposta do director de turma
ou de, pelo menos, dois terços dos membros do
conselho de turma.
7.3.8 - São atribuições do conselho de turma:
a) Planear e coordenar as relações
interdisciplinares a nível de turma;
b) Debater problemas pedagógicos e
disciplinares relacionados com os alunos da
turma, nomeadamente aproveitamento,
assiduidade, disciplina, ritmo da
aprendizagem, medidas de recuperação,
casos de inadaptação escolar.
Pedagógicas
Disciplinares
Administrativas
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
107
7.3.9 - Para além das relações indicadas no
número anterior, competirá ao director de
turma:
a) Convocar as reuniões ordinárias do conselho
de turma;
b) Organizar e manter actualizado o dossier
da turma, o qual incluirá uma ficha por
aluno e poderá ser consultado pelos
professores da turma, com excepção de
documentos de carácter estritamente
confidencial;
c) Verificar semanalmente junto do elemento
do pessoal auxiliar responsável o registo das
faltas dos alunos da turma;
d) Velar por que os encarregados de educação
sejam informados por escrito, sempre que o
número de faltas dos respectivos educandos
atingir metade ou o total do limite legalmente
estabelecido, para o que lhe deverão ser
entregues, no início do ano e devidamente
endereçados, dois postais dos CTT.
Portaria
970/80 de
12 de
novembro
2) Do conselho de directores de turma
(Atribuições)
59 - São atribuições do conselho de directores
de turma:
59.1 - Promover a realização de acções que
estimulem a interdisciplinaridade.
59.2 - Dinamizar a execução das orientações
do conselho pedagógico no sentido da
formação psicopedagógica dos docentes.
Conselho de dt’s
Revoga a
Portaria
679/77 de 8
de
novembro,
com
exceção das
questões
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
108
59.3 - Analisar as propostas dos conselhos de
turma quanto à solução dos problemas de
integração de docentes e de discentes na vida
escolar.
59.4 - Preparar as recomendações e sugestões
a apresentar ao conselho pedagógico.
(Constituição)
60 - O conselho de directores de turma é
constituído pelos directores de turma
designados nas condições definidas na
presente portaria.
(Funcionamento)
61 - No início do ano lectivo, o conselho
directivo promoverá uma reunião em que os
directores de turma possam eleger entre si um
coordenador e um subcoordenador, que
serão os seus representantes no conselho
pedagógico.
62 - Nas escolas em regime de desdobramento,
o coordenador e o subcoordenador devem ter
horários diversificados, um predominante de
manhã e o outro predominante de tarde.
63 - O coordenador e o subcoordenador devem
ser, sempre que possível, professores
profissionalizados com reconhecida
experiência e, portanto, capazes de apoiar os
colegas que a eles recorram.
64 - O coordenador e o subcoordenador terão
direito, pelo exercício dessa função,
Coordenador dos
dt’s
Experiente
Capacidade de
colaboração,
comunicação e
cooperação
disciplinare
s
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
109
respectivamente, a três e duas horas
semanais de redução de serviço lectivo.
65 - O coordenador e o subcoordenador devem
apresentar ao conselho pedagógico todas as
questões e problemas que os directores de
turma achem necessário serem aí discutidos,
transmitindo-lhes posteriormente as
conclusões obtidas.
66 - O conselho de directores de turma terá
reuniões ordinárias e extraordinárias:
a) Reunir-se-á ordinariamente uma vez por
período para troca de impressões e acerto de
critérios com vista às reuniões de
apuramento do aproveitamento e
assiduidade dos alunos;
b) Reunir-se-á extraordinariamente sempre
que quaisquer assuntos de natureza pedagógica
ou disciplinar o justifiquem.
67 - As reuniões ordinárias serão convocadas
pelo presidente do conselho directivo, podendo
estar presente um elemento deste conselho.
68 - As reuniões extraordinárias serão
convocadas pelo presidente do conselho
directivo por sua iniciativa, por proposta do
coordenador ou, pelo menos, dois terços dos
directores de turma.
69 - Apenas as reuniões extraordinárias
convocadas por iniciativa do presidente do
conselho directivo serão por ele presididas.
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
110
70 - As restantes reuniões ordinárias ou
extraordinárias serão presididas pelo
coordenador ou, no seu impedimento, pelo
subcoordenador.
71 - As faltas dadas às reuniões dos conselhos
de directores de turma equivalem a dois
tempos lectivos.
3) Directores de turma
(Normas genéricas)
72 - Nas turmas do ensino preparatório, do
ensino secundário unificado e dos cursos
complementares diurnos haverá directores de
turma.
73 - A atribuição das direcções de turma é da
competência do conselho directivo, ou de
quem as suas vezes fizer, tendo em atenção
critérios propostos pelo conselho pedagógico.
74 - Os directores de turma devem ser, sempre
que possível, professores profissionalizados.
74.1 - A atribuição das direcções de turma
deverá ser feita tendo em conta, como
desejáveis, os seguintes requisitos:
74.1.1 - Capacidade de relacionação fácil com
os alunos, restantes professores, pessoal
não docente e encarregados de
educação, expressa pela sua
comunicabilidade e modo como são
aceites.
DT’s
Relacionamento
interpessoal
Dinamismo
Tolerância
Compreensão
Métodos/metódico/o
rganizado
Disponibilidade
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
111
74.1.2 - Tolerância e compreensão
associadas sempre a atitudes de
firmeza que impliquem respeito
mútuo.
74.1.3 - Bom senso e ponderação.
74.1.4 - Espírito metódico e dinamizador.
74.1.5 - Disponibilidade para apreciar as
solicitações a que têm de responder.
74.1.6 - Capacidade de prever situações e de
solucionar problemas sem os deixar
avolumar.
75 - O número máximo de direcções de turma
a atribuir a um professor é de duas.
76 - A redução do tempo de serviço lectivo
referente a cada direcção de turma é de duas
horas semanais, sendo uma delas
obrigatoriamente marcada no horário do
professor.
77 - O cargo de director de turma é de
aceitação obrigatória, salvo os casos de
escusa considerada justificada pelo conselho
directivo.
78 - Quando o director de turma estiver
impedido de exercer as suas funções, por
período dilatado, o conselho directivo
designará interinamente novo director de
turma, que entrará imediatamente em
exercício, ao qual serão concedidas as
correspondentes duas horas de redução
enquanto exercer tais funções.
Capacidade de
resolução de
problemas
Autenticidade
Bom senso – justiça
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
112
78.1 - Comunicado o facto à direcção-geral de
ensino respectiva, esta homologará a decisão
ou comunicará a sua não aceitação.
79 - Os conselhos directivos, no início do ano
lectivo, devem fornecer aos directores de
turma a respectiva legislação vigente, assim
como quaisquer outros documentos
considerados úteis para o desempenho dessa
função.
(Atribuições)
80 - São atribuições do director de turma:
80.1 - Desenvolver as acções que promovam e
facilitem uma integração correcta dos alunos
na vida escolar.
80.2 - Incentivar as condições que conduzam à
existência de um diálogo permanente com
alunos e pais ou encarregados de educação,
tendo em vista um esclarecimento e
colaboração recíproca do andamento dos
trabalhos da solução das dificuldades pessoais
e escolares.
80.3 - Criar condições de participação efectiva
dos professores na planificação dos trabalhos,
na acção disciplinar e nas acções de
informação e esclarecimento de alunos, pais e
encarregados de educação.
80.4 - Providenciar no sentido de que seja
assegurada aos professores da turma a
existência dos meios e documentos de trabalho
Conhecer a
legislação em
vigor
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
113
e de orientação necessários ao desempenho das
actividades.
4) Do conselho de turma
(Atribuições)
81 - O conselho de turma terá as seguintes
atribuições:
81.1 - Articular as suas actividades com o
conselho de grupo, subgrupo ou disciplina,
designadamente no que se refere ao
planeamento e coordenação das relações
interdisciplinares a nível de turma.
81.2 - Analisar, em colaboração com o
conselho de directores de turma, os problemas
de integração dos alunos na escola e no
trabalho escolar e as relações interpessoais de
professores e alunos, propondo as soluções que
parecerem mais adequadas.
81.3 - Colaborar nas acções que favoreçam a
inter-relação da escola com o meio.
81.4 - Dar execução às orientações do conselho
pedagógico, propondo as alterações que a
prática aconselha.
(Constituição)
82 - O conselho de turma será constituído por
todos os professores da turma e pelo aluno
delegado de turma sob a presidência do
director de turma ou do docente que as suas
vezes fizer, salvo quando tiver de reunir para
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
114
apreciar questões de ordem disciplinar, em que
terá a constituição determinada pelo artigo 28.º
do Decreto-Lei 769-A/76, de 23 de Outubro,
com a redacção dada pelo Decreto-Lei 376/80,
de 12 de Setembro.
83 - O aluno delegado de turma não assistirá às
reuniões que tratem de assuntos relacionados
com exames nem às reuniões de avaliação no
final de cada período lectivo.
(Funcionamento)
84 - O conselho de turma terá reuniões
ordinárias e extraordinárias.
84.1 - Reunir-se-á ordinariamente no início do
ano lectivo e nos períodos superiormente
fixados para a avaliação do rendimento escolar
dos alunos, de acordo com o calendário
aprovado pelo conselho directivo, podendo a
respectiva convocatória ser feita por meio de
afixação na sala de pessoal docente, com o
mínimo de setenta e duas horas de
antecedência, devendo com a mesma
antecedência ser notificado o aluno delegado
de turma.
84.2 - Reunir-se-á extraordinariamente sempre
que quaisquer assuntos de natureza pedagógica
ou disciplinar o justifiquem.
85 - As datas e horários das reuniões ordinárias
do conselho de turma serão fixadas pelo
conselho directivo.
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
115
86 - As reuniões extraordinárias serão
convocadas com, pelo menos, quarenta e oito
horas de antecedência pelo presidente do
conselho directivo, por sua iniciativa, por
proposta do director de turma, ou de, pelo
menos, dois terços dos membros do conselho
de turma.
87 - Se as reuniões referidas no número
anterior forem convocadas com antecedência
inferior a setenta e duas horas, terão de ser
informados individualmente os membros do
respectivo conselho.
88 - As faltas dadas às reuniões dos conselhos
de turma equivalem a dois tempos lectivos.
Despacho
8/SERE/89,
de 8 de
fevereiro
Revogado
pelo
Decreto
Regulament
ar 10/99, de
21 de julho
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
116
Decreto-lei
172/91, de
10 de Maio
Artigo 36.º
Estruturas de orientação educativa
1 - As estruturas de orientação educativa que
colaboram com o conselho pedagógico no
exercício da respectiva competência são as
seguintes:
a) Departamento curricular;
b) Chefe de departamento curricular;
c) Conselho de turma;
d) Coordenador de ano dos directores de
turma;
e) Director de turma;
f) Director de instalações;
g) Serviços de psicologia e orientação;
h) Departamento de formação.
2 - As estruturas previstas nas alíneas g) e h)
do número anterior são objecto de
regulamentação por portaria do Ministro da
Educação.
Artigo 39.º
Conselho de turma
1 - O conselho de turma é constituído pelo
director de turma, pelos professores de turma,
por dois representantes dos alunos, no 3.º ciclo
do ensino básico e no ensino secundário, sendo
um deles designado pela associação de
estudantes e o outro eleito pelos alunos da
turma, e por dois representantes dos pais e
encarregados de educação, a designar pela
(revoga o
Decreto-Lei
n.º 769-
A/76 de 23
de outubro
e a Portaria
nº 674/77
de 3 de
novembro)
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
117
associação de pais, sendo um deles
representante dos pais e encarregados de
educação da turma e o outro da direcção da
associação de pais.
2 - Caso não exista na escola associação de
estudantes ou de pais e encarregados de
educação, os representantes referidos no
número anterior serão eleitos de entre,
respectivamente, os alunos ou os pais e
encarregados de educação da turma.
3 - Nas reuniões do conselho de turma para
avaliação periódica dos alunos é vedada a
presença dos representantes dos alunos e dos
pais e encarregados de educação.
Artigo 40.º
Coordenadores de directores de turma
O coordenador de ano dos directores de turma
é eleito de entre os directores de turma de um
mesmo ano.
Artigo 41.º
Director de turma
O director de turma é escolhido pelo director
executivo de entre os professores da turma.
Portaria n.°
921/92 -
Competênci
9.° Diretor de Turma
1- O director de turma deverá ser,
preferencialmente, um professor
Revogado
pelo
Decreto
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
118
as do diretor
de turma
profissionalizado nomeado pelo director
executivo de entre os professores da turma,
tendo em conta a sua competência
pedagógica e capacidade de
relacionamento.
2 - Sem prejuízo do disposto no número
anterior, e sempre que possível, deverá ser
nomeado director de turma o professor que no
ano anterior tenha exercido tais funções na
turma a que pertenceram os mesmos alunos.
10.° Competências
São competências do director de turma:
a) Promover junto do conselho de turma a
realização de acções conducentes à
aplicação do projecto educativo da escola,
numa perspectiva de envolvimento dos
encarregados de educação e de abertura à
comunidade;
b) Assegurar a adopção de estratégias
coordenadas relativamente aos alunos da
turma, bem como a criação de condições para
a realização de actividades interdisciplinares,
nomeadamente no âmbito da área-escola;
c) Promover um acompanhamento
individualizado dos alunos, divulgando junto
dos professores da turma a informação
necessária à adequada orientação educativa
dos alunos e fomentando a participação dos
Continuidade
Projeto Educativo
Pedagógicas
Pedagogia
Relacionamento
Regulament
ar 10/99, de
21 de Julho
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
119
pais e encarregados de educação na
concretização de acções para orientação e
acompanhamento;
d) Promover a rentabilização dos recursos e
serviços existentes na comunidade escolar e
educativa, mantendo os alunos e encarregados
de educação informados da sua existência;
e) Elaborar e conservar o processo individual
do aluno facultando a sua consulta ao aluno,
professores da turma, pais e encarregados de
educação.
f) Apreciar ocorrências de insucesso
disciplinar, decidir da aplicação de medidas
imediatas no quadro das orientações do
conselho pedagógico em matéria disciplinar e
solicitar ao director executivo a convocação
extraordinária do conselho de turma;
g) Assegurar a participação dos alunos,
professores, pais e encarregados de educação
na aplicação de medidas educativas
decorrentes da apreciação de situações de
insucesso disciplinar;
h) Coordenar o processo de avaliação
formativa e sumativa dos alunos, garantindo o
seu carácter globalizante e integrador,
solicitando, se necessário, a participação dos
outros intervenientes na avaliação;
i) Coordenar a elaboração do plano de
recuperação do aluno decorrente da
Administrativas
Disciplinares
Pedagógicas
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
120
avaliação sumativa extraordinária e manter
informado o encarregado de educação;
j) Propor aos serviços competentes a avaliação
especializada, após solicitação do conselho de
turma;
l) Garantir o conhecimento e o acordo prévio
do encarregado de educação para a
programação individualizada do aluno e para o
correspondente itinerário de formação
recomendados no termo da avaliação
especializada;
m) Elaborar, em caso de retenção do aluno no
mesmo ano, um relatório que inclua uma
proposta de repetição de todo o plano de
estudos desse ano ou de cumprimento de um
plano de apoio específico e submetê-lo à
aprovação do conselho pedagógico, através do
coordenador de ano dos directores de turma;
n) Propor, na sequência da decisão do conselho
de turma, medidas de apoio educativo
adequadas e proceder à respectiva avaliação;
o) Apresentar ao coordenador de ano dos
directores de turma o relatório elaborado pelos
professores responsáveis pelas medidas de
apoio educativo;
p) Presidir às reuniões de conselho de turma,
realizadas, entre outras, com as seguintes
finalidades:
Avaliação de dinâmica global da turma;
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
121
Planificação e avaliação de projectos de
âmbito interdisciplinar, nomeadamente da
área-escola;
Formalização da avaliação formativa e
sumativa;
q) Apresentar ao coordenador de ano, até 20 de
Junho de cada ano, um relatório de avaliação
das actividades desenvolvidas.
11.° Coordenador de ano
O coordenador de ano é um director de turma
eleito de entre os seus pares, considerando a
sua competência na dinamização e
coordenação de projectos educativos.
Relatório crítico
anual de
autoavaliação da
atividade de DT
Decreto Lei
n.º 115-
A/98, de 4
de Maio
Artigo 34º
(Estruturas de orientação educativa)
1. Com vista ao desenvolvimento do projecto
educativo da escola, são fixadas no
regulamento interno as estruturas que
colaboram com o conselho pedagógico e com
a direcção executiva, no sentido de assegurar o
acompanhamento eficaz do percurso escolar
dos alunos na perspectiva da promoção da
qualidade educativa.
2. A constituição de estruturas de orientação
educativa visa, nomeadamente:
Docs estruturantes
PE
RI
http://www.
fenprof.pt/?
aba=27&ca
t=76&doc=
156
Revogado
pelo
decreto-lei
137-2012
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
122
a) O reforço da articulação curricular na
aplicação dos planos de estudo definidos a
nível nacional, bem como o desenvolvimento
de componentes curriculares por iniciativa da
escola;
b) A organização, o acompanhamento e a
avaliação das actividades de turma ou grupo de
alunos;
c) A coordenação pedagógica de cada ano,
ciclo ou curso.
Artigo 36º
(Organização das actividades de turma)
1. Em cada escola, a organização, o
acompanhamento e a avaliação das actividades
a desenvolver com as crianças ou com os
alunos pressupõe a elaboração de um plano de
trabalho, o qual deve integrar estratégias de
diferenciação pedagógica e de adequação
curricular para o contexto da sala de
actividades ou da turma, destinadas a
promover a melhoria das condições de
aprendizagem e a articulação escola-
família, sendo da responsabilidade:
a) Dos educadores de infância, na educação
pré-escolar;
b) Dos professores titulares das turmas, no 1º
ciclo do ensino básico;
Plano de trabalho
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
123
c) Do conselho de turma, nos 2º e 3º ciclos do
ensino básico e no ensino secundário,
constituído pelos professores da turma, por um
delegado dos alunos e por um representante
dos pais e encarregados de educação.
2. Para coordenar o desenvolvimento do plano
de trabalho referido na alínea c) do número
anterior, a direcção executiva designa um
director de turma, de entre os professores
da mesma, sempre que possível,
profissionalizado.
3. Nas reuniões do conselho de turma previstas
na alínea c) do nº 1, quando destinadas à
avaliação sumativa dos alunos, apenas
participam os membros docentes.
4. No âmbito do desenvolvimento contratual
da sua autonomia, a escola pode, ainda,
designar professores tutores que
acompanharão, de modo especial, o processo
educativo de um grupo de alunos.
Decreto
Regulament
ar n.° 10/99
de 21 de
Julho -
Competênci
as das
estruturas
de
Artigo 7.° Director de turma
1 - A coordenação das actividades do conselho
de turma é realizada pelo director de turma, o
qual é designado pela direcção executiva de
entre os professores da turma, sendo escolhido,
preferencialmente, um docente
profissionalizado.
2 - Sem prejuízo de outras competências
fixadas na lei e no regulamento interno, ao
director de turma compete:
Revogado
pelo
decreto-lei
137-2012
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
124
orientação
educativa
a) Assegurar a articulação entre os
professores da turma e com os alunos,
pais e encarregados de educação;
b) Promover a comunicação e formas de
trabalho cooperativo entre professores e
alunos;
c) Coordenar, em colaboração com os
docentes da turma, a adequação de
actividades, conteúdos, estratégias e
métodos de trabalho à situação concreta do
grupo e à especificidade de cada aluno;
d) Articular as actividades da turma com
os pais e encarregados de educação
promovendo a sua participação;
e) Coordenar o processo de avaliação dos
alunos garantindo o seu carácter
globalizante e integrador;
f) Apresentar à direcção executiva um
relatório crítico, anual, do trabalho
desenvolvido.
Comunicação
Cooperação
Colaboração
Decreto-Lei
n.º 3/2008
de 7 de
Janeiro
Artigo 10.º
Elaboração do programa educativo
individual
2 — Nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e no
ensino secundário e em todas as modalidades
não sujeitas a monodocência, o programa
educativo individual é elaborado pelo
director de turma, pelo docente de educação
especial,
Elaboração do PEI
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
125
pelos encarregados de educação e sempre que
se considere necessário pelos serviços
referidos na alínea a) do n.º 1 e no n.º 2 do
artigo 6.º, sendo submetido à aprovação do
conselho pedagógico e homologado pelo
conselho executivo.
Artigo 11.º
Coordenação do programa educativo
individual
1 — O coordenador do programa educativo
individual é o educador de infância, o
professor do 1.º ciclo ou o director de turma, a
quem esteja atribuído o grupo ou a turma que
o aluno integra.
Artigo 13.º
Acompanhamento do programa educativo
individual
3 — Dos resultados obtidos por cada aluno
com a aplicação das medidas estabelecidas no
programa educativo individual, deve ser
elaborado um relatório circunstanciado no
final do ano lectivo.
4 — O relatório referido no número anterior é
elaborado, conjuntamente pelo educador de
infância, professor do 1.º ciclo ou director de
turma, pelo docente de educação especial, pelo
psicólogo e pelos docentes e técnicos que
acompanham o desenvolvimento do processo
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
126
educativo do aluno e aprovado pelo conselho
pedagógico e pelo encarregado de educação.
Artigo 18.º
Adequações curriculares individuais
1 — Entende-se por adequações curriculares
individuais aquelas que, mediante o parecer do
conselho de docentes ou conselho de turma,
conforme o nível de educação e ensino, se
considere que têm como padrão o currículo
comum, no caso da educação pré-escolar as
que respeitem as orientações curriculares, no
ensino básico as que não põem em causa a
aquisição das competências terminais de ciclo
e, no ensino secundário, as que não põem em
causa as competências essenciais das
disciplinas.
Decreto-lei
75/2008, de
22 de Abril
Alterado
pelo
137/2012
Essa autonomia exprime-se, em primeiro
lugar, na faculdade de auto-organização da
escola. Neste domínio, o presente decreto-lei
estabelece um enquadramento legal mínimo,
determinando apenas a criação de algumas
estruturas de coordenação de 1.º nível
(departamentos curriculares) com assento no
conselho pedagógico e de acompanhamento
dos alunos (conselhos e directores de turma).
No mais, é dada às escolas a faculdade de se
organizarem, de criar estruturas e de as fazer
representar no conselho pedagógico, para o
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
127
qual se estabelece, por razões de
operacionalidade, um número limitado de
membros.
Artigo 20.º
Competências
4 - Sem prejuízo das competências que lhe
sejam cometidas por lei ou regulamento
interno, no plano da gestão pedagógica,
cultural, administrativa, financeira e
patrimonial, compete ao director, em especial:
a) Definir o regime de funcionamento do
agrupamento de escolas ou escola não
agrupada;
b) Elaborar o projecto de orçamento, em
conformidade com as linhas orientadoras
definidas pelo conselho geral;
c) Superintender na constituição de turmas e na
elaboração de horários;
d) Distribuir o serviço docente e não docente;
e) Designar os coordenadores de escola ou
estabelecimento de educação pré-escolar;
f) Designar os coordenadores dos
departamentos curriculares e os directores
de turma;
Estruturas de coordenação e supervisão
Artigo 42.º - Estruturas de coordenação
educativa e supervisão pedagógica
1 - Com vista ao desenvolvimento do projecto
educativo, são fixadas no regulamento interno
Supervisão
pedagógica
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
128
as estruturas que colaboram com o conselho
pedagógico e com o director, no sentido de
assegurar a coordenação, supervisão e
acompanhamento das actividades escolares,
promover o trabalho colaborativo e realizar a
avaliação de desempenho do pessoal docente.
2 - A constituição de estruturas de coordenação
educativa e supervisão pedagógica visa,
nomeadamente:
a) A articulação e gestão curricular na
aplicação do currículo nacional e dos
programas e orientações curriculares e
programáticas definidos a nível nacional, bem
como o desenvolvimento de componentes
curriculares por iniciativa do agrupamento de
escolas ou escola não agrupada;
b) A organização, o acompanhamento e a
avaliação das actividades de turma ou grupo
de alunos;
c) A coordenação pedagógica de cada ano,
ciclo ou curso;
d) A avaliação de desempenho do pessoal
docente.
Artigo 44.º - Organização das actividades de
turma
1 - Em cada escola, a organização, o
acompanhamento e a avaliação das actividades
a desenvolver com os alunos e a articulação
entre a escola e as famílias é assegurada:
Trabalho
colaborativo
Supervisão
pedagógica ao nível
do CT
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
129
a) Pelos educadores de infância, na educação
pré-escolar;
b) Pelos professores titulares das turmas, no 1.º
ciclo do ensino básico;
c) Pelo conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos
do ensino básico e no ensino secundário,
com a seguinte constituição:
i) Os professores da turma;
ii) Dois representantes dos pais e encarregados
de educação;
iii) Um representante dos alunos, no caso do
3.º ciclo do ensino básico e no ensino
secundário.
2 - Para coordenar o trabalho do conselho
de turma, o director designa um director de
turma de entre os professores da mesma,
sempre que possível pertencente ao quadro
do respectivo agrupamento de escolas ou
escola não agrupada.
3 - Nas reuniões do conselho de turma em que
seja discutida a avaliação individual dos alunos
apenas participam os membros docentes.
4 - No desenvolvimento da sua autonomia, o
agrupamento de escolas ou escola não
agrupada pode ainda designar professores
tutores para acompanhamento em particular do
processo educativo de um grupo de alunos.
Decreto-Lei
n.º
139/2012
Artigo 24.º -C
Intervenientes no processo de avaliação
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
130
de 5 de
julho
Alterado
pelo
Decreto-Lei
n.º 17/2016
de 4 de abril
1 — Na avaliação das aprendizagens intervêm
todos os professores envolvidos, assumindo
particular responsabilidade o professor titular
de turma, no 1.º ciclo, e os professores que
integram o conselho de turma, nos 2.º e 3.º
ciclos do ensino básico e no ensino secundário.
Artigo 26.º -A
Progressão e retenção
1 — Em situações em que o aluno não
desenvolva
as aprendizagens definidas para o ano de
escolaridade que frequenta, o professor titular
de turma, no 1.º ciclo, ouvido o conselho de
docentes, ou o conselho de turma, nos 2.º e 3.º
ciclos, deve propor as medidas necessárias
para superar as dificuldades detetadas no
percurso escolar do aluno.
2 — Caso o aluno não desenvolva as
aprendizagens definidas para um ano não
terminal de ciclo que, fundamentadamente,
comprometam o desenvolvimento das
aprendizagens definidas para o ano de
escolaridade subsequente, o professor titular
de turma, no 1.º ciclo, ouvido o conselho de
docentes, ou o conselho de turma, nos 2.º e 3.º
ciclos, pode, a título excecional, determinar a
retenção do aluno no mesmo ano de
escolaridade.
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
131
4 — Verificando -se a retenção, compete ao
professor titular de turma, no 1.º ciclo, e ao
conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos,
identificar as aprendizagens não desenvolvidas
pelo aluno, as quais devem ser tomadas em
consideração na elaboração de um plano
individual ou do plano da turma em que o
referido aluno venha a
ser integrado no ano escolar subsequente.
Lei n.º
51/2012
de 5 de
setembro
Aprova o
Estatuto do
Aluno e
Ética
Escolar,
Artigo 8.º
Representação dos alunos
3 — O delegado e o subdelegado de turma têm
o direito de solicitar a realização de reuniões
da turma, sem prejuízo do cumprimento das
atividades letivas.
4 — Por iniciativa dos alunos ou por sua
própria iniciativa, o diretor de turma ou o
professor titular de turma pode solicitar a
participação dos representantes dos pais ou
encarregados de educação dos alunos da turma
na reunião
referida no número anterior.
Artigo 11.º
Processo individual do aluno
— Têm acesso ao processo individual do
aluno, além do próprio, os pais ou
encarregados de educação, quando aquele for
menor, o professor titular da turma ou o diretor
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
132
de turma, os titulares dos órgãos de gestão e
administração da escola e os funcionários
afetos aos serviços de gestão
de alunos e da ação social escolar.
Artigo 12.º
Outros instrumentos de registo
4 — As fichas de registo da avaliação contêm,
de forma sumária, os elementos relativos ao
desenvolvimento dos conhecimentos,
capacidades e atitudes do aluno e são entregues
no final de cada momento de avaliação,
designadamente, no final de cada período
escolar, aos pais ou ao encarregado de
educação pelo professor titular da turma,
Artigo 14.º
Faltas e sua natureza
3 — As faltas são registadas pelo professor
titular de turma, pelo professor responsável
pela aula ou atividade ou pelo diretor de turma
em suportes administrativos adequados.
Artigo 16.º
Justificação de faltas
l) Outro facto impeditivo da presença na escola
ou em qualquer atividade escolar, desde que,
comprovadamente, não seja imputável ao
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
133
aluno e considerado atendível pelo diretor,
pelo diretor de turma ou pelo professor titular;
— A justificação das faltas exige um pedido
escrito
apresentado pelos pais ou encarregados de
educação ou, quando maior de idade, pelo
próprio, ao professor titular da turma ou ao
diretor de turma, com indicação do dia e
da atividade letiva em que a falta ocorreu,
referenciando os motivos justificativos da
mesma na caderneta escolar, tratando -se de
aluno do ensino básico, ou em impresso
próprio, tratando -se de aluno do ensino
secundário.
3 — O diretor de turma, ou o professor titular
da turma, pode solicitar aos pais ou
encarregado de educação, ou ao aluno maior de
idade, os comprovativos adicionais que
entenda necessários à justificação da falta,
devendo,
igualmente, qualquer entidade que para esse
efeito for contactada, contribuir para o correto
apuramento dos factos.
Artigo 17.º
Faltas injustificadas
3 — As faltas injustificadas são comunicadas
aos pais ou
encarregados de educação, ou ao aluno maior
de idade, pelo
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
134
diretor de turma ou pelo professor titular de
turma, no prazo
máximo de três dias úteis, pelo meio mais
expedito.
3 — Quando for atingido metade dos limites
de faltas
previstos nos números anteriores, os pais ou o
encarregado
de educação ou o aluno maior de idade são
convocados à
escola, pelo meio mais expedito, pelo diretor
de turma ou
pelo professor que desempenhe funções
equiparadas ou
pelo professor titular de turma.
Artigo 19.º
Efeitos da ultrapassagem dos limites de faltas
4 — Todas as situações, atividades, medidas
ou suas
consequências previstas no presente artigo são
obrigatoriamente
comunicadas, pelo meio mais expedito, aos
pais ou ao encarregado de educação ou ao
aluno, quando
maior de idade, ao diretor de turma e ao
professor tutor
do aluno, sempre que designado, e registadas
no processo
individual do aluno.
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
135
Artigo 23.º
Participação de ocorrência
2 — O aluno que presencie comportamentos
suscetíveis de constituir infração disciplinar
deve comunicá-los imediatamente ao professor
titular de turma, ao diretor de turma ou
equivalente, o qual, no caso de os considerar
graves ou muito graves, os participa, no prazo
de um dia útil, ao diretor do agrupamento de
escolas ou escola não
agrupada.
Artigo 26.º
Medidas disciplinares corretivas
8 — A aplicação das medidas corretivas
previstas nas alíneas c), d) e e) do n.º 2 é da
competência do diretor do agrupamento de
escolas ou escola não agrupada que, para o
efeito, procede sempre à audição do diretor de
turma ou do professor titular da turma a que o
aluno pertença, bem
como do professor tutor ou da equipa
multidisciplinar, caso existam.
Artigo 27.º
Atividades de integração na escola ou na
comunidade
3— O cumprimento das medidas corretivas
realiza -se sempre sob supervisão da escola,
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
136
designadamente, através do diretor de turma,
do professor tutor e ou da equipa de
integração e apoio, quando existam.
Artigo 28.º
Medidas disciplinares sancionatórias
1 — As medidas disciplinares sancionatórias
traduzem
uma sanção disciplinar imputada ao
comportamento do
aluno, devendo a ocorrência dos factos
suscetíveis de a
configurar ser participada de imediato pelo
professor ou
funcionário que a presenciou ou dela teve
conhecimento
à direção do agrupamento de escolas ou escola
não agrupada com conhecimento ao diretor de
turma e ao professor tutor ou à equipa de
integração e apoios ao aluno, caso existam
Artigo 30.º
Medidas disciplinares sancionatórias —
Procedimento disciplinar
7 — No caso de o respetivo encarregado de
educação não comparecer, o aluno menor de
idade pode ser ouvido na presença de um
docente por si livremente escolhido e
do diretor de turma ou do professor -tutor do
aluno, quando
exista, ou, no impedimento destes, de outro
professor da turma designado pelo diretor.
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
137
Artigo 31.º
Celeridade do procedimento disciplinar
a) O diretor de turma ou o professor -tutor do
aluno,
quando exista, ou, em caso de impedimento e
em sua
substituição, um professor da turma designado
pelo diretor;
Artigo 34.º
Execução das medidas corretivas e
disciplinares sancionatórias
1 — Compete ao diretor de turma e ou ao
professor -tutor
do aluno, caso tenha sido designado, ou ao
professor titular
o acompanhamento do aluno na execução da
medida
corretiva ou disciplinar sancionatória a que foi
sujeito,
devendo aquele articular a sua atuação com os
pais ou
encarregados de educação e com os
professores da turma,
em função das necessidades educativas
identificadas e
de forma a assegurar a corresponsabilização de
todos os
intervenientes nos efeitos educativos da
medida.
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
138
Artigo 41.º
Papel especial dos professores
2 — O diretor de turma ou, tratando -se de
alunos do
1.º ciclo do ensino básico, o professor titular de
turma,
enquanto coordenador do plano de trabalho da
turma, é o
principal responsável pela adoção de medidas
tendentes
à melhoria das condições de aprendizagem e à
promoção
de um bom ambiente educativo, competindo -
lhe articular
a intervenção dos professores da turma e dos
pais ou encarregados
de educação e colaborar com estes no sentido
de prevenir e resolver problemas
comportamentais ou de
aprendizagem.
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
139
Despacho
normativo
n.º 1-F/2016
de 5 de abril
de 2016
Artigo 4.º
Processo individual do aluno
3 — A atualização do processo previsto no
número anterior é da responsabilidade do
professor titular de turma, no 1.º ciclo, e do
diretor de turma, nos 2.º e 3.º ciclos.
Artigo 5.º
Intervenientes
No processo de avaliação intervêm,
designadamente:
a) Professores;
b) Aluno;
c) Conselho de docentes, no 1.º ciclo, ou o
conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos;
d) Diretor;
e) Conselho pedagógico;
f) Encarregado de educação;
g) Docente de educação especial e outros
profissionais que acompanhem
o desenvolvimento do processo educativo do
aluno;
h) Serviços ou organismos do Ministério da
Educação.
Artigo 6.º
Competências
5 — Compete ao diretor, com base nos dados
da avaliação e tendo em conta outros
elementos apresentados pelo professor titular
de turma,
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
140
no 1.º ciclo, ou pelo diretor de turma, nos
restantes ciclos, mobilizar e coordenar os
recursos educativos existentes, com vista a
desencadear
respostas adequadas às necessidades dos
alunos.
Artigo 12.º
Avaliação sumativa
4 — A coordenação do processo de tomada de
decisão relativa à avaliação sumativa,
garantindo a sua natureza globalizante e o
respeito pelos critérios de avaliação referidos
no artigo 7.º, compete:
a) No 1.º ciclo, ao professor titular de turma;
b) Nos 2.º e 3.º ciclos, ao diretor de turma.
Artigo 17.º
Ficha individual do aluno
1 — Os resultados e desempenhos dos alunos
nas provas de aferição são inscritos na ficha
individual do aluno e transmitidos à escola, aos
próprios alunos e aos encarregados de
educação.
2 — A ficha referida no número anterior
contém a caracterização do desempenho do
aluno, considerando os parâmetros relevantes
de cada
uma das disciplinas e domínios avaliados.
3 — A ficha deve ser objeto de análise, em
complemento da informação decorrente da
avaliação interna, pelo professor titular de
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
141
turma no 1.º ciclo e pelo conselho de turma nos
2.º e 3.º ciclos, servindo de base à reformulação
das metodologias e estratégias com vista ao
desenvolvimento do potencial de
aprendizagem do aluno.
Artigo 21.º
Condições de transição e de aprovação
1 — A avaliação sumativa dá origem a uma
tomada de decisão sobre a progressão ou a
retenção do aluno, expressa através das
menções,
respetivamente, Transitou ou Não Transitou,
no final de cada ano, e Aprovado ou Não
Aprovado, no final de cada ciclo.
2 — A decisão de transição para o ano de
escolaridade seguinte reveste caráter
pedagógico, sendo a retenção considerada
excecional.
3 — A decisão de retenção só pode ser tomada
após um acompanhamento pedagógico do
aluno, em que foram traçadas e aplicadas
medidas
de apoio face às dificuldades detetadas.
5 — A decisão de transição e de aprovação, em
cada ano de escolaridade, é tomada sempre que
o professor titular de turma, no 1.º ciclo, ou o
conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos,
considerem que o aluno demonstra ter
desenvolvido as aprendizagens essenciais para
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
142
prosseguir com sucesso os seus estudos, sem
prejuízo do número seguinte.
Artigo 23.º
Constituição e funcionamento dos conselhos
de turma dos 2.º e 3.º ciclos
1 — O conselho de turma, para efeitos de
avaliação dos alunos, é um órgão de natureza
deliberativa, sendo constituído por todos os
professores da turma e presidido pelo diretor
da turma.
2 — Compete ao conselho de turma:
a) Apreciar a proposta de classificação
apresentada por cada professor,
tendo em conta as informações que a suportam
e a situação global
do aluno;
b) Deliberar sobre a classificação final a
atribuir em cada disciplina.
3 — As deliberações do conselho de turma
devem resultar do consenso dos professores
que o integram, tendo em consideração a
referida
situação global do aluno.
4 — Quando se verificar a impossibilidade de
obtenção de consenso, admite -se o recurso ao
sistema de votação, em que todos os membros
do
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
143
conselho de turma votam nominalmente, não
havendo lugar a abstenção e sendo registado
em ata o resultado dessa votação.
5 — A deliberação é tomada por maioria
absoluta, tendo o presidente do conselho de
turma voto de qualidade, em caso de empate.
6 — Nos conselhos de turma podem intervir,
sem direito a voto, outros professores ou
técnicos que participem no processo de ensino
e aprendizagem, os serviços com competência
em matéria de apoio educativo e serviços ou
entidades cuja contribuição o conselho
pedagógico considere conveniente.
7 — Sempre que se verificar ausência de um
membro do conselho de turma, a reunião é
adiada, no máximo por 48 horas, de forma a
assegurar a presença de todos.
8 — No caso de a ausência a que se refere o
número anterior ser superior a 48 horas, o
conselho de turma reúne com os restantes
membros, devendo o respetivo diretor de
turma dispor de todos os elementos
referentes à avaliação de cada aluno,
fornecidos pelo professor ausente.
9 — Na ata da reunião de conselho de turma
devem ficar registadas todas as deliberações e
a respetiva fundamentação.
Despacho
normativo
Introdução
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
144
n.º 4-
A/2016 de
16 de junho
de 2016
Na promoção do sucesso educativo atribui-se
particular importância ao diretor de turma,
não apenas no trabalho de proximidade com
os
alunos e de ligação às famílias, mas
principalmente na assunção de uma
intervenção de gestão e orientação
curricular da turma e na dinamização de
uma regular reflexão sobre a eficácia e
adequação das metodologias de trabalho
tendo em vista a melhoria da qualidade das
aprendizagens e o sucesso educativo dos
alunos.
Artigo 10.º
Utilização
1 — O crédito horário destina -se
prioritariamente a garantir a implementação de
medidas didáticas e pedagógicas de promoção
do sucesso
educativo nos diferentes níveis de ensino.
b) Funções de direção de turma, nas quais se
incluem, entre outras:
i) Assegurar o planeamento conjunto da
lecionação dos conteúdos curriculares
das diferentes disciplinas promovendo a
interdisciplinaridade e uma eficaz
articulação curricular;
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
145
ii) Coordenar o processo de avaliação
formativa das aprendizagens,
garantindo a sua regularidade e
diversidade;
iii) Promover, orientar e monitorizar a
conceção e implementação de medidas
que garantam o sucesso escolar de todos
os alunos;
iv) Apoiar a integração dos alunos na
escola e o acesso às diferentes ofertas por
esta promovida;
v) Desenvolver iniciativas que
promovam a relação da escola com a
família, em articulação com os docentes
do conselho de turma;
vi) Promover mecanismos de devolução
de informação às famílias.
4 — Para o exercício das funções de direção
de turma cada escola gere quatro horas
semanais, a repartir entre a componente não
letiva e as horas resultantes do crédito horário,
garantindo neste um mínimo de duas horas.
Artigo 12.º
Apoio tutorial específico
h) Reunir com os docentes do conselho de
turma para analisar as dificuldades e os planos
de trabalho destes alunos.
Despacho
n.º
5907/2017
Gestão do plano curricular da turma
Nas dinâmicas de trabalho a implementar, no
âmbito do plano curricular
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
146
da turma, o professor titular de turma, em
articulação com o
conselho de docentes, e o conselho de turma,
coordenado pelo diretor
de turma e ou de curso, devem, em regra,
garantir:
a) Um trabalho de natureza interdisciplinar e
de articulação disciplinar;
b) Uma atuação preventiva, que permita
antecipar e prevenir o insucesso
e o abandono escolar;
c) A adequação, diversidade e
complementaridade das estratégias de
ensino e aprendizagem, bem como dos
instrumentos de avaliação e dos
recursos educativos a adotar na turma;
d) O envolvimento dos alunos no planeamento,
desenvolvimento e
monitorização do plano curricular da turma;
e) A regularidade da monitorização do referido
plano, avaliando, de
acordo com a sua intencionalidade, o impacto
das estratégias e medidas
adotadas;
f) A produção de informação descritiva sobre
os desempenhos dos
alunos, promovendo aprendizagens de
qualidade e a sua autorregulação.
Artigo 18.º
Práticas pedagógicas
APÊNDICE A-
Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma
147
Com vista a uma efetiva apropriação dos
conhecimentos, bem como
ao desenvolvimento de capacidades e atitudes
pelos alunos, as práticas
pedagógicas devem valorizar,
designadamente:
a) A gestão da articulação horizontal do
currículo operacionalizada
pelo professor titular, pelo diretor de turma e
ou de curso ou por outro
professor;
APÊNDICE B –
Guião da entrevista
148
GUIÃO DA ENTREVISTA AOS DIRETORES DE TURMA
Tema: O trabalho colaborativo nas funções supervisivas do Diretor de Turma
Objetivos Gerais:
✓ Analisar de que forma o papel supervisivo do Diretor de Turma contribui
para a promoção do trabalho colaborativo entre (todos) os professores do
Conselho de Turma;
✓ Perceber se os diretores de turma exercem uma ação supervisiva em
relação aos professores do Conselho de Turma;
✓ Identificar as condições de que os Diretores de Turma dispõem para
agirem como supervisores e promotores do trabalho colaborativo;
✓ Verificar de que forma a liderança praticada pelo Diretor de Turma num
Conselho de Turma, influencia o desempenho dos professores de uma
determinada turma;
✓ Verificar se o Plano de Turma (PT) contribui para práticas reflexivas e
colaborativas;
✓ Identificar dificuldades evidenciadas pelos Diretores de Turma, no
exercício das funções em estudo;
✓ Identificar medidas suscetíveis de melhorar o desempenho do Diretor de
Turma no âmbito da supervisão e das práticas colaborativas.
Entrevistador: Anabela Val
Entrevistado: _________________________________________________________
Data: ____/____/____ Hora de início: ______________ Hora de fim: ______________
Local: _______________________________________________________________
Duração: aproximadamente 30 minutos
Temas Objetivos específicos Questões Tópicos orientadores
- Legitimar a entrevista
- Motivar os
entrevistados
- Informar o entrevistado sobre a
temática e a finalidade da
entrevista;
- Sublinhar a importância da
participação do(a) entrevistado(a)
para o sucesso do trabalho;
- Proporcionar ao
entrevistado(a) um
ambiente que lhe
permita estar à vontade
e falar livremente sobre
os seus pontos de vista;
APÊNDICE B –
Guião da entrevista
149
Legitimação
da entrevista
- Salientar o carácter restrito do
uso das informações prestadas;
- Realçar a disponibilidade para
fornecer os resultados do
trabalho.
- Pedir autorização para
gravar a entrevista;-
Garantir acesso à
transcrição da entrevista
para validação pelo(a)
entrevistado(a).
Caracterização
do professor
Breve
contextualização:
- Conhecer o percurso
académico
- Conhecer o percurso
profissional
1. Seria possível fazer-nos uma
descrição sucinta do seu percurso
académico e profissional?
2. Ao longo do seu percurso tem
desempenhado o cargo de Diretor
de Turma?
- Reconhecer e
compreender as
funções que exerce
como Diretor de
Turma
3. Quando recebe o cargo de
Diretor de Turma são-lhe
explicadas as funções e
competências que terá?
4. Como caracteriza o seu
desempenho enquanto Diretor de
Turma e que importância atribui a
este cargo?
O Diretor de
Turma:
- Supervisão e
trabalho
colaborativo
- Identificar a
dimensão da
supervisão e da
colaboração no papel
do Diretor de Turma
- Identificar o trabalho
colaborativo no seio do
Conselho de Turma
5. O Diretor de Turma deve
assumir um papel preponderante
enquanto “gestor intermédio” da
organização escolar, a nível da
supervisão e da promoção do
trabalho colaborativo. Concorda
com esta afirmação ou acredita
que o Diretor de Turma não
exerce este papel?
6. Se respondeu sim na pergunta
5, explique quais são as funções
que desempenha como Diretor de
6.1. Pode dar alguns
exemplos de aspetos
que considera mais
fortes e mais fracos na
APÊNDICE B –
Guião da entrevista
150
Turma que têm uma natureza
supervisiva.
7. Como organiza, gere e atua
numa reunião de Conselho de
Turma?
8. Encara o Conselho de Turma,
como o órgão responsável pela
promoção do trabalho
colaborativo entre os docentes de
uma determinada turma?
9. De que forma o Projeto
Educativo (PE), o Plano Anual de
Atividades (PAA) e o Plano de
Turma (PT) contribuem para a
definição de estratégias conjuntas
de atuação, articulação de
procedimentos e de métodos de
trabalho no Conselho de Turma?
10. Como Diretor de Turma,
considera importante incentivar
os professores a desenvolverem
trabalho colaborativo? Quais as
vantagens para alunos,
professores ou outros
intervenientes no processo
educativo?
sua atuação como
“Supervisor(a)”?
Novo perfil do
Diretor de
Turma
- Redefinir as funções
e perfil do Diretor de
Turma
11. Pensa que existem fatores que
condicionam ou limitam o
exercício das funções dos
Diretores de Turma?
12. Considera que o Diretor de
Turma deveria ter formação
11.1. Em caso
afirmativo, quais são
esses fatores?
APÊNDICE B –
Guião da entrevista
151
específica para o desempenho do
cargo? Em que áreas ou
domínios? No seu caso concreto,
sente necessidade desse tipo de
formação?
13. Como definiria o perfil de um
Diretor de Turma?
Considerações
finais
- Consolidação da
entrevista.
14. Deseja acrescentar alguma
coisa que não tenha sida
contemplada nesta entrevista?
15. Agradecemos desde já a sua
disponibilidade.
APÊNDICE C –
Protocolo de autorização
152
PROTOCOLO DE AUTORIZAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO DAS
ENTREVISTAS AOS DIRETORES DE TURMA
________________________________________________, na qualidade de Diretor(a)
de Turma, autorizo que a entrevista realizada por Anabela Coelho do Val, inserida no âmbito
de um trabalho de investigação, destinado à elaboração da dissertação de Mestrado em Ciências
da Educação, especialização em Supervisão e Orientação da Prática Profissional, a apresentar
ao Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, subordinada ao tema: O trabalho
colaborativo nas funções supervisivas do Diretor de Turma, seja gravada em suporte áudio,
devidamente transcrita e que os dados possam ser utilizados no trabalho académico e na
divulgação dos resultados.
____________________, ___ de __________ de 2017
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
153
ENTREVISTA AO MATIAS
A entrevista foi gravada no dia 19/04/2017, na escola em que a mestranda leciona,
dado o colega ter participado na ação de formação e ter-se disponibilizado para participar
no estudo. Esta entrevista teve a duração de 43’02 minutos.
As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são
introduzidas pelo nome fictício Matias e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras do
entrevistado, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes
como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da
entrevistadora.
Entrevistadora – O objetivo desta entrevista é verificar o trabalho colaborativo nas
funções supervisivisas do Diretor de Turma, uma vez que eu estou a fazer a investigação
sobre o papel do Diretor de Turma no âmbito da supervisão pedagógica. Em primeiro
lugar agradecer a disponibilidade, e sublinhar que é muito importante o papel de quem se
disponibiliza para responder a estas entrevistas e que (ah) vamos gravar a entrevista para
depois ser mais fácil a transcrição e se possível depois esta mesma entrevista será utilizada
na investigação e em alguns documentos de faculdade de for assim necessário. É então
possível gravarmos?
Matias – É possível gravarmos.
Entrevistadora – Então seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu
percurso académico e profissional?
Matias – O meu percurso académico começou no Colégio Marista de Carcavelos,
quando entrei no pré-escolar, onde completei os meus estudos até ao 11º ano, pois na
altura o referido colégio não tinha 12º ano de escolaridade. No ano seguinte, fui para a
Escola Secundária de Carcavelos, concluir o ensino secundário, estava na área de
ciências, num ambiente totalmente diferente e acabei por não ser aprovado. Acabei por
perder um ano escolar mas amadureci e desenvolvi outras competências, foi então que os
meus pais me inscreveram, pela segunda vez no 12º ano mas voltei ao contexto do ensino
privado, desta vez, no Colégio de Portugal. Hoje depreendo que foi um choque cultural,
metodológico e social ir para o ensino público após tantos anos consecutivos de ensino
privado, os professores eram muito cuidadosos connosco no colégio e no contexto do
ensino público, era significativamente diferente. Mais tarde, no percurso académico
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
154
superior, frequentei um ano no curso de Engenharia Informática da Universidade
Lusófona. Numa aula, conheci uma atriz profissional do Teatro Experimental de Cascais
que tinha sido convidada por um professor de uma unidade curricular denominada -
Técnicas da Comunicação. Nessa sessão, de aproximadamente uma hora, foi-nos dado a
conhecer e experimentar exercícios dinâmicos de desinibição, técnicas de interação e de
improvisação com os quais me identifiquei de imediato. Foi a partir deste dia que optei
por estudar teatro. Num universo de aproximadamente oitenta alunos só eu é que me
disponibilizei a participar de forma totalmente disponível, cativado e entusiasmado. No
intervalo ganhei coragem e perguntei à referida atriz onde é que eu poderia inscrever-me
para estudar teatro, no âmbito do ensino superior. Fiz provas e ingressei na Escola
Superior de Teatro e Cinema em 1998 onde conclui a licenciatura no curso de teatro ramo
de atores e encenadores e o mestrado em artes performativas. Neste momento, estou a
preparar uma prova pública com o propósito de obter o título de especialista em
artes/teatro/interpretação. Tenho ainda o objetivo maior de concluir o doutoramento em
Artes Performativas e Audiovisuais, ministrado numa parceria entre a Universidade de
Lisboa e o Instituto Politécnico de Lisboa.
Apresentado o meu percurso académico passo agora a falar da minha experiência
profissional. No ano que se seguiu, após ter concluído o 12º ano, como não entrei nos
cursos superiores aos quais me tinha candidatado fui estudar um ano, na Escola de
Hotelaria e Turismo do Estoril. O meu pai dava aulas de Gestão Hoteleira nessa escola e
propôs-me evitar ficar parado durante um ano letivo. Desta forma, inscrevi-me num curso
de um ano, em que era atribuída uma carteira profissional de rececionista aos alunos que
o concluíssem. Quando terminei o Curso Profissional de Rececionista fiz um estágio de
três meses na receção do Hotel Estoril Éden. No ano seguinte, não voltei a candidatar-me
ao ensino superior e a partir daí enveredei por uma das minhas grandes paixões… a
música. Já tinha começado a tocar bateria aos 16 anos e nesta fase interessei-me por
estudar mais e frequentar aulas particulares em que fui estimulado a treinar
autonomamente numa média de quatro horas por dia. Foi então, com vinte anos, que
comecei a trabalhar profissionalmente como músico, percurso que durou de 1994 a 2014.
Paralelamente, quando estava a acabar o meu primeiro ano na Escola Superior de Teatro
e Cinema (1999) comecei a trabalhar como ator profissional na Comuna Teatro de
Pesquisa, no Teatro O Bando e mais tarde com duas companhias italianas e uma francesa
em produções do Centro Cultural de Belém. Em 2000 e 2001 gravei duas séries históricas
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
155
para a RTP, A Febre do Ouro Negro e o Processo dos Távora e depois fui convidado para
dirigir um grupo de Teatro de Trabalhadores da Marconi e também adquiri e desenvolvi
as minhas competências como encenador. Em 2003 comecei a trabalhar como professor
de Expressão Dramática e Teatro. Na altura fui convidado para dar para dar aulas num
programa denominado Oficinas de Teatro desenvolvido pelo Departamento da Educação
da Câmara Municipal de Lisboa tendo sido colocado como professor coadjuvante do 1º
ciclo, na Escola do Alto de Santo Amaro. Um ano depois, em 2004, fui convidado para
trabalhar na instituição onde nos encontramos e nos conhecemos, a Santa Casa da
Misericórdia de Amadora. Integrei um grupo de técnicos especializados que lecionavam
Atividades de Enriquecimento Curricular no Casal da Boba, no contexto do ensino pré-
escolar e do primeiro ciclo e convidaram-me inclusivamente para dirigir o Clube de
Teatro da Escola Luís Madureira, a nossa escola. Em 2005, comecei a lecionar a disciplina
de Teatro ao 3ºciclo até hoje. Em 2005, no contexto anteriormente citado das Oficinas de
Teatro, a Câmara Municipal de Lisboa convidou-me para coordenar uma equipa de
professores de Expressão Dramática, na freguesia de Carnide. De 2005 a 2011 coordenei
e dei aulas de Expressão Dramática em escolas de ensino básico como as da Luz, do
Bairro Padre Cruz (Considerado o maior bairro social da Europa a nível populacional.) e
do Bairro da Horta Nova. Tenho trabalhado em várias vertentes como formador e também
como professor no contexto do ensino artístico. Em 2010 fiz parte de uma equipa que
fundou uma escola de teatro musical inserida no contexto de uma escola de danças sociais,
a EDSAE - Escola de Dança e Teatro Musical. Esta escola de ensino artístico foi a
primeira em Lisboa e a segunda em Portugal, a lecionar competências de artes
performativas relacionadas com o Canto, a Dança e a Representação. Na Escola Luís
Madureira, além de lecionar a disciplina de Teatro ao 3º ciclo desde 2005, comecei a
lecionar Expressão Dramática como professor coadjuvante de 1ºCiclo, e neste momento
ministro quatro clubes de teatro com uma média de sessenta alunos inscritos por ano. No
contexto da Escola Luís Madureira do qual vamos falar nesta entrevista trabalho há 12
anos, 6 dos quais como diretor de turma.
Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de Diretor
de Turma?
Matias – Contam-se seis anos consecutivos desde o momento em que aceitei
assumir funções neste cargo. Comecei por ser diretor de uma turma que acompanhei do
7º ao 9º ano. E neste momento acompanho uma turma de 7º ano desde o 5º.
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
156
Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas
as funções e competências que terá?
Matias – São… de forma cuidada, clara e objetiva, o que é fundamental para o bom
desempenho da especificidade do trabalho em causa. Sendo que, nesta escola, como
também fiz trabalho de secretário, antes de fazer o de direção de turma, fui percebendo,
também de forma empírica, todos os procedimentos relacionados com as competências e
responsabilidades que o cargo exige. Ainda assim, todos os anos são explicadas, de forma
minuciosa, quais as tarefas a serem desenvolvidas de acordo com as atualizações
elaboradas pelo Ministério da Educação mas há sempre questões que só percebemos
mesmo com quando as concretizamos. Por mais enquadramento e contextualização que
nos sejam facilitados só com o trabalho no terreno, junto da escola, da secretaria, dos
professores, dos pais e dos alunos é que se vem a perceber a verdadeira dimensão e as
funções reais de direção de turma.
Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma
e que importância atribui a este cargo?
Matias – Creio que estamos perante um cargo que possamos considerar como um
dos mais determinantes para o bom funcionamento da tríade escola, pais e alunos. No
modelo de ensino em Portugal, o aluno e os pais vêm no papel do educador de infância,
do professor titular de turma de 1º ciclo, e do diretor de turma (professor titular de turma
de 2º e 3º Ciclo) um facilitador. O diretor de turma é um mediador, alguém que tem de
ter a capacidade de adequar cada problemática a uma solução, agindo em conformidade
com o Regulamento Interno da Escola e com as normas de educação vigentes. Sem esta
figura da direção de turma no terreno, seria certamente mais difícil atingir-se a
assertividade de procedimentos, sobretudo, no trabalho da organização da informação,
comunicação e gestão diária de problemáticas. O lado que mais me fascina é o das
relações humanas que tem a ver com o contacto direto com os encarregados de educação
e com os próprios alunos a faceta que menos me agrada é a burocrática. A função do
diretor de turma é muito exigente pela perspetiva administrativa, sobretudo no rigor que
deve ser implicado na verificação de toda a documentação, desde as atas, a registos de
avaliação, a verificação de pautas entre tantos outros. Nos dias que correm somos
constantemente incitados a distrair-nos com múltiplos focos de atenção, ou melhor de
desatenção, perante os quais temos de recriar constantemente formas de não perdermos a
concentração que, a meu ver, é basilar no trabalho do diretor de turma.
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
157
Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante
enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da
promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o
Diretor de Turma não exerce este papel?
Matias – Concordo com a afirmação, o Diretor de Turma, tem inequivocamente
essa função. À “gestão intermédia” da organização escolar, eu chamo-lhe sumativa e
abreviadamente “mediação”, seja ela interpessoal, entre os mais diversos elementos da
comunidade educativa e a documentação ou, por vezes, chega a ser uma questão apenas
administrativa entre documentos que chegam a repetir-se ou a representar um conflito de
conformidade. O trabalho do Diretor de Turma também passa por ser uma constante
procura de equilíbrios entre interesses que muitas vezes chegam a ser antagónicos, o que
é um trabalho continuo interpretação de perspetivas, de ponderação, de construção de
pontes, de entendimento, de consensos, de diálogo e de estabelecimento de congruências.
Este é um trabalho que podemos considerar diplomático, o de conseguir harmonizar
interesses e visões dispares favorecendo posições que muitas vezes, até se acabam por
complementar. Arriscaria afirmar que a qualidade de atenção e/ou de escuta aplicada às
questões que vão surgindo, muitas delas inesperadas, ou até mesmo inéditas, é
diretamente proporcional à quantidade e qualidade das soluções que o diretor de turma
consegue encontrar. Uma direção de turma atenta está constantemente a desenvolver a
competência fulcral de um profissional de qualidade, estou a falar de criatividade, porque
tem a ver com a vida, com o quotidiano, com o imprevisível, com questões que nem
sempre estão devidamente enquadradas. Cada caso é um caso e esse tremendo desafio
criativo é das caraterísticas mais cativantes na dimensão operacional de um diretor de
turma. O trabalho da supervisão é profundamente objetivo, é maioritariamente um
trabalho de observação, de análise e de execução de medidas orientadas por um
pensamento crítico coerente que se orienta por normas pré-estabelecidas ou recria espaços
entre essas mesmas normas. A promoção de trabalho colaborativo entre a alunos e,
inclusivamente, entre professores também é fascinante por implicar a capacidade
imaginativa de reinventarmos estratégias para fazermos convergir propósitos
diferenciados no alcance de objetivos comuns.
Entrevistadora - Então, pensando nesta questão da organização escolar, da
supervisão e da promoção trabalho colaborativo, quais são as funções que desempenha
como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
158
Matias – Bom, neste trabalho de salvaguarda da organização e conformidade de
procedimentos, o lado da supervisão é maioritário no raio de ação do diretor de turma e
perpassa o preenchimento de toda a documentação afeta à turma que representamos, seja
esse preenchimento efetuado por nós, por colegas, por pais ou por alunos. São objeto de
supervisão do diretor de turma o dossier de turma, o registo individual do aluno, o livro
de ponto, a caderneta do aluno, o registo de ocorrências, a verificação das atas, o registo
de faltas presenciais, as justificações de faltas, os registos de avaliação por período, as
pautas, a ficha de dados dos encarregados de educação entre muitos outros. Muitas vezes
o diretor de turma preenche diretamente alguns destes documentos e deve criar um
distanciamento temporal ou recorrer à colaboração de um secretário ou um colega para o
auxiliar na abrangente, exigente e, por vezes, complexa tarefa da supervisão. O trabalho
da supervisão é o garante da conformidade de procedimentos e essencial para a qualidade
e credibilidade da escola seja no seu funcionamento interno ou na relação do
estabelecimento de ensino com o exterior.
Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes
e mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?
Matias – Na minha prática de supervisão o ponto fraco é sempre o tempo que tenho
à disposição para o efeito, ou seja tendo nós mais tempo, conseguimos verificar com
muito mais cuidado. O que acontece na gestão do meu tempo pessoal e profissional é que
acabo por recorrer a ao cumprimento de tarefas, inclusivamente as de supervisão, por
ordem de importância. Muitas vezes em alturas de final de período ou início de
interrupções letivas, após a afixação das pautas, são os momentos ideais para ter a calma
necessária para proceder à finalização do trabalho de supervisão. O que faço é priorizar
pensando de fora para dentro da escola, o que é mais urgente é toda a documentação que
pode ser solicitada a interagir com o exterior. Numa segunda linha prioritária de
intervenção trabalho a supervisão de documentação interna e que possa ser eventualmente
usada no exterior e, por fim, supervisiono a documentação de uso interino. O ponto forte
é que tenho este lado cirúrgico no processo de observação e verificação, creio que é uma
vocação, é por isso que sempre me atraiu a área das ciências a par da dimensão artística.
Tem a ver com o gozo da observação em si, porque me é muito prazeroso observar, sou
capaz de perder (ou ganhar) horas com a supervisão de uma ata só para tentar perceber
melhor todos os pontos de vista, de os interpretar e tentar ser o mais fidedigno possível
em relação ao que foi dito. Frase a frase, gosto de verificar se o que está escrito
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
159
corresponde rigorosamente ao que foi dito, enriquecer o meu próprio vocabulário mais
uma vez usar da criatividade em prol da assertividade da construção frásica. Resumindo
ponto negativo na supervisão é gestão do tempo e o ponto positivo o rigor com que
concluo o processo de supervisão.
Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de
Turma?
Matias – Organizo com a antecedência que me é possível toda a informação com a
estreita colaboração da coordenação que, em sede de conselho de diretores de turma, nos
cede todos os conteúdos a serem abordados. O mais desafiador é presidir a reunião
salvaguardando o cumprimento da ordem de trabalhos em relação ao tempo à disposição.
Há quem já o faça e parece-me ser uma metodologia favorável ao bom funcionamento
das reuniões, elaborando a ata antes da reunião, lendo no início do Conselho de Turma e
todos os intervenientes podem propor alterações após término da leitura. Pode parecer
quase impessoal mas por vezes o que acontece nas reuniões é que as questões pessoais
imiscuem-se nas cientifico-pedagógicas acrescendo ainda a variável da vontade que nós
temos de falar, de desabafar, ou de abordar assuntos que nem sempre são necessários para
os trabalhos se darem por concluídos. Esta é a grande problemática da civilização
ocidental a adequação das ações tendo em conta o tempo que temos à nossa disposição.
Acabamos algumas vezes por protelar as reuniões além do tempo previsto pois podem
surgir casos individuais que nos merecem uma atenção e adequação redobradas. A
prioridade é que todos os documentos e depoimentos sejam realizados de acordo com a
ordem de trabalhos.
Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela
promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?
Matias – Sim, por excelência, como não temos tempo para nos encontrarmos e
debatermos de forma a que todos se possam ouvir e participar, o Conselho de Turma
acaba por ser uma oportunidade para debatermos formas de cooperação e entreajuda em
potenciais projetos de interdisciplinaridade, adequação de estratégias comuns ou
planificação de atividades conjuntas. Só através de um diálogo dinâmico entre os docentes
é que se pode promover uma pluralidade de respostas e a consonância de procedimentos
em regime colaborativo.
Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de
Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
160
conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho
de Turma?
Matias – Nesta escola particularmente como o PE e o PAA são trabalhados em
regime colaborativo por um grupo restrito de professores, e são posteriormente dados a
conhecer de forma muito esclarecida e esclarecedora a todos os intervenientes da
comunidade educativa, estes assumem-se como ferramentas essenciais, estruturantes e
orientadoras. A relação que existe entre o PE, o PAA e o PT é hierárquica com o objetivo
de dar a perceber às educadoras e aos professores quais são as orientações, desde a
dominante à particular, de cada turma, de cada disciplina e considerando a especificidade
das necessidades individuais de cada aluno. É fundamental, para uma boa prática de
direção de turma, o conhecimento dos referidos documentos, a adequação na interligação
das orientações entre PE e PAA e a forma como estes devem/podem influenciar o PT.
Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os
professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,
professores ou outros intervenientes no processo educativo?
Matias – Essa questão do trabalho colaborativo, ocorre maioritariamente no sentido
dos professores incentivarem os alunos a colaborarem uns com os outros, entre docentes
acho que há muito caminho a percorrer, considero que há mesmo muito trabalho a
desenvolver. Cada docente foca-se cientifica e pedagogicamente nas suas áreas porque as
conhece como ninguém ou está habilitado para trabalhar sobre esses conteúdos de forma
nem sempre flexível. Na verdade, devem promover-se pontes interdisciplinares de
saberes específicos no sentido de dar consistência à transversalidade desses mesmos
saberes. Muitas vezes o importante é percebermos que existem planificações muito
diferentes que se complementam e que se imiscuem até espontaneamente, basta abrirmos
a perspetiva pela ótica da cooperação e vislumbrarmos o potencial da colaboração. Se na
experiência da aprendizagem os conteúdos forem dados de forma colaborativa podem
enriquecer a capacidade do aluno interpretar os conteúdos e a estimular a criatividade na
sua aplicabilidade. A escola não pode só centrar-se num saber-saber estanque, deve ser
também uma escola do saber-fazer num contexto de transversalidade de saberes. Em
Físico-Química aborda-se a luz e o som pela perspetiva das leis subjacentes aos
fenómenos físicos e na disciplina de Teatro falamos de sonoplastia e luminotecnia pela
vertente da aplicabilidade criativa com o propósito de conceber ambiências ou
determinadas atmosferas cénicas. Se estes dois conteúdos forem dados em regime de
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
161
complementaridade, os alunos alargam claramente a relação que têm tanto com o saber-
saber como com o saber-fazer. Este é apenas um exemplo, há muitos outros. O currículo
do ensino básico e secundário está repleto de possibilidades idênticas. Assim podemos
depreender que as potenciais planificações de atividades interdisciplinares são
infindáveis, têm é que se implementar, ainda que gradualmente, um espírito colaborativo
entre professores. A verdade é que muitas vezes na prática só duas ou três disciplinas
adotam processos de colaboração ao longo do ano. Creio que poderia ser muito mais rico
esse diálogo entre as disciplinas.
Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o
exercício das funções dos Diretores de Turma? Em caso afirmativo, quais são esses
fatores?
Matias – Existem fatores que limitam e que condicionam o raio de ação da direção
de turma. O tempo à disposição para um diálogo humanista e sobretudo humanizador.
Fascina-me poder conversar individualmente com cada um dos meus alunos e com a
turma no seu conjunto. Eu sinto que no 5º e no 6º ano chegava a dar blocos de 100
minutos, porque estava duas vezes por semana com eles, ou em Apoio ao Estudo ou em
Oferta Complementar e mesmo assim não era suficiente. Já no 7º ano só ter Oferta
Complementar, confinada a 50 minutos, com uma planificação de conteúdos que temos
de abordar, nem sempre é fácil gerir o tempo em função da qualidade do diálogo. Há
casos de alunos que precisam mesmo de uma referência, uma referência estruturante de
uma voz que é o reflexo das suas inquietações e das potenciais soluções e que lhes vai
moldando um certo caminho ou que lhes dá uma perspetiva diferente das problemáticas
emergentes. O ensino básico é, por excelência, um período de incubação de
problemáticas, talvez o maior período de incubação de problemas pessoais, que se não
forem trabalhados, muitas vezes, podem dar maus resultados. Voltamos de facto a
justificar as limitações com o tempo mas por mais organizados que sejamos o fator tempo
limita muito o meu trabalho. No contexto desta escola creio que há uma grande abertura
em algumas datas limite, não por uma questão de facilitismo mas por se reger por um
profundo sentido humanista.
Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação
específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso
concreto, sente necessidade desse tipo de formação?
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
162
Matias – Sim, o Diretor de Turma tem de ser um promotor de consensos, de
complementaridade de vontades e esse lado, é um lado que muitas vezes se pode aprender
em formações de gestão de conflitos, soluções criativas e flexibilização de perspetivas.
Num meio profissional institucionalizado como é que se pode ser criativo perante
problemas quase irresolúveis. Creio ser estruturante apostar-se em formações de cariz
informático em Excel, Word, Powerpoint conhecer outras ferramentas de software, outras
ferramentas e dispositivos tecnológicos que nos possam ajudar a organizar informação,
editar e inclusivamente apresentar conteúdos. Aprender a gerir o saber informático e
tecnológico e saber aplica-lo em sala de aula, de forma cativante, tanto quanto esta
geração assim o exige. Chamo-lhe a “geração dos três ecrãs” porque existem os tablets,
os smartphones, as televisões interativas e os computadores, depois também temos o rádio
a tocar e o amigo traz um mp3 e nos dá a ouvir, as redes sociais e … é tanta a informação
que … torna-se um duelo desigual. Não é fácil quando nós estamos na aula a trabalhar
com o pau de giz ou com o marcador e um quadro, a implicar todas as nossas
competências comunicativas, torna-se por vezes ingrato, porque ou somos a excelência
do performer-pedagogo-animador, quase o stand-up-comedian que promove o
conhecimento e que está ali com um entusiasmo ímpar e uma capacidade de cativar a
atenção todos os alunos, ou então rapidamente nos rotulam como o “professor seca” e
afirmam em coro que a aula é entediante. Portanto, acho que os professores deviam ter
acesso a estas ferramentas de como potenciar a transmissão da informação nas aulas, seja,
às vezes, com uma simples projeção de vídeo, com quadros interativos ou com estratégias
de interpretar os conteúdos. Há muitas formas de se dar a conhecer a matéria e acho que
muitas vezes o problema das aulas é o problema dos espetáculos, ou seja, quando um ator
não surpreende com aquilo que faz torna-se entediante vê-lo. No caso das aulas é similar,
se o professor é sempre igual, isto é, quando o docente repete a informação e deixa de
questionar o que diz, sem querer, ele torna-se previsível na forma como transmite o
conhecimento. É muito importante percebermos que as competências de comunicação
devem ser igualmente treinadas e também podem ser objeto de formação, como a voz, a
expressão corporal, a forma como interagimos com um grupo, a forma como estamos e
nos deslocamos no espaço, a forma como entoamos o que dizemos entre tantas outras.
Manter-se o lado surpreendente é fundamental na pedagogia, porque é da surpresa que
nasce o fascínio, é do fascínio que vai nascer o interesse em saber mais, é desse interesse
que os alunos acabam por se surpreender a si próprios.
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
163
A nível de formação apostaria ainda em formação em ensino especial e estratégias
diferenciadas em sala de aula perante grupos heterogéneos de forma a fazer com que a
escola consiga, dentro do possível dar uma resposta adequada às
capacidades/necessidades de cada aluno. Há alunos diferentes e alguns até com problemas
cognitivos difíceis de diagnosticar, difíceis de compreender, difíceis de enquadrar, há que
saber como agir para não ser massificador num contexto tão plural e sensível como o
escolar.
Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?
Matias – A grande mais-valia do Diretor de Turma deve ser sempre a ponderação,
a capacidade de não reagir no imediato, porque a tendência quando as problemáticas são
graves, é reagir ou de forma impulsiva, limitada e retaliadora. Creio que esse sentido de
ponderação tem a ver com maturidade, com abertura de espírito, com uma sabedoria
empírica de perceber para além daquilo que está a ser dito ou para além do que se viu ou
se comprovou. Tudo se manifesta em expressões e toda a expressão tem por trás um
sentimento e/ou um pensamento, muitas vezes os sentimentos/pensamentos menos
positivos não são resolvidos na situação em que foram despoletados. Muitas vezes as
pessoas sejam elas alunos, pais, ou professores projetam as suas frustrações de forma
indireta e descontextualizada. Se julgarmos só por julgar, muitas vezes, só estamos a
agravar os sentimentos e pensamentos da pessoa em causa porque não só ela ainda não
resolveu o principal problema que a inquieta como acrescentou um novo problema para
resolver. Por isso, tento sempre analisar, ouvir, compreender e ponderar… só depois é
que tomo uma decisão. A mais valia do Diretor de Turma é “nunca se esquecer que quanto
mais sabe, mais sabe que nada sabe” no sentido que todos os dias, todas as problemáticas
exigem respostas diferenciadas, respostas adequadas e a verdadeira mais-valia do Diretor
de Turma é a adequação. E a adequação só se tem quando há predisposição para nós
próprios, muitas vezes, até quebrarmos pequenas regras porque nem sempre a regra é a
mais adequada para se assumir como orientação para ação e isso é o que eu mais sinto
que faz falta ao Diretor de Turma, que é o lado de ser flexível, o lado de ser humilde, a
humildade é fundamental, o lado de ser capaz de não personalizar questões até muitas
vezes de falhas da própria direção de turma e conseguir transformar uma problemática
em conhecimento. Muitas vezes contextos onde nós somos obrigados a responder no
imediato e não temos ninguém que nos explique como é que se faz, nesse sentido acho
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
164
que a flexibilidade, ponderação, humildade e adequação são as características-palavras-
chave para realizarmos um bom trabalho de direção de turma.
Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada
nesta entrevista?
Matias – No contexto escolar há um lado essencial para que uma equipa funcione:
é o lado humano pela perspetiva da compaixão. A tendência mesmo quando nos
deparamos com um erro é de penalizarmos, chamarmos à atenção e acaba por se
transformar numa não oportunidade para construir uma solução. Creio que nesta escola,
sinto em todos os erros que aparecem sejam de que quadrante forem, mais do que a
penalização mais do que a humilhação, a frustração ampliada… há um espaço para que
as pessoas aprendam com os seus próprios erros e evitem repeti-los. Isto deve-se à
filosofia da nossa liderança, acima de tudo humanizadora e acredito que mais
responsabilizante, o que nos induz a colocar-nos no lugar do outro, porque o meu erro
hoje pode ser o do outro amanhã ou vice-versa … até nos períodos mais difíceis nós nunca
nos deixamos de sentir uma verdadeira equipa.
Entrevistadora - Muito obrigada.
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
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ENTREVISTA À MATILDE
A entrevista foi gravada no dia 21/04/2017, na escola em que a mestranda leciona,
dado o colega ter participado na ação de formação e ter-se disponibilizado para participar
no estudo.Esta entrevista teve a duração de 13’13 minutos.
As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são
introduzidas pelo nome fictício Matilde e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras
da entrevistada, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes
como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da
entrevistadora.
Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções
supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da
entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação
dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?
Matilde – Sim, podemos.
Entrevistadora – Agradecer também a disponibilidade, e pedir se seria possível
fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso académico e profissional?
Matilde – Então, inicialmente, fiz o percurso académico normal, ou a escolaridade
obrigatória até ao 12º ano, depois fiz uma licenciatura em línguas e literaturas modernas
e depois fiz uma licenciatura em formação educacional, as antigas pré-Bolonha, que eram
seis anos, era uma licenciatura grande de seis anos, fiz um estágio de um ano numa escola
pública e em que tinha duas turmas a meu cargo, sozinha, em que ia lá de vez em quando
a orientadora de estágio e a minha colega de estágio. Essas duas turmas eram minhas e eu
é que fazia avaliação e além disso além eram minhas de português, eu era, só fiz
inicialmente formação na área do português e era uma turma de nível inicial, 7º ano,
porque eu era de 2º, de 3º ciclo e secundário, e outra de 9º ano. Depois eu era também,
além de professora de português dessas duas turmas, secretária da direção de turma de
um 9º ano, dessa turma de 9º ano, e exercia todos os cargos da secretária de direção de
turma.
Ao longo desse ano trabalhei colaborativamente com a minha com a minha
orientadora de estágio e com a minha colega de estágio, e quando terminámos o estágio,
eu concorri a escolas públicas sempre estive colocada a dar aulas em horários pequenos
e também dei aulas no ensino profissional, durante bastantes anos, dei aulas de ensino
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
166
para adultos, dei aulas de ensino para jovens, os chamados FJ’s, dei aulas de ensino para
jovens em risco, dei aulas de muita coisa no ensino profissional. Nesse percurso também
participei num estágio a nível europeu, o Leonardo da Vinci, estive em Sevilha e aí decidi
em apostar na formação na língua espanhola e quando cheguei a Portugal inscrevi-me no
mestrado em língua espanhola e fiz o mestrado em ensino do Espanhol. Neste momento,
estou a lecionar não só português como espanhol já a nível profissional, sendo que
anteriormente a ser profissionalizada dei aulas de espanhol durante alguns anos nas
escolas públicas, porque era permitido por lei uma vez que havia carência de professores
de espanhol. Assim esse percurso profissional na área do ensino é mais ou menos este.
Neste momento dou aulas ao 2º ciclo de português e ao terceiro ciclo de espanhol, só.
Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de diretora
de turma?
Matilde – Desempenhei sempre o cargo de secretária de diretora de turma, de
diretora de turma só desempenhei o cargo nestes dois últimos anos, nestes três últimos
anos.
Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas
as funções e competências que terá?
Matilde – Quando recebi o cargo de diretora de turma, foi-me explicado tudo o que
teria de fazer, todas as competências e o que é que era preciso fazer, sim.
Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma
e que importância atribui a este cargo?
Matilde – Este cargo é muito importante, é um cargo de que eu acho que na gestão
intermédia da escola é importantíssimo, porque faz a ponte e a ligação entre pais e a escola
e professores e alunos e entre professores e pais e entre alunos e funcionários e entre os
vários órgãos da escola, portanto é um cargo de ligação, no fundo, e é um cargo muito
importante. É um … como caracterizo o meu desempenho?, eu tento desempenhar a
função o melhor possível, nem sempre é um desempenho fácil, tem a ver com o dia a dia,
às vezes é mais fácil, às vezes não é tão fácil, tento fazer as coisas o melhor possível,
tento cumprir o que me é pedido, quer por parte dos alunos, por parte dos alunos, quer
por parte da direção da escola e quer por parte dos meus colegas, dos meus colegas
professores, e também dos funcionários e da direção da Santa Casa da Misericórdia
também faz parte da gestão de tudo isto, no fundo, portanto tento ser esse tal elo de
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Transcrição das entrevistas
167
ligação entre todos os elementos, às vezes consegue-se outras vezes não, tentamos fazer
o melhor.
Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante
enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da
promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o
Diretor de Turma não exerce este papel?
Matilde – Concordo com essa afirmação, sim. É um gestor, é um nível intermédio
sim, está no meio das várias funções como eu já expliquei, que eu acho que é. Está no
meio entre pais, alunos, professores, os órgãos intermédios diretivos, portanto eu acho
que é a nível intermédio, sim.
Entrevistadora - Então, pensando nesta questão da organização escolar, da
supervisão e da promoção trabalho colaborativo, quais são as funções que desempenha
como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?
Matilde – Supervisiva tem a ver com a parte em que temos de, no fundo, ajustar,
fazer funcionar por exemplo o Plano de Turma, ou seja, fazer com que, por exemplo, os
trabalhos interdisciplinares funcionem e isso é o nosso papel é apenas supervisivo, é ver
se os colegas no fundo fizeram aquilo que se propuseram fazer. Nós não interferimos na
exequibilidade das coisas a que eles se propõem. Apenas supervisionamos isso,
supervisionamos também se os alunos cumprem com as suas obrigações e
supervisionamos se os encarregados de educação também cumprem com as suas
obrigações porque esse também é o nosso papel.
Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes
e mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?
Matilde – Na minha atuação como supervisor? Mais fortes, mais fortes se calhar a
supervisão com … em relação aos alunos, mas mais fracos se calhar em relação aos
encarregados de educação, se calhar não sou suficientemente persuasiva para chegar a
eles.
Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?
Matilde – Organizo, tento organizar, nem sempre se consegue, mas tento organizar
sempre tudo previamente, e tento levar tudo já previamente organizado de acordo com a
ordem de trabalhos desse conselho de turma e tento gerir as coisas para que se cumpra
primeiro o plano, a ordem de trabalhos e depois para que se cumpra o que temos
previamente estabelecido que acho que é importante que os conselhos de turma não se
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Transcrição das entrevistas
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alarguem muito e depois tento atuar de maneira a que todos me oiçam e que a coisa
funcione como é suposto, nem sempre consigo, não devo falar audivelmente, pronto mas
tento. A gestão anterior para mim é muito importante se eu não levar tudo organizado
previamente, eu sinto-me, acho que sinto-me perdida e tenho mesmo levar tudo
organizado, a organização anterior é fundamental para mim.
Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela
promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?
Matilde – Sim, fundamental e eu acho que todos devemos encará-lo assim.
Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de
Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias
conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho
de Turma?
Se forem bem entendidos e bem articulados (seria) funcionariam de forma
fantástica e seriam perfeitos e seria a escola ideal, nem sempre isto funciona, em lado
nenhum, não é só na escola onde trabalho, é em todo lado, portanto se tudo se articulasse
de acordo, se o projeto educativo, o plano anual de atividades e o PT estiverem todos
interligados a coisa faria sentido e fazer sentido é muito importante, só que às vezes as
coisas não fazem sentido e é por isso que depois uma atividade desgarrada que não faz
sentido, depois faz com que um plano turma ou que um projeto educativo também deixem
de fazer sentido.
Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os
professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,
professores ou outros intervenientes no processo educativo?
Matilde – Acho que o trabalho colaborativo é importante em todos os momentos,
não só como diretora de turma, como professora, como ser humano. É importantíssimo
colaborar com os outros, partilhar experiências é importante para todos crescermos, como
diretora de turma mais ainda. Quais as vantagens? Aprende-se mais, aprende-se a
partilhar, cada um partilha a sua experiência e partilhar experiências é muito importante,
alunos aprendem com professores, professores aprendem com alunos, professores
aprendem com professores e isto é muito importante, que todos aprendamos uns com os
outros e aprender a aprender com os outros é muito importante. Eu acho que na sociedade
de hoje em dia isto é fundamental: ouvir os outros, aprender com os outros.
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Transcrição das entrevistas
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Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o
exercício das funções dos Diretores de Turma?
Matilde – Claro, existem sempre fatores condicionantes.
Quais serão esses fatores?
Matilde – O Ministério da Educação em primeiro lugar, o Ministério das Finanças
e o ministério da economia, quer dizer a economia em geral, tudo isso condiciona e,
portanto, vai condicionar a economia dos pais, vai condicionar a economia das famílias,
tudo isso vai condicionar. Não é só o ministério da educação, do ministério da educação
emanam-se todas as leis, tudo o que nós aqui aplicamos e daí veem todos os
condicionalismos, portanto.
Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação
específica para o desempenho do cargo?
Matilde – Certo, sim.
Em que áreas ou domínios?
Matilde – Em que áreas? Na área da gestão da direção de turma, na gestão do grupo
turma, eu acho que é importante, nessas áreas específicas, especialmente estas duas são
importantes … principalmente nessas duas.
No seu caso concreto, sente necessidade desse tipo de formação?
Matilde – Sim.
Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?
Matilde – Ui … como definiria o perfil de um Diretor de Turma? Não sei, não
consigo definir um perfil de um Diretor de Turma, às vezes penso nisso, penso nisso
porque penso em mim enquanto diretora de turma, e penso o que será um bom Diretor de
Turma, um mau Diretor de Turma. O Diretor de Turma ideal para aquela turma e eu não
sei o que é o perfil de um Diretor de Turma, é alguém que seja capaz de gerir esta coisa
toda entre pais, professores, alunos e que seja capaz de estabelecer este diálogo de uma
forma genial, não sei como é que se define um perfil de um Diretor de Turma. Já pensei
nisso muitas vezes e já li algumas coisas sobre isso, também, porque, às vezes, sinto que,
por causa dessa falta de formação, sinto que é necessário saber mais alguma coisa acerca
disso.
Então pode dizer que é uma autodidata na formação?
Matilde – Pois, não! Já li algumas coisas, não, mas ainda não li muita coisa, ainda
não sou muito autodidata.
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Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada
nesta entrevista?
Matilde – Não. Não.
Entrevistadora - Então agradecer a sua disponibilidade, muito obrigada.
Matilde – Pois … De nada.
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ENTREVISTA AO MIGUEL
A entrevista foi gravada no dia 27 de abril de 2017, na escola em que o entrevistado
leciona. Esta entrevista teve a duração de 22’31 minutos.
As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são
introduzidas pelo nome fictício Miguel e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras
do entrevistado, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes
como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da
entrevistadora.
Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções
supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da
entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação
dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?
Miguel – Sim, podemos.
Entrevistadora – Seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso
académico e profissional?
Miguel – Posso. Sou licenciado em Matemáticas Aplicadas, depois disso estive no
ramo empresarial, tive uma empresa de informática, fui sócio, durante alguns anos, depois
aquilo deu mal, correu mal, erramos todos estudantes de Informática, do curso de
Informática, aquilo até tinha... posso dizer que fomos os pioneiros em Portugal nos cartões
que agora conhecem na escola, fomos nós que introduzimos isso para uma discoteca já
há muitos anos, depois disso aquilo deu confusão, comecei, dar muita formação na área
das informáticas, um dar aulas, experimentei, gostei e fiquei. Pronto.
Por acaso, comecei a dar aulas nesta escola, à noite, os dois primeiros anos dei aulas
à noite. Depois andei a contratos. Depois, aqui não fui Diretor de Turma, à noite. Depois
o primeiro ano que foi de dia, foi ali em Linda-a-Velha, tive logo duas direções de turma,
coisa boa, logo! Ainda era tudo à mão, coisa boa! A gente enganava-se fazia outra vez a
pauta. Pequenas direções, mas das... estilo batismo. Depois daí andei, contrato, portanto
fui sempre contratado, porque era licenciado, mas não pertencia aos quadros, depois andei
contratado seis anos mais coisa menos coisa, depois fui chamado para fazer a
profissionalização em serviço, foi na Universidade Aberta, como já tinha seis anos já não
fui obrigado a assistir às aulas, foi só à volta de dois anos na Universidade Aberta. Depois
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Transcrição das entrevistas
172
dai consegui entrar em quadro de zona. Depois de quadro de zona ainda andei dois ou três
anos e depois consegui então ficar efetivo nesta escola.
Como Diretor de Turma, sei lá, depois da minha carreira à volta de dezassete anos,
talvez três anos ou quatro anos não fui Diretor de Turma, o resto fui sempre, tive sempre,
o pelouro, infelizmente, de Diretor de Turma. Este ano era para não ter, vieram pedir-me
o favor, já estou arrependido de ter aceite. Porque fui Diretor de Turma nesta escola,
quando entrei no primeiro não fui, depois fui, tive uma direção de turma muito
complicada, não era de alunos, eram alunos só que tinha muitos miúdos com
Necessidades Educativas Especiais, só te posso dizer que o meu conselho de turma tinha
vinte e oito professores para dezassete alunos, tinha o 7ºE, o E-1 e o E-2. A primeira
rampa que houve para esta escola foi para um caso de um aluno meu, de cadeira de rodas
e depois aquilo foi complicado, porque foram três anos desgastantes. Embora o conselho
de turma viesse a diminuir ao longo do tempo, ainda chegamos ao 9º ano com uns
dezanove professores. Estamos a falar de uma gestão um bocado complicada. Eu pedi
depois para descansar e em vez disso deram-me as Mecatrónicas. Depois fui durante seis
anos Diretor de Turma de Mecatrónicas e o ano passado, pedi, tive aí uns problemas com
uns colegas, para descansar um ano, foi aceite, depois vieram-me pedir se podia
desenrascar no PCA, agora sou Diretor de Turma num PCA de 9º ano, é uma carga de
trabalhos.
Entrevistadora - Pronto, ia perguntar se já tinha desempenhado o cargo de Diretor
de Turma, acabou já por responder.
Miguel – ... só não fui no secundário, básicos, PCA’s, já fui de tudo e mais alguma
coisa...
Entrevistadora - Portanto tem muita experiência... Quando recebe o cargo de
Diretor de Turma são-lhe explicadas as funções e competências que terá?
Miguel – Não … [O entrevistado só ri … não responde à questão, dando a entender
não lhe serem explicadas as referidas funções e competências.]
Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma
e que importância atribui a este cargo?
Miguel – Acho que é um papel fundamental numa turma. Ah, quer dizer, tento
desempenhar o meu melhor, não é? Às vezes também não se consegue, porque muitas
vezes a informação dos colegas vem tardia. Costumo dizer, isto também depende também
do sistema informático, neste momento eu posso-lhe dizer que, o antigamente, o sistema
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Transcrição das entrevistas
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informático que a gente usava, como tínhamos computador em todas as salas, os
professores punham logo as coisas muitas vezes as faltas dos miúdos, as intercalares,
muitas vezes os miúdos no próprio dia que chegavam a casa os pais já sabiam da
informação. Agora o que é que acontece? Há colegas nossos que põem os sumários
passados oito dias, como participações, falam... a gente vai falar, o quê? Vamos dizer aos
pais “olhe teve uma participação”, “mas foi o quê?” A gente não sabe o que é que se
passa... as coisas agora não vêm muito atempadamente, por isso às vezes a gente é um
bocado complicada, a parte principal dos comportamentos e aproveitamentos e pronto a
assiduidade é um bocado complicada muitas vezes, por causa disso. Porque... E neste
momento, eu acho que os pais também se estão a desleixar da função, eu tenho casos de
pais que nunca vieram a uma reunião ainda este ano.
Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante
enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da
promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o
Diretor de Turma não exerce este papel?
Miguel – Entre quê colegas?
[A nível da gestão intermédia, entre os colegas, entre os pais, entre os... ]
Sim, eu acho que é um papel fundamental. É o que faz a gestão, principalmente em
caso de conflito. Há muitas vezes os pais querem vir falar com os professores, (...) há
colegas nossos que pronto!, cada um tem a sua maneira de ser, e às vezes também não
serve para nada, só vêm cá para refilar e muitas vezes os miúdos nem têm razão. Há pais
que defendem muito as dores e às vezes pergunto se não conhecem o que têm em casa.
Acho que sim!
Entrevistadora - Das funções que tem enquanto Diretor de Turma quais é que
considera que têm uma natureza supervisiva?
Miguel – Bem, neste momento é diferente, se fossem os profissionais eu falava de
outra maneira. Ah … neste momento, tem mais a ver com os comportamentos. O
aproveitamento, mais a assiduidade porque são miúdos que faltam muito, pontualidade,
principalmente as pontualidades e tento sempre andar a controlar isso e a informar os
pais. Neste momento, no básico, porque ainda por cima isto é um PCA é diferente, não é,
a gente não dá aulas, embora seja um 9º ano é diferente, isto é vertente Cozinha, a gente
faz projetos por isso é diferente. Se fosse falar como profissionais era mais,
principalmente por causa dos módulos, porque depois haver exames se as notas não forem
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Transcrição das entrevistas
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lançadas, apertar um bocadinho os colegas por causa que há colegas que se acham um
bocadinho, um bocadinho é grande e é favor, posso dizer que o ano passado desde que
fui nos profissionais levar tudo preparado e tinha sempre que reformular tudo porque
havia sempre módulos que ainda não tinham sido lançados. Às vezes o balanço, a gente
fazer um balanço de gestão e do aproveitamento era complicado, que conseguia, por isso
já não me preocupava muito, deixar a coisa ir e depois rolar... já não vale a pena chatear-
me.
Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes
e mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?
Miguel – Eu como mais fortes, se quer que diga já estou um bocado desiludido com
isto tudo. Eu os pontos mais fortes que eu acho neste caso que tenho, será na gestão de
conflitos, principalmente entre miúdos e professores, porque há, tenho muitos,
principalmente este ano tive muitos casos... isto para o PCA a gente em geral convida
professores, alguns foram convidados, outros foram “impingidos”. O que é que acontece?
Há professores que nem todos têm perfil para isto, então tenho aí conflitos com um ou
dois professores, bastante graves, que eu tenho andado a tentar gerir, pronto, é uma parte
fundamental. Outro é tentar motivar os miúdos, que é um bocado complicado para estes
miúdos, a gente tentar motivá-los, tentamos sempre, tento com vários exemplos reais da
vida, há aqui uns que já tiveram percursos mais ou menos alguns que percebem o que
estou a falar, há outros que também não. Pronto... para mim essas partes... tudo isso... se
a gente conseguir controlar o comportamento, a assiduidade dos miúdos e a pontualidade,
o aproveitamento vem por si próprio, não é preciso a gente controlar o aproveitamento, a
gente tem que gerir um bocado... o aproveitamento na maior parte destes miúdos está
implícito outras coisas. Eu tenho aqui casos de miúdos, onde agora tive que por dois PA’s,
que é os Planos de Acompanhamento, que é por causa das faltas. Tenho aqui casos de
miúdos, pronto um bocado complicados, já vinham com problemas do ano passado, ouve
uns, tenho um que consegui, ameacei a ele e ao encarregado de educação (risos), foi
mesmo uma ameaça, tive que fazer um aperto aos pais e dizer que ia fazer queixa ao
Tribunal de Menores, o que seria uma chatice. Houve aí um caso que digamos tenho
sucesso, ouve outro que foi insucesso completo. Pronto. Reconheço que não tenho ...
Pontos fracos... eu acho que os pontos fracos é, depende um bocado às vezes, eu o
meu ponto fraco que eu apresentei aqui neste caso tem a ver com a própria escola, com a
logística, e naquilo que eu estava a explicar, a informação vem muito tarde, chega-me às
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
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minhas mãos às vezes muito tarde, para estes miúdos a gente tem que agir logo, no mesmo
dia, o ideal, nem que seja um dia ou dois, um ou dois dias a seguir, se a gente passa isso
para eles já não, e mesmo deixa de ter o efeito desejado.
[Mas isso a qualquer um, não é?]
Mas nestes miúdos ainda mais. Estamos a falar de uma média de idades dezasseis
anos, dezassete anos no 9º ano, alguns deviam estar no 11º ano, eles nem sequer vão fazer
exames de 9º ano de Português, vão diretamente para a via profissional. Há aqui casos,
tenho aqui casos de dois miúdos que têm dezassete anos, que já lhes disse, pelo menos
façam o esforço para fazer o 9º ano, neste momento estão casos problemáticos. Depois
matriculam-se, vocês fazem anos em setembro ou o que é que é, matriculam-se e depois
vêm cá anulam a matrícula e vão à vossa vidinha, querem trabalhar tudo bem! Agora
como é ensino obrigatório, não façam andar com a vossa vida para tràs porque depois
vocês na realidade ficam com o 7º ano de escolaridade, alguns, porque alguns que até têm
é o 6º ano, ficam o 6º ano, porque isto só tem vínculo qualquer se acabar todo o 9º ano,
como os profissionais, a história é mais ou menos igual.
Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de conselho de turma?
Miguel – Como é que eu giro, organizo? Para já a primeira coisa é preparar o
trabalho de casa muito. Em geral levo tudo já feito até a ata, a minha secretária só tem
que fazer os acrescentos do que se fala na reunião. Sou muito autoritário, sou ditador, nos
conselhos de turma, sou ditador porquê? Por uma simples razão. Claro que deixo as
pessoas falarem, deixo isso tudo, mas é assim primeiro trata-se os pontos importantes,
porque senão as pessoas começam a falar, divagam, e quando a gente dá por ela pois é
que é uma hora e meia “Ah, desculpem lá, tenho outra que me ir embora”, isto é, falo pelo
próprio diretor que já foi do meu conselho de turma, foi a primeira pessoa que eu mandei
calar, foi ele por acaso. Quando me obrigaram a ser Diretor de Turma dos profissionais,
a primeira pessoa que mandei calar, foi o diretor que ele gosta muito de falar... Porquê?
Eu depois deixo sempre, porque as pessoas, eu acabo as reuniões sempre antes do tempo,
em geral, como eu dizia no 7º ano geria três no tempo de uma, por isso, e acabava antes
do tempo... (risos) …. Giro as reuniões e depois deixo as pessoas falar no final pergunto
sempre se querem discutir alguma coisa, e depois a história é sempre igual chegamos ao
final mesmo com meia hora antes, querem falar alguma coisa “Ah, não, não! Está tudo...
coiso” ... aquilo muitas vezes é conversa para mandar para fora … Ah … e eu nesse caso
sou rigoroso (risos) e tem que ser porque se não a gente passa uma reunião, uma hora e
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Transcrição das entrevistas
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meia e passado um... e é assim e depois cai tudo para cima do Diretor de Turma, e há
coisas, decisões que parte também do conselho de turma, embora o Diretor de Turma
tenha um grande peso, quer dizer, mas depois mais tarde se alguma coisa corre mal,
apontam o dedo ao outro e eu como já sou um bocado calejado, como já me caíram para
cima alguns assuntos chatos, então prefiro fazer assim.
Entrevistadora - Encara o conselho de turma, como o órgão responsável pela
promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?
Miguel – Acho que sim, é fundamental. Nós no caso do PCA, como nos reunimos
de quinze em quinze dias, tens essa... mesmo por causa dos projetos. O caso dos
profissionais é diferente, mas pronto .... Há uma... O que acontece nos alunos... eu acho
que falha aí, peca. Um bocado a relação interdisciplinar. Porque a gente muitas vezes
pode criar um problema .... Posso dizer uma vez trouxe para aí um projeto, que implicar
trocar as disciplinas, era um projeto de 8º ano, normal, do curso normal quer dizer
trabalhei eu, a professora de Português e mais outro. O resto tudo se... e era um projeto
muito giro, engraçado, e agora vou trabalhar um ele outra vez era o projeto do lobo, de
recuperação do lobo... e quer dizer... os professores... neste caso [PCA] eles envolvem-se
porque faz parte, vá lá do currículo da turma, na maneira de trabalhar da turma, mas no
geral, nas turmas gerais, cada um está no seu cantinho, no seu ovinho... E cada um... nós
no departamento de Matemática ainda temos uma coisa boa que partilhamos informação,
fazemos testes comuns, fazemos isso tudo. Agora sei que há aí grupos outros colegas, de
Geografia por exemplo, que até se for preciso até guardam o material para não
partilharem, porque “é meu, é meu e é meu”... o problema às vezes tem a ver com filosofia
das pessoas e as mentes das pessoas, nós na Matemática sempre partilhamos tudo, mas
isso tem a ver com o nosso espírito dos matemáticos... não tenho problemas de partilhar
informação, eu trabalho muito com colegas a meias ainda o ano passado, porque eu tenho
na minha direção de turma miúdos, tenho sempre miúdos com Necessidades Educativas
Especiais, e então havia uma professora que dava aulas e individualizadas, a gente muitas
vezes jogava, às vezes até juntava os dois grupos para trabalhar por causa de trabalhar
dinâmicas de grupo, aí havia trabalho de parceria nessa parte da Matemática, nas outras
disciplinas não posso falar... porque também não sei...
Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de
Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
177
conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no conselho
de turma?
Miguel – Isso é muito bonito no papel. Porque ... para já o PAA vai sendo
construído, não existe logo iniciativa. Posso dizer por exemplo em relação ao nosso PCA
a gente vai construindo as coisas de quinze em quinze dias, porque não há, para já, deram-
nos as coisas, a mim posso dizer, disseram-me de um dia para o outro, que tinha que ir ao
SI, que é o sistema Ministério da Educação nem sequer sabia trabalhar com aquilo, e
fechava à meia noite, era um quarto para a meia noite é que abri em minha casa. Ah, isso
é sempre a lacuna, e acho que sempre houve essa lacuna, e falo há anos que devia se criar
se uns projetos entre as disciplinas, criar se um nem que seja um ou dois, ou uma ideia de
um projeto por ano com as disciplinas e os conteúdos que dê para interligá-los. Isso já eu
falo há anos... Já se falou em criar grupos de trabalho … mas … zero. Por isso para mim
isto vai-se construindo tudo no joelho, e falo por mim.
Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os
professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,
professores ou outros intervenientes no processo educativo?
Miguel – Eu acho que é vantajoso em relação para transmissão de conhecimentos
mais alargados e para os próprios colegas porque existe uma cooperação, cria-se uma
cooperação entre eles.
Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o
exercício das funções do Diretor de Turma? Quais serão esses fatores?
Miguel – Sim. Acho que sim. Há fatores que... começo logo, um deles é o conselho
de turma (risos), é logo o primeiro, ... outro muitas vezes posso dizer que é a própria, da
direção, não tem a ver com a direção, mas com a logística da ... vá lá... muitas vezes para
fazer certas coisas sei lá para fazer certa atividadezinha é preciso uma carrada de papeis,
que só a gente pensar nos papéis e na logística daquilo, desiste. Outra coisa que agora a
escola tem, por isso é que eu posso dizer que deixei de fazer visitas de estudo e outras
coisas como Diretor de Turma por causa disso, posso dizer que antigamente fazia a volta
organizava á volta de oito a nove visitas de estudo por ano (risos), agora … zero! Vou
organizar uma ou duas agora para o meu PCA, porquê? Porque só professores, por
exemplo se for os profissionais é uma chatice, ou temos que arranjar colegas para nos
fazerem as nossas aulas e fazerem as substituições. Além de ter que dar o tempo que
perco, muitas vezes, imagine que tenho dois tempos de aulas saio daqui às oito horas e
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
178
volto às onze horas da noite, mas tenho que vir compensar esses dois tempos de aulas,
fora disso ainda tenho que dar essas aulas, principalmente nos profissionais, os planos de
aulas às vezes funcionam, outras vezes não funcionam. Criaram tantas regras aqui, de tal
maneira que a maior parte dos professores deixaram de fazer visitas de estudo, porque é
assim, a gente tem uma canseira, uma trabalheira e depois disso ainda tem que ir repor as
aulas que faltou entre aspas, porque teve em serviço, eu posso dizer que aqui há uns anos
tive aqui, fui eu e outra colega minha, que era faltas em serviço, eu nunca conheci faltas
em serviço, não existe na lei, mas aqui existia, faltas em serviço. Imagina, eu vou-te dar
um exemplo, como Diretor de Turma ia a uma visita de estudo e tinha dois tempos de
direção de turma e tinha que os compensar, se não estava em falta em serviço. De tal
maneira que eu depois comecei a vir fazer serviço e comecei a abrir uma bolsa de horas,
claro que “embuchamos” aquilo tudo. Aquilo depois foi a conselho de escola e ele mudou,
mas tem aplicações na nossa avaliação... que ele chama... agora não me lembro
parametrozinho... que agora não me lembro o que é que é implica?, os professores
deixaram de fazer muitas atividades entre outras coisas também por causa desse entrave,
quer dizer as gente já tem uma responsabilidade não sei como quantos alunos atrás, que
dá chatice por que a gente tem que estar com mil olhos em cima deles, principalmente
turmas complicadas e depois disso ainda temos que vir depois das quatro compensar aulas
para os meninos... desculpem lá isso não tem pés nem cabimento... vou arranjar parcerias
com os colegas que vai dar a minha aula, mas depois tenho que ir dar a aula dele... por
isso, os planos de aula nos profissionais não funcionam muito bem... por isso, como sou
dou profissionais e PCA’s, não tenho mais nada, falo por mim, é um dos entraves é a
parte logística, aqui no processo administrativo.
Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação
específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso
concreto, sente necessidade desse tipo de formação?
Miguel – Eu no meu caso não necessito por causa da experiência, não é? Eu acho
que deviam ter uma formação, principalmente a parte de liderança de gestão organizativa
da maneira como... E depois porquê? Porque a direção de turma também muda, como se
costuma dizer, de casa para casa, cada cabeça, a lei é toda é igual, mas cada cabeça a sua
sentença, a gente vai para uma escola trabalhar de uma maneira, eu por acaso sou efetivo
nesta, mas quando não era ia para uma escola trabalhava-se de uma maneira, ia para outra
escola trabalhava-se de outra maneira, não há um formato “X”, claro que há funções que
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
179
são sempre iguais, há aquela coisa de receber uns telefonemazinhos, aqueles processos
são sempre iguais, mas a maneira, a parte processual mas é um bocado diferente de
trabalhar de escola para escola e é aí que peca, principalmente eu vejo os meu colegas
novos, nós aqui temos o SAGEST, é um sistema informático, que é o plano curricular de
turma, que antigamente fazia-se em papel, é uma base de dados onde temos de enfiar
aquilo, aquilo dá problemas, principalmente quando está tudo em reunião e há colegas
nossos que às vezes, andam ali às aranhas... Quem não tem formação perde ali, horas e
horas. Enquanto eu chego ali em meia hora resolvo o assunto, uma hora faço tudo, tenho
ali colegas que estão aqui tardes a atualizar o sistema.
Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?
Miguel – O perfil? .... Olhe... Honesto, primeira coisa porque a honestidade com os
alunos é muito importante em relação a este aspeto. Uma pessoa calma... que não seja
uma pessoa muito stressada, porque senão logo começa a bailar para o psicólogo, ou uma
coisa assim. Tem que ser uma pessoa firme também, estou a falar de aspetos de firmeza.
Tem que ser um bocado líder, tem que ter uma veia de líder... isto é tudo ligado muito à
área da gestão, porque eu também tenho uma MBA em gestão, por isso é que estou a
falar, ao fim de contas o Diretor de Turma é o gestor, é o gestor de uma turma, é o gestor
de recursos humanos, de professores e alunos, é um gestor administrativo, só lhe falta ser
gestor financeiro, e muitas vezes também é por causa das visitas de estudo, por isso o
perfil mesmo é de um gestor, além de professor...
Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada
na entrevista?
Miguel – Não …. Acho que foi mais ou menos, não sei se falta aí alguma coisa...
Entrevistadora - Então agradecer a sua disponibilidade, muito obrigada.
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Transcrição das entrevistas
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ENTREVISTA AO MANUEL
A entrevista foi gravada no dia 27 de abril de 2017, na escola em que o entrevistado
leciona.
Esta entrevista teve a duração de 9’54 minutos.
As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são
introduzidas pelo nome fictício Manuel e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras
do entrevistado, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes
como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da
entrevistadora.
Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções
supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da
entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação
dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?
Manuel – Tudo bem. Ok.
Entrevistadora – Seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso
académico e profissional?
Manuel – Posso, rapidamente. É assim eu sou licenciado em Gestão, tenho uma
pós-graduação também em gestão e um mestrado. Pré-Bolonha, naquela altura, eu
terminei em 2004. E pronto. Em termos académicos basicamente esse foi o meu percurso.
Depois ainda fiz a profissionalização em serviço, estágio, que eu sou da área da
Economia, sou profissionalizado, fiz a profissionalização em serviço. Isto em termos
académicos. Depois em termos profissionais, já leciono há vinte e um anos. Já trabalho
em empresas há cerca de vinte anos, na área de Consultadoria/ Economia/ Contabilidade,
tenho conseguido conciliar, sou contabilista certificado também. E pronto estou a gostar.
Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de diretora
de turma?
Manuel – Sim, já há... ao longo destes vinte e um anos, já há mais de dez anos que
desempenho este cargo.
Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas
as funções e competências que terá?
Manuel – Sim, sempre. Nós temos um livrinho orientador, que nos vai dizer qual é
a legislação, as funções, competências, por aí.
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
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Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma
e que importância atribui a este cargo?
Manuel – Eu acho que o meu desempenho até agora, tem sido um bom
desempenho, não é? Modéstia à parte. E trata-se de um cargo de grande responsabilidade,
no fundo é centralizar o desempenho dos alunos, dos professores … e partilhar um
bocadinho com a direção, com a secretaria da escola, é um trabalho muito exigente, muito
burocrático, podia ser um pouco menos burocrático.
Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante
enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da
promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o
Diretor de Turma não exerce este papel?
Manuel – Eu concordo, concordo, e até acho que em relação à parte burocrática,
podíamos ter aqui uma redução da parte burocrática e ser transferido, ter uma secretária
especifica mesmo para tratar dos cursos profissionais, porque eu sei de outras escolas em
que há secretarias especificas para tratar dos cursos profissionais, que o trabalho do
Diretor de Turma é reduzido para metade, pelo menos. É um cargo de grande exigência,
é um cargo de gestão intermédia, claramente, e de supervisão constante quer dos alunos
quer dos professores. E, nomeadamente, eu faço um controlo semanal das faltas muito
rigoroso e tento andar sempre em cima dos miúdos e, portanto, supervisiono alunos,
colegas e tenho uma relação direta, quase constante com a direção da escola.
Entrevistadora - Então, pensando nesta questão da organização escolar, da
supervisão e da promoção trabalho colaborativo, quais são as funções que desempenha
como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?
Manuel – É supervisionar basicamente os alunos, os professore e estar em contacto
permanente com as estruturas de orientação educativa da escola, basicamente é isso.
Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes
e mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?
Manuel – Aspetos mais fortes e mais fracos. Mais fortes é talvez eu ter uma
supervisão constante, não é? Em relação à metodologia de trabalho que eu adoto tento
fazer isso, tento sempre ter um controlo permanente das minhas responsabilidades, das
minhas competências. Mas penso que a nível burocrático, não diria um ponto menos bom
ou fraco, mas tento sempre ter a certeza de que consigo ter tudo sob a minha supervisão,
embora, às vezes, não seja fácil.
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
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Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?
Manuel – Ou seja, sempre que há uma reunião de Conselho de Turma agendada
quer pela direção da escola, quer pelo Diretor de Curso, quer por mim que ás vezes sou
eu que também convoco essas reuniões, em função da ordem de trabalho preparo a
reunião, de uma forma muito detalhada e pormenorizada e tento sempre ser o mais
objetivo possível na reunião.
Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela
promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?
Manuel – Sem dúvida, tem que haver uma parcimónia entre o Diretor de Turma e
o Diretor de Curso para que as coisas possam funcionar em pleno, mas o Diretor de Turma
é o que tem a responsabilidade de conseguir juntar as peças todas do puzzle de forma a
que as coisas consigam funcionar.
Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de
Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias
conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho
de Turma?
Manuel – Estes três instrumentos são fundamentais para que as coisas funcionem,
por outro lado o Diretor de Turma tem que respeitar estes três instrumentos, tem que os
ler, tem que os conhecer e tem que ter um respeito pelo seu cumprimento, por um lado,
por outro lado, há estratégias que o Diretor de Turma pode, de forma autónoma, mas
nunca contrariando estes três instrumentos, de forma a tentar fazer com que os seus
procedimentos e métodos de trabalho, possam no fundo nunca contrariar estes três
instrumentos, mas tentar fazer o melhor trabalho possível, dentro da forma mais simples
possível, porque isto é um trabalho muito burocrático e muito exigente e exige uma visão
de conjunto.
Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os
professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,
professores ou outros intervenientes no processo educativo?
Manuel – É sempre fundamental incentivar os professores a trabalhar da melhor
forma, se possível, desenvolverem novas atividades, novos projetos, para além dos que
está nos livros, do que está nos programas. Mas de preferência sempre, sempre, sempre,
em articulação com os que está nos programas, porque nós não podemos desenvolver
atividades, nem projetos que possam ir contar os programas da própria disciplina.
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
183
Portanto, acho que é um fator de enriquecimento para os alunos, para os próprios
professores, para a própria escola haver aqui uma conjugação entre programas e
atividades que vão para além da sala de aula, do normal funcionamento da sala de aula.
Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o
exercício das funções dos Diretores de Turma? Quais serão esses fatores?
Manuel – Para mim o fator que limita mais é a burocracia. É a burocracia. Para
mim é o único que à partida que eu estou a ver que me condiciona o meu trabalho, só isso.
Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação
específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso
concreto, sente necessidade desse tipo de formação?
Manuel – Eu diria que não há necessidade de uma formação específica. O que há
necessidade é ter perfil para o cargo e conhecer as orientações escolares e as suas funções
e competências. Não tem de ter uma formação específica. Também de tiver só tem a tirar
benefícios daí, mas acho que não há necessidade de uma necessidade específica, já que
quem tem, quem é profissional do ensino e tem uma formação pedagógica, não é?, é capaz
de ser é também importante é ter alguma formação jurídica. Pessoas que não tenham na
sua, no seu plano de estudo, da sua formação a nível superior, a parte jurídica, devem ter
essa parte minimizada, não é?, e ter formação talvez nessa parte jurídica, como na parte
pedagógica não estou a ver. No relacionamento entre os colegas, os professores e a
direção eu penso que … o que é importante é ter perfil para o cargo.
Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?
Manuel – (risos). É uma resposta que não é fácil. Tem que ter capacidade de
planeamento, de organização, de controlo nas suas funções. Alguém que tem de ter
capacidade de liderança, de motivação que seja produtiva, que conheça, que conheça a
legislação vigente, que tenha uma grande capacidade para resolver problemas, problemas
entre os alunos e a escola, entre todos os membros da comunidade escolar, basicamente
é isso, mas tem que ser alguém com perfil e alguém com capacidade de resolver
problemas, que não fique pelas meias tintas e que tenha um controlo o mais apertado
possível da situação. Porque quando não há um controlo apertado possível da situação, as
coisas deixam de funcionar, os alunos apercebem-se disso e isto é um caos total.
Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada
nesta entrevista?
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Transcrição das entrevistas
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Manuel – Penso que não. Acho que mais ou menos... Neste momento não me
recordo de tudo. Mais alguma coisa? Não me recordo de mais alguma coisa … Não me
lembro de mais nada.
Entrevistadora - Então agradecer a sua disponibilidade, e a forma tão clara como
nos respondeu, muito obrigada.
Manuel – Disponha, sempre.
Entrevistadora – Obrigada.
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
185
ENTREVISTA AO MÁRIO
A entrevista foi gravada no dia 27 de abril de 2017, na escola em que o entrevistado
leciona.
Esta entrevista teve a duração de 31’47 minutos.
As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são
introduzidas pelo nome fictício Mário e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras do
entrevistado, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes
como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da
entrevistadora.
Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções
supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da
entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação
dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?
Mário – Ok. Muito bem.
Entrevistadora – Seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso
académico e profissional?
Mário – Sim. Licenciei-me, portanto, em Línguas e Literaturas Clássicas pela
Universidade de Coimbra... de Lisboa... (ai de, de Lisboa... pela Universidade de Coimbra
de Lisboa não podia ser a por causa dos estudos que faço em Lisboa, mas pronto, pela
Universidade de Coimbra, peço desculpa). Em 2000, 2000?, ui, já foi á tanto tempo que
até me esqueço da data em que foi, entrei em 88 e depois acabei por concluir a formação
pedagógica em 95/96, porque entretanto ainda fui à tropa, e depois ainda estive um ano a
dar aulas antes de terminar a licenciatura, daí que que portanto tenha adiado um pouco
também o terminus do curso. Após terminus de curso, portanto, fui trabalhar para uma
escola profissional para Estremoz na qual estive até 2009/2010, portanto estive muitos
anos naquela escola, quer com cargos de professor, quer com cargos Diretor de Turma,
que se chamava orientador educativo na escola, quer com cargos também de gestão
intermédia na própria escola, para além do cargo de Diretor de Turma tive outros cargos
de gestão intermédia. Nesse ano letivo 2009/2010, eu, portanto, já antes eu tinha decidido
sair e, portanto, dei umas aulas á noite numas escolas, na zona, perto de Estremoz, para
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
186
poder ter a primeira prioridade, porque estávamos com um problema, só podíamos
concorrer ao ensino público com primeira prioridade quem não fosse do ensino público
só podia concorrer numa segunda prioridade. Penso que, entretanto, essa situação foi
resolvida, mas... Depois sai para Campo Maior, no ano de 2010, exato. E, a partir daí, dei
sempre aulas no ensino público até este momento. Ainda não entrei para quadros, mas na
outra escola particular tinha uma situação mais estável porque estava no quadro da escola,
não é?, no ensino público, não estou no quadro da escola, mas também não é por isso que
me sinto realizado, pelo contrário, se optei por sair, portanto era porque já se tinha
esgotado, por assim dizer, o meu tempo naquela escola mas, basicamente, portanto, em
termos de percurso é este, portanto tenho cerca de vinte e dois anos de ensino e sinto-me
bem.
Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de Diretor
de Turma?
Mário – Sim, posso lhe dizer que quase todos os anos fui Diretor de Turma...
Provavelmente, houve um ano que não tivesse sido... foi … houve um ano que não fui
Diretor de Turma e foi, precisamente, no primeiro ano que eu vim para aqui para a zona
de Lisboa, foi em 2011/2012, provavelmente, nesse ano é que não fui Diretor de Turma.
Mas, de resto, eu acho que fui Diretor de Turma todos os anos.
Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas
as funções e competências que terá?
Mário – Sim, normalmente no início do ano letivo, a não ser que por tanto nós
tenhamos entrado já após as reuniões iniciais, mas há sempre uma reunião inicial de um
coordenador de Diretores de Turma, portanto eu acho que são explicadas as funções do
Diretor de Turma, as responsabilidades, as competências que devem ter, e tentar perceber
o perfil do Diretor de Turma, também porque também é uma questão, a questão do perfil,
porque nem sempre se tem perfil para se ser Diretor de Turma porque há algumas
especialidades tidas em conta, e portanto ou se tem ou não se tem, e às vezes há alguns
que fazem por não ter que é para não terem a direção de turma (risos).
Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma
e que importância atribui a este cargo?
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Transcrição das entrevistas
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Mário – Bom, é assim, eu enquanto Diretor de Turma e faço-o na minha vida
profissional também, tento dedicar-me ao máximo e tento dar resposta legal a todos os
problemas e cumprir de acordo com a lei. É óbvio que para se ser Diretor de Turma,
também, para além da componente legal que temos que saber cumprir temos também que
ter uma capacidade humana e nos tempos que correm cada vez maior, não é? Eu recordo-
me dos meus tempos em que era aluno, em que o Diretor de Turma basicamente não tinha
uma relação de proximidade connosco, com aquele que neste momento temos com os
alunos. Os tempos também mudaram, mas também a própria relação, se quisermos,
pedagógica e afetiva, entre o professor, neste caso o Diretor de Turma e os alunos é de
maior proximidade do que era noutros tempos, basicamente nos outros tempos um aluno
não faltava, não tinha problemas, quase não tinha uma relação com o Diretor de Turma e
passava quase como um professor normal, era o Diretor de Turma, mas, era professor
normal de determinada disciplina, neste momento não, há uma proximidade muito maior.
Em termos de responsabilidade tento fazer o trabalho sempre com a máxima
responsabilidade e pelo menos cumprir de acordo com a lei.
Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante
enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da
promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o
Diretor de Turma não exerce este papel?
Mário – Sim, aliás já o disse antes, porque o Diretor de Turma está num papel
intermédio, em termos da sua responsabilidade, quer para com a escola, quer para com os
pais e para com os alunos, portanto nesse sentido, tem que também colaborar em termos
da própria gestão e da própria organização porque está numa posição em que tem alguma
influência e que tem que dar resposta às orientações, portanto, da própria escola e ao
próprio professor e educativo na sua globalidade.
Entrevistadora - Tendo em conta que respondeu de forma afirmativa, quais são as
funções que desempenha como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?
Mário – Bom, nós em termos de natureza supervisiva, nós temos que ter em atenção
os cumprimentos, por exemplo, neste caso concreto que eu sou Diretor de Turma de uma
turma de ensino profissional, no ensino profissional há algumas especificidades,
nomeadamente no que toca ao cumprimento dos planos curriculares e ao cumprimento
das assistências obrigatórias que os alunos têm que ter para poderem capitalizar ou de
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
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certa forma para poderem obter a nota, o aluno até pode ter nota positiva, mas se não tiver
um “X” de assistências, pode ter um vinte que a nota não sai. E esse controlo compete ao
Diretor de Turma, compete também aos professores, mas compete também ao Diretor de
Turma, porque o Diretor de Turma, neste caso, acaba por ser um gestor do processo e tem
que ter em atenção todos esses aspetos. Isto é, quer com os alunos quer com os
professores, porque para que a coisa funcione. Com os alunos houve certa proximidade
porque alertamo-los “olha vê lá já ultrapassaste o limite de faltas vais ter que compensar.
Vamos então à disciplina X tens que falar com o professor para compensar uma hora ou
duas horas”. É um trabalho que nós fazemos semanal, isto é, semanalmente nós temos
que ter esse trabalho feito para informar os alunos, para que possam cumprir os seus
objetivos. Não só neste aspeto, mas noutros aspetos também nomeadamente no que toca
à relação de proximidade com o diretor de curso também, que está portanto num patamar
também intermédio em termos da própria gestão escolar, em que nas reuniões
semanalmente (é neste dia, precisamente a esta hora que nós temos essa reunião
semanalmente – [quinta-feira]) e portanto aí nós discutimos estratégias, formas de atuação
no sentido de atingir os objetivos ou então colmatar alguma situações que haja
necessidade de colmatar, ou de resolver alguns problemas de caráter também às vezes
pessoal ou pedagógico dentro da própria estrutura ou grupo turma.
Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes e
mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?
Mário – É assim... Em termos, pronto... em termos da minha capacidade de
organização como supervisor, como aspetos mais fortes tenho a própria empatia que eu
consigo ter junto dos alunos, e isso é uma forma de fazer com que eles possam chegar a
nós de forma mais aberta, porque muitas vezes se o Diretor de Turma for uma pessoa que
não imprima muita confiança aos alunos, ou então que também não os aceite da forma
que eles são, eles facilmente, portanto, se desviam e não o procuram. Eu neste sentido
sou muito aberto e muito leal com os alunos eles procuram me facilmente, não há
qualquer conflito nesse sentido com os alunos. Muitas vezes nesse patamar, o que me
torna mais difícil a concretização do trabalho não tem tanto a ver com a responsabilidade
dos alunos naquilo que têm que fazer ao que cumprir, mas mais na relação que passa para
outra esfera do Diretor de Turma, que tem a ver com a relação entre o Diretor de Turma
e os colegas e o Conselho de Turma em si, porque dentro desse grupo, nem só é fácil
conseguir que todos trabalhem em sintonia para atingirem o mesmo objetivo e aí eu por
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Transcrição das entrevistas
189
norma como não gosto de ter uma atividade ditatorial, e acho que não é a mim que me
compete ter essa atitude ditatorial, posso informar superiormente que as coisas não
funcionam, e aí custa me mais, custa-me mais, custa-me na relação com os colegas, com
os pais e com os alunos nem tanto, o que me preocupa muitas das vezes é que os pais
assumem certas responsabilidades, que depois acabam por não concretizar nos próprios
alunos e muitas das vezes eles quase que se desculpabilizam “que não conseguem” e
atribuem essa função ao Diretor de Turma, isto é, o Diretor de Turma para além de tratar
de todos os processos e dos problemas inerentes à própria escola ainda têm que trabalhar
e tratar outros aspetos que estão numa esfera mais familiar, porque nós não somos pais
deles e muitas das vezes temos que atuar em conformidade com isso, mas ao mesmo
tempo também não temos autoridade moral ou sequer até legal, para o podermos fazer,
esse é o grande handicap e o grande problema que perpassa a direção de turma nestes
tempos que correm, e quando eles não querem fazer, não fazem, e, portanto, não há nada
a fazer nesse aspeto, é tentar cativá-los, tentar fazê-los perceber que é importante para
eles e que é importante também para o próprio grupo-turma, que eles não percam o grupo
turma, só que muitas das vezes é difícil conciliar este tipo de situações.
Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?
Mário – Bom, em termos de reunião de Conselho de Turma, por norma faço
cumprir o que está estipulado em termos de trabalho definido para essa reunião e tento
também acautelar quando há duas reuniões anuais em que costumam estar presentes,
portanto, os encarregados de educação, pronto, e tive uma situação não nesta escola, mas
numa escola passada, mas faz parte dentro das funções do Diretor de Turma, em que a
encarregada de educação queria intrometer-se em aspetos que não eram da sua
competência, eu tive que parar a reunião e tive que pedir à senhora que não podia fazer
aquele tipo de intervenções e comentários, e portanto nesse sentido eu tento sempre
cumprir e disse-lhe “se o quiser fazer pode fazê-lo poe escrito, não diretamente para a
direção de turma mas fá-lo superiormente porque está a entrar em aspetos que ferem e
atacam condutas pedagógicas de determinados professores e isso não é para aqui
chamado. O seu papel aqui não poder intervir nesse sentido” e pronto a senhora teve de
se calar e depois no final da reunião falou comigo e achou que eu não devia tê-la mandado,
portanto, calar e deixar de ter tido aquele tipo de comportamento e disse- lhe não se for
ver a sua função aqui não é essa, portanto eu tenho que saber salvaguardar os limites
dentro da própria reunião e, isso faço, portanto, quer em termos dos colegas, quer em
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
190
termos dos encarregados de educação responsáveis quando estão nas reuniões e tento que
as coisas funcionem dentro da normalidade e que se cumpram os aspetos todos que há a
cumprir dentro da própria gestão da reunião da direção de turma.
Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela
promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?
Mário – Ah, sim. Isso sim sem dúvida. Aliás nós temos até feito uns trabalhos,
alguns projetos nesse sentido na escola, que tem a ver também chama-se um projeto
interdisciplinar que ocorre em todos os períodos, este ano é uma experiência nova. E já
noutras escolas sempre que há trabalhos interdisciplinares em termos de funcionamento
da escola, o Diretor de Turma tem que estar envolvido nesses projetos para que possam
funcionar, e não só para poder acompanhar os colegas como também para poder na
própria gestão do trabalho dos próprios alunos dar a sua colaboração e o seu contributo
para que as coisas funcionem e nesse sentido penso que o Conselho de Turma deve de
certamente primar por esse tipo de projetos e trabalhos que sejam interdisciplinares e que
haja uma colaboração, não de todos os colegas, mas potencialmente de grande parte dos
colegas. Sendo que este projeto que nós temos engloba basicamente todos os colegas,
porque é um projeto que ocorre durante uma semana, portanto todos os colegas têm a
turma pelo menos uma vez durante a semana portanto têm, que implicar-se
obrigatoriamente nesse processo, têm que dar um contributo, é óbvio que uns pronto dão
mais contributo outros dão menos contributo, mas tentamos que todos contribuam para
um mesmo fim.
Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de
Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias
conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho
de Turma?
Mário – Bom, é óbvio que em termos desses três projetos maiores da escola, sendo
que o Projeto de Turma acaba por ser o menor, mas que acaba por dar resposta aos outros,
portanto, vai buscar objetivos que de certa forma, portanto, estão mais relacionados com
aquilo que a turma pretende fazer o que o Conselho de Turma define em termos de
estratégia de linha orientadora, e penso que nesse sentido, o Conselho de Turma deve dar
resposta a todos esses três projetos, quer o PE, quer o PAA com o PT que é elaborado em
termos do projeto de turma que é desenvolvido.
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
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Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os
professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,
professores ou outros intervenientes no processo educativo?
Mário – Bom, eu penso que o trabalho colaborativo e até as novas medidas
superiores que vêm do ME vão nesse sentido, porquê? Porque para além de dar um
contributo maior na própria formação dos alunos, não só da sua formação em termos do
saber, mas também do saber fazer e do saber estar. E o saber estar é uma área que muitas
das vezes os alunos em termos relacionais se perdem mais, porque a tendência atual é que
os alunos se fechem, aliás também condicionadas pelas próprias tecnologias de
comunicação, porque se fecham online, e o facto de terem de deixar a esfera da sala
normal e passarem para um projeto que envolve terem que se relacionar uns com os
outros, porque é um trabalho de grupo que tem que fazer, e ao mesmo tempo não só com
o professor de disciplina “X”, mas tem que ser uma parte com esse professor, outra parte
com outro professor, outra parte com outro professor, isso cria uma dinâmica em termos
do próprio desenvolvimento de capacidade do próprio aluno, que me parece que é
extremamente importante. Nesse sentido, compete ao Diretor de Turma, enquanto gestor
do próprio grupo-turma e também de um grupo de professores que estão afetos a essa
turma, implementar e tentar desenvolver cada vez mais esse tipo de projetos em prol da
capacidade de trabalho que os próprios alunos poderão vir a desenvolver de futuro porque
vai contribuir nesse sentido. Não sei se respondi ([respondeu]), se era o que pretendi, às
vezes se fugir à questão iga-me porque às vezes é normal que isso aconteça.
Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o
exercício das funções dos Diretor de Turma’s? Quais serão esses fatores?
Mário – Sim, aliás muitas das vezes a função do Diretor de Turma pode
condicionar-se quer pelos próprios pais, não é?, quer os próprios alunos podem ser um
bloqueio à função do Diretor de Turma até muitas das vezes quer o próprio Conselho de
Turma não na sua globalidade mas pontualmente pode acontecer isso. Mas da experiência
que tenho, apesar de reconhecer que às vezes acontece isso, de facto, não me parece que
seja um limitador que condicione de uma forma muito objetiva ou então muito intensa.
Acontecem pontualmente situações adversas e de bloqueio a determinados projetos que
se pretendem implementar e aí verificamos que as pessoas … e eu costumo responder “se
não querem fazer, não façam, ninguém obriga ninguém, não é?, só participa quem quer”,
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Transcrição das entrevistas
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mas o facto de haver uma voz dissonante, ou duas vozes dissonantes, acaba por ser
prejudicial ao desenvolvimento de determinados projetos e determinadas ideias que se
podem desenvolver e há sempre alguém que está do contra, como se costuma dizer, há os
velhos do Restelo que acham que que não, que isso não faz sentido nenhum, mas também
pronto, cada um é livre de tomar as suas iniciativas e de ter as suas posições e às vezes
até acabam por vir algumas opiniões contraditórias e contrárias que acabam por ajudar
depois na resolução de determinados problemas e até de ultrapassar e de ter uma visão
diferente. Mas, de facto, há condicionantes, e os pais muitas das vezes também são
condicionantes, porque, de facto, o que acontece muitas das vezes é que os pais cada vez
mais se desresponsabilizam da sua função educativa e esse é um grande problema para o
funcionamento de uma direção de turma, porque só há imperativos legais que têm de ser
cumpridos, que os alunos muitas das vezes não cumprem, que o Diretor de Turma e a
própria escola chamam à atenção e os pais vêm sempre em defesa dos filhos, isto é, com
desconhecimento total da lei e até nem querendo saber da lei e isso cria graves problemas
dentro da própria estrutura da turma, do funcionamento normal da turma e pronto isso é
um problema que é muito grave, e cada vez mais essas situações acabam por se acentuar
e os alunos então desvalorizam completamente certas situações, para eles é tudo banal e
é tudo aceitável, para eles é tudo normal, chegou-se ao ponto “o que é que eu fiz?”, como
quem diz “ó professor só estava a ver as horas no telemóvel, sim, mas para veres as horas
no telemóvel não precisas de cinco minutos, tu nem precisas de ver as horas, porque é
que queres saber as horas, aliás, não há necessidade de estares a ver as horas”, só que o
problema é grave, é um problema muito grave, os alunos não acatam, os pais também não
nem querem saber pura e simplesmente, acham normal, ficam muito escandalizados
também, alguns deles, outros não, mas na generalidade sim. Isso são bloqueios, sem
dúvida, ao funcionamento da direção de turma.
Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação
específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso
concreto, sente necessidade desse tipo de formação?
Mário – Sim, sem dúvida, aliás como eu iniciei, o Diretor de Turma, eu acho que
não pode ser qualquer pessoa um Diretor de Turma. Há diretores de turma que são
tecnicamente excelentes, quando falo no tecnicamente, é no fazer cumprir de todos, de
toda a legislação se quisermos, está tudo em ordem sempre, só que os alunos não são
máquinas, nem são números, e esse é o grande problema que perpassa pelos tempos que
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Transcrição das entrevistas
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correm, é que o Diretor de Turma para além de fazer valer a lei, tem que muitas das vezes
saber contornar a lei, isto é, quando digo isto não quero dizer que não cumpra com a lei,
mas tem que ser mais compreensivo e tem que tentar perceber muitas das vezes os
problemas que se passam nas gerações com as quais trabalhamos, porque há “n” de
problemas relacionais, e familiares e pessoais dos próprios alunos que levam a que haja
incumprimentos. Agora, o Diretor de Turma de facto necessita de formação, isto é, ou a
pessoa adquire de forma natural com a experiência, que tem ao longo do tempo, e aí tem
que fazer atualizações de legislação, de outros projetos que eventualmente surjam, de
outras situações, ou então se for um Diretor de Turma que seja jovem ou que esteja no
início de carreira (o que é difícil de acontecer porque ninguém entra, quase, jovem para o
ensino, estamos com esse problema também, não é como antigamente que a gente acabava
a faculdade e metiam-nos numa turma, “olha és Diretor de Turma desta turma”,
antigamente era assim, “desenrasca-te, pronto”, e nós tínhamos de andar à procura e tentar
fazer como sabíamos, mas atualmente não, pelo menos temos esse apoio), mas eu acho
que há determinadas áreas, e noto isso, e eu também notei algumas fragilidades que tive
de ultrapassar, nomeadamente, por exemplo, no que toca à legislação com os menores,
em termos de quando há alunos que não cumprem ou que os pais não querem saber e
temos que encaminhá-los para a CPCJ e nós aí é uma fragilidade, porque muitas das vezes
não há uma transformação específica para isso, e eu penso que uma das grandes
fragilidades que ocorre com o Diretor de Turma é que devia haver uma formação
específica nesse sentido para os diretores de turma, eu sinto essa necessidade, neste
momento, pronto, nós sabemos o que é que temos de fazer e quando temos que fazer, só
que muitas das vezes, o processo vai e nós também devíamos ser conhecedores do que
acontece, por exemplo, do que está a acontecer, dos caminhos que podem ter os alunos,
muitas das vezes se nós tivéssemos um conhecimento mais profundo das consequências
que daí advêm, provavelmente o Diretor de Turma podia ser uma voz positiva no sentido
de muitas das vezes não chegar ou não deixar chegar os processos a esse patamar, porque
podia quer com o encarregado de educação ou o responsável pelo aluno ou com o próprio
aluno alertá-lo das consequências que daí podem advir. É assim, eu quando falo disto,
porque neste momento já sei, mas na altura não sabia, quando nós nos deparamos com o
primeiro problema que nos dizem “tens de reencaminhar para a CPCJ”, “ah, o que é isso?,
tenho de fazer o quê?, mas como é que isso se faz?, e o que é que acontece?”. Ora, se nós
previamente soubéssemos quais são as consequências de um aluno ser encaminhado para
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Transcrição das entrevistas
194
a CPCJ, com certeza que poderíamos eliminar muitos problemas, mas pronto! Penso que
essa é uma das áreas que me parece mais frágil, sem dúvida. As outras penso que em
termos legais nós nesse aspeto estamos mais informados, porque nessas reuniões de inicio
de ano temos todos os aspetos, também agora a informática veio ajudar muito ao trabalho
do Diretor de Turma, porque quando nós tínhamos que fazer o levantamento das faltas,
inseri-las, ter em atenção os cumprimentos por disciplina, era muito complexo, era um
trabalho muito burocrático, nesse sentido … apesar de agora também ter muita
burocracia, mas as ferramentas acabam por dar uma grande ajuda nesse sentido, porque
nos dão logo uma leitura “disciplina X, se o aluno está próximo, se está a atingir, se já
ultrapassou, se há necessidade de colmatar”. E era na questão das próprias relações
humanas, acho que são aspetos que são muito importantes, porque vivemos numa geração
que cada vez mais não deve ser, portanto, mecanizada, nem numerada, as pessoas não são
números, os alunos catalogá-los por números é muito mau, e nós não devemos catalogá-
los como números, mas devemos tê-los como pessoas, não é mais um, não, e a pessoa
tem a sua dignidade e esse aspeto muitas das vezes, falta aos Diretor de Turma’s e alguns
colegas, alguns professores vêm à escola como se viessem debitar para alguém que lá
está, se ele sabe, sabe, se soube, soube, se aprendeu, aprendeu e veem-nos como números.
Eu, muitas das vezes, quando trabalho alguns aspetos que lhes mostro alguns excertos do
que aconteceu na II Guerra Mundial com os alemães, em que as pessoas eram numeradas,
precisamente porque deixaram de ser humanas, passaram a ser números. E eu olho para
eles e digo-lhes “não façam aos outros o que aconteceu com eles, porque, de facto,
independentemente da sua religião, do seu país, da sua cor, da sua raça, da sua orientação
sexual”, eu digo isso muitas vezes a eles, “vocês tem de saber respeitar o vosso colega do
lado como uma pessoa, não como uma orientação que ele teve ou que optou por ter”. Eles
às vezes fazem logo galhofa, no meio daquilo tudo, porque acham que é uma piada. “Não
é uma piada, isto é a realidade e vocês têm que saber respeitar-se por isso mesmo, saber
respeitar a outra pessoa, às vezes até um mendigo tem que ser respeitado, porque se ele é
mendigo vocês não sabem a história de vida dele, porque hoje ele é mendigo, amanhã
posso ser eu ou um de vocês”. Eles pensam que nunca vão chegar a esse patamar, mas de
facto eu acho que a formação nas relações humanas é muito importante, porque cada vez
mais se perdem, e são muito importantes, porque se nós muitas vezes queremos levantar
o ego a um aluno que está em queda, temos que saber lidar com ele, porque se o tratarmos
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Transcrição das entrevistas
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da mesma forma, como se fosse um número, ele é o primeiro a desistir e acho que a escola
não é isso que se pretende.
Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?
Mário – Bom, o Diretor de Turma tem que ter um perfil diverso, em termos da sua
relação escolar. Eu penso que o Diretor de Turma tem que ter uma resposta tripartida, isto
é, com os órgãos de gestão da própria escola, da direção, o próprio Conselho de Turma
depois com os pais e com os alunos. Nessa visão tripartida, tem que dar resposta a todo o
processo, isto é, funciona como se fosse uma espécie de, às vezes olho para a hélice,
portanto, de um moinho, e o moinho seria a escola e a hélice seria o papel do Diretor de
Turma, em que temos os vários pares, onde se ligam as velas, não é? E aí o Diretor de
Turma tem que estar envolto, de certa forma, nesta resposta tripartida quer para a gestão
escolar, a direção, o professor responsável pelos Diretor de Turma’s e o próprio ct, mas
ao mesmo tempo tem que saber dar resposta para os encarregados de educação e também
tem que chegar aos alunos. E tem que fazer esse papel de intermediário e de gestão
pedagógica intermediária quer na relação entre os alunos e os professores, quer na relação
entre os pais, o Diretor de Turma e os próprios professores, quer depois fazer chegar aos
órgãos de gestão interna da escola todos os problemas que estão inerentes quer aos pais
quer aos alunos, em termos de conflito ou de outro tipo de situações que ocorram não
sendo conflituosas mas de incumprimento, portanto, do seu papel enquanto alunos, e
penso que esta função compete ao Diretor de Turma também, que não é fácil.
Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada
nesta entrevista?
Mário – Eu penso que não. Eu acho que focamos todos os aspetos e quase todos os
aspetos têm a ver com o papel do Diretor de Turma, quer na sua própria formação pessoal,
quer na sua relação com o grupo, quer na relação com os pais, quer na relação com a
escola.
Entrevistadora - Então agradecer a sua disponibilidade, muito obrigada.
Mário – Obrigado, eu.
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Transcrição das entrevistas
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ENTREVISTA À MARIANA
A entrevista foi gravada no dia 27 de abril, na escola em que o entrevistado leciona.
Esta entrevista teve a duração de 20’07 minutos.
As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são
introduzidas pelo nome fictício Mariana e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras
do entrevistado, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes
como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da
entrevistadora.
Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções
supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da
entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação
dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?
Mariana – Sim.
Entrevistadora – Seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso
académico e profissional?
Mariana – Ora bom, então eu sou licenciada em Línguas Literaturas Clássicas e
Portuguesa, também, pela Universidade de Coimbra e entretanto dou aulas desde o ano
2000 incluindo com o estágio, tenho tido tempo trabalho, felizmente, embora tenha
andado com a casa às costas por vários sítios ao longo do país, este é portanto o meu
décimo sétimo ano de contrato e ao longo deste percurso, pronto, tenho sido várias vezes
Diretora de Turma, secretária, quando não sou Diretora de Turma e pronto tenho vindo a
acumular vários anos de experiência.
Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de Diretora
de Turma?
Mariana – Sim, sim, vários anos até.
Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretora de Turma são-lhe explicadas
as funções e competências que terá?
Mariana – Ora bom, eu penso que, não querendo ser ingrata para ninguém, eu
penso que o único ano em que se calhar terei recebido mais orientações terá sido
precisamente no ano de estágio, não que no ano de estágio nós tivéssemos o papel
específico de Diretor de Turma, mas aqueles que foram na altura para mim os meus
orientadores e formadores faziam questão que nós passássemos, ao longo daquele ano,
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Transcrição das entrevistas
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pelas várias funções que um professor poderia ter e como eu fiz estágio, quer na área do
Português quer na área de Latim, tive essa possibilidade porque quer uns quer outros
tinham várias funções e nós acabávamos por acompanhar tudo. Eu julgo que, e se calhar
isto não é assim muito abonatório para a classe digamos assim, mas eu julgo que por
vezes as escolas já esperam que um professor com alguns anos de serviço, saiba o que
tem que fazer, não é? E, só que há aqui, acho eu, no meu ponto vista, uma situação que é
particularmente os contratados, por muito que gostem da sua profissão, e eu gosto, e acho
que só mesmo por muito gosto é que nos dedicamos a esta causa, porque são mais, às
vezes, os entraves do que propriamente as coisas boas, que se nos oferecem, mas a
verdade é que eles estão logo à espera que nós saibamos e só quando há um problema a
resolver é que se calhar há uma outra conversa no sentido de se cruzar as estratégias de
atuação, não é? Porque eu não me recordo, muito honestamente, de nos vários anos em
que foi Diretora de Turma de me terem explicado o que é que eu teria que fazer. É, és
Diretora de Turma da turma tal e ponto final.
Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretora de Turma
e que importância atribui a este cargo?
Mariana – Bom, eu acho que o cargo de Diretor de Turma é fundamental, não é?,
e considero até que é uma estrutura intermédia em várias, em várias situações é o Diretor
de Turma que é a ponte entre os alunos, a escola e os encarregados de educação. Muitas
das vezes, há situações que ocorrem, que acabam, se calhar, por nem chegar à direção,
porque o próprio Diretor de Turma acaba por filtrar e resolver essas mesmas situações e
apesar de ser também um professor de turma, acaba por ser aquele em quem os alunos se
calhar mais se sentem apoiados que sempre precisam de alguma coisa e ao mesmo tempo
aquele que se calhar mais respeitam por saberem que é o que está em contacto direto com
a família, não é?
Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante
enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da
promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o
Diretor de Turma não exerce este papel?
Mariana – Eu acredito que um bom Diretor de Turma deve sem dúvida exercer
esse papel, acho que faz parte até da sua função.
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Transcrição das entrevistas
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Entrevistadora - Então, pensando nesta questão da organização escolar, da
supervisão e da promoção trabalho colaborativo, quais são as funções que desempenha
como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?
Mariana – Bom, é assim, para já acho que como Diretor de Turma somos nós que
estamos precisamente na supervisão de tudo o que acontece com os nossos alunos e não
estamos a falar apenas daquilo que acontece nas várias aulas em termos curriculares em
termos académicos a nível do comportamento mas também alguma situação às vezes
familiar que possa ocorrer que a escola nem sempre tem conhecimento, ou pelo menos
nem sempre tem conhecimento a tempo de poder ajudar ou a tempo de poder agir, e nessa
medida eu não tenho dúvidas de que há, sem dúvida, uma natureza supervisiva no cargo
de Diretor de Turma. Por outro lado, como eu também já referi antes, há essa estrutura
intermédia, naturalmente acima de nós temos outras entidades mas somos nós que de
alguma forma damos um feedback do que se passa com a turma, com os professores, até
com os encarregados de educação para as estruturas hierarquicamente superiores portanto
não tenho dúvidas de que que há de facto na natureza supervisiva no cargo Diretor de
Turma.
Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes
e mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?
Mariana – Mais fracos, mais fracos, por exemplo, nem sempre é possível
resolvermos as coisas no tempo que consideramos razoável ou porque estamos
dependentes de outras entidades ou porque, apesar de sermos diretores de turma,
naturalmente, não temos poder decisivo ou não temos a última palavra, não é? quando
muito propomos determinadas coisas, depois outro ponto fraco, mas isso não tem a ver
necessariamente com as várias escolas por onde passamos, tem a ver com o facto de nós
somos diretores de turma, sim, mas não temos tempo oficialmente para sermos diretores
de turma com os nossos alunos, é assim eu sou professora de Português deles eu roubo,
literalmente a palavra é essa, imenso tempo às minhas aulas de Português para tratar de
assuntos de direção de turma, que muitas vezes não têm que ser necessariamente maus,
mas são coisas que tem que ser informadas, são coisas que têm que ser resolvidas, são
coisas que têm ser apuradas por um motivo ou por outro e onde é que isso acontece? nas
aulas de Português, que apesar de tudo tem também um programa intenso para ser
cumprido e o tempo não estica, não é? e portanto eu isso acho que é um ponto fraco não
tem a ver com a escola, não tem a ver enfim o cargo de direção turma específico tem a
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ver sim, com o não reconhecimento, e eu acho que isto é um ponto muito mau, o não
reconhecimento da necessidade de haver um tempo específico, quem diz um tempo até
diz mais, mas pronto, para trabalharmos com os nossos alunos na natureza ou no âmbito
da direção de turma, por exemplo o 3º ciclo tem, a chamada formação cívica ou outros
nomes que as escolas lhe possam dar, no secundário não há e portanto não havendo,
quando é que nós fazemos isso? nas aulas das nossas disciplinas. Como ponto forte,
basicamente eu procuro tentar passar por cima dessas limitações, porque, apesar de tudo
eu não descuro, ou procuro não descurar, o meu papel como Diretor de Turma, porque
assim se há coisas para tratar, se há coisas para resolver, eu faço, nem que tenha de ser
nas minhas aulas de Português, é assim! É simples, ou melhor não é simples, (risos), mas
lá se faz.
Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?
Mariana – Ui, as reuniões de Conselho de Turma exigem muito trabalho de
preparação anterior, eu particularmente no ano passado e este ano, aqui nesta escola, sou
Diretora de Turma de um curso profissional e, portanto, sempre que há conselhos de
turma há uma preparação prévia, há um cruzamento de informações com a pessoa que é
a diretora do curso, também, que é um papel também fundamental e que a nível da direção
turma acaba por ser um braço direito e porque não deixa de ser também uma entidade
supervisiva a nível aí do curso. Depois, portanto, antes da reunião, há que preparar uma
série de documentos, há que verificar se as notas dos colegas foram todas lançadas, há
que verificar se os sumários foram todos escritos, por exemplo, há que verificar e, porque
de um curso profissional estamos a falar, se há excesso de faltas se não há e havendo se
foram compensadas ou não, que contactos foram estabelecidos com os encarregados
educação ao longo de um período, por exemplo, portanto há uma reunião e organização
de informações. Depois na reunião propriamente dita, procuro presidi-la da melhor forma
possível, procuro levar logo as coisas devidamente organizadas e sistematizadas, mas
claro que sempre que há necessidade de ouvir um colega ou para esclarecer ou para enfim
querer acrescentar alguma coisa, todos têm voz, como é evidente, procuramos ser
unanimes nas decisões a tomar e, posteriormente, é basicamente é terminar os
documentos oficiais, entregá-los à direção e dar-lhes o feedback de como é que as coisas
se passaram.
Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela
promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?
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Transcrição das entrevistas
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Mariana – Sem dúvida, até porque no que toca, sei lá, a visitas de estudo, projetos,
o Conselho de Turma deverá estar unido e integrado nesses esmos projetos.
Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de
Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias
conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho
de Turma?
Mariana – Porque a partir do momento em que estamos numa escola a trabalhar e
esses são os documentos orientadores dessa escola, não é?, portanto, independentemente
de concordarmos com tudo ou não que lá vem escrito e que de alguma forma dirige a
nossa atuação no dia a dia, a verdade é que, quer dizer, se estamos na escola A, temos
obrigatoriamente que nos orientar pelos documentos da escola A, e uma coisa que é
curiosa no que toca a contratados é que tem a felicidade ou infelicidade de passar por
várias escolas, não é?, se for preciso é uma por ano, e que remédio têm quando chegam a
uma escola nova se não ter que se adaptar a documentos novos, a maneiras diferentes de
agir de interagir e, portanto, claro que o Conselho de Turma depende muito disso, porque
nós não podemos tomar determinadas decisões às vezes até em coisas simples se não
tivermos em linha de conta os documentos orientadores da escola.
Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os
professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,
professores ou outros intervenientes no processo educativo?
Mariana – Eu penso que se toda a gente contribuir de alguma maneira para um
produto final é melhor para todos, não é?, no fundo sentimos que estamos todos unidos,
que estamos todos a trabalhar. Posso dar um exemplo, este ano aqui na escola nos cursos
profissionais criou-se aquilo que designou chamar-se o projeto transdisciplinar, ora a
palavra diz tudo, não é? É uma semana por período que é dedicada a esse mesmo projeto,
onde todos os professores e alunos estão unidos a trabalhar para esse tipo de projeto, claro
que projeto é diferente para cada turma e sobretudo para cada curso, mas a verdade é que
estão todos unidos para que efetivamente esse trabalho colaborativo exista. Claro que
sabemos que nem sempre tudo é perfeito, nem sempre toda a gente gosta, nem sempre
toda a gente contribui e trabalha de igual forma, mas eu estou convencida de que o produto
final, normalmente é positivo, o balanço é positivo, se calhar à conta daqueles que, enfim,
independentemente do que possam pensar vão fazendo tudo e vão contribuindo com tudo
o que estiver ao seu alcance.
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Transcrição das entrevistas
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Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o
exercício das funções dos Diretores de Turma? Quais serão esses fatores?
Mariana – Sem dúvida, até já falei deles, por exemplo, o facto de não haver horas,
de não haver um tempo oficial, digamos assim, para que possamos de facto trabalhar na
direção de turma com a nossa direção de turma. É assim, nós temos horas para exercer o
trabalho burocrático, digamos assim, não é?, para atendimento dos encarregados de
educação, para trabalhar nas plataformas e no sistema informático, isso é verdade, há
horas, que muitas das vezes não chegam quando as turmas são complicadas, mas aí há
horas, agora o que eu digo é: não há horas para trabalharmos com os alunos, quer dizer
eles é que são a nossa direção de turma, e quando é necessário informá-los de alguma
coisa, uma iniciativa que seja, ou se houver um problema eu preciso de falar com o aluno
ou até com a turma, se houve uma ocorrência, por exemplo, em que a turma tenha estado
toda envolvida, e eu não tenho tempo para isso. Foi o que eu já referi há pouco, ou bem
que roubo tempo às minhas aulas ou então finjo que a minha direção de turma é tudo
menos a minha direção de turma!
Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação
específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso
concreto, sente necessidade desse tipo de formação?
Mariana – Por acaso acho que não seria mau, muito pelo contrário. Em que áreas
ou domínios? Esta é uma pergunta interessante e simultaneamente difícil, porque de
certeza que haverá várias áreas ou domínios com necessidade de formação, mas agora
assim … mas, sei lá … é que as turmas são cada vez mais heterogéneas, não é? há cada
vez mais problemáticas diferenciadas em sala de aula, e a verdade é que nós temos que
tentar fazer o nosso melhor com todos. E nem sempre é fácil! Mas, por exemplo, a própria
gestão emocional, eu penso que é uma necessidade, porque eles são todos diferentes uns
dos outros, com necessidades diferentes uns dos outros, por falar em necessidades, cada
vez há mais alunos com necessidades educativas especiais, se for preciso numa turma há
vários alunos com problemáticas diferenciadas, eu por exemplo, encontro-me a frequentar
um segundo momento de uma ação de formação sobre a dislexia, o ano passado foi feita
a nível do diagnóstico da dislexia, e agora sobre a intervenção na dislexia, a verdade é
que eu, aparte a minha direção de turma no conjunto todo das turmas todas que eu tenho,
eu tenho 18 alunos com Necessidades Educativas Especiais e eu não sou professora de
Educação Especial e não tenho formação … e eu estou convencida de que, como cada
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Transcrição das entrevistas
202
vez há mais alunos nessas circunstâncias, essa formação deveria ser obrigatória e gratuita,
inclusivamente, porque eu acho vergonhoso, já agora, faço questão de aproveitar este
momento para o dizer, acho vergonhoso que a formação tenha que ser paga, cada vez
mais cara, inclusivamente, e se for preciso exigida a um contratado que nem à carreira
pertence, não é?, acho isso ridículo, um contratado que é quem mais trabalha e menos
ganha, e mais responsabilidades tem. Se calhar também seria interessante pôr isso no
vosso estudo, sem qualquer tipo de dúvida, porque é infelizmente uma realidade do nosso
país.
Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?
Mariana – Eu não sei se vou responder diretamente a essa questão, porque eu vou
ser um bocadinho irónica, mas não posso deixar de o dizer. Há professores, e não estou a
falar apenas desta escola, porque pronto, já passei por várias, e feliz ou infelizmente,
também já dei conta dessas realidades em várias escolas por onde passei, eu acho que há
pessoas que fazem questão de dizer e demonstrar que não têm perfil para ser um Diretor
de Turma, precisamente para não ter que ser. Sim! Porque são muitas horas de trabalho,
muitas mais do que aquelas, enfim, que são fornecidas na componente letiva e não letiva,
a nível burocrático, como já disse, ou de atendimento.
Mas, eu penso que um bom Diretor de Turma deverá ser de facto uma pessoa que
seja profissional, que seja competente, que saiba de facto o que está a fazer, mas que seja
também humano e que saiba ter uma questão de bom senso, porque nem sempre as nossas
atuações podem ser iguais, não é?, em situações diferenciadas. Acho que devemos …. é
quase um bocadinho como ser pai e mãe, é dar amor, mas também dar educação, não é?,
é tentar acompanhá-los, tentar perceber o que é que está a correr bem e o que é que está
a correr menos bem, ajudá-los, apoiá-los, sem qualquer tipo de dúvida, mas também exigir
que cumpra o mínimo dos mínimos, porque os alunos hoje em dia acham que só têm
direitos e deveres nem por isso, não é?. E, portanto, acho que um Diretor de Turma tem
obrigatoriamente essa função, de explicar que eles têm direitos, sim, mas também têm
deveres e a partir do momento em que acham que as regras não são para eles, é porque
então estão na escola errada. Eu digo-lhes, muitas vezes, eu posso não gostar ou posso
não concordar com todos os documentos orientadores, com todas as regras que impõem
na escola A, B, C ou D, a partir do momento em que eu lá trabalhar, eu só tenho cumprir
e fazer cumprir aquilo que são as regras da escola, não estou contente? Escolho outra
opção de vida. Eu digo isso muitas vezes aos meus alunos, nomeadamente àqueles que,
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Transcrição das entrevistas
203
enfim, que acham que têm regras próprias, muitas das vezes à revelia da própria família,
portanto para eles muito mais à revelia da própria escola que muitas das vezes não lhes
diz nada, não é? Pronto, e eu digo isso muitas vezes, enquanto tu não perceberes que de
facto há regras para todos, porque isto não é propriamente uma anarquia, então se calhar
estás no sitio errado, é simples. Mas é importante de facto haver o bom senso, e às vezes
saber dar a mão e acompanhar, porque cada vez mais aparecem-nos situações muito
complicadas, familiarmente muito complicadas, e muitas das vezes nós nem sabemos a
maior parte dos pormenores. Portanto não é fácil ser Diretor de Turma e muito menos é
fácil ser um bom Diretor de Turma. (risos)
Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada
nesta entrevista?
Mariana – Eu julgo que não, acho que falei dos pontos essenciais, porque enfim
… tinha pensado, precisamente, na minha função como Diretora de Turma ao longo de
vários anos e de perceber quais é que tinham sido os desafios, o que é que tinha corrido
melhor, o que é que tinha corrido pior… e, portanto, já tinha feito o trabalho de casa!
Entrevistadora - Reforçar o agradecimento por ter participado no estudo. Depois
farei chegar a transcrição.
Mariana – Com certeza.
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Transcrição das entrevistas
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ENTREVISTA À MÓNICA
A entrevista foi gravada no dia 10 de maio de 2017, nos Olivais.
Esta entrevista teve a duração de 19’44 minutos.
As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são
introduzidas pelo nome fictício Mónica e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras
da entrevistada, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes
como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da
entrevistadora.
Entrevistadora – Então, começar por agradecer o facto de ter aceite participar no
meu estudo e o facto de tão facilmente ter mostrado essa disponibilidade.
Mónica – Não tem que agradecer, como é óbvio.
Entrevistadora – Ressalvar o facto de utilizarmos esta gravação para depois fazer
a transcrição e de utilizarmos os dados para o trabalho a nível académico. Gostaria então
de pedir se nos seria possível fazer a descrição sucinta do seu percurso académico e
profissional.
Mónica – Bem, sucinta, comecei em 1991, nesse ano não tive direção de turma,
porque era um ano que se entrava em miniconcurso, normalmente eram as turmas que
sobravam que vinham para os colegas mais novinhos. Desde aí, tive sempre direção de
turma, exceto um ano ou dois, eventualmente, já passaram estes anos todos não posso
precisar. Durante dois anos seguidos, estive numa escola que é na Quinta da Piedade, a
D. Martinho Vaz de Castelo Branco, Póvoa de Santa Iria, em que tive duas direções de
turma no horário, no mesmo horário, no mesmo ano, o que nos faziam era: uma turma
complicada e depois a outra turma que já se sabia que era sossegadinha, não dava trabalho
nenhum e depois tinha era um horário muito reduzido, tinha dezasseis horas, porque na
altura a direção de turma dava redução de horário … portanto já sou muito antiga (risos).
E depois tenho tido sempre direção de turma. Isto em termos de direção de turma, quando
estive nos PIEF’s fui também diretora de turma um ano ou dois, porque o mais importante
no PIEF era o ser animador de projetos, que é quem dinamizava os projetos, e quando eu
fui encaminhada para o PIEF, quando me fizeram as entrevistas e … enfim, foi por
intermédio de professores, colegas, que sabiam que eu não me importaria de fazer esse
tipo trabalho, e que teria algum perfil, encaminharam-me logo para a animação de projeto,
portanto, só não tive direção de turma justamente por causa disso, porque no PIEF a
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Transcrição das entrevistas
205
direção de turma tem um lado muito burocrático e eles preferiam a mais-valia de enfim,
de conseguir encadear a transversalidade dos saberes, e implementar aquelas unidades
didáticas diferentes porque eles não trabalhavam com manual, portanto, precisavam que
as pessoas tivessem outro jogo de cintura, e então davam a direção de turma, enfim, a
pessoas que conheciam menos ou que entravam logo naquele ano que pertenciam à escola
e eram quadros de zona ou eram contratados que apareciam, foi só nessas circunstâncias,
de resto tenho lecionado sempre, para além das funções letivas normais de uma escola.
É claro, quem é de Letras faz sempre outras coisas, não é? … traduções, Institutos de
Língua … o bichinho está cá sempre. (risos)
Entrevistadora - Então já disse que sim, que já desempenhou o cargo de diretora
de turma. Quando recebe o cargo de diretor de turma são-lhe explicadas as funções e
competências que terá?
Mónica – São. Obviamente que para além de assinarmos o termo de aceitação nos
serviços administrativos de cada estabelecimento de ensino, só que obviamente para mim
já é um “déjà vu”, não é?, já oiço assim muito sossegadinha, não coloco questões porque
já sei mais ou menos o que é que se pretende, a legislação vai sendo alterada obviamente
ao longo dos anos, mas são situações pontuais, à partida não são grande novidade para
nós.
Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto diretora de turma
e que importância atribui a este cargo?
Mónica – Eu cada vez mais acho que o diretor de turma tem um papel que
ultrapassa as suas funções meramente burocráticas, quando eu comecei a dar aulas,
tínhamos um papel mais ou menos de secretaria, fazíamos a ponte entre a secretaria e o
Encarregado de Educação, era entregar as avaliações, não havia, ou provavelmente não
havia tantos problemas sociais ou as escolas onde eu terei estado não apresentavam essas
situações, ou as turmas que me couberam se calhar também não tinham essa problemática.
Mas noto que nos últimos anos, sobretudo nos últimos quinze anos, o diretor de turma faz
a ponte em tudo, em tudo! Tem de ser tutor, tem de substituir a figura do pai ou da mãe e
muitos pais, às vezes, pedem-nos esse apoio, é quase que um apelo inconsciente, o facto
de eles nos contactarem, eles próprios já não têm mão em determinadas situações com os
próprios educandos, e o diretor de turma tem esse papel, não é?, o diretor da escola terá
outras funções, e é o diretor de turma que faz essa transição, a transição não é a ponte
mesmo, entre a família e a escola.
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Transcrição das entrevistas
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Entrevistadora - O diretor de turma deve assumir um papel preponderante
enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da
promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o DT
não exerce este papel?
Mónica – Não, concordo plenamente, temos de ser isso e muito mais, como já disse
anteriormente.
Entrevistadora - Tendo em conta que respondeu afirmativamente, quais as funções
que desempenha como diretora de turma que têm natureza supervisiva?
Mónica – Tudo o que está inerente à legislação nós temos que fazer, acabamos
sempre por ter essa função, e mesmo que não quiséssemos há formas que a escola tem de
controlar esse trabalho, não é?, um diretor de turma não pode fugir a determinadas
questões funcionais, digamos, a nível de escola, não temos como não o fazer e cada vez
há mais esse pedido, ate porque as escolas já trabalham com as tecnologias todas, temos
tudo informatizado, a rede do GIAE, tudo o que se faça em termos burocráticos tem de
estar em conformidade com a turma, com o perfil da turma, com o trabalho do Diretor de
Turma porque há de haver quem confirme e já não é só o dizer que se fez porque está lá
realmente no sistema da escola.
Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes
e mais fracos na sua atuação enquanto “Supervisora”?
Mónica – É assim, ser juiz em causa própria é um bocado complicado, não é?, eu
sinto é que »às vezes não temos tempo para fazer tudo o que gostaríamos, sinto que
apesar de o Diretor de Turma tentar ser a ponte entre a casa e a escola haveria muitas
outras valências que fazem falta, que fariam falta, no percurso de um aluno ao longo do
ano, sobretudo nos alunos mais carenciados e mais problemáticos, e a escola precisava
dessa mais-valia, que não tem, por questões orçamentais nós não temos, em vez de haver
só o psicólogo educacional, todas as escolas deviam ter obrigatoriamente um psicólogo
clinico ou o que quer que fosse nessa área porque muitos dos problemas que os Diretores
de Turma têm de resolver passam por aí. Depois há as questões que são formais digamos
do funcionamento do ano letivo, mas isso a mim não me custa, é uma questão de se fazer,
ir cumprindo, hoje em dia já se pode até fazer tudo em casa, a minha escola implementou
agora a nova, esta nova funcionalidade, temos um código de acesso que é só nosso, as
faltas são lançadas por cada professor, cada disciplina, o Diretor de Turma tem o código
de acesso para justificar essas faltas em função do documento que o aluno traz ou da
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Transcrição das entrevistas
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autorização do Encarregado de Educação. Antigamente tínhamos de fazer isto no espaço
físico da escola, hoje em dia eu tenho a felicidade de chegar a casa e ir fazê-lo ou até basta
ter internet no telemóvel dá para estar a justificar faltas no telemóvel enquanto estou à
espera de qualquer coisa a caminho de casa ou noutra circunstância, nesse aspeto temos
tido muitas vantagens.
Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?
Mónica – Em primeiro lugar, levo tudo feito, tudo o que possa estar nas minhas
mãos está feito, inclusivamente aquilo que não deveria estar nas minhas mãos eu levo
feito (risos) para evitar constrangimentos, porque nós às vezes se não soubermos gerir
bem o tempo deixamos que as lutas de egos se evidenciem numa reunião de conselho de
turma, então deve-se fazer logo a previsão, a antevisão desses temas e levar plano A,
plano B, plano C, porque as pessoas as vezes gostam de dizer as coisa por dizer, ou acusar
gratuitamente, então quando se entra por essa via o Diretor de Turma tem de ter a
capacidade de dizer “muito bem, não se concorda com isto, então temos isto quem é que
não concorda?” ou então também funciona muito como já se lev tudo feito, quem tem
propensão para deitar a baixo por deitar a baixo, seja o que for, não digo o trabalho do
Diretor de Turma, o geral, o que quer que seja, já pensa duas vezes antes de dizer porque
senão vão-lhe dizer “olha então está aqui feito, refazes tu?” ou “aceitamos novas
propostas” e normalmente este tipo de colegas não gosta de fazer, só gosta de fazer critica
destrutiva, então eu levo tudo feito, só preciso mesmo de assinaturas, ou então há
situações em que preciso mesmo da opinião dos colegas tento antes da reunião juntar-me
com eles noutras circunstancias, conversas de corredor, sei mais ou menos a opinião de
um e de outro que é para quando chegar a altura conseguir conciliar as coisas que são
mais complicadas, não é?.
Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela
promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?
Mónica – Sim, fundamental, é fundamental, ate porque se nota quando há colegas
que não se dão bem há mais anos porque já lá estão na escola e houve conflitos que não
foram superados, lá está a questão do ego, a pessoa, há muitos colegas que não entendem
que quando não se concorda com alguém não quer dizer que seja algo pessoal, podemos
não concordar porque são questões meramente profissionais, mas isto é um bocado latino,
não é?, nós misturamos um bocadinho as coisas. E então há Conselho de Turma que não
funcionam e que as direções já têm consciência que vão correr mal e já planeiam no ano
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Transcrição das entrevistas
208
letivo seguinte, eventualmente, outro Conselho de Turma para a mesma turma, que até
poderia ter o beneficio de manter os professores, mas as vezes separam-se entre aspas
estes Conselhos de Turma para evitar alguns conflitos. Infelizmente, temos provas disso
(risos).
Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de
Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias
conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho
de Turma?
Mónica – Todas as visitas de estudo e todas as atividades que são transversais em
termos de disciplina têm que passar por todas essas temáticas, não é?, não podemos fugir
aquilo que está planeado a nível de escola e que foi, enfim, aceite e foi concertado no
Conselho Geral e, todas, enfim, todas as instituições que trabalham com a escola têm
também a sua opinião e isso tem de ser tido em conta, ate porque hoje em dia tudo o que
se faça, por norma, é colocado no site da escola, nas plataformas moodle, claro que
salvaguardamos a imagem dos alunos, eles vem sempre de costas ou de lado, a não ser
que tenham uma autorização expressa do Encarregado de Educação para aparecer
declaradamente a cara do aluno, no entanto é impossível não ter isso em consideração,
tudo o que se faz tem de tocar nem que seja ao de leve nesse tipo de temática de planos
que estão previamente estabelecidos, normalmente é por biénio e triénio, portanto já há
sempre um trabalho de continuação, portanto é fácil não fugir.
Entrevistadora - Como DT, considera importante incentivar os professores a
desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos, professores ou
outros intervenientes no processo educativo?
Mónica – Todas, porque quando há esta falta de comunicação ou esta ausência de,
enfim de, eu não de digo de solidariedade, mas saber ceder a um horário de um
determinado trabalho, porque há colegas que não querem porque a matéria esta encadeada
numa determinada ordem, por que não eu alterar a minha ordem na matéria para depois
coincidir com o colega de ciências ou o colega de físico-química? E há pessoas que têm
muita dificuldade em gerir isso, portanto se houver essa comunicação e esse tipo de
cuidado, obviamente que as coisas só têm de correr bem, e quem é beneficiado em
primeiro lugar são sempre os alunos, quer seja uma turma com dificuldades quer seja uma
turma muito boa, porque em ambos os casos vamos ter efeitos positivos desse tipo de
concertação, digamos, de encadeamento de ideias, e de previsão, planeamento, não custa
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Transcrição das entrevistas
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nada. Nós tentamos fazer isso, por exemplo, a nível do Plano de Turma, há sempre uma
alínea em cada reunião de Conselho de Turma, em que os professores no inicio de cada
período, ou no final do 2º período, por exemplo, para o 3º, dizem qual é o conjunto de
matérias que se vai trabalhar em conjunto, antevendo que se vai trabalhar a estatística ou
isto ou aquilo, a Educação Física vai trabalhar, sei lá, vai fazer um inquérito sobre o
desporto, e o colega de matemática entra com a estatística, o inglês vai sempre traduzir
qualquer coisa (risos), porque enfim somos um país de turismo, portanto são exemplos
muito simples daquilo que se vai fazendo, porque é importante, claro que também é
importante que o Conselho de Turma se dê bem, porque quando as pessoas não se dão
bem é muito difícil obrigar as pessoas a trabalhar assim, e quando as pessoas não se dão
bem, também se nota que o trabalho não foi feito com gosto, não é?.
Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o
exercício das funções dos Diretores de Turma?
Mónica – É assim, condicionar e limitar, condicionam sempre e limitam sempre,
porque nós temos um limite para tudo, um Diretor de Turma não pode pôr um aluno
dentro do carro, por muito maldisposto que o aluno esteja, não posso pô-lo dentro do
carro e levá-lo a casa, não devo, legalmente isso não se faz, a não ser que eu conheça a
família ou que haja um telefonema que foi feito a partir do PBX da escola e que haja
testemunhas, são coisas que são muito complicadas, nós gostamos de ajudar mas nós
temos de ter alguns limites, e depois há outros limites em termos emocionais, há colegas
que não conseguem separar as coisas, vivem de tal maneira os problemas dos meninos,
que é importante, claro!, mas nós se não tivermos um distanciamento mínimo, também
nós nos deixamos ir a baixo, e se nós também estivermos mal e desequilibrados isso vai
refletir-se no nosso trabalho e não ajudamos ninguém, e portanto tem de haver ali um
ponto de equilíbrio, o saber lidar com todas estas contrariedades ou problemas que nos
surjam, da mesma maneira como saber lidar com o que corre bem, porque às vezes há
pessoas que as coisas vão correndo bem porque a turma é muito boa, e há um certo
deslumbramento, e depois perde-se a noção da realidade, e já não se executam outras
coisas que também são importantes e então tem de haver ali uma gestão com algum
cuidado, porque senão a coisa corre mal.
Entrevistadora - Considera que o DT deveria ter formação específica para o
desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso concreto, sente
necessidade desse tipo de formação?
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Transcrição das entrevistas
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Mónica – É assim, eu ao longo dos anos tenho tido sempre, todas as escolas têm a
preocupação de fazer reuniões de Diretores de Turma no inicio do ano letivo, antes de
sequer termos um horário à nossa frente e de conhecermos o contingente de alunos que
nos vai calhar, em termos de legislação somos obrigados a saber, portanto há informação
que nos é facultada e quem chegue de novo, se tiver algum problema, o coordenador dos
diretores de turma é incansável, inclusivamente há dois coordenadores de direção de
turma 2º ciclo e 3º ciclo que é para ajudar o maior numero de pessoas, e nesse sentido, eu
acho que o trabalho está bem feito, por exemplo minutas de ata, situações pontuais de
processos disciplinares, hoje em dia, os processos disciplinares, pelo menos na minha
escola, são trabalhados logo diretamente no âmbito da Tutoria e na direção, há problemas
graves o Diretor de Turma tem conhecimento, mas não é o Diretor de Turma que vai fazer
o conselho disciplinar, é a direção que toma conta disso que é para agilizar o processo,
no entanto em escolas onde não se fazia isso por onde passei, tínhamos tudo, tínhamos as
minutas, tínhamos, havia inclusivamente uma pen multiusos que tinha as minutas todas,
nós tínhamos minutas para tudo e mais alguma coisa, havia uma uniformização depois
daquilo que se pretendia a nível de escola, pontualmente havia reuniões extraordinárias
quando havia legislação nova sobre matéria de exames, ou enfim o que quer que seja,
legislação sobre faltas ou os planos de recuperação quando os miúdos tinham excesso de
faltas, tinham e têm, e os Diretores de Turma têm depois de gerir os processos todos para
que na disciplina em que há excesso de faltas o aluno faça uma avaliação extraordinária,
tem de juntar o professor, o Encarregado de Educação, as outras valências todas da escola,
os planos de acompanhamento individual, portanto há ali toda uma serie de estratégias
que se põem em prática para que o aluno transite e seja bem sucedido e obviamente a
coordenação dos Diretores de Turma trabalha muito bem nisso, eu acho que as escolas
todas têm isso bem controlado e em ultima instancia temos as direções, que em caso de
duvida tem de se remeter as questões para a direção e se a direção não tiver resposta é a
direção regional de educação que tem de nos dar uma, não é?, uma resposta concreta para
agirmos em conformidade.
Entrevistadora - Como definiria o perfil de um DT?
Mónica – Um Diretor de Turma sobretudo tem de gostar de ser Diretor de Turma,
inclusivamente há colegas nas escolas onde eu tenho estado que há muitos anos não são
Diretores de Turma porque dizem mesmo que não têm perfil para, um Diretor de Turma
não pode sentir-se constrangido com a presença dos pais, não pode ter medo de admitir
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Transcrição das entrevistas
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que há alguma falha por parte da escola, porque acontece, somos humanos as falhas
acontecem sempre, só quem não trabalha é que não comete erros, portanto um Diretor de
Turma tem de ter a sensibilidade de reconhecer um eventual erro, nestas questões em que
causam sempre muita confusão a nível de escola, saber transmitir isso aos pais, também
desmontar digamos esta raiva ou agressividade porque às vezes vêm muito aflitos porque
o filho teve falta, porque lhe bateram, portanto tem de haver aqui esta preocupação, tem
de haver tato nas situações, tem de haver conhecimento da legislação, para depois também
não se meterem em coisas que estão fora da lei, por exemplo, há chamadas que eu faço
de casa para os meus Encarregado de Educação que eu sei que legalmente não me
salvaguardam, mas eu faço-o porquê? Já os conheço! A turma está comigo desde o sexto
ano, eles estão agora no 9º ano, portanto é fácil fazer isso. E compreendo que haja colegas
que dizem que não gostam de ser Diretores de Turma e compreendo que a escola não
atribua esses cargos a quem diz diretamente que não tem perfil para, porque são coisas
muito complicadas, e há pessoas que são tímidas, ou que não tem jeito para burocracias
e para gerir pais e gerir conflitos e se são muito bons profissionais na sua área mas não
têm perfil para isso, portanto fazem outras coisas muito giras na escola e com outra
dimensão até muito mais relevante que a do papel do Diretor de Turma, portanto acho
que em primeiro lugar é o Diretor de Turma que tem que ter gosto naquilo que faz, porque
os miúdos reparam nisso, os miúdos percebem quando nós não gostamos do cargo que
temos, ou não gostamos da turma ou não gostamos do que estamos a fazer, portanto tem
que ser autentico, tem de ser genuíno, a maior parte dos professores gosta, felizmente
gosta, mas há ali uma percentagem que não se identifica de todo e está sempre à espera
que o ano letivo acabe, ou está sempre à espera que venha uma turma pouco problemática,
ou então quando há um problema faz de conta que não é um problema ou tenta minimizar
ou não dar tanta relevância à situação em si, para não ter tanto, eu não digo que seja não
ter tanto trabalho, às vezes é porque a pessoa não tem mesmo perfil para, portanto eu acho
que em primeiro lugar deve ter-se alguma inclinação para este tipo de cargos, se não é
melhor ser honesto e dizer que não aceita.
Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada
na entrevista?
Mónica – Eu acho que a entrevista está perfeita, está muito completa, eu espero é
estar, ter estado à altura daquilo que se pretendia.
Entrevistadora - Então agradecer novamente a disponibilidade, muito obrigada.
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Transcrição das entrevistas
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Mónica – Eu é que agradeço e desejo a maior sorte para o trabalho!
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ENTREVISTA À MAFALDA
A entrevista foi gravada no dia 10 de maio de 2017, nos Olivais.
Esta entrevista teve a duração de 21’16 minutos.
As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são
introduzidas pelo nome fictício Mafalda e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras
da entrevistada, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes
como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da
entrevistadora.
Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções
supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da
entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação
dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?
Mafalda – Sim, podemos.
Entrevistadora – Aproveito para agradecer a disponibilidade. Seria possível fazer-
nos uma descrição sucinta do seu percurso académico e profissional?
Mafalda – Iniciei, portanto, as minhas funções de docência em 1990, um ano antes
de ter terminado a licenciatura em Antropologia Social no ISCTE, a partir daí, penso que
não é necessário entrar em questões de escolas por escolas, mas todo o meu percurso tem
sido desde o ensino oficial, não é?, iniciando mesmo com Antropologia, com a cadeira de
Antropologia do 10º ano, que era uma cadeira de opção na altura, depois foi retirada do
currículo e a partir daí comecei a dar aulas portanto só de Geografia, secundário, 3º ciclo,
portanto fundamentalmente, isto até 2008. Em 2007, e por que é que mudei depois aqui,
alterei aqui o meu percurso? Porque em 2007 sou confrontada com uma situação, que é a
de não ter possibilidade de continuar a ter a habilitação, a fazer a profissionalização em
Geografia de 3º ciclo, mas todas as pessoas formadas em Antropologia tinham que fazer,
obrigatoriamente, se quisessem continuar no ensino, a profissionalização em História e
Geografia de Portugal, portanto para segundo ciclo. Ora, em 2007 eu faço a
profissionalização, não é?, nesta área de ensino e a partir daí, portanto, passei a dar
História e Geografia, a partir de 2008, História e Geografia ao 2º ciclo. Entretanto todo o
meu percurso desde 91 também foi sempre acumulando não só o ensino oficial como o
ensino privado, portanto em 94 entro para o colégio onde ainda hoje dou aulas, não é?, e
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Transcrição das entrevistas
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em 94 também, começo a acumular com também com funções de formação, formação
profissional, portanto trabalhando com alunos de níveis 2 e 3 de cursos profissionais.
Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de Diretora
de Turma?
Mafalda – Tenho desempenhado várias vezes o cargo de Diretora de Turma, e pra
além de Diretora de Turma, desde 2008, e daí também aqui este meu acerto, passei a
assumir a função de assessoria de direção do Colégio, do Externato Champanhat, onde
estou.
Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas
as funções e competências que terá?
Mafalda – Eu devo dizer que do meu inicio, daquilo que eu me lembro, quando
recuo no tempo, e me tento lembrar o que é que ... , eu devo dizer que somos lançados
um bocadinho ... aos bichos, utilizando aqui uma expressão menos ..., mas por outro lado
eu também acho que isso faz, faz depois com que tenhamos que ir nós um pouco à
descoberta e um pouco construindo esta personagem, que é uma outra personagem, não
tem nada a ver, eu poderei ser uma boa docente mas ser uma péssima Diretora de Turma
ou o contrário, não é?, portanto eu penso que nem todos nós temos o perfil, não é dizer
que eu tenho o perfil, não, não é isso, mas no fundo sentir que é um papel que eu acho
que deveria, quando as pessoas chegam a uma escola e estão no inicio de carreira, que
deveria ser mais acompanhada, sem dúvida, do que é.
Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma
e que importância atribui ao cargo?
Mafalda – Eu acho que é um cargo muito importante, cada vez mais, na relação
sobretudo, e num colégio muito particularmente, de facto somos muito mediadores da
relação entre escola-família, portanto, aqui é mesmo esse papel de mediador que eu acho
que há que destacar. Depois, penso que é muito importante a ligação que se faz com os
próprios miúdos, e portanto, mesmo dentro dos Diretores de Turma, convenço-me que
hoje um Diretor de Turma de 2º ciclo, por exemplo, pode ser um péssimo Diretor de
Turma de 3º ciclo, como ... portanto eu penso que aqui o papel do Diretor de Turma nas
diferentes faixas, nos diferentes ciclos, também deve ser equacionado, porque nem todos
os Diretores de Turma têm perfil para trabalhar com alunos mais novos. Portanto, é
diferente aquilo que é pedido a um Diretor de Turma de 12º, do que aquilo que é pedido
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Transcrição das entrevistas
215
a um Diretor de Turma de 5º, e essa carga por exemplo, mais afetiva, mais emotiva que
se requer no caso de um 5º ano ou de um 6º, eu penso que nem todos os diretores possuem.
Como é que eu caracterizo, como é que eu, não era caracterizo, como é que eu, pois
caracterizo o meu desempenho, quer dizer eu penso que sou suspeitíssima em caracterizar
o meu desempenho, mas não me tenho dado mal até ao momento e é uma função que eu
assumo, acho que com responsabilidade e com muita dedicação, eu acho que tem que ser
mesmo com muita dedicação. E depois acho que é um terreno onde nós aprendemos muito
sobre a relação entre alunos e pais e o professor, porque somos mediadores de toda a
escola, não é?, até dos próprios colegas com os outros, dos colegas com os pais, e dos
colegas com os alunos, portanto temos de ser realmente uns bons comunicadores, termos
bom senso e, às vezes, não me apetece, apetece-me não ter, não é?, como humana que
sou e com todos os defeitos, mas tento cumprir, dentro do possível, as minhas ...
Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante
enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da
promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o
Diretor de Turma não exerce este papel?
Mafalda – Concordo com essa afirmação, daquilo que é a minha experiência
revejo-me nessas funções e com essas responsabilidades, admito e já tenho ouvido alguns
colegas que noutros contextos de escola sentem a sua, até sua autoridade, a sua autonomia
um bocadinho ... não, não ... enfim ... não, não, como é que ..., está-me a faltar a palavra
... não aceite, não ... têm realmente essa dificuldade, não é?, de ter esse papel e ser
assumido, até mesmo em relação aos ... a determinados colegas, não é?, não estamos a
falar só de uma realidade fora da escola.
Entrevistadora - Tendo em conta que respondeu afirmativamente, quais as
funções que desempenha como Diretor de Turma que têm funções supervisivas?
Mafalda – De supervisão, ora aí está uma pergunta, agora deixa-me ver o que é, de
supervisão, o que é que nós possamos entender por essa supervisão, não é?, por exemplo,
quando estou a coordenar atividades, olha, como aquela que acabamos agora na nossa
reunião de falar (risos), enquanto Diretora de Turma também, que é, tudo o que é plano
de atividades, por exemplo, tudo o que é projetos que vêm mesmo da direção, mas que
depois o Diretor de Turma assume aqui um papel de transmissor e de executivo junto dos
colegas, portanto eu estou, e muitas vezes a ver até que ponto é que as pessoas cumprem
aquele plano, é que cumprem o projeto, eu sinto que faço isso, eu e os meus colegas
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
216
Diretores de Turma, não é?, portanto sinto que fazemos isso, noutros sítios
provavelmente não, é mais difícil, é mais difícil.
Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes
e mais fracos na sua atuação enquanto “Supervisora”?
Mafalda – Ah, a primeira parte e que é extremamente importante para um trabalho
de escola é a motivação, é motivar os outros, e isso nem sempre é fácil, portanto quando
estamos no papel de coordenar e de dizer qual o caminho a seguir, é preciso acima de
tudo antes de dizer qual é o caminho, colocar as pessoas, não é?, definir esse caminho,
mas colocá-las connosco para conseguirmos ir a bom porto, porque, normalmente, se
queremos também fazer as coisas de uma forma muito individual, muito à nossa maneira,
só porque somos o Diretor de Turma, e temos o poder de poder fazer uma série de coisas,
não é?, e não ouvirmos os outros, eu penso que de facto não pode ser por aí, portanto é
motivar, é difícil, mas tem de ser por aí, é um ponto que eu considero que é mais difícil,
às vezes, mas depois eu acho que é muito reconfortante e é gratificante, quando
verificamos que aquilo que nós nos propusemos, sentirmos que o grupo está connosco,
não é?, e que foi executado, portanto e que foi posto em prática, eu acho que isso, o
Diretor de Turma também tem essa, sente depois essa glória, não é?, e os nossos alunos,
muitas vezes, são eles que muitas vezes acabam por nos transmitir isso, porque quando
na festa de final de ano, por exemplo, chamam ao palco para agradecer, normalmente é a
figura do Diretor de Turma, e obviamente cabe-nos a nós, Diretor de Turma, dizer que
aquilo foi feito porque a equipa permitiu, mas de facto isso também passa a ser
gratificante porque os próprios alunos nos identificam com a pessoa que levou que
conduziu o veiculo, não é?
Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?
Mafalda – Há vários passos. Primeiro que tudo eu penso que há um trabalho e tem
de haver um trabalho prévio de planificação dessa reunião e sabermos exatamente que
pontos é que queremos e que são importantes para a nossa reunião. Aprendemos um
bocadinho com o nosso curso que de facto é essencial não levar muito papel, não colocar
muitas questões, mas sabermos fundamentalmente, delinear as diretrizes de um plano de
trabalho de turma, de um plano especifico para aquela turma ou para aquele grupo, e que
os colegas entendam e percebam que não se pode trabalhar da mesma maneira com todos
os grupos e esse plano de trabalho é mesmo individual, não é por acaso que ele se chama
Plano de Trabalho da Turma, e essa é uma gralha e é tentarmos, num conselho de turma,
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
217
eu acho que é fundamental, nós percebermos o que é que não está a funcionar e
entendermos como é que podemos pôr aquele grupo a funcionar, naquilo que ele é menos
bom, naquilo que ele é menos forte. E uma reunião de conselho de turma não se pode
limitar ao lançamento de notas, ao cantar de notas, que muitas vezes mais adormece o
público que está à nossa volta, porque ainda para mais hoje em dia as notas estão lançadas
pelos professores, nem são registadas em pauta com caneta, portanto, só há uma
retificação das avaliações, e muitas vezes isso é quase que o adormecimento, não é?, e
portanto é a parte menos interessante e menos importante, eu acho que se nós tivermos a
partidas essas avaliações previamente, já conseguimos é trabalhar mesmo os casos em
que os alunos não conseguiram ter sucesso, perceber porque é que não tiveram sucesso
naquelas disciplinas, porque é que estão a ter mais sucesso noutras, como é que os
colegas, as metodologias que utilizam e partilhar essas metodologias para chegarmos a
uma linha de sucesso, porque é essa a finalidade de um conselho de turma, não é?.
Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela
promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?
Mafalda – Absolutamente, absolutamente.
Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de
Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias
conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho
de Turma?
Mafalda – No fundo são documentos, são linhas orientadoras, para esse trabalho
depois mais individual, para nós também seguirmos uma linha, não temos que fazer tudo
igual, mas há uma linha de base que é comum a todos nós não é?, eu sei que estou a
trabalhar, por exemplo, sobre a sustentabilidade este ano, e à volta disso eu desenvolvo
um conjunto de atividades que já estão delineadas no plano e portanto vão ao encontro
daquilo que o meu próprio PE quer, que nós não nos limitemos ao conhecimento, às
disciplinas de Português e Matemática, e portanto é uma visão muito mais ampla e muito
mais alargada.
Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os
professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,
professores ou outros intervenientes no processo educativo?
Mafalda – Para mim é a melhor forma de trabalhar, eu sou muito pouco
individualista, eu pelo menos considero que sou pouco individualista, eu gosto de pensar
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Transcrição das entrevistas
218
sobre as coisas e levar um mote qualquer, mas eu nunca vejo aquilo como meu, ou como
o ficar na minha turma ou ficar comigo, portanto, para mim, só faz sentido uma escola
quando nós temos um trabalho colaborativo, não é fácil, não é fácil , porque nem todos
nós para já somos colaborativos, muitos de nós somos de facto mais individualistas, no
fundo no fundo gostamos sempre de brilhar um bocadinho, que se saiba que no fundo no
fundo aquilo até foi feito por mim, ou que, e portanto eu penso que é às vezes muito
difícil, mas para mim é o único caminho, é o colaborar.
Vantagens para os alunos, nós vamos trabalhar e eles vão trabalhar cada vez mais
em rede, ninguém vai conseguir ... o que contraria muito aquilo que se defendeu que é
“bom, tens que ver as tuas notas, e tens que ser melhor do que o outro, porque tens que
entrar para a faculdade e tens de ter melhor nota” e portanto estamos aqui num
contrassenso, mas eu não defendo nada isso, e defendo o contrário, defendo que é
importantíssimo o trabalho, mesmo com eles, em sala, o que eu gosto é de um trabalho a
pares, um trabalho a grupo, um trabalho de turma, quando o trabalho é só individual, de
facto não aprendemos e ficamos só com aquilo que conseguimos, portanto não vamos
mais longe e outros permitem-nos ir mais longe, não é?, irmos mais longe.
Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o
exercício das funções dos Diretores de Turma? Quais serão esses fatores?
Mafalda – Às vezes sim, eu acho que nós todos nos confrontamos com alguns
momentos, não é?, que ... mas eu não posso dizer que tenha muita experiencia disso,
porque de facto é dada pela nossa diretora muita autonomia aos diretores de turma,
portanto não é nada de nos dizer ... a não ser que ... eu muitas vezes digo, eu venho aqui
para ouvir a sua opinião, que está de fora, e é importante ouvir, o que é que faria? Eu
estou a pensar fazer isto, faria ou não faria? Portanto eu tenho muito isto, não é?, nós
diretores de turma também partilhamos às vezes, olha são capazes muitas vezes colegas
de vir, olha, enquanto Diretor de Turma o que é tu farias neste aspeto? Portanto há aqui
um trabalho de conjunto e de partilha muito grande ali na escola que eu não sinto que se
chegue ali e bloqueie aquele trabalho, não sinto isso, não sinto isso.
Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação
específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso
concreto, sente necessidade desse tipo de formação?
Mafalda – Tanto que senti que participei e continuo a achar que precisamos sempre
de saber mais, sobretudo numa parte que eu acho que é extremamente importe que é a de
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
219
gestão de conflitos, a de gestão de tempo, enfim um conjunto aqui de diretrizes que nos
consigam ajudar a ser melhores pessoas, não é?, e sendo melhor pessoa, é-se
necessariamente uma melhor Diretora de Turma e uma melhor professora.
Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?
Mafalda – Acho que em que ser um bom ouvinte, um bom comunicador, bom
senso, sempre muito bom senso, haver serenidade que eu confesso que nem todas as vezes
tenho, porque sou mais, sou assim mais às vezes aquilo que sinto é que poderia calar aqui
mais algumas coisas que sinto, não é?, e sou muito, ainda sou muito de (risos) impulsiva,
e perante essa impulsividade eu acho que o Diretor de Turma tem que melhorar e eu
própria tenho de melhorar. Gosto de ouvir, oiço, mas quando me pedem a minha opinião,
sou extremamente sincera, doa a quem doer, e aí eu dizer impulsividade, não é tanto
impulsividade, mas de facto aquilo que eu penso, digo, exatamente, não consigo fazer de
conta, não consigo fingir, não é?, não consigo dizer a um colega que acho uma coisa,
achando outra. E às vezes isso traz-me problemas, porque às vezes as pessoas estão à
espera que eu diga exatamente aquilo que elas querem ouvir, não é?, que é ... quer no
papel de Diretor de Turma quer no papel de assessora às vezes sinto isso. Houve
momentos em que me sentia muito mal comigo própria, porque achava que eu é que era
muitas vezes a culpada, e não conseguia, até que estou a pouco e pouco a começar a
pensar que tenho que ser mais segura, que tenho que ter mais segurança em mim, posso
falhar, obviamente, mas ser convincente quer dizer, não balançar muito, não é?, não dizer
uma coisa hoje e depois dizer o contrário amanhã, mas também se for preciso voltar atrás
por alguma situação que ... acho que nós temos que o fazer, não é? ... é a humildade que
...
Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada
nesta entrevista?
Mafalda – Não. (risos)
Entrevistadora - Então agradecer a sua disponibilidade, muito obrigada.
Mafalda – Muito obrigada.
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
220
ENTREVISTA À MADALENA
A entrevista foi gravada no dia 10 de maio de 2017, nos Olivais.
Esta entrevista teve a duração de 21’25 minutos.
As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são
introduzidas pelo nome fictício de Madalena e tentámos reproduzir de forma fiel as
palavras da entrevistada, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências.
Atitudes como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem
afirmações da entrevistadora.
Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções
supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da
entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação
dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?
Madalena – A entrevistada acena afirmativamente.
Entrevistadora – Seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso
académico e profissional?
Madalena – Muito boa tarde, agradeço também esta oportunidade, é sempre bom
colaborar em trabalho académico, uma vez que é a partir dele que se pode refletir depois
em termos práticos na nossa vida quotidiana. É pena que a área da educação ainda não
esteja tão trabalhada quanto deveria, porque isso revela-se um bocadinho todos os dias na
nossa prática, em algumas lacunas graves que vão acontecendo, mas isso pronto.
Neste caso, o meu percurso começou, portanto, académico a partir da universidade,
de 93 a 97, tirei o curso de história com a opção de arqueologia e história de arte,
especializei-me em educação, portanto tirei o curso de pós-graduação em ciências da
educação, tirei também uma especialização em língua gestual e tirei também uma outra
especialização em educação e ensino especial, educação especial. Tudo isto feito no
âmbito da educação, porque trabalhei em museus numa primeira fase após a licenciatura,
o que me levou e despertou o interesse por trabalhar então com as faixas etárias em
aprendizagem mais contínua que é realmente as crianças e os jovens. Gostei da
experiência em museologia, e comecei por investigar trajetos que eu pudesse traçar para
puder aplicar então a minha prática de curso, não é?, da vertente cientifica que tinha
tirado. Para isso fiz então as pedagógicas, as chamadas didáticas, não é?, a especialização
para ser professor e desde 98 que efetivamente comecei a minha carreira de docência,
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
221
portanto faz para o ano 20 anos. Tenho trabalhado em escolas públicas, tive apenas duas
experiências em colégios particulares, uma há doze anos e outra atualmente da qual estou
a gostar bastante e no intermeio sempre também, continuamente doze anos no ensino
profissional, e adultos.
Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de Diretora
de Turma?
Madalena – Sempre, com exceção de um ano em que não tive cargo de Diretor de
Turma nem de secretária, mas até no estágio profissional, portanto, há dezanove anos
atrás fui secretária da própria ... de uma direção de turma de uma turma que eu lecionava,
portanto nunca mais fui poupada entre aspas a esse cargo que é um cargo bastante
exigente.
Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas
as funções e competências que terá?
Madalena – É assim , isto é um bocadinho por tentativa erro, ou seja, dependendo
da escola, de se há ou não coordenador de Diretor de Turma, eu como tenho trabalhado
muito no público, essa figura existe na maior parte dos casos, não quer dizer que seja
eficaz ou que seja uma pessoa realmente, lá está, que nos transmita efetivamente alguma
informação pertinente, às vezes partem do principio que todos temos de saber já tudo, e
às vezes de escola para escola, de regulamento interno para regulamento interno, de
público para público escolar, até os próprios colegas são de públicos diferentes e portanto
às vezes deparamo-nos com alguma diversidade, que nem sempre é explicada da melhor
maneira, mas eu pessoalmente, sou uma pessoa muito, aliás tenho de o ser, muito
camaleónica, e consigo-me adaptar às várias situações, desde que as consiga primeiro
estudar um bocadinho, observar e vou de encontro a ... sempre que há dúvidas tenho sido
esclarecida, sim. Mas confesso que há um desejo em mim que era realmente, acrescentar-
se, sem dúvida nenhuma, uma disciplina nas didáticas que nos preparasse um bocadinho
mais para digamos eventualmente cargos de direção de turma, de coordenação de
departamento, de partes formais que nunca são tidas em conta, parece que somos
professores e que a escola funciona por si e que há ali uma série de coisas que funcionam
automaticamente ou que então outrora foram protagonizadas por funcionários que não
eram professores, pronto, eu acho que aí poderíamos acrescentar riqueza à nossa
formação, mas pronto, esse é o meu ponto de vista pessoal.
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
222
Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretora de Turma
e que importância atribui a este cargo?
Madalena – Eu acho que é realmente .... Considero que é um cargo dos mais
importantes, sem o Diretor de Turma instalar-se-ia ainda mais distância entre a escola e
os Encarregados de Educação, não que haja habitualmente, porque cada vez mais estamos
a trazer os pais para a escola, às vezes não é sinónimo de sinal positivo, mas quando é
bem feito, quando é feito em coordenação, em equilíbrio e com bastante comunicação,
isso é bom. Ou seja, eu acho que a figura do Diretor de Turma é uma figura que deve
existir porque é intermediária, é mediadora, é ela que estabelece a relação entre o
Encarregados de Educação, o aluno e também a escola, portanto é um triângulo para mim,
é digamos alguém, e a comunidade educativa, e os próprios colegas, portanto o conselho
de turma ... e isto é muito importante porquê?, porque somos muitos professores, a partir
do segundo ciclo, aliás eu ou professora de 2º, 3º e secundário acho que é importantíssimo,
somos muitos com práticas pedagógicas similares, mas com as suas particularidades, e se
não houver alguém que articule um bocadinho, que trace o perfil da turma e que articule
com os pais algumas destas diversidades também de certa forma esclareça algumas
questões, tanto do conselho de turma, como também da parte dos próprios pais, acho que
se pode instalar um ruído na comunicação o que em nada vai favorecer aqueles que nós
mais queremos favorecer, que são os nossos alunos. Pronto, basicamente é isto.
Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante
enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da
promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o
Diretor de Turma não exerce este papel?
Madalena – Eu concordo que ele deve fazer isso tudo, eu enquanto Diretor de
Turma faço-o, não é fácil por vezes porque encontramos pouca permeabilidade, muita
resistência de alguns colegas, especialmente às vezes colegas com mais idade ou colegas
com um perfil uma personalidade menos aberta à atividade à flexibilidade e que, às vezes,
veem em nós uma ameaça, isto é esquisito dizê-lo, mas é verdade, ou então veem nas
práticas novas mais um bocadinho de trabalho, e não está para isso, pronto isto há imensas
coisas, o que eu acho é que enquanto Diretor de Turma se temos que aceitar esse cargo
devemos fazê-lo com resiliência e portanto continuar e sermos efetivamente neste caso
mesmo sérios, e levar as coisas por diante, não estou a dizer com isto que vamos
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Transcrição das entrevistas
223
ultrapassar alguém ou que sejamos incorretos, mas sermos insistentes e levarmos os
objetivos que temos que levar até ao fim e sermos profissionais, no fundo.
Entrevistadora - Tendo em conta que respondeu afirmativamente, quais são as
funções que desempenha como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?
Madalena – Por exemplo em relação a alunos com necessidades educativas
especiais, há uma, às vezes nem é bem resistência neste caso, há um desconhecimento
por parte de muitos colegas de determinadas práticas, estratégicas mesmo a nível de sala
de aula, que podem melhorar imenso, que podem ajudá-los imenso, ao próprio professor,
ao próprio grupo turma a acolher esse aluno ou até a trabalhar em conjunto. Isto foi um
dos motivos que eu, a título particular fui fazer mais um curso para poder também eu
responder a isto, uma vez que às vezes nem os próprios diretores de turma são sensíveis,
isto é muito sério, é muito sério ... é muito assim, é mesmo assim, ou seja eu já encontrei
belíssimos diretores de turma com ... interessados e recetivos a aprendizagens novas, olha
eu própria o fiz. Não devemos cristalizar e o que nós encontramos muitas vezes é pessoas
cristalizadas no seu pequeno microcosmos, não abrem mais horizontes e tratam todos por
igual, ou seja, a escola até ser integracionista funcionou de uma maneira, quando se tornou
mais inclusiva as pessoas continuam a tratar as pessoas da mesma maneira, ou seja, isto
é um problema, porque são efetivamente práticas completamente diferentes. E quando se
torna uma escola inclusiva e não se dá formação adequada às pessoas, estamos a tapar o
sol com a peneira e estamos a chutar para a frente.
Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes
e mais fracos na sua atuação enquanto “Supervisora”?
Madalena – Fortes? Fortes, no sentido que sou muito teimosa, e porque fiz por
isso, também considero que tenho algumas, adquiri algumas competências, ainda me
faltam muitas com certeza, mas algumas já as tenho, em ser sensível a muitos aspetos,
mesmo quando não sou Diretora de Turma, noutras turmas que tenho também o sou, mas
principalmente na minha direção de turma tento ao máximo estabelecer ali, ou elucidar
quaisquer confusões que possam existir entre os encarregados de educação e os meus
colegas, por vezes, em relação aos meus colegas tento permeabilizá-los da melhor
maneira, sensibilizá-los para certas questões, esta é a minha maior dificuldade, não é tanto
o levar os meus objetivos à frente, não é tanto a disponibilidade de tempo que é muita,
que nós temos que às vezes dispor de tempos extra para reunir com Encarregados de
Educação que nem sempre, coitados, também podem à hora de atendimento ou então
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
224
reuniões extra por causa de casos educativos especiais. Eu estou sempre pronta a isso, e
também tenho ... pronto, é mesmo assim, temos um horário, mas é sempre extra. A minha
maior dificuldade às vezes é chegar a certos colegas porque por muitas vezes, eu quero
sensibilizá-los que não sou eu que quero alguma coisa, é necessária essa coisa, ou seja,
as pessoas têm alguma resistência porque pensam que estou a comandá-las, quando não
se trata de nada disso, trata-se de orientá-las para sucesso, ou seja, todos nós queremos o
mesmo, no fundo, é o sucesso daquele aluno, seja ele académico ou pessoal, mas tem que
ser sucesso, não é insucesso. E há resistência por parte de quem nos ouve, muitas vezes
mesmo sendo colegas, principalmente sendo colega, o que é muito frustrante, a meu ver.
Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?
Madalena – Bom, é, eu gosto sempre, mas isso faz parte da minha maneira de ser,
levar as coisas todas, não sou também perfecionista nem obcecada, mas tento ao máximo
levar as coisas bastante organizadas, por tópicos, por fases, tudo muito bem segmentado,
porque respeito imenso o meu tempo e o tempo dos meus colegas e até lhe digo mais,
acho que as reuniões deviam de ser de pé, porque as pessoas assim eram muito mais
pragmáticas a resolver coisas, isto já se faz em muitos países desenvolvidos, em que as
reuniões têm um máximo meia hora e resolvem-se as coisas mais incríveis, e as pessoas
assim são diretas, são objetivas, não estão por ali a discutir-se coisas que não vale a pena
ou a ir por caminhos que também não são traçados. Bom, mas isto sou eu a pensar, sou
muito pragmática, neste aspeto sou muito focada, e isto é uma qualidade, penso eu, que
já tenho há muitos anos, e já tem sido referenciada em cartas de referência de outras
profissões ... de outras profissões, de outros estabelecimentos, ou centros de
documentação, investigação onde trabalhei, mas isto sou eu. Portanto, as minhas reuniões
primam por ser objetivas, completas e curtas. Não sei se isto poderá ser sinónimo para
algumas pessoas de incompetência, porque algumas pessoas acham que a quantidade é
que gere a qualidade, mas não é nada disso, o que é facto é que tem corrido bem.
Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela
promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?
Madalena – Sem dúvida.
Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de
Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias
conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho
de Turma?
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
225
Madalena – Sem um PE andamos à deriva, ou seja, sem rumo, cada um vai andar
conforme aquilo que mais acredita, e isso é tudo muito importante mas nós temos que ter
sempre em qualquer escola, e eu já estive em diversas escolas, desde as TEIP que são
escolas difíceis a escolas menos difíceis, e escolas mais urbanas, escolas mais rurais,
escolas mais profissionais, escolas mais regulares, escolas de adultos, escolas com muita
gente com Necessidades Educativas Especiais, e esses públicos todos exigem programas
educativos especifico delineados para esse público, e são delineados pela própria escola.
Quem somos nós, e no fundo somos, se somos trabalhadores e somos profissionais desse
estabelecimento de ensino e somos professores desse público temos que efetivamente
traçar tudo o que pudermos para convergir com essa meta, com esse projeto. Sem esse
projeto o que é que pode acontecer? Andarmos à deriva, perdermo-nos pelo caminho e
pior do que nós é o público que não vai chegar a um bom porto, é assim que eu vejo a
coisa.
Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os
professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,
professores ou outros intervenientes no processo educativo?
Madalena – É assim, essa pergunta, eu se ... ou seja, eu adoraria dizer-lhe assim
“essa pergunta não faz sentido”, porque se uma pessoa é professora, ser motivado para
ser professor não faz sentido nenhum, pronto. Mas eu entendo essa pergunta, porque hoje
em dia mais do que nunca, por variadíssimas questões a nossa classe, se isto se pode
chamar classe, da docência, está a passar grandes metamorfoses, ou seja, há uma
diversidade de posições e de situações e de seguranças e de estabilidades que poderia
estar aqui todo o dia a falar, o que leva a uma falta de articulação, de camaradagem, de
solidariedade, o que leva muitas vezes os professores a terem que ser motivados para ...
ou por uma avaliação, ou por manter um trabalho estável nem que seja por um ano, ou
enfim ... eu acho que as pessoas, neste momento mais do que vocação estão a trabalhar
por motivação, ou seja, ao contrário peço desculpa, estão a trabalhar por vocação do que
por motivação, eu acho que hoje ser professor, ao contrário do que as pessoas, a maior
parte possa pensar, não é uma profissão que a pessoa escolha de ânimo leve, cada vez
mais é difícil ser professor, porque antigamente e outrora, e isto já me foi dito, que era
uma profissão em que se tinha algumas regalias, era-se reconhecido, estava prestigiada e
era muito importante, que para qualquer profissão que qualquer criança venha a ter é
muito importante o seu percurso escolar, ele é realmente basilar, mas realmente a vocação
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
226
é que está neste momento a ser o grande instigador, agora a motivação, a motivação tem
que existir, porque se a pessoa só com vocação não vai lá, ou seja, eu por muita vocação
que tenha posso ficar sem lugar para lecionar no ano que vem e aí, lá está, a motivação
para o ano seguinte vai ter que ser vou trabalhar arduamente para além da minha vocação,
porque quero manter, mesmo que seja uma escola onde saiba que posso levar com uma
pedra quando sair porque o bairro é difícil, ou que o meu carro pode chegar ou posso
chegar ao carro e ter um pneu furado, ou porque simplesmente a GNR pode estar a fechar
a escola porque há uma rixa de bairro, está a ver a motivação? A motivação é mesmo, nós
querermos, realmente a nossa vocação é essa, mas a motivação tem de ser realmente para
além disso.
Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o
exercício das funções dos Diretores de Turma? Quais serão esses fatores?
Madalena – Acho, acho, por exemplo a não continuidade pedagógica de um
Diretor de Turma numa escola pública. É assim, eu dou aulas há dezoito, dezanove anos
e nunca repeti uma escola pública, enquanto que num centro de formação, sim, cheguei a
fazer ciclos de três anos, os níveis três de aprendizagem, em que fui coordenadora de
turma, que era uma figura mais ou menos parecida, mais ou menos parecida porquê?,
porque arranjamos estágios, mas não lidamos tanto com os encarregados de educação
porque é outra camada etária, outra faixa etária, mas de qualquer maneira, aí sim consegui
acabar ciclos. Nunca repeti uma escola, este ano estou no colégio Champagnat, espero
para o ano continuar, pode ser que sim, que possa conseguir essa proeza, mas isso
interrompe, interrompe e é por vezes muito ingrato, angustiante, dececionante, frustrante.
Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação
específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso
concreto, sente necessidade desse tipo de formação?
Madalena – Pois, tal como eu até há pouco já tinha dito, acho que deve ser algo
integrado na formação de professores, não se pode apenas, eu acho que sim as formações
são ótimas, mas só vai quem quer, e neste caso estamos a dar ali uma margem muito
grande para muita gente não ir. Quando se faz uma ... ou quando se torna uma parte
curricular, do currículo, acho que é uma mais-valia, eu não gosto de usar esta palavra
mais-valia mas, mas acho que é uma riqueza, a nível pedagógico, enriquecedora, digo,
que vai-nos ajudar no futuro, que nós até pensamos assim “ah isto não vai me dizer nada,
APÊNDICE D–
Transcrição das entrevistas
227
se calhar nem vou ter direções de turma”, mas até para entender o colega que é o Diretor
de Turma, e eu acho que isto, mais do que uma formação tem que ser parte de um curso.
Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?
Madalena – Olhe, como eu já lhe disse, resiliência, muita diplomacia, muita
diplomacia, porque cada vez mais as pessoas estão tendencialmente em relações de
agressão e de resistência, acho que as pessoas muitas vezes não reagem bem à mudança,
e, portanto, acho que um Diretor de Turma tem que ser resiliente, tem que ser diplomático,
flexível, e mais que tudo lutar pelos seus alunos.
Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sido contemplada
nesta entrevista?
Madalena – Acho que apenas acrescentaria uma coisa que, não é a entrevista, mas
enquanto professora acho que os Diretores de Turma deveriam ser, não digo reconhecidos
porque todos os professores trabalham imenso, mas acho que um Diretor de Turma
deveria ter uma redução horária maior da carga letiva para poder ter horas a nível letivo
para poder exercer melhor o seu cargo. Não são duas horas letivas por semana que servem,
principalmente em escolas complicadas, para estabelecer contactos com os encarregados
de educação, para ouvir os alunos, para desenvolver projetos que possam envolver os
alunos, a comunidade, a escola e possam promover a escola e o ensino, enquanto nós não
tivermos tempo de agir, enquanto nos cortarem as nossas intervenções anualmente porque
não vai continuar na escola, portanto são processos inacabados, e como inacabados que
são, não vão chegar a lado nenhum, é só isso.
Entrevistadora - Agradecer uma vez mais a disponibilidade e assim que tiver a
entrevista transcrita, enviá-la-ei para ser então confirmada e validada.
Madalena – Agradeço a oportunidade também, obrigada.
APÊNDICE E –
Quadro de Codificação para análise de conteúdo das entrevistas
228
Categorias Subcategorias Indicadores Unidades de registo
1. Caracterização do
professor
1.1.Percurso
académico
1.1.1. Local de formação
1.1.2. Habilitações académicas
1.1.3. Grau académico
1.2.Percurso
profissional
1.2.1. Disciplina lecionada
1.2.2. Nível / Tipo de Ensino
1.2.3. Anos de serviço
1.2.4. Escola pública
1.2.5. Escola privada
1.2.6. Direção de turma
1.2.7.
2. Conceções
sobre o cargo de
Diretor de Turma
2.1.Reconhecimento e
compreensão das
funções do Diretor de
Turma
2.1.1. Explicitação das funções e
competências do Diretor de
Turma (pela escola)
2.1.2. Caracterização do seu papel
como Diretor de Turma
2.1.3. Importância que atribui ao
cargo de Diretor de Turma
3.1.Supervisão e
colaboração no
papel do Diretor
de Turma
3.1.1. Diretor de Turma como
“gestor intermédio” da
organização escolar
3.1.2. Funções desempenhadas de
natureza supervisiva
3.1.3. Aspetos fortes da atuação
como “supervisor”
3.1.4. Aspetos fracos da atuação
como “supervisor”
APÊNDICE E –
Quadro de Codificação para análise de conteúdo das entrevistas
229
3. O Diretor de Turma:
supervisão e trabalho
colaborativo
3.2. Trabalho
colaborativo no
Conselho de
Turma
3.2.1. Organização de um Conselho
de turma
3.2.2. Gestão de um Conselho de
turma
3.2.3. Atuação num Conselho de
Turma
3.2.4. Promoção de trabalho
colaborativo entre membros
de um Conselho de Turma
3.2.5. Contributo dos documentos
estruturantes (PE, PAA, PT)
na promoção do trabalho
colaborativo
3.2.6. Vantagens do trabalho
colaborativo para os alunos
3.2.7. Vantagens do trabalho
colaborativo para os
professores
3.2.8. Vantagens do trabalho
colaborativo para os outros
atores educativos
4. Perfil do Diretor de
Turma
4.1. (Re)definição das
funções de Diretor
de Turma
4.1.1. Fatores que condicionam o
exercício das funções de Diretor de
Turma
4.2. Formação para o
desempenho do
cargo de Diretor de
Turma
4.2.1. Formação específica para o
desempenho do cargo de Diretor de
Turma
4.2.2. Áreas ou domínios com
necessidades formativas
APÊNDICE E –
Quadro de Codificação para análise de conteúdo das entrevistas
230
4.2.3. Necessidades formativas
específicas do entrevistado
4.3. (Re)definição do
perfil do Diretor de
Turma
4.3.1. Definição do perfil de um
Diretor de Turma
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
231
Categorias Subcategorias Indicadores Unidades de registo
5.
Car
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5.1
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“… a licenciatura em Antropologia Social no ISCTE…” (Mafalda)
“… então eu sou licenciada em Línguas Literaturas Clássicas e Portuguesa, também, pela
Universidade de Coimbra…” (Mariana)
“Universidade de Coimbra” (Mário)
“Fiz provas e ingressei na Escola Superior de Teatro e Cinema em 1998 onde conclui a
licenciatura no curso de teatro ramo de atores e encenadores e o mestrado em artes
performativas.” (Matias)
“… depois fui chamado para fazer a profissionalização em serviço, foi na Universidade
Aberta, como já tinha seis anos já não fui obrigado a assistir às aulas, foi só à volta de dois anos
na Universidade Aberta.” (Miguel)
5.1
.2.
Hab
ilit
ações
acad
émic
as
“… tirei o curso de história com a opção de arqueologia e história de arte, especializei-
me em educação, portanto tirei o curso de pós-graduação em ciências da educação, tirei também
uma especialização em língua gestual e tirei também uma outra especialização em educação e
ensino especial, educação especial.” (Madalena)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
232
“Para isso fiz então as pedagógicas, as chamadas didáticas, não é?, a especialização para
ser professor e desde 98 que efetivamente comecei a minha carreira de docência, portanto faz
para o ano 20 anos.” (Madalena)
“… a licenciatura em Antropologia Social no ISCTE…” (Mafalda)
“… a profissionalização em História e Geografia de Portugal, portanto para segundo
ciclo.” (Mafalda)
“… eu sou licenciado em Gestão, tenho uma pós-graduação também em gestão e um
mestrado.” (Manuel)
“Depois ainda fiz a profissionalização em serviço, estágio, que eu sou da área da
Economia, sou profissionalizado, fiz a profissionalização em serviço.” (Manuel)
“… então eu sou licenciada em Línguas Literaturas Clássicas e Portuguesa, também, pela
Universidade de Coimbra …” (Mariana)
“Licenciei-me, portanto, em Línguas e Literaturas Clássicas pela Universidade de
Coimbra …” (Mário)
“frequentei um ano no curso de Engenharia Informática da Universidade Lusófona.”
(Matias)
“Fiz provas e ingressei na Escola Superior de Teatro e Cinema em 1998 onde conclui a
licenciatura no curso de teatro ramo de atores e encenadores e o mestrado em artes
performativas. Neste momento, estou a preparar uma prova pública com o propósito de obter o
título de especialista em artes/teatro/interpretação.” (Matias)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
233
“… uma licenciatura em línguas e literaturas modernas e depois fiz uma licenciatura em
formação educacional, as antigas pré-Bolonha, que eram seis anos, era uma licenciatura grande
de seis anos…” (Matilde)
“… mestrado em língua espanhola e fiz o mestrado em ensino do Espanhol.” (Matilde)
“… licenciado em Matemáticas Aplicadas…” (Miguel)
“… depois fui chamado para fazer a profissionalização em serviço, foi na Universidade
Aberta, como já tinha seis anos já não fui obrigado a assistir às aulas, foi só à volta de dois anos
na Universidade Aberta.” (Miguel)
5.2
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curs
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rofi
ssio
nal
5.2
.1.
Dis
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na
leci
onad
a
“… passei a dar História e Geografia, a partir de 2008, História e Geografia ao 2º ciclo.”
(Mafalda)
“… eu sou professora de Português…” (Mariana)
“Na altura fui convidado para dar para dar aulas num programa denominado Oficinas de
Teatro desenvolvido pelo Departamento da Educação da Câmara Municipal de Lisboa tendo
sido colocado como professor coadjuvante do 1º ciclo, na Escola do Alto de Santo Amaro.”
(Matias)
“Na Escola em que leciono atualmente, além de lecionar a disciplina de Teatro ao 3º ciclo
desde 2005, comecei a lecionar Expressão Dramática como professor coadjuvante de 1ºCiclo
…” (Matias)
“…. Português, eu era, só fiz inicialmente formação na área do Português …” (Matilde)
“… estou a lecionar não só Português como Espanhol já a nível profissional, …” (Matilde)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
234
“Neste momento dou aulas ao 2º ciclo de português e ao terceiro ciclo de espanhol, só.”
(Matilde)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
235
5.2
.2.
Nív
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“Tenho trabalhado em escolas públicas, tive apenas duas experiências em colégios
particulares, uma há doze anos e outra atualmente da qual estou a gostar bastante e no intermeio
sempre também, continuamente doze anos no ensino profissional, e adultos.” (Madalena)
“Entretanto todo o meu percurso desde 91 também foi sempre acumulando não só o ensino
oficial como o ensino privado, portanto em 94 entro para o colégio onde ainda hoje dou aulas,
não é?, e em 94 também, começo a acumular com também com funções de formação, formação
profissional, portanto trabalhando com alunos de níveis 2 e 3 de cursos profissionais.” (Mafalda)
“…fui trabalhar para uma escola profissional para Estremoz na qual estive até
2009/2010,” (Mário)
“Na altura fui convidado para dar para dar aulas num programa denominado Oficinas de
Teatro desenvolvido pelo Departamento da Educação da Câmara Municipal de Lisboa tendo
sido colocado como professor coadjuvante do 1º ciclo, na Escola do Alto de Santo Amaro.”
(Matias)
“Em 2010 fiz parte de uma equipa que fundou uma escola de teatro musical inserida no
contexto de uma escola de danças sociais, a EDSAE - Escola de Dança e Teatro Musical.”
(Matias)
“O ensino básico é, por excelência, um período de incubação de problemáticas, …”
(Matias)
“Neste momento dou aulas ao segundo ciclo de português e ao terceiro ciclo de espanhol,
só.” (Matilde)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
236
5.2
.3.
Anos
de
serv
iço
“Para isso fiz então as pedagógicas, as chamadas didáticas, não é?, a especialização para
ser professor e desde 98 que efetivamente comecei a minha carreira de docência, portanto faz
para o ano 20 anos.” (Madalena)
“… eu dou aulas há dezoito, dezanove anos…” (Madalena)
“Iniciei, portanto, as minhas funções de docência em 1990, …” (Mafalda)
“…já leciono há vinte e um anos…” (Manuel)
“…é, portanto, o meu décimo sétimo ano de contrato” (Mariana)
“…, portanto tenho cerca de vinte e dois anos de ensino e sinto-me bem…” (Mário)
“Na altura fui convidado para dar para dar aulas num programa denominado Oficinas de
Teatro desenvolvido pelo Departamento da Educação da Câmara Municipal de Lisboa tendo
sido colocado como professor coadjuvante do 1º ciclo, na Escola do Alto de Santo Amaro.”
(Matias)
“…trabalho há 12 anos, 6 dos quais como diretor de turma.” (Matias)
“…depois da minha carreira há volta de dezassete anos…” (Miguel)
“…comecei em 1991…” (Mónica)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
237
5.2
.4.
Esc
ola
públi
ca
“Tenho trabalhado em escolas públicas, tive apenas duas experiências em colégios
particulares, uma há doze anos e outra atualmente da qual estou a gostar bastante e no intermeio
sempre também, continuamente doze anos no ensino profissional, e adultos.” (Madalena)
“Entretanto todo o meu percurso desde 91 também foi sempre acumulando não só o ensino
oficial como o ensino privado, portanto em 94 entro para o colégio onde ainda hoje dou aulas,
não é?, e em 94 também, começo a acumular com também com funções de formação, formação
profissional, portanto trabalhando com alunos de níveis 2 e 3 de cursos profissionais.” (Mafalda)
“… fui trabalhar para uma escola profissional para Estremoz na qual estive até 2009/2010,
…” (Mário)
“Depois sai para Campo Maior, no ano de 2010, exato. E, a partir daí, dei sempre aulas
no ensino público até este momento.” (Mário)
“Na altura fui convidado para dar para dar aulas num programa denominado Oficinas de
Teatro desenvolvido pelo Departamento da Educação da Câmara Municipal de Lisboa tendo
sido colocado como professor coadjuvante do 1º ciclo, na Escola do Alto de Santo Amaro.”
(Matias)
“… fiz um estágio de um ano numa escola pública …” (Matilde)
“… quando terminámos o estágio, eu concorri a escolas públicas sempre estive colocada
a dar aulas em horários pequenos e também dei aulas no ensino profissional, durante bastantes
anos, dei aulas de ensino para adultos, dei aulas de ensino para jovens, os chamados FJ’s, dei
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
238
aulas de ensino para jovens em risco, dei aulas de muita coisa no ensino profissional …”
(Matilde)
5.2
.5.
Esc
ola
pri
vad
a
“Tenho trabalhado em escolas públicas, tive apenas duas experiências em colégios
particulares, uma há doze anos e outra atualmente da qual estou a gostar bastante e no intermeio
sempre também, continuamente doze anos no ensino profissional, e adultos.” (Madalena)
“Entretanto todo o meu percurso desde 91 também foi sempre acumulando não só o ensino
oficial como o ensino privado, portanto em 94 entro para o colégio onde ainda hoje dou aulas,
não é?, e em 94 também, começo a acumular com também com funções de formação, formação
profissional, portanto trabalhando com alunos de níveis 2 e 3 de cursos profissionais.” (Mafalda)
“… e num colégio muito particularmente, de facto somos muito mediadores da relação
entre escola-família …” (Mafalda)
“…, mas na outra escola particular tinha uma situação mais estável porque estava no
quadro da escola, não é?” (Mário)
“Um ano depois, em 2004, fui convidado para trabalhar na instituição onde nos
encontramos e nos conhecemos.” (Matias)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
239
5.2
.6.
Dir
eção
de
turm
a
“Sempre, com exceção de um ano em que não tive cargo de Diretor de Turma nem de
secretária, mas até no estágio profissional, portanto, há dezanove anos atrás fui secretária da
própria ... de uma direção de turma de uma turma que eu lecionava, …” (Madalena)
“Tenho desempenhado várias vezes o cargo de Diretora de Turma, e p’ra além de Diretora
de Turma, desde 2008, e daí também aqui este meu acerto, passei a assumir a função de
assessoria de direção do Colégio, do Externato X, onde estou.” (Mafalda)
“… já há mais de dez anos que desempenho este cargo.” (Manuel)
“… ao longo deste percurso, pronto, tenho sido várias vezes Diretora de Turma, secretária,
quando não sou Diretora de Turma e pronto tenho vindo a acumular vários anos de experiência.”
(Mariana)
“… estive muitos anos naquela escola, quer com cargos de professor, quer com cargos
Diretor de Turma, que se chamava orientador educativo na escola, quer com cargos também de
gestão intermédia na própria escola, para além do cargo de Diretor de Turma tive outros cargos
de gestão intermédia” (Mário)
“Sim, posso lhe dizer que quase todos os anos fui Diretor de Turma... Provavelmente,
houve um ano que não tivesse sido” (Mário)
“Contam-se seis anos consecutivos desde o momento em que aceitei assumir funções
neste cargo. Comecei por ser diretor de uma turma que acompanhei do 7º ao 9º ano. E neste
momento acompanho uma turma de 7º ano desde o 5º.” (Matias)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
240
“… secretária da direção de turma de um 9º ano, dessa turma de 9º ano, e exercia todos
os cargos da secretária de direção de turma …” (Matilde)
“Desempenhei sempre o cargo de secretária de diretora de turma, de diretora de turma só
desempenhei o cargo nestes dois últimos anos, nestes três últimos anos.” (Matilde)
“Como Diretor de Turma, sei lá, depois da minha carreira há volta de dezassete anos,
talvez três anos ou quatro anos não fui Diretor de Turma, o resto fui sempre, tive sempre, o
pelouro, infelizmente, de Diretor de Turma.” (Miguel)
“Depois fui durante seis anos Diretor de Turma de Mecatrónicas…” (Miguel)
“… agora sou Diretor de Turma num PCA de 9º ano, é uma carga de trabalhos.” (Miguel)
“… nesse ano não tive direção de turma, porque era um ano que se entrava em
miniconcurso, normalmente eram as turmas que sobravam que vinham para os colegas mais
novinhos. Desde aí, tive sempre direção de turma, exceto um ano ou dois, eventualmente, já
passaram estes anos todos não posso precisar” (Mónica)
“Durante dois anos seguidos, estive numa escola que é na Quinta da Piedade, a D.
Martinho Vaz de Castelo Branco, Póvoa de Santa Iria, em que tive duas direções de turma no
horário, no mesmo horário, no mesmo ano, o que nos faziam era: uma turma complicada e
depois a outra turma que já se sabia que era sossegadinha, não dava trabalho nenhum e depois
tinha era um horário muito reduzido, tinha dezasseis horas, porque na altura a direção de turma
dava redução de horário…” (Mónica)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
241
6.
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“É assim, isto é um bocadinho por tentativa erro, ou seja, dependendo da escola, de se há
ou não coordenador de Diretor de Turma, …” (Madalena)
“… às vezes partem do principio que todos temos de saber já tudo, e às vezes de escola
para escola, de regulamento interno para regulamento interno, de público para público escolar,
até os próprios colegas são de públicos diferentes e portanto às vezes deparamo-nos com alguma
diversidade, que nem sempre é explicada da melhor maneira, mas eu pessoalmente, sou uma
pessoa muito, aliás tenho de o ser, muito camaleónica, e consigo-me adaptar às várias situações,
desde que as consiga primeiro estudar um bocadinho, observar e vou de encontro a ... sempre
que há dúvidas tenho sido esclarecida, sim.” (Madalena)
“Eu devo dizer que do meu inicio, daquilo que eu me lembro, quando recuo no tempo, e
me tento lembrar o que é que ... , eu devo dizer que somos lançados um bocadinho ... aos bichos,
utilizando aqui uma expressão menos ..., mas por outro lado eu também acho que isso faz, faz
depois com que tenhamos que ir nós um pouco à descoberta e um pouco construindo esta
personagem, que é uma outra personagem, não tem nada a ver, eu poderei ser uma boa docente
mas ser uma péssima Diretora de Turma ou o contrário, não é?, …” (Mafalda)
“… mas no fundo sentir que é um papel que eu acho que deveria, quando as pessoas
chegam a uma escola e estão no inicio de carreira, que deveria ser mais acompanhada, sem
dúvida, do que é.” (Mafalda)
“Sim, sempre. Nós temos um livrinho orientador, que nos vai dizer qual é a legislação, as
funções, competências, por aí.” (Manuel)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
242
“Ora bom, eu penso que, não querendo ser ingrata para ninguém, eu penso que o único
ano em que se calhar terei recebido mais orientações terá sido precisamente no ano de estágio,
…” (Mariana)
“… mas aqueles que foram na altura para mim os meus orientadores e formadores faziam
questão que nós passássemos, ao longo daquele ano, pelas várias funções que um professor
poderia ter e como eu fiz estágio, quer na área do Português quer na área de Latim, tive essa
possibilidade porque quer uns quer outros tinham várias funções e nós acabávamos por
acompanhar tudo.” (Mariana)
“… mas eu julgo que por vezes as escolas já esperam que um professor com alguns anos
de serviço, saiba o que tem que fazer, não é?” (Mariana)
“Porque eu não me recordo, muito honestamente, de nos vários anos em que foi Diretora
de Turma de me terem explicado o que é que eu teria que fazer. É, és Diretora de Turma da
turma tal e ponto final …” (Mariana)
“… nós temos horas para exercer o trabalho burocrático, digamos assim, não é?, para
atendimento dos encarregados de educação, para trabalhar nas plataformas e no sistema
informático, isso é verdade, há horas, que muitas das vezes não chegam quando as turmas são
complicadas, mas aí há horas, …” (Mariana)
“Acho que devemos …. é quase um bocadinho como ser pai e mãe, é dar amor, mas
também dar educação, não é?, é tentar acompanhá-los, tentar perceber o que é que está a correr
bem e o que é que está a correr menos bem, ajudá-los, apoiá-los, sem qualquer tipo de dúvida,
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
243
mas também exigir que cumpra o mínimo dos mínimos, porque os alunos hoje em dia acham
que só têm direitos e deveres nem por isso, não é?. E, portanto, acho que um Diretor de Turma
tem obrigatoriamente essa função, de explicar que eles têm direitos, sim, mas também têm
deveres e a partir do momento em que acham que as regras não são para eles, é porque então
estão na escola errada.” (Mariana)
“Sim, normalmente no início do ano letivo, a não ser que por tanto nós tenhamos entrado
já após as reuniões iniciais, mas há sempre uma reunião inicial de um coordenador de Diretores
de Turma,…” (Mário)
“… são explicadas as funções do Diretor de Turma, as responsabilidades, as competências
que devem ter, e tentar perceber o perfil do Diretor de Turma, …” (Mário)
“Há diretores de turma que são tecnicamente excelentes, quando falo no tecnicamente, é
no fazer cumprir de todos, de toda a legislação se quisermos, está tudo em ordem sempre, só
que os alunos não são máquinas, nem são números, e esse é o grande problema que perpassa
pelos tempos que correm, é que o Diretor de Turma para além de fazer valer a lei, tem que
muitas das vezes saber contornar a lei, isto é, quando digo isto não quero dizer que não cumpra
com a lei, mas tem que ser mais compreensivo e tem que tentar perceber muitas das vezes os
problemas que se passam nas gerações com as quais trabalhamos, porque há “n” de problemas
relacionais, e familiares e pessoais dos próprios alunos que levam a que haja incumprimentos.”
(Mário)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
244
“São… de forma cuidada, clara e objetiva, o que é fundamental para o bom desempenho
da especificidade do trabalho em causa.” (Matias)
“… nesta escola, como também fiz trabalho de secretário, antes de fazer o de direção de
turma, fui percebendo, também de forma empírica, todos os procedimentos relacionados com
as competências e responsabilidades que o cargo exige.” (Matias)
“Ainda assim, me foram explicadas no ano em que eu assumi a minha primeira direção
de turma e houve outras questões que eu só percebi mesmo com a prática …” (Matias)
“Quando recebi o cargo de diretora de turma, foi-me explicado tudo o que teria de fazer,
todas as competências e o que é que era preciso fazer, sim …” (Matilde)
“Não …” (Miguel)
“… há funções que são sempre iguais, há aquela coisa de receber uns telefonemazinhos,
aqueles processos são sempre iguais, mas a maneira, a parte processual mas é um bocado
diferente de trabalhar de escola para escola …” (Miguel)
“São. Obviamente que para além de assinarmos o termo de aceitação nos serviços
administrativos de cada estabelecimento de ensino, só que obviamente para mim já é um “déjà
vu”, não é?, já oiço assim muito sossegadinha, não coloco questões porque já sei mais ou menos
o que é que se pretende, a legislação vai sendo alterada obviamente ao longo dos anos, mas são
situações pontuais, à partida não são grande novidade para nós.” (Mónica)
“… quando eu comecei a dar aulas, tínhamos um papel mais ou menos de secretaria,
fazíamos a ponte entre a secretaria e o Encarregado de Educação, era entregar as avaliações,
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
245
não havia, ou provavelmente não havia tantos problemas sociais ou as escolas onde eu terei
estado não apresentavam essas situações, ou as turmas que me couberam se calhar também não
tinham essa problemática.” (Mónica)
“É assim, eu ao longo dos anos tenho tido sempre, todas as escolas têm a preocupação de
fazer reuniões de Diretores de Turma no início do ano letivo, antes de sequer termos um horário
à nossa frente e de conhecermos o contingente de alunos que nos vai calhar, em termos de
legislação somos obrigados a saber, portanto há informação que nos é facultada e quem chegue
de novo, se tiver algum problema, o coordenador dos diretores de turma é incansável,
inclusivamente há dois coordenadores de direção de turma 2º ciclo e 3º ciclo que é para ajudar
o maior numero de pessoas, …” (Mónica)
“… havia inclusivamente uma pen multiusos que tinha as minutas todas, nós tínhamos
minutas para tudo e mais alguma coisa, havia uma uniformização depois daquilo que se
pretendia a nível de escola, pontualmente havia reuniões extraordinárias quando havia
legislação nova sobre matéria de exames, ou enfim o que quer que seja, legislação sobre faltas
ou os planos de recuperação quando os miúdos tinham excesso de faltas, tinham e têm, e os
Diretores de Turma têm depois de gerir os processos todos para que na disciplina em que há
excesso de faltas o aluno faça uma avaliação extraordinária, tem de juntar o professor, o
Encarregado de Educação, as outras valências todas da escola, os planos de acompanhamento
individual, portanto há ali toda uma serie de estratégias que se põem em prática para que o aluno
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
246
transite e seja bem sucedido e obviamente a coordenação dos Diretores de Turma trabalha muito
bem nisso, …” (Mónica)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
247
6.1
.2.
Car
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riza
ção d
o s
eu p
apel
com
o D
iret
or
de
Turm
a
“… é uma função que eu assumo, acho que com responsabilidade e com muita dedicação,
eu acho que tem que ser mesmo com muita dedicação. E depois acho que é um terreno onde nós
aprendemos muito sobre a relação entre alunos e pais e o professor, porque somos mediadores
de toda a escola, não é?, até dos próprios colegas com os outros, dos colegas com os pais, e dos
colegas com os alunos, portanto temos de ser realmente uns bons comunicadores, termos bom
senso e, às vezes, não me apetece, apetece-me não ter, não é?, como humana que sou e com
todos os defeitos, mas tento cumprir, dentro do possível, as minhas ...” (Mafalda)
“… porque sou mais, sou assim mais às vezes aquilo que sinto é que poderia calar aqui
mais algumas coisas que sinto, não é?, e sou muito, ainda sou muito de (risos) impulsiva, e
perante essa impulsividade eu acho que o Diretor de Turma tem que melhorar e eu própria
tenho de melhorar. Gosto de ouvir, oiço, mas quando me pedem a minha opinião, sou
extremamente sincera, doa a quem doer, e aí eu dizer impulsividade, não é tanto impulsividade,
mas de facto aquilo que eu penso, digo, exatamente, não consigo fazer de conta, não consigo
fingir, não é?, não consigo dizer a um colega que acho uma coisa, achando outra.” (Mafalda)
“Eu acho que o meu desempenho até agora, tem sido um bom desempenho, não é?
Modéstia à parte.” (Manuel)
“… eu enquanto Diretor de Turma e faço-o na minha vida profissional também, tento
dedicar-me ao máximo e tento dar resposta legal a todos os problemas e cumprir de acordo com
a lei… (Mário)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
248
“É óbvio que para se ser Diretor de Turma, também, para além da componente legal que
temos que saber cumprir temos também que ter uma capacidade humana e nos tempos que
correm cada vez maior, não é?” (Mário)
“Em termos de responsabilidade tento fazer o trabalho sempre com a máxima
responsabilidade e pelo menos cumprir de acordo com a lei.” (Mário)
“Por mais enquadramento e contextualização que nos sejam facilitados só com o trabalho
no terreno, junto da escola, da secretaria, dos professores, dos pais e dos alunos é que se vem a
perceber a verdadeira dimensão e as funções reais de direção de turma.” (Matias)
“O lado que mais me fascina é o das relações humanas que tem a ver com o contacto
direto com os encarregados de educação e com os próprios alunos a faceta que menos me agrada
é a burocrática. A função do diretor de turma é muito exigente pela perspetiva administrativa,
sobretudo no rigor que deve ser implicado na verificação de toda a documentação, desde as atas,
a registos de avaliação, a verificação de pautas entre tantos outros.” (Matias)
“Cada caso é um caso e esse tremendo desafio criativo é das caraterísticas mais cativantes
na dimensão operacional de um diretor de turma.” (Matias)
“Por isso, tento sempre analisar, ouvir, compreender e ponderar… só depois é que tomo
uma decisão. A mais valia do Diretor de Turma é “nunca se esquecer que quanto mais sabe,
mais sabe que nada sabe” no sentido que todos os dias, todas as problemáticas exigem respostas
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
249
diferenciadas, respostas adequadas e a verdadeira mais-valia do Diretor de Turma é a
adequação.” (Matias)
“…eu tento desempenhar a função o melhor possível, nem sempre é um desempenho
fácil, tem a ver com o dia a dia, às vezes é mais fácil, às vezes não é tão fácil, tento fazer as
coisas o melhor possível, tento cumprir o que me é pedido, quer por parte dos alunos, por parte
dos alunos, quer por parte da direção da escola e quer por parte dos meus colegas, dos meus
colegas professores, e também dos funcionários e da direção da [instituição] também faz parte
da gestão de tudo isto, no fundo, portanto tento ser esse tal elo de ligação entre todos os
elementos, às vezes consegue-se outras vezes não, tentamos fazer o melhor.” (Matilde)
“… tento desempenhar o meu melhor, não é? Às vezes também não se consegue, porque
muitas vezes a informação dos colegas vem tardia.” (Miguel)
“…isto também depende também do sistema informático” (Miguel)
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“Considero que é um cargo dos mais importantes, sem o Diretor de Turma instalar-se-ia ainda
mais distância entre a escola e os Encarregados de Educação, não que haja habitualmente,
porque cada vez mais estamos a trazer os pais para a escola, …” (Madalena)
“Ou seja, eu acho que a figura do Diretor de Turma é uma figura que deve existir porque
é intermediária, é mediadora, é ela que estabelece a relação entre o Encarregados de Educação,
o aluno e também a escola, portanto é um triângulo para mim, é digamos alguém, e a
comunidade educativa, e os próprios colegas, portanto o conselho de turma ... e isto é muito
importante porquê?, porque somos muitos professores, a partir do segundo ciclo, aliás eu ou
professora de 2º, 3º e secundário acho que é importantíssimo, somos muitos com práticas
pedagógicas similares, mas com as suas particularidades, e se não houver alguém que articule
um bocadinho, que trace o perfil da turma e que articule com os pais algumas destas diversidades
também de certa forma esclareça algumas questões, tanto do conselho de turma, como também
da parte dos próprios pais, acho que se pode instalar um ruído na comunicação o que em nada
vai favorecer aqueles que nós mais queremos favorecer, que são os nossos alunos. Pronto,
basicamente é isto.” (Madalena)
“… mas no fundo sentir que é um papel que eu acho que deveria, quando as pessoas
chegam a uma escola e estão no inicio de carreira, que deveria ser mais acompanhada, sem
dúvida, do que é.” (Mafalda)
“Eu acho que é um cargo muito importante, cada vez mais, na relação sobretudo, e num
colégio muito particularmente, de facto somos muito mediadores da relação entre escola-
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
251
família, portanto, aqui é mesmo esse papel de mediador que eu acho que há que destacar.”
(Mafalda)
“Depois, penso que é muito importante a ligação que se faz com os próprios miúdos, e
portanto, mesmo dentro dos Diretores de Turma, convenço-me que hoje um Diretor de Turma
de 2º ciclo, por exemplo, pode ser um péssimo Diretor de Turma de 3º ciclo, como ... portanto
eu penso que aqui o papel do Diretor de Turma nas diferentes faixas, nos diferentes ciclos,
também deve ser equacionado, …” (Mafalda)
“E trata-se de um cargo de grande responsabilidade, no fundo é centralizar o desempenho
dos alunos, dos professores … e partilhar um bocadinho com a direção, com a secretaria da
escola, é um trabalho muito exigente, muito burocrático, podia ser um pouco menos
burocrático.” (Manuel)
“É um cargo de grande exigência, é um cargo de gestão intermédia, claramente, e de
supervisão constante quer dos alunos quer dos professores.” (Manuel)
“Bom, eu acho que o cargo de Diretor de Turma é fundamental, não é?,” (Mariana)
“Há diretores de turma que são tecnicamente excelentes, quando falo no tecnicamente, é
no fazer cumprir de todos, de toda a legislação se quisermos, está tudo em ordem sempre, só
que os alunos não são máquinas, nem são números, e esse é o grande problema que perpassa
pelos tempos que correm, é que o Diretor de Turma para além de fazer valer a lei, tem que
muitas das vezes saber contornar a lei, isto é, quando digo isto não quero dizer que não cumpra
com a lei, mas tem que ser mais compreensivo e tem que tentar perceber muitas das vezes os
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
252
problemas que se passam nas gerações com as quais trabalhamos, porque há “n” de problemas
relacionais, e familiares e pessoais dos próprios alunos que levam a que haja incumprimentos.”
(Mário)
“Creio que estamos perante um cargo que possamos considerar como um dos mais
determinantes para o bom funcionamento da tríade escola, pais e alunos.” (Matias)
“O diretor de turma é um mediador, alguém que tem de ter a capacidade de adequar cada
problemática a uma solução, agindo em conformidade com o Regulamento Interno da Escola e
com as normas de educação vigentes.” (Matias)
“Sem esta figura da direção de turma no terreno, seria certamente mais difícil atingir-se a
assertividade de procedimentos, sobretudo, no trabalho da organização da informação,
comunicação e gestão diária de problemáticas.” (Matias)
“Sim, o Diretor de Turma tem de ser um promotor de consensos, de complementaridade
de vontades e esse lado, é um lado que muitas vezes se pode aprender em formações de gestão
de conflitos, soluções criativas e flexibilização de perspetivas.” (Matias)
“Este cargo é muito importante, é um cargo de que eu acho que na gestão intermédia da
escola é importantíssimo, porque faz a ponte e a ligação entre pais e a escola e professores e
alunos e entre professores e pais e entre alunos e funcionários e entre os vários órgãos da escola,
portanto é um cargo de ligação, no fundo, e é um cargo muito importante.” (Matilde)
“Acho que é um papel fundamental numa turma.” (Miguel)
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Análise de conteúdo das entrevistas
253
“Eu cada vez mais acho que o diretor de turma tem um papel que ultrapassa as suas
funções meramente burocráticas, …” (Mónica)
“Mas noto que nos últimos anos, sobretudo nos últimos quinze anos, o diretor de turma
faz a ponte em tudo, em tudo! Tem de ser tutor, tem de substituir a figura do pai ou da mãe e
muitos pais, às vezes, pedem-nos esse apoio, é quase que um apelo inconsciente, o facto de eles
nos contactarem, eles próprios já não têm mão em determinadas situações com os próprios
educandos, e o diretor de turma tem esse papel, não é?,” (Mónica)
“… e é o diretor de turma que faz essa transição, a transição não é a ponte mesmo, entre
a família e a escola.” (Mónica)
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“Eu concordo que ele deve fazer isso tudo, …” (Madalena)
“… porque somos mediadores de toda a escola, não é?, até dos próprios colegas com os
outros, dos colegas com os pais, e dos colegas com os alunos, portanto temos de ser realmente
uns bons comunicadores, termos bom senso …” (Mafalda)
“Concordo com essa afirmação, daquilo que é a minha experiência revejo-me nessas
funções e com essas responsabilidades, admito e já tenho ouvido alguns colegas que noutros
contextos de escola sentem a sua, até sua autoridade, a sua autonomia um bocadinho ...”
(Mafalda)
“Eu concordo, concordo,” (Manuel)
“É um cargo de grande exigência, é um cargo de gestão intermédia, claramente, e de
supervisão constante quer dos alunos quer dos professores.” (Manuel)
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Análise de conteúdo das entrevistas
254
“… considero até que é uma estrutura intermédia em várias, em várias situações é o
Diretor de Turma que é a ponte entre os alunos, a escola e os encarregados de educação.”
(Mariana)
“Muitas das vezes, há situações que ocorrem, que acabam, se calhar, por nem chegar à
direção, porque o próprio Diretor de Turma acaba por filtrar e resolver essas mesmas situações
e apesar de ser também um professor de turma, acaba por ser aquele em quem os alunos se
calhar mais se sentem apoiados …” (Mariana)
“… há essa estrutura intermédia, naturalmente acima de nós temos outras entidades mas
somos nós que de alguma forma damos um feedback do que se passa com a turma, com os
professores, até com os encarregados de educação para as estruturas hierarquicamente
superiores portanto não tenho dúvidas de que que há de facto na natureza supervisiva no cargo
Diretor de Turma.” (Mariana)
“Sim, aliás já o disse antes, porque o Diretor de Turma está num papel intermédio, em
termos da sua responsabilidade, quer para com a escola, quer para com os pais e para com os
alunos, portanto nesse sentido, tem que também colaborar em termos da própria gestão e da
própria organização porque está numa posição em que tem alguma influência e que tem que dar
resposta às orientações, portanto, da própria escola e ao próprio professor e educativo na sua
globalidade.” (Mário)
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Análise de conteúdo das entrevistas
255
“… porque o Diretor de Turma, neste caso, acaba por ser um gestor do processo e tem
que ter em atenção todos esses aspetos. Isto é, quer com os alunos quer com os professores,
porque para que a coisa funcione.” (Mário)
“É um trabalho que nós fazemos semanal, isto é, semanalmente nós temos que ter esse
trabalho feito para informar os alunos, para que possam cumprir os seus objetivos.” (Mário)
“… que está portanto num patamar também intermédio em termos da própria gestão
escolar, em que nas reuniões semanalmente (é neste dia, precisamente a esta hora que nós temos
essa reunião semanalmente – [quinta-feira]) e portanto aí nós discutimos estratégias, formas de
atuação no sentido de atingir os objetivos ou então colmatar alguma situações que haja
necessidade de colmatar, ou de resolver alguns problemas de caráter também às vezes pessoal
ou pedagógico dentro da própria estrutura ou grupo turma.” (Mário)
“Nessa visão tripartida, tem que dar resposta a todo o processo, isto é, funciona como se
fosse uma espécie de, às vezes olho para a hélice, portanto, de um moinho, e o moinho seria a
escola e a hélice seria o papel do Diretor de Turma, em que temos os vários pares, onde se ligam
as velas, não é? E aí o Diretor de Turma tem que estar envolto, de certa forma, nesta resposta
tripartida quer para a gestão escolar, a direção, o professor responsável pelos Diretor de Turma
e o próprio Conselho de Turma, mas ao mesmo tempo tem que saber dar resposta para os
encarregados de educação e também tem que chegar aos alunos. E tem que fazer esse papel de
intermediário e de gestão pedagógica intermediária quer na relação entre os alunos e os
professores, quer na relação entre os pais, o Diretor de Turma e os próprios professores, quer
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
256
depois fazer chegar aos órgãos de gestão interna da escola todos os problemas que estão
inerentes quer aos pais quer aos alunos, em termos de conflito ou de outro tipo de situações que
ocorram não sendo conflituosas mas de incumprimento, portanto, do seu papel enquanto
alunos,…” (Mário)
“O diretor de turma é um mediador, alguém que tem de ter a capacidade de adequar cada
problemática a uma solução, agindo em conformidade com o Regulamento Interno da Escola e
com as normas de educação vigentes.” (Matias)
“Concordo com a afirmação, o Diretor de Turma, tem inequivocamente essa função. À
“gestão intermédia” da organização escolar, eu chamo-lhe sumativa e abreviadamente
“mediação”, seja ela interpessoal, entre os mais diversos elementos da comunidade educativa e
a documentação ou, por vezes, chega a ser uma questão apenas administrativa entre documentos
que chegam a repetir-se ou a representar um conflito de conformidade.” (Matias)
“Sim, o Diretor de Turma tem de ser um promotor de consensos, de complementaridade
de vontades e esse lado, é um lado que muitas vezes se pode aprender em formações de gestão
de conflitos, soluções criativas e flexibilização de perspetivas.” (Matias)
“É um gestor, é um nível intermédio sim, está no meio das várias funções como eu já
expliquei, que eu acho que é. Está no meio entre pais, alunos, professores, os órgãos
intermédios diretivos, portanto eu acho que é a nível intermédio, sim.” (Matilde)
“Sim, eu acho que é um papel fundamental.” (Miguel)
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“É o que faz a gestão, principalmente em caso de conflito. Há muitas vezes os pais querem vir
falar com os professores, …” (Miguel)
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“Por exemplo em relação a alunos com necessidades educativas especiais, …” (Madalena)
“… por exemplo, quando estou a coordenar atividades, olha, como aquela que acabamos
agora na nossa reunião de falar (risos), enquanto Diretora de Turma também, que é, tudo o que
é plano de atividades, por exemplo, tudo o que é projetos que vêm mesmo da direção, mas que
depois o Diretor de Turma assume aqui um papel de transmissor e de executivo junto dos
colegas, portanto eu estou, e muitas vezes a ver até que ponto é que as pessoas cumprem aquele
plano, é que cumprem o projeto, eu sinto que faço isso, eu e os meus colegas Diretores de
Turma, não é?, portanto sinto que fazemos isso, noutros sítios provavelmente não, é mais difícil,
é mais difícil.” (Mafalda)
“E, nomeadamente, eu faço um controlo semanal das faltas muito rigoroso e tento andar
sempre em cima dos miúdos e, portanto, supervisiono alunos, colegas e tenho uma relação
direta, quase constante com a direção da escola.” (Manuel)
“É supervisionar basicamente os alunos, os professore e estar em contacto permanente
com as estruturas de orientação educativa da escola, basicamente é isso.” (Manuel)
“… como Diretor de Turma somos nós que estamos precisamente na supervisão de tudo
o que acontece com os nossos alunos e não estamos a falar apenas daquilo que acontece nas
várias aulas em termos curriculares em termos académicos a nível do comportamento mas
também alguma situação às vezes familiar que possa ocorrer que a escola nem sempre tem
conhecimento, ou pelo menos nem sempre tem conhecimento a tempo de poder ajudar ou a
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
259
tempo de poder agir, e nessa medida eu não tenho dúvidas de que há, sem dúvida, uma natureza
supervisiva no cargo de Diretor de Turma.” (Mariana)
“… há essa estrutura intermédia, naturalmente acima de nós temos outras entidades mas
somos nós que de alguma forma damos um feedback do que se passa com a turma, com os
professores, até com os encarregados de educação para as estruturas hierarquicamente
superiores portanto não tenho dúvidas de que que há de facto na natureza supervisiva no cargo
Diretor de Turma.” (Mariana)
“Bom, nós em termos de natureza supervisiva, nós temos que ter em atenção os
cumprimentos, por exemplo, neste caso concreto que eu sou Diretor de Turma de uma turma de
ensino profissional, no ensino profissional há algumas especificidades, nomeadamente no que
toca ao cumprimento dos planos curriculares e ao cumprimento das assistências obrigatórias
que os alunos têm que ter para poderem capitalizar ou de certa forma para poderem obter a nota,
o aluno até pode ter nota positiva, mas se não tiver um “X” de assistências, pode ter um vinte
que a nota não sai.” (Mário)
“… porque o Diretor de Turma, neste caso, acaba por ser um gestor do processo e tem
que ter em atenção todos esses aspetos. Isto é, quer com os alunos quer com os professores,
porque para que a coisa funcione.” (Mário)
“É um trabalho que nós fazemos semanal, isto é, semanalmente nós temos que ter esse
trabalho feito para informar os alunos, para que possam cumprir os seus objetivos.” (Mário)
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“… que está portanto num patamar também intermédio em termos da própria gestão
escolar, em que nas reuniões semanalmente (é neste dia, precisamente a esta hora que nós temos
essa reunião semanalmente – [quinta-feira]) e portanto aí nós discutimos estratégias, formas de
atuação no sentido de atingir os objetivos ou então colmatar alguma situações que haja
necessidade de colmatar, ou de resolver alguns problemas de caráter também às vezes pessoal
ou pedagógico dentro da própria estrutura ou grupo turma.” (Mário)
“Há diretores de turma que são tecnicamente excelentes, quando falo no tecnicamente, é
no fazer cumprir de todos, de toda a legislação se quisermos, está tudo em ordem sempre, só
que os alunos não são máquinas, nem são números, e esse é o grande problema que perpassa
pelos tempos que correm, é que o Diretor de Turma para além de fazer valer a lei, tem que
muitas das vezes saber contornar a lei, isto é, quando digo isto não quero dizer que não cumpra
com a lei, mas tem que ser mais compreensivo e tem que tentar perceber muitas das vezes os
problemas que se passam nas gerações com as quais trabalhamos, porque há “n” de problemas
relacionais, e familiares e pessoais dos próprios alunos que levam a que haja incumprimentos.”
(Mário)
“O trabalho da supervisão é profundamente objetivo, é maioritariamente um trabalho de
observação, de análise e de execução de medidas orientadas por um pensamento crítico coerente
que se orienta por normas pré-estabelecidas ou recria espaços entre essas mesmas normas.”
(Matias)
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“… o lado da supervisão é maioritário no raio de ação do diretor de turma e perpassa o
preenchimento de toda a documentação afeta à turma que representamos, seja esse
preenchimento efetuado por nós, por colegas, por pais ou por alunos. São objeto de supervisão
do diretor de turma o dossier de turma, o registo individual do aluno, o livro de ponto, a
caderneta do aluno, o registo de ocorrências, a verificação das atas, o registo de faltas
presenciais, as justificações de faltas, os registos de avaliação por período, as pautas, a ficha de
dados dos encarregados de educação entre muitos outros.” (Matias)
“O trabalho da supervisão é o garante da conformidade de procedimentos e essencial para
a qualidade e credibilidade da escola seja no seu funcionamento interno ou na relação do
estabelecimento de ensino com o exterior.” (Matias)
“Supervisiva tem a ver com a parte em que temos de, no fundo, ajustar, fazer funcionar
por exemplo o Plano de Turma, ou seja, fazer com que, por exemplo, os trabalhos
interdisciplinares funcionem e isso é o nosso papel é apenas supervisivo, é ver se os colegas no
fundo fizeram aquilo que se propuseram fazer. Nós não interferimos na exequibilidade das
coisas a que eles se propõem. Apenas supervisionamos isso, supervisionamos também se os
alunos cumprem com as suas obrigações e supervisionamos se os encarregados de educação
também cumprem com as suas obrigações porque esse também é o nosso papel.” (Matilde)
“… tem mais a ver com os comportamentos…” (Miguel)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“O aproveitamento, mais a assiduidade porque são miúdos que faltam muito,
pontualidade, principalmente as pontualidades e tento sempre andar a controlar isso e a informar
os pais.” (Miguel)
“… se a gente conseguir controlar o comportamento, a assiduidade dos miúdos e a
pontualidade, o aproveitamento vem por si próprio, não é preciso a gente controlar o
aproveitamento, a gente tem que gerir um bocado... o aproveitamento na maior parte destes
miúdos está implícito outras coisas.” (Miguel)
“Tudo o que está inerente à legislação nós temos que fazer, acabamos sempre por ter essa
função, e mesmo que não quiséssemos há formas que a escola tem de controlar esse trabalho,
não é?” (Mónica)
“… não temos como não o fazer e cada vez há mais esse pedido, ate porque as escolas já
trabalham com as tecnologias todas, temos tudo informatizado, a rede do GIAE, tudo o que se
faça em termos burocráticos tem de estar em conformidade com a turma, com o perfil da turma,
com o trabalho do Diretor de Turma porque há de haver quem confirme e já não é só o dizer
que se fez porque está lá realmente no sistema da escola.” (Mónica)
“… o Diretor de Turma tem o código de acesso para justificar essas faltas em função do
documento que o aluno traz ou da autorização do Encarregado de Educação.” (Mónica)
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“Fortes, no sentido que sou muito teimosa, e porque fiz por isso, também considero que
tenho algumas, adquiri algumas competências, ainda me faltam muitas com certeza, mas
algumas já as tenho, em ser sensível a muitos aspetos,” (Madalena)
“… tento ao máximo estabelecer ali, ou elucidar quaisquer confusões que possam existir
entre os encarregados de educação e os meus colegas, por vezes, em relação aos meus colegas
tento permeabilizá-los da melhor maneira, sensibilizá-los para certas questões, …” (Madalena)
“… por exemplo, quando estou a coordenar atividades, olha, como aquela que acabamos
agora na nossa reunião de falar (risos), enquanto Diretora de Turma também, que é, tudo o que
é plano de atividades, por exemplo, tudo o que é projetos que vêm mesmo da direção, mas que
depois o Diretor de Turma assume aqui um papel de transmissor e de executivo junto dos
colegas, portanto eu estou, e muitas vezes a ver até que ponto é que as pessoas cumprem aquele
plano, é que cumprem o projeto, eu sinto que faço isso, eu e os meus colegas Diretores de
Turma, não é?, portanto sinto que fazemos isso, noutros sítios provavelmente não, é mais difícil,
é mais difícil.” (Mafalda)
“Mais fortes é talvez eu ter uma supervisão constante, não é? Em relação à metodologia
de trabalho que eu adoto tento fazer isso, tento sempre ter um controlo permanente das minhas
responsabilidades, das minhas competências.” (Manuel)
“Como ponto forte, basicamente eu procuro tentar passar por cima dessas limitações,
porque, apesar de tudo eu não descuro, ou procuro não descurar, o meu papel como Diretor de
Turma, porque assim se há coisas para tratar, se há coisas para resolver, eu faço, nem que tenha
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
264
de ser nas minhas aulas de Português, é assim! É simples, ou melhor não é simples, (risos), mas
lá se faz.” (Mariana)
“… em termos da minha capacidade de organização como supervisor, como aspetos mais
fortes tenho a própria empatia que eu consigo ter junto dos alunos, …” (Mário)
“Eu neste sentido sou muito aberto e muito leal com os alunos eles procuram me
facilmente, não há qualquer conflito nesse sentido com os alunos.” (Mário)
“O lado que mais me fascina é o das relações humanas que tem a ver com o contacto
direto com os encarregados de educação e com os próprios alunos …” (Matias)
“O ponto forte é que tenho este lado cirúrgico no processo de observação e verificação,
creio que é uma vocação, é por isso que sempre me atraiu a área das ciências a par da dimensão
artística. Tem a ver com o gozo da observação em si, porque me é muito prazeroso observar,
sou capaz de perder (ou ganhar) horas com a supervisão de uma ata só para tentar perceber
melhor todos os pontos de vista, de os interpretar e tentar ser o mais fidedigno possível em
relação ao que foi dito.” (Matias)
“Mais fortes, mais fortes se calhar a supervisão com … em relação aos alunos…”
(Matilde)
“Eu os pontos mais fortes que eu acho neste caso que tenho, será na gestão de conflitos,
principalmente entre miúdos e professores, porque há, tenho muitos, principalmente este ano
tive muitos casos …” (Miguel)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“… então tenho aí conflitos com um ou dois professores, bastante graves, que eu tenho
andado a tentar gerir, pronto, é uma parte fundamental.” (Miguel)
“Outro é tentar motivar os miúdos, que é um bocado complicado para estes miúdos, a
gente tentar motivá-los, tentamos sempre, tento com vários exemplos reais da vida, …”
(Miguel)
“… o Diretor de Turma tem o código de acesso para justificar essas faltas em função do
documento que o aluno traz ou da autorização do Encarregado de Educação.” (Mónica)
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“A minha maior dificuldade às vezes é chegar a certos colegas porque por muitas vezes,
eu quero sensibilizá-los que não sou eu que quero alguma coisa, é necessária essa coisa, ou seja,
as pessoas têm alguma resistência porque pensam que estou a comandá-las, quando não se trata
de nada disso, trata-se de orientá-las para sucesso, ou seja, todos nós queremos o mesmo, no
fundo, é o sucesso daquele aluno, seja ele académico ou pessoal, mas tem que ser sucesso, não
é insucesso. E há resistência por parte de quem nos ouve, muitas vezes mesmo sendo colegas,
principalmente sendo colega, o que é muito frustrante, a meu ver.” (Madalena)
“… a primeira parte e que é extremamente importante para um trabalho de escola é a
motivação, é motivar os outros, e isso nem sempre é fácil, portanto quando estamos no papel de
coordenar e de dizer qual o caminho a seguir, é preciso acima de tudo antes de dizer qual é o
caminho, colocar as pessoas, não é?, definir esse caminho, mas colocá-las connosco para
conseguirmos ir a bom porto, porque, normalmente, se queremos também fazer as coisas de
uma forma muito individual, muito à nossa maneira, só porque somos o Diretor de Turma, e
temos o poder de poder fazer uma série de coisas, não é?, e não ouvirmos os outros, eu penso
que de facto não pode ser por aí, portanto é motivar, é difícil, mas tem de ser por aí, é um ponto
que eu considero que é mais difícil, …” (Mafalda)
“Mas penso que a nível burocrático, não diria um ponto menos bom ou fraco, mas tento
sempre ter a certeza de que consigo ter tudo sob a minha supervisão, embora, às vezes, não seja
fácil.” (Manuel)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“Mais fracos, mais fracos, por exemplo, nem sempre é possível resolvermos as coisas no
tempo que consideramos razoável ou porque estamos dependentes de outras entidades ou
porque, apesar de sermos diretores de turma, naturalmente, não temos poder decisivo ou não
temos a última palavra, não é? quando muito propomos determinadas coisas, …” (Mariana)
“… outro ponto fraco, mas isso não tem a ver necessariamente com as várias escolas por
onde passamos, tem a ver com o facto de nós somos diretores de turma, sim, mas não temos
tempo oficialmente para sermos diretores de turma com os nossos alunos, é assim eu sou
professora de Português deles eu roubo, literalmente a palavra é essa, imenso tempo às minhas
aulas de Português para tratar de assuntos de direção de turma, …” (Mariana)
“… e portanto eu isso acho que é um ponto fraco não tem a ver com a escola, não tem a
ver enfim o cargo de direção turma específico tem a ver sim, com o não reconhecimento, e eu
acho que isto é um ponto muito mau, o não reconhecimento da necessidade de haver um tempo
específico, quem diz um tempo até diz mais, mas pronto, para trabalharmos com os nossos
alunos na natureza ou no âmbito da direção de turma, por exemplo o 3º ciclo tem, a chamada
formação cívica ou outros nomes que as escolas lhe possam dar, no secundário não há e portanto
não havendo, quando é que nós fazemos isso? nas aulas das nossas disciplinas.” (Mariana)
“Muitas vezes nesse patamar, o que me torna mais difícil a concretização do trabalho não
tem tanto a ver com a responsabilidade dos alunos naquilo que têm que fazer ao que cumprir,
mas mais na relação que passa para outra esfera do Diretor de Turma, que tem a ver com a
relação entre o Diretor de Turma e os colegas e o Conselho de Turma em si, porque dentro desse
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Análise de conteúdo das entrevistas
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grupo, nem só é fácil conseguir que todos trabalhem em sintonia para atingirem o mesmo
objetivo e aí eu por norma como não gosto de ter uma atividade ditatorial, e acho que não é a
mim que me compete ter essa atitude ditatorial, posso informar superiormente que as coisas não
funcionam, e aí custa me mais, custa-me mais, custa-me na relação com os colegas, com os
pais…” (Mário)
“… a faceta que menos me agrada é a burocrática.” (Matias)
“Na minha prática de supervisão o ponto fraco é sempre o tempo que tenho à disposição
para o efeito, ou seja, tendo nós mais tempo, conseguimos verificar com muito mais cuidado.”
(Matias)
“… mas mais fracos se calhar em relação aos encarregados de educação, se calhar não
sou suficientemente persuasiva para chegar a eles.” (Matilde)
“… eu acho que os pontos fracos é, depende um bocado às vezes, eu o meu ponto fraco
que eu apresentei aqui neste caso tem a ver com a própria escola, com a logística, e naquilo que
eu estava a explicar, a informação vem muito tarde, chega-me às minhas mãos às vezes muito
tarde, para estes miúdos a gente tem que agir logo, no mesmo dia, o ideal, nem que seja um dia
ou dois, um ou dois dias a seguir, se a gente passa isso para eles já não, e mesmo deixa de ter o
efeito desejado.” (Miguel)
“…eu sinto é que às vezes não temos tempo para fazer tudo o que gostaríamos, sinto que
apesar de o Diretor de Turma tentar ser a ponte entre a casa e a escola haveria muitas outras
valências que fazem falta, que fariam falta, no percurso de um aluno ao longo do ano, sobretudo
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Análise de conteúdo das entrevistas
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nos alunos mais carenciados e mais problemáticos, e a escola precisava dessa mais-valia, que
não tem, por questões orçamentais nós não temos, em vez de haver só o psicólogo educacional,
todas as escolas deviam ter obrigatoriamente um psicólogo clinico ou o que quer que fosse nessa
área porque muitos dos problemas que os Diretores de Turma têm de resolver passam por aí.”
(Mónica)
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“… é, eu gosto sempre, mas isso faz parte da minha maneira de ser, levar as coisas todas,
não sou também perfecionista nem obcecada, mas tento ao máximo levar as coisas bastante
organizadas, por tópicos, por fases, tudo muito bem segmentado, porque respeito imenso o meu
tempo e o tempo dos meus colegas…” (Madalena)
“Primeiro que tudo eu penso que há um trabalho e tem de haver um trabalho prévio de
planificação dessa reunião e sabermos exatamente que pontos é que queremos e que são
importantes para a nossa reunião.” (Mafalda)
“… mas sabermos fundamentalmente, delinear as diretrizes de um plano de trabalho de
turma, de um plano especifico para aquela turma ou para aquele grupo, e que os colegas
entendam e percebam que não se pode trabalhar da mesma maneira com todos os grupos e esse
plano de trabalho é mesmo individual, não é por acaso que ele se chama Plano de Trabalho da
Turma, …” (Mafalda)
“… sempre que há uma reunião de Conselho de Turma agendada quer pela direção da
escola, quer pelo Diretor de Curso, quer por mim que às vezes sou eu que também convoco
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270
essas reuniões, em função da ordem de trabalho preparo a reunião, de uma forma muito
detalhada e pormenorizada e tento sempre ser o mais objetivo possível na reunião.” (Manuel)
“…as reuniões de Conselho de Turma exigem muito trabalho de preparação anterior, eu
particularmente no ano passado e este ano, aqui nesta escola, sou Diretora de Turma de um
curso profissional e, portanto, sempre que há conselhos de turma há uma preparação prévia …”
(Mariana)
“… antes da reunião, há que preparar uma série de documentos, há que verificar se as
notas dos colegas foram todas lançadas, há que verificar se os sumários foram todos escritos,
por exemplo, há que verificar e, porque de um curso profissional estamos a falar, se há excesso
de faltas se não há e havendo se foram compensadas ou não, que contactos foram estabelecidos
com os encarregados educação ao longo de um período, por exemplo, portanto há uma reunião
e organização de informações.” (Mariana)
“Organizo com a antecedência que me é possível toda a informação com a estreita
colaboração da coordenação que, em sede de conselho de diretores de turma, nos cede todos os
conteúdos a serem abordados.” (Matias)
“Organizo, tento organizar, nem sempre se consegue, mas tento organizar sempre tudo
previamente, e tento levar tudo já previamente organizado de acordo com a ordem de trabalhos
desse conselho de turma e tento gerir as coisas para que se cumpra primeiro o plano, a ordem
de trabalhos…” (Matilde)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“A gestão anterior para mim é muito importante se eu não levar tudo organizado
previamente, eu sinto-me, acho que sinto-me perdida e tenho mesmo levar tudo organizado, a
organização anterior é fundamental para mim.” (Matilde)
“Para já a primeira coisa é preparar o trabalho de casa muito. Em geral levo tudo já feito
até a ata, a minha secretária só tem que fazer os acrescentos do que se fala na reunião.” (Miguel)
“Em primeiro lugar, levo tudo feito, tudo o que possa estar nas minhas mãos está feito,
inclusivamente aquilo que não deveria estar nas minhas mãos eu levo feito (risos) para evitar
constrangimentos, porque nós às vezes se não soubermos gerir bem o tempo deixamos que as
lutas de egos se evidenciem numa reunião de conselho de turma,…” (Mónica)
“… então deve-se fazer logo a previsão, a antevisão desses temas e levar plano A, plano B,
plano C, porque as pessoas as vezes gostam de dizer as coisa por dizer, ou acusar gratuitamente,
então quando se entra por essa via o Diretor de Turma tem de ter a capacidade de dizer “muito
bem, não se concorda com isto, então temos isto quem é que não concorda?” ou então também
funciona muito como já se levo tudo feito, quem tem propensão para deitar a baixo por deitar a
baixo, seja o que for, não digo o trabalho do Diretor de Turma, o geral, o que quer que seja, já
pensa duas vezes antes de dizer porque senão vão-lhe dizer “olha então está aqui feito, refazes
tu?” ou “aceitamos novas propostas” e normalmente este tipo de colegas não gosta de fazer, só
gosta de fazer critica destrutiva,…” (Mónica)
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“Portanto, as minhas reuniões primam por ser objetivas, completas e curtas.” (Madalena)
“… eu acho que se nós tivermos à partida essas avaliações previamente, já conseguimos
é trabalhar mesmo os casos em que os alunos não conseguiram ter sucesso, perceber porque é
que não tiveram sucesso naquelas disciplinas, porque é que estão a ter mais sucesso noutras,
como é que os colegas, as metodologias que utilizam e partilhar essas metodologias para
chegarmos a uma linha de sucesso, porque é essa a finalidade de um conselho de turma, não
é?.” (Mafalda)
“… tento sempre ser o mais objetivo possível na reunião.” (Manuel)
“Depois na reunião propriamente dita, procuro presidi-la da melhor forma possível,
procuro levar logo as coisas devidamente organizadas e sistematizadas, mas claro que sempre
que há necessidade de ouvir um colega ou para esclarecer ou para enfim querer acrescentar
alguma coisa, todos têm voz, como é evidente, procuramos ser unanimes nas decisões a tomar
e, posteriormente, é basicamente é terminar os documentos oficiais, entregá-los à direção e dar-
lhes o feedback de como é que as coisas se passaram.” (Mariana)
“… portanto eu tenho que saber salvaguardar os limites dentro da própria reunião e, isso
faço, portanto, quer em termos dos colegas, quer em termos dos encarregados de educação
responsáveis quando estão nas reuniões e tento que as coisas funcionem dentro da normalidade
e que se cumpram os aspetos todos que há a cumprir dentro da própria gestão da reunião da
direção de turma.” (Mário)
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“O mais desafiador é presidir a reunião salvaguardando o cumprimento da ordem de
trabalhos em relação ao tempo à disposição.” (Matias)
“A prioridade é que todos os documentos e depoimentos sejam realizados de acordo com
a ordem de trabalhos.” (Matias)
“… depois para que se cumpra o que temos previamente estabelecido que acho que é
importante que os conselhos de turma não se alarguem muito e depois tento atuar de maneira a
que todos me oiçam e que a coisa funcione como é suposto, nem sempre consigo, não devo falar
audivelmente, pronto mas tento …” (Matilde)
“Sou muito autoritário, sou ditador, nos conselhos de turma, …” (Miguel)
“Claro que deixo as pessoas falarem, deixo isso tudo, mas é assim primeiro trata-se os
pontos importantes, porque senão as pessoas começam a falar, divagam, e quando a gente dá
por ela pois é que é uma hora e meia “Ah, desculpem lá, tenho outra que me ir embora”,
(Miguel)
“… eu acabo as reuniões sempre antes do tempo, em geral, …” (Miguel)
“Giro as reuniões e depois deixo as pessoas falar no final pergunto sempre se querem
discutir alguma coisa,…” (Miguel)
“…eu nesse caso sou rigoroso (risos) e tem que ser porque se não a gente passa uma
reunião, uma hora e meia e passado um... e é assim e depois cai tudo para cima do Diretor de
Turma, …” (Miguel)
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“… então deve-se fazer logo a previsão, a antevisão desses temas e levar plano A, plano
B, plano C, porque as pessoas as vezes gostam de dizer as coisa por dizer, ou acusar
gratuitamente, então quando se entra por essa via o Diretor de Turma tem de ter a capacidade
de dizer “muito bem, não se concorda com isto, então temos isto quem é que não concorda?”
ou então também funciona muito como já se levo tudo feito, quem tem propensão para deitar a
baixo por deitar a baixo, seja o que for, não digo o trabalho do Diretor de Turma, o geral, o que
quer que seja, já pensa duas vezes antes de dizer porque senão vão-lhe dizer “olha então está
aqui feito, refazes tu?” ou “aceitamos novas propostas” e normalmente este tipo de colegas não
gosta de fazer, só gosta de fazer critica destrutiva, …” (Mónica)
“… então eu levo tudo feito, só preciso mesmo de assinaturas, ou então há situações em
que preciso mesmo da opinião dos colegas tento antes da reunião juntar-me com eles noutras
circunstancias, conversas de corredor, sei mais ou menos a opinião de um e de outro que é para
quando chegar a altura conseguir conciliar as coisas que são mais complicadas, não é?.”
(Mónica)
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“Portanto, as minhas reuniões primam por ser objetivas, completas e curtas.” (Madalena)
“…eu acho que se nós tivermos à partida essas avaliações previamente, já conseguimos é
trabalhar mesmo os casos em que os alunos não conseguiram ter sucesso, perceber porque é que
não tiveram sucesso naquelas disciplinas, porque é que estão a ter mais sucesso noutras, como
é que os colegas, as metodologias que utilizam e partilhar essas metodologias para chegarmos
a uma linha de sucesso, porque é essa a finalidade de um conselho de turma, não é?.” (Mafalda)
“Depois na reunião propriamente dita, procuro presidi-la da melhor forma possível,
procuro levar logo as coisas devidamente organizadas e sistematizadas, mas claro que sempre
que há necessidade de ouvir um colega ou para esclarecer ou para enfim querer acrescentar
alguma coisa, todos têm voz, como é evidente, procuramos ser unanimes nas decisões a tomar
e, posteriormente, é basicamente é terminar os documentos oficiais, entregá-los à direção e dar-
lhes o feedback de como é que as coisas se passaram.” (Mariana)
“… em termos de reunião de Conselho de Turma, por norma faço cumprir o que está
estipulado em termos de trabalho definido para essa reunião e tento também acautelar quando
há duas reuniões anuais em que costumam estar presentes, portanto, os encarregados de
educação, …” (Mário)
“… portanto eu tenho que saber salvaguardar os limites dentro da própria reunião e, isso
faço, portanto, quer em termos dos colegas, quer em termos dos encarregados de educação
responsáveis quando estão nas reuniões e tento que as coisas funcionem dentro da normalidade
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e que se cumpram os aspetos todos que há a cumprir dentro da própria gestão da reunião da
direção de turma.” (Mário)
“O mais desafiador é presidir a reunião salvaguardando o cumprimento da ordem de
trabalhos em relação ao tempo à disposição.” (Matias)
“A prioridade é que todos os documentos e depoimentos sejam realizados de acordo com
a ordem de trabalhos.” (Matias)
“… depois para que se cumpra o que temos previamente estabelecido que acho que é
importante que os conselhos de turma não se alarguem muito e depois tento atuar de maneira a
que todos me oiçam e que a coisa funcione como é suposto, nem sempre consigo, não devo falar
audivelmente, pronto mas tento.” (Matilde)
“… acho que sinto-me perdida e tenho mesmo levar tudo organizado, a organização
anterior é fundamental para mim.” (Matilde)
“… então deve-se fazer logo a previsão, a antevisão desses temas e levar plano A, plano
B, plano C, porque as pessoas as vezes gostam de dizer as coisa por dizer, ou acusar
gratuitamente, então quando se entra por essa via o Diretor de Turma tem de ter a capacidade
de dizer “muito bem, não se concorda com isto, então temos isto quem é que não concorda?”
ou então também funciona muito como já se levo tudo feito, quem tem propensão para deitar a
baixo por deitar a baixo, seja o que for, não digo o trabalho do Diretor de Turma, o geral, o que
quer que seja, já pensa duas vezes antes de dizer porque senão vão-lhe dizer “olha então está
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aqui feito, refazes tu?” ou “aceitamos novas propostas” e normalmente este tipo de colegas não
gosta de fazer, só gosta de fazer critica destrutiva, …” (Mónica)
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“Por exemplo em relação a alunos com necessidades educativas especiais, há uma, às
vezes nem é bem resistência neste caso, há um desconhecimento por parte de muitos colegas de
determinadas práticas, estratégicas mesmo a nível de sala de aula, que podem melhorar imenso,
que podem ajudá-los imenso, ao próprio professor, ao próprio grupo turma a acolher esse aluno
ou até a trabalhar em conjunto.” (Madalena)
“Sem dúvida.” (Madalena)
“… para desenvolver projetos que possam envolver os alunos, a comunidade, a escola e
possam promover a escola e o ensino, enquanto nós não tivermos tempo de agir, enquanto nos
cortarem as nossas intervenções anualmente porque não vai continuar na escola, portanto são
processos inacabados, e como inacabados que são, não vão chegar a lado nenhum, é só isso.”
(Madalena)
“… mas depois eu acho que é muito reconfortante e é gratificante, quando verificamos
que aquilo que nós nos propusemos, sentirmos que o grupo está connosco, não é?, e que foi
executado, portanto e que foi posto em prática, eu acho que isso, o Diretor de Turma também
tem essa, sente depois essa glória, não é?,” (Mafalda)
“… dizer que aquilo foi feito porque a equipa permitiu, mas de facto isso também passa
a ser gratificante porque os próprios alunos nos identificam com a pessoa que levou que
conduziu o veiculo, não é?” (Mafalda)
“… eu acho que se nós tivermos à partida essas avaliações previamente, já conseguimos
é trabalhar mesmo os casos em que os alunos não conseguiram ter sucesso, perceber porque é
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que não tiveram sucesso naquelas disciplinas, porque é que estão a ter mais sucesso noutras,
como é que os colegas, as metodologias que utilizam e partilhar essas metodologias para
chegarmos a uma linha de sucesso, porque é essa a finalidade de um conselho de turma, não
é?.” (Mafalda)
“Para mim é a melhor forma de trabalhar, eu sou muito pouco individualista, eu pelo
menos considero que sou pouco individualista, eu gosto de pensar sobre as coisas e levar um
mote qualquer, mas eu nunca vejo aquilo como meu, ou como o ficar na minha turma ou ficar
comigo, portanto, para mim, só faz sentido uma escola quando nós temos um trabalho
colaborativo, não é fácil, não é fácil , porque nem todos nós para já somos colaborativos, muitos
de nós somos de facto mais individualistas, no fundo no fundo gostamos sempre de brilhar um
bocadinho, que se saiba que no fundo no fundo aquilo até foi feito por mim, ou que, e portanto
eu penso que é às vezes muito difícil, mas para mim é o único caminho, é o colaborar.”
(Mafalda)
“… nós diretores de turma também partilhamos às vezes, olha são capazes muitas vezes
colegas de vir, olha, enquanto Diretor de Turma o que é tu farias neste aspeto? Portanto há aqui
um trabalho de conjunto e de partilha muito grande ali na escola que eu não sinto que se chegue
ali e bloqueie aquele trabalho, não sinto isso, não sinto isso.” (Mafalda)
“…tem que haver uma parcimónia entre o Diretor de Turma e o Diretor de Curso para
que as coisas possam funcionar em pleno, mas o Diretor de Turma é o que tem a
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responsabilidade de conseguir juntar as peças todas do puzzle de forma a que as coisas consigam
funcionar.” (Manuel)
“É sempre fundamental incentivar os professores a trabalhar da melhor forma, se possível,
desenvolverem novas atividades, novos projetos, para além dos que está nos livros, do que está
nos programas. Mas de preferência sempre, sempre, sempre, em articulação com os que está
nos programas, porque nós não podemos desenvolver atividades, nem projetos que possam ir
contra os programas da própria disciplina.” (Manuel)
“Eu acredito que um bom Diretor de Turma deve sem dúvida exercer esse papel, acho que
faz parte até da sua função.” (Mariana)
“…há um cruzamento de informações com a pessoa que é a diretora do curso, também,
que é um papel também fundamental e que a nível da direção turma acaba por ser um braço
direito e porque não deixa de ser também uma entidade supervisiva a nível aí do curso.”
(Mariana)
“Sem dúvida, até porque no que toca, sei lá, a visitas de estudo, projetos, o Conselho de
Turma deverá estar unido e integrado nesses esmos projetos.” (Mariana)
“Eu penso que se toda a gente contribuir de alguma maneira para um produto final é
melhor para todos, não é?, no fundo sentimos que estamos todos unidos, que estamos todos a
trabalhar.” (Mariana)
“Claro que sabemos que nem sempre tudo é perfeito, nem sempre toda a gente gosta, nem
sempre toda a gente contribui e trabalha de igual forma, mas eu estou convencida de que o
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produto final, normalmente é positivo, o balanço é positivo, se calhar à conta daqueles que,
enfim, independentemente do que possam pensar vão fazendo tudo e vão contribuindo com tudo
o que estiver ao seu alcance.” (Mariana)
“…que está portanto num patamar também intermédio em termos da própria gestão
escolar, em que nas reuniões semanalmente (é neste dia, precisamente a esta hora que nós temos
essa reunião semanalmente – [quinta-feira]) e portanto aí nós discutimos estratégias, formas de
atuação no sentido de atingir os objetivos ou então colmatar alguma situações que haja
necessidade de colmatar, ou de resolver alguns problemas de caráter também às vezes pessoal
ou pedagógico dentro da própria estrutura ou grupo turma.” (Mário)
“Ah, sim. Isso sim sem dúvida. Aliás nós temos até feito uns trabalhos, alguns projetos
nesse sentido na escola, que tem a ver também chama-se um projeto interdisciplinar que ocorre
em todos os períodos, este ano é uma experiência nova.” (Mário)
“E já noutras escolas sempre que há trabalhos interdisciplinares em termos de
funcionamento da escola, o Diretor de Turma tem que estar envolvido nesses projetos para que
possam funcionar, e não só para poder acompanhar os colegas como também para poder na
própria gestão do trabalho dos próprios alunos dar a sua colaboração e o seu contributo para que
as coisas funcionem e nesse sentido penso que o Conselho de Turma deve de certamente primar
por esse tipo de projetos e trabalhos que sejam interdisciplinares e que haja uma colaboração,
não de todos os colegas, mas potencialmente de grande parte dos colegas.” (Mário)
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“… eu penso que o trabalho colaborativo e até as novas medidas superiores que vêm do
ME vão nesse sentido, porquê? Porque para além de dar um contributo maior na própria
formação dos alunos, não só da sua formação em termos do saber, mas também do saber fazer
e do saber estar. E o saber estar é uma área que muitas das vezes os alunos em termos relacionais
se perdem mais, …” (Mário)
“… compete ao Diretor de Turma, enquanto gestor do próprio grupo-turma e também de
um grupo de professores que estão afetos a essa turma, implementar e tentar desenvolver cada
vez mais esse tipo de projetos em prol da capacidade de trabalho que os próprios alunos poderão
vir a desenvolver de futuro porque vai contribuir nesse sentido.” (Mário)
“Acontecem pontualmente situações adversas e de bloqueio a determinados projetos que
se pretendem implementar e aí verificamos que as pessoas … e eu costumo responder “se não
querem fazer, não façam, ninguém obriga ninguém, não é?, só participa quem quer”, mas o
facto de haver uma voz dissonante, ou duas vozes dissonantes, acaba por ser prejudicial ao
desenvolvimento de determinados projetos e determinadas ideias que se podem desenvolver e
há sempre alguém que está do contra, …”(Mário)
“A promoção de trabalho colaborativo entre a alunos e, inclusivamente, entre professores
também é fascinante por implicar a capacidade imaginativa de reinventarmos estratégias para
fazermos convergir propósitos diferenciados no alcance de objetivos comuns.” (Matias)
“… o Conselho de Turma acaba por ser uma oportunidade para debatermos formas de
cooperação e entreajuda em potenciais projetos de interdisciplinaridade, adequação de
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Análise de conteúdo das entrevistas
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estratégias comuns ou planificação de atividades conjuntas. Só através de um diálogo dinâmico
entre os docentes é que se pode promover uma pluralidade de respostas e a consonância de
procedimentos em regime colaborativo. “(Matias)
“Na verdade, devem promover-se pontes interdisciplinares de saberes específicos no
sentido de dar consistência à transversalidade desses mesmos saberes. Muitas vezes o
importante é percebermos que existem planificações muito diferentes que se complementam e
que se imiscuem até espontaneamente, basta abrirmos a perspetiva pela ótica da cooperação e
vislumbrarmos o potencial da colaboração.” (Matias)
“Ao longo desse ano trabalhei colaborativamente com a minha com a minha orientadora
de estágio e com a minha colega de estágio, …” (Matilde)
“Sim, fundamental e eu acho que todos devemos encará-lo assim.” (Matilde)
“Acho que o trabalho colaborativo é importante em todos os momentos, não só como
diretora de turma, como professora, como ser humano.” (Matilde)
“Acho que sim, é fundamental. Nós no caso do PCA, como nos reunimos de quinze em
quinze dias, tens essa... mesmo por causa dos projetos.” (Miguel)
“… quer dizer... os professores... neste caso [PCA] eles envolvem-se porque faz parte, vá
lá do currículo da turma, na maneira de trabalhar da turma, mas no geral, nas turmas gerais,
cada um está no seu cantinho, no seu ovinho...” (Miguel)
“… não tenho problemas de partilhar informação, eu trabalho muito com colegas a meias
ainda o ano passado, porque eu tenho na minha direção de turma miúdos, tenho sempre miúdos
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284
com Necessidades Educativas Especiais, e então havia uma professora que dava aulas e
individualizadas, a gente muitas vezes jogava, às vezes até juntava os dois grupos para trabalhar
por causa de trabalhar dinâmicas de grupo, aí havia trabalho de parceria nessa parte da
Matemática…” (Miguel)
“Sim, fundamental, é fundamental, até porque se nota quando há colegas que não se dão
bem há mais anos porque já lá estão na escola e houve conflitos que não foram superados, …”
(Mónica)
“Todas, porque quando há esta falta de comunicação ou esta ausência de, enfim de, eu
não de digo de solidariedade, mas saber ceder a um horário de um determinado trabalho, porque
há colegas que não querem porque a matéria esta encadeada numa determinada ordem, por que
não eu alterar a minha ordem na matéria para depois coincidir com o colega de ciências ou o
colega de físico-química?” (Mónica)
“claro que também é importante que o Conselho de Turma se dê bem, porque quando as
pessoas não se dão bem é muito difícil obrigar as pessoas a trabalhar assim, e quando as pessoas
não se dão bem, também se nota que o trabalho não foi feito com gosto, não é?.” (Mónica)
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“Sem um PE andamos à deriva, ou seja, sem rumo, cada um vai andar conforme aquilo
que mais acredita, …” (Madalena)
“Quem somos nós, e no fundo somos, se somos trabalhadores e somos profissionais desse
estabelecimento de ensino e somos professores desse público temos que efetivamente traçar
tudo o que pudermos para convergir com essa meta, com esse projeto. Sem esse projeto o que
é que pode acontecer? Andarmos à deriva, perdermo-nos pelo caminho e pior do que nós é o
público que não vai chegar a um bom porto, é assim que eu vejo a coisa.” (Madalena)
“No fundo são documentos, são linhas orientadoras, para esse trabalho depois mais
individual, para nós também seguirmos uma linha, não temos que fazer tudo igual, mas há uma
linha de base que é comum a todos nós não é?,” (Mafalda)
“Estes três instrumentos são fundamentais para que as coisas funcionem, por outro lado o
Diretor de Turma tem que respeitar estes três instrumentos, tem que os ler, tem que os conhecer
e tem que ter um respeito pelo seu cumprimento, por um lado, …” (Manuel)
“… por outro lado, há estratégias que o Diretor de Turma pode, de forma autónoma, mas
nunca contrariando estes três instrumentos, de forma a tentar fazer com que os seus
procedimentos e métodos de trabalho, possam no fundo nunca contrariar estes três instrumentos,
…” (Manuel)
“… esses são os documentos orientadores dessa escola, não é?, portanto,
independentemente de concordarmos com tudo ou não que lá vem escrito e que de alguma forma
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dirige a nossa atuação no dia a dia, a verdade é que, quer dizer, se estamos na escola A, temos
obrigatoriamente que nos orientar pelos documentos da escola A,” (Mariana)
“… porque nós não podemos tomar determinadas decisões às vezes até em coisas simples
se não tivermos em linha de conta os documentos orientadores da escola.” (Mariana)
“Bom, é óbvio que em termos desses três projetos maiores da escola, sendo que o Projeto
de Turma acaba por ser o menor, mas que acaba por dar resposta aos outros, portanto, vai buscar
objetivos que de certa forma, portanto, estão mais relacionados com aquilo que a turma pretende
fazer o que o Conselho de Turma define em termos de estratégia de linha orientadora, e penso
que nesse sentido, o Conselho de Turma deve dar resposta a todos esses três projetos, quer o
PE, quer o PAA com o PT que é elaborado em termos do projeto de turma que é desenvolvido.”
(Mário)
“Nesta escola particularmente como o PE e o PAA são trabalhados em regime
colaborativo por um grupo restrito de professores, e são posteriormente dados a conhecer de
forma muito esclarecida e esclarecedora a todos os intervenientes da comunidade educativa,
estes assumem-se como ferramentas essenciais, estruturantes e orientadoras. A relação que
existe entre o PE, o PAA e o PT é hierárquica com o objetivo de dar a perceber às educadoras
e aos professores quais são as orientações, desde a dominante à particular, de cada turma, de
cada disciplina e considerando a especificidade das necessidades individuais de cada aluno.”
(Matias)
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“É fundamental, para uma boa prática de direção de turma, o conhecimento dos referidos
documentos, a adequação na interligação das orientações entre PE e PAA e a forma como estes
devem/podem influenciar o PT.” (Matias)
“Se forem bem entendidos e bem articulados (seria) funcionariam de forma fantástica e
seriam perfeitos e seria a escola ideal, nem sempre isto funciona, em lado nenhum, não é só na
escola onde trabalho, é em todo lado, portanto se tudo se articulasse de acordo, se o projeto
educativo, o plano anual de atividades e o PT estiverem todos interligados a coisa faria sentido
e fazer sentido é muito importante, só que às vezes as coisas não fazem sentido e é por isso que
depois uma atividade desgarrada que não faz sentido, depois faz com que um plano turma ou
que um projeto educativo também deixem de fazer sentido.” (Matilde)
“Isso é muito bonito no papel.” (Miguel)
“… para já o PAA vai sendo construído, não existe logo iniciativa” (Miguel)
“… e falo há anos que devia se criar se uns projetos entre as disciplinas, criar se um nem
que seja um ou dois, ou uma ideia de um projeto por ano com as disciplinas e os conteúdos que
dê para interligá-los.” (Miguel)
“Todas as visitas de estudo e todas as atividades que são transversais em termos de
disciplina têm que passar por todas essas temáticas, não é?, não podemos fugir aquilo que está
planeado a nível de escola e que foi, enfim, aceite e foi concertado no Conselho Geral e, todas,
enfim, todas as instituições que trabalham com a escola têm também a sua opinião e isso tem
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Análise de conteúdo das entrevistas
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de ser tido em conta, até porque hoje em dia tudo o que se faça, por norma, é colocado no site
da escola,…” (Mónica)
“… tudo o que se faz tem de tocar nem que seja ao de leve nesse tipo de temática de planos
que estão previamente estabelecidos, normalmente é por biénio e triénio, portanto já há sempre
um trabalho de continuação, portanto é fácil não fugir.” (Mónica)
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“Por exemplo em relação a alunos com necessidades educativas especiais, há uma, às
vezes nem é bem resistência neste caso, há um desconhecimento por parte de muitos colegas de
determinadas práticas, estratégicas mesmo a nível de sala de aula, que podem melhorar imenso,
que podem ajudá-los imenso, ao próprio professor, ao próprio grupo turma a acolher esse aluno
ou até a trabalhar em conjunto.” (Madalena)
“… para desenvolver projetos que possam envolver os alunos, a comunidade, a escola e
possam promover a escola e o ensino, enquanto nós não tivermos tempo de agir, enquanto nos
cortarem as nossas intervenções anualmente porque não vai continuar na escola, portanto são
processos inacabados, e como inacabados que são, não vão chegar a lado nenhum, é só isso.”
(Madalena)
“Vantagens para os alunos, nós vamos trabalhar e eles vão trabalhar cada vez mais em
rede, …” (Mafalda)
“… defendo que é importantíssimo o trabalho, mesmo com eles, em sala, o que eu gosto
é de um trabalho a pares, um trabalho a grupo, um trabalho de turma, quando o trabalho é só
individual, de facto não aprendemos e ficamos só com aquilo que conseguimos, portanto não
vamos mais longe e outros permitem-nos ir mais longe, não é?, irmos mais longe.” (Mafalda)
“… acho que é um fator de enriquecimento para os alunos, para os próprios professores,
para a própria escola haver aqui uma conjugação entre programas e atividades que vão para
além da sala de aula, do normal funcionamento da sala de aula.” (Manuel)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
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“Eu penso que se toda a gente contribuir de alguma maneira para um produto final é
melhor para todos, não é?, no fundo sentimos que estamos todos unidos, que estamos todos a
trabalhar.” (Mariana)
“Claro que sabemos que nem sempre tudo é perfeito, nem sempre toda a gente gosta, nem
sempre toda a gente contribui e trabalha de igual forma, mas eu estou convencida de que o
produto final, normalmente é positivo, o balanço é positivo, se calhar à conta daqueles que,
enfim, independentemente do que possam pensar vão fazendo tudo e vão contribuindo com tudo
o que estiver ao seu alcance.” (Mariana)
“… porque a tendência atual é que os alunos se fechem, aliás também condicionadas pelas
próprias tecnologias de comunicação, porque se fecham online, e o facto de terem de deixar a
esfera da sala normal e passarem para um projeto que envolve terem que se relacionar uns com
os outros, porque é um trabalho de grupo que tem que fazer, e ao mesmo tempo não só com o
professor de disciplina “X”, mas tem que ser uma parte com esse professor, outra parte com
outro professor, outra parte com outro professor, isso cria uma dinâmica em termos do próprio
desenvolvimento de capacidade do próprio aluno, que me parece que é extremamente
importante.” (Mário)
“…compete ao Diretor de Turma, enquanto gestor do próprio grupo-turma e também de
um grupo de professores que estão afetos a essa turma, implementar e tentar desenvolver cada
vez mais esse tipo de projetos em prol da capacidade de trabalho que os próprios alunos poderão
vir a desenvolver de futuro porque vai contribuir nesse sentido.” (Mário)
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“A promoção de trabalho colaborativo entre a alunos e, inclusivamente, entre professores
também é fascinante por implicar a capacidade imaginativa de reinventarmos estratégias para
fazermos convergir propósitos diferenciados no alcance de objetivos comuns.” (Matias)
“Se na experiência da aprendizagem os conteúdos forem dados de forma colaborativa
podem enriquecer a capacidade do aluno interpretar os conteúdos e a estimular a criatividade
na sua aplicabilidade. A escola não pode só centrar-se num saber-saber estanque, deve ser
também uma escola do saber-fazer num contexto de transversalidade de saberes.” (Matias)
“É importantíssimo colaborar com os outros, partilhar experiências é importante para
todos crescermos, como diretora de turma mais ainda.” (Matilde)
“Aprende-se mais, aprende-se a partilhar, cada um partilha a sua experiência e partilhar
experiências é muito importante, alunos aprendem com professores, professores aprendem com
alunos, professores aprendem com professores e isto é muito importante, que todos aprendamos
uns com os outros e aprender a aprender com os outros é muito importante. Eu acho que na
sociedade de hoje em dia isto é fundamental: ouvir os outros, aprender com os outros.” (Matilde)
“Eu acho que é vantajoso em relação para transmissão de conhecimentos mais alargados
e para os próprios colegas porque existe uma cooperação, cria-se uma cooperação entre eles.”
(Miguel)
“Todas, porque quando há esta falta de comunicação ou esta ausência de, enfim de, eu
não de digo de solidariedade, mas saber ceder a um horário de um determinado trabalho, porque
há colegas que não querem porque a matéria esta encadeada numa determinada ordem, por que
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Análise de conteúdo das entrevistas
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não eu alterar a minha ordem na matéria para depois coincidir com o colega de ciências ou o
colega de físico-química?” (Mónica)
“… quem é beneficiado em primeiro lugar são sempre os alunos, quer seja uma turma com
dificuldades quer seja uma turma muito boa, porque em ambos os casos vamos ter efeitos
positivos desse tipo de concertação, digamos, de encadeamento de ideias, e de previsão,
planeamento, não custa nada.” (Mónica)
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“Por exemplo em relação a alunos com necessidades educativas especiais, há uma, às
vezes nem é bem resistência neste caso, há um desconhecimento por parte de muitos colegas de
determinadas práticas, estratégicas mesmo a nível de sala de aula, que podem melhorar imenso,
que podem ajudá-los imenso, ao próprio professor, ao próprio grupo turma a acolher esse aluno
ou até a trabalhar em conjunto.” (Madalena)
“… para desenvolver projetos que possam envolver os alunos, a comunidade, a escola e
possam promover a escola e o ensino, enquanto nós não tivermos tempo de agir, enquanto nos
cortarem as nossas intervenções anualmente porque não vai continuar na escola, portanto são
processos inacabados, e como inacabados que são, não vão chegar a lado nenhum, é só isso.”
(Madalena)
“… dizer que aquilo foi feito porque a equipa permitiu, mas de facto isso também passa
a ser gratificante porque os próprios alunos nos identificam com a pessoa que levou que
conduziu o veiculo, não é?” (Mafalda)
“… acho que é um fator de enriquecimento para os alunos, para os próprios professores,
para a própria escola haver aqui uma conjugação entre programas e atividades que vão para
além da sala de aula, do normal funcionamento da sala de aula.” (Manuel)
“Eu penso que se toda a gente contribuir de alguma maneira para um produto final é
melhor para todos, não é?, no fundo sentimos que estamos todos unidos, que estamos todos a
trabalhar.” (Mariana)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“Claro que sabemos que nem sempre tudo é perfeito, nem sempre toda a gente gosta, nem
sempre toda a gente contribui e trabalha de igual forma, mas eu estou convencida de que o
produto final, normalmente é positivo, o balanço é positivo, se calhar à conta daqueles que,
enfim, independentemente do que possam pensar vão fazendo tudo e vão contribuindo com tudo
o que estiver ao seu alcance.” (Mariana)
“…compete ao Diretor de Turma, enquanto gestor do próprio grupo-turma e também de
um grupo de professores que estão afetos a essa turma, implementar e tentar desenvolver cada
vez mais esse tipo de projetos em prol da capacidade de trabalho que os próprios alunos poderão
vir a desenvolver de futuro porque vai contribuir nesse sentido.” (Mário)
“A promoção de trabalho colaborativo entre a alunos e, inclusivamente, entre professores
também é fascinante por implicar a capacidade imaginativa de reinventarmos estratégias para
fazermos convergir propósitos diferenciados no alcance de objetivos comuns.” (Matias)
“Essa questão do trabalho colaborativo, ocorre maioritariamente no sentido dos
professores incentivarem os alunos a colaborarem uns com os outros, entre docentes acho que
há muito caminho a percorrer, considero que há mesmo muito trabalho a desenvolver.” (Matias)
“É importantíssimo colaborar com os outros, partilhar experiências é importante para
todos crescermos, como diretora de turma mais ainda.” (Matilde)
“Aprende-se mais, aprende-se a partilhar, cada um partilha a sua experiência e partilhar
experiências é muito importante, alunos aprendem com professores, professores aprendem com
alunos, professores aprendem com professores e isto é muito importante, que todos aprendamos
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
295
uns com os outros e aprender a aprender com os outros é muito importante. Eu acho que na
sociedade de hoje em dia isto é fundamental: ouvir os outros, aprender com os outros.” (Matilde)
“Eu acho que é vantajoso em relação para transmissão de conhecimentos mais alargados
e para os próprios colegas porque existe uma cooperação, cria-se uma cooperação entre eles.”
(Miguel)
“Todas, porque quando há esta falta de comunicação ou esta ausência de, enfim de, eu
não de digo de solidariedade, mas saber ceder a um horário de um determinado trabalho, porque
há colegas que não querem porque a matéria esta encadeada numa determinada ordem, por que
não eu alterar a minha ordem na matéria para depois coincidir com o colega de ciências ou o
colega de físico-química?” (Mónica)
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“… para desenvolver projetos que possam envolver os alunos, a comunidade, a escola e
possam promover a escola e o ensino, enquanto nós não tivermos tempo de agir, enquanto nos
cortarem as nossas intervenções anualmente porque não vai continuar na escola, portanto são
processos inacabados, e como inacabados que são, não vão chegar a lado nenhum, é só isso.”
(Madalena)
“… dizer que aquilo foi feito porque a equipa permitiu, mas de facto isso também passa
a ser gratificante porque os próprios alunos nos identificam com a pessoa que levou que
conduziu o veiculo, não é?” (Mafalda)
“…acho que é um fator de enriquecimento para os alunos, para os próprios professores,
para a própria escola haver aqui uma conjugação entre programas e atividades que vão para
além da sala de aula, do normal funcionamento da sala de aula.” (Manuel)
“Eu penso que se toda a gente contribuir de alguma maneira para um produto final é
melhor para todos, não é?, no fundo sentimos que estamos todos unidos, que estamos todos a
trabalhar.” (Mariana)
“Claro que sabemos que nem sempre tudo é perfeito, nem sempre toda a gente gosta, nem
sempre toda a gente contribui e trabalha de igual forma, mas eu estou convencida de que o
produto final, normalmente é positivo, o balanço é positivo, se calhar à conta daqueles que,
enfim, independentemente do que possam pensar vão fazendo tudo e vão contribuindo com tudo
o que estiver ao seu alcance.” (Mariana)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“É importantíssimo colaborar com os outros, partilhar experiências é importante para
todos crescermos, como diretora de turma mais ainda.” (Matilde)
“Aprende-se mais, aprende-se a partilhar, cada um partilha a sua experiência e partilhar
experiências é muito importante, alunos aprendem com professores, professores aprendem com
alunos, professores aprendem com professores e isto é muito importante, que todos aprendamos
uns com os outros e aprender a aprender com os outros é muito importante. Eu acho que na
sociedade de hoje em dia isto é fundamental: ouvir os outros, aprender com os outros.” (Matilde)
“Eu acho que é vantajoso em relação para transmissão de conhecimentos mais alargados
e para os próprios colegas porque existe uma cooperação, cria-se uma cooperação entre eles.”
(Miguel)
“Todas, porque quando há esta falta de comunicação ou esta ausência de, enfim de, eu
não de digo de solidariedade, mas saber ceder a um horário de um determinado trabalho, porque
há colegas que não querem porque a matéria esta encadeada numa determinada ordem, por que
não eu alterar a minha ordem na matéria para depois coincidir com o colega de ciências ou o
colega de físico-química?” (Mónica)
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“…muita resistência de alguns colegas, especialmente às vezes colegas com mais idade
ou colegas com um perfil uma personalidade menos aberta à atividade à flexibilidade e que, às
vezes, veem em nós uma ameaça, …” (Madalena)
“Acho, acho, por exemplo a não continuidade pedagógica de um Diretor de Turma numa
escola pública, mas isso interrompe, interrompe e é por vezes muito ingrato, angustiante,
dececionante, frustrante.” (Madalena)
“…mas acho que um Diretor de Turma deveria ter uma redução horária maior da carga
letiva para poder ter horas a nível letivo para poder exercer melhor o seu cargo.” (Madalena)
“Às vezes sim, eu acho que nós todos nos confrontamos com alguns momentos, não é?,”
(Mafalda)
“…porque de facto é dada pela nossa diretora muita autonomia aos diretores de turma,
…” (Mafalda)
“Para mim o fator que limita mais é a burocracia. É a burocracia. Para mim é o único que
à partida que eu estou a ver que me condiciona o meu trabalho, só isso.” (Manuel)
“… nós somos diretores de turma, sim, mas não temos tempo oficialmente para sermos
diretores de turma com os nossos alunos, é assim eu sou professora de Português deles eu roubo,
literalmente a palavra é essa, imenso tempo às minhas aulas de Português para tratar de assuntos
de direção de turma,” (Mariana)
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
299
“Sem dúvida, até já falei deles, por exemplo, o facto de não haver horas, de não haver um
tempo oficial, digamos assim, para que possamos de facto trabalhar na direção de turma com a
nossa direção de turma.” (Mariana)
“Foi o que eu já referi há pouco, ou bem que roubo tempo às minhas aulas ou então finjo
que a minha direção de turma é tudo menos a minha direção de turma!” (Mariana)
“…é que os pais assumem certas responsabilidades, que depois acabam por não
concretizar nos próprios alunos e muitas das vezes eles quase que se desculpabilizam “que não
conseguem” e atribuem essa função ao Diretor de Turma, isto é, o Diretor de Turma para além
de tratar de todos os processos e dos problemas inerentes à própria escola ainda têm que
trabalhar e tratar outros aspetos que estão numa esfera mais familiar, …” (Mário)
“Sim, aliás muitas das vezes a função do Diretor de Turma pode condicionar-se quer pelos
próprios pais, não é?, quer os próprios alunos podem ser um bloqueio à função do Diretor de
Turma até muitas das vezes quer o próprio Conselho de Turma não na sua globalidade mas
pontualmente pode acontecer isso.” (Mário)
“Acontecem pontualmente situações adversas e de bloqueio a determinados projetos que
se pretendem implementar e aí verificamos que as pessoas … e eu costumo responder “se não
querem fazer, não façam, ninguém obriga ninguém, não é?, só participa quem quer”, mas o
facto de haver uma voz dissonante, ou duas vozes dissonantes, acaba por ser prejudicial ao
desenvolvimento de determinados projetos e determinadas ideias que se podem desenvolver e
há sempre alguém que está do contra, …” (Mário)
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Análise de conteúdo das entrevistas
300
“Mas, de facto, há condicionantes, e os pais muitas das vezes também são condicionantes,
porque, de facto, o que acontece muitas das vezes é que os pais cada vez mais se
desresponsabilizam da sua função educativa e esse é um grande problema para o funcionamento
de uma direção de turma, porque só há imperativos legais que têm de ser cumpridos, que os
alunos muitas das vezes não cumprem, que o Diretor de Turma e a própria escola chamam à
atenção e os pais vêm sempre em defesa dos filhos, isto é, com desconhecimento total da lei e
até nem querendo saber da lei e isso cria graves problemas dentro da própria estrutura da turma,
do funcionamento normal da turma e pronto isso é um problema que é muito grave, e cada vez
mais essas situações acabam por se acentuar e os alunos então desvalorizam completamente
certas situações, …” (Mário)
“Há diretores de turma que são tecnicamente excelentes, quando falo no tecnicamente, é
no fazer cumprir de todos, de toda a legislação se quisermos, está tudo em ordem sempre, só
que os alunos não são máquinas, nem são números, e esse é o grande problema que perpassa
pelos tempos que correm, é que o Diretor de Turma para além de fazer valer a lei, tem que
muitas das vezes saber contornar a lei, isto é, quando digo isto não quero dizer que não cumpra
com a lei, mas tem que ser mais compreensivo e tem que tentar perceber muitas das vezes os
problemas que se passam nas gerações com as quais trabalhamos, porque há “n” de problemas
relacionais, e familiares e pessoais dos próprios alunos que levam a que haja incumprimentos.”
(Mário)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“Existem fatores que limitam e que condicionam o raio de ação da direção de turma. O
tempo à disposição para um diálogo humanista e sobretudo humanizador. Fascina-me poder
conversar individualmente com cada um dos meus alunos e com a turma no seu conjunto.”
(Matias)
“Voltamos de facto a justificar as limitações com o tempo mas por mais organizados que
sejamos o fator tempo limita muito o meu trabalho.” (Matias)
“Ministério da Educação em primeiro lugar, o Ministério das Finanças e o ministério da
economia, quer dizer a economia em geral, tudo isso condiciona e, portanto, vai condicionar a
economia dos pais, vai condicionar a economia das famílias, tudo isso vai condicionar. Não é
só o ministério da educação, do ministério da educação emanam-se todas as leis, tudo o que nós
aqui aplicamos e daí veem todos os condicionalismos, portanto.” (Matilde)
“A gente não sabe o que é que se passa... as coisas agora não vêm muito atempadamente,
por isso às vezes a gente é um bocado complicada, a parte principal dos comportamentos e
aproveitamentos e pronto a assiduidade é um bocado complicada muitas vezes, por causa disso.”
(Miguel)
“E neste momento, eu acho que os pais também se estão a desleixar da função, eu tenho
casos de pais que nunca vieram a uma reunião ainda este ano.” (Miguel)
“Acho que sim. Há fatores que... começo logo, um deles é o conselho de turma (risos), é
logo o primeiro, ... outro muitas vezes posso dizer que é a própria, da direção, não tem a ver
com a direção, mas com a logística …” (Miguel)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“…para fazer certa atividadezinha é preciso uma carrada de papéis…” (Miguel)
“… a gente tem uma canseira, uma trabalheira e depois disso ainda tem que ir repor as
aulas que faltou entre aspas,…” (Miguel)
“É assim, condicionar e limitar, condicionam sempre e limitam sempre, porque nós temos
um limite para tudo,…” (Mónica)
“… e depois há outros limites em termos emocionais, há colegas que não conseguem
separar as coisas, vivem de tal maneira os problemas dos meninos, que é importante, claro!,
mas nós se não tivermos um distanciamento mínimo, também nós nos deixamos ir a baixo, e se
nós também estivermos mal e desequilibrados isso vai refletir-se no nosso trabalho e não
ajudamos ninguém, e portanto tem de haver ali um ponto de equilíbrio, o saber lidar com todas
estas contrariedades ou problemas que nos surjam …” (Mónica)
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“… acho que deve ser algo integrado na formação de professores, não se pode apenas, eu
acho que sim as formações são ótimas, mas só vai quem quer, e neste caso estamos a dar ali
uma margem muito grande para muita gente não ir. Quando se faz uma ... ou quando se torna
uma parte curricular, do currículo, acho que é uma mais-valia, eu não gosto de usar esta palavra
mais-valia mas, mas acho que é uma riqueza, a nível pedagógico, enriquecedora, digo, que vai-
nos ajudar no futuro, que nós até pensamos assim “ah isto não vai me dizer nada, se calhar nem
vou ter direções de turma”, mas até para entender o colega que é o Diretor de Turma, e eu acho
que isto, mais do que uma formação tem que ser parte de um curso.” (Madalena)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“… sobretudo numa parte que eu acho que é extremamente importante que é a de gestão
de conflitos, a de gestão de tempo, enfim um conjunto aqui de diretrizes que nos consigam
ajudar a ser melhores pessoas, não é?, e sendo melhor pessoa, é-se necessariamente uma melhor
Diretora de Turma e uma melhor professora.” (Mafalda)
“Eu diria que não há necessidade de uma formação específica.” (Manuel)
“O que há necessidade é ter perfil para o cargo e conhecer as orientações escolares e as
suas funções e competências.” (Manuel)
“… mas acho que não há necessidade de uma necessidade específica, já que quem tem,
quem é profissional do ensino e tem uma formação pedagógica, não é?, …” (Manuel)
“Esta é uma pergunta interessante e simultaneamente difícil, porque de certeza que haverá
várias áreas ou domínios com necessidade de formação, mas agora assim … mas, sei lá … é
que as turmas são cada vez mais heterogéneas, não é? há cada vez mais problemáticas
diferenciadas em sala de aula, e a verdade é que nós temos que tentar fazer o nosso melhor com
todos.” (Mariana)
“… e eu estou convencida de que, como cada vez há mais alunos nessas circunstâncias,
essa formação deveria ser obrigatória e gratuita, inclusivamente, …” (Mariana)
“Sim, sem dúvida, aliás como eu iniciei, o Diretor de Turma, eu acho que não pode ser
qualquer pessoa um Diretor de Turma.” (Mário)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“Diretor de Turma de facto necessita de formação, isto é, ou a pessoa adquire de forma
natural com a experiência, que tem ao longo do tempo, e aí tem que fazer atualizações de
legislação, de outros projetos que eventualmente surjam, de outras situações, …” (Mário)
“Sim, o Diretor de Turma tem de ser um promotor de consensos, de complementaridade
de vontades e esse lado, é um lado que muitas vezes se pode aprender em formações de gestão
de conflitos, soluções criativas e flexibilização de perspetivas.” (Matias)
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“Mas confesso que há um desejo em mim que era realmente, acrescentar-se, sem dúvida
nenhuma, uma disciplina nas didáticas que nos preparasse um bocadinho mais para digamos
eventualmente cargos de direção de turma, de coordenação de departamento, de partes formais
que nunca são tidas em conta, parece que somos professores e que a escola funciona por si e
que há ali uma série de coisas que funcionam automaticamente ou que então outrora foram
protagonizadas por funcionários que não eram professores, pronto, eu acho que aí poderíamos
acrescentar riqueza à nossa formação, mas pronto, esse é o meu ponto de vista pessoal.”
(Madalena)
“Não devemos cristalizar e o que nós encontramos muitas vezes é pessoas cristalizadas
no seu pequeno microcosmos, não abrem mais horizontes e tratam todos por igual, ou seja, a
escola até ser integracionista funcionou de uma maneira, quando se tornou mais inclusiva as
pessoas continuam a tratar as pessoas da mesma maneira, ou seja, isto é um problema, porque
são efetivamente práticas completamente diferentes. E quando se torna uma escola inclusiva e
não se dá formação adequada às pessoas, estamos a tapar o sol com a peneira e estamos a chutar
para a frente.” (Madalena)
“…sobretudo numa parte que eu acho que é extremamente importante que é a de gestão
de conflitos, a de gestão de tempo, enfim um conjunto aqui de diretrizes que nos consigam
ajudar a ser melhores pessoas, não é?, e sendo melhor pessoa, é-se necessariamente uma melhor
Diretora de Turma e uma melhor professora.” (Mafalda)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“…é capaz de ser é também importante é ter alguma formação jurídica. Pessoas que não
tenham na sua, no seu plano de estudo, da sua formação a nível superior, a parte jurídica, devem
ter essa parte minimizada, não é?, e ter formação talvez nessa parte jurídica, como na parte
pedagógica não estou a ver.” (Manuel)
“Mas, por exemplo, a própria gestão emocional, eu penso que é uma necessidade, porque
eles são todos diferentes uns dos outros, com necessidades diferentes uns dos outros, por falar
em necessidades, cada vez há mais alunos com necessidades educativas especiais, se for preciso
numa turma há vários alunos com problemáticas diferenciadas …” (Mariana)
“…temos que encaminhá-los para a CPCJ e nós aí é uma fragilidade, porque muitas das
vezes não há uma transformação específica para isso, e eu penso que uma das grandes
fragilidades que ocorre com o Diretor de Turma é que devia haver uma formação específica
nesse sentido para os diretores de turma, eu sinto essa necessidade, neste momento, pronto, nós
sabemos o que é que temos de fazer e quando temos que fazer, só que muitas das vezes, o
processo vai e nós também devíamos ser conhecedores do que acontece, por exemplo, do que
está a acontecer, dos caminhos que podem ter os alunos, muitas das vezes se nós tivéssemos um
conhecimento mais profundo das consequências que daí advêm, provavelmente o Diretor de
Turma podia ser uma voz positiva no sentido de muitas das vezes não chegar ou não deixar
chegar os processos a esse patamar…” (Mário)
“E era na questão das próprias relações humanas, acho que são aspetos que são muito
importantes, porque vivemos numa geração que cada vez mais não deve ser, portanto,
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
307
mecanizada, nem numerada, as pessoas não são números, os alunos catalogá-los por números é
muito mau, e nós não devemos catalogá-los como números, mas devemos tê-los como pessoas,
não é mais um, não, e a pessoa tem a sua dignidade e esse aspeto muitas das vezes, falta aos
Diretor de Turma e alguns colegas, alguns professores vêm à escola como se viessem debitar
para alguém que lá está, se ele sabe, sabe, se soube, soube, se aprendeu, aprendeu e veem-nos
como números.” (Mário)
“Sim, o Diretor de Turma tem de ser um promotor de consensos, de complementaridade
de vontades e esse lado, é um lado que muitas vezes se pode aprender em formações de gestão
de conflitos, soluções criativas e flexibilização de perspetivas.” (Matias)
“Num meio profissional institucionalizado como é que se pode ser criativo perante
problemas quase irresolúveis. Creio ser estruturante apostar-se em formações de cariz
informático em Excel, Word, Powerpoint conhecer outras ferramentas de software, outras
ferramentas e dispositivos tecnológicos que nos possam ajudar a organizar informação, editar e
inclusivamente apresentar conteúdos. Aprender a gerir o saber informático e tecnológico e saber
aplica-lo em sala de aula, de forma cativante, tanto quanto esta geração assim o exige.” (Matias)
“A nível de formação apostaria ainda em formação em ensino especial e estratégias
diferenciadas em sala de aula perante grupos heterogéneos de forma a fazer com que a escola
consiga, dentro do possível dar uma resposta adequada às capacidades/necessidades de cada
aluno.” (Matias)
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Análise de conteúdo das entrevistas
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“… a nível de formação ainda há uma pequena questão, que é tudo o que é ensino especial
nunca mais acaba, no sentido de que somos todos diferentes e o ensino está formatado no sentido
de … a forma como é transmitido o conhecimento é muito pouco surpreendente…” (Matias)
“Na área da gestão da direção de turma, na gestão do grupo turma, eu acho que é
importante, nessas áreas específicas, especialmente estas duas são importantes …
principalmente nessas duas.” (Matilde)
“Eu acho que deviam ter uma formação, principalmente a parte de liderança de gestão
organizativa…” (Miguel)
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“… sobretudo numa parte que eu acho que é extremamente importante que é a de gestão
de conflitos, a de gestão de tempo, enfim um conjunto aqui de diretrizes que nos consigam
ajudar a ser melhores pessoas, não é?, e sendo melhor pessoa, é-se necessariamente uma melhor
Diretora de Turma e uma melhor professora.” (Mafalda)
“Num meio profissional institucionalizado como é que se pode ser criativo perante
problemas quase irresolúveis. Creio ser estruturante apostar-se em formações de cariz
informático em Excel, Word, Powerpoint conhecer outras ferramentas de software, outras
ferramentas e dispositivos tecnológicos que nos possam ajudar a organizar informação, editar e
inclusivamente apresentar conteúdos. Aprender a gerir o saber informático e tecnológico e saber
aplica-lo em sala de aula, de forma cativante, tanto quanto esta geração assim o exige.” (Matias)
“Na área da gestão da direção de turma, na gestão do grupo turma, eu acho que é
importante, nessas áreas específicas, especialmente estas duas são importantes …
principalmente nessas duas.” (Matilde)
“… sinto que, por causa dessa falta de formação, sinto que é necessário saber mais alguma
coisa acerca disso.” (Matilde)
“Eu no meu caso não necessito por causa da experiência, não é?” (Miguel)
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“Ou seja, eu acho que a figura do Diretor de Turma é uma figura que deve existir porque
é intermediária, é mediadora, é ela que estabelece a relação entre o Encarregados de Educação,
o aluno e também a escola, portanto é um triângulo para mim, é digamos alguém, e a
comunidade educativa, e os próprios colegas, portanto o conselho de turma ... e isto é muito
importante porquê?, porque somos muitos professores, a partir do segundo ciclo, aliás eu ou
professora de 2º, 3º e secundário acho que é importantíssimo, somos muitos com práticas
pedagógicas similares, mas com as suas particularidades, e se não houver alguém que articule
um bocadinho, que trace o perfil da turma e que articule com os pais algumas destas diversidades
também de certa forma esclareça algumas questões, tanto do conselho de turma, como também
da parte dos próprios pais, acho que se pode instalar um ruído na comunicação o que em nada
vai favorecer aqueles que nós mais queremos favorecer, que são os nossos alunos. Pronto,
basicamente é isto.” (Madalena)
“…eu enquanto Diretor de Turma faço-o, não é fácil por vezes porque encontramos
pouca permeabilidade, muita resistência de alguns colegas, especialmente às vezes colegas com
mais idade ou colegas com um perfil uma personalidade menos aberta à atividade à flexibilidade
e que, às vezes, veem em nós uma ameaça, isto é esquisito dizê-lo, mas é verdade, ou então
veem nas práticas novas mais um bocadinho de trabalho, e não está para isso, pronto isto há
imensas coisas, o que eu acho é que enquanto Diretor de Turma se temos que aceitar esse cargo
devemos fazê-lo com resiliência e portanto continuar e sermos efetivamente neste caso mesmo
sérios, e levar as coisas por diante, não estou a dizer com isto que vamos ultrapassar alguém ou
APÊNDICE F –
Análise de conteúdo das entrevistas
311
que sejamos incorretos, mas sermos insistentes e levarmos os objetivos que temos que levar até
ao fim e sermos profissionais, no fundo.” (Madalena)
“… resiliência, muita diplomacia, muita diplomacia, porque cada vez mais as pessoas
estão tendencialmente em relações de agressão e de resistência, acho que as pessoas muitas
vezes não reagem bem à mudança, e, portanto, acho que um Diretor de Turma tem que ser
resiliente, tem que ser diplomático, flexível, e mais que tudo lutar pelos seus alunos.”
(Madalena)
“Portanto, é diferente aquilo que é pedido a um Diretor de Turma de 12º, do que aquilo
que é pedido a um Diretor de Turma de 5º, e essa carga por exemplo, mais afetiva, mais emotiva
que se requer no caso de um 5º ano ou de um 6º, eu penso que nem todos os diretores possuem.”
(Mafalda)
“Acho que tem que ser um bom ouvinte, um bom comunicador, bom senso, sempre muito
bom senso, haver serenidade…” (Mafalda)
“…não dizer uma coisa hoje e depois dizer o contrário amanhã, mas também se for preciso
voltar atrás por alguma situação que ... acho que nós temos que o fazer, não é? ... é a humildade
que …” (Mafalda)
“O que há necessidade é ter perfil para o cargo e conhecer as orientações escolares e as
suas funções e competências.” (Manuel)
“Tem que ter capacidade de planeamento, de organização, de controlo nas suas funções.
Alguém que tem de ter capacidade de liderança, de motivação que seja produtiva, que conheça,
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Análise de conteúdo das entrevistas
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que conheça a legislação vigente, que tenha uma grande capacidade para resolver problemas,
problemas entre os alunos e a escola, entre todos os membros da comunidade escolar,
basicamente é isso, mas tem que ser alguém com perfil e alguém com capacidade de resolver
problemas, que não fique pelas meias tintas e que tenha um controlo o mais apertado possível
da situação. Porque quando não há um controlo apertado possível da situação, as coisas deixam
de funcionar, os alunos apercebem-se disso e isto é um caos total.” (Manuel)
“Mas, eu penso que um bom Diretor de Turma deverá ser de facto uma pessoa que seja
profissional, que seja competente, que saiba de facto o que está a fazer, mas que seja também
humano e que saiba ter uma questão de bom senso, porque nem sempre as nossas atuações
podem ser iguais, não é?, em situações diferenciadas. Acho que devemos …. é quase um
bocadinho como ser pai e mãe, é dar amor, mas também dar educação, não é?, é tentar
acompanhá-los, tentar perceber o que é que está a correr bem e o que é que está a correr menos
bem, ajudá-los, apoiá-los, sem qualquer tipo de dúvida, mas também exigir que cumpra o
mínimo dos mínimos, porque os alunos hoje em dia acham que só têm direitos e deveres nem
por isso, não é?. E, portanto, acho que um Diretor de Turma tem obrigatoriamente essa função,
de explicar que eles têm direitos, sim, mas também têm deveres e a partir do momento em que
acham que as regras não são para eles, é porque então estão na escola errada.” (Mariana)
“Mas é importante de facto haver o bom senso, e às vezes saber dar a mão e acompanhar,
porque cada vez mais aparecem-nos situações muito complicadas, familiarmente muito
complicadas, e muitas das vezes nós nem sabemos a maior parte dos pormenores.” (Mariana)
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“É óbvio que para se ser Diretor de Turma, também, para além da componente legal que
temos que saber cumprir temos também que ter uma capacidade humana e nos tempos que
correm cada vez maior, não é?” (Mário)
“Os tempos também mudaram, mas também a própria relação, se quisermos, pedagógica
e afetiva, entre o professor, neste caso o Diretor de Turma e os alunos é de maior proximidade
do que era noutros tempos,” (Mário)
“…o Diretor de Turma tem que ter um perfil diverso, em termos da sua relação escolar.
Eu penso que o Diretor de Turma tem que ter uma resposta tripartida, isto é, com os órgãos de
gestão da própria escola, da direção, o próprio Conselho de Turma depois com os pais e com os
alunos.” (Mário)
“O diretor de turma é um mediador, alguém que tem de ter a capacidade de adequar cada
problemática a uma solução, agindo em conformidade com o Regulamento Interno da Escola e
com as normas de educação vigentes.” (Matias)
“A grande mais-valia do Diretor de Turma deve ser sempre a ponderação, a capacidade
de não reagir no imediato, porque a tendência quando as problemáticas são graves, é reagir ou
de forma impulsiva, limitada e retaliadora. Creio que esse sentido de ponderação tem a ver com
maturidade, com abertura de espírito, com uma sabedoria empírica de perceber para além
daquilo que está a ser dito ou para além do que se viu ou se comprovou.” (Matias)
“E a adequação só se tem quando há predisposição para nós próprios, muitas vezes, até
quebrarmos pequenas regras porque nem sempre a regra é a mais adequada para se assumir
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Análise de conteúdo das entrevistas
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como orientação para ação e isso é o que eu mais sinto que faz falta ao Diretor de Turma, que é
o lado de ser flexível, o lado de ser humilde, a humildade é fundamental, o lado de ser capaz de
não personalizar questões até muitas vezes de falhas da própria direção de turma e conseguir
transformar uma problemática em conhecimento.” (Matias)
“…acho que a flexibilidade, ponderação, humildade e adequação são as características-
palavras-chave para realizarmos um bom trabalho de direção de turma.” (Matias)
“O Diretor de Turma ideal para aquela turma e eu não sei o que é o perfil de um Diretor
de Turma, é alguém que seja capaz de gerir esta coisa toda entre pais, professores, alunos e que
seja capaz de estabelecer este diálogo de uma forma genial, não sei como é que se define um
perfil de um Diretor de Turma.” (Matilde)
“Há professores que nem todos têm perfil para isto…” (Miguel)
“Honesto, primeira coisa porque a honestidade com os alunos é muito importante em
relação a este aspeto.” (Miguel)
“Uma pessoa calma... que não seja uma pessoa muito stressada, …” (Miguel)
“Tem que ser uma pessoa firme também, estou a falar de aspetos de firmeza. Tem que ser
um bocado líder, tem que ter uma veia de líder... isto é tudo ligado muito à área da gestão, …”
(Miguel)
“… ao fim de contas o Diretor de Turma é o gestor, é o gestor de uma turma, é o gestor
de recursos humanos, de professores e alunos, é um gestor administrativo, só lhe falta ser gestor
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Análise de conteúdo das entrevistas
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financeiro, e muitas vezes também é por causa das visitas de estudo, por isso o perfil mesmo é
de um gestor, além de professor...” (Miguel)
“Um Diretor de Turma sobretudo tem de gostar de ser Diretor de Turma…” (Mónica)
“… um Diretor de Turma não pode sentir-se constrangido com a presença dos pais, não
pode ter medo de admitir que há alguma falha por parte da escola, porque acontece, somos
humanos as falhas acontecem sempre, só quem não trabalha é que não comete erros, portanto
um Diretor de Turma tem de ter a sensibilidade de reconhecer um eventual erro, …” (Mónica)
“… saber transmitir isso aos pais, também desmontar digamos esta raiva ou agressividade
…” (Mónica)
“… portanto acho que em primeiro lugar é o Diretor de Turma que tem que ter gosto
naquilo que faz, porque os miúdos reparam nisso, os miúdos percebem quando nós não
gostamos do cargo que temos, ou não gostamos da turma ou não gostamos do que estamos a
fazer, portanto tem que ser autêntico, tem de ser genuíno, a maior parte dos professores gosta,
…” (Mónica)
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VALIDAÇÃO ENTREVISTA MATILDE
No dia 21 de julho de 2017 às 14:45, Anabela Val <profanabelaval@gmail.com> escreveu:
“Marília,
quando puderes, lê a transcrição da entrevista e diz de tua justiça se está tudo ok.
Se quiseres acrescentar ou retirar algo, é só dizeres.
Preciso apenas que me respondas por mail, dizendo que a transcrição da entrevista está de
acordo com as respostas que deste e que nada foi alterado.
Obrigada.”
No dia 30 de julho de 2017 às 14:41, Marília Poeiras <isamarcp24@gmail.com> escreveu:
Estimada Anabela,
a transcrição da entrevista está de acordo com as respostas que eu dei e nada foi alterado
relativamente ao conteúdo das mesmas.
Um beijinho,
Marília Poeiras
VALIDAÇÃO ENTREVISTA MAFALDA
No dia 24 de agosto de 2017 às 16:06, Anabela Val <profanabelaval@gmail.com> escreveu:
Olá Maria João,
desculpa chatear outra vez, espero que esteja tudo bem e que as férias estejam a ser ótimas!
Quando puderes, lê a transcrição da entrevista e diz de tua justiça se está tudo ok.
Se quiseres acrescentar ou retirar algo, é só dizeres.
Preciso apenas que me respondas por mail, dizendo que a transcrição da entrevista está de
acordo com as respostas que deste e que nada foi alterado.
Obrigada.
Beijinhos e continuação de boas férias,
--
Anabela Val
No dia 30 de agosto de 2017 às 16:47, <mjgcbc@sapo.pt> escreveu:
Olá Anabela,
Desculpa só agora responder mas só ontem cheguei de viagem. Final de férias!!! É claro que
concordo com o que transcreveste. Está ótimo. Espero os maiores sucessos para este novo ano
letivo! Caso necessites de mais alguma coisa...avisa.
Beijocas e continuação de boas férias!
No dia 30 de agosto de 2017 às 16:49, Anabela Val <profanabelaval@gmail.com> escreveu:
Muito obrigada!!!
Desejo um excelente regresso e um ótimo ano letivo, repleto de sucessos!!!
Beijinhos
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Validação das entrevistas
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VALIDAÇÃO ENTREVISTA MÓNICA
No dia 24/08/2017, às 04:50, Anabela Val <profanabelaval@gmail.com> escreveu:
Olá Alexandra, desculpa chatear outra vez, espero que esteja tudo bem e que as férias estejam a ser ótimas!
Quando puderes, lê a transcrição da entrevista e diz de tua justiça se está tudo ok.
Se quiseres acrescentar ou retirar algo, é só dizeres.
Preciso apenas que me respondas por mail, dizendo que a transcrição da entrevista está de acordo com as respostas que
deste e que nada foi alterado.
Obrigada.
Beijinhos e continuação de boas férias,
No dia 31/08/2017, a Alexandra respondeu
Olá minha linda!
As minhas desculpas, em primeiro lugar, por só responder ao teu email agora. Estou fora e o
acesso à internet é uma trabalheira...
De qualquer modo, a transcrição está perfect, como não poderia deixar de ser...
Não tens de agradecer Se for necessário algo mais, conta comigo a partir da próxima
semana.
Um beijinho e continuação de bom trabalho
Ps Depois vai dando notícias para eu saber como tudo correu
Enviado do meu iPad
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Validação das entrevistas
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VALIDAÇÃO ENTREVISTA MATIAS
No dia 24 de agosto de 2017 às 12:09, Anabela Val <profanabelaval@gmail.com> escreveu:
Olá Ricardo, desculpa chatear outra vez, espero que esteja tudo bem e que as férias estejam a ser
ótimas!
Quando puderes, lê a transcrição da entrevista e diz de tua justiça se está tudo ok.
Se quiseres acrescentar ou retirar algo, é só dizeres.
Preciso apenas que me respondas por mail, dizendo que a transcrição da entrevista está de
acordo com as respostas que deste e que nada foi alterado.
Obrigada.
Beijinhos e até para a semana,
No dia 31 de agosto de 2017 às 11:32, Ricardo Gageiro <ricardogageiro@gmail.com> escreveu:
Bom dia,
gostei muito deste trabalho.
fez-me refletir.
Dei consistência e clarifiquei o discurso.
Beijinho.
Bom trabalho,
Ricardo Gageiro
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Validação das entrevistas
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VALIDAÇÃO ENTREVISTA MADALENA
---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Anabela Val <profanabelaval@gmail.com>
Data: 24 de agosto de 2017 às 16:19
Assunto: Transcrição da entrevista - Anabela
Para: Anabela Escobar <anabelaescobar1974@gmail.com>
Olá Anabela,
desculpa chatear outra vez, espero que esteja tudo bem e que as férias estejam a ser ótimas!
Quando puderes, lê a transcrição da entrevista e diz de tua justiça se está tudo ok.
Se quiseres acrescentar ou retirar algo, é só dizeres.
Preciso apenas que me respondas por mail, dizendo que a transcrição da entrevista está de
acordo com as respostas que deste e que nada foi alterado.
Obrigada.
Beijinhos e continuação de boas férias,
--
Anabela Val
No dia 5 de setembro de 2017 às 13:22, Anabela Escobar anabelaescobar1974@gmail.com
escreveu:
Cara Anabela,
a transcrição da entrevista está em conformidade.
Continuação de bom trabalho,
Anabela Escobar