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  • Nome: JAYSE ANTONIO DA SILVA FERREIRA

    Informaes da Escola:

    Nome da Escola: Escola de Referncia em Ensino Mdio Frei Orlando

    Cidade: Itamb

    UF: PE

    Informaes do Projeto:

    Categoria: (TEMA LIVRE) Ensino Mdio

    Projeto: EU SOU UMA OBRA DE ARTE: ETNIAS DO MUNDO

    RESUMO: Segundo Kabengele Munanga todos ns, homens e mulheres, somos feitos de diversidade e na escola que ela aparece, e como toda diversidade surgem os problemas de aceitao. Conceituar cultura no fcil, mas compreender sua origem, princpios e manifestaes so motivos para retirar do isolamento, grupos que se sentem marginalizados e nesse contexto que a arte fotogrfica tenta mostrar ao mundo, atravs das lentes, que o conhecimento da cultura de um povo contribui com a formao da identidade cidad, inserindo o homem na sociedade. Procurando valorizar e resgatar o orgulho da origem de sua raa, o projeto Eu sou uma obra de arte: Etnias do Mundo, da Escola de Referncia em Ensino Mdio Frei Orlando promoveu uma exposio fotogrfica com 20 etnias reconhecveis em nosso ambiente escolar. Negros, brancos, pardos, ruivos, ndios, todos tiveram a oportunidade de serem fotografados e apreciados de maneira digna e igualitria desmistificando a crena de que uma raa mais bonita ou mais importante que outra. Depois de meses de pesquisas, debates e anlises das diferentes etnias, os alunos foram produzidos e fotografados segundo a etnia que suas caractersticas fisionmicas os habilitavam. Alcanamos inmeros resultados com este projeto, desde a autovalorizao de alunos que se sentiam inferiores, a participao macia da comunidade escolar. O projeto foi responsvel, em parte, pela diminuio da evaso escolar, uma vez que esses alunos se sentiram acolhidos e respeitados, o que proporcionou um ambiente mais atrativo e favorvel aprendizagem. Os frutos desse projeto ainda sero colhidos por muito tempo. Irmos menores de nossos educandos j esto pedindo aos seus pais que reservem vagas para eles na escola, pois querem estudar numa escola que os transformam em obras de arte.

    JUSTIFICATIVA: As primeiras propostas para o projeto Eu Sou uma Obra de Arte surgiram atravs da experincia de muitos anos como professor de Arte de adolescentes, em sua maioria socialmente desprivilegiados e fora dos padres europeus de beleza estabelecidos socialmente. Essa realidade me mostrava como esses jovens se sentiam

  • menosprezados e como sua estima se encontrava baixa. Uma situao, em particular, fez-me instituir as diretrizes norteadoras que realmente queria que o projeto privilegiasse. Uma discusso em sala de aula me chamou bastante ateno, os alunos problematizavam o fato de encontrarem dificuldades em responder o questionrio socioeconmico do Enem, na questo que versava sobre como eles se consideravam, brancos, negros, pardos ou mestios. Dentro desse contexto, observei que a dificuldade no estava em marcar uma alternativa, ou em se colocar nessa ou naquela categoria, mas em reconhecerem-se especialmente como negros, pardos ou mestios, j que o preconceito de cor ou raa no Brasil seria no fundo raas socialmente marginalizadas. Os alunos mostraram que existe muita insatisfao com estas categorias. Uma boa parte dos discentes no se identifica e no gosta de alguns destes termos, pois estariam ligadas diferenas importantes de condies de vida, oportunidade e eventuais problemas de discriminao e preconceito. Socializando minhas observaes com a professora de biologia Viviane Menezes, sobre o fato relatado, em uma tentativa de orient-los neste quesito de raa ou cor, levamos em considerao esses diversos questionamentos, e comeamos a introduzir de forma sistemtica a varivel de origem nos estudos sobre a populao brasileira. E, com vistas, a identificar a viso geral do colegiado estudantil e examinar a pertinncia ou aceitao de seus traos tnicos, elaboramos um conjunto de questes e aplicamos atravs de uma pesquisa, com cerca de 340 alunos de 14 a 18 anos de idade, dos 1s, 2s e 3s anos do ensino mdio da nossa escola. O objetivo seria comparar as respostas pergunta tradicional sobre cor, como tambm sobre a ocorrncia de bullying, de preconceito racial e sobre a crena de uma raa ou cultura ser superior outra, o que permitiria examinar em que medida estas categorias correspondem, ou no, forma pela qual os alunos se veem. Em face s polticas de valorizao e de respeito diversidade tnica cultural e como uma forma de combate ao bullying e de elevar a autoestima dos aprendizes foi decidido que o Projeto Eu sou uma Obra de Arte, deste ano, teria como tema: Etnias do Mundo surgindo com ele a possibilidade de trazer a imagem do ser humano, retratando sua origem tnica, oportunizando a valorizao dos vrios tipos de beleza, desmitificando assim o velho paradigma de que s belo(a) aquele(a) que branco(a), alto(a), de olhos claros e cabelos lisos. Para isso, seriam retratados, atravs de uma mostra fotogrfica os alunos que apresentavam algum trao fisionmico que remetesse a outras etnias diferentes da brasileira.

    CONTEXTO: A Escola de Referncia em Ensino Mdio Frei Orlando, encontra-se localizada na Zona da Mata de Pernambuco, na cidade de Itamb, rua Ademar Correia de Melo, n226 ,no bairro Planalto, rea perifrica da cidade. A unidade de ensino classificada de grande porte. Tem 52 anos de fundao, mas h 4 anos ela tornou-se referncia em Ensino Mdio. Em seu espao fsico ela dispe de uma biblioteca, uma quadra de esportes e um refeitrio. Apesar de um grande espao fsico suas instalaes so modestas e ao longo dos anos, vem tentando se modernizar para melhor atender a

  • grande demanda de alunos locais e oriundos de cidades e estado vizinho, j que sua localizao geogrfica faz fronteira com Pedras de Fogo pertencente ao estado da Paraba. Em suas 10 salas de aula esto quatro 1s anos, trs 2s anos e trs 3s anos, totalizando assim, 340 alunos, os quais estudam em regime integral. As turmas so compostas, em mdia, por 35 alunos vindos de escolas particulares e pblicas. Os mesmos demonstram nveis de aprendizagem diversificados, mas se mostram muito participativos e abertos s iniciativas pedaggicas inovadoras, o que facilitou o desenvolvimento do projeto. Um ponto positivo da nossa escola que cada disciplina/professor contm uma sala de aula prpria onde os alunos que se deslocam para assistirem as aulas. Este sistema viabiliza despertar no educando a responsabilidade e autodisciplina como prega o protagonismo juvenil descrito no Projeto Poltico Pedaggico da instituio. No que diz respeito participao efetiva dos pais na escola, ainda no acontece de maneira satisfatria, pois uma pequena parte s se faz presente nas reunies de pais e mestres.

    OBJETIVOS: Tendo em vista o que diz os PCNs de Arte para o Ensino Mdio no que se refere ao respeito s diversidades das manifestaes artsticas em suas mltiplas funes, identificamos, relacionamos e compreendemos a arte como fato histrico contextualizado nas diversas culturas, o que nos levou a fomentar uma reflexo sobre a importncia da valorizao das razes de um povo, no sentido da afirmao de sua identidade despertando com isso, o sentimento de pertinncia a sua origem tnico-racial. Dentro desse contexto, buscamos enfatizar atravs da arte fotogrfica a importncia da memria cultural de um povo trazendo para esses jovens o orgulho de seus traos fisionmicos tornando-os disseminadores da valorizao e do respeito dessa diversidade. Pois: Educar para os direitos humanos, como parte do direito educao, significa fomentar processos que contribuam para a construo da cidadania, do conhecimento dos direitos fundamentais, do respeito pluralidade e diversidade de nacionalidade, etnia, gnero, classe social, cultura, crena religiosa, orientao sexual e opo poltica, ou qualquer outra diferena, combatendo e eliminando toda forma de discriminao. (Diretrizes Curriculares Nacionais da Educao Bsica, pagina 165). Logo, verificamos que o ensino baseado no respeito pluralidade e a diversidade deva estar pautado em prticas que busquem desenvolver, nos aprendizes contemporneos uma nova maneira de pensar, agir e se relacionar. Dessa maneira, trabalhar igualmente essas diferenas no uma tarefa fcil para ns professores, por que lidar com elas necessrio ter em mente como a diversidade se manifesta e em que contexto. Pensar uma forma que integra a valorizao tnico-racial significa progredir na discusso a respeito das desigualdades sociais, das diferenas raciais e no direito de ser diferente. Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Mdio (1999, pg. 152) assegura que: A educao escolar, comprometida com a igualdade de acesso ao conhecimento a todos e especialmente empenhada em garantir esse acesso aos grupos da populao em desvantagem na sociedade, uma educao com qualidade social e

  • contribui para dirimir as desigualdades.(Diretrizes Curriculares Nacionais Ensino Mdio 152) Assim, a maneira que encontramos para diminuir os estigmas e as desigualdades dos grupos que se apresentavam em situao de excluso no ambiente escolar, foi desmistificar por meio da arte fotogrfica a ideia de um padro de beleza que s abrangeria os de pele branca, cabelos lisos e olhos claros, atravs de pesquisas de vrias etnias do mundo, dando destaque quelas que poderiam ser encontradas em nossa escola, o que atenderia aos pressupostos expressos no nosso PPP que assegura o respeito ao patrimnio das culturas, bem como a sua afirmao, com o objetivo de promover a aceitao da diversidade e favorecer a construo de um ambiente harmonioso que valorize a pluralidade cultural.

    ORGANIZAO DO TRABALHO: Tendo como norte a questo tnica-racial levantada nas aulas de Arte a respeito do preenchimento do formulrio scio econmico do ENEM, surgiu a ideia de traar um plano de ao que pudesse ser aplicado nas minhas aulas. Pesquisando na internet descobri um livro de fotografias intitulado: Face a face, uma jornada por povos do mundo, do fotgrafo Alejandro Szanto de Toledo da USP. O livro retratava diversos povos dos cinco continentes, ressaltando sua cultura e costumes. Logo, tratei de compr-lo. Era o que faltava para dar o pontap inicial do projeto. Com o livro em mos, fui observando os 340 alunos da escola procurando neles alguns traos fisionmicos que se assemelhassem com os povos retratados no livro. Os materiais utilizados no projeto foram: Questionrio ( anexo 1) Livro de fotografias; ( anexo 2) Pesquisas na internet; Mquina fotogrfica; Foi aplicada uma pesquisa sobre como eles se consideravam etnicamente e se j tinham sofrido bullying por conta de sua cor e traos fisionmicos, o mesmo foi aplicado pelas alunas do 3 ano sobre a coordenao da professora de biologia e, em seguida fizeram o levantamento dos dados coletados. ( anexo 3) Os alunos que se assemelhavam com as etnias previamente identificadas no livro foram reunidos na biblioteca da escola para combinarmos onde, quando e como se daria todo o processo de fotografia de cada um. Na ocasio foram indagados se gostariam de serem fotografados e se estariam de acordo. Aqueles que aceitassem de imediato j levariam para os pais um termo para que eles autorizassem o uso da sua imagem j que os mesmos eram menores de 18 anos.

    DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA: Inicialmente, reunimos todos os alunos na biblioteca da escola para que eles tomassem conhecimento do projeto e de seus principais objetivos: Enfatizar atravs da arte fotogrfica a importncia da memria cultural de um povo, trazendo para esses jovens o orgulho de suas razes culturais e tornando-os disseminadores da valorizao da diversidade. Promover uma reflexo sobre a importncia das razes culturais de um povo, no sentido da afirmao de sua identidade e pertinncia a sua regio cultural. Atravs de uma troca construtiva de ideias os alunos tambm puderam opinar para incrementar a execuo proposta apresentada. Como no ano passado eu j tinha realizado um projeto de fotografias que visava

  • descobrir ssias de artistas ou famosos em nossa escola, no foi difcil encoraj-los a participar. Atravs das imagens do livro procurei mostr-los que todos poderiam participar, pois no mundo inteiro h pessoas de todas as formas fsicas: altas, baixas, negras, brancas, gordas, e que isto no seria empecilho algum para aqueles que no se encaixavam no padro de beleza. O livro teve um papel muito importante, pois retratava os povos de uma forma bela independente da etnia ou da classe social. (anexo 2) Eles ficaram encantados com a possibilidade de serem reproduzidos to primorosamente quanto as fotos do livro. Uma aluna do 1 Ano D, Maria Heloza disse: professor, por que o senhor me escolheu? Eu sou nega do cabelo rim, acho que no vai ficar legal! Eu no sou bonita! Logo procurei mostr-la que ser negra do cabelo crespo no era vergonhoso, essa era uma caracterstica da sua etnia a qual digna de ser exaltada como as demais. A foto final dessa aluna se tornou uma das mais belas do projeto, inclusive foi a capa da reportagem publicada no site da Secretaria de Educao de Pernambuco (anexo 4).

    METODOLOGIA: O projeto teve incio no ms de maio com a elaborao e aplicao do questionrio com alguns alunos da escola a respeito da sua raa/etnia. Dos 340 alunos da escola, fizeram parte da amostragem cerca de 258. Verificamos que 25 deles consideravam-se negros, 53 brancos, 177 pardos ou mestios e 3 indgenas. Embora mais de 90% dos alunos no acreditam que uma raa seja superior a outra, um fator preocupante que 57% dos educandos tenham sofrido alguma forma de bullying por causa dessa pluralidade tnica. De posse desses dados, que demonstraram que mais da metade de nossos educandos sofriam alguma forma de preconceito decorrente de seus traos fisionmicos, deparamo-nos com o nosso primeiro desafio: como reverter este quadro alarmante de intolerncia e desvalorizao das diferenas? A soluo encontrada foi promover um grande evento que destacasse e valorizasse todo tipo de etnia presente em nossa escola. Uma grande exposio fotogrfica onde esses alunos pudessem ser o centro das atenes. Ou como o prprio ttulo do projeto diz, ser uma obra de arte! O passo seguinte foi a anlise minuciosa do livro fotogrfico, adquirido exclusivamente para esta finalidade. A cada pgina que folhevamos iam surgindo ideias de qual aluno poderia representar determinada etnia. De posse do livro fui de sala em sala perguntando se esse determinado aluno(a) aceitaria ser fotografado, tal qual a foto do livro. Os demais colegas de sala incentivaram os mesmos a aceitarem, pois concordavam que ele ou ela tinham mesmo semelhanas fsicas com a fotografia. Logo, surgiu a ideia de que na classe onde houvesse alunos selecionados eles pesquisariam sobre o povo que o aluno iria retratar. E assim foi feito. Todas as dez turmas participaram da pesquisa das 20 etnias contempladas pelo projeto. So elas: Alemanha, Itlia (terra dos vinhos), Rssia (bal russo), Jordnia (uso da burca), Nambia (mulheres da pele vermelha), Tailndia (mulheres do pescoo de girafa), Guatemala, China (teatro chins), Hava (dana Hula), Polo Norte (esquims), Israel (Jerusalm: muro das lamentaes), Tibet (monges), Peru (Cusco), Marrocos (os tuaregues), Brasil,

  • ndia, EUA (comunidade indgena Galuppe), Nova Guin, Etipia (tribo do Rio Omo ) e Esccia (terra dos castelos). Para o desenvolvimento das propostas do projeto contamos com vrias pesquisas que visavam a identificao das principais caractersticas tnicas que foram previamente elegidas como aquelas presentes no espao escolar. Os alunos passaram a observar com maior rigor os traos fisionmicos que marcam a identidade de determinado povo (nariz, olhos, boca, formato do rosto, tons de pele, etc.). Logo perceberam que a formao da pluralidade tnica-racial brasileira no se resume, apenas, negros, brancos, ndios e pardos. Comearam a reconhecer, em seu meio, pessoas que detinham fortes traos de determinada cultura. Em cada encontro houve muitas discusses, debates, leituras e anlises de fotografias que o livro no contemplava. Tambm houve exibies de filmes (anexo 5) para mostrar de maneira mais real os costumes, a cultura e a forma de viver e de se vestir das etnias estudadas. Por conseguinte, nos reunimos para planejarmos como seria feita a execuo das fotos e para elencar os materiais que seriam necessrios para conseguir o efeito desejado. Atendendo aos objetivos do PPP de nossa unidade de ensino, procuramos estimular atravs de aes dentro de nosso projeto a participao da comunidade nos trabalhos como forma de tornar o espao escolar mais democrtico, aberto e participativo. Dentro desse contexto, surgiu a ideia de estabelecermos algumas parcerias com profissionais locais que nos ajudariam na maquiagem e na fotografia. No foi difcil conseguirmos tais parcerias, visto que os prprios alunos foram sugerindo o nome de pessoas de sua famlia para serem voluntrios. Em seguida, com os nomes j determinados, fizemos o convite ao fotgrafo Latte Neto, tio da aluna Maria Clara do 1 Ano A, o qual estendeu o convite a sua equipe de trabalho, a maquiadora Sayury Matsubara e o personal Stylist Lzaro Fernando que cuidou de parte do figurino dos alunos. No encontro seguinte, o fotgrafo deu uma breve orientao sobre luz, enquadramento e outras tcnicas usadas para uma boa fotografia ampliando assim o conhecimento dos alunos sobre essa arte. Mesmo contando com o apoio dos profissionais voluntrios tivemos alguns percalos, a exemplo dos figurinos, pois em algumas roupas, na maioria das vezes, tivemos que adaptar grampeando, colando pedaos de tecidos para compor determinados figurinos, mas com muita criatividade conseguimos super-los. A maioria dos alunos do projeto no tinha condies financeiras de arcar com as despesas de seu figurino, mas de forma solidria foi arrecadado com os professores a quantia suficiente para pagar o tecido e a costura de alguns. Vendo as dificuldades para confeccionar os figurinos, a professora de geografia Fabola Romo sugeriu que fssemos ao comrcio local (lojas, boutiques, armarinhos), convid-los a participarem do projeto como parceiros. Esses estabelecimentos entrariam com o emprstimo de seus acessrios variados e em troca divulgaramos o nome da loja. (anexo 6) Com os acessrios e figurinos organizados, comeamos as sesses fotogrficas. De incio, utilizamos o espao de nossa escola como cenrio de algumas fotos (anexo 7), mas logo percebemos que em outras era necessrio um cenrio diferenciado, que fosse caracterstico da etnia retratada. Como exemplo o Hava que

  • deveria ter como cenrio uma praia, o mesmo aconteceu com Marrocos que tem como plano de fundo um deserto. Para atender a essas necessidades escolhemos alguns locais que poderiam nos servir de cenrio apropriado para o que queramos retratar e que tambm, fossem prximos a nossa cidade, j que no dispnhamos de recursos financeiros suficientes para arcar com as despesas de longas viagens. Para contornar essa problemtica, mais uma vez contamos com o apoio incondicional dos demais professores que se dispuseram em levar alguns alunos em seus prprios carros. Com isso pudemos fazer uma programao de viagens (anexo 8) com os seguintes destinos: Recife, Joo Pessoa, Praia de Pitimbu e Pedra do Ing (anexo 9). Os alunos ficaram encantados e entusiasmados com a possibilidade de viajarem e conhecerem novos lugares. Quando estvamos prestes a concluir o processo fotogrfico, veio em mente, a ideia de fazer um vdeo para circular nas redes sociais convidando as pessoas da nossa cidade para prestigiarem a exposio do projeto. Ao compartilhar esta ideia com nossos alunos, descobrimos que o tio da aluna Layla Rodrigues do 1 Ano B, trabalhava com filmagens e ela achava que ele aceitaria participar do projeto. Logo, tratei de entrar em contato com ele que aceitou prontamente o convite dispensando o pagamento de seus servios. Na semana seguinte, j iniciamos as gravaes que exigiu, mais uma vez, a caracterizao de todos (anexo 10). As filmagens, apesar de curtas, levaram cerca de dois encontros para serem concludas. O passo seguinte foi a insero do udio que relatava as principais caractersticas dos pases. Para isso, ficou encarregada a aluna Viviane Andrade do 3 Ano C, portadora de uma excelente dico para fazer a gravao que durou cerca de trinta segundos por etnia, totalizando dez minutos (anexo 11). Com esse material em mos, lanamos o teaser (pequeno comercial) nas redes sociais. O mesmo teve uma grande repercusso e em menos de uma semana foi compartilhado e visualizado por mais de 900 pessoas (anexo 12). Com o enorme sucesso do comercial aumentou a ansiedade dos alunos que, at ento, no tinham visto as fotos impressas e o vdeo pronto. Por conseguinte, elaboramos um convite que refletisse a temtica do evento. Ele apresentava a parte externa toda de madeira de compensado, com inscries feitas com a tcnica da pirografia (mquina que queima a madeira), aprendidas em aulas anteriores, e ao ser aberto via-se dentro uma impresso em papel carto, com as informaes do evento que foram entregues nas escolas da cidade e da cidade vizinha (anexo 13). Um dia antes da exposio, reuni os alunos e mostrei-lhes o resultado de meses de trabalho: as 20 fotos impressas, cada uma em tamanho A3 (anexo 14). Eles nem puderam acreditar que eram eles prprios que estavam ali. Todos ficaram orgulhosos e maravilhados com a semelhana entre eles e os povos com os quais estavam representando. A aluna Maria Heloiza que antes tinha exposto que no se sentia segura em ser fotografada para uma exposio, por no se achar bonita e temer a reao dos colegas da escola, se surpreendeu com os elogios recebidos por sua beleza e expressividade captada na foto (anexo 15)

    RESULTADOS: A culminncia do projeto aconteceu no dia 10 de setembro na

  • biblioteca municipal Alcides Carneiro situada na cidade vizinha de Pedras de Fogo, uma vez que em nossa cidade no dispnhamos de um espao adequado para abrigar a exposio. Para a realizao da mostra fotogrfica foi necessrio um trabalho em conjunto. Reunimo-nos e dividimos as equipes que ficaram responsveis pela: Divulgao do evento: os quais deveriam sair s ruas para fazer a panfletagem nas cidades; Arrumao: os responsveis deveriam arrumar o local da exposio (anexo 16); Ornamentao: responsvel pelo layout das fotos no ambiente; Recepo: responsveis pelo acolhimento do pblico (anexo 17); Explanao: juntamente com o professor explicariam o projeto para os visitantes (anexo 18). Apoio geral: formada pelos auxiliares de servios encarregados pela limpeza e organizao do ambiente. Chegado o grande dia, as portas da biblioteca foram abertas s 8:00 horas da manh para receber os visitantes. Contamos com a presena de centenas de pessoas incluindo alunos, familiares, amigos e escolas de cidades da regio (anexo 19). Ao entrarem, os visitantes se deparavam com os nossos alunos junto de suas respectivas fotos (anexo 20) e recebiam informaes detalhadas a respeito daquela etnia. Alm disso, havia um cartaz com o mapa mundi indicando a exata localizao geogrfica do pais, fotos de seus moradores locais e um texto de fcil compreenso, didaticamente pensado para as escolas de ensino fundamental. Os visitantes tambm tiveram oportunidade de assistirem o vdeo completo (o vdeo encontra-se no CD em anexo). Na exposio, tivemos a grata satisfao de receber a equipe da revista educacional ACENE Para o Conhecimento que gentilmente atendeu o nosso convite para cobrir o evento. Os alunos ficaram empolgadssimos com a notcia de que seriam matria dessa revista na prxima edio. O fotgrafo da ACENE registrou todo o evento e tirou foto de cada aluno (anexo 21), as quais sero utilizadas pela escola para no prximo ano serem lanadas num calendrio como forma de valorizar ainda mais o trabalho dos alunos. No decorrer de todo o processo pedaggico pretendi avaliar de maneira dinmica a participao, empenho e entrosamento entre todos os envolvidos no projeto. O principal foco foi observar a mudana de pensamento e sua postura crtica e mais aberta no que concerne aceitao, valorizao e respeito s diferenas. O projeto Eu Sou Uma Obra de Arte continuar, pois sua proposta reflete os ideais do PPP da escola, uma vez que buscou promover a incluso, a valorizao e a autoestima dos educandos sem falar na insero da comunidade escolar que teve participao ativa e nos apoiou todo tempo.

    CONCLUSES: O projeto Eu sou uma obra de arte: Etnias do Mundo foi muito alm do que espervamos. Poder observar o aumento da autoestima dos alunos que estavam margem dos padres de beleza, se sentirem valorizados e tendo orgulho de suas razes tico-raciais, foi o meu maior presente (anexo 22). Receber dos pais desses alunos o relato de que seus filhos se sentiram mais confiantes e felizes quanto a sua cor e aparncia foi muito gratificante. Os dirios de classe, tambm comprovaram uma melhoria considervel no que diz respeito frequncia desses educandos. Enfim, so muito pontos positivos que o projeto trouxe para a nossa escola, tanto que ele j faz

  • parte do calendrio letivo, trazendo um novo olhar sobre o currculo monocultural at hoje divulgado. Assim, a escola mostra aos alunos que existem outras culturas promovendo o dilogo entre elas e levando-os a reconhecer o pluralismo cultural brasileiro. Acredito que o projeto apesar do sucesso que foi, ainda pode ser melhorado, pois inserir ainda mais alunos nesse processo criativo, uma de nossas metas. Alm disso, pretendemos trazer cada vez mais os pais escola com esses projetos fotogrficos, visto que a fotografia um meio de resgatar a unio familiar, uma vez que eterniza o momento. E esse, ser o nosso prximo desafio, fotografar o educando inserido no seio familiar estimulando ainda mais a presena da famlia na escola.