Transtornos do Metaabolismo Energético - Obesidade

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TRANSTORNOS DO METABOLISMO ENERGÉTICO

OBESIDADE

UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE MEDICINA

DEI DE BIOQUÍMICA

I SIMPÓSIO DE BIOQUÍMICA METABÓLICA

A obesidade é o acúmulo excessivo de tecido adiposo em

relação à massa corporal magra, consequente a um

desequilíbrio entre o consumo e o gasto de energia ou

secundário a uma doença (Barlou, 1998).

Obesidade - Conceito

Para o diagnóstico em adultos, o parâmetro utilizado mais

comumente é o do índice de massa corporal (IMC).

O IMC é calculado dividindo-se o peso do paciente pela sua altura

elevada ao quadrado. É o padrão utilizado pela Organização Mundial

da Saúde (OMS), que identifica o peso normal quando o resultado do

cálculo do IMC está entre 18,5 e 24,9.

Para ser considerado obeso, o IMC deve estar acima de 30.

• Desde 1960 tem havido um aumento progressivo da prevalência de

obesidade em diversas populações do mundo, tanto em países

desenvolvidos como nos países em vias de desenvolvimento.

• Nos Estados Unidos da América, por exemplo, este aumento chega a taxas

verdadeiramente alarmantes.

• Nas últimas décadas na África Subsariana vem-se verificando um aumento

drástico da obesidade sobretudo na África do Sul, segundo um estudo

realizado pela Associação Internacional para o Estudo da Obesidade

(IASO).

Obesidade - Epidemiologia

A etiologia da obesidade é multifactorial, sendo na maioria dos casos de causa exógena.

Alguns estudos concluem existir 5 a 25% de responsabilidade genética na ocorrência de

obesidade, o que significa que o risco de obesidade é de 9% quando nenhum dos pais é

obeso, 50% quando um dos progenitores é obeso e 80% quando os dois progenitores são

obesos.

Qualquer que seja a sua classificação etiológica, a obesidade tem como causa directa e

mais frequente a ingestão inadequada de calorias aliada ao sedentarismo o que quer dizer

que são os factores ambientais, nomeadamente comportamento alimentar e exercício

físico, que exercem a maior influência.

Obesidade - Etiologia

Resulta de um desequilíbrio entre o consumo e o gasto de energia

O equilíbrio entre o consumo e o gasto energético é regulado por um complexo sistema

neuroendócrino com três componentes primários:

O sistema aferente (leptina e outros sinais de saciedade e de apetite actuando no curto

prazo).

A unidade de processamento do sistema nervoso central (localizada no hipotálamo

ventro-medial e constituída pelos núcleos arqueado e ventro-medial), núcleo

paraventricular e hipotálamo.

O sistema eferente, um complexo de apetite/saciedade, efeitos autonómicos,

termogênicos e motores.

A obesidade classifica-se morfologicamente e anatomicamente

Obesidade - Classificação

Morfologicamente a obesidade classifica-se em:

• Obesidade hiperplásica – caracteriza-se pelo aumento do número total dos

adipócitos que pode aumentar até cinco vezes superior ao nº encontrado num

individuo normal. Essa obesidade se desenvolve na infância e adolescência.

• Obesidade hipertrófica caracteriza-se pelo aumento de volume das células

por acúmulo de lípidos nesse tipo celular. Esse tipo de obesidade desenvolve-

se na idade adulta .

Anatomicamente a obesidade classifica-se em

localizada ou generalizada.

o O tipo localizado consiste no acúmulo de gordura

restrito a uma ou mais áreas corporais. Podendo ser

andróide - quando a gordura localiza-se maioritariamente

no abdómen ou ginecóide - quando a gordura localiza-se

maioritariamente nos quadris e coxa.

o O tipo generalizado caracteriza-se pelo excesso de

gordura homogeneamente distribuído pelo corpo.

Bouchard (2003) apresenta a obesidade dividida em quatro tipos, nomeadamente:

Obesidade tipo I, caracterizada pelo excesso de massa gorda total sem nenhuma

concentração particular de gordura numa certa região corporal;

Obesidade tipo II, caracterizada pelo excesso de gordura subcutânea na região

abdominal e do tronco (andróide);

Obesidade tipo III, caracterizada pelo excesso de gordura viscero-abdominal;

Obesidade tipo IV, caracterizada pelo excesso de gordura glúteo-femural (ginóide).

Complicações mais frequentemente relacionadas à obesidade:

Diabetes mellitus tipo II - a resistência a insulina resultante dos níveis elevados de insulina devido ao excesso de calorias leva

a falência da secreção da insulina pela células beta do pâncreas a longo prazo.

Hipertensão e arteriosclerose - a deposição excessiva de de gordura nas artérias faz com que haja diminuição do calibre do

vazo elevando a pressão arterial, deposição de placas de ateromas diminuição da actividade fibrinolítica e níveis de

antitrombina dois anticoagulantes endógenos.

Dificuldade respiratória e apneia do sono- o aumento da gordura nas paredes abdominais e torácica levam a alterações no

padrão respiratório com diminuição da complacência pulmonar.

Ortopédicas - o excesso de peso leva a sobrecarga das articulações e consequentemente dores articulares, artrite, idade óssea

avançada, e aumento da altura.

Cutâneas – a obesidade predispõe o indivíduo a micoses, dermatites, piodermites.

Oncológicas – segundo a American Câncer Society a obesidade aumenta os factores de risco para o surgimento de câncer.

Psicossociais – indivíduos obesos estão sujeitos a descriminação social, dificuldades para expressar sentimentos, baixa auto-

estima, isolamento e depressão.

PREVALÊNCIA DE OBESIDADE EM ESCOLAS

PRIMÁRIAS DE LUANDA

Maria Africaine Jai Vindes, Armando Filipe e Maurílio Luiele

Luanda, 2010

Distribuição dos 260 alunos estudados nas escolas primárias de

Luanda de acordo com o género e tipo de escola, no periodo de

julho / setembro 2010.

Classificação

Escolas públicas Escolas privadas Total

N % N % N %

Normal 85 55 39 37 124 48

Sobre peso 37 24 40 38 77 30

Obeso 33 21 26 25 59 23

Total 155 100 105 100 260 100

Distribuição dos 260 alunos das escolas primárias de Luanda

tendo em conta a classificação do IMC, no período de

Julho/Setembro 2010

Percentagens relativas de normo-peso, sobre-peso e obesidade

em 260 alunos de escolas primárias de Luanda no período Julho

a Setembro de 2010.

Género Normal Sobrepeso Obeso Total

N % N % N % N %

Masculino 54 44,6 37 30,5 30 24,7 121 100

Feminino 70 50,4 40 29 29 21 139 100

Total 124 47,7 77 29,6 59 22,6 260 100

Distribuição dos 260 alunos estudados de acordo a prevalência da

obesidade no género, de Julho a Setembro de 2010.

Forma de lazer privilegiada dos 260 alunos das escolas

primárias de Luanda no período Julho-Setembro 2010

65,8%

23%

11,2%

Grau de atividade física dos 260 alunos das escolas primárias de

Luanda no período Julho – Setembro 2010

Obesidade

na família

Escolas publicas Escolas privadas N %

N % N %

Sim 28 18,1 20 19 48 18,5

Não 127 81,9 85 81 212 81,5

Total 155 100 105 100 260 100

Distribuição dos 260 alunos das escolas primárias de Luanda,tendo em conta a

presença de obesidade na familia no período de Julho - Setembro de 2010.

Parentes afectados

Escolas publicas Escolas

privadas N %

n % n %

Pais, irmãos 16 10,3 9 8,6 25 9,6

Tios, primos 9 5,8 5 4,8 14 5,4

Avós 3 1,9 6 5,7 9 3,5

Nenhum 127 81,9 85 81 212 81,5

Total 155 100 105 100 260 100

Distribuição dos 260 alunos das escolas primárias de Luanda de acordo aos

parentes afectados por obesidade no período de Julho-Setembro de 2010.

A prevalência registada de obesidade e sobre-peso é elevada (23% e 30% respectivamente)

situando-se bem acima dos índices apontados para a África-subsariana (10% para a obesidade).

Não foram encontradas diferenças assinaláveis no perfil de obesidade e sobre-peso das escolas

privadas e públicas.

Factores ambientais como a dieta de elevada densidade calórica e inactividade física estão

fortemente presentes influenciando marcadamente o perfil registado de obesidade e sobre-peso.

Os factores genéticos são secundários como influenciadores do perfil registado.

CONCLUSÕES:

RESUMINDO:

• A obesidade é um transtorno do metabolismo energético que resulta de um

desequilíbrio entre o consumo e o gasto energético cuja prevalência vem crescendo

de forma alarmante em todo o mundo.

• Embora os factores genéticos sejam importantes como determinantes da obesidade,

os factores ambientais são fundamentais e podem, portanto, ser controlados.

• Assim, qualquer que seja a sua classificação etiológica, a obesidade tem como

causa directa e mais frequente a ingestão inadequada de calorias aliada ao

sedentarismo o que quer dizer que são os factores ambientais, nomeadamente

comportamento alimentar e exercício físico, que exercem a maior influência.

• A obesidade expõe ao risco acrescido à várias condições mórbidas tais como

doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo II e algumas formas de cancro,

entre outras.

• A obesidade deve, por conseguinte ser abordada como um sério problema de saúde

Referências:

• Ashrafi, K. Obesity and the regulation of fat metabolism (March 9, 2007),

WormBook, ed. The C. elegans Research Community, WormBook,

doi/10.1895/wormbook.1.130.1, http://www.wormbook.org.

• Vindes, A.; Prevalência da Obesidade em Escolas Primárias de Luanda;

Monografia apresentada à Faculdade de Medicina da UAN para obtenção do

título de licenciada em medicina; Luanda, 2010.

• WHO ( World Health Organization); Obesity: Preventing and managing global

epidemic; Geneva, 2000

MUITO OBRIGADO!