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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA
XIV CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA
KATIA FERREIRA DA SILVA MENEGON
EVOLUÇÃO DA HEPATITE C EM SANTA CATARINA ENTRE 2007 A 2011 E O
IMPACTO NA SAÚDE PÚBLICA
FLORIANÓPOLIS (SC)
2012
KATIA FERREIRA DA SILVA MENEGON
EVOLUÇÃO DA HEPATITE C EM SANTA CATARINA ENTRE 2007 A 2011 E
O IMPACTO NA SAÚDE PÚBLICA
Monografia apresentada ao
XIV Curso de Especialização
em Saúde Pública da
Universidade Federal de
Santa Catarina, como
requisito parcial para
obtenção do título de
Especialista em Saúde
Pública. Orientador : Prof. Dr. Emil kupek
FLORIANÓPOLIS (SC)
2012
Menegon, Katia Ferreira da Silva
EVOLUÇÃO DA HEPATITE C EM SANTA CATARINA ENTRE 2007 A 2011 E
O IMPACTO NA SAÚDE PÚBLICA (Monografia de título de Especialista em Saúde
Pública). Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2012.
RESUMO
Trata-se de uma revisão bibliográfica sobre a Hepatite C a partir do levantamento de
publicações nacionais extraídas da Biblioteca Virtual de saúde e do site do Ministério da
Saúde, também a análise dos dados do sistema Datasus no período de 2007-2011 na cidade
de Florianópolis e no estado de Santa Catarina, buscando a maior precisão das informações
foram escolhidos os casos em município residente, UF residente e confirmação
laboratorial. Na seleção dos trabalhos buscou-se priorizar teses, monografias, artigos,
protocolos e documentos emitidos pelo Ministério da Saúde os mais atuais e de acordo
com a realidade da nossa população.
Os dados epidemiológicos selecionados no sistema Datasus para análise foram : Faixa
etária, sexo, forma de transmissão e n° de casos por município. Devido o caráter recente
deste agravo, o desconhecimento da população na busca do diagnóstico e o pouco
conhecimento para o diagnóstico clínico por parte dos profissionais de saúde, associado
principalmente pela característica de que a Hepatite C na maioria dos casos é assintomática
ainda ocorre a subnotificação.
Assim é importante aprimorar o conhecimento sobre a Hepatite C e sabendo que há muitas
dúvidas sobre este agravo, principalmente nas formas de transmissão, prevenção e
tratamento, e que a cada dia surge novas informações para que se possa criar estratégias q
intensifiquem e aprimorem ações de prevenção e controle.
Descritores: Saúde Pública, Hepatite C, Brasil.
ABSTRACT
This is a literature review about hepatitis C from the time of national publications drawn
from the health Virtual Library and website of the Ministry of health, also data analysis
system in the period of 2007-Datasus 2011 in the city of Florianópolis, Santa Catarina,
seeking greater accuracy of information were chosen cases in town resident, UF resident
and laboratory confirmation. In the selection of work sought to prioritize theses,
monographs, articles, protocols and documents issued by the Ministry of health the most
current and in accordance with the reality of our population.
Epidemiological data on selected for analysis were: System Datasus age range, gender,
form of transmission and number of cases by the municipality. Because of the recent
character of this tort, the ignorance of the population in search of diagnosis and the little
knowledge to the clinical diagnosis by health professionals, associated mainly by the
characteristic that the Hepatitis C in most cases is asymptomatic still occurs the
underreporting.
So it is important to enhance knowledge about hepatitis C and knowing that there are many
doubts about this further, mainly in the forms of transmission, prevention and treatment,
and that every day is new information to build and intensify actions to enhance strategies q
prevention and control.
Descriptores: Public Health, Hepatitis C, Brazil.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA
XIV CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA
EVOLUÇÃO DA HEPATITE C EM SANTA CATARINA ENTRE 2007-2011 E O
IMPACTO NA SAUDE PÚBLICA
KATIA FERREIRA DA SILVA MENEGON
Essa monografia foi analisada pelo professor orientador e
aprovada para obtenção do grau de Especialista em Saúde
Pública no Departamento de Saúde Pública da Universidade
Federal de Santa Catarina
Florianópolis, dezembro de 2011.
Profª Dra. Jane Maria de Souza Philippi.
Coordenadora do Curso
Prof. Dr. Emil Kupek
Orientador(a) do trabalho
SUMÁRIO
1- Introdução ….................................................................................................7
2 – Justificativa..................................................................................................8
3- Revisão de literatura …................................................................................9
3.1- Hepatite ......................................................................................................9
3.1.1- Hepatite C................................................................................................9
3.1.2- Agente etiológico …...............................................................................10
3.1.3- História natural …..................................................................................10
3.1.4- Epidemiologia.........................................................................................11
3.1.5- Manifestações clínicas............................................................................12
3.1.6- Modos de transmissão.............................................................................13
3.1.7- Diagnóstico.............................................................................................13
3.1.8- Tratamento..............................................................................................14
3.1.9- Meios de prevenção................................................................................15
4- Objetivos.......................................................................................................16
4.1- Objetivo geral ….......................................................................................16
4.2- Objetivos específicos …............................................................................16
5- Metodologia..................................................................................................17
6- Resultados e discussão …............................................................................18
7- Considerações e conclusão …......................................................................22
8- Referências …...............................................................................................24
1 - INTRODUÇÃO
A magnitude, a diversidade virológica, o padrão de transmissão, a evolução clínica, a
complexidade diagnóstica e terapêutica da Hepatite viral C impõe a necessidade de
estabelecer políticas específicas no campo da saúde pública por parte dos gestores do
Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento, quando indicado, é fundamental para a
progressão da doença e suas complicações, como o câncer e cirrose hepática.
A partir de 1996, as hepatites virais foram incluídas na lista de Doenças de Notificação
Compulsória. Desde então, a coleta de dados sobre a ocorrência dessas doenças passou a
compor as ações da vigilância epidemiológica.(BRASIL.2011)
Estima-se que 3% da população mundial, ou seja, 170 milhões de pessoas estejam
infectadas pelo vírus da hepatite C e no Brasil 1,5 milhões de pessoas, sendo que no
sistema datasus consta apenas 124.570 casos diagnosticados no período 2001-2011 e destes
só 12 mil recebem tratamento. Dados revelam a subnotificação e a maioria das pessoas
desconhece seu estado de portador, constituindo importante elo na cadeia de transmissão
do vírus HCV, o que ajuda a perpetuar o ciclo de transmissão. (BRASIL.2009)
A hepatite C é responsável por 70% das hepatites crônicas, 40% dos casos de cirrose
hepática em fase terminal e 60% dos casos de hepatocarcinoma (câncer de fígado),sendo o
HCV, hoje em dia, o principal responsável pela maioria dos transplantes hepáticos no
Ocidente.
7
2- JUSTIFICATIVA
Esse agravo têm elevado impacto sobre a saúde das populações, nos sistemas nacionais
de saúde e na economia dos países, há necessidade da ampliação da capacidade técnica dos
sistemas de saúde no tocante, aos métodos diagnósticos, tratamento e implementação de
ações programáticas de controle das hepatites virais.
A magnitude desse agravo pode ser melhor compreendida quando se confrontam as
informações epidemiológicas mais recentes e a gravidade dos casos que de maneira
silenciosa afeta a população em geral, comprometendo a qualidade de vida e a saúde do
indivíduo por longos anos.
O impacto na saúde Pública é muito grande, tanto pelo n° de indivíduos acometidos,
pelo custo alto do tratamento da infecção e das complicações, pela gravidade dos sintomas
que acompanham o indivíduo por um longo período, consumindo anos de vida.
Nesse sentido, deve-se priorizar a ampliação do acesso ao diagnóstico da hepatite C,
bem como o referenciamento a serviços especializados para indicação oportuna do
tratamento .
O controle da hepatites é de grande complexidade e necessita uma resposta integral,
com a participação dos três níveis de gestão do sistema de saúde, dos profissionais de
saúde, dos pesquisadores e da sociedade civil organizada.
8
3 - REVISÃO DE LITERATURA
3.1 – HEPATITE
Hepatite é um termo genérico que significa inflamação do fígado. Pode ser causada por
medicamentos, doenças autoimunes, metabólicas e genéticas, álcool, substâncias tóxicas e
vírus.
As hepatites virais são causadas por vírus hepatotrópicos designados por letras do alfabeto
(A,B,C,D e E). A doença tem um amplo espectro clínico, que varia desde formas
assintomáticas, anictéricas, ictéricas atípicas, até a insuficiência hepática aguda
grave.(BRASIL.2009)
3.1.1- HEPATITE C
A hepatite C é uma doença viral que acomete um dos principais orgãos do corpo humano :
o fígado. Uma doença insidiosa que na fase aguda apresenta-se assintomática e anictérica
em 80% dos casos, quando presente, o quadro clínico é semelhante ao das outras hepatites
( anorexia, astenia, mal estar e dor abdominal) e o diagnóstico diferencial só é possível
através de testes sorológicos para detecção de anticorpos específicos. Em 1992, foi
desenvolvido o primeiro teste para identificação do anticorpo contra o HCV (anti-HCV),
proporcionando maior segurança em transfusões sanguíneas. (BRASIL.2011)
Geralmente assintomática, evolui por vários anos despercebida, sem causar danos ou
evoluindo para formas mais graves , dependendo das condições de vida e saúde dos seus
portadores.
Dois aspectos são essenciais na patogenicidade do HCV: dano à célula hepática e
persistência viral. A infecção persistente pelo HCV no fígado dispara continuamente uma
resposta ativa de células T o que induz à destruição dos hepatócitos (FUKUDA e
NAKANO,2003)
9
A progressão da hepatite crônica é altamente variável e parece estar relacionada com
características do hospedeiro, genótipo e carga viral (SEEFF,2002).
O seu período de incubação varia de 15 a 150 dias, com um período de transmissibilidade
que se inicia 1 semana antes dos sintomas e mantém-se enquanto houver RNA-HCV
detectável.
Seu agente etiológico tem uma variedade de genótipos que dificultam a eficácia do
tratamento e a descoberta de uma vacina , tornado a hepatite C um desafio para os
pesquisadores.
3.1.2- AGENTE ETIOLÓGICO
O vírus da Hepatite C (HCV) pertence ao gênero Flavivírus, da família Flaviviridae. É um
vírus RNA de fita simples com um envelope lipoproteico. Seu reservatório é o homem,
e experimentalmente o chimpanzé.
O HCV apresenta um enorme grau de variabilidade, com grande diversidade
imunogenética, mutações, com genótipos, subtipos e quasiespécies. (FERRAZ e
OLIVEIRA,2003).
3.1.3- HISTÓRIA NATURAL
O HCV foi identificado e caracterizado em 1989 por CHOO etal., pesquisadores da Chiron
Corporation em associação com o Center for Disease Control and Prevention (CDC)
(CHOO etal.,1989).
A historia natural da Hepatite C é complexa e o seu perfil epidemiológico também
(OMS,2000; BRASIL, 2001). Sua evolução é variável, de modo geral lenta, insidiosa e
progressiva (CONTE, 2000).
A seguir um quadro que mostra um esquema da historia natural da Hepatite C e suas
variações individuais.
10
Figura 1- Historia natural da Hepatite C e variações na sua evolução.
Fonte:Adaptado de LAUER e WALTER,2001.
3.1.4- EPIDEMIOLOGIA
Desde a descoberta do HVC, em 1989, a hepatite C passou a ganhar especial
relevância entre as causas de doença hepática crônica no mundo. Os diferentes
cenários epidemiológicos e os fatores associados à infecção advêm, em grande medida
a estudos de soro prevalência realizados com doadores de sangue, populações
específicas, estudos-sentinela e, menos frequentemente, de pesquisas de base
populacional. Na ausência destes, médias ponderadas têm sido empregadas para
estimar a prevalência da hepatite C e subsidiar ações de prevenção e controle.
11
De acordo com dados do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais,os casos
confirmados de hepatite C, entre 1999 e 2009, registrados no Sistema de Informação
de Agravos de Notificação (Sinan), perfazem um total de 60.908.
Em relação ao gênero, foram confirmados 37.147 casos de hepatite C no sexo
masculino e 23.748 casos no sexo feminino, com razão de sexos (M:F) evoluindo de
2,2:1 em 1999 para 1,5:1 em 2009.
Em relação à faixa etária, o diagnóstico foi mais frequente em indivíduos de 30
a 59 anos de idade; no sexo masculino, 35%, encontram-se na faixa etária de 40 a 49
anos de idade. No sexo feminino, a faixa etária de 40 a 59 anos de idade representa
50% dos casos.
Com relação às taxas de detecção, para ambos os sexos, os maiores percentuais,
em 2008 e 2009, estão na faixa etária de 50 a 59 anos. Do total de casos, 42.221
(69,3%) ocorreram em residentes da Região Sudeste, a qual mantém, desde 2002, as
maiores taxas de detecção, padrão semelhante ao observado na Região Sul. Em 2009, a
taxa de detecção nacional foi de 5,1 em 100 mil habitantes. O estado do Acre destacou-
se por apresentar uma taxa de 22,7, superando os estados de São Paulo (com taxa de
14,2) e Rio Grande do Sul (com taxa de 10,4 em 100 mil habitantes).
Em relação à provável via de transmissão dos casos notificados, observa-se que
as maiores proporções de casos estão relacionadas ao uso de drogas (18%), à
transfusão de sangue e/ou hemoderivados (16%) e à transmissão sexual (9%), com
elevado percentual de ignorados (43%). Diante do exposto, ressalta-se que a reunião
dos estudos epidemiológicos e os dados dos sistemas de informação devem ser
utilizados na compreensão do cenário de ocorrência da hepatite C no país, subsidiando
a elaboração de intervenções individuais e coletivas com a finalidade de reduzir a
infecção na população.(BRASIL.2011)
12
3.1.5 – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
É geralmente assintomática e quando sintomática é caracterizada por mal-estar, cefaléia,
febre baixa, anorexia, astenia, fadiga, astralgia, náuseas, vômitos e desconforto em
hipocôndrio direito. A icterícia é encontrada em 18 a 26% dos casos de Hepatite Aguda e
pode apresentar hepatomegalia e hepatoesplenomegalia. A taxa de cronificação varia de 60
a 90%. Em média, de ¼ a 1/3 dos casos evolui para formas histológicas mais graves como
a cirrose hepática e o hepatocarcinoma, num período de 20 anos. (BRASIL.2010)
3.1.6- MODO DE TRANSMISSÃO
Principalmente por via parenteral, através do material utilizado e compartilhado
pelos usuários de drogas, sejam injetáveis (cocaína, anabolizantes e complexos
vitamínicos), inaláveis (cocaína) e pipadas (crack); dos instrumentos para fazer
tatuagem e colocação de piercings e de pessoas que receberam hemotransfusão antes
de 1993.
A transmissão sexual pode ocorrer, em grupos com múltiplos parceiros, sendo
que a existência de uma DST , é um facilitador na transmissão.
A transmissão perinatal ou vertical é possível, no momento do parto ou logo
após, a intrauterina é incomum, com uma média de 6% de crianças infectadas nascidas
de mães com HCV. O tipo de parto não aumenta ou diminui o risco de contrair o vírus.
Não há comprovação de que o leite materno transmita o HCV, a não ser nos casos em
que ocorra fissura e sangramento dos mamilos.
Constituem populações de risco acrescido para infecção pelo HCV:
o Pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1993;
o Usuários de drogas injetáveis, inaladas ou pipadas, que compartilham
equipamentos contaminados como agulhas, seringas, canudos e cachimbos;
o Pessoas que compartilham equipamentos não esterilizados ao frequentar
pedicures, manicures e podólogos;
13
o Pessoas submetidas a procedimentos para colocação de piercing e confecção
de tatuagens;
o Pacientes que realizam procedimentos cirúrgicos, odontológicos, de
hemodiálise e de acupuntura sem as adequadas normas de biossegurança.
3.1.7 - DIAGNÓSTICO
O diagnóstico clínico laboratorial é feito pelo marcador sorológico ou pesquisa de
anticorpos (anti-HCV), sendo que, a presença do vírus deve ser confirmada pela pesquisa
qualitativa e quantitativa de HCV-RNA .
3.1.8- TRATAMENTO
O tratamento tem como objetivo controlar a progressão da doença hepática por
meio da inibição da replicação viral. De forma geral, a redução da atividade
inflamatória impede a evolução para cirrose e CHC.
Pacientes sem sinais de hepatopatia e com enzimas hepáticas normais devem
ser acompanhados a cada 6 meses para avaliação clínica e laboratorial.
Objetivos do tratamento:
· Resposta virológica sustentada;
· Aumento da expectativa de vida;
· Melhora da qualidade de vida;
· Redução da probabilidade de evolução para insuficiência hepática
terminal que necessite de transplante hepático;
· Diminuição do risco de transmissão da doença.
O tratamento gratuito e fornecido pelo Mistério da Saúde é realizado na fase
crônica e tem diretrizes clinico terapêuticas definidas pelo próprio Ministério da
Saúde e baseia-se através do grau de acometimento hepático, avaliado a partir da
biópsia hepática.
A biópsia hepática é um procedimento invasivo, que na maior parte das
situações é essencial para estadiamento da hepatite crônica e para definição da
necessidade de tratamento.
14
O padrão histológico hepático complementa a abordagem de pacientes com
doença hepática conhecida, principalmente nas situações cujo padrão de fibrose orienta
o tratamento. Nos pacientes em que não for recomendado o tratamento, a avaliação
clínico-laboratorial deve ser quadrimestral e a biópsia hepática deve ser realizada a
cada 3 a 5 anos.
Recomenda-se a restrição ao uso do álcool, alimentos que sobrecarreguem a
função hepática, como a gordura, e medicamentos que possam agravar o dano
hepático.
3.1.9- MEIOS DE PREVENÇÃO
Não existe vacina para HCV, apesar de vários estudos na área que enfrenta como
dificuldade, a variedade de cepas do HCV.
A OMS (2000) recomenda como meios de prevenção contra o HCV:
Triagem e testes sorológicos em doadores de sangue e de órgãos;
Inativação viral em hemoderivados;
Implementação e manutenção de práticas para controle de infecções em centro de
saúde, incluindo esterilização adequada de instrumentos médicos e odontológicos;
Promoção de mudanças comportamentais na população em geral, trabalahadfores
da área da saúde e em pessoas com risco acrescido como profissionais do sexo;
Introdução de programas de redução de danos em usuários de drogas injetáveis.
Além das recomendações da OMS, o ministério da Saúde também acrescentou novas
recomendações através da :
Prevenção primária: reduzir o risco de disseminação, através do uso de camisinha,
não compartilhar seringas, objetos para fumar crack, objetos de uso pessoal (
escovas de dente, alicate de unha), etc.
Prevenção secundária: Interrupção da progressão da doença através do tratamento
com anti-viral, reduzindo o risco de transmissão e a evolução da hepatopatia
crônica. (BRASIl, 2009).
15
4 – OBJETIVOS
4.1-Objetivo Geral
Traçar um panorama da hepatite C no estado de Santa Catarina entre os anos 2007 a
2011, considerando aspectos epidemiológicos como: prevalência, n° de
notificações, faixa etária, sexo e fonte de infecção.
4.2-Objetivos Específicos:
Aprofundar o conhecimento a cerca deste agravo;
Conhecer o perfil dos portadores do HCV;
Identificar as principais fontes de transmissão;
Elaborar através dos dados atualizados, medidas preventivas para a população em
geral;
Fazer uma análise da evolução da Hepatite C no estado.
16
5 - METODOLOGIA
O trabalho foi realizado através do levantamento bibliográfico na Biblioteca Virtual de
Saúde utilizando os seguintes descritores: “Saúde Pública”,”Hepatite C”e “Brasil”, foram
selecionados somente trabalhos em português a partir de 2004, incluindo teses,
monografias, dissertações e artigos científicos , bem como a consulta de documentos,
protocolos, guias e manuais do Departamento de Vigilância Epidemiológica /Secretaria de
Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde.
A seleção e análise de dados epidemiológicos foram retirados da DIVE - Secretaria de
Vigilância Epidemiológica do Estado de Santa Catarina e do Sistema de Informações e
Agravos de Notificação (SINAN), através do Datasus - Departamento de Informática do
Ministério da Saúde, selecionadas as seguintes variáveis: faixa etária, sexo, formas de
transmissão e municípios e UF de residência, nos períodos de 2007-2011, utilizando o
critério de confirmação laboratorial.
17
6 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1 - Casos confirmados do HCV por Ano e Faixa Etária em Florianópolis -SC.
Ano >1ano-19 20-39 40-59 60-79 80 e + Total
2007
2008
2009
2010
2011
2
1
0
2
1
63
48
39
30
27
93
83
86
94
89
8
14
11
15
17
2
0
0
1
0
168
146
136
142
134
Total 6 207 445 65 3 726
Fonte: Sistemas de informação de agravos e notificações- SINAN Net
No município de Florianópolis ocorre a predominância de casos em indivíduos com
a idade entre 40-59 anos (61%), também houve queda significativa dos casos na faixa
etária entre 20-39 anos, de 63 casos em 2007 para 27 em 2011 (57,14%), não havendo
alterações significativo nas demais faixas etárias. No total dos casos de todas as faixas
etárias houve queda no decorrer dos anos de 168 para 134 casos (20,23%).
Tabela 2 - Casos confirmados do HCV por Ano e sexo em Florianópolis -SC.
Ano Masculino Feminino Total
2007
2008
2009
2010
2011
106
93
102
100
81
62
53
34
42
53
168
146
136
142
134
Total 482 244 726
Fonte: Sistemas de informação e agravos de notificações- SINAN Net
A maioria dos casos pertencem ao sexo masculino, com 482 casos ( 63,4%) do total de
726. No decorrer dos anos de 2007 a 2011 ocorreu diminuição do n° de casos de 23,6% do
sexo masculino e de 14,5% do sexo feminino.
18
Tabela 3 - Casos confirmados do HCV por Faixa etária nos anos de 2007-2011 em SC
Ano <1ano-19 20-39 40-59 60-79 80 e + Total
2007
2008
2009
2010
2011
17
13
11
16
19
289
214
240
199
163
445
411
458
452
376
63
91
96
96
94
2
4
2
4
3
826
727
813
763
655
Total 76 1105 2142 444 15 3782
Fonte: Sistemas de informação de agravos e notificações- SINAN Net
No estado a maioria dos casos de HCV está na faixa etária entre 40-59 anos com 2142
(56,6%) casos do total de 3782 no período 2007-2011,com queda do n° de casos de 2007 a
2011 de apenas 3,2%, porém a faixa etária entre 20-39 anos também tem um n°
significativo de 1105 (29,2%) e apresenta uma queda do n° de casos mais significativa de
11,4% dos casos de Hepatite C em Santa Catarina.
Tabela 4 - Casos confirmados de HCV por idade e sexo em SC nos anos 2007-2011.
Faixa Etária Masculino Feminino Total
>1 ano-19
20-39
40-59
60-79
80 e +
44
744
1442
233
6
32
361
700
211
9
76
1105
2142
444
15
Total 2469 1313 3782
Fonte: Sistemas de informação e agravos de notificações- SINAN Net
O sexo masculino responde em maior n° com 2469 ( 65,3%) dos casos e o feminino com
1313 (34,7%) dos casos, do total de 3782 casos de Hepatite C.
19
Tabela 5 - N° de casos confirmados de Hepatite C por município residente SC nos anos de
2007-2011.
Município residência 2007 2008 2009 2010 2011 Total
Florianópolis
Joinville
Criciúma
São José
Balneário Camboriú
Blumenau
Tubarão
Lages
Itajaí
Palhoça
Demais municípios SC
168
81
94
35
27
42
31
7
43
23
273
146
85
78
28
32
30
23
30
22
16
237
136
108
69
42
35
29
21
31
36
34
272
142
73
55
37
31
29
34
42
20
25
275
134
81
45
35
44
33
36
15
2
10
220
726
428
341
177
169
163
145
125
123
108
1277
Total 824 727 813 763 655 3782
Fonte: Sistemas de informação e agravos de notificações- SINAN Net
Dos municípios que registram o maior n° de caso,s Florianópolis está em 1° com 726
(19,2%) casos, Joinville em 2° lugar com 428 (11,3%) casos e Criciúma em 3° lugar com
341 (9%) casos, São José em 4° com 177 (4,7%) casos, Balneário Camboriú em 5° lugar
com 169 (4,4%), Blumenau com 163 (4,3%), Tubarão com 145 (3,8%) dos casos, Lage s
com 125 (3,3%) , Itajaí com 123( 3,2% ) e Palhoça com 108 (2,8%), sendo que os demais
220 municípios do estado respondem por 1277 (33,7%) dos casos.
20
Gráfico 1- Distribuição Proporcional dos casos confirmados de hepatite C, segundo
provável fonte de infecção, Santa Catarina,2008.
Fonte: DIVE- Departamento de investigação da Vigilância Epidemiológica.
Segundo os dados obtidos da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do estado
de Santa Catarina apenas para o ano de 2008, as causas de provável fonte de infecção pelo
HCV nos casos confirmados está em primeiro com 29,6% os usuários de drogas injetáveis,
seguido por causas ainda ignoradas com 26,9%, em terceiro com 15,8% a transfusional em
quarto com 13,2% por via sexual, em quinto com 13% os tratamentos cirúrgicos e
dentários, em sexto com 1% as hemodiálises e por último com 0,5% a transmissão vertical.
21
7 - CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho mostrou a evolução da Hepatite C através de dados do sistema Datasus do
Ministério da Saúde e da DIVE, segundo faixa etária, sexo e formas de transmissão em
Santa Catarina , com a necessidade de também informar sobre a situação na capital :
Florianópolis e de cidades com maior n° de notificações, para que possa haver uma
comparação mais amplificada no estado.
Cabe justificar a ausência de dados detalhados sobre a fonte de transmissão no Sistema de
Informações e Agravos de Notificação – SINAN, onde os dados estão agrupados na sua
maioria em transmissão vertical, o que não condiz aos dados encontrados no Departamento
de investigação da Vigilância Epidemiológica- DIVE do estado de Santa Catarina e na
literatura pesquisada.
De acordo com a revisão bibliográfica , as informações sobre Hepatite C estão sob
atualização crescente, com novas descobertas de tratamento, com o diagnóstico precoce e
programas do Governo Federal visando o esclarecimento tanto da população quanto dos
profissionais em Saúde Pública.
Com estas informações observa-se neste período que a faixa etária mais acometida é entre
40-59, são do sexo masculino e a forma de transmissão mais comum é através de materiais
compartilhados por usuários de drogas, afetando diretamente a família por atingir o pai e
muitas vezes o provedor e na economia por estar o indivíduo em plena atividade
profissional .
Sendo possível concluir que ocorre muitas subnotificações, devido a falta do diagnóstico
precoce, já que muitos dos casos são diagnosticados já na fase crônica e avançada da
doença, onde o tratamento não é mais eficaz e os portadores não tiveram a oportunidade de
romper a cadeia de transmissão.
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Considera-se de suma importância para Saúde Pública focar a promoção à saúde
atendendo principalmente aos indivíduos jovens que se expõe ao risco de transmissão por
meio de uso compartilhado de drogas, da prática de tatuagens e colocação de piercings e os
indivíduos que realizaram transfusões antes de 1993, orientando sobre os hábitos de vida
mais saudável evitando o uso do álcool e conscientizando os portadores para não
compartilharem objetos de uso pessoal, os de consumo de drogas e usando preservativos
em suas relações sexuais, afim de quebrar a cadeia de transmissão. Também fornecer
acesso facilitado ao diagnóstico da Hepatite C para a população em geral e desenvolver
ações para garantir que os materiais utilizados por manicures, odontólogos e tatuadores
estejam esterilizados ou sejam descartáveis.
Espera-se que as informações deste estudo possam fornecer a situação atual deste agravo
no estado de Santa Catarina, orientando os profissionais sobre a importância de atualizar-
se, proporcionando à população a melhoria da assistência, através da identificação precoce
de casos suspeitos que possam ser investigados, de preferência na fase inicial da infecção,
evitando tanto o sofrimento para o indivíduo, sua família e a sociedade. Além do
compromisso de aprimorar nossas orientações sobre prevenção, riscos e os cuidados
básicos para evitar a infecção pelo HCV.
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8 - REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. Secretaria da
Vigilância em Saúde-8ª ed.-Brasília-DF, 2010.
BRASIL .Ministério da Saúde. ABCDE do diagnóstico para as hepatites virais.
Secretaria Vigilância em Saúde. Departamento de DST/aids e Hepatites virais - Brasília-
DF, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o
tratamento da Hepatite viral C e cooinfecções, série A. Secretaria da Vigilância em
Saúde. Departamento de DST/aids e hepatites virais. Brasília-DF,2011.
CARSTEN. Patrícia. Hepatite C em doadores de sangue em Florianópolis, SC:
prevalência e fatores associados no período de 2000-2004.
DIVE. Diretoria da Vigilância Epidemiológica. Secretaria de Estado da Saúde. Estado de
Santa Catarina. Relatório anual da vigilância das Hepatites Virais-2008.
DUNCAN, Bruce B.; SHMIDT, Maria Inês;GIUGLIANI, Elsa R. J. E colaboradores;
Medicina ambulatorial: Condutas de atenção Primária Baseadas em Evidências. 3ª
ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. p.1448-1463.
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INÊS, Koizumi. Estimativa da prevalência da Hepatite C no município de São
Paulo,2003 a 2008, usando o método de captura e recaptura. São Paulo: Faculdade de
Saúde Pública de USP:2010.
LAGE, Paula Souza. Hepatites Virais: um importante problema de saúde pública:
nescon UFMG, 2011.27p.
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