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Complexidadeemtemposdecrise: Diálogosentreeconomia,sustentabilidadeevisãosistêmica
UniversidadeFederaldeUberlândia-MG
03e04.11.2016
12º Congresso Brasileiro
de Sistemas
ISSN:2446-6700
TEORIA GERAL DE SISTEMA: DIÁLOGOS
Antônio Carlos Victor Amaral Centro Universitário de Caratinga
antoniocvamaral@hotmail.com
Resumo
Este trabalho foi alicerçado no desenvolvimento de uma análise baseada nas discussões e consequentes considerações de Ludwig von Bertalanffy e Keneth Ewart Boulding sobre a Teoria Geral de Sistema (TGS), em troca de correspondências e em seus registros nos anuários na Society for General Systems Research, desde a sua fundação até 1972. Buscou-se estabelecer marcos metodológicos e históricos no desenvolvimento da TGS e o conhecimento interdisciplinar respectivo e sua contribuição com os avanços e resultados dessa análise. Com a pesquisa documental conclui-se que as discussões entre dois profissionais de formações distintas e com conclusões semelhantes e contemporâneas na construção da TGS e suas aplicações teóricas.
Palavras-Chave: Bertalanffy. Boulding. História da Ciência. Teoria Geral de Sistema. Abstract
This work was rooted in the development of an analysis based on the discussions and resulting considerations of Ludwig von Bertalanffy and Kenneth Ewart Boulding on the System General Theory (TGS) in correspondence exchange and their records in the yearbooks of the Society for General Systems Research, from its foundation until 1972. We sought to establish methodological and historical landmarks in the development of System General Theory and the respective interdisciplinary knowledge and its contribution to the progress and results of this analysis. With the documentary research is concluded that discussions between two professionals from different backgrounds and with similar and contemporary findings in the construction of System General Theory and its theoretical applications.
Keywords: Bertalanffy. Boulding. History of Science. System General Theory.
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12º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700
Introdução
O pensamento de Bertalanffy e Boulding sobre a TGS, apesar de distantes fisicamente
inicialmente, foi possível uma conclusão semelhante, como se observa no desenvolvimento
deste trabalho, que abordou as discussões entre Bertalanffy e Boulding sobre a TGS. A
abordagem de tais considerações decorreu da interação de suas teorias, a despeito de
Bertalanffy ser um biólogo e Boulding um economista e, em razão disto, terem discutido o
mesmo tema a partir de visões paradoxalmente idênticas, muito embora com percepções ao
mesmo tempo diferentes e semelhantes.
Boulding lhe escreveu: Parece que cheguei a uma conclusão muito semelhante à sua,
embora partindo da economia e das ciências sociais e não da biologia, a saber: existe
um corpo daquilo que chamei "teoria empírica geral", ou "teoria geral do sistema" em
sua excelente terminologia, com larga aplicação em muitas disciplinas diferentes
(Bertalanffy, 1968, p. 34-5).
Fazendo um necessário flashback, em seu primeiro contato com Bertalanffy, em
novembro de 1953, depois de ler seu artigo Philosophy of Science in Scientific Education,
Boulding enviou-lhe a descrição de sua concepção da TGS. Expõe-se nesse ponto a opinião de
Boulding sobre a relação entre a economia e as ciências comportamentais. Depois de iniciar
sua análise com esta afirmação: “Estamos vivendo no meio de um movimento interdisciplinar”,
o pesquisador o descreveu como resultante de três processos evolutivos:
a) O aumento da generalidade das disciplinas em vista da ruptura dos limites que as
separam; b) O desenvolvimento de um número significativo de campos empíricos
específicos, tais como as relações industriais, que eram arrancados das bases teóricas
de várias disciplinas diferentes; e, (c) O crescimento do campo “intersticial”, no caso
de duas disciplinas análogas como a Psicologia Social e Economia Política resultarem
numa nova disciplina pela interação de seus conceitos (Boulding, 1978, p. 20).
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Complementando, Boulding (1978) enfatizou que as teorias do comportamento
econômico tiveram um impacto significativo sobre a ciência política, que se moveu na direção
da economia política.
De modo geral, Bertalanffy foi reconhecido como o fundador da TGS, muito embora,
como foi comum na história da ciência, tal autoria ter sido contestada. Neste sentido, Anatol
Rapoport o descreveu como o primeiro biólogo a tentar descrever a biologia teórica como uma
ciência natural, motivo pelo qual também lhe foi creditada a iniciativa da defesa de uma
abordagem "organísmica" da biologia.
Ludwig von Bertalanffy é provavelmente uma das figuras mais incompreendidas da
história da ciência. Pela sua concepção da “Teoria Geral de Sistema” (TGS), nota-se
que tal “sistema” foi classificado no singular, enquanto hoje é comumente referido no
plural, forma originada na sua preocupação com o desenvolvimento mais amplo de um
quadro holístico teórico em biologia (Bertalanffy, 1968, p. XXIII).
Ao associar progresso tecnológico orientado com a ideia de sistemas, muitas vezes, o
próprio pesquisador contribuiu para a má interpretação de sua obra, particularmente, no que se
refere às implicações para a compreensão dos sistemas sociais (Hammond, 2010).
Desenvolvimento Metodológico
Nesta pesquisa, buscou-se analisar inicialmente o livro General System Theory:
Foundations, Development, Applications, de Ludwig von Bertalanffy (1901-1972), publicado
em 1968, no qual o pesquisador apresenta os relatos de seus estudos em épocas distintas (1940-
1969), da principal obra e tema desteestudo sobre o que foi denominado Teoria Geral de
Sistema, a fim de identificar alguns aspectos de sua formulação original, baseado também no
artigo publicado na The Scientific Monthly, em 1953, Philosophy of Science in Scientific
Education e outros artigos e trabalhos de Bertalanffy e Boulding.
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Com isso, se propôs, uma pesquisa exploratória, associada à metodologia da pesquisa
bibliográfica. Interpretou-se os textos de forma a sustentar e apresentar as influências do
desenvolvimento da Teoria Geral de Sistema. Posto isso, algumas influências dos estudos e
pesquisas de Bertalanffy no desenvolvimento das organizações sociais. Verificou-se, em
especial conceitos propostos a partir dos diálogos entre o biólogo Ludwig von Bertalanffy e o
economista Kenneth Ewart Boulding e das discussões sobre suas contribuições científicas para
o desenvolvimento de novas teorias. Aborda-se também o papel desse diálogo na criação da
Society for General Systems Research.
Em seu livro Teoria Geral de Sistema, Bertalanffy apresentou os resultados de
discussões com biólogos e médicos alemães e austríacos. Embora a unanimidade dos
debatedores confirmasse o seu notável conhecimento e domínio das questões biológicas, após
a divulgação de sua obra, surgiram críticas de biólogos e filósofos da biologia de inspiração
“vitalista”, como Aloys Wenzl (1887-1967), que classificaram a sua perspectiva “organísmica”
como uma “alternativa refinada do mecanicismo”.
De suas discussões com Alston S. Householder (1904-1993), Bertalanffy abstraiu,
também, e mais especificamente: a possibilidade de estabelecer uma relação formal entre o
caráter aberto de um sistema e a sua equifinalidade; ou seja, o que caracteriza os sistemas
abertos e em qual estado final serão modificados; e se as condições iniciais ou o curso do
processo serão alterados.
O oposto ocorre nos processos organísmicos, quando o mesmo estado final, a mesma
meta poderia ser alcançada, partindo-se de diferentes trajetos, fazendo com que esta não
aparecesse mais como uma propriedade necessária e única dos sistemas vivos, e sim como uma
propriedade sistemática geral, ou seja, a sua capacidade de adaptação (Pouvreau, 2009, p. 51).
Bertalanffy (1952) pensou que sua visão organísmica oferecia um modelo alternativo
que pudesse superar a dicotomia entre o mecanicismo e o organicismo. No seu entendimento,
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o embrião em desenvolvimento é um fluxo inquieto e dinâmico, e “a ação de desenvolvimento
de uma célula depende de sua posição na cadeia do sistema celular” (Bertalanffy, 1952, p. 57),
pois começando como uma única célula é progressivamente diferenciada em sistemas
subordinados.
Em 1937, convidado a fazer uma conferência em um seminário organizado por Charles
Morris (1901-1979), Bertalanffy expôs, pela primeira vez, as linhas do seu projeto de
“Sistemologia Geral”, onde demonstrou que todas as ciências se encontravam em um mesmo
nível de concepção dinâmica e os conceitos de “totalidade” e de “organização”, bem como uma
identidade formal de princípios e leis em domínios, a priori, completamente diferentes
“isomorfismos” (Bertalanffy, 1968).
Bertalanffy (1968) deixou os rascunhos na gaveta, pois a guerra também interferiu no
desenvolvimento de seu trabalho que, de certa forma, foi interrompido. Assim, somente após
a guerra iniciou suas publicações sobre o tema, motivado pela percepção de uma mudança no
clima intelectual do pós-guerra, ou seja, de que havia se tornado “moda” a construção de
modelos e generalizações abstratas. Segundo ele, cientistas diferentes tinham seguido linhas
semelhantes de pensamento.
Para explicar tal simetria evolutiva, postulou a existência de princípios, de modelos e
de leis aplicáveis a quaisquer tipos de sistema, independentemente da natureza dos seus
elementos e de suas propriedades específicas, justificando, assim, a formulação do seu projeto
de “Teoria Geral de Sistema”.
No entanto, nos EUA, Norbert Wiener tinha o seu trabalho estimulado justamente pela
guerra, pela necessidade do desenvolvimento de equipamentos militares e outras realizações
tecnológicas afins (Laclau & Luhmann, 2006; Vasconcellos, 2002).
Após a guerra, ainda na Europa, Bertalanffy discutiu a TGS com os físicos,
apresentando-a em conferências e simpósios, mas eles a receberam com incredulidade. Assim,
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o pesquisador vivenciou a dificuldade de ultrapassar tanto as fronteiras disciplinares como as
continentais, ou seja, da Europa para os Estados Unidos. Boulding atesta essa dificuldade em
um comentário enviado a Bertalanffy, em 1953:
Tenho a certeza de haver muita gente em todo o mundo que chegou, essencialmente,
ao mesmo entendimento que alcançamos. ” Por fim, conclui que “estimo que esteja
amplamente espalhada e não se conheça uma à outra, tão grande é a dificuldade de
atravessar as fronteiras das disciplinas (Bertalanffy, 1968, p. 34-5).
Bertalanffy (1953) acreditou que a TGS seria como um caminho para a unidade da
ciência, e para uma transferência controlada de modelos e leis de um campo para outro. No
entanto, destacou que a unificação da ciência tem sido vista na redução de todas as ciências à
física, daí uma visão alternativa a esse ponto de vista através da sua proposta de teoria de maior
interatividade da ciência e seus pesquisadores.
Enquanto isso, a cibernética se desenvolvia nos EUA, e tendo conhecimento de sua
evolução, Bertalanffy era influenciado pela nova ciência. Em suas publicações, ele cita os
trabalhos dos pesquisadores Norbert Wiener, W. Ross Ashby, John von Newman, Warren
Weaver e Claude E. Shannon (Bertalanffy, 1968).
De sua parte, ao citar o trabalho de W. Ross Ashby, Boulding apresentou distinções
entre informação e matéria-energia, concernentes ao modelo cibernético. Assim, argumentou
que a organização não pode existir sem comunicação. E seu ponto de vista pautou-se na ideia
de que, enquanto a matéria e a energia não puderam ser criadas nem destruídas, a informação
é cumulativa e capaz de um crescimento contínuo e expansivo. Sua visão refletia o interesse
de interação dos pesquisadores de áreas distintas, mas, com objetivos comuns. Levando em
conta o que foi exposto anteriormente se pode notar que tanto Bertalanffy quanto Boulding
dedicaram-se a analisar a então nova ciência da cibernética.
Em 13 de janeiro de 1954, Bertalanffy revelou apreensão quanto à hostilidade em
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relação à Europa presente no cenário político-social dos EUA que, segundo os jornais
canadenses, se intensificara, externando sua preocupação pela recente história vivida pela
Europa e seus desdobramentos políticos. Ele se referia ao “tinkpol” (Orwell, 1984, p. 3-7),
termo que ilustrou o totalitarismo extremo, no qual até mesmo os pensamentos dos seres
humanos eram controlados (Huxley & Bertalanffy, 1973).
De fato, Bertalanffy concordou que havia necessidade de uma integração de conceitos
e abordagens de sistemas, e enviou para Boulding uma cópia de sua proposta de um instituto
de investigação de sistemas. Na sequência, Boulding e Bertalanffy redigiram uma carta que,
de imediato, foi enviada aos cientistas da natureza e da sociedade que podiam ter interesse na
formação dessa sociedade dedicada ao estudo geral dos sistemas.
Dentre esses cientistas estava Anatol Rapoport, que respondeu demonstrando-se
interessado na ideia. Com isso, os planos para a da Society for General Systems Research
(SGSR/ISSS), tornou-se real, e Boulding contatou Ralph Tyler para recomendar Bertalanffy
como um dos parceiros convidados (Boulding, 1968).
O conceito de organismo como um sistema aberto, introduzido em 1940, foi a
contribuição mais importante de Bertalanffy para a evolução do pensamento sistêmico,
fornecendo base conceitual para o surgimento da termodinâmica de não equilíbrio,
comprovando que o pesquisador se interessou por uma ampla gama de questões, transitando
em inúmeros campos de estudo.
Baseando-se na articulação de Claude Shannon da teoria da informação, Boulding vê
como interessantes algumas conclusões para a comunicação humana, sugerindo que a
redundância é necessária dada a quantidade de ruídos. E que, ainda assim, “somente com a
reiteração constante em muitas formulações diferentes, é que as ideias, realmente, atravessam
de uma mente para outra” (Boulding, 1961, p. 10). Destacou, também, as significativas
implicações da epistemologia e ética no conceito de informação.
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As principais ideias da contribuição de Boulding (1958) para o desenvolvimento do
pensamento geral de sistemas incluíam a sua concepção ecológica de sociedade, o
desenvolvimento dos conhecimentos da teoria da informação e da cibernética em uma análise
da percepção e da ideologia, e o compromisso de dedicar-se, ao longo de sua vida, à paz e
resolução de conflitos, elementos que enquadravam a sua visão evolutiva da história.
Bertalanffy distinguiu três desenvolvimentos gerais na área de sistemas: (a) sistemas e
tecnologia; (b) sistemas e ciência; e, (c) filosofia e sistemas. Posto isto, Bertalanffy (1968)
descreveu a TGS como “uma filosofia e ciência de síntese, enfatizando sua holística, orientação
ecológica e integradora, em contraste com a orientação mecanicista das mais estreitas
abordagens tecnológicas”. Concluiu que parte da confusão sobre os resultados desse trabalho
origina-se da tensão entre suas dimensões científica e filosófica” (Davidson, 1983, p. 21).
A concepção de Bertalanffy da TGS surgiu do seu trabalho anterior em biologia teórica,
e da sua percepção de que os organismos biológicos devem ser estudados como totalidades.
Quanto à concepção de Boulding, foi enraizada em uma profunda oposição à guerra. O teórico
trabalhou em direção ao conceito de totalidade que poderia equilibrar a diversidade, conter
polaridades e, ainda, deixar espaço para o crescimento individual e diverso (Boulding, 1958).
Boulding discutiu as semelhanças entre as organizações sociais e os organismos
biológicos, descrevendo como o comportamento, o crescimento e a sobrevivência das
organizações, em ambas as realidades, eram determinadas por suas estruturas internas.
No entanto, o pesquisador afirma não ter dúvida da necessidade de a TGS ser vista sob
outra denominação. Isto porque, como mencionado anteriormente neste projeto, o
desenvolvimento adicional de grande interesse na forma de estudo interdisciplinar inclui, entre
os exemplos apresentados, a teoria da informação, que se originou na engenharia de
comunicações, e tem importantes aplicações em vários campos que se estendem da biologia às
ciências sociais.
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Da mesma forma, a teoria da organização, que surgiu da economia, sociologia,
engenharia, fisiologia e da administração foi, em si, um produto igualmente multidisciplinar.
Como afirmou Boulding:
Da mesma forma, um especialista que trabalha com o conceito de crescimento – seja
ele cristalógrafo, virologista, citologista, fisiologista, psicólogo, sociólogo ou
economista – será mais sensível às contribuições de outros campos, se estiver
consciente das muitas semelhanças do processo de crescimento em diferentes campos
empíricos (Boulding, 1956, p. 199).
Uma vez que as linhas de comunicação são lineares, como são os nervos, Boulding
sugeriu que o tamanho das organizações sociais, das redes de comunicação e das funções
administrativas tem uma importância relativa, já tais dimensões são significativamente
melhoradas por mudanças tecnológicas que aperfeiçoam as competências organizacionais,
ampliando os limites anteriores do crescimento organizacional. Tal entendimento motivou a
sua análise do efeito de tal crescimento sobre a natureza do mercado e do crescente poder do
estado (Boulding, 1953).
Boulding enfatizou a necessidade e importância do feedback como ferramenta ou
mecanismo de diagnóstico de mercados, pois os “mecanismos de feedback, por exemplo, são
de importância crucial em um grande número de sistemas econômicos. ” Exemplifica ainda,
“se alguém está procurando uma explicação dos ciclos econômicos ou flutuações, ou de
determinados mercados especulativos, como o mercado de ações, ou na economia em geral, o
modelo de feedback é extremamente útil” (Boulding, 1972, p. 86). Dada a complexidade dos
sistemas sociais e a dificuldade de obtenção de informações precisas, Boulding (1956) também
enfatizou a importância de organizar teorias, citando a revolução keynesiana, por exemplo.
Boulding mencionou a cibernética, a teoria do sistema aberto ou teoria da informação,
a realização sistemática de levantamento e coleta de dados através de pesquisas de mercado e
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de opinião pública eleitoral, e a crescente sofisticação das técnicas de modelagem matemática,
como exemplos dos atuais desenvolvimentos teóricos e metodológicos que podem aumentar o
nível geral de entendimento e, portanto, conduzir as organizações aos fins planejados e
almejados (Boulding, 1961; 1964).
O entusiasmo de Bertalanffy para a criação da TGS originou-se da certeza de que este
conceito também seria relevante para outros campos de conhecimento, e que tanto poderia ser
aplicado ao estudo da psique humana como das instituições sociais e da ecosfera global, onde
as leis similares de organização podem ser aplicadas. Boulding definiu TGS como:
Um nome que tem sido usado para descrever um nível de construção de um modelo
teórico, que se encontra em algum lugar entre as construções altamente generalizadas
da matemática pura e das teorias específicas das disciplinas especializadas. Cada
disciplina correspondeu a um determinado segmento do mundo empírico, e cada uma
desenvolveu teorias que têm aplicabilidade particular para seu próprio segmento
empírico. (Boulding, 1956, p. 200-1).
Neste sentido, disciplinas como física, química, biologia, psicologia, sociologia,
economia e outras, esculpiram em si certos elementos da experiência humana, e desenvolveram
teorias e padrões de atividade (pesquisas) que produzem satisfação no entendimento, por serem
apropriadas aos seus segmentos específicos, conforme destacou Boulding em sua abordagem.
“Sugere-se que as duas abordagens possíveis para a organização da teoria geral do sistema
devam ser consideradas como complementares e não competitivas ou, pelo menos, como dois
caminhos, cada um dos quais vale a pena explorar” (Boulding, 1956, p. 200).
Desta forma, a abordagem geral dos sistemas de conhecimento tem importantes
contribuições a dar à economia, como faz a praticamente todos os outros campos de
conhecimento. Neste sentido, em seu artigo sobre a TGS, Boulding (1972) afirma que devem
ser observadas duas maneiras de se estruturá-la.
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Nessa visão complementar, pode-se afirmar que a outra área onde os sistemas gerais
tiveram um impacto maior na economia, parece ter sido na teoria do “tamanho ótimo” da
organização. Isto porque um dos triunfos reais da TGS, que deu a von Bertalanffy muito
crédito, foi a demonstração de que os processos que conduzem à formação das organizações
tendem a exibir "equifinalidade", no sentido de um senso auto limitante do crescimento.
Na estrutura hierárquica da organização, a centralização produz ausência de otimização
por causa da quebra da rede de comunicação, enquanto na descentralização, inversamente,
produz uma subotimização, do ponto de vista da organização como um todo, advinda da
dificuldade de se otimizar (Boulding, 1956).
No entanto, Boulding salientou que os ciclos de centralização e descentralização que
vemos em quase todas as grandes organizações tais como a União Soviética, a Igreja Católica
e a empresa General Eletric®, quase certamente surgiu desse princípio.
A análise da população foi outro sistema geral considerado por Boulding de grande
importância potencial na economia. No seu entendimento, em qualquer processo que reúne um
conjunto contendo elementos como data de entrada ou "nascimento", e também elementos que
deixam o conjunto, como data de saída ou "morte", ou seja, as idades do indivíduo nesses dados
momentos, qualquer elemento pode ser identificado, e ao ser identificado merece o nome de
"população".
Populações, necessariamente, não precisam ser biológicas. Neste caso, pode-se,
perfeitamente, considerar o número total de automóveis de uma cidade, por exemplo, como
uma população, e a população futura dos automóveis pode ser projetada da mesma maneira
que se projeta populações tanto de homens como de um animal qualquer.
De acordo com a instrução clássica de holismo, o todo é maior do que a soma das partes.
Neste sentido, Bertalanffy argumentou que cada organismo é um sistema, definido por ele
como “um complexo de elementos em interação mútua” (Bertalanffy, 1952, p. 147). Para
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entender qualquer sistema, o teórico sugere ser necessário compreender não apenas as partes,
como na abordagem mecanicista, mas também as relações existentes entre elas.
Enquanto a visão de mundo do século XIX esteve essencialmente atrelada à física,
Bertalanffy considerou que a investigação de problemas biológicos daria contribuições
essenciais à evolução da ciência, uma vez que, paralelamente, também promoveria a expansão
dos conceitos e leis da física. Sua concepção organísmica foi, portanto, uma tentativa de tornar
cientificamente significativo o conceito da integridade biológica.
Assim, o pesquisador imaginou a TGS como uma pesquisa interdisciplinar de leis da
física. Seus esforços para articular matematicamente essas leis, juntamente com sua ênfase nas
“isomorfias" (ou seja, nas semelhanças de estrutura matemática formal) entre diferentes tipos
de sistemas, foram os aspectos mais controversos da sua pesquisa.
Na sua perspectiva, enquanto a visão cibernética reforçava modelos de equilíbrio dos
sistemas naturais e sociais, o conceito de sistema aberto foi explicitamente evolucionista,
enfatizando a importância da espontaneidade e criatividade. Bertalanffy criticava o modelo de
estímulo-resposta (E-R) em psicologia comportamental e, também, o que foi mantido no
modelo cibernético, por representar o organismo como inteiramente passivo, contribuindo para
uma visão da humanidade que justificava as formas totalitárias de controle social.
Para Boulding, a força do capitalismo é a sua “capacidade de coordenar organizações
em um ecossistema que não foi centralmente integrado” (Boulding, 1953, p. XV). Sustentado
nessa visão “ecológica” de organização social, o pesquisador foi fundamentalmente contra as
concentrações de poder. Argumentando que, com o “crescimento das organizações, aumentava
a necessidade de democracia interna dentro da estrutura organizacional, se caso a liberdade
estivesse em perigo” (Boulding, 1953, p. 52; 1968, p. 28), buscou novas formas de promover
a comunicação e a capacidade de resposta das estruturas hierárquicas da organização.
Assim, observou que a comunicação na hierarquia é geralmente fraca, reconhecendo
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que tanto a determinação do estado ideal como a resposta a qualquer entrada de informação
refletem os desvios do executivo. Ainda assim, foi fundamental, para a sua crença no potencial
de mudança construtiva, a ideia de que os sistemas vivos são capazes de aprendizagem.
Boulding também sugeriu que as hierarquias organizacionais tendem a distorcer a
informação, e que este defeito nos sistemas de informação tem efeitos profundos sobre a
capacidade de se de tomar decisões fundamentadas. Preocupou-se, ainda, com a relação entre
conhecimento e poder. Com base em suas percepções sobre os meios de alcançar o poder nas
organizações, sugeriu que “as imagens que são úteis na obtenção de poder, mas raramente são
úteis para exercê-lo sabiamente ou mantê-lo” (Boulding, 1961, p. 14).
Entretanto, para Bertalanffy, os sistemas sociais e os sistemas ecológicos não devem
ser considerados “superorganismos”, e sim sistemas de um nível ainda mais elevado de
organização, com suas próprias leis e graus ainda maiores de liberdade.
O teórico descreveu o processo dinâmico de organização biológica como “uma luta
contínua das peças”. No seu entendimento, “o mundo como um todo e cada uma de suas
entidades individuais é uma unidade de opostos que, em sua oposição de luta, constitui e
mantém um todo maior” (Bertalanffy, 1952, p. 53; 1969, p. 87).
O problema central da ciência era a sua classificação, cujo organon fundamental é a
definição de subordinação e superordenação dos conceitos. Na ciência moderna, a
interação dinâmica parece ser problema central em todos os campos da realidade. Seus
princípios gerais terão de ser definidos pela TGS (Bertalanffy, 1968, p. 124).
Além de sua organização e natureza dinâmica, Bertalanffy (1952) enfatizou o caráter
histórico da vida, mais aparente nas áreas de desenvolvimento, tais como a embriologia e
psicologia, embora também possa ser visto no contexto de sistemas maiores.
O pesquisador também “sugeriu que a ciência emergente da genética havia
proporcionado uma familiaridade com o vocabulário, mas não com a gramática do código
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genético” (Bertalanffy, 1952, p. 74-5; 1969, p. 83), pois uma compreensão do código genético
exigiria uma integração dos conceitos de organização e de evolução que levasse em conta a
termodinâmica e a teoria da informação.
O aspecto mais significativo do modelo organísmico, no entendimento de Bertalanffy,
foi ter desafiado a “teoria da máquina da vida” (Bertalanffy, 1952, p. 18). Em contraste com a
teoria da máquina do organismo, o pesquisador enfatizou a natureza ativa do organismo
baseado em sua compreensão de organismo como sistema aberto, sendo esta uma de suas “mais
importantes contribuições” (Huxley & Bertalanffy, 1973, p. 200) para o campo da psicologia
e, em especial, para sua concepção da TGS.
Bertalanffy considerou o crescimento como um dos problemas fundamentais em
biologia. Seu objetivo era generalizar matematicamente a ideia básica de que o crescimento
resulta da interação entre o anabolismo e o catabolismo, ou processos contínuos de construir e
quebrar, que ele considerava fundamentais para todos os aspectos da vida. Enquanto o
anabolismo está relacionado com o metabolismo da respiração e, por isso, é dependente da
forma e área de superfície do corpo, o catabolismo é dependente do peso corporal. A partir
dessas considerações, Bertalanffy (1952) desenvolveu a teoria quantitativa da morfologia
dinâmica (UNESCO, 1965). Enquanto isso, para Boulding:
Outro fenômeno de significado universal foi o crescimento. Teoria do crescimento é,
em certo sentido, uma subdivisão da teoria do crescimento individual, sendo um
importante aspecto do comportamento. No entanto, há diferenças importantes entre a
teoria do equilíbrio e a teoria do crescimento, que justifiquem colocar a teoria do
crescimento numa categoria especial. (Boulding, 1956, p. 202).
Alguns fenômenos de crescimento podem ser tratados como modelos populacionais
relativamente simples, por produzirem curvas de crescimento das variáveis individuais. Nos
níveis mais complexos, problemas estruturais tornam-se dominantes e as inter-relações
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complexas entre crescimento e forma são o foco de interesse.
Embora o organismo seja aparentemente persistente, ele é, de fato, a manifestação de
um fluxo perpétuo, um sistema aberto em estado de equilíbrio dinâmico, ou seja, o organismo
nunca está em estado de equilíbrio, encontrando-se sempre em estado de não equilíbrio, por
manter um fornecimento contínuo de energia e troca de componentes com o seu ambiente
(Bertalanffy, 1952; 1968; 1969).
O objetivo geral da abordagem de Bertalanffy (1968) foi determinar os princípios que
se aplicam a sistemas em geral, para classificar logicamente os tipos de sistemas diferentes, e
elaborar modelos matemáticos, a fim de descrevê-los como o objetivo último de uma ciência
unificadora (Ackoff, 1999).
No entanto, Boulding apresentou a TGS em duas abordagens distintas. A primeira,
pelas várias abordagens dos sistemas gerais, feitas por meio da exploração dos diversos
aspectos do mundo empírico, que levaram, em última análise, a algo como uma teoria geral do
campo da dinâmica de ação e interação. A segunda abordagem possível para a TGS foi por
meio de um arranjo de sistemas teóricos com a construção de uma hierarquia de complexidade,
que correspondeu, aproximadamente, à complexidade dos "indivíduos" dos vários campos
empíricos.
Tal abordagem foi mais sistemática que a primeira, pois vai em direção a um “sistema
de sistemas” (Bertalanffy, 1968, p. 28). Não podendo substituir inteiramente o primeiro modelo
de abordagem, o teórico concluiu que também não podia considerar sempre os conceitos
teóricos e as construções do quadro sistemático do segundo modelo. Então Boulding sugeriu
um possível arranjo de nove níveis hierárquicos do discurso teórico, e Bertalanffy (1968)
esboçou uma tabela com uma visão desses níveis.
Bertalanffy não teve a pretensão do rigor lógico, foi uma proposta parcialmente em
conformidade com as ideias de Boulding, e se tratou de uma visão geral e impressionista e,
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conforme observou: “Os níveis superiores em regra pressupõem os inferiores. Mas a relação
entre os níveis exige esclarecimento em cada caso” (Bertalanffy, 1968, p. 29).
Assim, os três primeiros níveis representados pelo princípio do conhecimento teórico,
definidos, em quase todos os campos estáticos, como sistema dinâmico simples, quando de sua
evolução para o próximo nível, ocorreu por meio de movimentos predeterminados, de forma a
alcançar, consequentemente, o nível de controle, entendendo-se pelos níveis mecânicos ou dos
mecanismos.
A evolução nesses níveis refere-se, neste quarto nível, a um aumento da complexidade
em relação aos níveis inferiores e assim por diante. A premissa foi a diferenciação dos
organismos vivos dos não vivos. Em seguida, o nível “planta” ilustrou a capacidade de
recepção difusa (árvore), evoluindo para receptores especializados de informação.
Finalizando o raciocínio da evolução de complexidade proposta nos níveis anteriores,
essa etapa teve início na apresentação do sistema humano, que possui capacidade de falar,
produzir, absorver e interpretar símbolos, diferenciando-se dos animais que emitem outros
tipos de alertas restritos.
Consequentemente, no agrupamento de seres humanos, ou seja, no próximo nível
hierárquico da organização social, a preocupação tem origem no conteúdo e significado das
mensagens. Neste sentido, Boulding (1956, p. 203) apontou que “a natureza e as dimensões
dos sistemas de valores, a transcrição de imagens em um registro histórico, as simbolizações
sutis da arte, música e poesia, formam o amplo complexo da emoção humana”. Completa ainda
que “o universo empírico aqui é a vida humana e da sociedade em toda sua complexidade e
riqueza” (Boulding, 1956, p. 203). Assim, para completar a proposta dos níveis hierárquicos,
acrescentou-se o último nível, o dos sistemas transcendentais descritos como “ultimates” e
“unknowables”, tomando-se por analogia como os “finais” e os “desconhecidos”, e exibindo
também uma estrutura sistemática de relacionamento.
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Para Boulding, a maior vantagem dessa classificação foi impedir que se aceitasse que
o nível final de análise teórica está abaixo do nível empírico investigado. Enquanto, que
Bertalanffy (1962) reconheceu a evolução do conceito de sistemas, escreveu: “Apesar das
limitações óbvias, diferentes abordagens e críticas legítimas, poucos negariam a legitimidade
e a fertilidade da abordagem de sistema interdisciplinar” (Bertalanffy, 1968, p. 16).
No campo interdisciplinar, o interesse atribuído a Boulding, no início de seus estudos,
era o uso precoce de metáforas e modelos ecológicos da população. As atividades de pesquisa
abrangiam a etnologia, a economia, o comportamento político, a ecologia humana, a
população, a organização social e dinâmica, o comportamento individual e o desenvolvimento
de modelos matemáticos na teoria social (Hammond, 2010).
Bertalanffy considerou os campos da cibernética, engenharia de sistemas e análise de
sistemas como decorrentes da complexidade da tecnologia moderna. Embora reconheça uma
ligação entre a TGS e os campos tecnológicos, sua ênfase foi na necessidade de um arcabouço
conceitual que transcendesse a base mecanicista da ciência clássica, a fim de abordar os
fenômenos mais complexos que caracterizam as ciências biológicas e as ciências
comportamentais e sociais (Bertalanffy, 1952). O pesquisador percebeu a TGS como um
esforço para descobrir padrões universais de organização, reconhecendo, simultaneamente, a
existência de qualidades emergentes em cada nível da organização, buscando distinguir os
princípios comuns a todos os níveis, gerais e específicos.
As questões relativas à natureza da totalidade da organização e da interação dinâmica
multivariada caracterizaram sistemas organizados em todos os níveis, onde o
comportamento das partes foi mais diferenciado quando estudado isoladamente do que
quando avaliado no contexto do todo (Bertalanffy, 1962, p. 4; 1968, p. 50; 1969, p. 65).
No estudo desses sistemas, Bertalanffy (1968) pensou que esses conceitos pudessem
fomentar uma base para a síntese interdisciplinar, e contribuir para a unificação e integração
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da ciência dentro de um quadro mais amplo, evitando a redução de todas as ciências às
concepções mecanicistas da física. Além disso, pensou que iria facilitar uma abordagem mais
integrada de educação, aliando valores éticos ao desenvolvimento da personalidade.
Assim, enfatizou que a concepção organísmica não implica um “domínio unilateral das
concepções biológicas” (Bertalanffy, 1968, p. 178), destacando a autonomia dos diferentes
níveis. Refletindo sobre o desenvolvimento da TGS, reconheceu que os modelos formais foram
simplificados, pois muitas vezes mostravam incongruências com a realidade, embora ainda
acreditasse que os modelos forneceram uma contribuição importante para o domínio conceitual
da natureza e para a expansão da teoria científica.
A inferência contemporânea da igualdade é equivocada, pois como o campo da
cibernética evoluiu para incorporar muitos dos mesmos elementos que Bertalanffy pensou
serem exclusivos de seu sistema? A prova do equívoco está no fato do teórico distinguir as
duas teorias, com base em seus conceitos de organização: feedback e homeostase na
cibernética, e sistemas abertos e interações dinâmicas na TGS.
Enquanto cibernética tende a enfatizar modelos de equilíbrio, a TGS é baseada na ideia
de sistemas em estados de não equilíbrio. De acordo com Bertalanffy (1968), o modelo
cibernético descreveu como “estímulos-resposta com um loop de feedback” representa o
organismo como essencialmente reativo, ao contrário da TGS, baseada no modelo organísmico,
que retrata o organismo como fundamentalmente ativo. Em sua interpretação da relevância da
cibernética para a teoria social, Boulding evidenciou, uma reconstrução da economia:
O desenvolvimento de mecanismos adequados de cibernética para uma economia livre,
que não vai alcançar a estabilidade somente ao custo de tirania ou estagnação, é um
projeto de primeira prioridade, superando em urgência, talvez, apenas a necessidade de
desenvolver mecanismos semelhantes à cibernética para a estabilização da paz
(Boulding, 1964, p. 25).
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Vinculando a ideia da cibernética da homeostase à economia keynesiana, ao se referir
à busca incessante de equilíbrio, Boulding atribuiu a esses mecanismos de regulação a
administração do governo. Além disso, ele argumenta que a vida econômica deve ser entendida
como um aspecto de todo o complexo das relações sociais:
Muitas vezes, o sistema criador se utiliza da distinção conveniente entre os fatores
endógenos, que constituem o seu próprio sistema, e os fatores exógenos, que funcionam
como forças perturbadoras do ‘de fora’, como uma desculpa para não pensar em tudo
sobre os inconvenientes ‘exógenos’ (Boulding, 1956, p. 201).
Embora admitindo que os sistemas parciais possam ser úteis, Boulding estava
preocupado com o fato dos especialistas, em vários campos das ciências sociais, reconhecerem
a natureza parcial de seus próprios modelos e, pelo menos, estarem cientes de outros aspectos.
Considerações Finais
A TGS enfatizou o processo e a função, em contraste com a ênfase cibernética na
homeostase e estrutura. Embora a cibernética destacasse os conceitos de informação e
comunicação no seu modelo de sistema aberto, ela enfatizou a interação dinâmica generalizada
de componentes da cinética e termodinâmica.
Bertalanffy descreveu a dimensão simbólica da cultura como uma propriedade
emergente exclusiva da saúde da sociedade humana, que não poderia ser reduzida a impulsos
biológicos, sugerindo que “universos simbólicos” constituem a parte mais importante do
sistema comportamental do indivíduo. Salientou que o “irracional” do comportamento dos
animais foram muitas vezes mais “racional” do que o dos seres humanos, que foram cada vez
mais influenciados para escolhas irracionais pelos meios de comunicação e pela indústria da
publicidade.
Da mesma forma que os sistemas biológicos foram relativamente autônomos em
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relação à natureza inanimada, os sistemas simbólicos foram relativamente autônomos em
relação à biologia. A humanidade incorporou uma valorização do papel do simbolismo, dos
valores e da ética. Em última análise, foi sempre o sistema de valores, de ideias, de ideologias
que foi decisivo. Assim, Bertalanffy “viu como os valores são culturalmente determinados, e
se opôs à visão naturalista da humanidade, que reduziu os valores para o nível das necessidades
biológicas, dos impulsos e dos princípios”.
A natureza da relação entre o indivíduo e a sociedade como um todo foi fundamental
para a consideração dos valores por Bertalanffy (1969), ao destacar que os sistemas sociais
exigem diferentes conceitos morais daqueles que se aplicam ao comportamento individual, e
que um sistema de valor apropriado para os sistemas sociais complexos ainda não evoluiu.
Boulding acreditava que o estudo de valores e suposições subjacentes era de
importância primordial nas ciências sociais, e previu um movimento evolutivo de valorações
humanas em direção à maturidade crescente. Este foi um aspecto importante de sua concepção
da visão sistêmica, que ele viu como uma forma de olhar as coisas, um modo de investigação
ao invés de um modelo rígido da natureza.
Pode-se observar então neste artigo científico que enquanto Boulding refletiu uma visão
mais aceitável quanto às ideias da cibernética, de outra forma, Bertalanffy pareceu mais
resistente e ao mesmo tempo preocupado em não associar a TGS com a cibernética, mas a
considerava como parte inserida em sua teoria. Assim também, o economista descreveu a TGS
em níveis hierárquicos, enquanto o biólogo manteve a visão organísmica dos sistemas abertos,
por definição.
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