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ARTIGOSINÉDITOS
ÁGUA: REÚSO E ECONOMIA
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ano seis | nº 34 | março / abril 2013 | R$ 10,00 AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE
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ECOTURISMO: CHAPADA DOS VEADEIROS, SULE AMAZÔNIA
ESPECIAL
Água
3
Editorial
Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista
e Plurale em site
De acordo com os últimos dados da ONU e da
UNESCO, 1,7 bilhão de pessoas obtiveram acesso à
água potável desde 1990, mas 884 milhões de pessoas
continuam sem acesso. E ainda hoje, 2,6 bilhões de
pessoas não têm acesso a serviços de saneamento
básico. O impacto destes números é dramático na saúde: por dia, uma
média de 5 mil crianças morrem de doenças que poderiam ser evitadas, todas
relacionadas à qualidade e/ou falta d’água ou de saneamento básico.
Por todos os lados encontramos mais argumentos para reafirmar a relevância
do tema. Ainda mais agora: 2013 foi declarado pela ONU como o Ano Internacional
de Cooperação da Água e está prevista uma reunião preparatória para o 7º Fórum
Mundial da Água, a ser realizado em 2015, na Coreia do Sul. Sem este insumo básico
não é possível imaginar a agricultura, a pecuária, a indústria ou qualquer outra atividade
econômica. Mas o quê realmente tem sido feito para melhorar estes indicadores e garantir
o acesso à água destas e das próximas gerações? De que forma a humanidade tem se
empenhado em realmente repensar sua relação com este bem tão valioso?
Muitas destas questões estão presentes nesta Edição Especial sobre Água de Plurale
em revista. Nícia Ribas e Elizabeth Oliveira trazem da Amazônia exemplos que merecem
toda a atenção. Do Sul, temos a emocionante história de dedicação de um velho guardião
do mar e Lenina Mariano relata o esforço pela melhoria da qualidade do importante Rio
Itamambuca, no Litoral Norte paulista.
Apresentamos artigos inéditos de Malu Nunes, Edmilson Oliveira da Silva e Jetro Menezes. A
entrevista é com o biólogo Mário Moscatelli, que não se cansa de denunciar o dramático estado
dos mangues no Rio de Janeiro. Cases de reúso de água em indústrias também estão presentes
nesta edição, como na coluna Pelas empresas e ainda na reportagem de Marisa Pereira e
Andressa Brandalise. Do Nordeste, Flamínio Araripe conta que a seca e drama do semi-árido
transformou-se em um problema do Primeiro Mundo.
Como já tornou-se uma marca registrada de Plurale, esta também é uma edição repleta
de belas fotos de diferentes regiões: Adriana Boscov e Leonardo Moraes de Souza
descortinam a belíssima Chapada dos Veadeiros (GO); enquanto Luciana Tancredo
mostra o contraste de praia e serra no Paraná e Santa Catarina e Jean Pierre
Verdaguer colore as páginas com a água que pulsa em Visconde de Mauá
(RJ). Tudo isso e muito mais para que você possa refletir sobre a
sua relação com este insumo tão essencial em nossas
vidas. Boa leitura!
PELO BRASIL
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ENERGIA & CARBONO
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CINEMA VERDEPOR ISABEL CAPAVERDE
65
ECOTURISMOPOR ISABELLA ARARIPE
53
8.ENTREVISTA
COM O BIÓLOGO MÁRIO MOSCATELLI SOBRE A POLUIÇÃO EM MANGUES NO RIO DE JANEIRO
POR SÔNIA ARARIPE
CHAPADA DOSVEADEIROS
POR ADRIANA BOSCOV E LEONARDO MORAES
DE SOUZA
EXEMPLOS DA AMAZÔNIA
POR ELIZABETH OLIVEIRAE NÍCIA RIBAS
CISTERNAS CASEIRAS ARMAZENAM ÁGUA COLETADA DAS CHUVASPOR JANAÍNA SALES
16.
26. 30. 44.
34.
BAZAR ÉTICO
14.
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ARTIGOS INÉDITOS
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 20134
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Plurale apresentou várias histórias relevantes
de transformação social e ambiental
ao longo de cinco anos...
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Foto de Nícia Ribas
c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b rCartasQuem faz
DiretoresSônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br
Carlos Francocarlosfranco@plurale.com.br
Plurale em site:www.plurale.com.br
Plurale em site no twitter e no facebook: http://twitter.com/pluraleemsite
https://www.facebook.com/plurale
Comercial
comercial@plurale.com.br
ArteSeeDesign Marcos Gomes e Marcelo Tristão
FotografiaLuciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto);
Agência Brasil e Divulgação
Colaboradores nacionaisAna Cecília Vidaurre, Geraldo Samor,
Isabel Capaverde, Isabella Araripe
(estagiária), Nícia Ribas, Paulo Lima
e Sérgio Lutz
Colaboradores internacionaisAline Gatto Boueri (Buenos Aires),
Ivna Maluly (Bruxelas), Vivian Simonato
(Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston)
Colaboraram nesta ediçãoAdriana Boscov e Leonardo Moraes de Souza (Ensaio
Chapada dos Veadeiros, GO), Bruno Bocchini (Agência
Brasil), Christina Lima (Nós da Comunicação), Edmilson
Oliveira da Silva, Elizabeth Oliveira, Equipe Nube, Equipe
UNIC-Rio, Fabiano Ávila (Carbono Brasil), Flamínio
Araripe, Janaina Salles, Jetro Menezes, Lenina Mariano
(Ubatuba, SP), Lília Gianotti (Da Gema Comunicação),
Malu Nunes (Fundação Grupo Boticário), Márcia Vaz
(Fetranspor), Marisa Pereira e Andressa Brandalise
(Fundação Proamb, RS), Raquel Ribeiro e Jean Pierre
Verdaguer (Visconde de Mauá, RJ).
Plurale é a uma publicaçãoda SA Comunicação Ltda(CNPJ 04980792/0001-69)Impressão: WalPrint
Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais.
Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202
CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932
São Paulo | Alameda Barros, 122/152
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Os artigos só poderão ser reproduzidos
com autorização dos editores
© Copyright Plurale em Revista
Plurale em revista,
Edição 33
“Parabenizamos a
equipe de Plurale
em revista pelos
cinco anos de
atuação com matérias
excelentes, atuais
e muito ilustrativas.
É uma grande contribuição na difusão do
conhecimento, principalmente abordando temas
relevantes como a Amazônia, uma realidade
ainda pouco conhecida e compreendida.
Sucesso e prosperidade!”
Nádia Ferreira, Secretária de Estado do Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do
Amazonas, Manaus (AM)
“Em cinco anos de existência, Plurale em
Revista contribuiu de maneira bastante especial
para a divulgação de conhecimentos acerca de
temas de grande relevância nos dias de hoje,
como meio ambiente e sustentabilidade. A
Apimec parabeniza a publicação por seu quinto
aniversário e deseja ainda mais sucesso para os
próximos anos”.
Reginaldo Alexandre, presidente da Apimec
Nacional (Associação dos Analistas e
Profissionais de Investimento do Mercado de
Capitais)
“Relevante notar que o Brasil sediou, pela
primeira vez, em fevereiro último, a Conferência
Internacional da Rede Mundial de Academias
de Ciências, cuja pauta, desta vez, abrangeu
desenvolvimento sustentável e erradicação
de pobreza. É auspicioso constatar que o
Brasil já começa a figurar no contexto da
sustentabilidade e, como união indissolúvel,
na percepção do protagonismo da temática
meio ambiente no tocante a todos os aspectos
econômicos, sociais e demográficos que
envolvem a atividade humana. Não posso,
assim, deixar de registrar o meu testemunho
pelo pioneirismo, clarividência e audácia
da Plurale, indiscutivelmente, um dos
agentes responsáveis por este crescente
reconhecimento. Acompanho Plurale desde a
sua criação e, com imensa satisfação, formulo
minhas congratulações aos fundadores, editores
responsáveis
e toda equipe”
Ruy Flacks Schneider, consultor de negócios,
Rio de Janeiro, RJ
“É um prazer poder entrar em contato com
vocês de Plurale em revista, agradecer todas as
oportunidades que a Revista e sua equipe me
ofertaram. O artigo publicado na Edição 33 ficou
lindo, todo trabalho, fotos, enfim, vocês estão de
parabéns!”
Carla Martins, consultora jurídico-ambiental,
São Paulo (SP)
“Prezados Sônia e Carlos,
Venho agradecer a vocês e à Nicia Ribas
a grande consideração ao meu trabalho e
ao de Lúcia Cherem veiculada na Edição
32 de Plurale em revista, na matéria Um
Arteducador a Serviço da Escola Básica,
realizada durante o Projeto Letramento, na
UFPR de Curitiba. Parabéns pela revista
Plurale (física e digital) que continua, em
sua singularidade, buscando e expondo
um Brasil cada vez mais plural. Um grande
abraço,
Joba Tridente, educador, Curitiba (PR)
Plurale em site
“Christian Travassos, sua expressão
nos envolve, nos toca, nos abraça e nos
mergulha. O tema abordado no artigo “Para
além do improviso, a reação”, publicado em
Plurale em site, é quente, cortante e suas
palavras escolhidas, sua pontuação, sua
narrativa nos vivifica a chama do sentido
do que estamos fazendo aqui. Enquanto
vivos e plenos, ponhamos essas palavras
escritas, faladas, comunicadas no coração
de quem está decidindo o sim e o não do
fazer. Fraterno abraço, agradecida por essa
grata e bela leitura”.
Patrícia Almeida Ashley, professora da
UFF, Rede Econsciência e Ecocidades,
Rio de Janeiro (RJ)
“Christian Travassos, estou maravilhada
com sua exposição sobre o Rio de Janeiro
no recente artigo “Cidade Maravilha
mutante”. Maravilhada e orgulhosa por ser
carioca e ver onde minha cidade chegou
e maravilhada por ver como alguém como
você, conseguiu descrever e retratar tão
linda e detalhadamente como a cidade
do Rio de Janeiro alcançou esse status.
Parabéns pela sua belíssima reportagem.
Pelo seu tão carinhoso jeito de escrever.”
Isabel Ferreira, ONG Ressurgência,
Rio de Janeiro, RJ
“Fico imensamente feliz em saber
que o empoderamento feminino está
sendo abraçado e promovido por
empresas grandes como a Coca-Cola,
que esteve presente recentemente no
“5th Annual Women´s Empowerment
Principles Event”, na ONU Mulheres, em
Nova Iorque. Testemunhei de perto, no
interior do Maranhão, a importância do
empoderamento feminino não somente
para a própria mulher, mas também para
toda a comunidade, em matéria publicada
na Edição 26 de Plurale em revista.
Parabéns!”
Vivian Simonato, jornalista,
Dublin, Irlanda
ABRAPP, ABVCAP, AMEC, ANBIMA, ANCORD, ANEFAC, APIMEC NACIONAL, APIMEC SÃO PAULO, BRAIN, CODIM, FIPECAFI, IBEF, IBGC, IBRACON e IBRADEMP
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PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201388
MÁRIO MOSCATELLI,Biólogo
Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revistaDo Rio de JaneiroFotos: Mário Moscatelli e Divulgação
O DEFENSOR DOS MANGUES
Entrevista
Não peçam calma ou palavras conciliatórias para o biólo-go Mário Moscatelli quando o assunto for invasões e crimes ambientais contra
manguezais. Nos últimos 25 anos ele se especializou em uma verdadeira tática de “guerrilheiro” em defesa da natureza. De barco, a pé ou do alto, de helicóptero,
Moscatelli denuncia o que vê de errado e tem incomodado autoridades e grupos econômicos. Não se intimida. Com o apoio da imprensa, o biólogo – respon-sável técnico pela Manglares Consultoria Ambiental - coloca mesmo o dedo na ferida. Mas não o chamem de ecologista. “Sou um profissional tecnicamente ha-bilitado atuante e um cidadão que não gosta de ser feito de otário o tempo todo pelo poder público que de público não tem absolutamente nada.” Para quem o considera ácido e crítico demais, ele as-seguro que é um apaixonado pelo Rio
e seus biomas, mas se desespera com o que vê todos os dias. “Não estou de mau humor. Apenas replico o que vejo onde eu trabalho tentando recuperar o que ainda é recuperável ambientalmente. Há dinheiro, há tecnologia, mas infelizmente falta vontade política e amor pelo plan-eta”, resume Moscatelli. A seguir, os mel-hores momentos da entrevista com este “guerrilheiro” da natureza, que critica os poderes públicos, grupos que fazem empreendimentos imobiliários e a socie-dade pelo estado crítico das águas no Rio de Janeiro.
Plurale em revista - A sua forma-ção foi em Biologia. Formou-se por onde? Trabalha há quanto tempo com a preservação de mangues?
Mário Moscatelli - Me formei em Ciências Biológicas na Universidade Santa Úrsula (Rio) em 1987. Depois fiz Mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1994. Trabalhei em vá-rios órgãos ambientais e, desde 1997, sou
professor de Gerenciamento de Ecossiste-mas do Centro Universitário da cidade e responsável técnico pela empresa de recu-peração ambiental Manglares Consultoria Ambiental.
Plurale - Como começou este trabalho de ecologista em defesa de mangues do Rio?
Moscatelli - Não me considero um ecologista. Sou apenas um profissional
tecnicamente habilitado atuante e um ci-dadão que não gosta de ser feito de otário o tempo todo pelo poder público que de público não tem absolutamente nada. Meu trabalho começou em defesa dos mangues em 1987 quando mesmo protegidos inte-gralmente por inúmeras leis, os mangues eram transformados em loteamentos e marinas de luxo devidamente autorizados pelos órgãos ambientais da época. Essa
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pouca vergonha permitiu a supressão, por exemplo, de centenas de hectares de man-guezais na Baía de Ilha Grande.
Plurale - Você coordena uma ONG? Faz alguns projetos patrocina-dos também?
Moscatelli - Não tenho ONG, visto que acredito que muitas são empresas disfarçadas de ONGs ou braços/tentácu-los de políticos. O que tenho é uma em-presa de consultoria que paga impostos, emite notas e compete no mercado de serviços ambientais. Sou contratado por empresas de construção civil, empreen-dimentos hoteleiros, empreiteiras que executam projetos de recuperação e ge-renciamento ambiental.
Plurale - Após tantos anos de trabalho acompanhando lagoas, mangues e a biodiversidade nestas regiões, que avaliação você faz da qualidade da água no Rio de Janeiro? Piorou muito?
Moscatelli - Que água? Só trabalho no meio de despejo de esgoto, de dejetos e de lixo, seja na Baía de Guanabara ou no sistema lagunar da Baixada de Jacarepa-guá. Infelizmente, no Rio de Janeiro exis-te a indústria da degradação que consiste em fazer obras faraônicas que não geram
o objetivo ambiental esperado. Ninguém cobra nada dos administradores públi-cos e fica o dito pelo não dito. Passam-se anos, aí outro governo arruma outras cen-tenas de milhões de dólares para terminar o que o outro projeto que já custou uma fábula não resolveu e assim todos ficam felizes, os políticos e os que excutam as obras e o ciclo continua assim indefinida-mente. Passam-se mais alguns anos e mais dinheiro é tomado emprestado por outro governo e assim para todo o sempre.
Plurale - Você sobrevoa e nave-ga há anos alguns canais relevantes. Encontra sofás, geladeiras e muito lixo. Quais são as principais causas deste cenário?
Moscatelli - Poder Público inoperan-te, sempre secando gelo e quase nunca agindo nas causas da degradação que são a ausência de políticas públicas nas áreas de habitação, saneamento e transporte, e consequentemente quem paga pelo crescimento populacional é o ambiente. A sociedade que parece achar graça de tudo. Vota mal, elegendo, em sua maioria, pessoas interessadas exclusivamente com seus objetivos pessoais, sem olhar para os verdadeiros problemas que atingem a ci-dade há décadas.
Infelizmente, no Rio de Janeiro existe a indústria da degradação que consiste em fazer obras faraônicas que não geram o objetivo ambiental esperado
Plurale - Que espécies estão ame-açadas por conta desta poluição dra-mática em mangues e lagoas?
Moscatelli - Ao carioca falta conhecer mais sua cidade do ponto de vista ambien-tal. A maioria conhece onde ficam os prin-cipais shoppings centers, mas poucos sa-bem onde é que fica a Lagoa do Camorim (em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio), ou o Rio Guaxindiba (dentro da APA de Gua-pimirim, região mais preservada da Baía de Guanabara). Há menos de 100 anos en-contravam-se onças, tamanduás, jacarés às centenas na Baixada de Jacarepaguá (Zona Oeste). E hoje? Os que sobreviveram ao crescimento urbano descontrolado e sem infraestrutura (jacarés e capivaras) quando conseguem sobreviver em algum canto imundo por lixo e esgoto, são caçados e mortos a tiros por esporte. Infelizmente onde o homem colocou a mão na maior parte da cidade do Rio de Janeiro, ele lite-ralmente suprimiu/extinguiu a biodiversi-dade seja pela supressão dos ecossistemas nativos de baixadas (mangues, lagunas, restingas, matas, brejos), pela caça, ou pela contaminação por lixo e principalmente esgoto sem tratamento que é cobrado reli-giosamente pela empresa estatal todo mês de todos que recebem água em casa, mas
Rios Iguaçu e Sarapuí
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201310
que em grande percentual não tem trata-mento de seu esgoto.
Plurale - Além de empresas que poluem, esgotos clandestinos até mesmo de grandes condomínios, você não avalia que o morador do Rio tem também responsabilidade por este estado crítico de algumas áreas?
Moscatelli - Claro! Visita as praias de Copacabana, Ipanema, Leblon ou Bar-ra no final da tarde de domingo. Parece que houve um ataque do “homo porcus”.
educação de boa qualidade que produza cidadãos e cidadãs ativos. E que também possa cobrar o papel das autoridades. Sem educação de qualidade e massa crítica na maior parte da sociedade, esqueça, vamos continuar perpetuando essa verdadeira casa da mãe Joana na saúde, no meio ambiente, nas obras superfaturadas e por aí vai.
Plurale - Você é otimista, cético ou pessimista? Ainda é possível acre-ditar que há solução para o drama das águas no Rio?
o dinheiro. Aí os anos passam, o dinheiro desaparece em obras que não resultam em quase nenhuma melhoria ambiental, e finalmente a má gestão é classificada como equívocos técnicos. No sistema lagunar em função das Olimpíadas, em abril de 2013, quem sabe, será iniciada a dragagem do sistema lagunar pelo Go-verno do Estado, onde serão investidos R$ 550 milhões. Associe-se a isso a ins-talação de mais quatro unidades de tra-tamento de rios nos principais valões de esgoto daquela bacia. Bom, nesse caso essa será parte da guerra, pois se con-seguirmos que o poder público faça, de fato, seu dever de casa direito até 2016, teremos uma luta maior ainda que será a de obrigá-lo a manter todo o sistema de manutenção operando.
Plurale - O Rio depende destes projetos para as Olimpíadas 2016. Vai dar tempo de concluir?
Moscatelli - As Olimpíadas são em 2016 e a Copa em 2014. O tempo para concluir essas obras até 2016 já está mais do apertado, mas fazer o que? Brasileiro, e principalmente os governos, adoram em-purrar com a barriga enquanto podem o que precisa ser feito, visto que muitas ve-zes, intencionalmente, isso gera contratos emergenciais e todas aquelas artimanhas mais do que manjadas que fazem obras pularem duas, três ou até 10 vezes o ini-cialmente estimado. Infelizmente, isso é o Brasil! Ame-o ou deixe-o.
Plurale - O Rio é cercado de águas por todos os lados. Poderia aprovei-tar melhor o transporte por barcas? Em que áreas?
Moscatelli - O Rio é cercado por es-goto e dejetos por todos os lados! Visto que por onde você procure, todos os cor-pos d’água estão contaminados por esgo-to! Estou exagerando? Então acompanhe os relatórios de balneabilidade apenas das praias oceânicas. O sistema lagunar de Ja-carepaguá poderia se tornar uma hidrovia para ecoturismo e circulação pela Barra-Jacarepaguá e Recreio. Mas, infelizmente isso é impossível com o atual quadro de assoreamento e a poluição de suas águas. Não estou de mau humor. Apenas replico o que vejo onde eu trabalho tentando re-cuperar o que ainda é recuperável ambien-talmente. Há dinheiro, há tecnologia, mas infelizmente falta vontade política e amor pelo planeta.
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Moscatelli - Solução tem. Mas, os gestores públicos e o lado sombrio da for-ça que patrocina e elege a grande maioria deles não tem interesse em buscar solu-ções, pois com elas não se ganha dinheiro e o negócio por aqui é faturar mais, desde os tempos do Descobrimento.
Plurale - Fala-se há anos no pro-grama de Despoluição da Baía de Guanabara. Pouco ainda se avançou. O mesmo sobre as lagoas da Barra e a Lagoa Rodrigo de Freitas. Por que não avançam?
Moscatelli - É como digo, a indústria da degradação – quanto pior, melhor, principalmente se o pior for patrocinado por projetos de centenas de milhões de dólares sem uma eficiente fiscalização so-bre os gestores públicos que gerenciam
Entrevista
O sistema lagunar de Jacarepaguápoderia se tornar uma hidroviapara
ecoturismo e circulação pela Barra-Jacarepaguá
e Recreio. Mas, infelizmente
isso é impossível com o atual quadro deassoreamento e a
poluição de suas águas
Encontra-se de tudo nas areias. O fedor que emana da areia parece não incomo-dar mais ninguém. Aliás, as águas também podem estar contaminadas que quase nin-guém mais parece se incomodar. É o para-íso da degradação. Basta lembrar também do que acontece no Carnaval ou no Ano Novo. Uma verdadeira horda de porcos que deixam pelas ruas e praias, além da urina, centenas de toneladas de todo tipo de resíduos. Sinceramente, é duro ver o paraíso afundando no inferno.
Plurale - Educação ambiental po-deria ajudar? As crianças serão os consumidores de amanhã. Mas seus pais já estão poluindo hoje. Qual a sua avaliação?
Moscatelli - Educação ambiental só não resolve o grave problema. Defendo a
Lixo na Baía da Guanabara
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Os principais temas que impactamas Relações com Investidores, você
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Frases
Quem nunca altera a sua opinião é como a água parada e começa a criar répteis no espírito.
WILLIAM BLAKE
Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.
MADRE TERESA DE CALCUTA
A loucura é uma ilha perdida no oceano da razão.
MACHADO DE ASSIS
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossaamar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Dinheiro é como água do mar: quanto mais você toma, maior é sua sede.
O mesmo se aplica à fama.
SCHOPENHAUER
Do mesmo modo que o metal enferruja com a ociosidade e a água parada perde sua pureza, assim a inércia esgota a energia da mente.
LEONARDO DA VINCI
Sou fuga para flauta de pedra doce.A poesia me desbrava.Com águas me alinhavo”
MANOEL DE BARROS
A água turva não mostra os peixes ou conchas em baixo; o mesmo faz a mente nublada.
TEXTOS BUDISTAS
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201312
13
RADIOGRAFIA DE UMACRISE ANUNCIADA
Fonte: ONU Água, UNESCO Água.
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1,7 bilhão
de pessoas obtiveram
acesso à água potável
desde 1990, mas
884 milhões
de pessoas continuam sem acesso.
Hidrelétrica é a fonte de energia renovável
mais importante e mais amplamente usada,
representando 19% do total de energia produzida
em todo o mundo.
As enchentes
respondem por
15% de todas as
mortes relacionadas a
desastres naturais.
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15%
2,6 bilhões
de pessoas não têm
acesso a serviços de
saneamento básico, tais
como vasos sanitários
ou latrinas.
Aproximadamente
70% de toda a água disponível
é usada em
irrigação.irrigação.
Por dia, uma média de
5 mil crianças morrem de doenças que poderiam
ser evitadas, todas relacionadas à qualidade/
falta d’água ou de saneamento básico.
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Este espaço é destinado à divulgação voluntária de produtos étnicos e de comércio solidário de empresas, cooperativas, instituições e ONGs.
otArteSol valoriza e preserva o artesanato brasileiro
O Artesanato Solidário – ArteSol – foi concebido como
um programa social no âmbito do Conselho da Comunida-
de Solidária em 1998, presidido pela antropóloga Dra.
Ruth Cardoso. Sua primeira ação foi o desenvolvi-
mento de um projeto piloto voltado para as regiões
castigadas pela seca, principalmente no Nordeste e
no Norte de Minas Gerais.
O trabalho que ao longo dos anos ampliou-se e conso-
lidou-se, está fundamentalmente voltado para a salvaguar-
da do artesanato de tradição brasileiro como um patrimônio
cultural e sua interface com o mundo contemporâneo, na
formação continuada dos artesãos e o apoio à sustentabili-
dade dos grupos produtivos.
“Nosso objetivo é, prioritariamente, a valorização dos arte-
sãos e do artesanato de raiz, ligados diretamente à histó-
ria de nosso país. Por meio do incentivo e da orientação
constantes, conseguimos incrementar a renda de diversas
famílias brasileiras, resgatando uma arte que faz parte da
nossa cultura”, afirma Carmo Sodré Mineiro, presidente do
Conselho Diretor do ArteSol.
Hoje, o ArteSol soma mais de 100 projetos desenvolvidos
em 17 Estados brasileiros, envolvendo cerca de 5 mil arte-
sãos e beneficiando indiretamente mais de 25 mil pessoas.
Como a comercialização representa hoje um dos maio-
res desafios para a sustentabilidade da maioria dos pe-
quenos grupos produtivos, o ArteSol estabeleceu uma
parceria institucional estratégica com Ponto Solidário
para maximizar forças e promover a sustentabilidade das
associações de artesãos e fortalecer o movimento do
comércio justo e solidário.
O Ponto Solidário tem como missão gerar trabalho e ren-
da, através de divulgação e comercialização da produção
artística e artesanal, atendendo aos critérios do comércio
justo e solidário e promovendo a identidade cultural. As
vendas acontecem na Casa Amarela, um espaço de venda
direta da produção artesanal de inúmeras comunidades
artesãs do Brasil.
http://www.artesol.org.br
Rua Pamplona, 1005, 2º andar (Edifício Ruth
Cardoso) – Jardim Paulista, São Paulo (SP)
Espaço Cultural Casa Amarela: Rua José Maria
Lisboa, 838, São Paulo (SP)
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Cardoso) – Jardim Paulista, São P
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Lisboa, 838, São Paulo (SP
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Se você faz exercícios físicos
Ao contrário do que se pensa, água em excesso pode de fato fazer mal à saúde. Muitas pessoas com doenças cardíacas devem restringir o consumo de líquidos a fim de resolverem algumas complicações associadas às suas doenças.
Outro problema que a água em excesso pode trazer ao or-ganismo é um quadro parecido com a intoxicação alcoólica. O excesso de água pode levar a alterações da consciência nas quais a pessoa age como se estivesse embriagada. Esse quadro é chamado em medicina de intoxicação hídrica. Além de raro (é muito difícil alguém consumir voluntariamente uma quantidade tão grande de água), ele costuma acometer especialmente alguns pacientes com certos tipos de doenças psiquiátricas.
Mas apenas deixe de consumir líquidos se essa indicação for feita explicitamente pelo seu médico, caso contrário, hidrate-se.
É cada vez mais comum encontrar quem sofra com intestino preso. Os médicos aconselham que além de comer adequada-mente, alimentos saudáveis e com muita fibra, como frutas, castan-has, iogurte, grãos integrais, etc é urgente e preciso tomar muitos líquidos. Portanto, ingerir muita água é o melhor remédio para prisão de ventre. A água ajuda na formação de enzimas (substân-cias que facilitam as reações químicas no organismo) e também da saliva e do suco gástrico, que atuam na digestão. Comece o dia tomando um copo grande ainda em jejum. E vá completando a ingestão de líquido ao longo do dia. No mínimo dois litros a cada dia. Uma boa dica para aprender a controlar se está bebendo a quantidade certa: separe duas garrafas grandes de água mineral vazias. Conforme for bebendo os copos, encha a garrafa com a quantidade correspondente do que bebeu. Assim, ao fim de cada dia você saberá se conseguiu atingir a meta. Se você trabalha na rua ou em lugar que não dá para fazer este método, tenha sempre um squeeze próximo. E encha toda vez que esvaziar.
Atenção na escolha
Não está fazendo? Tome juízo, encontre tempo e volte a praticar – lembre-se sempre de levar a sua gar-rafinha para se hidratar. O melhor desempenho em atividades físicas ocorre porque as fibras muscula-res “ficam azeitadas”, des-lizando com mais facilida-de, o que reduz o risco de cãibras e de contusões. Se a água da garrafinha termi-nar ao longo da malhação, volte a enchê-la ao longo dos exercícios.
Os nutricio-nistas advertem, no entanto, que alguns tipos de bebidas e ali-mentos que nos fazem desidratar. É o caso do café, do chá mate, de linguiças, salsi-chas e alimentos industrializados ricos em sódio, como massas prontas só para descongelar ou batatas-fritas con-geladas. O ideal é buscar sempre uma alimentação mais saudá-vel e natural.
Melhor remédio para intestino presoÁgua pode fazer mal?
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VIDA Saudável Apoio:
Colunista
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ÁGUA E BIODIVERSIDADE:
COMPROMISSO COM A VIDA
MaluNunes
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Depois do Ano Internacional da Biodiversidade Marinha (2012), a Secretaria da Con-venção sobre Diversidade Biológica da Organização das
Nações Unidas elegeu 2013 como o Ano da Água e da Biodiversidade, dentro da Década da Biodiversidade (2011-2020). O tema deste ano foi escolhido também para coincidir com o ano Internacional de Cooperação para a Água, estabelecido pela Unesco.
O objetivo central da Década da Bio-diversidade é incluir os conceitos e práti-cas da preservação do patrimônio natural na agenda política mundial e na socieda-de, difundindo a percepção de que ela é fundamental para a manutenção da vida no planeta. Sendo assim, neste ano, será muito discutida a intrínseca ligação entre água e biodiversidade, bem como os de-safios relacionados a esses temas.
A disponibilidade é um serviço am-biental. A natureza promove a ciclagem da água e, para que esse ciclo seja manti-do, mananciais de abastecimento e matas ciliares precisam ser conservados. Contu-do, se as bacias dos rios que fornecem água às represas continuarem perdendo sua cobertura vegetal, esses mananciais correm o risco de se tornarem operacio-nalmente inviáveis.
A crise de escassez e estresse hídrico é um problema que já afeta as populações. De acordo com relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), até 2015 mais de 600 milhões de pessoas deverão ficar sem acesso à água potável. Mesmo sendo o detentor de 12% da água doce do planeta, o Brasil também sofre com a escassez, pois a dis-tribuição dela é irregular pelo país. Além disso, grandes centros urbanos, como Belo Horizonte e São Paulo, já buscam água potável em reservatórios cada vez mais distantes, e isso ocorre em razão não apenas da intensa demanda, mas também da degradação dos mananciais.
Diante desse cenário, uma impor-tante estratégia para se garantir recursos hídricos com qualidade e em quantidade suficiente é proteger as áreas naturais por meio do estabelecimento de unidades de conservação. Atualmente, da água dispo-nível para uso humano no Brasil, 9% é
Malu Nunes é engenheira florestal, mestre em Conservação da Natureza e diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
captada dentro dessas unidades e 26% é captada em fontes a jusante a elas. Outra ação fundamental é incentivar a proteção de mananciais em propriedades particu-lares, e isso pode ser feito por meio de mecanismos de pagamento por serviços ambientais (PSA). Um exemplo é Projeto Oásis, que premia financeiramente pro-prietários particulares que mantêm as áre-as naturais em suas terras e que adotam práticas conservacionistas de uso do solo.
O Brasil tem esses e outros exemplos positivos, mas ainda pode e deve ir além. É necessário ampliar as unidades de con-servação, que cumprem um papel impor-tantíssimo para a preservação do patri-mônio natural e, por consequência, dos recursos hídricos. Também pode evoluir no tema do PSA, a exemplo de países que o incluem no orçamento público, assu-mindo a responsabilidade sobre a garan-tia dos serviços ambientais e investindo na sua proteção.
Em relação ao PSA, é preciso ainda aprovar a lei que estabelece a Política Nacional de Pagamento por Serviços Am-bientais, em tramitação na Câmara dos Deputados. É importante que essa políti-ca não seja desvirtuada de sua finalidade primordial. Ela não pode se transformar apenas em um programa de transferência direta de renda, devendo ser um incenti-vo àqueles que efetivamente contribuem para a proteção da natureza. É fato que o país necessita se desenvolver e diminuir a pobreza, mas isso deve ser feito em consonância com a conservação da biodi-versidade, que é a base da sobrevivência humana e do crescimento econômico.
Contudo, inúmeras vezes, a ideia de desenvolvimento econômico a qualquer custo tem se sobreposto à conservação. Se por um lado, o país diminuiu o desma-tamento na Amazônia, por outro, muitas das obras previstas no Programa de Ace-leração do Crescimento (PAC) do Go-verno Federal – a exemplo de estradas e hidrelétricas – serão vetores de novos desmatamentos. Se perante outros países o Brasil se comprometeu a ampliar a per-centagem de áreas protegidas, interna-mente aprovou no ano passado a lei que alterou o Código Florestal, desobrigando quem desmatou ilegalmente a recuperar as matas nativas em suas terras.
Essa inconstância do compromisso com a conservação da natureza vem se repetindo há anos, mas não pode con-tinuar. Para garantir a efetiva proteção do patrimônio natural e dos recursos hí-dricos, urge uma ação forte do governo brasileiro em defesa dessa causa, com definição e aplicação de regras e regula-mentações, estabelecimento de taxações e adoção de punições em caso de des-cumprimento. É o governo quem deve delinear os caminhos que sociedade e empresas irão percorrer, disseminando os bons exemplos e restringindo os pro-blemas. Até porque a passividade ainda é uma característica da população nacio-nal, que pouco reclama e se mobiliza a favor da proteção ambiental, sendo que não podemos esperar que ela avance nessa causa com a agilidade necessária. É preciso agir e a ação forte do governo é fundamental para isso.
Para garantir a efetiva proteçãodo patrimônio natural e dos recursoshídricos, urge uma ação forte do governobrasileiro em defesa dessa causa,com definição e aplicação de regrase regulamentações, estabelecimentode taxações e adoção de punições em caso de descumprimento.
Colunista
UMA RELAÇÃO DE RESPEITO COM A
JetroMenezes
Quando sentei para escrever sobre este tema, a água, fi-quei pensando sobre o que abordar. Os dados mais signi-ficativos, os números e tudo
o mais que caracteriza um artigo científi-co, como resultados mais quantitativos e menos qualitativos. Então resolvi trocar um texto acadêmico por um artigo sobre a nossa relação com a água que usamos todos os dias. Em vez de olhar para fora de casa, minha opção foi olhar, digamos, do registro de água para dentro.Como tem sido o meu consumo de água? Como me relaciono com ela? O que faço quando vejo um vazamento na rua ou na calçada? De onde vem a água que uso nas minhas atividades? Será que é só abrir a torneira que a água aparece? Será que um dia a água pode acabar?
O Brasil tem a maior cobertura flo-restal do Planeta, o que favorece a maior reserva hídrica existente em nosso país. Aprendemos na escola sobre o ciclo hi-drológico, mas continuamos poluindo rios, mares, córregos e lagos das nossas ci-dades (muitas vezes, testemunhamos pe-quenos e deploráveis gestos, como fazer da boca-de-lobo um alvo para jogar uma latinha ou uma garrafa plástica). A chuva,
uma das formas de ocorrência de água na natureza, faz parte do processo de trocas do ciclo hidrológico, sendo fundamental para a recarga dos rios, dos aquíferos, para o desenvolvimento das espécies vegetais e também para carregar as partículas de poeira e poluição existentes na atmosfe-ra. A qualidade das águas pluviais pode variar em relação ao grau de poluição do ambiente. As exigências para a qualidade e a segurança sanitária das águas pluviais estão diretamente relacionadas com o fim a que se destinam.
Às vezes, pecamos em deixar alguns va-lores se perderem com o tempo. O apro-veitamento da água de chuva, por exem-plo, caracteriza-se por ser um processo milenar, adotado por civilizações como Astecas, Maias e Incas. Um dos registros mais antigos do aproveitamento da água de chuva data de 850 a.C., referindo-se as inscrições na Pedra Moabita, no Oriente Médio, onde o rei Mesha sugere a constru-ção de reservatórios de água de chuva em cada residência. Há registros que apontam que há aproximadamente 2000 a.C., a água da chuva era aproveitada na descarga das bacias sanitárias. Aproveitar a água da chu-va refere-se a um sistema relativamente simples e de baixo custo: captação, filtra-
gem, armazenamento e distribuição da água que corre nas calhas dos telhados.
As pesquisas divulgadas pelo gover-no e por pesquisadores sobre água, na maioria das vezes, tratam do abasteci-mento no país, mas não enfatizam ou-tros fatores ligados ao seu uso, como o saneamento, o tratamento do esgoto e o controle da vazão das águas das chuvas. Mais da metade da população brasileira não tem tratamento de esgoto e a água de chuva se perde pelo caminho ou se torna a vilã das enchentes.
Na esperança de ver o Brasil promover a “inclusão sanitária”, dois fatos chamam a atenção neste início de ano. A Presiden-ta Dilma Rousseff anunciou, durante um encontro com os mais de 5 mil prefeitos eleitos em todo o país, novos recursos para a área de saneamento, somando R$ 12 bilhões, sendo R$ 2 bilhões reservados para pequenos municípios. Mas, para fa-zer valer tais verbas, as prefeituras precisa-rão contar com técnicos capacitados para elaborar projetos que funcionem. Vamos aguardar o que vai acontecer nos próximos quatro anos. Outro fato é que 2013 tam-bém foi escolhido pela ONU como o Ano Internacional da Cooperação pela Água, e prevê uma reunião preparatória para o 7.º
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Fórum Mundial da Água, a ser realizado em 2015 na Coreia do Sul, com chefes de Estado e representantes de países de todo o mundo discutindo as políticas globais para o uso e consumo da água.
Todos nós sabemos da importância da água para as nossas vidas. Mas, o que te-mos feito de real, de prático, de objetivo? Qual a nossa atitude ao ver uma pessoa lavando a calçada com a mangueira? Os nossos carros, na maioria das vezes, são lavados com a mesma água que é utilizada para cozinhar, se banhar, fazer um café ou chá. A qualidade das águas dos nossos rios (pelo menos em São Paulo, os Rios Tie-tê e Pinheiros mais parecem um esgoto a céu aberto) está cada vez pior. O esgoto das casas e até de algumas empresas corre para dentro dos rios e em seguida é lança-do nos mares.
Todos os anos, quando nos preparamos para comemorar o Dia Mundial da Água, queremos, na verdade, despertar nas pes-soas um momento de reflexão, análise, conscientização e mudança de atitudes práticas para minimizar os impactos sobre esse bem precioso e do qual dependemos para viver. Todos nós queremos água lim-pa e em quantidade e qualidade adequa-das, sem nunca faltar nas nossas torneiras.
Nossa relação com a água, no entanto, não deve ser pautar apenas por uma data co-memorativa. Nossas atitudes devem mu-dar. Aliás, você sabe quem é o responsável pela água na sua cidade? A situação exige posturas mais críticas dos cidadãos, como cobrar com mais ênfase as autoridades, os responsáveis pela água. Sem deixar de ob-servar as nossas próprias torneiras.
Referências. Bibliográficas:Água: origem, uso e preservação / Samuel Murgel Branco; Ilustrações de Takachi – São Paulo: Moderna, 1993 – (Coleção Polêmica).http://www.diamundialdaágua.net
(*) Jetro Menezes é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre Sustentabilidade. É Gestor e Auditor ambiental, especialista em Saneamento Ambiental. Responsá-vel pela Jetro Ambiental consultoria (http://www.jetroambiental.eco.br). Foi coordenador do Programa de Coleta Seletiva da Prefeitura de São Paulo, ex-diretor de Meio Am-biente da Prefeitura de Franco da Rocha e atualmente chefe de ga-binete da Secretaria de Meio Am-biente de Mairiporã.
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Como tem sido o meu consumo de água? Como
me relaciono com ela? O que
faço quando vejo um vazamento
na rua ou na calçada? De onde
vem a água que uso nas minhas
atividades?
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Não é preciso ser poeta para se sensibilizar com o definhar de um rio. Acidente geográfico ge-ralmente associado às coisas boas, “os rios são
caminhos que andam e que nos levam aonde queremos ir”, disse Pascal, por exemplo, e Caetano Veloso celebra em uma das canções mais conhecidas, “Onde eu nasci passa um rio”, compos-ta e gravada no início da carreira, que mescla a vida dele com a do Subaé, que banha a cidade de Santo Amaro da Pu-rificação. Em outra, “Purificar o Subaé”, o filho de Dona Canô transforma poe-sia em queixa para reclamar, nacional-mente, contra os que encheram o canto dele “de raiva e de pena”.
Pobre Subaé, que, há várias décadas, pelo descaso das autoridades somado à ignorância ambiental, deixou de ser rio. Rio que sacia, rio que alimenta, rio
que diverte, rio que transporta, rio que envolve e enamora, rio que religa o ho-mem com os deuses da sua cosmovisão. Um rio sem embarcação é mais triste do que o cão sem pulgas do Mário Quinta-na. É apenas um rio moribundo, quase morto dentro da paisagem. E só não se pode dar-lhe o atestado de óbito, por-que a mãe natureza, volta e meia, pro-duz espasmos autoestruturantes, como as cheias provocadas pelas chuvas nas cabeceiras do rio, e o Subaé retoma, ainda que temporariamente, o vigor, e invade os olhares dos que moram às suas margens.
Afora épocas como a das cheias, a situação dos 55 quilômetros da exten-são do Subaé, desde a lagoa homônima em que nasce, em Feira de Santana, e a Ilha de Cajaíba, em São Francisco do Conde, na Baía de Todos os Santos, em que deságua, é de maltrato, de po-luição. Ambos são fruto tanto da ação
Rio que sacia, rio que alimenta, rio que diverte, rio que transporta, rio que envolve e enamora, rio que religa o homem com os deuses da sua cosmovisão
Colunista
EdmilsonOliveirada Silva
Subaé, rio soturno
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visão dessas embarcações característi-cas da Baía de Todos os Santos navega apenas nas águas da memória dos mais velhos. Rogo a Oxum – a deusa Yorubá das águas doces – para que eles vivam tanto quanto Dona Canô, para que pos-sam afluir aos mais jovens as visões dos tempos em que a cultura canavieira, a agropecuária desordenada e “o horror de um progresso vazio”, como bem de-nunciou o mesmo Caetano, não tinham tisnado o Subaé, transformando-o em um rio plúmbeo, soturno, pesado. Um rio que precisa voltar a ser Rio.
(*) Edmilson Oliveira da Silva (ed-milson.ol iveiradasi lva@gmail.com) é Colunista de Plurale, cola-borando com artigos sobre Susten-tabilidade. Nascido em Santo Ama-ro da Purificação, cresceu marcado pelo Rio Subaé. É jornalista espe-cializado em Ciências, Saúde e Meio Ambiente.
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çar os efluentes de produção e lavagem da celulose no Subaé e nos manguezais. O fim da forração dos manguezais indi-ca o que aconteceu com a fauna local: simplesmente desapareceu, obrigando homens e mulheres que tinham na apa-nha de crustáceos a retirada do sustento da família a irem cada vez mais e mais longe, a fim de conseguirem uma cole-ta razoável. Há um pequeno vídeo no YouTube em que um pescador reclama da deposição das sobras do tratamento da celulose nas bordas dos manguezais da região de São Francisco do Conde e do consequente desaparecimento de várias espécies de peixes na Foz do Rio Subaé. As sobras formam uma trama nas margens do rio, impedindo roba-los, carapebas, carapicuns e caramurus, entre outros peixes, de se alimentarem e se reproduzirem. Manguezais, como é sabido, funcionam como “berçários” das espécies que vivem nos mares.
Uma terceira coisa que não se expli-ca é o fato de Dona Canô não ter rea-lizado um dos seus maiores sonhos: vi-ver a despoluição do Rio Subaé, mesmo tendo sido tão docemente determinada e longeva, e reivindicado durante dé-cadas aos diferentes governadores do estado da Bahia essa necessidade. O máximo que a mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia viu acontecer foram algumas das obras do projeto Baía Limpa, iniciativa que, a partir de 1995, começou a ser desenvolvida e prevê o esgotamento sanitário de 80% dos do-micílios de Salvador. Orçado em US$ 650 milhões, o projeto também pre-tende cobrir a maioria dos municípios localizados no entorno da Baía de To-dos os Santos, entre os quais inclui-se Santo Amaro.
Entretanto, enquanto as obras do Baía Limpa não são concluídas e a ori-ginalidade de que fala Caetano e que caracteriza o povo brasileiro não se transforma em projetos viáveis para a consolidação da economia sustentável do país, ao forasteiro que chegar a San-to Amaro e olhar para a parcela urba-na do Subaé restará se contentar com um rio agonizante, sem o côncavo e o convexo das velas dos saveiros como os do pai da Yalorixá Beata de Yemanjá. A
As sobras formam uma trama nas margens do rio, impedindo robalos, carapebas, carapicuns e caramurus, entre outros peixes, de se alimentarem e se reproduzirem
dos cidadãos que habitam a região ri-beirinha, quanto dos especialistas em transformar a natureza em bens de ca-pitais, na utilização perversa das águas do seu leito. Isto foi o que aconteceu com a instalação da subsidiária de um conglomerado francês em Santo Ama-ro, a Companhia Brasileira de Chumbo (Cobrac), a apenas 290 metros do leito do Subaé.
A instalação da fábrica, há 53 anos, resultou na criação de centenas de empregos para beneficiamento do chumbo extraído da mina localizada no município de Boquira, também na Bahia, mas resultou em adoecimento e morte dos empregados e seus familia-res, os mais atingidos diretamente pela poluição causada pela Cobrac. Ajudou a provocar, também, o desaparecimento de espécies da fauna e da flora nas cer-canias da Fábrica de Chumbo – como ficou conhecido o empreendimento pe-los santamarenses –, isso sem falar dos peixes e crustáceos que eram usados como alimento pelos pescadores.
A Fábrica de Chumbo deixou de operar em 1993, após 33 anos de ativi-dade, mas o passivo ambiental provo-cado pela empresa em associação com a incúria de alguns administradores locais fez com que Santo Amaro passas-se a ter dois epítetos: “Leal e Benemé-rita”, o oficial, e “cidade mais poluída do mundo”, o triste, mas, infelizmente real. Não vem ao caso detalhar os pre-juízos materiais e existenciais causados pelo desastre ambiental provocado pe-los metais pesados na cidade de popu-lação mestiça e que tem a alegria como uma das suas mais marcantes caracte-rísticas, mas cabe a pergunta: por que usar parte dos milhões de toneladas da escória do chumbo para “aterrar” o massapê do solo de jardins e pátios de escolas, além de ruas inteiras? Por que distribuir as mantas utilizadas como filtros dos particulados aos operários, tecidos que foram transformados em cobertores e tapetes? Mesmo com a mi-séria do lugar, não dá para explicar.
Outra coisa que não dá para expli-car é a instalação de duas fábricas de papel em duas extremidades da cidade, plantas industriais que passaram a lan-
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Da UNIC BrasilUm relatório da Organização Interna-
cional do Trabalho (OIT) lançado no dia 15 de fevereiro afirma que, em países com diferentes níveis de desenvolvimen-to, a transição para uma economia mais verde e sustentável criou milhões de pos-tos de trabalho. Nos Estados Unidos, por exemplo, o emprego em bens e serviços ambientais foi de 3,1 milhões em 2010. No Brasil, 2,9 milhões de postos de traba-lho foram registrados em áreas dedicadas à redução dos danos ambientais, no mes-mo período.
Os números em diversos países mos-tram que o argumento de que a transição para uma economia mais verde impactará negativamente o nível de emprego tem sido geralmente exagerado. “De fato, são os países em desenvolvimento que po-dem se beneficiar da criação de empregos em áreas de tecnologias limpas e energias renováveis”,afirma o estudo, intitulado “O desafio da promoção de empresas susten-táveis na América Latina e no Caribe: Uma análise regional comparativa”.
Países como México e Brasil estão liderando a adoção de medidas para li-
dar com as questões ambientais, espe-cialmente em estratégias nacionais de crescimento com baixo carbono, indica o documento.
Um estudo do Banco Mundial no Bra-sil citado pela publicação da OIT afirma que a redução, até 2030, das emissões de carbono em mais de um terço é compatí-vel com o crescimento do PIB e da eco-nomia. O estudo afirma que “o País tem grande oportunidade de mitigar e redu-zir suas emissões de carbono em setores como agricultura, energia, transporte e gestão de resíduos, sem afetar negativa-mente o crescimento econômico”.
‘Problemas endêmicos’ inibem desen-volvimento das empresas sustentáveis
A Organização recomendou aos países da região que enfrentem os “problemas endêmicos” que inibem o desenvolvi-mento das empresas sustentáveis, como os relacionados com a alta informalidade e baixa produtividade, no âmbito dos es-forços que são realizados para gerar mais e melhores empregos.
“Sem empresas sustentáveis não ha-verá trabalho decente e sem trabalho de-
De São PauloAprimorar a gestão de riscos, melhorar
as práticas de governança das companhias abertas e fornecer mais informações ao in-vestidor é o que pretendem a ABRASCA e o CDP, com a assinatura do Memorando de Entendimentos ocorrida no dia 21 de mar-ço, em São Paulo. ONG que reúne 722 inves-tidores institucionais com ativos de US$ 87 trilhões, no mundo, o CDP agora tem como patronos a Abrapp (entidade representativa dos investidores institucionais) e a Associa-ção Brasileira das Companhias Abertas.
“Estamos buscando agregar valor às empresas, especialmente quando o item
cente não haverá empresa sustentável”, advertiu a Diretora da OIT para a Améri-ca Latina e o Caribe, Elizabeth Tinoco, ao participar da apresentação do relatório na sede da União Industrial Argentina (UIA). Na apresentação, estiveram pre-sentes Daniel Fuentes de Rioja, vice-presidente da Organização Internacional de Empregadores (OIE), e Brent Wilton, Secretário-geral da OIE.
Acesse o relatório na íntegra, em espa-nhol no link:http://www.oit.org.br/sites/default/files/topic/gender/doc/empresasustent%C3%A1veis_984.pdf
Economia verde cria milhões de empregos no Brasil e no mundo, afirma estudo da OIT
ABRASCA e CDP juntos no desafio pela redução de riscos e geração de valor
Organización Internacional del Trabajo
sustentabilidade entra na discussão”, co-mentou Antonio Castro, presidente da ABRASCA, acrescentando ainda que esta geração de valor será percebida na pre-cificação das ações das companhias no longo prazo. Com isto concorda o cole-ga Fernando Figueiredo, diretor do CDP Brasil e América Latina, ao destacar que a agregação de valor se dará para toda a ca-deia, uma vez que a parceria entre as duas entidades – além da Abrapp, que já figura como patrona do CDP – contribui para a geração de valor: “Redução de custos, re-dução de riscos, perenidade, reputação e responsabilidade social são pilares essen-
ciais às organizações neste novo tempo”, sublinhou.
O CDP possui o maior banco de dados corporativos ambientais do mundo. Na Amé-rica Latina são 68 grandes companhias que respondem, espontaneamente, ao questio-nário do CDP. Destas, 52 são brasileiras e dentro de um espaço de três anos a entida-de pretende ter duplicado este número de respondentes. “É importante ver que o Brasil tem participação superior a 75% das compa-nhias na América Latina, demonstrando clara-mente a nossa liderança”, comentou Castro, acreditando que novas empresas devam ser motivadas a ampliar o banco de dados local.
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A tônica da edição 2013 do Trust Ba-rometer, estudo de confiança da Edelman, é a crise de liderança. A pesquisa realiza-da em 26 países, inclusive o Brasil, é um
bre os números Henrique Rzezinski, vice-presidente da BG Brasil; Susane Worcman, diretora do escritório da Brazil Foundation no Rio de Janeiro; Julio Bueno, Secretá-rio de Estado de Desenvolvimento Eco-nômico Energia, Indústria e Serviços do Rio e Carlos Messeder, diretor acadêmi-co da ESPM Rio.
A intensa cobertura de escândalos, aponta os gráficos, é um dos motivos de a mídia estar no topo. Os números do empresariado ficaram estáveis em relação ao ano passado e as razões para a fraca performance do governo se explica prin-cipalmente com os casos de corrupção e fraude. Nesse rastro negativo, o índice de credibilidade das ONGs foi puxado de 79% para 40%, em 2012 e este ano voltou ao seu normal. Otimista, Julio Bueno nem se abalou com esses números, para ele a crise de confiança é episódica e exclusivamente decorrente da crise econômica.
A crise de liderança
Para brasileiro, felicidade está mais associada a bem-estardo que a posse de bens, indica pesquisa do Akatu
Levantamento aponta também que entrevistados preferem as alternativas mais ligadas ao caminho da sustentabilidade do que ao do consumismo
raio-X anual da credibilidade do público in-formado em quatro instituições: governo, mídia empresas e organizações não-gover-namentais. São observados nos resultados alguns pontos: os valores de antigamente não são mais suficientes no mercado atual, houve uma reorganização da autoridade, a lacuna deixada pela diferença entre expec-tativa e desempenho pode se tornar uma grande oportunidade de negócios e, mais importante, confiança é um bem frágil e a percepção dos comportamentos vale ouro.
No Brasil, a mídia é a instituição que goza de maior credibilidade na opinião de 66% dos respondentes; seguida pelas em-presas com 64%; ONGs com 59% e na lan-terna, governo, cujo indicador de confiança não passou de 33% este ano. Essas estatís-ticas foram apresentadas em 7 de março na ESPM do Rio de Janeiro por Yacoff Sa-rkovas, CEO da Edelman Significa. Foram convidados para compartilhar análises so-
Por Christina Lima, Editora do Nós da Comunicação
“Para você, o que é felicidade?” Essa foi uma das perguntas que o Instituto Akatu fez a 800 brasileiros de todas as regiões do país no final de 2012. O resultado da
material e tempo para desfrutar a vida em companhia dos amigos e familiares, num ambiente seguro e acolhedor”, analisa He-lio Mattar, diretor-presidente do Akatu.
A tendência de valorizar o bem-estar se confirmou quando os entrevistados foram convidados a priorizar seus desejos. O re-sultado mostra que, coerentemente com sua visão sobre felicidade, os brasileiros são fortemente atraídos pelo caminho da sustentabilidade. Em cinco dos oito temas propostos (afetividade, alimentos, água, mobilidade, durabilidade, energia, resídu-os e saúde), os entrevistados preferiram as alternativas mais ligadas ao caminho da sustentabilidade do que as ligadas ao do consumismo.
Os dados sobre felicidade e desejos dos brasileiros fazem parte de uma pesquisa realizada periodicamente pelo Instituto Akatu sobre a percepção do brasileiro em relação ao seu consumo, à sustentabilida-de e à responsabilidade social das empre-sas. O relatório completo da pesquisa será divulgado em maio.
pesquisa revela que os entrevistados – in-dependentemente de fatores como classe social ou faixa etária – associam sua feli-cidade muito mais ao bem-estar físico e emocional e à convivência social do que aos aspectos financeiros e à posse de bens. A divulgação desses dados nesta semana marca o Dia Mundial do Consumidor e o aniversário de 12 anos do Akatu, ambos celebrados em 15 de março.
Quando questionados sobre o que consideram ser felicidade, dois terços dos entrevistados indicaram que estar sau-dável e/ou ter sua família saudável é um fator essencial. Para 60% do público que respondeu à pesquisa, conviver bem com a família e os amigos também os aproxima mais da felicidade. Apenas três em cada 10 brasileiros indicaram a tranquilidade finan-ceira em suas respostas.
“Segundo a nossa pesquisa, para os brasileiros, ir ao encontro da felicidade hoje não é aumentar o consumo, mas tra-balhar pela saúde e prover condições para o verdadeiro bem-viver, com suficiência
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24 PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 2013
Governo do Amazonas e Sindicato dos Jornalistas lançam Prêmio Onça-Pintada de Jornalismo
De Manaus
O Governo do Amazonas por meio da Secretaria de Estado do Meio Am-biente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), em parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJPAM) - Núcleo de Jorna-lismo Ambiental do Amazonas (Nejam) lançou, no dia 4 de março, o Prêmio On-ça-Pintada de Jornalismo. A iniciativa faz parte da programação de comemoração dos 10 anos de criação da SDS, e visa premiar trabalhos jornalísticos nas cate-gorias de Rádio, TV, Impresso, Internet, Acadêmicos de Jornalismo, Fotojorna-lismo e Reportagem Cinematográfica, desenvolvidos a partir do tema “Susten-tabilidade”. O edital está disponível no site da SDS (www.sds.am.gov.br).
O objetivo é premiar trabalhos jorna-lísticos desenvolvidos a partir do tema “Sustentabilidade”, que despertem para a importância da conservação e preser-
vação ambiental, como condi-ção para uma melhor qualidade de vida. Além disso, estimular profissionais e acadêmicos da área a inserir cada vez mais em suas pautas o tema, ampliando, dessa forma, o debate junto à sociedade.
A titular da SDS, Nádia Ferreira, ressalta a importân-cia da simbologia do prêmio e do incentivo a participação de jornalistas no debate sobre o tema sustentabilidade. “A onça tem seu simbolismo associado à forca e poder, a exemplo do jornalismo, que tem a força de mobilizar as pessoas para lidar com as noticias. Nosso objetivo é de que o tema sustentabili-dade seja uma pauta sempre presente nos noticiários, seja para denunciar, in-formar ou esclarecer, além de chamar a atenção para a espécie, que, atualmente,
se encontra ameaçada de extinção, in-serida na categoria vulnerável, ou seja, em risco elevado de extinção”, explicou Nádia Ferreira.
Em assembleia, ex-trabalhadores aceitam acordo com Shell e Basf
Bruno BocchiniRepórter da Agência Brasil
São Paulo – Os ex-trabalhadores da planta industrial da Shell de Paulínia (SP) – posteriormente comprada pela Basf – aceitaram no dia 8 de março o acordo proposto pelas empresas na Justiça para a garantia de tratamento médico, danos morais e materiais decorrentes de conta-minação com substâncias químicas.
A antiga fábrica de Paulínia, produto-ra de agrotóxicos, ficou em atividade en-tre 1974 e 2002. A indústria contaminou
o solo e as águas subterrâneas com pro-dutos químicos como o Aldrin, Endrin e Dieldrin, compostos por substâncias cancerígenas. No total, 1.068 pessoas, entre ex-trabalhadores e seus dependen-tes, processam as empresas por terem fi-cado expostas aos componentes.
“Nossos trabalhadores precisavam da garantia do tratamento médico vita-lício o mais rápido possível. Essa luta é uma vitória nossa e se estende a toda a sociedade. Mostra que não devemos baixar a cabeça às multinacionais. Essa decisão vai se tornar precedente para
a Justiça de todo o país”, disse Arlei Medeiros, diretor da Federação Nacio-nal dos Químicos, Arley Medeiros, que participou da negociação como um dos representantes dos trabalhadores.
No dia 5 de março, as empresas Basf e Shell e os trabalhadores afeta-dos chegaram a uma proposta de acor-do em audiência no Tribunal Superior do Trabalho (TST), com a participa-ção do Ministério Público do Trabalho (MPT). Ficou estabelecida prestação de saúde aos 1.068 trabalhadores en-volvidos na ação.
Nádia Ferreira
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ONU Mulheres, UNICEF e ONU-Habitat lançam aplicativo no Dia Internacional da Mulher
Por Lília Gianotti,Especial para Plurale em revista
A última sexta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, foi marcada pelo lançamento de três novas ferra-mentas de informação para acesso aos direitos das mulheres: um aplicativo para celular, tablet e computador, da ONU Mulheres, UNICEF e ONU-Habitat, que facilita o acesso de mulheres e me-ninas vitimas de violência aos serviços de apoio, o novo site da subsecretaria e do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM-RJ) e a cartilha “Uma vida sem violência é um direito das mu-lheres: em briga de marido e mulher o poder público mete a colher”.
O evento, realizado pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, por meio da Subsecretaria de Políticas para as Mulheres (SPMulheres/RJ), reuniu dezenas de representantes do movimento contou com a presença da ex-ministra Nilcea Freire, represen-tante da Fundação Ford para o Brasil, Paula Walsh, Cônsul Geral da Embaixa-da Britânica no Brasil, Luciana Phebo, coordenadora do escritório do Unicef no Rio de Janeiro, e Daniela Pinto, da ONU Mulheres, que fez a apresentação do aplicativo.
APLICATIVO: INFORMAÇÃO NA PALMA DA MÃO
Lançado pelas agências ONU Mulhe-res, UNICEF e ONU-Habitat, com apoio da Embaixada Britânica, o aplicativo foi desenvolvido para facilitar o acesso de mu-lheres e meninas vítimas de violência às in-formações e aos serviços de apoio existen-tes no âmbito da Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Qualquer pessoa que tenha um smartphone ou com-putador com acesso à internet poderá usar o aplicativo, que é gratuito, e saber mais sobre os locais de atendimentos, conhe-cendo cada um dos serviços, como e em que momento acessá-los.
“A intenção é que essa ferramenta seja usada por mulheres e meninas que, apesar de conhecerem a Lei Maria da Penha, não sabem ao certo para onde se dirigir para receber atendimento, qual
serviço procurar ou ainda onde obter mais informações sobre seus direitos”, diz Daniela Pinto, representante da ONU Mulheres no Brasil.
“Cada menina, cada mulher tem o direito de viver sem violência. Mas, quando a violência acontece, precisa-mos garantir que ela encontre o apoio e atendimento necessário para superar essa situação e se proteger para que ela não se repita”, destaca Luciana Phebo, coordenadora do escritório do Unicef no Rio de Janeiro.
“A maioria das pessoas desconhece os serviços e quais os postos mais perto de suas casas. Essa falta de informação é comum a todas as comunidades que pesquisamos (10 favelas pacificadas do Rio de Janeiro) e por isso o aplicativo poderá ser de grande utilidade pública. A ferramenta é democrática e de fácil acesso e poderá ajudar a disseminar as informações sobre serviços e direitos, a fim de garantir o atendimento seguro às vítimas de violência”, diz Rayne Fer-retti, Coordenadora de Programas do ONU-Habitat.
Para fazer o download, basta acessar o site da Subsecretaria de Políticas para as Mulheres (www.cedim.rj.gov.br) e clicar no banner do aplicativo. Outra opção é fazer o download diretamente através do link: http://216.119.149.140:8080/swomen.
SITE DE CARA NOVA
O novo site da SPMulheres e do Cedim vai reunir informações sobre a agenda de atividades dos 92 municípios e também as ações organizadas pela so-ciedade civil, representada pelo Cedim. Além de notícias e data de eventos, o site também terá artigos e publicações e uma seção de vídeos, com campanhas de combate à violência e Lei Maria da Penha, por exemplo.
CARTILHA QUE METE A COLHER
“Uma vida sem violência é um direi-to das mulheres: em briga de marido e mulher o poder público mete a colher” foi elaborada em parceria com diversas instituições, como o Tribunal de Justi-ça, a Defensoria Pública e as secretarias de Saúde e Segurança, entre outras. A publicação traz informações como a rede de serviços de atendimento à mu-lher e as instituições que fazem parte da rede especializada de atendimento à mulher.
Da esquerda para a direita — Angela Fontes, Subsecretária do Estado de Políticas para Mulheres, Daniela Pinto (Coordenadora da Área de Eliminação da Violência Contra Mulheres e Meninas da ONU-Mulheres no Brasil), Paula Walsh, (consul britânica) e Luciana Phebo, (coordenadora do escritório do UNICEF no Rio de Janeiro)
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Amazônia
Mais de 50 psitacídeos – papagaios, periquitos, jandaias e araras - e um gavião real estão tem-porariamente alojados
em viveiros dentro da selva, sob os cuidados dos administradores do Ho-tel Ariaú, em Iranduba (AM). Trata-se de uma parceria com o ICM Bio e o IBAMA, que encaminham para lá aves apreendidas pelo Brasil afora. São ape-nas alguns dos 38 milhões de animais retirados anualmente da natureza, considerando-se apenas o tráfico de animais silvestres. “Periodicamente, técnicos especializados vêm até aqui para verificar se os ambientes estão adequados – metragem, bebedouros, comedouros”, informa o gerente geral do Hotel, Silfran Bello.
As aves costumam chegar lá em pés-simas condições físicas. Recebem alimen-tação orientada pelo IBAMA – frutas, se-mentes, grãos – até que se recuperem e possam voltar para seu habitat natural, a selva. A área de soltura está demarcada e pode ser frequentada pelos hóspedes que usufruem das caminhadas pelas passarelas erguidas sobre estacas à meia altura das copas das árvores.
Já o gavião real é mantido isolado em seu viveiro todo encoberto para que não se acostume com aquele ambiente, onde recebe cuidados e alimentação. “Ele está aqui há quatro meses; no começo, era alimentado com iscas de peixe e carne, mas agora já recebe presas vivas, como coelhos, de acordo com sua dieta”, expli-ca o gerente Bello. Recuperado, ele será transportado numa caixa para o seu ha-
Texto e fotos: Nícia Ribas, de Plurale em revista
De Iranduba (AM)
Hotel Ariaú atrai turistas com proposta de apresentar a Amazônia como ela realmente é
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bitat. Se permanecesse na área do Hotel, poderia comer, por exemplo, os macacos que circulam livremente por lá, e assustar os hóspedes. Segundo o gerente Bello, há mais dois projetos a serem iniciados em breve: répteis (cobras, jacarés, lagartos) e quelônios (tartarugas, cágados e jabutis).
No fim do ano passado, o IBAMA lan-çou a publicação Esforços para o com-bate ao tráfico de animais silvestres no Brasil, um estudo de Guilherme Fernan-do Gomes Destro, Tatiana Lucena Pimen-tel, Raquel Monti Sabaini, Roberto Cabral Borges e Raquel Barreto. O tráfico de ani-mais silvestres preocupa autoridades das instituições de preservação da natureza em todo o mundo. No Brasil, traz problemas de ordem social e econômica, uma vez que movimenta altos recursos financeiros. No estudo, foram analisados dados armazena-dos no Sistema de Cadastramento, Arre-cadação e Fiscalização (Sicaf), gerenciado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Iba-ma), entre 2005 e 2010.
ARIAÚ, ÚNICO HÁ 20 ANOS
A pouco mais de uma hora (de lancha) de Manaus, o Hotel de Selva Ariaú Amazon Towers já tem 20 anos, mas continua sen-do único na sua concepção arquitetônica. Todo construído sobre estacas de madeira e concreto, em área alagada na margem di-reita do rio Negro, as torres com apartamen-tos e os chalés à altura da copa das árvores, estão bem integrados com a floresta e com toda a vida selvagem da Amazônia. Não se pode comer nada ao ar livre sem que maca-quinhos tentem roubar os petiscos. As ara-ras voam aos pares na sua janela e ao olhar para baixo, pode-se avistar um baita jacaré à espera de almoço. Os botos cor-de-rosa e muitos outros animais da nossa fauna tam-bém estão por lá para encantar turistas que chegam do asfalto.
Tal paisagem tem servido de cená-rio para filmes, como Anaconda, e para realities shows, como Survivor, da TV americana e La Selva de los Famosos da TV espanhola.
Estão incluídas na diária as excur-sões para visitar uma casa de ribeiri-nhos, caminhada na selva, pesca da piranha e observação de animais de hábitos noturnos, como o jacaré. Neste programa, um garoto ribeirinho cap-tura um filhote de jacaré na beira do rio e o traz para dentro da embarcação, onde o animal é acariciado e fotogra-
O caminho até o hotel, que fica a um pouco mais de uma hora de Manaus, é feito de lancha.
Garoto ribeirinho captura um filhote de jacaré no Rio Negro. O animal é acariciado e fotografado e devolvido ao rio.
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fado, para em seguida ser devolvido ao rio. A interação com botos cor-de-rosa, o ritual indígena, e o sobrevoo panorâmico são op-cionais oferecidos pelo Hotel. “Toda feita sob orientação de biólogos, nossa interação com botos cor de rosa é a única ecologicamente correta”, garante o guia Miranda.
Na área do Ariaú, o respeito ao meio am-biente é louvado e incentivado, seja no orqui-dário, no aquário ou no pequeno museu, que guarda objetos do cotidiano da vida dos ribei-rinhos, incluindo uma choupana de palha e uma canoa. Está lá a prova de que o homem precisa de muito pouco para viver bem sobre sua Terra.
Todo construído sobre estacas de madeira e concreto, em área alagada na margem direita do Rio Negro, as torres com apartamentos e os chalés à altura da copa das árvores, estão bem integrados com a floresta e com toda a vida selvagem da Amazônia.
Preservação
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O homem vivendo em harmonia com a natureza: o respeito ao meio ambiente é louvado e incentivado no local.
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Ironicamente, água a perder de vista nos rios do Amazonas não é garan-tia de abastecimento com qualidade nas torneiras de 100% da população. A situação é mais crítica para quem
vive em áreas de difícil acesso, onde a falta desse serviço essencial ao bem-estar humano está diretamente relacionada à exclusão elétrica, outra carência crônica que afeta grande parte das comunidades isoladas da Amazônia. Dependentes de geradores a óleo diesel, combustível que além de poluente chega bem mais caro à região, famílias ribeirinhas não têm como bombear água 24 horas por dia a partir desses equipamentos. Para fazer frente a essa realidade insustentável, moradores das Reservas de Desenvolvimento Sus-tentável Mamirauá e Amanã, a cerca de 600 Km de Manaus, estão experimentan-do sistemas de bombeamento movidos à energia solar, outro recurso natural abundante e subaproveitado.
A tecnologia social que transforma energia solar em energia elétrica já garan-te o bombeamento de água para cerca de mil moradores de 13 comunidades ribei-rinhas das duas Reservas. Os sistemas com base nessa fonte alternativa, viável praticamente o ano inteiro na região, funcionam a partir de painéis instalados em bases flutuantes de madeira. Depois
de acionados, abastecem os reservató-rios comunitários com água que passa por pré-tratamento, antes de ser distribu-ída às famílias. As iniciativas são parte do Programa Qualidade de Vida do Instituto Mamirauá, organização sediada no Ama-zonas, com forte atuação em pesquisas de proteção da natureza e implementa-ção de projetos de desenvolvimento so-cioambiental.
Segundo Helder Queiroz, diretor geral do Instituto Mamirauá, dos 13 sistemas im-plementados nas duas Reservas, dois têm apoio do Programa Energias Limpas, lidera-do pelo Instituto de Desenvolvimento Sus-tentável e Energias Renováveis (Ider), com financiamento da Agência dos Estados Uni-dos para o Desenvolvimento Internacional no Brasil (USAID/Brasil). Outros três resul-tam de parceria com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e a maioria tem recurso financeiro advindo do contrato de gestão estabelecido com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
“Para 2013 estão previstas instalações de mais dois sistemas, além de ações de educação em saúde que têm papel fun-damental na melhoria das condições de vida da população e na sustentabilidade da tecnologia”, adianta Queiroz.
Em busca de solução para outro pro-blema enfrentado pela população ribei-
rinha, a falta de coleta e tratamento de esgoto doméstico, o que leva à contami-nação da água dos rios e à transmissão de doenças de veiculação hídrica, Queiroz adiantou outra novidade: “Em 2014, pre-tendemos implementar, em duas comu-nidades que já possuem sistema de água, modelos de fossas para destinação ade-quada de dejetos humanos em ambiente de várzea. Esses modelos já estão sendo estudados e durante o ano de 2013 fi-carão em fase de experimentação por duas famílias, acompanhadas pela equipe técnica do Programa Qualidade de Vida e por uma pesquisadora em Engenharia Ambiental”. Análises socioeconômicas e de desenvolvimento humano serão gera-das por meio dessa iniciativa.
SOLUÇÃO PARA VELHOS DILEMAS
A Vila Alencar, no município de Uari-ni, médio Solimões, é uma das localida-des da Reserva Mamirauá beneficiadas pelo sistema de bombeamento de água movido à energia solar. Lá moram 25 famílias (131 moradores) que comemo-raram a novidade instalada no final de 2012 para a solução de um velho dilema. Embora haja grande oferta nos arredo-res das casas quando a região de várzea está inundada, em época de pico da seca
Texto: Elizabeth Oliveira, Especial para Plurale em revistaDa Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (AM)
Tecnologia Social
(entre setembro e outubro) são neces-sárias longas caminhadas em busca de água para beber, cozinhar e cuidar dos serviços domésticos.
As várzeas são ecossistemas fortemen-te influenciados pela sazonalidade de chu-vas na região amazônica que provocam desde a cheia de rios de até 12 metros acima de seus níveis normais, até as fases de forte estiagem, quando a oferta de água fica muito reduzida.
A forte ligação das populações ribei-rinhas com os rios que passam perto de suas casas é mencionada por Ednelza Martins da Silva, uma das moradoras da Vila Alencar que agora tem água encanada em casa diariamente e não precisa mais abastecer os toneis às custas de muito desgaste físico. Embora os moradores te-nham se adaptado às dificuldades locais, ela ressalta que buscar água sob o sol a pino não é tarefa que qualquer pessoa su-porte com facilidade, mesmo para quem cresceu enfrentando esse tipo de desafio diário que pode deixar sequelas: “Desde criança comecei a carregar água na cabeça e acho que esse é um dos motivos de ter chegado aos 40 anos com dificuldade para crescimento dos cabelos”, afirma.
A cada período do ano nas várzeas amazônicas, há um tipo de dificuldade verificada na vida dos moradores. O pes-cador Arissônio Carvalho e sua mulher, Liziane Carvalho, contam que além do esforço físico para trazer água de longe, na época de seca, quando são reduzidas as melhores condições de navegabilidade nas comunidades, é preciso encostar as canoas e fazer o transporte de compras de alimentos, botijões de gás e galões de combustível a partir de longas caminha-das floresta adentro.
“Mas nem tudo é perfeito quando a várzea está alagada. A gente se movimen-ta melhor, tem mais peixe por perto e ou-tras vantagens, mas muitas vezes a água sobe tanto que a gente morre de medo de cobras, jacarés e outros bichos entra-rem em casa”, diz o pescador. “A gente também tem medo das crianças se afoga-rem nos banhos de rio. É um estresse”, pondera a mulher dele. Ambos comemo-ram a inovação tecnológica (a custo zero para as famílias) que facilitou a chegada de água às torneiras da casa onde vivem com três filhos menores e esperam por melhoria da qualidade de vida a partir dessa mudança na localidade.
Fotos de Eunice Venturi e Elizabeth Oliveira
Bombeamento de água com energia solar
Crianças brincam com a água bombeada
Caixa em casa da comunidade da Vila Alencar
Por Elizabeth Oliveira
TECNOLOGIA SOCIAL PREMIADA
Com o Programa Qualidade de Vida, o Instituto Mamirauá venceu o Prêmio Finep de Inovação 2012 na categoria Tecnolo-gias Sociais da Região Norte e, em seguida, ganhou em nível nacional. Além de repre-sentar um importante reconhecimento pelo alcance socioambiental da iniciativa, escolhida entre 88 projetos, a visibilidade garantida pelas premiações está potencial-izando novas parcerias, segundo informa a coordenadora do Programa, Dávila Cor-rêa, na entrevista a seguir.
Plurale. Qual a maior importância socioambiental do projeto de bom-beamento de água por energia solar?
Dávila Corrêa. “O sistema em comu-nidades de várzea da Amazônia contribui para promover a melhoria das condições sociais com ênfase na saúde comunitária,
a partir dos suportes de saneamento, além de garantir o acesso ao consumo seguro de água num ecossistema com grande variação anual do nível dos rios. O uso de energia solar no bombeamento também evita o consumo de óleo diesel que tem alto custo e é muito poluente”.
Que fatores têm contribuído para o sucesso da iniciativa?
“Em todo o processo de implemen-tação da tecnologia foi, e continua sendo importante, a parceria e colaboração da população local em relação à sustentabil-idade operacional e, sobretudo, ao con-hecimento do ecossistema de várzea”.
Qual a relevância da premiação para o Instituto Mamirauá?
“O Instituto Mamirauá objetiva desen-volver pesquisas sobre o uso sustentável dos recursos naturais para a conservação e preservação das florestas inundadas, integradas com estudos e implementa-ção de tecnologias de caráter social com enfoque em educação, saúde, energia
e saneamento. Nesse sentido, o recon-hecimento regional e a premiação nacio-nal significam que estamos contribuindo para a promoção do desenvolvimento social em comunidades de várzea.”
A visibilidade alcançada pela pre-miação pode atrair novas parcerias ou permitir ampliar a iniciativa?
“Pretendemos ampliar nossas parce-rias com as prefeituras dos municípios de Alvarães, Uarini, Fonte Boa e Maraã, envolvendo técnicos dos setores de in-fraestrutura e saneamento, garantindo as-sim a transmissão do conhecimento para outros órgãos locais. Após as eleições de 2012, alguns prefeitos eleitos fizeram contato conosco para trabalharmos jun-tos nos próximos anos. Com o recurso adquirido nas duas fases da premiação, vamos desdobrar nossos estudos para a construção de indicadores de acesso à água tratada, bem como de melhoria das condições de saúde e de desempenho do sistema.”
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Brasília - O ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, Presidenta Dilma Rousseff, o presidente da Finep, Glauco Arbix, e a premiada Dávila Suelen de Souza, do Instituto Mamirauá, durante cerimônia de entrega do Prêmio Finep de Inovação 2012
Tecnologia Social
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É verão no Rio de Janeiro, os ter-mômetros marcam em torno dos 38º. Mas a chegada de uma frente fria começa a mudar o cenário, trazendo nuvens car-
regadas: promessa de chuva rápida, típica da estação. Téo Cordeiro, no terraço de seu apartamento em Olaria, Zona Norte da ci-dade, observa o céu e registra a chegada da chuva com sua Nikon FM2.
Permacultor, Cordeiro é um dos in-tegrantes do Instituto PermaRio, criado para difundir conhecimentos sobre como aproveitar melhor os recursos naturais existentes e formas corretas de descar-tar resíduos, por exemplo. Ele conta que quando chove fica no terraço observando a chuva cair e se acumular nas duas bom-bonas, de 200 e de 120 litros, instaladas para captação da água.
“Dá um certo desespero de ver a água indo pelo ralo e eu não conseguir usar”, diz
o permacultor, explicando que o volume é tão grande que daria para encher uns cinco recipientes de 200 litros, mas que não tem como colocar mais peso no espaço de 30 m2, também repleto de vasos de hortal-iças, frutas e flores. Segundo Téo Cordeiro, a água que consegue captar é utilizada em quase tudo no apartamento onde mora com a esposa Danielle Costa: na limpeza, no vaso sanitário, para lavar roupa, para ir-rigação e até para tomar banho.
Para ele, uma alternativa ao mau uso que se faz habitualmente dos recursos hídricos disponíveis: “O consumo e o planejamento das cidades é, historicamente, pelo menos falando sobre o Brasil, de muito desperdí-cio, ou seja, essa coisa que é a estrutura do apartamento, que é o símbolo da grande cidade, é uma estrutura que trata a água de uma maneira completamente irracional”.
Com a proximidade da chegada de seu primeiro filho, Téo considera que a água é
de fato o principal problema a ser resolvido nas grandes cidades, por esta e pelas próxi-mas gerações, por causa do aumento da demanda e das poucas fontes de recurso.
No mundo, “acho que até 2005 ou 2006 a gente tinha a maior concentração das pessoas ainda vivendo em área rural. No Brasil, já superamos esta porcentagem desde a década de 60, mas no mundo isso só inverteu recentemente. Vamos ter aí um padrão de crescimento para os grandes centros urbanos acelerado nos próximos anos, principalmente nos países que estão se industrializando de uma maneira muito rápida, como a China e a Índia”.
Ele aponta um momento histórico da cidade do Rio de Janeiro como símbolo da necessidade de repensar o uso do recurso hídrico. A cidade enfrentou falta de água do início até meados do século XIX, pois as várias fontes oriundas da Flo-resta da Tijuca foram secando, devido ao desmatamento desordenado, que vinha dando espaço ao cafezal.
Foi a necessidade de água que fez Dom Pedro II ordenar a saída dos produ-tores do local e o reflorestamento da região. Porém também é “desde esta época que a nossa grande fonte de água é o Rio Guandu. A gente está completa-mente dependente. Qualquer poluição ou estiagem, o fornecimento de água fica prejudicado”, alerta.
Para o permacultor é preciso pensar em duas ações: economizar e achar no-vas fontes de recurso. Estudos apontam que cerca de 33% da água gasta em uma residência vai, literalmente, pelo ralo. Quer dizer que todo este volume vai parar no vaso sanitário. “E para a descarga você não precisa ter uma água que passa por todo o processo de filtração. Você pode-ria muito bem reaproveitar para fazer esse uso. É uma questão básica”.
Téo destaca que outro grande con-sumo da água ocorre durante o banho, também em torno de 30%. Por isso é pre-ciso economizar, diminuindo o tempo embaixo do chuveiro e fechando o reg-istro quando estiver ensaboando e pas-sando shampoo ou creme. Já a limpeza representa 20% do total do uso. Por isso, se a água da torneira fosse substituída pela água da chuva na descarga e na lim-peza pelo menos, isso já representaria uma economia de 50% para o bolso.
Como a instalação do sistema de captação de água de chuva também pode ser muito simples e barata, é para Cord-
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Minicisternas como forma sustentável de reutilização da água da chuva
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Texto: Janaína Salles, Especial para Plurale em revistaFotos: Thaís Rocha
eiro a alternativa mais viável de fonte de água, principalmente para quem mora em casa, cobertura ou tem acesso ao terraço de um prédio. “Tem gente que utiliza cisterna mesmo, de 15 mil litros, é um tipo de captação”.
Em sua casa ele instalou a Minicis-terna para residência urbana, criada por Edison Urbano, ex-técnico de eletrônica que, por necessidade de economizar, foi buscar soluções, criando diversos sistemas sustentáveis.
Há três elementos do sistema criado por Edison que tornam o processo mais completo e que não têm em outras captações: filtro para separar a sujeira da água, um cano para separar a água limpa da água suja e outro cano que funciona como redutor de turbulência.
A minicisterna funciona da seguinte maneira: são instaladas calhas no tel-hado para captação da chuva. A água então desce pelo cano ligado à calha e passa pelo primeiro processo de fil-tragem: um filtro produzido com tela de mosqueteiro, autolimpante e com espaço para saída de sujeiras grossas, como folhas, pedras.
A água então entra em duas tubulações. A primeira, na vertical e instalada fora da bombona, armazena e possibilita a elimi-nação apenas dos primeiros 10 minutos de chuva, pois pesquisas mostraram que a água limpa a atmosfera, as impurezas do ar, fazendo com que esta chuva inicial seja mais suja. Quando este cano enche a água passa a entrar no recipiente pela outra tubulação, ligada à bombona (conforme gráfico).
No fundo do recipiente é colocado um cano que funciona como redutor de turbu-
lência, para a água, ao entrar, não “reme-xer” a que já está armazenada, levantando alguma impureza ou detrito acumulado no fundo. Há ainda uma quarta tubulação para saída do líquido em excesso e um buraco pequeno feito para se verificar a quantidade e qualidade da água e para colocar cloro or-gânico quando for necessário tratá-la.
Urbano explica que para fazer tudo isso é necessário pouco material: calha, canos de PVC, cola de PVC, torneira, bombona e tela de mosqueteiro. Os gastos com tudo ficam em torno de uns R$ 300, preço de um dos filtros se for comprado em loja.
“Eu tenho esse foco do faça você mesmo. Não uso nada sofistica-do. Além disso, tudo o que eu faço, tem um lado de educação”, resume Edison, que disponibiliza gratuita-mente tem todos os manuais de sis-temas criados por ele em seu site www.sempresustentavel.com.br.
“Hoje eu sou uma pessoa completa-mente diferente de 15 anos atrás. Com muito respeito, com muita economia e o cuidado para não sujar a água. O proble-ma do planeta não é a falta de água, é a sujeira. O que está se esgotando é a água limpa, potável. Muito mais importante que a economia é cuidar da água, dos manan-ciais. Isso que está se matando”, alerta.
Essa e outras ideias ele faz questão de passar adiante. Por isso coloca todas as informações em seu site e promove cursos, workshops pelo país. “É só me chamarem. O importante é disseminar os projetos e criar multiplicadores, como o Téo, que fez o curso comigo, colocou o sistema em sua casa e hoje ensina outras pessoas”.
Quem também quiser informa-ções sobre os cursos oferecidos pelo PermaRio pode acessar o site: www.permario.org
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das Nações Unidas sobre Combate à De-sertificação (UNCCD) e a Organização da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO) realizaram Reunião de Alto Nível sobre Política Nacional de Secas. O en-contro teve a participação de ministros e chefes de Estado com o objetivo de indu-zir as nações a adotar até 2020 uma agen-da permanente para lidar com as secas, de modo diferente da atitude improvisa-da das medidas de emergência.
O Plano Nacional de Segurança Hí-drica, a ser elaborado até 2014 pelo Ministério da Integração Nacional e
Seca agora é problema de Primeiro MundoONU discute em Genebra escassez hídrica nos EUA, Espanha, Austrália, México e Brasil
A seca, que era tradicionalmente um problema do semiárido nordestino ou da África, agora atinge os países desenvolvi-dos. Causou a quebra da safra do milho nos Estados Unidos. Ondas de calor com queimadas e escassez hídrica afligiram a Austrália. Prejuízos da seca impactaram a Espanha e México. Todos estes países – e inclusive o Ceará – são objeto de estudo comparativo do Banco Mundial.
Agora é um problema do Primeiro Mun-do. Por coincidência, este ano, nos dias 11 a 15 de março, em Genebra, a Organiza-ção Meteorológica Mundial, Convenção
Texto e fotos: Flamínio Araripe, Especial para Plurale em revistaDe Fortaleza (CE)
O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no Ceará em 2012 caiu de R$ 6,5 bilhões para R$ 600 milhões em conse-quência da seca que assolou o
Nordeste, considerada a maior dos últimos 40 anos. A estação de chuvas nesta região em 2013, prevê a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), será 40% abaixo da média histórica.
O prognóstico de continuidade da seca ampliará o número de carros-pipas nas estradas no interior dos sertões nor-destinos e em algumas cidades onde as fontes hídricas se esgotaram. As invasões de agricultores famintos, cena comum até meados da década de 90 nas feiras e mercados de cidades nordestinas na seca, hoje é contida pelos programas de transferência de renda e bolsas de com-pensação pela estiagem e seguro por perda da safra.
Mas o gado não escapa. A Federação da Agricultura do Ceará estima de 100 mil cabeças as perdas do rebanho bovino no estado. A agricultura de subsistência que depende de chuvas não teve colheita. A água, que já é um bem escasso na região, até para beber se tornou mais difícil.
Desertificação
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201336
Agência Nacional de Águas (ANA) é um passo no sentido da adoção de uma vi-são sistêmica do que fazer com relação ao convívio com as secas. O quadro de mudanças climáticas com redução das chuvas desafia a uma política de seca permanente, sem improvisos.
A necessidade de obras que propor-cionam segurança hídrica é um consenso no processo civilizatório, na manutenção do homem no espaço geográfico. A cons-tatação é universal. Na maior região se-miárida habitada do planeta, o Nordeste brasileiro, esta máxima é confirmada. A região precisa de barragens, adutoras e perímetros irrigados para garantir a sus-tentabilidade e permitir avanços no pro-cesso de desenvolvimento.
Há muitos vazios hídricos a serem pre-enchidos e vulnerabilidades. O Departa-mento Nacional de Obras Contra as Secas – Dnocs - ao longo de 103 anos de atua-ção construiu 327 barragens nos estados nordestinos, 37 perímetros de irrigação e tornou perenes mais de 4 mil km de rios intermitentes, de modo a evitar o êxodo rural nestas regiões.
A conclusão do primeiro trecho das obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias do Nordeste Se-tentrional (Pisf), que vai da captação em Cabrobró, em Pernambuco, a Jati, no Cea-rá, está prevista para o final de 2014, con-forme anuncia o secretário de Infraestru-tura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, Francisco Teixeira. A conclusão dos dois eixos que vão levar água aos es-tados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, é anunciada para 2015 numa visão otimista - ou 2016.
Moradores do sertão do Pernambuco, no interior de outros municípios do estado além dos que margeiam o Rio São Francis-co, sem sair de casa, já bebem desta fonte
para matar a sede. Neste caso, a água do Velho Chico não chega através do carro-pipa. O abastecimento é assegurado em vazão regular com a tecnologia das adutoras, por meio bombas de capta-ção, tubulações de aço, estações elevató-rias, tanques de amortecimento e válvulas de descarga para estações de tratamento que entregam a água potável em sedes de municípios e distritos.
A água das torneiras dos 80 mil habi-tantes de Serra Talhada, em Pernambuco, veio do rio São Francisco, transportada através da adutora do Pajeú no trecho de 112 Km concluído pelo Dnocs, que no dia 6 de fevereiro tirou o município do colap-so no abastecimento. A água vence distân-cias de até 724 Km da captação no rio São Francisco, é bombeada através de serras com até 850 metros de altitude acima do nível do mar, para hidratar o sertanejo.
A obra, que faz parte da fase executada da I Etapa da adutora, foi festejada na ci-dade. A solenidade de entrega, que teria a presença da Presidenta Dilma Rousseff, foi anunciada para o dia 18 de fevereiro. Mas teve de ser adiada por motivos atri-buídos aos humores políticos, com base na interpretação dos movimentos do Go-vernador do Estado, Eduardo Campos, hoje aliado do governo, no tabuleiro da sucessão presidencial.
A água do rio São Francisco é transpor-tada numa vazão de mais de 100 metros cúbicos por segundo, desde a captação no lago Itaparica, no município de Floresta, onde abastece o distrito de Nazaré do Pico, até a estação de tratamento da Companhia
de Água e Esgotos do estado, a Compesa, em Serra Talhada. A adutora opera com duas bombas que impulsionam a água através de tubulações de 600 mm de ferro fundido, numa extensão que inclui quatro elevatórias das seis previstas da I Etapa da obra, que chegará ao município de Afoga-dos de Ingazeira, no total de 197 Km.
O coordenador de Obras da diretoria de Infraestrutura Hídrica do Dnocs, Glau-co Mendes, informou que a água do rio São Francisco chegou às torneiras da po-pulação de Serra Talhada no prazo dado ao Ministério da Integração Nacional. O engenheiro-chefe da Comissão Fiscal da obra pelo órgão, Roberto Sérgio Limeira, relata que primeiro foi providenciada a interligação de um açude pequeno por meio da adutora do Saco para abastecer Serra Talhada enquanto não chegava a água da adutora do Pajeú.
Todavia, a qualidade da água do açude era barrenta e foi um alívio para a popu-lação quando chegou a do São Francisco, pois o manancial próximo está exaurido. “O quadro do abastecimento de água em Serra Talhada estava no limite do limite”, disse Limeira, ao comemorar a conclusão da fase da obra da adutora do Pajeú que classificou de “grande conquista”.
Também é captada no Rio São Fran-cisco, em Orocó, no Pernambuco, a água da Adutora do Oeste, que percorre 724 Km em tubulação com vazão de 483 li-tros por segundo e atende a 43 municí-pios pernambucanos e seis do Piauí, uma população de 724 mil habitantes. A infra-estrutura foi construída pelo Dnocs, do-tada de tubulações com diâmetro de 700 a 75 mm pelo qual a água é bombeada por seis estações elevatórias e duas su-bestações. Na Bahia, opera a adutora do Algodão, construída pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Fran-cisco e Parnaíba (Codevasf) que leva água do rio São Francisco através 279,5 km de tubulação para oito municípios do sertão baiano.
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Serra Talhada (PE)
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201338
Rio Itamambuca passa de qualidade ruim para regular
Qualidade
O Rio Itamambuca melhorou seu status, de ruim em 2010 e 2011 para regular em 2012, conforme dados da CETESB. A balneabilidade própria ou
imprópria leva em consideração diversos fatores. As Estações de Tratamento - ETE, quando instaladas, resolvem em larga escala a questão da balneabilidade, no entanto fontes difusas (descarga inade-quada de resíduos, descarga inadequada de efluentes, animais defecando a beira dos cursos d’água, chuvas frequentes e intensas e etc.) também contribuem para a manutenção desta impropriedade.
No Litoral Norte de São Paulo, a maio-ria das praias monitoradas tiveram status de melhora, principalmente entre 2011 e 2012, fato este diretamente ligado aos investimentos em coleta e tratamento de
Por Lenina Mariano, Especial para Plurale em revistaDe Ubatuba (SP)
esgoto, realizado pelo Governo do Estado por meio do Programa Onda Limpa (SA-BESP), mas isto não ocorreu para Itamam-buca, no entanto outras ações de combate à poluição difusa foram feitas. Vale lembrar as ações de controle da utilização irregular na foz do Rio Itamambuca como “banhei-ros” para turistas de um dia, fechamento por parte dos órgãos ambientais de um Haras que estava localizado próximo ao rio, adequação dos resíduos sólidos em contêineres no Recanto da Vila, controle dos animais na praia, gestão junto à comu-nidade do Sertão da Casanga para adequa-ção de seus sistemas e/ou interrupção da descarga direta aos cursos d’água afluen-tes do Rio Itamambuca, enfim várias ações pontuais que, somadas, refletem esta me-lhora. Ainda, de acordo com os relatórios anuais da CETESB, a redução das semanas
com bandeira vermelha vem sendo gra-dativa ao longo dos últimos quatro anos. “Não é o ideal, mas já é o começo e temos de continuar com os trabalhos”, afirma Marcio José dos Santos, coordenador do PGA – Programa de Gestão Ambiental de Itamambuca.
GESTÃO AMBIENTAL
Vale lembrar ainda dos projetos pon-tuais articulados pelo PGA, com o apoio integral das associações de bairro: SAI – Associação Amigos de Itamambuca, Sami-ta – Associação de Amigos e Moradores de Itamambuca, Morro do Tiagão, Sertão de Itamambuca, Correias Mercúrio, Ranário e Asa Branca. Os projetos que foram e estão sendo realizados na bacia de Itamambuca, tais como: Projeto do Lixo Zero, Teatro na Areia, Educomunicação, Dia Mundial de
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Limpeza de Rios e Praias, Dia do Meio Ambiente, Limpeza diária da areia da praia, Pente Fino mensal de coleta de resíduos sólidos e orgânicos nas ruas, avenida e áreas verdes do loteamento, implantação da Estação de Reciclados, dentre outros. De certa forma todas estas ações contribuem direta e indiretamente para a promoção da educação ambiental, tanto para os moradores fixos como para os visitantes, fato este que leva à redução de fontes difusas de poluição, que pode-riam vir a impactar o Rio Itamambuca e seus afluentes.
AÇÕES FUTURAS
Além da continuidade dos projetos e ações mencionados acima, o PGA con-tando com o apoio das associações que o compõem, vai realizar já para o ano de 2013 um diagnóstico geral da bacia enfati-zando cinco principais linhas de atuação: Uso e Ocupação do Solo, Vegetação, Re-cursos Hídricos, Sistema de Informações Geográficas e Gestão Participativa. Este projeto servirá de subsídio para tomada de decisão em nossas próximas ações e, com certeza propiciará a elaboração de
projetos pontuais com vistas à adequação ambiental, social e econômica da bacia como um todo. Além disso, o PGA arti-culará com a nova gestão municipal para implementar a regularização fundiária nos bairros da bacia de acordo com a Lei Federal 11.977 de 07 de julho de 2009, o que permitirá a implantação de infraes-
trutura de saneamento e demais serviços públicos. A prioridade do conselho PGA estará focada na implantação das medi-das acordadas elencadas em seu Termo de Referência e Protocolo de Intenções. Para saber mais: http://pgaitamambuca.blogspot.com.br e www.itamambu-ca.org.br. (Fonte: arquivo PGA)
Imagem satélite Rio Itamambuca mostra a atual situação. “Não é o ideal, mas já é o começo e temos de continuar com os trabalhos”, afirma Márcio José dos Santos, coordenador do PGA – Programa de Gestão Ambiental de Itamambuca.
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201340
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PoPoPoPor r RaRaququele RRRibibbeieirroo
ChChuvuva,a córrrrereeeeegogo,, rio, cccccooro redeeiriri a, cacho-
eirara, lalagoo, naascsccentes.... áááágugug aa, muiuuu ta água! A
rereegigiãoão ddee VViscscoondededee dddeeee MaMMauá ((RJR ), encra-
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ágágá uau s pupurarass e crcristalinaass susuua a mamm ior riqueza
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geger a mmam iss bbelela a ccac choeirra:a:a nna Santa Clara o
ririoo escocoorrrrrrr e e peelalaa imponenentetee pppedra cercada
dede matata;a nno o SaSanntuário dededeesslizza macio, for-rr
mamando cachchoeoeirinhas; nasas AAntn as cai de su-
pepetão e enche uma piscss inna a natural; na Prata
foforma uma plácida a lagogogogoaa; na Saudade cria
rerecantososss como oo mámámámágigigig coccco Oratóriio...
Nesssssssse eee reeereino dadas ágáguauasss oo RiRioo PrPretettto ooo
gogogogovevevevernrnr aa, maja estososo:: naascsceee nono mmacacacciçiço o deded
ItItatiaiaia, , a a mamaisis dde e 262600000 mmmetetroroos s dedede aaltltititududde,e,e,e
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Cachoeira das Antas
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Pesca
Em Porto Belo,
três gerações de pescadores
Texto e fotos: Nícia Ribas,
de Plurale em revista
De Porto Belo (SC)
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201342
“Se o tempo tá bom, não tem feriado”, diz o caiçara Ma-noel Zacarias da Silva Filho,
o popular Leco, 60 anos, pescador de Porto Belo (SC) . No mar desde os 10 anos, quando acom-panhava o pai na pesca de espinhel, pegando corvina e cação, Leco sentiu bem de perto a influência do progresso na pesca artesanal: “Já foi melhor; agora a claridade da luz elétrica nas praias atrapa-lha a pesca noturna”. Por outro lado, admite que o telefone celular veio contribuir muito para a seguran-ça do pescador.
De dezembro a fevereiro, o cotidia-no do pescador portobelense é muito diferente do resto do ano por causa do intenso turismo. Além das hordas de argentinos, que chegam de carro e ônibus, transatlânticos do mundo todo valem-se das belezas do porto natural para encantar seus passageiros.
Leco faz parte da Associação dos Pescadores do Trapiche de Porto Belo, que organiza pescarias e pas-seios de barco até a Ilha João Cunha e as praias próximas, como o Caixa d`Aço e o Estaleiro. “Antes era uma bagunça, um querendo passar na frente do outro; agora, chega no final do dia, todos recebem o pagamento igual”, diz ele, exibindo a carteira da Associação e a licença da Capitania dos Portos de Itajaí, válida para os três meses de temporada.
espera os pescadores amado-res de badejo, robalo, peixe
galo e garopeta, que usam como isca o camarão vivo, vendido a R$ 50,00 a porção com 80 a 100 camarões. Os clien-tes mais antigos já buscam suas porções diretamente no vivei-ro preso no barco do pescador. Em seguida,
Leco troca de barco e parte para os passeios
turísticos, a R$ 15,00 por pessoa, sob a coordenação
da Associação. Pesca boa mesmo só no
inverno. Em maio, já começam a chegar as tainhas e em seguida, as
enchovas, até agosto. Esse período também é bom para pescar cama-rão sete barbas, muito valorizado no mercado. Seus clientes são as peixa-rias das redondezas, fora as vendas no varejo, que são poucas.
Entre as lembranças do tempo em que trabalhava embarcado em alto mar, Leco destaca um toró que enfrentou perto de Torres, no Rio Grande do Sul: “No saragaço grande, a gente fecha a maloca e espera pas-sar, rezando pra não virar”. Em Tor-res, o barco pesqueiro, com 12 pes-cadores, estava carregado de peixe, muito pesado, difícil virar. Mesmo assim, o pavor se instala: “A gente chora e a mãe não vê.”
Reunidos diariamente na Praça dos Pescadores, que existe há 62 anos, profissionais como Leco, Fer-rugem, Lelo, Nene, Éinho e Dandão
Seu dia começa às 2h30 da manhã, quando sai para o mar, com o barco de pesca para pegar camarão no arrastão. Quando volta à praia, já encontra à sua
assim mesmo, com fortes emoções. Pelo mar, trabalhando, Leco já conhe-ceu o Rio de Janeiro, Santos, Vitória, São Francisco e Rio Grande: “A gente descarregava nos portos e saia para co-nhecer a cidade”.
“Hoje está mais tranquilo”, conclui Leco, quando lembra da vida passada no mar, em busca do sustento da família. Mas não pensa em parar. Com o rosto marcado pelo sol, ele sorri para a câmera, realizado e feliz. Está pronto para mais um dia de trabalho em seu escritório ao ar livre, em plena Costa Esmeralda.
trocam experiências e contam suas fa-mosas histórias de pescadores. Alguns tecem suas redes enquanto vão deixan-do rolar a conversa. Seu lazer preferido é o jogo de bocha e a sinuca.
MUITA EMOÇÃO NO MAR
Tudo o que aprendeu com o pai, Manoel Zacarias, Leco vem passando para o filho, Fabiano, que ainda cedo largou os estudos por amor ao mar. Nas temporadas de veraneio, os jovens da cidade se misturam com os “minho-cas”, da terra, Muito admirado pela sua
coragem na pesca de siri goiá nos cos-tões de Porto Belo, Fabiano se tornou conhecido desde menino. “Ele metia a mão debaixo da pedra, de noite, e tra-zia o siri, sem medo de perder os dedos nas garras fortes do goiá”, lembra Cíntia Cherem, 27 anos, de Curitiba, que vera-neia em Porto Belo desde que nasceu.
Aos 32 anos, Fabiano prefere a pes-ca de mergulho, em busca de lagostas, polvos e robalos. “Quando ele vai sozi-nho, a gente fica com pensão porque ele passa o dia todo no mar”, diz o pai, preocupado. Mas vida de pescador é
“ Se o tempo tá bom, não tem feriado ”,
diz o caiçara Manoel Zacarias da Silva Filho,
o popular Leco, 60 anos, pescador
de Porto Belo (SC)
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CCCCCCCCCCCCCCCCCHHHHHHHHHHHHHAAAAAAAAAAAAAPPPPPPPPPPAADDAAAAAA DDOOSSS VVVVEEADDEEIIRROOSS:PPPPPaarraaííssoo ddaass ccaacchhooeeiirraassPoPor r AdAddririanana BoBoscscovov,,EsEspepecicialal para a PlPlururalaleee emem rrevevisistata
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cocococoococc m mmmm mememememememememm u uu u uuu u mamammamamammmariririririirirrrridododododododododdoddod ,,, LéLéLéL o,o,o nna a ChChapapadadaa dodoss VeVe-adadadadadddadadddddeieieieieieieeiee rorororororororororr s,s,s,s,s,s,ss eeeeeeeeem m mm m m m mm GoGoGoGoGoGoGoGoGoG iáiáiáiáiááiáiiái s,s,s,sssss, nnnnnnnno o oooooo rerececentnte e CaCarnrnavavalal. AlAl-guguguguguguguguguuunsnsnsnsnsnsnsn dddddddddde eeeeeee vvovovovovovovovocêcêcêcêcêcêcêcêcêss ss ssss dedededdedd veveveveeeemmmmmmm esestatarr sese perergunttanndodo “M““M“M“M““M“M““Masasasasassassss ooooooooo qqqqqqqqqqquêuêuêuêuêuêuêuêuêêêê aaaaaaaaa CCCCCCChahahahahahhh papadada dddosos VVeaeadedeiri osos ttemem a aaaa veveerrrr rr cocococococoocococom mmmmmmm mm ágágágágágágágágáá uuuuauauuuu ?”?”. SoSomementnte e ququemem ffoioi ssababe.e. PoPorqrqqqueue aapepepepeppppp sasarr dede sse e eeeee enenenee cocontntrararr emm uumm dod s sbibb ossisisisisiiiistststssss emememmmmemasasasasassasa mmmmmaiais secooss dodoo BBrasisil,l, oo CCereree rar -dododod ,, nanananana CCCCCCChahahahahahahhapapapappapaada ddos Veae deiroso águgua brbrbbrbrrotota adodod ccccchãhãhãhãhãhhãh o o ooo oo cococococococomomommm ggrarar mam e capim cresccemem nnosos papastststtososososos dddddasasasasasaas fffffazazazzazzzendaaaas.
A AAA hihihhhh ststststsstss óróróróróórrriaia dddo Parque Nacional da CChaha-papadada éééé bbbbbbasasasstataantnttn e intrigante. PoP r ded creteto do enentãtãoo prprresessididiii ente Juscelino Kubitschek, eem m11 dde janeeeirirro o de 1961, uma área ded maiaisde 6662522 mmmilil hectares foi decretada PaP rqqueNaciono alal dddo Tocantins, atual Para que NaNa-cional da ChChhapapapppadaddda a a a dodododos sss VeVeV adeiros. Durranaa tee tododoss esesessssesesees ss ss s anananananoosoo , vávááváv rrioss ppovoaoadodooos s sss suurgrgi-rararaaaammmmmm ––– AlAlAlAlAltototototott PPPPParararaíaa so de Goiááááás,s, CCavavvvalaa cacantntnn e,e,e,e,e,ee SãSSSS o o JoJoJoJoJoorgrggrgrggrge,e,eee ddddddenenenenentrttt e ouutrtrososososs --, , ,,, rerererereclclclclclamamamamammanannnndodododoopapapapapaaartrtrtrtrtee eee e ee dadadadadada ttttterererererererrararararaa ppppprororororor tetet gigiggggg dadadadaddaadad ppppppelelee oo dededededecccrcreteteee o.ooo
Cachoeira dos Anjos e Arcanjos
Rio São Miguel
Cachoeira do Segredo
E n s a i o Fotos: Adriana Boscov e,Leonardo Moraes de Souza
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Percevejo
Corredeiras na trilha dos Cânions
O que sobrou com as apropriações foram 65.514 hectares, ou um décimo do tamanho da área original. E é nesse paraíso e nas fazendas ao redor, que encontramos as mais lindas ca-choeiras do Cerrado Goiano.
Na edição 33 de Plurale, Isabella Araripe pos-tou em sua coluna Ecoturismo a não mais obri-gatoriedade de guias para a entrada no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros em Goiás. Realmente o parque avançou muito na demar-cação de trilhas para facilitar a vida dos trilheiros e milhares de visitantes que passam por lá todos os anos, mas devo dizer que um guia bem prepa-rado, como tivemos a sorte e o prazer de ter, faz uma diferença no passeio. Os guias conhecem o Parque e outras trilhas como ninguém, além de contar histórias e discorrer sobre a fauna e flora local. Além disso, as trilhas podem ser confusas e levar turistas mais despreparados para locais não sinalizados. O guia pode não ser essencial, mas no nosso caso foi a cereja do bolo de nossos passeios pelas trilhas da Chapada.
Nosso passeio começou em Alto Paraíso de Goiás, povoado com um pouco mais de 7 mil habitantes, muitos deles pessoas que vieram de outras cidades, estados e até países, em busca da energia mística emanada dos cristais e águas da região. Nossa primeira cachoeira foi a Cachoei-ra do Rio Cristal, também conhecida como Ca-choeira Cristal, localizada a 5 km de Alto Paraíso
Cachoeira dos Cânions
Periquito-reiTrilha Canions
Pôr do Sol - Parque Nacional pela estrada GO-118. Com diversas piscinas e cachoeiras, uma convidativa atração para famílias por sua facilidade de acesso. No segundo dia rumamos ao Parque Nacional para a primeira trilha de nível médio, a tri-lha dos Saltos. A trilha corta o parque por um terreno árido com flora rasteira e seca. As trilhas, em sua maioria formadas por mi-lhares de pequenos cristais, refletem o sol e fazem o calor parecer ainda maior do que realmente é. Depois de alguns quilômetros avistamos o Rio Preto, que é negro como o petróleo em decorrência de uma combi-nação da cor ferruginosa das águas e cor cinza escuro e preta das pedras, correndo ao longo do vale verde da flora do Cerrado. Alguns passos adiante e temos a linda vista do segundo salto de 120 metros.
No terceiro dia, partimos em direção ao Vale da Lua, Cachoeira Raizama e águas termais, cachoeiras, cânions e piscinas lo-calizados na serra da Bela Vista. O Vale da Lua, como o próprio nome já diz, parece um lugar fora do planeta Terra. Trata-se de um vale encrustado em uma fazenda, onde a força das águas do Rio São Miguel escul-piu as rochas acinzentadas por séculos, for-mando redemoinhos e pequenos cânions. Algumas pequenas piscinas permitem aos visitantes se refrescar do calor escaldante.
Pôr do Sol - Parque Nacional
Trilha dos Cânions
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Corredeiras Raizama
Trilha dos Saltos - salto 120 m
A cachoeira da Raizama, também dentro de uma propriedade rural, tem um aspecto mais aventureiro. Sua trilha percorre um extenso e estreito cânion, onde os visi-tantes caminham por palafitas. Depois de alguns quilômetros de caminhada, chega-mos ao cânion, onde podemos nadar. A água clara e transparente transporta-nos entre pedras arredondadas pela força das águas do Rio Raizama que desemboca no mesmo Rio São Miguel do Vale da Lua. E para fechar o dia e esquentar depois de uma tremenda tempestade que nos pegou de surpresa na trilha de volta da Raizama, fomos nos banhar nas águas termais. Essas pequeninas piscinas artificiais, construídas em propriedades particulares, chegam a uma temperatura que varia entre 32 e 38 graus centígrados.
O quarto dia foi marcado por mais um trilha no Parque Nacional: a trilha dos Câ-nions e Cachoeira das Cariocas. A trilha dos cânions, assim como a dos Saltos do Rio Preto, é bem sinalizada, com cristais e água brotando na sola de nossos pés a todo o momento. Depois de algumas horas de caminhada e muitas fotos, chegamos na deslumbrante vista dos cânions com suas cachoeiras. As pedras negras revelam nas partes mais pisadas pelos visitantes, a cor
Vale da Lua
Adriana e Leonardo no Vale da Lua
Ararascinza prateada das formações de quart-zo. A água de cor ferruginosa esconde a escuridão de um poço sem fundo ao final do cânion. Mais uma vez, hora de se refrescar. Partimos então em direção ao nosso próximo destino: a Cachoeira das Cariocas, que leva este nome devido a duas cariocas que certa vez se perderam no parque e foram encontradas nessa ca-choeira. A trilha para chegar a esse paraí-so escondido em um vale do Rio Preto é na verdade uma escalada nas pedras que formam as cachoeiras.
Nosso penúltimo dia foi reservado para o que muitos guias chamam de a pérola da Chapada: a Cachoeira do Se-gredo. Uma trilha de 16 km ida e volta, cortando o Rio São Miguel 14 vezes e a cada uma dessas travessias uma piscina mais linda e refrescante que a outra. Di-ferentemente do Rio Preto, o Rio São Mi-guel tem águas transparentes que, com a luminosidade do sol, se esverdeiam e mais parecem com as praias de Angra dos Reis. A visão da cachoeira surge como um sonho, com um barulhinho quase como um cochicho. Apesar de seus 100 metros de altura, essa cachoeira escondida nas
entranhas da Chapada sussurra convi-dando para um mergulho na piscina de águas frias e transparentes que se forma logo abaixo da queda e depois se trans-forma em um rio tranquilo que escorre-ga entre as pedras multicolores. Nossa última cachoeira foi a Anjos e Arcanjos, na verdade, duas quedas de tamanho médio, mas de uma beleza ímpar. Com trilhas um pouco mais desafiadoras entre as pedras, a frescura da água e o silêncio que encontramos foram perfeitos para encerrar nossa viagem ao paraíso.
Visitar lugares como a Chapada dos Veadeiros nos faz lembrar quão peque-nos somos quando nos comparamos com a natureza. Da mesma forma que estávamos lá, se não estivéssemos tudo continuaria da mesma forma: os pássa-ros voariam, as árvores cresceriam e da-riam flores e frutos, e as águas dos rios continuariam correndo por entre pedras e desfiladeiros pintando esculpindo-as como um artista que não para de criar. Para nós que gostamos de descobrir o Brasil e o mundo, a Chapada se mostrou um tesouro escondido no meio do Brasil, onde a água é a gema mais preciosa.
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Cachoeira Raizama
Cachoeira das Cariocas
DA CHAPADA DOSVEADEIROS
FOTOS:ADRIANA BOSCOV E LEONARDO MORAES DE SOUZA
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PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 201350
E n s a i o
Nossa Editora de Fotografia, LUCIANA
TANCREDO, acaba de voltar de mais
uma de suas viagens exploratória de
belos cenários da natureza, passando pelo
Paraná e Santa Catarina. No litoral de Santa
Catarina ainda encontramos quilômetros
de praias desertas, dunas que mudam de
lugar, montanhas gigantes de sambaquis,
casas de pescadores no meio do nada e
barcos coloridos. Um verdadeiro paraíso
para os pássaros. Além da região de litoral,
ela também aproveitou para se embrenhar
um pouco mais para dentro, em pequenas
cidades do interior, onde encontrou a típica
paisagem da região serrana do sul, cercada
pela famosa Floresta de Araucárias, estas
lindas e enormes árvores que dão um
fruto chamado pinhão, parte importante da
culinária local. Luciana conseguiu fotografar
a famosa gralha azul, ave preta e azul,
encontrada com frequência nessa região,
que virou protagonista de lenda como
Praia do Rosa - SC
Piru Piru - ave marítima de bico vermelho, típica da Patagônia e áreas frias - SC
Morro da Cruz - Urubici - Serra Catarinense
Casa de pescador - Itaprubá - SC
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51>
FOTOS: LUCIANA TANCREDO
Farol de Santa Marta - SCFormações rochosas - Imbituba - SC
Barcos de pesca Paranaguá - PR
Cachoeira da Barrinha em Bom Jardim da Serra - SC
52
guardiã da floresta. Contam os nativos
que a gralha teria sido responsável pelo
surgimento da floresta e sua manutenção.
Afinal, a ave se alimenta do fruto e
guarda no solo alguns para comer depois,
fazendo assim, um replantio natural. As. As
coloridas hortências também fazem parte
do cartão postal da região, na Estrada da
Graciosa, antigo caminho de tropeiros,
que levava os viajantes do interior até o
litoral do Paraná. As florestas praticamente
ocupam o todo o acostamento colorindo
de azul a borda da estrada. Cachoeiras
surgem inesperadamente, paisagens que
não escaparam aos cliques de Luciana.
Confira aqui algumas destas poesias
expressas em forma de fotografia.
Gralha Azul - Ave típica do Sul, diz a lenda que ela é guardiã da floresta de Araucarias , existente em toda a região
Vista típica da serra catarinense, com plantações cercadas
por araucarias
Estrada da Graciosa ( Hortências ) - antigaRota dos Tropeiros - PR
Pedra Furada Parque Nacional São Joaquim
52>
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Localizado no norte do Estado de Chiapas, no município de Tumbalá, no México, as Cachoeiras da Água Azul ( Cascadas de Água Azul) ficam a apenas 64 km da cidade de Palenque. As ca-choeiras de Água Azul, como seu nome indica, tem águas de um tom azul intenso devido ao carbonato de sais dissolvidos na água e foram declaradas como Reserva especial da Biosfera em 1980.
Com uma extensão de aproximadamente 2 mil e 500 hectares, a região é uma Zona de Proteção Florestal e Refúgio de Fauna Sil-vestre. As cascatas se formam com as águas de três rios, o Shumul-já, o Tulijá e o Otulún e é composta por uma série de pequenas cachoeiras, cuja maior tem 6 metros de altura. As Cachoeiras de Água Azul é um lugar genial para passar o dia e praticar qualquer atividade ao ar livre.
O Núcleo Picinguaba, do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), em Ubatuba, é um dos únicos trechos do amplo cor-redor de preservação ambiental que atinge a cota 0, ou seja, chega ao nível do mar. A unidade de conservação administrada pela Fundação Florestal conta com cinco praias na região norte do município: Brava da Almada, Vila de Picinguaba, Fazenda, Cambury e Brava do Cambury.
A visitação a estas praias é permitida, porém, é preciso tomar alguns cuidados para manter o ambiente preservado, sem prejudicar as espécies da fauna e da flora que nele habi-tam. Para as praias que só possuem acesso por trilha, a dica é entrar em contato com o parque e solicitar a presença de um monitor ambiental.
O Circuito Mágico das Águas, localizado no Parque de la Reserva no Peru, é um conjunto de 13 fontes ornamentais, ci-bernéticas e interativas onde água, música, luz, imagens e efei-tos de laser se mesclam transformando-se em um espetáculo. O circuito entrou no livro dos recordes como o maior comple-xo de fontes do mundo em um parque público.
Desde que abriu em 26 de julho de 2007, o circuito tornou-se um símbolo da recuperação de espaços públicos, incluindo a recuperação de mais de 7 mil árvores e a restauração de to-dos os monumentos do Parque de la Reserva. Para quem de-seja visitá-lo, o circuito funciona apenas de quarta a domingo, das 16h às 23h, e a entrada custa cerca de R$ 4,00.
O Marajó está entre os mais importantes cenários ecológicos do Brasil. Com cerca de 3 mil ilhas e ilhotas, é o maior arquipéla-go flúvio-marítimo do Planeta e uma Área de Proteção Ambien-tal - APA. A ilha de Marajó possui exuberantes riquezas naturais espalhadas nos cerca de 50 mil quilômetros quadrados.
Na ilha, o turista poderá conhecer uma diversidade de fauna e flora que a tornam um dos destinos turísticos mais cobiçados do Pará. Lagos, manguezais, igarapés, sítios arqueológicos, pân-tanos e praias de rio são algumas das riquezas naturais que a ilha oferece. A viagem é ideal para quem gosta de ecoturismo, prática que começa no próprio trajeto que leva até o Marajó. Em janeiro deste ano, a travessia de balsa entre Belém e o Arqui-pélago do Marajó, via porto de Camará, ganhou novos horário: às 16 horas, nas segundas, terças e quintas feiras, partindo do porto de Icoaraci.
Águas cristalinas embelezam o México Circuito Mágico das Águas é atração em Lima
Parque Estadual Serra do
Mar conquista turistas
Marajó, recanto de beleza no Pará
Ecoturismo ISABELLA ARARIPE
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Foto: Divulgação / Fundação Florestal
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Saúde
Atualização do estudo “Esgota-mento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da Popu-lação”, desenvolvido pela pes-quisadora Denise Maria Penna
Kronemberger, a pedido do Instituto Trata Brasil revela que, após dois anos, continua forte a associação entre sanea-mento básico precário, pobreza e índices de internação por diarreia.
Ao analisar os índices de atendimento de coleta de esgoto em 2010 (com base nos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS), o estudo apon-tou que em 60 das 100 cidades os baixos índices de coleta de esgoto resultaram em altas taxas de internação por diarreias. O dado mais preocupante, porém, diz respei-to a participação das crianças menores de 5 anos nesse quadro de internações, que representaram 53% das internações por diarreia nas cidades avaliadas.
“É um absurdo que o Brasil, que se quer incluir como uma sociedade em desenvol-vimento, partícipe das grandes decisões mundiais, ainda apresente um índice tão alto de internações hospitalares por diar-
reias, uma doença claramente relacionada ao saneamento ambiental inadequado. Esperamos que este estudo sirva de aler-ta e de incentivo para que as autoridades públicas de nosso País passem a olhar o sa-neamento básico como agenda prioritária; e que sirva também como incentivo para a sociedade civil, para que esta demande do poder público ações efetivas para uma mudança neste triste cenário”, disse o Dr. Artur Timerman, infectologista e Embaixa-dor do Instituto Trata Brasil.
METODOLOGIA DO ESTUDO
O estudo contemplou os 100 maiores municípios brasileiros em população no período de 2008 a 2011. A pesquisa refere-se a dois aspectos importantes do impacto dos agravos relacionados ao esgotamento sanitário inadequado: perfil de morbi-mortalidade por diarreias e quadro de gastos hospitalares com internações por diarreias. As doenças diarreicas considera-das no estudo foram: ‘cólera’, ‘shiguelose’, ‘amebíase’, ‘infecções porsalmonella’, ‘in-fecções intestinais bacterianas’, ‘doenças intestinais por protozoários’, ‘infecções intestinais virais’, ‘diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível’.
Do Instituto Trata Brasil
OMS ALERTA PARA A AMEAÇA À SAÚDE
A Organização Mundial de Saúde (OMS) menciona o saneamento básico precário como uma grave ameaça à saú-de humana. Apesar de disseminada no mundo, a falta de saneamento básico ainda é muito associada à pobreza afe-tando principalmente a população de baixa renda; mais vulnerável devido à subnutrição e muitas vezes pela higie-ne inadequada. Doenças relacionadas a sistemas de água e esgoto inadequados e as deficiências com a higiene causam a morte de milhões de pessoas todos os anos, com prevalência nos países de baixa renda (PIB per capita inferior a US$825,00).
88% das mortes por diarreias no mundo são causadas pelo saneamen-to inadequado. Destas mortes, aproxi-madamente 84% são de crianças (Or-ganização Mundial da Saúde, 2009), sendo, segundo a Unicef (2009), a segunda maior causa de mortes em crianças menores de 5 anos de idade. Estima-se que 1,5 milhões de crianças nesta idade morram a cada ano víti-mas de doenças diarreicas, sobretudo em países em desenvolvimento.
Leia o estudo completo no link:http://www.tratabrasil.org.br/ detalhe.php?secao=32
Estudo do Instituto Trata Brasil confirma relação entre saneamento básico precário e diarreias
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ISABELLA ARARIPEP elas Empr esasppppUnimed-Rio participa do Recicla Gigoia
Alusa Engenharia: reúso em canteiros de obras
A Unimed-Rio apoia o projeto Recicla Gigoia, para implantação de coleta seletiva na ilha, que fica nos fundos da sede da operadora de saúde. O projeto já existe desde setembro de 2012, sob o comando da ONG Instituto Terra Azul, e recolhe o lixo de empresas e moradores no entorno do complexo lagunar. No caso da Unimed-Rio, o apoio ao Recicla Gigoia acontece com a doação de papeis e outros materiais recicláveis que seriam descartados.
De setembro a dezembro foram coletados mais de 14 toneladas de material reciclável (papel, vidro, metal e plástico). A operadora de saúde, com 1161 funcionários em sua sede na Barra da Tijuca, já forneceu mais de 3 toneladas.
A meta principal do projeto é promover a geração de emprego e renda atra-vés de “Trabalhadores Comunitários” e o fortalecimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos reduzindo a disposição final de resíduos recicláveis em lixões e aterros, assim como, à promoção do trabalho das Cooperativas de Catadores. Calcula-se que com a coleta dos 14 toneladas de materiais, houve redução de 9,83 toneladas de CO2 emitidos.
A Alusa Engenharia, no Projeto CAFOR, possui em suas dependências duas estações de tratamento de efluentes locadas nos canteiros CAFOR I e CAFOR III. Elas são responsáveis pelo tratamento de aproximadamente 90 m³ por dia de efluentes provenientes dos canteiros. Todo efluente tratado e reutilizado para umectação das vias internas da Refinaria Abreu e Lima, localizada na região metropolitana de Recife (PE).
Entre os benefícios estão a significativa economia de custo na compra de água potável utilizada anteriormente na umectação das vias e a redução dos custos de manutenção, por sucção de partículas abrasivas em motores de combustão.
O reúso do efluente pós - tratamento, reduz a demanda sobre os manan-ciais de água devido à substituição da água potável por uma água de qualida-de inferior. Essa prática, atualmente esta sendo muito discutida, é já é utiliza-da em alguns países. No caso do estado de Pernambuco, este reúso é muito importante, pois atualmente estamos enfrentando uma estiagem intensa.
A Foz Águas 5 vai recadastrar até novembro os usuários dos serviços de água e esgoto da Área de Planeja-mento 5 (AP-5), que reúne 21 bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro. A expectativa é atualizar os dados de 325 mil usuários. Conhecendo a re-alidade da região, a concessionária poderá prestar melhor atendimento
e planejará com mais precisão e eficiência a expansão da rede coletora e de tratamento de esgoto. A ação vai durar cerca de um ano e será o ponto de partida para o início do relacionamento da concessionária com seus clientes.
Foz Águas 5 inicia o recadastramento dos usuários de água e esgoto
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Todos os usuários dos serviços de água e es-goto - residenciais, comerciais, públicos e indus-triais – serão visitados para identificar a necessi-dade de atualização no cadastro. “O crescimento acentuado da Zona Oeste nos últimos anos torna necessária a atualização do sistema que será feita por meio do recadastramento. Esta ação é uma importante ferramenta para garantir que os clien-tes estejam classificados de forma correta, além de permitir a inclusão dos usuários que ainda não estão cadastrados no sistema”, explica o pre-sidente da Foz Águas 5, Armando Góes.
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Na semana em que foi comemorado o Dia Mundial da Água, a Coca-Cola Brasil reafirmou seu compromisso em prol da sustentabilidade hídrica. Essa é uma preocupação antiga da Coca-Cola Brasil que nos últimos dez anos reduziu em 25% a quantidade de água por litro de bebida produzida, tendo o melhor índice da indústria de bebidas. A Coca-Cola Brasil assinou acordo de associação ao Instituto Trata Brasil, iniciativa de responsabilidade socioambiental que visa à mobilização dos diversos segmentos da sociedade para garantir a universalização do saneamento básico no País.
A associação reafirma o compromisso da empresa com o debate a cer-ca do saneamento no país. “Para nós, o Instituto é a organização indepen-dente mais respeitada e com o maior conhecimento acumulado na área
Coca-Cola Brasil fecha acordo com o Instituto Trata Brasil
de saneamento do país. Acreditamos que o cenário brasileiro no campo do saneamento melhorará com a união da iniciativa privada aos esforços do gover-no e também com a participação da sociedade”, afir-mou o vice-presidente de Comunicação e Sustenta-bilidade da Coca-Cola Brasil, Marco Simões.
Iniciativa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) da Fundação Gru-po Boticário de Proteção à Natureza, o Projeto Oásis foi apresentado no dia 14 de março em “http://www.tangaradaserra.mt.gov.br/” Tangará da Serra (MT), em um evento promovido pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sepotuba (MT). O encontro aconteceu na Câmara Municipal da cidade e reuniu prefeitos, vereadores e organizações civis de municípios da região.
De acordo com André Ferretti, coordenador de Estratégias de Conser-vação da Fundação Grupo Boticário, a apresentação contribui para a con-solidação de possíveis parcerias para a implementação do Projeto Oásis no município e região. “Apresentamos a metodologia utilizada no Projeto, bem como detalhamos o arranjo institucional necessário para a implanta-ção da iniciativa, que inclui financiadores, executores locais e o poder pú-blico, além da Fundação Grupo Boticário. Munidos dessas informações, as lideranças locais terão uma visão mais clara para articular a implantação do Projeto no município”, afirmou.
Projeto Oásis, da Fundação Grupo Boticário, é apresentado em Mato Grosso
Usiminas reaproveita 96% de toda a água doce necessária ao processo de produção
A Usiminas emprega tecno-logias que permitem reutilizar a água de forma contínua no pro-cesso produtivo. O resultado é que as duas plantas siderúrgi-cas da empresa, localizadas em Ipatinga (MG) e Cubatão (SP), passaram a reaproveitar mais de 96% de toda a água doce neces-
sária ao processo de produção – em 1997, por exemplo, o índice era de 88%. A água é utilizada em várias fases do processo de produção de aço, sendo uma
de suas funções mais importantes o resfriamento de equipamentos e do aço fa-
bricado. Os investimentos da Usiminas para uso eficiente da água se concentraram nos últimos anos na construção de sistemas de recirculação de água e Estações de Trata-mento de Efluentes (ETEs), utilizando técnicas como, por exemplo, decantação, floculação e filtragem.
Essas ações permitem que a água captada por meio de outorgas legais no rio Piracicaba, para a Usina de Ipatinga, e no rio Mogi, para a Usina de Cubatão, seja reutilizada de forma contínua na linha de produção. Assim, apenas cerca de 5% da água doce de que as Usinas necessitam para pro-duzir aço é captada. O objetivo é repor a quantidade que evapora ao entrar em contato com altas temperaturas.
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ENERGIA & CARBONO
CARTILHA ORIENTA COMO REDUZIR CONTA DE ENERGIA
A Neoenergia e a Odebrecht Energia iniciaram em fevereiro a implantação da usina solar na Arena Pernambuco, projeto que faz parte do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) das três distribuidoras do grupo Neoener-gia, Celpe (PE), Coelba (BA) e Cosern (RN). Com 1 MWp de potência instala-da, o equivalente ao consumo médio de 6 mil brasileiros, a usina solar cus-tará cerca de R$ 10 milhões, sendo R$ 9 milhões investidos pela Neoenergia,
NEOENERGIA E ODEBRECHT ENERGIA INICIAM IMPLANTAÇÃO DE USINA SOLAR NA ARENA PERNAMBUCO
Por Jairo Pitolé Sant’Ana, da Agência Sebrae de Notícias — De Cuiabá
Um dos insumos básicos para a vida na Terra, a energia é fundamental para, basicamente, qualquer atividade econômica, seja ela renovável - origina-da do Sol, do vento, da água - ou não - petróleo, gás natural, carvão mineral. Já a energia elétrica é a principal fonte na maior parte das empresas e, em al-gumas, a única. Portanto, luzes acesas e aparelhos de climatização ligados sem que ninguém esteja no ambiente são os exemplos mais comuns, e evitá-veis, de desperdício.
Segundo a cartilha Eficiência Ener-gética, da série Ideias de Negócios Sustentáveis do Sebrae, outro aliado para que se gaste menos insumo e dinheiro é a aquisição de equipamen-tos mais modernos, eficientes e com menor consumo de energia. Mais lar-gamente utilizada no setor industrial, o consumo de energia elétrica pode ser reduzido substituindo-a por algum tipo renovável, como, por exemplo, a solar e a eólica, que estão disponíveis no mercado e correm risco de esgota-mento. Para ter acesso à cartilha Efici-ência Energética, basta entrar no site:www.sustentabilidade.sebrae.com.br.
SÔNIA ARARIPE, EDITORA DE PLURALE EM REVISTA
A Bunge Brasil inaugurou no dia 8 de março sua primeira fábrica para a produ-ção de biodiesel no Brasil, em Nova Mu-tum/MT. Com investimentos da ordem de R$ 60 milhões, a nova unidade pro-duzirá aproximadamente 150 mil m3 de biodiesel por ano e atenderá a demanda crescente por esse combustível, princi-palmente nas regiões Centro-Oeste, Su-deste e Norte do Brasil.
Com foco no crescimento e na Exce-lência Operacional, a Bunge Brasil optou
BUNGE INAUGURA FÁBRICA DE BIODIESEL COM INVESTIMENTOS DE R$ 60 MILHÕES
via P&D Estratégico da Aneel, e R$1,2 milhão investidos pela Odebrecht Energia, tendo previsão de conclusão para junho de 2013.
Localizada em um terreno de 14,5 mil m², anexo à Arena da Copa, a ins-talação da usina solar faz parte do Projeto Estratégico de Pesquisa e De-senvolvimento - “Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz Energé-tica Brasileira”, lançado em agosto de
2011 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Além da usina, o pro-jeto de Pesquisa e Desenvolvimento contempla outros investimentos que totalizam R$ 24,5 milhões.
PNUMA LANÇA CENTRO PARA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS CLIMÁTICAS
Em um exemplo de como a transferên-cia de tecnologias pode trazer benefícios para a saúde pública, assim como contribuir para a redução de emissões de gases do efeito estufa, lâmpadas de querosene estão sendo substituídas por alternativas solares em diversos países do continente africano com o apoio do Programa das Nações Uni-das para o Meio Ambiente (PNUMA).
Justamente para multiplicar este tipo de iniciativa foi que os representantes dos países reunidos em Nairóbi, no Quênia, para a 27ª sessão do Conselho Administra-tivo do PNUMA e do Fórum Global de Mi-
nistros do Meio Ambiente, decidiram pela criação do Centro e Rede de Tecnologias Climáticas (Climate Technology Centre and Network - CTCN). A entidade promete ajudar na transferência de tecnologias de baixo carbono, como energias alternativas e métodos agrícolas mais eficientes e re-sistentes à variação climática. O CTCN será um consórcio de 12 entidades, entre elas a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), o Instituto Asiático de Tecnologia, a Funda-ção Bariloche e o Laboratório Nacional de Energias Renováveis dos Estados Unidos.
Por Fabiano Ávila, do Instituto CarbonoBrasil
pelo início da atuação no setor de biodie-sel. “Mundialmente, a empresa já atua na produção de biodiesel na Argentina e nos Estados Unidos, bem como na Europa, por meio de parcerias, e agora ingressamos no mercado nacional”, explica Pedro Parente, presidente e CEO da Bunge Brasil.
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Você tem carro? E como faz para lavar seu automóvel? Imagine esta preocupação no caso das empresas operadoras de linhas de ônibus no Estado do Rio de
Janeiro. É preciso, todos os dias estar com a frota higienizada e limpa para servir os usuários. Assim, muitas empresas praticam o tratamento e reutilização da água na lava-gem dos ônibus.
Através do seu Programa Ambiental a Fetranspor - PAF busca identificar to-das as tendências de sustentabilidade ambiental adotadas pelo setor de trans-portes e o Centro de Serviços Ambien-tais vem incentivando a adequação am-biental das empresas e a implantação de sistemas de gestão ambiental, como por exemplo o reúso de água.
A água de reúso é imprópria para o consumo humano, mas pode ser utili-
Meio Ambiente
zada para diversos propósitos, como, por exemplo, geração de energia, refri-geração de equipamentos, lavagem de veículos etc.
Para ser reutilizada a água provenien-te do processo de lavagem dos veículos é enviada para uma Estação de Tratamen-to de Efluentes (ETE), visando alcançar níveis de qualidade que permitam sua reutilização na lavagem dos ônibus. Este sistema se aproxima de um ciclo fechado, com mínima perda. Esta água também pode ser reutilizada em outras ativida-des da empresa, tais como: limpeza das dependências da propriedade, descargas dos banheiros, áreas de jardinagem e no combate a incêndio.
A instalação de um sistema de reúso de água requer investimentos em equi-pamentos e adequações na garagem. Por outro lado há redução no valor da taxa
de esgoto, benefícios que tornam esta prática economicamente viável. Além de permitir que um volume maior de água permaneça disponível para outras finalidades, garantindo seu uso racional e reduzindo a demanda de água sobre os mananciais, uma vez que há substi-tuição do uso de água potável por uma de qualidade inferior.
No Estado do Rio de Janeiro a Lei no 6.034/ 2011 estabelece obrigatoriedade para reúso de água na lavagem de veí-culos., entretanto ela não regulamenta os parâmetros de qualidade para reu-tilização da água, por isso atualmente são utilizados os padrões de qualida-de estabelecidos pela Norma ABNT 13.969/1997.
A seleção do sistema que será ado-tado para reutilização da água requer um estudo das condições de qualidade e quantidade requeridas em cada caso. Existem várias tecnologias disponíveis e para o dimensionamento e especifica-ção do sistema deve ser selecionada a al-ternativa com maior eficiência , tanto no aspecto técnico quanto econômico.
Garagens de ônibus no Rio tratam e reutilizam água
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Indústria
O volume de água doce disponí-vel no mundo é menos de 1% do total de água disponível no planeta. O cenário atual é de uma demanda crescente contra
uma oferta cada vez mais limitada. O relató-rio Water for All, realizado pela Economist Intelligence Unit (agência inglesa de pesqui-sa e análise) e patrocinado pela Oracle Utili-ties, ouviu executivos de empresas públicas de abastecimento de água. Um percentual de 39% dos entrevistados acredita que o risco do consumo superar a oferta de água no Brasil em 2030 é altamente provável e, segundo 55%, o risco é moderadamente provável. A escassez de água pode signifi-car desde a falta de insumos para proces-sos produtivos, para agricultura e para uso doméstico, quanto desencadear uma crise energética para um país como o Brasil, cuja matriz é baseada em hidrelétricas.
Apesar de o consumo industrial ser menor que o doméstico (19% contra 22% de toda água captada no Brasil, segundo a Agência Nacional de Águas - ANA), a racio-
nalização do uso, o tratamento das águas residuárias da produção antes da disposi-ção no meio ambiente e o reúso da maior quantidade possível de água nos proces-sos produtivos são questões que devem ser levadas muito a sério.
Na região da Serra gaúcha, por exem-plo, encontra-se um grande número de empresas do setor metalmecânico de vários segmentos. O setor é responsável por 19% do produto industrial do Rio Grande do Sul, o que tornou o Estado um dos principais polos do segmento no país. Caxias do Sul e algumas cidades ao redor, como Bento Gon-çalves, Farroupilha, Carlos Barbosa, Antônio Prado, Veranópolis e Garibaldi, concentram o segundo mais importante polo nacional de autopeças e implementos rodoviários, na parte de caminhões e chassis de ôni-bus (2,2 mil empresas). A produção desses municípios corresponde a mais de 40% do montante nacional, conforme o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs).
Integrada a vigorosa economia da re-
Texto: Marisa Pereira e Andressa Brandalise, da Fundação ProambEspecial para Plurale em revistaDe Bento Gonçalves (RS)
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gião está a necessidade de utilização de água nos processos de fabricação. Uma grande quantidade do bem é retirada dos mananciais hídricos, passa pelo processo de tratamento para se tornar potável, é dis-tribuída pela rede e utilizada para lavagem de peças, equipamentos, pisos industriais, composição de banhos galvânicos, entre outros usos.
A demanda crescente por água tem fei-to do reúso planejado um tema atual e de grande importância na indústria e também entre os cidadãos. A reutilização minimiza a captação do recurso na fonte e permite, ao ser tratado, que se torne disponível para fins mais nobres, como o consumo huma-no e a fabricação de alimentos e bebidas na indústria. Assim, o reúso pode significar uma estratégia para uma melhor gestão dos recursos hídricos.
Na indústria, o reúso da água traz gran-des benefícios. Ele minimiza custos para adução, tratamento e uso da água dentro do processo produtivo, além de evitar o lan-çamento de efluentes nos corpos hídricos. Também diminui a possibilidade de sanções pelo descumprimento das legislações.
A Lei Federal de Recursos Hídricos (9433/1997) introduziu a cobrança pelo uso da água no Brasil como um instrumen-to de gestão e econômico. A formulação da lei baseou-se nas experiências vividas por países como China, Itália, Portugal, Alema-nha e Holanda, que já possuem a cobrança em operação objetivando regulamentar e disciplinar o uso, além, é claro, de tornar os sistemas de gestão de recursos hídricos sustentáveis. Com a entrada em vigor da lei, a indústria pagará pelo uso da água, como ocorre hoje, e também pela quantidade de efluente que lançará no corpo hídrico.
A taxação será baseada tanto na quanti-dade como na qualidade do efluente, fazen-do com que as empresas invistam mais em seus sistemas de tratamento. Assim, adotan-do técnicas de minimização no consumo, tornando seus processos mais eficientes e aplicando técnicas para reúso, as indústrias estarão minimizando custos e se tornando mais competitivas. Outra vantagem extra é a melhora na imagem da empresa perante a comunidade e os órgãos fiscalizadores.
A minimização só é possível quando a empresa se propõe a analisar minuciosa-mente seu processo produtivo e as etapas nas quais a água é utilizada. A medição do consumo em cada fase é o primeiro passo.
Tecnologia e inovação na indústria
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Um exemplo de desperdício são as opera-ções de lavagem dentro de diversos proces-sos industriais. Uma fábrica de alimentos, para citar um caso, necessita ter ciclos de limpeza entre turnos ou quando há troca de produção de itens. Caso não haja cons-cientização dos responsáveis pela opera-ção de limpeza, é comum o consumo de água e de químicos, como tensoativos, soda e ácidos, além das quantidades real-mente necessárias. Observar as lavagens é uma ação fundamental para avaliar o processo e redução do consumo. Isso não só diminui os custos com água trata-da, como também a geração de efluentes, reduzindo-se custos e operações relativas ao tratamento controle de qualidade.
No Rio Grande do Sul, a necessida-de de atender à legislação está levando as empresas cada vez mais optarem por reúso em seus processos industriais. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul (Sema), através do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), publicou em no-vembro de 2006 a resolução 129. Essa deliberação fixa critérios e padrões de emissão relativos à toxicidade de efluen-tes líquidos para as fontes geradoras que os lancem em águas superficiais. São soli-citados ensaios de toxicidade aguda, crô-nica e genotoxicidade para organismos testes de pelo menos três diferentes ní-veis tróficos. A toxicidade é a capacidade das substâncias presentes no efluente de causarem impacto ao ecossistema.
A atenuação da toxicidade passa por ações preventivas e pelo controle na fonte geradora. O processo industrial deve ser mi-nuciosamente estudado. Como o processo
de identificação das causas e minimização da toxicidade são complexos, onerosos e mo-rosos, a melhor alternativa é deixar de lançar efluentes em corpos hídricos ou dispor na menor quantidade possível. Entra aí o estudo para a reuti-lização da água.
Segundo dados da Federa-ção das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), a Serra gaúcha e a região me-tropolitana, juntas, possuem mais de 23 mil indústrias de transformação. Dentro dessa realidade, 14.472 empresas já realizaram ensaios de toxici-dade com o efluente gerado
em seus processos de fabricação e pos-teriormente tratado. Porém, somente 40% das empresas estão conseguindo atingir os parâmetros parcialmente. Os outros 60% somente estão monitoran-do, mas não estão atendendo.
Assim, nos deparamos com uma as-sustadora realidade: se as indústrias não levarem realmente a sério o assunto, não pensarem na economia de água e no tra-tamento adequado de seus efluentes, nossos corpos d’água estarão recebendo grandes cargas de contami-nantes que podem colocar em risco a saúde da popula-ção e exterminar em curto espaço de tempo com nos-sa fauna e flora aquáticas. Ao mesmo tempo, é clara a importância dos polos industriais para geração de empregos e manutenção da economia. Deve-se encon-trar o ponto de equilíbrio, que chamamos atualmente de desenvolvimento sustentável.
Para auxiliar no grande desafio que é a implantação do reúso da água na indús-tria, a aplicação correta de certos equipa-mentos pode auxiliar muito. É o caso da adoção das resinas de troca iônica, que podem ser utilizadas, por exemplo, nas indústrias galvânicas, grandes consumi-doras de água e geradoras de efluentes. Elas retêm os metais pesados devolvendo à linha de produção a água com qualida-de suficiente para as lavagens. Periodica-mente, as resinas devem ser lavadas para eliminar os metais retidos pela sua opera-
ção e deixá-las renovadas. Essa lavagem gera efluente contaminado com metais, porém, o volume é pequeno, podendo ser até 70% menor quando comparado a galvânicas que operam sem resinas. Com um volume menor fica mais fácil tratar e atender aos parâmetros de qua-lidade esperados.
Se, por exemplo, a indústria galvâni-ca necessitar reutilizar totalmente a água que consome, pode combinar a utiliza-ção de resinas de troca iônica e evapo-radores, de maneira estratégica no pro-cesso fabril. Esse processo chamamos de circuito fechado, pois a única corrente de saída é o concentrado dos evaporadores que podem ser solidificados e dispostos em aterros de resíduos perigosos. O cir-cuito fechado é muito comum em países como a Itália e Alemanha. Membranas de nano e ultrafiltração também são alterna-tivas para polimento do efluente trata-do que permite seu reúso no processo produtivo, já que são capazes de filtrar desde partículas sólidas com diminutas dimensões até moléculas e íons dos con-taminantes.
Implantar um projeto de reúso nem sempre é tarefa fácil. As organizações de-
vem reconhecer que é necessário mudar seus conceitos, quebrar paradigmas e se adequar a um novo cenário. A gestão eficiente da água passa a ser assunto es-tratégico. Não significa apenas minimizar custos, mas tornar o abastecimento autô-nomo, driblando a escassez e conservan-do a imagem da empresa, atendendo a legislação e aos interesses da comunida-de. Assim, para as indústrias, buscar solu-ções para racionalização do consumo é uma forma não só de garantir competiti-vidade e crescimento mais principalmen-te perpetuação do negócio.
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rias no mundo. Em seguida, num estilo de humor bem próprio dos americanos, propõe o “Toilet Day” (desculpem, mas literalmente, o Dia da Privada) e decla-ra-se em greve: diz que não vai mais usar uma privada até que todas as pessoas no mundo possam dispor de uma. E pede apoio de todos.
Outro vídeo postado depois mostra artistas americanos declarando-se em apoio a ele. Fato que, apesar da forma, digamos humorística, a mensagem é transmitida. São cerca de 2 bilhões e 600 mil pessoas afetadas. Soluções existem. Confira o site: Water.org
Uma advertência séria, feita de forma inusitada
Por Wilberto Lima Jr.Correspondente de Plurale em revista nos EUADe Boston
O famoso ator Matt Damon é um dos co-fundadores da Water.org. A ONG foi fundada em 2009, a partir da fusão da H2O Africa, de Damon e da WaterPartners, de Gary White (atualmente, o Diretor Execu-tivo da nova entidade).
A ONG é uma organização sem fins lu-crativos destinada a ajudar comunidades nos países em desenvolvimento a ter acesso a água potável e condições sanitárias decentes. Seu processo de implementação de projetos de água segue quatro passos principais:
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Por Vivian Simonato, Correspondente de Plurale na Comunidade EuropeiaDe Dublin (Irlanda)
No Ano Internacional de Coope-ração pela Água, estabelecido pelas Nações Unidas, cujas ações estão sen-do administradas mundialmente pela UNESCO, a International RiverFoun-dation (IRF), em parceria pela primeira vez em 2013 com a European Riverpri-ze, reconhecerá abordagens bem suce-didas que superaram os desafios para a recuperação de rios, saúde do ecossis-tema, qualidade da água e as mudanças climáticas no contexto social e político do continente europeu. Cerca de 47 na-
Rio bem tratado é rio premiadoções europeias podem inscrever-se no European Riverprize.
As iniciativas de gestão, integração e conservação dos rios serão julgadas por um painel de peritos europeus e todo processo será administrado a partir do escritório da IRF localizado em Viena. Os candidatos serão avaliados com base em um quadro documentado de gerencia-mento do rio, evidência de ganhos sociais e econômicos, onde uma abordagem de gestão integrada do rio foi privilegiada, também considerando uma perspectiva em longo prazo dessas iniciativas.
O vencedor será anunciado em se-tembro de 2013, durante a conferência anual do Centro Europeu de Restauração do Rio, em Viena. O vencedor europeu
será automaticamente qualificado como finalista para o Internacional Thiess Ri-verprize no ano seguinte. O Thiess Ri-verprize é o mais renomado prêmio que celebra iniciativas de destaque no gerenciamento e restauração de rios no mundo. Em 2010 o Rio Tâmisa, em Lon-dres, foi vencedor do Thiess Riverprize e o Fundo Tâmisa de Restauração de Rios recebeu AU$ 350,000 (dólares aus-tralianos), que foi destinado em parte recuperação de rios nos países em de-senvolvimento.de lã de vidro.
PLURALE EM REVISTA | Março / Abril 2013
Matt Damon
Várias Fundações dão suporte à Water.org, mas eles têm um extenso pro-grama de arrecadação de doações, desde as institu-cionais até as individuais (pessoas simples) ou gru-pos de indivíduos.
Seus programas exis-tem em Honduras, Etiópia, Quênia, Uganda, Índia, Gana, Haiti e Bangladesh. Uma das suas característi-cas de atuação ao financiar projetos é a de promover empréstimos, na linha de microcrédito para que as próprias comunidades parti-cipem mais intensamente. Evidentemente, esta não é a única forma de financiamento. Associam-se as doações com esses emprés-timos. Muitas vezes, as comunidades não têm condições de assumir empréstimos e aí, se aprovados os projetos, só mesmo através das doações arrecadadas.
Recentemente, num video postado no YouTube, Matt Damon, apresenta-se numa pretensa entrevista com a impren-sa, faz uma introdução verdadeira com números que mostram a gravidade da situação da água e de condições sanitá-
1Criar associação com parceiros locais (entidades, organizações, pessoas) nos países onde atua;
2 Envolver a comunidade local em cada etapa do projeto;
3Selecionar a tecnologia apro-priada para a comunidade e sua situação específica;
4 Integrar todos esses projetos com educação de saúde e higiene.
O novo Papa é argentino. O Arcebis-po de Buenos Aires, Jorge Mario Bergo-glio, é primeiro latino-americano a ser escolhido como pontífice da Igreja Ca-tólica, e também o primeiro a escolher o nome Francisco.
Conhecido pelo estilo de vida simples, o jesuíta Jorge Bergoglio andava de me-trô e é reconhecido pelos fiéis da Igreja Católica como um religioso humilde e acessível. Quando se dirigiu à multidão que o aguardava na Praça São Pedro, fez graça: “Parece que meus irmãos cardeais tiveram que ir quase ao fim do mundo para escolher um bispo para Roma. Es-tou aqui e agradeço a acolhida.”
DITADURA MILITAR
Apesar da aparência de bonachão, o novo papa, como boa parte das altas hie-rarquias católicas da Argentina, foi acusa-do de envolvimento em crimes de lesa-humanidade durante a última ditadura militar do país (1976-1983). Ele foi citado em um processo judicial que investiga o desaparecimento de dois companheiros seus, os padres jesuítas Orlando Yorio e Francisco Jalics, que realizavam trabalhos pastorais em uma favela do bairro de Flo-res, onde o novo Papa cresceu.
Em depoimento à Justiça argentina em 2010, Bergoglio negou seu envolvimento com a delação de seus companheiros, mas não contribuiu com informações significa-tivas para o esclarecimento do caso. Ao ser perguntado se havia informações relevan-tes para o caso em um arquivo central da Igreja, disse que não tinha conhecimento, ainda que os arquivos estivessem sob seus cuidados. E coroou dizendo “é possível procurá-los, mas não sei se será possível encontrá-los.”
Bergoglio também declarou como tes-temunha no processo conhecido como “Mega Causa ESMA”, que investiga, entre outros crimes contra a humanidade, o se-
Texto e Foto: Aline Gatto Boueri, Correspondente de Plurale na Argentina
questro e apropriação de bebês nascidos na Escola de Mecânica da Armada, um dos maiores centros clandestinos de detenção da última ditadura argentina. Ele é acusa-do de ter informações sobre o paradeiro de uma recém-nascida que até hoje não foi encontrada pela família.
CASAMENTO ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO
E MORTE DIGNA
O Cardeal também comprou briga com a presidente Cristina Fernández de Kirchner em 2010, quando foi a aprova-da a lei de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Na ocasião, o Arcebispo de Buenos Aires condenou o projeto de lei e afirmou que não se tratava apenas de uma luta política, mas “uma ação do Pai da Mentira”, em alusão ao diabo. O reli-gioso também disse que a família, “papai, mamãe e filhos”, estava em risco, assim como “a vida de tantas crianças que serão discriminadas de antemão e privadas do amadurecimento como Deus quis que fosse: com um pai e uma mãe.”
Francisco I também se opôs à lei de morte digna, aprovada na Argentina em
2012, que permite a pacientes em esta-do terminal ou sem chances de sobrevi-vência recusar tratamentos que prolon-guem suas vidas. A Comissão Executiva do Episcopado Argentino (CEA), pre-sidida por Bergoglio, afirmou que não prolongar a vida de alguém que sofre nem sempre é moralmente obrigatório, mas fez uma ressalva quanto à rejeição do paciente à hidratação e alimentação, previstas pela lei.
Sobre a lei de identidade de gênero, também aprovada em 2012, a CEA emitiu um comunicado no qual criticava a ex-tensão do direito a retificação de gênero a menores de 18 anos. A CEA considerou “muito grave que a lei permita manipular a vontade sexual de crianças (…) contra a vontade de seus pais.”
Apesar de uma biografia controversa, Jorge Bergoglio é considerado um reli-gioso moderado. O primeiro Papa latino-americano tem pela frente também o de-safio doméstico de melhorar a imagem da Igreja na Argentina, muito manchada depois de sua atuação durante a última ditadura militar do país, que deixou um saldo de 30 mil desaparecidos.
‘Tenemos Papa’
Jovens católicos comemoram com missa na Catedral Metropolitana de Buenos Aires a escolha do Papa argentino
EstanteÁGUA, REFLEXOS NA ARTE DA BAHIA Por Matilde Matos, Editora Caramurê, 160 págs, R$ 100,00
A Editora Caramurê lançou novo livro da crítica de arte Ma-tilde Matos, Água, Reflexos
na Arte da Bahia. Com 160 páginas e acabamento de luxo, o livro que será vendido por R$ 100,00, tem como tema principal a água e faz abordagem histórica da participação do elemento nas artes plásticas da Bahia, com uma diversificação de linguagens e interpretações. Matilde Matos comenta a obra de 59 artistas – como Carybé, Dorival Caymmi e Pierre Verger - que mostram pinturas, fotografias, instalações e esculturas associadas à esta temática.
AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETOS SOCIAIS, Autor: Vários/ Organização : Naercio Menezes Filho, Fundação Itaú Social
Para disseminar a cultura de avaliação de impacto e retorno econômico junto aos mais diversos públicos, a Fundação Itaú Social lançou publicação que apresenta métodos básicos e sofisticados dessa me-
todologia, que vem se mostrando um útil instrumento para aprimorar e reorientar políticas públicas e investimentos sociais privados. A obra também aborda como calcular o retorno econômico para a sociedade de um projeto ou po-lítica pública e reúne artigos de especialistas renomados, como o subsecretário da Secretaria de Assuntos Estraté-gicos da Presidência da República (SAE/PR), Ricardo Paes de Barros. A organização do livro é do coordenador do Centro de Politicas Públicas do Instituto de Ensino e Pes-quisa (Insper) e PhD em Economia pela University College London, Naercio Menezes Filho. Os internautas interessa-dos em acessar a publicação na íntegra podem visualizá-la no site da Fundação Itaú Social (http://www.fundaca-oitausocial.org.br/biblioteca/artigos-e-publicacoes/livro-avaliacao-economica-de-projetos-sociais.html).
PANTANAL, NA LINHA D’ÁGUA Fotos de Luciano Candisiani e textos de José Eduardo Camargo, National Geographic Brasil, 208 págs, R$ 79,90.
Acaba de ser lançado o li-vro Pantanal, na Linha D’água, do renomado fotógra-fo Luciano Candisani, pela National Geographic Brasil. Resultado de dois anos de trabalho no bioma brasileiro, a obra reúne dezenas de fotos que retratam a impor-tância da dinâmica das águas na planície do Pantanal. “O jacaré, por exemplo, é uma espécie da biodiversi-dade que evoluiu para acompanhar o sobe e desce da água no Pantanal”, conta Candisani, que é membro da Liga Internacional de Fotógrafos de Conservação (ILCP) e conselheiro do Planeta Sustentável, além de integrar a equipe de colaboradores da NG Brasil. O livro tem textos do jornalista José Eduardo Camargo, redator-chefe do Guia Quatro Rodas, do portal Viajequi e da revista Hotel Pro.
O LIVRO DAS GENTILEZAS Por Lou Fernandes, com
ilustrações de Marcelo Pires, Editora Escrita Fina,
48 págs, R$ 14,00
O Livro das Gentilezas pode ser considerado uma poesia para o dia-a-dia. Imitar um desenho animado ou dar passagem para as borboletas são algumas dicas da autora para leitores de todas as idades. Lou Fernandes é jornalista e se especializou em Arte-terapia e outras técnicas terapêuticas para dar conta da sua imensa vontade de ser útil e servir a vida. Mãe de três filhos, casada há 27 anos, para ela criativida-de é o que não pode faltar em sua vida.Carioca de Vila Isabel, 52 anos, e pisciana até os pés, sonhar não custa nada ou quase nada, e devemos sonhar e apostar na gentileza. Sempre! Talvez por isso, uma de suas frases preferidas no Livro das Gentilezas é a que diz: “devemos guardar os sonhos debaixo do colchão para tê-los por perto todas as noites”.O livro, editado pela Escrita Fina, é ilustrado por Mar-celo Pires, designer gráfico há 20 anos e que, atual-mente, trabalha no escritório Insight Comunicação, onde cria as viagens visuais das revistas Carioquice e Bioma. Quando sobra tempo, é guitarrista das ban-das Sex Noise, Supermoon e Oort Clouds.
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Carlos Franco - Editor de Plurale em revista
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i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r
CINEMA Verde ISABEL CAPAVERDE
Atenção documentaristas!
Estão abertas as inscrições para o Cine’Eco – Festival Interna-cional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, o único dedicado a temática ambiental em Portugal, realizado anualmente no mês de outubro, no município de Seia. Há cada edição são mais de 600 do-cumentários concorrendo, oriundos de 30 países. As inscrições vão até 15 de julho e mais informações podem ser obtidas no site www.cineecoseia.org. O festival será de 19 a 26 de outubro de 2013.
Cinecipó em terceira edição
Canal de vídeos contra oracismo ambiental
De 24 a 27 de julho acontece o Cinecipó – Festival de Cinema Socioambiental da Serra do Cipó, localizada no município de Santa-na do Riacho, em Minas Gerais. Aliando diversão e conhecimento, o festival oferece além de filmes vindos de todo país e do exterior, ofi-cinas e shows, tudo gratuitamente. São bem-vindos desde filmes que falem do efeito de um papel de bala jogado na rua até a acidificação dos oceanos. Dos latifúndios às questões de urbanização. A edição de 2013 é uma realização da Funarte e do Ministério da Cultura.
Existe um grupo ligado a Rede Brasileira de Justiça Ambiental que combate o que chamam de racismo ambiental que são as in-justiças sociais e ambientais que recaem sobre grupos étnicos vul-nerabilizados e sobre comunidades discriminadas por sua “raça”, origem ou cor da pele. Tendo como uma das ferramentas de luta as redes sociais, o grupo mantém um canal no You Tube reunin-do vídeos sobre diferentes temas como direitos humanos, direito ao conhecimento, reforma agrária, mundo, racismo e cultura. Vale conferir acessando pela internet http://www.youtube.com/user/RacismoAmbiental?feature=mhee
Passeio pelo Museu da Água de Medellin
Há muitos museus da água pelo mundo. Em países como Ho-landa, Portugal e no Brasil em cidades como Blumenau, em Santa Catarina e Piracicaba, no interior paulista. Em todos existe a preo-cupação em conscientizar da importância da água para nossa so-brevivência e da finitude de suas fontes, caso não preservemos. Um dos mais recentes é o Museu da Água colombiano, criado pela Me-dellin Empresas Públicas e que tem como proposta levar o público a ter experiências de recordação profunda - como eles dizem - indo às origens da vida no nosso planeta. Um passeio pelo seu interior, com explicações sobre o funcionamento interativo está disponível no You Tube. Basta acessar pela internet o link http://www.youtu-be.com/watch?v=n4VFg7Yn4CA. O vídeo está em espanhol.
Sempre procurando dar visibilidade a iniciativas ambientais e sociais ligadas ao audiovisual, chegamos ao projeto Cineminha na Escola e na Praça, realizado nas cidades de Aparecida, Guarulhos e São Sebastião, no estado de São Paulo. São mostras gratuitas de curtas-metragens brasileiros voltados para o público infantil de es-colas públicas (05 a 12 anos), professores, familiares e comunidade em geral. Na verdade são duas mostras: uma especialmente para crianças de escolas públicas, seguida de oficina de desenhos de animação, onde as crianças podem desenhar, colorir e ver seus de-senhos animados através de um fenaquistoscópio – brinquedo que dá ilusão de movimento. E a outra mostra feita para a comunidade, aberta ao público, possibilitando que outras crianças, pais, familia-res, arte-educadores e demais públicos possam ter acesso gratuito a conteúdos audiovisuais. O projeto é realizado pela Papillon Pro-duções Artísticas e pela Educom.Arte. As exibições serão entre os meses de abril e agosto de 2013.
Projeto que merece nota
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I m a g e m
E ste mar cristalino é a visão belíssima do Cabo da Roca, ponto mais extremo a oeste de Portugal. Situa-se próximo de Sintra e Cascais, não muito distante de Lisboa. Vale, sem hesitar, a visita: não deixe de conhecer também o Farol do Cabo da Roca. Em Lusíadas, Canto III. Luís Vaz de Camões descreveu-o como o local “Onde a terra se acaba e o mar começa”. A repórter Isabella Araripe lá esteve recentemente e nos brinda com esta imagem que nos rememora nossos antepassados e nossas raízes com Portugal.
Foto: Isabella Araripedo Cabo da Roca, Portugal
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O GRUPO ALUSA ENGENHARIA, através da Greenluce Soluções Energéticas, está utilizando,
pioneiramente, em alguns canteiros de obras, o novo sistema híbrido que produz energia solar
e eólica ao mesmo tempo. Tecnologia de ponta a serviço da sustentabilidade.
Saiba mais no site: www.greenluce.com.br.
ALUSA ENGENHARIA: Gerando Energia Renovável
Há 50 anos trabalhando em soluções em infraestrutura sustentável.