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22/05/2015
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Demanda por Moeda
Unidade 4
Profa. Gisele F. Tiryaki
ECO 174 – Economia Monetária
FCE/UFBA
Sumário Teoria Quantitativa da Moeda
Keynes e a Preferência pela Liquidez
Outras Teorias de Tradição Keynesiana: O Modelo de Baumol-
Tobin
Friedman e a Versão Moderna da Teoria Quantitativa
Evidência Empírica
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Teoria Quantitativa da Moeda
Introdução TQM: desenvolvida no século XIX e início do século XX (Irving Fisher,
1911)
Objetivo: estabelecer como o valor nominal da renda é determinado
Motivação para se manter moeda: realização de transações
Conceitos utilizados:
Encaixes reais: demanda por moeda levando em consideração
variações no poder de compra
M/P, onde M = demanda por moeda para transações e P = nível de preços
Velocidade de circulação da moeda: número médio de vezes que uma
unidade monetária (R$ 1) é gasta a cada ano na aquisição de bens e
serviços
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Teoria Quantitativa da Moeda
Equação de troca de Fisher:
M.V = P.Y
Onde,
M = quantidade de moeda
V = velocidade de circulação da moeda
Y = volume de transações reais (produto ou renda agregada)
P = nível de preços
Logo, P.Y = gasto total em bens e serviços
* Note que a equação é derivada da identidade V = P.Y/M, já que
V é o número de vezes que cada real é utilizado em transações
Teoria Quantitativa da Moeda Exemplo: se o PIB nominal em um ano é R$ 3 trilhões e a
quantidade da moeda em circulação é R$ 1 trilhão, a velocidade é
igual a 3
Cada Real foi utilizado em média 3 vezes na aquisição de bens e serviços
Transformando uma identidade em teoria:
Velocidade é determinada por instituições e características tecnológicas da
economia que impactam na forma como indivíduos conduzem transações
Exemplo: quando transações são realizadas de forma crescente com uso de
cartões de crédito, menos moeda é utilizada para conduzir transações (M se
reduz em relação a P.Y e V se eleva)
Fisher pressupôs que V era relativamente constante: variações nas
características institucionais e tecnológicas afetam V de forma lenta ao longo
do tempo
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Teoria Quantitativa da Moeda Implicação do pressuposto de Fisher: renda nominal é
determinada unicamente por variações na quantidade de moeda
Economistas clássicos: mão invisível e o pleno emprego
Produção: determinada por fatores reais
Conclusão: variações na quantidade de moeda são traduzidas em
variações no nível de preço
Dado que o mercado monetário está em equilíbrio, a quantidade de
moeda em circulação é a demanda por moeda
PY
VM D
1Demanda por moeda é função
unicamente da renda nominal
Velocidade de Circulação da
Moeda – Brasil
Fonte: BCB (2015)
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
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jan/
95
dez/
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nov/
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dez/
06
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/13
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/15
Velocidade M1
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Como Explicar Variações na Velocidade
de Circulação?
O que, além da renda, interfere na velocidade de circulação
da moeda?
Inovações financeiras: uso de cartão de crédito e débito reduz a
demanda por encaixes e eleva a velocidade de circulação da
moeda
Taxas de juros: elevações na taxa de juros elevam o custo de
oportunidade de se manter encaixes, reduzindo a demanda por
moeda e elevando a velocidade de circulação da moeda
Alocação de portfólio: variações no retorno esperado, risco,
liquidez e custo de informação da moeda enquanto ativo levará a
alterações na demanda por moeda
Teoria da Preferência pela Liquidez
de Keynes
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Introdução Papel duplo da moeda:
Meio de pagamentos
Reserva de valor
Retorno esperado de se manter encaixes reais:
Retorno pecuniário: zero
Mas o retorno de fato é positivo: prêmio de liquidez
Ativo que envolve menor risco em fases de instabilidade da economia:
“acalma as inquietações dos agentes frente às incertezas do futuro”
(CARVALHO et al, 2005)
Taxa de juros: recompensa por abrir mão da liquidez
Clássicos: taxa de juros é o preço que equilibra a poupança (abstenção
do consumo imediato) e a demanda de recursos para investimento
Introdução Taxa de juros: recompensa por não entesourar
Determinação da taxa de juros: fenômeno monetário resultante da
preferência pela liquidez dos agentes e da política monetária
Motivações para se demandar moeda:
Realização de transações: renda afeta a demanda por moeda
Precaução: demanda por moeda depende das transações futuras
esperadas pelos agentes (função da renda)
Especulação: pessoas demandam moeda enquanto reserva de valor
Títulos: retorno pecuniário esperado é normalmente maior que zero
(juros + ganhos de capital)
Moeda: retorno pecuniário esperado é zero
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Preferência pela Liquidez
“As expectativas quanto ao futuro da taxa de juros, fixadas pela
psicologia de massa, têm seus reflexos na preferência pela
liquidez; ... o indivíduo, para quem as futuras taxas de juros
estarão acima daquelas previstas pelo mercado, tem motivos
para conservar em caixa dinheiro líquido, ao passo que quem
diverge do mercado em sentido oposto terá motivos para
pedir dinheiro emprestado a curto prazo... O preço do
mercado se fixará no nível em que a venda dos ‘baixistas’
(bears/ursos) se equilibrar com as compras dos ‘altistas’
(bulls/touros)” (Keynes, 1936)
Motivo Especulação Keynes acreditava que existia uma taxa “normal” de juros
Se a taxa atual estivesse acima da taxa normal: expectativa de
queda da taxa de juros e elevação do preço dos títulos
Retorno esperado em se manter títulos é maior do que se manter moeda:
demanda por moeda é reduzida
Se a taxa atual estivesse abaixo da taxa normal: expectativa de
elevação da taxa de juros e redução do preço dos títulos
Retorno esperado em se manter títulos é menor do que se manter moeda
(ganho de capital negativo): demanda por moeda é elevada
Resultado: demanda por moeda é negativamente relacionada com
as taxas de juros
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Demanda por Moeda
Demanda por encaixes reais: colocando os três motivos
juntos...
YifP
M D
,
Função de Preferência pela Liquidez
0
Y
f0
i
f
Demanda por Moeda – Keynes
i
M
PYifM D *,
Efeito renda: elevações no nível de renda aumentam a
quantidade de transações realizadas e possibilitam um
direcionamento maior de encaixes para precaução
Deslocamentos da curva de demanda por moeda:
Efeito preço: elevações no nível de preços fazem
com que indivíduos precisem de uma maior
quantidade de encaixes reais para realizar uma
mesma quantidade de transações
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Demanda por Moeda e a
Preferência pela Liquidez
i
M/P
Taxas de juros muito baixas:
expectativa que taxas de juros
não podem declinar mais, todos
demandam moeda
Armadilha da Liquidez
MD
Preferência pela Liquidez e a
Ineficácia da Política Monetária
i
M
Taxas de juros muito baixas:
variações da oferta de moeda
não afetam a taxa de juros e a
política monetária não tem
impacto sobre a economia
MD
MS
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Demanda por Moeda e a
Velocidade de Circulação
Note que:
YVP
M D
1PY
VM D
1
),( iYf
Y
PM
YV
D
Como a taxa de juros flutua
significativamente, a
velocidade de circulação
será volátil
Velocidade de circulação
da moeda é
positivamente relacionada
com a taxa de juros
Velocidade de Circulação e Taxas de
Juros – Brasil
Fonte: BCB (2015)
0
0.5
1
1.5
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2.5
3
3.5
4
0
10
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30
40
50
60
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80
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jan/
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95
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dez/
06
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ago/
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Selic (%aa, no mês) Velocidade M1
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Questão
A demanda por moeda em uma economia é dada por:
a) Assuma que P = 100, Y = 1000 e i = 0,10. Qual a demanda real por moeda, a
demanda nominal e a velocidade de circulação?
b) Se o nível de preços duplica de 100 para 200, qual a demanda real por moeda, a
demanda nominal e a velocidade de circulação?
c) Assumindo os valores dados na parte (a) e que a demanda por moeda acima é
correta, determine como a velocidade de circulação é afetada por uma elevação
na renda real, na taxa de juros nominal e no nível de preços.
iYP
M D
10002,0500
Questão Considere uma economia com uma oferta nominal de moeda
constante, um nível de produção real constante e igual a 100, e
uma taxa de juros real constante e igual a 0,10. Assuma que a
elasticidade renda da demanda por moeda é 0,5 e que a
elasticidade juros da demanda por moeda é – 0,1.
Em que percentual o preço de equilíbrio será diferente do nível inicial se a
produção cresce para Y = 106, ceteris paribus?
Em que percentual o preço de equilíbrio será diferente do nível inicial se a
taxa de juros real cresce para r = 0,11, ceteris paribus?
Assuma que a taxa de juros se eleva para r = 0,11. Qual o nível de
produção que garantirá que o nível de preços permanecerá constante?
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Outras Teorias de Tradição Keynesiana:
O Modelo de Baumol-Tobin
Introdução Objetivo: tornar a Teoria da Preferência pela Liquidez mais
precisa
Baumol (1952) e Tobin (1956): modelos desenvolvidos
mostram que até mesmo a demanda pelos motivos transação
e precaução é sensível à taxa de juros
Pressuposto: indivíduo hipotético que recebe um pagamento
uma vez por período e gasta durante o transcorrer deste
período
Objetivo de se manter moeda: realização de transações
Exemplo: assuma que João recebe R$ 2.500 por mês e que ele
utiliza para realizar transações durante um mês
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Modelo de Baumol-Tobin
Encaixes
30 Tempo
R$ 2.500
R$ 1.250
Durante o mês, os encaixes de João
serão, em média, R$ 1.250
Se esse processo se repete todos os
meses, qual o encaixe médio durante
o ano?
Dado que sua renda anual é R$ 30.000 e
que o encaixe médio durante o ano é R$
1.250, qual a velocidade média de
circulação da moeda? 24
Modelo de Baumol-Tobin Exemplo (cont.): depois de assistir ao curso de economia
monetária, João percebe que sua situação pode melhorar se ele
não mantiver toda a sua renda sob forma de moeda
Metade do pagamento é mantido sob forma de moeda e metade é investida
em títulos do governo que pagam 1% ao mês
Encaix
es
30 Tempo
R$ 625
R$ 1.250
Se João investe em títulos, seus
encaixes terminam no meio do mês
No meio do mês, ele vende os
títulos e recompõe seus encaixes até
o final do mês
Qual a velocidade de circulação da
moeda agora? 48
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Modelo de Baumol-Tobin
Exemplo (cont.): Qual o ganho de João com a transação?
Ganho mensal: 0,01 * 1.250 * 0,5 = R$ 6,25
Quanto menor o encaixe médio de João, maior o seu ganho
Qual o custo de oportunidade desta estratégia? Custos de
transação (taxas, idas ao banco, etc)
Conclusão: à medida que a taxa de juros se eleva, o ganho em
se adquirir títulos se eleva em relação aos custos de transação
e João irá manter mais títulos e menos moeda
O componente da demanda por moeda
associado a transações é negativamente
relacionado com a taxa de juros
Modelo de Baumol-Tobin Motivo precaução: seguindo a mesma linha de raciocínio, o
componente da demanda por moeda associado ao motivo
precaução também é negativamente relacionado com o nível
das taxas de juros
À medida que a taxa de juros declina, o custo de oportunidade
de se manter encaixes por precaução reduz e elevando a
demanda por moeda
Elevação da incerteza acerca das transações futuras: demanda
por moeda aumenta
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Modelo de Baumol-Tobin
Motivo especulação:
Crítica ao modelo de Keynes: nenhum indivíduo iria manter um
portfólio diversificado
Retorno em títulos > retorno com moeda: adquire-se títulos
Retorno em títulos < retorno com moeda: mantém-se somente moeda
Indivíduos são idênticos?
Solução proposta por Tobin (1958): preferência pela liquidez
como resultado do comportamento dos agentes em relação ao
risco
Como a maioria dos agentes são avessos ao risco, eles estariam dispostos a
manter um ativo com menor retorno, desde que envolvesse menor risco
Importante característica da moeda: retorno é certo (zero)
Conclusão: existe incentivo para diversificação
Friedman e a Versão Moderna da
Teoria Quantitativa
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Introdução Demanda por moeda em Friedman (1956):
Onde
YP = renda permanente (valor presente da renda futura esperada)
rM = retorno esperado da moeda
rB = retorno esperado em títulos
rE = retorno esperado em ações
πe = taxa de inflação esperada
),,,( M
e
MEMBP
D
rrrrrYfP
M
Implicações da Especificação de
Friedman para a Demanda por Moeda
Note que Friedman utiliza renda permanente, ao invés de renda
atual
Renda permanente: renda média de longo prazo é mais estável
Implicação: demanda por moeda não flutua significativamente durante os
ciclos econômicos
Retorno da moeda: juros pagos em depósitos em conta corrente
Diferencial no retorno de ativos (títulos, ações, bens duráveis) em
relação ao retorno da moeda influencia a demanda por moeda
Friedman acreditava que esse diferencial não era significativo
Conclusão: demanda por moeda é relativamente estável
Retorno à TQM...
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Implicações da Especificação de
Friedman para a Demanda por Moeda
Friedman não assumia que o retorno em manter moeda era constante e
igual a zero
Retorno da moeda é positivo: bancos competem por depósitos
remunerando-os
Quanto maior a competição no mercado bancário, menor o diferencial entre
o retorno da moeda e o retorno de outros ativos (variações no retorno da
moeda acompanha as variações das demais taxas de juros do mercado)
E se não fosse permitido o pagamento de juros sobre depósitos? Bancos
competiriam na dimensão qualidade de serviços (retorno esperado nos
depósitos se elevaria)
Logo, diferentemente de Keynes, Friedman acreditava que as variações nas
taxas de juros não afetavam a demanda por moeda de forma significativa
Friedman versus Keynes Friedman distinguiu entre os diversos ativos financeiros, enquanto
Keynes acreditava que o retorno em títulos era um bom indicador
do retorno esperado de outros ativos financeiros
Friedman considerava que moeda e bens eram substitutos
Implicação: variações na quantidade de moeda tem um efeito
direto sobre gastos agregados
Monetarismo: variações na oferta de moeda de moeda são a
origem primária das variações no nível de preço e na produção
agregada
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Evidência Empírica
A demanda por moeda responde a variações nas taxas de
juros?
Evidência incontestável: demanda por moeda é sensível a
variações nas taxas de juros
Caso extremo: armadilha da liquidez
Demanda por moeda é extremamente sensível a variações nas
taxas de juros (perfeitamente elástica)
Empiricamente observável somente quando as taxas de juros
estão próximas a zero
Evidência Empírica A demanda por moeda é estável ao longo do tempo?
Até os anos 70: demanda por moeda era relativamente estável
Após os anos 70: inovação financeira acelerada levou à
desestabilização da demanda por moeda
Difícil prever a velocidade da moeda: estabelecer metas para
agregados monetários de forma rígida não é indicado