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O SONHO DAS CRIANÇAS BOLIVINAS EM UMA OCUPAÇÃO DE MORADIA EM SÃO PAULO Carolina Abrão Gonçalves Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo- FEUSP [email protected] Este artigo parte da pesquisa de mestrado em andamento, que tem por objetivo compreender os modos de viver a infância de crianças imigrantes bolivianas moradoras de uma ocupação de moradia na região central da cidade de São Paulo. Baseada em autores que refletem sobre temáticas, como: a sociologia urbana (Lúcio Kowarick), imigração de bolivianos na cidade de São Paulo (Carlos Freire da Silva, Giovanna Modé Magalhães e Odair da Cruz Paiva) e infância (Ana Paula Silva e Fernanda Müller); buscamos um olhar do ponto de vista econômico, histórico, social, político e cultural. Levando em consideração a trajetória dos imigrantes bolivianos que cruzam as fronteiras físicas e identitárias em busca de novas oportunidades de vida e enfrentam importantes questões na cidade, como a exploração do trabalho e dificuldade em encontrar moradia, fato este que os aproximam de movimentos sociais conhecidos por ocupar espaços ociosos na cidade, transformando-os em locais de moradia. Como se tratam, em alguns casos, de famílias imigrantes, passamos a olhar não somente para os adultos e adultas que compõem os grupos de imigrantes residindo em ocupações de moradia na cidade, mas também para as crianças que acompanham seus parentes neste percurso ou aquelas que nem chegaram a conhecer a nação de origem, nascendo na nação de destino. E buscando compreender o modo de viver a infância das crianças imigrantes nas ocupações é que propusemos a observação participante como metodologia de pesquisa percebendo seus cotidianos e interagindo por meio de oficinas de desenho e fotografia, dando ênfase ao processo desta interação, notando falas, brincadeiras e os artefatos produzidos pelas crianças. Compreender o tempo social de ser criança - a infância - boliviana na cidade de São Paulo é levar em consideração suas vozes na composição destas identidades que se situam no limiar, na fronteira, entre as nações de origem e de destino. Deste modo, propomos neste trabalho ressaltar a importância de olhar

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O SONHO DAS CRIANÇAS BOLIVINAS EM UMA OCUPAÇÃO DE MORADIA EM SÃO PAULO

Carolina Abrão GonçalvesFaculdade de Educação da Universidade de São Paulo- FEUSP

[email protected]

Este artigo parte da pesquisa de mestrado em andamento, que tem por objetivo compreender os modos de viver a infância de crianças imigrantes bolivianas moradoras de uma ocupação de moradia na região central da cidade de São Paulo. Baseada em autores que refletem sobre temáticas, como: a sociologia urbana (Lúcio Kowarick), imigração de bolivianos na cidade de São Paulo (Carlos Freire da Silva, Giovanna Modé Magalhães e Odair da Cruz Paiva) e infância (Ana Paula Silva e Fernanda Müller); buscamos um olhar do ponto de vista econômico, histórico, social, político e cultural. Levando em consideração a trajetória dos imigrantes bolivianos que cruzam as fronteiras físicas e identitárias em busca de novas oportunidades de vida e enfrentam importantes questões na cidade, como a exploração do trabalho e dificuldade em encontrar moradia, fato este que os aproximam de movimentos sociais conhecidos por ocupar espaços ociosos na cidade, transformando-os em locais de moradia. Como se tratam, em alguns casos, de famílias imigrantes, passamos a olhar não somente para os adultos e adultas que compõem os grupos de imigrantes residindo em ocupações de moradia na cidade, mas também para as crianças que acompanham seus parentes neste percurso ou aquelas que nem chegaram a conhecer a nação de origem, nascendo na nação de destino. E buscando compreender o modo de viver a infância das crianças imigrantes nas ocupações é que propusemos a observação participante como metodologia de pesquisa percebendo seus cotidianos e interagindo por meio de oficinas de desenho e fotografia, dando ênfase ao processo desta interação, notando falas, brincadeiras e os artefatos produzidos pelas crianças. Compreender o tempo social de ser criança - a infância - boliviana na cidade de São Paulo é levar em consideração suas vozes na composição destas identidades que se situam no limiar, na fronteira, entre as nações de origem e de destino. Deste modo, propomos neste trabalho ressaltar a importância de olhar para as pequenas e os pequenos bolivianos imigrantes que residem em uma ocupação de moradia na região central da capital paulista. Em hipótese, ao resgatar as narrativas que compõem o universo da infância imigrante boliviana, temos a possibilidade de compreendermos e aprendermos com as trajetórias das crianças na cidade de São Paulo. Palavras- chave: Crianças bolivianas- Imigração- São Paulo

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Introdução

Conhecer e trazer um pouco a cerca do cotidiano de crianças e adultos

imigrantes de uma ocupação de luta por moradia foi a maneira que encontramos de

resgatar alguns jeitos, gestos e histórias da vida de famílias que atravessam as fronteiras

físicas e identitárias em busca de novas formas de viver. Neste artigo, voltamos o nosso

olhar para meninas e meninos imigrantes bolivianos, que vivenciam múltiplas questões

fundamentais na composição do tempo social de ser criança. O intuito é o de trazermos

algumas questões levantadas pelas próprias crianças e recolhidas ao longo da

observação participante1, pois de que forma podemos esboçar alguns traços desta

infância imigrante moradora da metrópole paulista?

Para tal desenvolvimento, traremos algumas reflexões importantes como a opção

metodológica pela observação participante, esboçando os primeiros passos em campo,

no qual procuramos enfatizar três etapas: mobilização, parceria e protagonismo infantil.

E como parte do aporte metodológico, se fez necessário entrevistas semi-estruturadas

com as famílias imigrantes moradoras das ocupações. A seguir traremos dados da

imigração em São Paulo, em especial do grupo de bolivianos, que como pudemos

constatar durante a pesquisa, se revelou como o mais numeroso dentre as populações de

imigrantes no interior da ocupação de luta por moradia. E para finalizar, abordaremos

dados preliminares da pesquisa, como falas de adultos e crianças, que possam nos

ofertar indícios para pensarmos o cotidiano da infância imigrante no interior do

movimento social, e também a que se esboça na cidade de São Paulo.

(Des)construções: breve relato da metodologia de pesquisa

Estabelecer métodos e metodologias ao longo da pesquisa se constitui num

desafio constante em que é necessário sempre avaliar e reavaliar os caminhos

escolhidos. Por isso, buscaremos expor de forma sucinta tais desafios encontrados ao

longo estudo de campo (em andamento).

Inicialmente o estudo de campo seria realizado nas escolas municipais de

educação infantil (EMEIs), localizadas na cidade de São Paulo e caracterizadas por

1 Pesquisa de mestrado em andamento, previamente intitulada “Os sonhos das crianças bolivianas na Ocupação Prestes Maia”. Desenvolvida na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp) com orientação da Profª. Drª. Marcia Gobbi.

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receberem um grande número de imigrantes oriundos de diversos países. Porém, ao

longo de pesquisas bibliográficas, identificamos um elevado número de famílias de

imigrantes em ocupações de moradia, como ressaltado por Galhera e Santos (2014), que

abordaram as dificuldades encontradas por imigrantes em busca de moradia na cidade.

Tais dificuldades, como problemas como falta de vagas nos centros de acolhida da

cidade, especulação imobiliária, entre outras, culminam em um grande número de

imigrantes e refugiados nas ocupações de moradia espalhadas por São Paulo e Grande

São Paulo. E a partir destes dados é que chegamos até a Ocupação Prestes Maia na

região central da cidade de São Paulo, considerada a maior ocupação vertical do país e a

segunda maior da América Latina, abrigando um total de 478 famílias, dentre elas de

imigrantes: bolivianos, colombianos, haitianos e paraguaios.

A ocupação Prestes Maia se apresentou como um importante local para o

desenvolvimento e ampliação dos horizontes da pesquisa, pois acolhe um grande

número de famílias de imigrantes e refugiados, sendo o grupo mais numeroso composto

por bolivianos que em sua maioria possuem filhos ou netos. Neste espaço, além de ter a

possibilidade de ter encontros com as crianças, imigrantes e não-imigrantes, também

pudemos conversar com as famílias, conhecendo seus percursos até chegar em São

Paulo e na ocupação.

E como forma de conhecer as famílias e as crianças imigrantes da ocupação

Prestes Maia e de buscar uma relação de parceria com as crianças, por considerá-las

sujeitos sociais e que, portanto, podem nos contar sobre seus universos e cotidiano é que

optamos em fazer a pesquisa com as crianças e não sobre as crianças, como já nos foi

alertado por alguns estudiosos da infância, como Abramowicz (2003) e Campos (2008).

E privilegiar a ação das crianças ao longo da pesquisa, por meio da investigação

participativa:

permite considerar formas colaborativas de construção do conhecimento nas ciências sociais, que se articulam com modos de produção do saber empenhadas na transformação social e na extensão dos seus direitos sociais. (Soares, 2006, p.29)

Outros estudiosos do campo das Ciências Sociais, também trouxeram as vozes

das crianças como testemunhos da história, como José de Souza Martins:

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O pesquisador quase sempre pressupõe e descarta, no grupo que estuda, uma parcela de seres humanos silenciosos, os que não falam. De nada adiantaria conversar com eles. São os que em público e diante do estranho permanecem em silêncio: as mulheres, as crianças, os velhos, os agregados da casa, os dependentes, os que vivem de favor. Ou os mudos da história, os que não deixam textos escritos, documentos. (Martins, 2009, p. 103-104)

Deste modo, os relatos das crianças são ouvidos e incorporados no estudo do

pesquisador. E também tivemos por inspiração as pesquisas, como “As trocinhas do

Bom Retiro” do sociólogo brasileiro Florestan Fernandes (2004) e de Marcia Gobbi

(2009), que afirma a importância das:

Pesquisas produzidas pela pedagogia da educação infantil, estudos estes que hoje se consolidam e caminham no sentido de afirmar as crianças pequenas como portadoras e criadoras de cultura, desenhistas, falantes, sujeitos de sua história e cujas produções devem ser conhecidas, valorizadas, respeitadas. Sendo assim, a criação e a reflexão sobre metodologias de pesquisas com os pequenos e pequenas constitui um dever e um desafio daqueles que afirmam tê-las como temas de trabalho e pesquisa. (2009, p. 73)

E como forma de dialogar com crianças de maneira respeitosa e buscando uma

metodologia que considere a criança como sujeito social, é que a observação

participante foi escolhida como método de recolha de dados, possibilitando conhecer o

cotidiano da ocupação e combinado diferentes maneiras de recolha de dados como

entrevistas semi-estruturadas, observação e oficinas de brincadeiras e arte.

A observação participante foi composta por diferentes etapas com objetivo de

que todas se complementassem e pudessem enriquecer os dados encontrados na

pesquisa. Sendo composta por: 1) observação do grupo de crianças nacionais e não

nacionais, principalmente nos espaço da brinquedoteca e alguns espaços escolhidos por

eles e elas, como a pátio do 10º andar; 2) Desenhos e fotografias solicitados em

conversas informais, tais como em oficinas no espaço da brinquedoteca; 3) entrevistas

semi-estruturadas com seus familiares, adultos imigrantes, tal como lideranças da

ocupação.

A entrevista semi-estruturada com adultos (imigrantes e lideranças da ocupação)

como instrumento de recolha de dados nos possibilitou a sistematização e atualização de

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informações importantes a cerca da caracterização e história do local da pesquisa e,

principalmente, buscou ouvir relatos orais e captar gestos, suspiros e sensações que

dificilmente seriam expressos por meio de questionários estruturados. E buscando

estabelecer um clima de confiança, apesar de um roteiro semi-estruturado, a entrevista

em formato de diálogo, permitiu adaptações necessárias para o seu desenvolvimento,

como sugerido: “a entrevista semi-estruturada, que se desenrola a partir de um esquema

básico, porém não aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as

necessárias adaptações.” (Lüdke e André, 2003, p. 34).

E as oficinas de brincadeira e arte com as crianças da ocupação foram oferecidas

principalmente durante o mês de janeiro, portanto período de férias escolares, tanto para

as crianças, como para a pesquisadora, que como professora da rede municipal de

ensino, dispunha de tempo restrito para os momentos de imersão a campo. Com esta

organização, tivemos a oportunidade de melhor conhecer as crianças e suas famílias, já

que durante o período de aulas, muitas crianças imigrantes participam do ensino integral

na escola, ou no contraturno escolar frequentam atividades em organizações não

governamentais (ONGs) que atuam na região.

Procurando cumprir os três patamares para pesquisa que envolvam as crianças

na investigação participativa, como elencado por Soares (2006, p. 35): mobilização,

parceria e protagonismo, é que a pesquisa se estrutura basicamente nestes patamares.

Por meio da mobilização de lideranças da ocupação e de famílias das crianças

imigrantes, por meio de autorização dos termos de pesquisa na Ocupação Prestes Maia,

é que iniciamos, pesquisadora e orientadora, a imersão à campo. E a pergunta inicial

era: como iríamos fazer para conhecer as crianças imigrantes da ocupação? E

inicialmente restringimos a pesquisa apenas às crianças imigrantes ou filhas de

imigrantes, pois a ocupação possui um grande número de crianças, que teríamos

dificuldades em trabalhar. São 478 famílias e praticamente todas as famílias possuem

filhos. A partir da mobilização inicial convocamos uma reunião no espaço da

brinquedoteca, chamando as crianças e responsáveis, para esclarecer dúvidas, explicar a

pesquisa, o papel da pesquisadora, em formato de roda de conversa, momento

caracterizado por procurar estabelecer e firmar parcerias.

Dúvidas surgiram em torno do caderno de campo, objeto de grande curiosidade

principalmente por parte das crianças, que desejavam saber o que eu anotava. Em

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alguns momentos em que deixava o caderno de lado, eles procuravam bisbilhotar o que

eu havia escrito e identificavam “Olha só! Ela escreveu o meu nome!”.

Outra surpresa que notei em relação às crianças foi a de adentrarem aquela porta

e descobrirem uma possibilidade de brincar dentro do lugar em que moram. O espaço,

composto de brinquedos e livros (em sua maioria livros didáticos, ou adultos, notamos

que existem poucos livros destinados às crianças), era praticamente desconhecido pelas

crianças imigrantes, que disseram não utilizá-lo para brincar. O espaço da

brinquedoteca, segundo as lideranças da ocupação, é pouco utilizado devido à falta de

tempo e de pessoas que possam se responsabilizar em ficar com as crianças. Em alguns

momentos, as próprias lideranças destinam um tempo para abrir a brinquedoteca, que

normalmente acontece aos domingos, mas não existe uma rotina para utilização deste

espaço.

Deste modo, as crianças foram entrando e demonstrando um encantamento pelo

local, que apesar da simplicidade, esboçada por alguns brinquedos quebrados e alguns

dispostos em carrinhos de supermercado, o espaço se mostrou acolhedor e possibilitou

uma importante aproximação da pesquisadora com as crianças. O espaço da

brinquedoteca foi fundamental para tal aproximação e contribuição para a observação

participante, pois havia o receio inicial de pesquisa: qual seria o lugar mais adequado

para fazer as oficinas e entrevistas? Como teria a liberdade de fazer as oficinas nas casas

das pessoas, será que não iriam sentir-se incomodados?

O espaço da brinquedoteca nos possibilitou uma importante forma de

aproximação e negociação com as crianças, tal como nos mostrou que não fazia parte do

cotidiano de suas brincadeiras e por isso, com a presença das pesquisadoras puderam

explorar, interagir, nos mostrando do que gostam de brincar neste e noutros espaços, tal

como contar como se relacionam com os grupos de crianças imigrantes e não-

imigrantes. Tiveram a possibilidade de desenhar e fotografar, que se constituíram

formas de nos contar sobre suas vidas, seus sonhos e desejos.

Os desenhos e fotografias solicitados ao longo da imersão se constituíram como

importantes artefatos na construção da metodologia de pesquisa, pois para além de

revelarem as expressões e desejos das crianças, do ponto de vista delas mesmas,

também se constituíram como facilitadores de diálogos, para que pudéssemos ouvir as

histórias que têm a nos contar. Ou Seja, os desenhos conjugados com a oralidade se

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constituem como formas privilegiadas de metodologia com as crianças, podendo

resultar em documentos históricos e como nos aponta Gobbi:

poderemos pensar e imaginar produções acadêmicas e, por que não, um mundo em que percebamos a presença de meninos e meninas pequenos e bem pequenos a partir de suas criações, de seus risos, de seus gestos, e no qual seus olhares possam revelar fenômenos sociais que se encontram obscurecidos e cuja revelação contribuirá tanto para as pesquisas que estão sendo empreendidas, como para ações políticas que respeitem as crianças. (Gobbi, 2009, p. 73).

Desta maneira, expusemos brevemente a metodologia de pesquisa empreendida

que é construída e reconstruída, pois quem nos mostra os caminhos a serem traçados é a

própria pesquisa e seus interlocutores, traduzida pelas vozes de seus sujeitos, sendo

crianças ou adultos imigrantes. O objetivo fundamental é ofertar espaços de escuta para

que possamos aprender e refletir sobre fenômenos sociais, como os atuais fluxos

migratórios na cidade de São Paulo, problemas de moradia e os universos da infância

imigrante. Como as crianças imigrantes, no olho do furacão destes fenômenos sociais,

se expressam e nos contam sobre os seus cotidianos na ocupação Prestes Maia?

Trajetórias: Adultos e Crianças Imigrantes na Ocupação

Partimos do pressuposto de que para conhecer as crianças imigrantes na

ocupação, também temos que conhecer o contexto social do qual são oriundas. Por isso,

empreendemos, para além da observação participante por meio de oficinas com as

crianças, entrevistas e estudos bibliográficos que pudessem nos dar embasamento para

melhor compreendermos as trajetórias das crianças. Tais trajetórias serão brevemente

explanadas, com o intuito apenas de esboçar o estudo, visto que ainda esta em

andamento.

A cidade de São Paulo tornou-se nação de destino de muitos imigrantes

bolivianos, que junto de suas famílias intensificam os fluxos migratórios a partir da

década de 1980, constituindo-se como maior grupo de latino-americanos na metrópole,

como nos aponta Silva (2011, p. 76). A chegada à cidade, em muitos casos, é agenciada

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por compatriotas, brasileiros ou coreanos, conhecidos como brokers que atuantes no

ramo da indústria têxtil, contratam o trabalho de bolivianos em troca do pagamento pelo

custo da viagem, estadia e alimentação.

Situações como esta, são relatadas em pesquisas, como a de Silva (2011) que

sugere a existência de um caminho cruzado entre a migração de bolivianos e coreanos à

São Paulo. Estes caminhos cruzados, também surgiram ao longo dos relatos feitos às

pesquisadoras na ocupação Prestes Maia, pois houve falas em que se referem à oficina

que trabalharam como pertencentes a coreanos. Além de denunciarem situações de

abuso em relação ao trabalho, ameaças que envolvem a situação documental no país,

violência e condições precárias de moradia.

Condições estas, que como podemos notar em grande parte dos relatos, foram

disparadoras para que as famílias rompessem com situações que causavam desagrado.

As trajetórias familiares de bolivianos no Brasil, quase sempre se iniciam em pequenas

oficinas de costura, mas no caso de grande parte dos moradores de ocupações, como na

Prestes Maia, são interrompidas por situações em que tomam a consciência dos

problemas vividos e conseguem sair destas oficinas, que se caracterizam em ser casa e

trabalho ao mesmo tempo. O sair das situações de miséria e opressão relatadas acaba

sendo maior que o pagamento dos direitos trabalhistas devidos, fazendo com que tais

saídas se façam sem dinheiro algum e tendo por destino inicial ser morador de rua.

Em situação de rua, muitas famílias se aproximam do movimento de luta por

moradia, ou por indicação de moradores de rua, ou pelas manifestações organizadas

pelo movimento, que são portas de entrada para muitos imigrantes que se encontravam

sem moradia. Lefebvre (2015) analisando a crise habitacional em Paris após a segunda

guerra mundial também identificou a consciência social provocada em um momento de

crise “o direito a moradia aflora na consciência social. Ele se faz reconhecer de fato na

indignação provocada pelos casos dramáticos no descontentamento engendrado pela

crise.” (p.26).

Estas trajetórias são comuns nos relatos de imigrantes na ocupação que nos

revelam também a dificuldade em encontrar vagas nos centros de acolhida, como: A

Casa do Migrante (CDM), Centro de Referência e Acolhida ao Imigrante (CRAI) e Casa

de Passagem Terra Nova. A maioria dos centros de acolhida recebe imigrantes recém-

chegados à cidade, o que não é o caso da maioria dos entrevistados.

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E em companhia de pais, mães, avós, avôs, tios e tias as crianças vivem no olho

do furacão das problemáticas sociais enfrentadas pelas famílias. Relatando como era

morar nas antigas casas (comumente oficinas de costuras), nos contam suas trajetórias,

brincadeiras e sonhos de vida.

Os momentos de brincadeiras foram observados ao longo das oficinas, onde

conversamos sobre as brincadeiras preferidas, e surgiram “escravos de jó” e “corre

cutia”. E num segundo momento, solicitamos em roda de conversa que nos trouxessem

alguns brinquedos que gostavam e no caso de uma mãe, que participava da oficina,

convidamos a também trazer um brinquedo que lembrasse sua infância.

Ao partilhar os brinquedos na roda ao longo da oficina, pudemos observar os

suspiros da mãe ao contar sobre os brinquedos que havia nos trazido. Em um rico

momento, ela abriu uma caixa de sapatos e tirou pequenas miniaturas de cozinha, feitas

de lata. Com muito cuidado, ela explicou que fora uma das poucas recordações que

trouxe da Bolívia, as miniaturas ofertadas durante a festa de Alasitas, que louva o Deus

Ekeko da abundância. Segundo a mãe, esta é uma festa ligada aos sonhos e desejos

feitos ao meio-dia de 24 de janeiro de cada ano. É comum comprarem miniaturas de

dinheiro, carros, passaportes, entre outros para fazer os pedidos.

No caso da mãe, tinha uma grande quantidade de utensílios domésticos, como

fogãozinho, panelas e até um pequeno bule e coador de café, que segundo ela já fora

utilizado. A mãe explicou que é uma forma que encontrou de passar um pouco dos seus

costumes as filhas (duas meninas) já que ambas são nascidas no Brasil e não conhecem

a Bolívia. E apesar da vontade de viajar ao país de origem, ela enfatiza que seria apenas

a passeio, pois o seu desejo é permanecer no Brasil com sua família e trazer seus pais

para morar com ela, que moram em Buenos Aires – Argentina.

As crianças foram indagadas e diziam brincar com as miniaturas, mas trouxeram

entre os brinquedos preferidos Pollys, Barbies e o relato de uma corda de se pendurar,

que não puderam trazer, pois estava fixada na moradia. Alguns meninos, também

relataram o gosto em assistir desenhos na televisão.

E os relatos giraram em torno da brincadeira dentro das moradias, pois segundo

as mães os corredores e os outros andares são perigosos, por isso, não deixam as

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crianças brincando sozinhas. Quando estão no pátio é sob a supervisão de alguma mãe,

ou avó, mas pertencente ao grupo de bolivianos.

Outro importante dado é o fato de se chamarem de primos, entre o grupo de

bolivianos, mesmo não pertencendo à mesma família. Esta relação se dá principalmente

entre as famílias do 10º andar, onde se concentram maior número de bolivianos.

Indagando as crianças, me explicaram que se chama de primos, pois quando fazem

aniversário, são eles os convidados. Assim, nomeiam os homens e mulheres bolivianos

da ocupação de tios e tias respectivamente.

Esta foi uma das maneiras encontradas pelo grupo de bolivianos, segundo um

relato, de manterem relações de parentesco, já que a maioria não possui mais contato

com a família, por morarem em outro país, ou por estarem no Brasil, mas com paradeiro

desconhecido.

As crianças bolivianas também relatam violência por parte das crianças

brasileiras, cujo apelido entoado por outras crianças é “china” e este é um dos motivos

disparadores nos relatos, de terem medo de descer para brincarem sozinhos em outros

espaços da ocupação. Por conta da violência relatada, vinda de outras crianças, preferem

brincar em casa com os seus irmãos e “primos” de consideração.

E finalizando este artigo trato do sonho que de forma unânime apareceu em

todas as falas dos entrevistados adultos e em algumas falas de crianças e desenhos. A

reflexão sobre a moradia, o sonho da casa própria, foi citado por todas as famílias. Com

cadastro nos programas de moradia do governo, as famílias sonham com casas e

apartamentos, partilhando de uma aspiração, identificada por Sader (2001) como projeto

de vida de famílias de migrantes brasileiras nos fluxos a partir de 1950 é o símbolo de

consolidação da estrutura familiar:

A aspiração à casa própria (como alternativa à alugada) esteve relacionada com razões instrumentais: deixar de pagar aluguel e tornar dispêndios com habitação uma reserva de valor. Mas também expressou um valor cultural profundamente arraigado e reafirmado: a busca de estabilidade contra as incertezas de mudanças não queridas, a segurança para a coesão familiar, o poder de organizar o próprio espaço. (idem, p.111)

O sonho da casa própria é também um desejo por uma casa ampla, em oposição

aos pequenos espaços da moradia ocupada, que possui em média dois cômodos cada

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apartamento, com banheiro de uso coletivo dividido entre os demais moradores do

andar. A louça também é lavada em torneiras coletivas.

A falta de privacidade na casa foi relatada por uma entrevistada, que diz

atrapalhar a intimidade entre o casal. Ela disse que o problema não tem solução, já que

tem que compartilhar não somente o cômodo com os filhos, mas a cama do casal

também é dividida.

Segundo Sader (2001) ao invés da problemática em relação a moradia ser sanada

ela foi cada vez mais agravada, com o aumento de favelas e cortiços, sendo pequena a

proporção de casas alugadas e próprias.

Foi portanto claramente diferenciada a experiência do progresso, e para muitos o que aconteceu foi justamente o inverso: não só a deterioração das condições de moradia como o estigma de uma marginalização, da exclusão à moradia legal e considerada digna e às benfeitorias urbanas que caracterizaram o progresso metropolitano. A esses, permanecendo na esfera privada das histórias familiares, restava a projeção dos mesmos sonhos na figura dos filhos. E por isso também a pressão por escolas foi algo tão forte nessas décadas. Preparar os filhos para talvez alcançarem o que não alcançaram os pais. (Sader, 2001, p. 114)

De forma semelhante, podemos notar uma intensa cobrança das famílias de

bolivianos em relação aos estudos dos filhos, que dificilmente faltam a escola e que

possuem um alto nível de exigência dos pais, que classificam as escolas brasileiras

como fracas e com poucas lições. Narram uma rigidez da educação boliviana, com

castigos aos alunos desobedientes e que passavam muito mais lições. Mesmo assim,

existe uma expectativa em relação aos estudos dos filhos e também quanto aos seus

próprios estudos, ainda não terminados. Em hipótese, podemos nos basear em Sader

(2001) ao notar nas falas de pais e mães uma expectativa em relação ao futuro dos

filhos, como mais promissor que os próprios e sendo um facilitador para a realização de

sonhos, como o da casa própria.

E com o resgate de alguns relatos ao longo das oficinas na brinquedoteca, em

que pudemos conhecer mais e melhor as crianças imigrantes, assim como desenvolver

entrevistas semi-estruturadas com seus familiares e lideranças da ocupação é que

encerramos estes breves dados não com um ponto final, mas com indícios que nos

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façam refletir a partir das crianças, a cerca da sua própria infância. Dados que nos levam

a pensar sobre seus desenhos, fotografias, suspiros, falas e emoções e serão melhor

desenvolvidos ao longo da dissertação de mestrado.

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