03_MPortela_DiretrizesClinicas

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1 DIRETRIZES CLÍNICAS COMO INSTRUMENTO DE MELHORIA DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA SUPLEMENTAR: O PAPEL DA AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE Margareth Crisóstomo Portela 1 , PhD Introdução A área da assistência à saúde e, mais especificamente da assistência médica, tem sido marcada, desde a década de 90, por uma crescente preocupação com o estímulo ao uso e efetiva utilização de práticas endossadas pelo conhecimento científico corrente. A motivação maior é a perspectiva de melhoria da qualidade da assistência, mas de forma progressiva também tem ganho importância a perspectiva de alocação mais eficiente de recursos, comumente limitados. Outras motivações também consideradas incluem a proteção contra o risco de acusações relativos à prática profissional e a redução de custos. Entretanto, ainda não existe um consenso em relação a esses dois últimos aspectos. Hoje é internacionalmente aceita a pressuposição de que a implementação de diretrizes para a prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças, definidas a partir da evidência científica disponível acerca da eficácia e efetividade de intervenções, produz melhores resultados na população assistida (Bodenheimer et al, 2002; Grimshaw & Russell, 1993). Inúmeras organizações (Quadro 1), em diversos países do mundo, têm se dedicado à sistematização de evidência científica e desenvolvimento de diretrizes para a assistência à saúde, merecendo destaque algumas agências governamentais, pelo volume e independência na produção que ocorre de forma direta ou através do financiamento de projetos. Atuando junto à essas agências, ou não, 1 Pesquisador-Associado do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. E-mail: [email protected]

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Diretrizes Clínicas

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  • 1DIRETRIZES CLNICAS COMO INSTRUMENTO DE MELHORIA DA

    QUALIDADE DA ASSISTNCIA SUPLEMENTAR: O PAPEL DA AGNCIA

    NACIONAL DE SADE

    Margareth Crisstomo Portela1, PhD

    Introduo

    A rea da assistncia sade e, mais especificamente da assistncia mdica,

    tem sido marcada, desde a dcada de 90, por uma crescente preocupao com

    o estmulo ao uso e efetiva utilizao de prticas endossadas pelo

    conhecimento cientfico corrente. A motivao maior a perspectiva de

    melhoria da qualidade da assistncia, mas de forma progressiva tambm tem

    ganho importncia a perspectiva de alocao mais eficiente de recursos,

    comumente limitados. Outras motivaes tambm consideradas incluem a

    proteo contra o risco de acusaes relativos prtica profissional e a

    reduo de custos. Entretanto, ainda no existe um consenso em relao a

    esses dois ltimos aspectos.

    Hoje internacionalmente aceita a pressuposio de que a implementao de

    diretrizes para a preveno, diagnstico, tratamento e reabilitao de doenas,

    definidas a partir da evidncia cientfica disponvel acerca da eficcia e

    efetividade de intervenes, produz melhores resultados na populao

    assistida (Bodenheimer et al, 2002; Grimshaw & Russell, 1993). Inmeras

    organizaes (Quadro 1), em diversos pases do mundo, tm se dedicado

    sistematizao de evidncia cientfica e desenvolvimento de diretrizes para a

    assistncia sade, merecendo destaque algumas agncias governamentais,

    pelo volume e independncia na produo que ocorre de forma direta ou

    atravs do financiamento de projetos. Atuando junto essas agncias, ou no,

    1 Pesquisador-Associado do Departamento de Administrao e Planejamento em Sade da Escola Nacional de Sade Pblica, Fundao OswaldoCruz. E-mail: [email protected]

  • 2e desempenhando um importante papel, tambm incluem-se sociedades

    profissionais, instituies acadmicas e organizaes no governamentais.

    Com menor nvel de independncia de interesses, listam-se ainda organizaes

    privadas, entre as quais diversos planos de sade.

    Sublinha-se tambm o fato do esforo em torno do desenvolvimento de

    diretrizes para a assistncia sade atender a interesses de Sistemas de

    Sade diversos, mais ou menos dependentes de recursos pblicos.

    Assume-se que diretrizes podem contribuir para a melhoria da qualidade da

    assistncia sade e opta-se, neste artigo, por restringir a discusso do papel

    das mesmas ao mbito clnico, sem deixar de reconhecer que ele pode ser

    muito mais amplo. Dessa forma, a partir deste ponto, diretrizes sero

    qualificadas como clnicas.

    O objetivo prover elementos que subsidiem as funes que a implementao

    de diretrizes clnicas pode exercer no contexto da Sade Suplementar, bem

    como o papel que pode ser desempenhado pela Agncia Nacional de Sade

    (ANS), nesse sentido.

    Inicialmente, sero apresentadas definies para Medicina Baseada em

    Evidncia e Diretrizes Clnicas, de modo a propiciar ao leitor o entendimento

    adequado da terminologia empregada. Em seguida, ser focalizada a questo

    da Qualidade da Assistncia Sade, estabelecendo-se uma conexo entre

    diretrizes clnicas e a abordagem clssica, que considera Qualidade em termos

    da estrutura, processo e resultados produzidos por servios de sade

    (Donabedian, 1980). Tambm sero brevemente discutidos outros papis

    potenciais que podem ser desempenhados pelas diretrizes clnicas, seja na

    reduo de custos, seja na definio de parmetros de boa prtica.

    Dada a contextualizao mais terica do tema, sero considerados os planos

    de assistncia gerenciada de sade (managed care), importante cenrio para o

    desenvolvimento e utilizao de diretrizes clnicas no mbito da Sade

  • 3Suplementar. Sero tambm abordados alguns desafios hoje colocados e, por

    fim, reportada a experincia brasileira no desenvolvimento de diretrizes

    clnicas e discutido o papel potencial da ANS no que tange sua

    implementao por planos de sade no Brasil.

    Marco Terico

    A valorizao da medicina baseada na evidncia cientfica serve como cenrio

    para o desenvolvimento de diretrizes clnicas. O que se entende por

    medicina baseada em evidncia e no que se constituem diretrizes

    clnicas?

    Medicina Baeada em Evidncia

    Medicina baseada em evidncia a integrao da evidncia proporcionada por

    pesquisas clinicamente relevantes, da experincia do clnico e das preferncias

    do paciente (Sackett et al., 2000). A evidncia proporcionada por pesquisas

    pode focalizar a acurcia e preciso de testes diagnsticos, a fora de

    marcadores prognsticos e a eficcia e segurana de protocolos de preveno,

    tratamento ou reabilitao. Novas evidncias podem invalidar testes

    diagnsticos e tratamentos previamente aceitos e proporcionam a sua

    substituio por outros mais acurados, eficazes e seguros. Como experincia

    clnica, entende-se a habilidade do clnico em usar o seu conhecimento e

    experincia para identificar rapidamente o diagnstico e estado de sade de

    cada paciente, seus riscos e potenciais benefcios do uso de intervenes e

    seus valores e expectativas pessoais. Finalmente, os valores dos pacientes

    representam as suas preferncias, preocupaes e expectativas trazidas para o

    mdico, que devem ser integrados deciso clnica para que, de fato, lhe

    sirvam.

  • 4Diretrizes Clnicas

    Diretrizes clnicas constituem-se em posicionamentos ou recomendaes

    (statements) sistematicamente desenvolvidos para orientar mdicos e

    pacientes acerca de cuidados de sade apropriados, em circunstncias clnicas

    especficas (IOM, 1990). Elas contemplam indicaes e contra-indicaes, bem

    como benefcios esperados e riscos do uso de tecnologias em sade

    (procedimentos, testes diagnsticos, medicamentos, etc) para grupos de

    pacientes definidos. Podem ser utilizadas com os propsitos de garantia de

    qualidade e subsdio para a definio de polticas de reembolso ou cobertura. O

    termo cuidados de sade apropriados refere-se aos cuidados para os quais os

    benefcios esperados excedem, por uma margem razovel, as conseqncias

    negativas.

    A discusso em torno de diretrizes clnicas origina-se da percepo de

    variaes dos padres de prtica e utilizao de servios de sade, uso

    inapropriado de servios e incerteza acerca dos resultados obtidos pelo uso ou

    no uso de servios ou procedimentos.

    parte algumas pressuposies pouco realistas, o argumento bsico considera

    que evidncia cientfica e julgamento clnico podem ser sistematicamente

    combinados para produzir recomendaes clinicamente vlidas e operacionais

    acerca de cuidados apropriados, que sero usadas para sensibilizar mdicos,

    pacientes e outros, no sentido de mudar suas prticas para obteno de

    melhores resultados e diminuio de custos (IOM, 1992).

    Fatores relevantes na seleo de tpicos para o desenvolvimento de diretrizes

    clnicas incluem: relevncia epidemiolgica da condio, custos, potencial de

    mudana nos resultados de sade, nvel elevado de variao na prtica e

    prevalncia de uso de uma tecnologia.

  • 5Alm de mdicos e pacientes, outros usurios de diretrizes clnicas incluem

    pagadores, planos de sade e tomadores de deciso e reguladores pblicos.

    Esses podem utiliz-las em decises acerca de que cuidados reembolsar ou

    encorajar, e na avaliao de decises, aes ou desempenho dos usurios

    primrios.

    Cinco relevantes prpositos de diretrizes clnicas so: (a) orientar a tomada de

    deciso clnica por pacientes e mdicos; (b) educar indivduos e grupos; (c)

    avaliar e garantir qualidade na assistncia; (d) orientar a alocao de recursos

    na assistncia sade; e (e) fornecer elementos de boa prtica mdica. Em

    relao alocao de recursos, destaca-se a aplicao de diretrizes em

    decises acerca da cobertura de servios especficos ou na pre-certificao da

    pertinncia do uso de certos servios para determinados pacientes. Tambm

    deve ser sublinhado o interesse crescente no que se refere ao modo como

    diretrizes clnicas e critrios de reviso relacionados podem reduzir a exposio

    de profissionais de sade e instituies responsabilidade por m prtica.

    Expectativas no sentido do controle do custo total dos cuidados de sade

    devem ser limitadas. A aplicao ampla de diretrizes orientadas em relao aos

    servios super-utilizados provavelmente levaro reduo de despesas. Em

    outros casos, despesas sero transferidas de cuidados inapropriados para

    cuidados apropriados. Ao mesmo tempo, diretrizes focalizadas em servios

    sub-utilizados podem estimular o crescimento de despesas, particularmente se

    estratgias para melhorar o acesso a esses servios forem bem-sucedidas.

    Provavelmente, a maior razo para o desenvolvimento e uso de

    diretrizes clnicas seja o seu potencial de melhorar a qualidade da

    assistncia sade. Como ento se define qualidade e como as

    diretrizes clnicas atuam para a melhoria da qualidade de cuidados de

    sade?

  • 6Qualidade da Assistncia Sade

    O Instituto de Medicina dos Estados Unidos (Institute of Medicine IOM)

    (1990) definiu qualidade da assistncia sade como o grau em que servios

    de sade para indivduos e populaes melhoram a probabilidade de ocorrncia

    de resultados desejados e consistentes com o conhecimento profissional

    corrente. Na medida em que as diretrizes baseiam-se no conhecimento

    cientfico, estimativas dos resultados esperados e julgamento profissional

    corrente, elas claramente tm um papel na avaliao e garantia de qualidade

    dos cuidados de sade.

    Esforos para garantir qualidade devem previnir ou, alternativamente, detectar

    e superar trs problemas: (a) super-utilizao de servios desnecessrios ou

    inapropriados; (b) sub-utilizao de servios necessrios; e (c) desempenho

    ruim em termos tcnicos e inter-pessoais. Diretrizes clnicas e critrios de

    reviso que explcita e claramente descrevam os cuidados apropriados para

    problemas clnicos particulares provem uma base slida para a deteco de

    padres de super e sub-utilizao. Diretrizes detalhadas tambm podem

    melhorar a proviso tcnica de cuidados. Certamente, alguns aspectos da

    tcnica so devidos habilidade adquirida com a experincia e repetio,

    ateno aos detalhes e a outros fatores. Bom desempenho, entretanto,

    depende de um slido entendimento do que se constitui cuidados apropriados

    ou manipulao correta de uma tarefa tcnica. Alm disso, ao incluir boas

    estimativas de resultados esperados (riscos, benefcios), diretrizes clnicas

    podem contribuir para melhorar a comunicao, propiciando decises

    conjuntas entre pacientes e mdicos. Esses processos inter-pessoais esto no

    cerne da viso humanstica de qualidade.

    Tomando a abordagem de Donabedian (1980) para qualidade da assistncia,

    baseada nas relaes entre estrutura, processo e resultado, as diretrizes

  • 7clnicas constituem-se em uma explicitao da relao entre processo e

    resultado (Horn & Hopkins, 1994). Segundo tal abordagem, a estrutura sob a

    qual a assistncia provida recursos fsicos, financeiros, organizacionais e

    humanos , tem um efeito sobre o processo da assistncia, que diz respeito

    mais especificamente ao que feito para os pacientes e pelos pacientes. Por

    sua vez, o processo pode ter efeitos sobre os resultados obtidos em relao ao

    estado de sade dos pacientes e sua satisfao com o sistema de prestao de

    servios de sade. Dessa forma, a avaliao e melhoria da qualidade da

    assistncia no devem calcar-se somente nos aspectos estruturais (mais

    facilmente mensurveis), e, grandemente, o desafio que se coloca o

    estabelecimento de relaes causais entre processo e resultados.

    Em termos prticos, diretrizes clnicas, critrio de reviso mdica e padres de

    qualidade relacionam-se mais diretamente com os processos de cuidados do

    que com os resultados, uma vez que descrevem o que se constitui no

    gerenciamento adequado de problemas clnicos. Medidas de desempenho

    descrevem os dados necessrios para avaliar se o comportamento vigente est

    alinhado s diretrizes, critrios e padres. Programas de reviso de utilizao e

    qualidade podem empregar todos esses instrumentos para identificar servios

    desnecessrios e inapropriados. Quanto mais as diretrizes estimarem,

    explicitamente, benefcios e riscos dos cuidados, mais podero diretamente

    contribuir para a especificao de critrios que relacionem boa qualidade dos

    cuidados aos resultados esperados nos pacientes.

    No contexto de um programa de melhoria contnua de qualidade, diretrizes

    clnicas e critrios de reviso mdica apresentam algumas possveis aplicaes.

    Na medida em que as diretrizes se tornem mais sensveis s preferncias dos

    pacientes nas decises, elas deveriam promover o consentimento informado,

    sua participao no processo de deciso e sua satisfao com os processos e

    resultados do cuidado. Diretrizes tambm auxiliariam na identificao de

    resultados importantes a serem incorporados em pesquisas de satisfao,

  • 8podendo desempenhar, junto a critrios de reviso, um papel na deteco de

    possveis problemas de qualidade decorrentes da super ou sub-utilizao de

    intervenes, bem como proviso incompetente de cuidados. Podem, ainda,

    ser especialmente utis em circunstncias onde resultados de curto-prazo no

    sejam bons indicadores de resultados de longo-prazo.

    Diretrizes clnicas constituem-se, portanto, em um elemento fundamental para

    a gesto da clnica ou governana clnica, do qual, inclusive, outras tecnologias

    empregadas dependem. A gesto da clnica apontada como componente

    crtico na gesto de sistemas integrados de servios de sade (Mendes, 2002).

    Governana clnica foi definida como um arcabouo pelo qual organizaes de

    sade comprometem-se em melhorar continuamente os seus servios e

    manter elevados padres de cuidados, criando um ambiente propcio para a

    excelncia no cuidado clnico (Scally & Donaldson, 1998).

    Identificando a fora da evidncia para certas prticas mdicas, as diretrizes

    clnicas podem subsidiar a determinao de prioridades para a melhoria e

    padronizao de cuidados especficos, bem como determinar a necessidade de

    estudos especficos relativos efetividade de intervenes.

    Como elas tm o potencial de contribuir para a melhoria contnua de

    qualidade, a aplicao dos seus princpios pode dar suporte sua efetiva

    implementao.

    Sumarizando, salienta-se a crena de que diretrizes prticas bem

    desenvolvidas, com base cientfica, tenham um papel a cumprir na avaliao e

    garantia da qualidade de servios de sade. Claramente, algumas podem

    evitar ou amenizar problemas de super ou sub-utilizao e precariedade

    tcnica e interpessoal na proviso de cuidados. Diretrizes aceitas por aqueles

    responsveis por prover cuidados, aqueles responsveis por financiar cuidados

    e aqueles responsveis por monitorar servios em nome do interesse pblico,

  • 9constituem-se em um meio de diminuir a distncia entre estratgias internas e

    externas de garantia de qualidade.

    No que concerne aos modelos de garantia de qualidade, ressalta-se que devem

    focalizar problemas do sistema, a melhoria do desempenho mdio e a reduo

    de variao na prtica mdica. Especificamente: (a) diretrizes, critrios de

    reviso mdica e outras ferramentas de avaliao, podem ser utilizadas para

    melhorar o desempenho mdio, sendo ainda importantes para identificao de

    desempenho abaixo do padro; (b) anlise de como padres de prticas

    individuais diferem de padres mdios devem se sobrepor a dados estatsticos

    para considerar diretrizes prticas relevantes como benchmarks; (c)

    informaes estatsticas e diretrizes pertinentes devem ser parte de um

    processo de feedback educacional sobre padres de prtica; (d) avaliao de

    desempenho e resultados devem localizar as fontes de resultados ruins e

    desvios das diretrizes, de modo que problemas do sistema possam ser

    corrigidos e os esforos de informao fortalecidos; (e) avaliao de

    desempenho e resultados tambm devem ser usados para determinar se

    diretrizes clnicas precisam ser atualizadas ou revisadas; (f) proponentes de

    diretrizes e instituies de sade devem promover conferncias educacionais

    para sensibilizar mdicos em relao ao uso de diretrizes especficas, provendo

    uma oportunidade para discusso e planejamento de ambientes especficos

    para sua aplicao; e (g) atividades institucionais, para desenvolver ou adaptar

    diretrizes, no nvel nacional, devem levar em conta os atributos que devem

    caracteriz-las (Quadro 2).

    Custos e Boa Prtica

    No que concerne s preocupaes com a conteno de custos, financiadores

    pblicos e privados de cuidados de sade podem utilizar diretrizes para: (a)

    subsidiar a determinao da cobertura de planos de sade e evitar o

    pagamento de cuidados desnecessrios e inapropriados; (b) orientar a seleo

    ou credenciamento de mdicos para participao em planos de sade ou

  • 10

    instituies; e (c) moldar outros incentivos econmicos que afetem o

    comportamento de mdicos e pacientes. Prevalece o entendimento de que as

    diretrizes clnicas tm o potencial de contribuir positivamente para a

    racionalizao na prestao de cuidados de sade, atravs do melhor

    direcionamento dos recursos e limitaao de variaes inapropriadas na prtica

    mdica (Grimshaw & Hutchinson, 1995).

    Contratos de planos de sade podem descrever cobertura em termos de (a)

    categorias amplas de servios includos, tais como hospitalizaes e consultas

    mdicas, ou servios excludos, tais como servios dentrios; (b) tratamentos

    ou tipos de cuidados cobertos ou excludos, especificamente nomeados, tais

    como transplantes; ou (c) cuidados mdicos necessrios ou apropriados sem

    uma referncia contratual explcita a servios e condies especficas. As

    diretrizes apresentam relevncia em decises envolvendo as duas ltimas

    categorias.

    Um crescente interesse em diretrizes clnicas tambm tem sido motivado pelo

    seu potencial de subsidiar decises judiciais acerca da ocorrncia de m

    prtica. O seu papel na incidncia e resoluo de casos de negligncia mdica

    depende, entretanto, de vrios fatores: ajuste das diretrizes aos atributos

    desejveis (Quadro 2), nvel de aceitao e efetiva utilizao por parte dos

    mdicos, e extenso em que elas existem para tipos particulares de cuidados.

    Diretrizes baseadas em evidncia e julgamento cientfico, claras, especficas e

    desenvolvidas por organizaes e processos amplamente legitimados, devem

    ter mais peso do que diretrizes vagas, inespecficas e mal documentadas.

    Supostamente, devem ter mais impacto do que testemunhos de especialistas

    isolados, haja vista que documentam a fora da evidncia, a importncia dos

    riscos e benefcios e o nvel de indicao do caso para uma certa interveno.

    Assim, elas poderiam subsidiar a justia na distino entre cuidados

    requeridos, opcionais e contra-indicados. Ainda que opinies variem em

  • 11

    relao a esse potencial, o preceito boa medicina boa lei largamente

    aceito.

    Diretrizes Clnicas no mbito da Sade Suplementar: Planos de

    Assistncia Gerenciada

    Apesar das diretrizes clnicas servirem aos interesses de diversos Sistemas de

    Sade, a discusso em torno do seu desenvolvimento e implementao no

    mbito dos planos de sade indissocivel do modelo americano de

    assistncia gerenciada. Elas ganham muito fora nesse modelo, inclusive como

    critrio de acreditao de organizaes junto ao Comit Americano de Garantia

    de Qualidade (National Committee of Quality Assurance NCQA). NCQA uma

    organizao americana que atua na rea da qualidade da assistncia sade,

    sendo responsvel por um sistema de informaes sobre o desempenho de

    organizaes de assistncia gerenciada, o Health Plan Employer Data and

    Information Set HEDIS (Renner, 2002). HEDIS incorpora um conjunto de

    mais de 50 medidas da qualidade da assistncia fornecida por organizaes de

    assistncia gerenciada nos domnios da efetividade dos cuidados, acesso,

    disponibilidade e utilizao de servios, e satisfao com a assistncia. Os

    dados cobrem cerca de 65% das organizaes americanas de assistncia

    gerenciada e aproximadamente 80% dos quase 70,5 milhes de pessoas em

    planos de assistncia gerenciada.

    No que consiste o modelo de assistncia gerenciada (managed care)?

    O que so Organizaes de Assistncia Gerenciada (Managed Care

    Organizations MCOs)? O entendimento desse modelo parece

    importante para a contextualizao da importncia assumida por

    diretrizes clnicas. Por outro lado, como salientado anteriormente, a

    aplicao de diretrizes clnicas na Sade Suplementar deve levar em

  • 12

    considerao a experincia americana com os planos de assistncia

    gerenciada.

    A assistncia gerenciada consiste em um sistema de controle da utilizao de

    servios de sade que visa a articular a prestao de cuidados mdicos

    necessrios conteno de custos, atravs de medidas reguladoras da relao

    mdico-paciente (Almeida, 1996). proposta como um meio de corrigir

    inadequaes na quantidade e tipo de cuidado sade prestados a pacientes,

    envolvendo profissionais adequadamente treinados e educados, em facilidades

    apropriadas, sob diretrizes prticas com potencial para produzir os melhores

    resultados para os pacientes (Knight, 1998).

    As MCOs constituem-se em organizaes operadoras de planos de assistncia

    gerenciada. Podem pertencer a empresas com abrangncia nacional ou

    regional, grupos de mdicos, hospitais, seguradoras de sade, cooperativas,

    investidores privados ou outras organizaes, operando como uma corporao

    singular ou como subsidiria de uma companhia de seguros. Alm disso,

    podem oferecer planos de benefcios mltiplos ou servios mdicos especficos,

    tais como dentrios, obsttricos ou oftalmolgicos, por exemplo.

    Os diferentes tipos de MCOs incluem as Organizaes de Manuteno da Sade

    (Health Maintenance Organizations - HMOs), as Organizaes de Provedores

    Preferenciais (Preferred Provider Organizations - PPOs) e as Organizaes sob

    a Responsabilidade de Provedores (Provider-Sponsored Organizations - PSOs),

    bem como combinaes entre elas. HMOs, a partir do contrato com mdicos ou

    empregando mdicos, hospitais e outros profissionais de sade, oferecem

    servios abrangentes para os seus clientes por uma quantia fixa mensal. PPOs

    constituem-se em redes de hospitais, mdicos e outros profissionais de sade

    que provem cuidados de sade por um valor negociado. Normalmente tais

    planos so oferecidos como uma opo a um plano de sade tradicional e, em

    contraposio com HMOs, os riscos financeiros so assumidos por

    organizaes, tais como companhias de seguros ou empresas de auto-gesto.

  • 13

    PSOs so organizaes pertencentes ou controladas por provedores de servios

    de sade, formadas para contratar diretamente com empresas de planos de

    sade, no sentido de prover cuidados para os seus beneficirios; de todas

    categorias, a menos especfica, e muitas so licenciadas como HMOs.

    Qualidade e Diretrizes Clnicas na Assistncia Gerenciada

    O uso de diretrizes, como estratgia para a melhoria da qualidade da

    assistncia, tem sido amplamente considerado na assistncia gerenciada. Ele

    contemplado, por exemplo, em um modelo proposto para um programa

    moderno de gerncia de qualidade, norteado pela perspectiva da melhoria

    contnua (Siren e Laffel, 1998). O modelo envolve oito etapas: (a)

    entendimento das necessidades dos clientes; (b) identificao de processos e

    resultados que respondam s necessidades dos clientes; (c) avaliao do

    desempenho de provedores com base em padres profissionais ou

    benchmarks; (d) definio de indicadores para a medio de desempenho,

    considerando o padro de gravidade (case-mix) da populao atendida; (e)

    estabelecimento de expectativas de desempenho; (f) monitoramento do

    desempenho e comparao com as expectativas; (g) proviso de feedback

    para provedores e clientes; e (h) implementaao de melhorias. O uso de

    diretrizes clnicas colocado como uma estratgia na implementao de

    melhorias, salientando-se a importncia de que estejam ajustadas aos

    atributos recomendados pelo IOM (Quadro 2). Face s limitaes das

    diretrizes, comumente no desenhadas adequadamente para a implementao

    direta na prtica, sugere-se medidas para facilitar a sua implementaao, tais

    como algoritmos, sumrios ou formulrios padronizados de registro mdico.

    Em abril de 1999, em Chicago, foi realizada uma conferncia, promovida pela

    Associao Americana de Planos de Sade (American Association of Health

    Plans - AAHP), pela Agncia de Polticas e Pesquisa em Assistncia Sade

    (Agency for Health Care Policy and Research - AHCPR) e pelo Centro de

    Prevenco e Controle de Doenas (Centers for Disease Control and Prevention

  • 14

    - CDC), para discutir o papel dos planos de sade como promotores e usurios

    de pesquisas sobre qualidade da assistncia sade (Berman, 1999). Trs

    objetivos foram colocados para a assistncia gerenciada: harmonizao de

    diretrizes, desenvolvimento de estruturas de co-pagamento baseadas em

    evidncia, e clarificao do que se constitui necessidade mdica. Exceto no que

    concerne solicitao de testes laboratoriais, foi expressa a crena no impacto

    positivo de diretrizes na prtica clnica. Entretanto, foram listadas algumas

    razes que induzem limitaes nesse sentido: (a) confiana na experincia

    clnica, incentivos financeiros e receio de m prtica; (b) dificuldades no

    desenvolvimento, implementao e disseminao de diretrizes (devido

    complexidade dos comportamentos-alvo e ao pequeno envolvimento de

    mdicos); e (c) a coexistncia de recomendaes conflitantes. A obteno de

    concordncia em torno de um conjunto de diretrizes, sua disseminao para

    fcil disponibilidade e a melhoria do seu formato e confiabilidade, foram

    estratgias apontadas no sentido de reduzir tais problemas. Ainda foram

    abordados os desafios enfrentados por provedores de cuidados de sade em

    um ambiente de preocupao com os custos, com o balano de necessidades

    individuais de pacientes e as amplas necessidades de comunidades e

    populaes. Foram enumerados alguns objetivos para cuidados com nfase

    populacional: identificar intervenes efetivas e garantir sua distribuio

    eficiente; identificar intervenes inefetivas e minimizar seu uso; e monitorar

    resultados e mudar a prtica, se os resultados so sub-timos.

    Richman e Lancaster (2000) focalizaram a aplicao de diretrizes clnicas no

    contexto de uma organizao de assistncia gerenciada Tufts Health Plan ,

    destacando o seu papel na especificao e padronizao de processos de

    cuidado para grupos especficos de clientes com problemas de sade definidos.

    Os autores tambm visaram a identificao e anlise de variao na prtica

    mdica e resultados obtidos, integradas ao processo de melhoria de qualidade.

    Referindo o papel do NCQA na padronizao de normas para assistncia

    gerenciada acerca do desenvolvimento de diretrizes, salientaram a opo da

  • 15

    organizao, sempre que possvel, pela reviso e adoo/adaptao de

    diretrizes existentes. Destacaram ainda os processos de comunicao das

    diretrizes a clientes e mdicos relacionados aos planos e de medio do nvel

    de adeso a essas diretrizes, chamando a ateno para o fato de que elas,

    sozinhas, so insuficientes para mudar significativamente a prtica clnica. Nos

    casos de inconsistncias, levantaram duas questes a serem consideradas: (a)

    quanto de evidncia necessrio para a adoo de uma nova forma de

    cuidado clnico?; e (b) como o mdico sabe se a avaliao da evidncia

    cientfica foi adequadamente realizada? Alm disso, sublinharam a

    preocupao dos mdicos com o nmero de diferentes diretrizes que recebem

    de diversas organizaes.

    Entre MCOs atuantes na assistncia ao abuso de drogas e sade mental,

    identificou-se que cerca de trs quartos dos produtos usaram pesquisas de

    satisfao dos pacientes (70,1%), indicadores de desempenho (72,7%) e

    diretrizes clnicas (73,8%), como atividades de gerncia da qualidade da

    assistncia, mas menos da metade avaliou resultados clnicos (48,9%)

    (Merrick et al., 2002). Foram pesquisadas 434 organizaes, em 60 reas de

    mercado, e 415 reportaram informao clinicamente orientada para 752

    produtos. Observou-se que, entre os diferentes tipos de MCOs, os HMOs

    usaram mais atividades de gerncia da qualidade e os PPOs menos, o que

    provavelmnte se justifica pelo fato dos primeiros assumirem os riscos

    financeiros da proviso de servios. Alm disso, verificou-se que tais atividades

    foram mais freqentes entre produtos envolvendo contratao de

    especialidades. O estudo no avanou na apreenso dos efeitos do uso dessas

    atividades na qualidade dos servios prestados, destacada, entretanto, a

    influncia do NCQA na incorporao de atividades de gerncia de qualidade da

    assistncia pelas MCOs.

    Enfim, vale reportar os resultados de um trabalho desenvolvido para o

    Escritrio Geral de Contabilidade americano (US General Accounting Office),

  • 16

    entre julho de 1995 e maro de 1996, visando ao conhecimento dos prpositos

    a que servem as diretrizes e como os planos de sade utilizam diretrizes j

    desenvolvidas por agncias federais e outras organizaes (US GAO, 1996). A

    partir de entrevistas com os diretores mdicos de 19 planos individuais de

    assistncia gerenciada localizados nos estados americanos da Califrnia,

    Flrida, Illinois, Maryland, Massachusetts, Minnesota, Virginia e Washington ,

    identificou-se pontos pertinentes seleo de reas para implementao e

    adaptao/produo de diretrizes, enfatizando-se, mais uma vez, a

    preocupao com a utilidade de mltiplas diretrizes com recomendaes

    conflitantes.

    Na seleo de aspectos da prtica mdica com potencial de melhoria atravs

    do uso de diretrizes, observou-se que os planos identificam reas-problema,

    ou seja, servios ou condies de alto custo, alto risco mdico e alta incidncia

    para os seus clientes. Tambm identificam condies para as quais a prtica

    varia amplamente entre mdicos da sua rede. Assume-se que esses critrios

    tm o potencial de auxiliar os planos a moderar as suas despesas e a melhorar

    seu desempenho em termos de medidas-chave de qualidade.

    Alm disso, apesar dos planos reportarem o uso de diretrizes publicadas por

    agncias federais e outras organizaes para a produo das suas prprias

    diretrizes, predominantemente no as adotam tais como so, mas modificam-

    nas, por diferentes razes: (a) para envolver e obter sugestes de mdicos de

    sua prpria rede; (b) para considerar intervenes mais custo-efetivas, visto

    que nem sempre essas so as recomendadas; (c) para ajust-las a restries

    de recursos locais; (d) para ajust-las a caracteristcas demogrficas da sua

    clientela; (e) para simplific-las; ou (f) para atualiz-las. Especialistas,

    entretanto, apontam a preocupao com a possibilidade das modificaes

    comprometerem a integridade de diretrizes clnicas, prejudicando a obteno

    de melhorias esperadas no cuidado a condies especficas (US GAO, 1996).

  • 17

    Adeso de Planos de Sade a Diretrizes Clnicas

    A adeso de planos de sade ao uso de diretrizes clnicas parece variar

    dependendo da rea da assistncia e tipos de organizaes. Estudos indicam

    que a assistncia insuficincia cardaca, a assistncia oncolgica e a

    assistncia oftalmolgica, por exemplo, so caracterizadas por maior adeso,

    enquanto a assistncia sade mental marcada por baixa adeso. Por outro

    lado, HMOs, conforme j mencionado, tendem a usar mais diretrizes do que

    PPOs, o mesmo se dando com organizaes maiores, comparadas com

    menores.

    A assistncia insuficincia cardaca foi o foco de um projeto anual de

    Avaliao e Melhoria da Qualidade, conduzido pelo Centro de Servios para o

    Medicare e Medicaid (Centers for Medicare and Medicaid Services CMS), que

    visou a medir a adeso dos mdicos s diretrizes clnicas nacionais (Gladowski

    et al., 2003). No estudo, foram includos os 2697 clientes do Highmark Blue

    Cross Blue Shied um importante provedor de assistncia gerenciada para o

    Medicare no oeste do estado americano da Pensilvnia com hospitalizao

    por insuficincia cardaca, entre julho de 1999 e junho de 2001. Concluiu-se

    que os pacientes com insuficincia cardaca foram, em grande parte, tratados

    de forma adequada, segundo as diretrizes clnicas seguidas.

    Bennett et al. (2003) realizaram um estudo envolvendo 1500 membros da

    Sociedade Americana de Oncologia Clnica (American Society of Clinical

    Oncology ASCO) e 131 HMOs, focalizando o valor dado s diretrizes clnicas

    propostas pela Sociedade. Concluiram haver apoio a elas, em geral, tanto

    entre mdicos quanto entre HMOs. Na avaliao dos resultados, identificaram

    que cerca de 25% dos mdicos tiveram dificuldades em encontrar e aplicar as

    diretrizes no ambiente clnico, e 10% as consideraram de difcil avaliao,

    interpretao ou leitura. Dos HMOs pesquisados, um tero reportou o uso das

    diretrizes, sendo o ndice de utilizaao maior entre organizaes maiores e com

  • 18

    melhores avaliaes junto ao NCQA. Os autores apontaram a necessidade de

    futuros estudos para identificar barreiras para a implementao de diretrizes e

    para verificar se elas tm resultado em melhorias na assistncia. Alm disso,

    sublinharam que a maior deficincia reportada acerca das diretrizes da ASCO

    tem sido no orientar atividades de monitoramento e auditoria.

    Na rea da assistncia oftalmolgica, Solomon et al. (2002) concluiram que a

    assistncia gerenciada afetou a organizao, financiamento e prestao de

    servios, enfatizando o extensivo uso de ferramentas de gerncia da qualidade

    com potencial para melhoria na qualidade da assistncia. Em um estudo

    transversal envolvendo 88 servios de prtica de grupo e 56 de prtica

    individual, distribuidos em diferentes regies dos Estados Unidos e com

    contratos com seis HMOs afiliados a uma MCO nacional, observaram uma

    ampla utilizao de diretrizes clnicas, protocolos ou algoritmos para a

    assistncia a pacientes com retinopatia associada diabetes e glaucoma.

    A adoo de diretrizes clnicas propostas pela AHCPR para a cessao do fumo

    foi avaliada em 13 HMOs e 21 planos de assistncia gerenciada do Medicaid na

    California em 1999 (Schauffler et al, 2001). Os resultados indicaram

    conscincia acerca das diretrizes por parte de 77% dos HMOs, mas menos da

    metade as utilizaram para desenhar benefcios ou distribuir condutas de

    tratamento para os provedores das suas redes. Todos os HMOs ofereciam ao

    menos um tipo de tratamento para cessao do fumo, sendo que 69% cobriam

    ao menos uma forma de tratamento medicamentoso e um tipo de

    aconselhamento para abolio da dependncia ao tabaco. A maioria dos HMOs

    e planos de assistncia gerenciada do Medicaid informava seus clientes sobre a

    cobertura de tratamentos para cessao do fumo bem como os provedores

    sobre o seu papel no auxlio aos fumantes.

    Enfim, a baixa adeso s diretrizes clnicas na rea de assistncia sade

    mental, no contexto da assistncia suplementar, indicada na literatura por

    trabalhos que sugerem no haver diferenas significativas entre planos do tipo

  • 19

    pagamento por servio daqueles de assistncia gerenciada (Azocar et al.,

    2003; Dickey et al, 2003). Azocar et al. (2003) desenvolveram um ensaio

    controlado randomizado para testar se as organizaes de assistncia mental

    gerenciada poderiam influenciar a adeso de mdicos a diretrizes clnicas para

    tratamento de depresso, mediante a disseminao dessas diretrizes. Alm de

    no identificarem qualquer efeito disseminativo, observaram altas taxas de

    declarao de adeso mdica no confirmadas nos pronturios. Tambm

    indicaram a necessidade de se identificar outras estratgias de disseminao

    de diretrizes no sistema de sade mental, visando melhoria da adeso e do

    desempenho de mdicos em sua prtica. Dickey et al. (2003) desenvolveram

    um estudo comparativo do tratamento de esquizofrenia prestado a

    beneficirios do Medicaid matriculados e no matriculados em assistncia

    gerenciada, focalizando a adeso s recomendaes vigentes. No somente

    identificaram no haver diferena entre os tipos de planos, como tambm

    grande inconsistncia entre os cuidados ambulatoriais e as diretrizes

    propostas, ao contrrio dos cuidados hospitalares, que se adequaram mais a

    elas.

    Desenvolvimento e Implementao de Diretrizes

    Um estudo recente descreveu as estruturas e mtodos de trabalho

    empregados por 18 programas de desenvolvimento de diretrizes nove de

    sociedades profissionais, seis de organizaes governamentais, duas de

    organizaes nacionais no governamentais, e uma de organizao acadmica,

    em 14 pases Alemanha, Austrlia, Canad, Dinamarca, Esccia, Estados

    Unidos, Finlndia, Frana, Holanda, Inglaterra, Itlia, Nova Zelndia, Sucia e

    Suia (Burgers et al., 2003a). Os programas foram grandemente estabelecidos

    para melhoria da qualidade e efetividade da assistncia sade,

    fundamentaram-se em bases eletrnicas de dados para a coleta de evidncia e

    revises sistemticas para a anlise da evidncia, e usaram procedimentos de

    consenso quando a evidncia era insuficiente. As diretrizes foram normalmente

  • 20

    revisadas antes da publicao, sendo a internet amplamente utilizada para a

    sua divulgao. As diferenas encontradas entre os programas ocorreram na

    nfase dada disseminao e implementao das diretrizes, provavelmente

    relacionadas a diferenas nos sistemas de sade e a fatores polticos e

    culturais. As agncias nacionais assumiram menos responsabilidade na sua

    implementao do que as organizaes profissionais, que tambm usaram

    procedimentos formais para sua atualizao mais freqentemente. Em pases

    menores, as organizaes estiveram mais envolvidas com a implementao

    das suas diretrizes.

    J havendo um certo entendimento em relao ao processo de

    desenvolvimento e atributos que devem caracterizar diretrizes clnicas, alguns

    desafios parecem ser hoje colocados em relao sua ampla implementao.

    Esses desafios tm sido alvo de estudos e incluem, em termos gerais, a

    identificao de caractersticas facilitadoras do seu uso e de estratgias

    efetivas para a sua disseminao.

    Estudos focalizando a identificao de caractersticas facilitadoras do uso de

    diretrizes clnicas, apontam que as recomendaes mais facilmente

    incorporadas so baseadas em evidncia cientifica, alm de simples, precisas,

    claras, no controversas e no demandantes de mudanas importantes na

    prtica cotidiana (Grol et al., 1998, Moody-Williams et al., 2002). Ressalta-se

    que a facilidade de aplicao e o potencial de reaes negativas do paciente

    so aspectos mais relevantes para diretrizes diagnsticas do que para

    diretrizes teraputicas (Burgers et al., 2003b).

    Tambm apontada na literatura a importncia de que as diretrizes clnicas

    sejam desenvolvidas ou endossadas pelas organizaes profissionais e por

    mdicos reconhecidos como lderes nas reas em foco (Moody-Williams et al.,

    2002). Na ausncia de evidncia cientfica suficiente para orientar o

    desenvolvimento de diretrizes, considera-se importante dimensionar os

    recursos necessrios para promover a sua obteno. Trs componentes so

  • 21

    indicados como fundamentais para sua aplicabilidade: (a) identificao de

    decises-chave e suas conseqncias; (b) reviso de evidncia relevante e

    vlida sobre benefcios, riscos e custos de decises alternativas; e (c)

    apresentao da evidncia requerida para informar decises em um formato

    simples e acessvel, flexvel s preferncias de pacientes e clnicos (Jackson &

    Feder, 1998).

    Um outro aspecto crtico para a aplicabilidade de diretrizes a sua atualizao.

    Um estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a validade corrente de 17

    diretrizes publicadas pela Agncia de Pesquisa e Qualidade na Assistncia

    Sade (Agency for Healthcare Research and Quality AHRQ) ainda em

    circulao e estimar em quanto tempo elas se tornam obsoletas (Shekelle et

    al., 2001a). Os autores identificaram que sete delas requeriam grandes

    mudanas, seis requeriam mudanas pequenas, trs ainda eram vlidas e para

    uma delas no foi possvel se chegar a uma concluso. O estudo tambm

    indicou que cerca de metade das diretrizes estavam ultrapassadas aps 5,8

    anos e no mais de 90% ainda eram vlidas aps 3,6 anos. Fundamentados

    em seus achados, recomendaram que, no que concerne sua validade, as

    diretrizes deveriam ser reavaliadas a cada trs anos.

    Situaes que podem indicar a necessidade de atualizao de diretrizes clnicas

    incluem mudanas em: (a) evidncia acerca de benefcios e riscos das

    intervenes; (b) resultados considerados relevantes; (c) intervenes

    disponveis; (d) evidncia de que a prtica corrente a mais apropriada; (e)

    valores colocados em resultados (e custos); e (f) recursos disponveis para a

    assistncia sade (Shekelle et al., 2001b).

    No que se refere disseminao de diretrizes clnicas, mandatria a

    identificao de estratgias efetivas. Um exame de revises sistemticas de

    diferentes estratgias para a disseminao e implementao de achados de

    pesquisas, conduzido para identificar a evidncia da sua efetividade, apontou

    para a inefetividade da disseminao passiva de informaes (Bero et al.,

  • 22

    1998). Tambm indicou intervenes consistentemente efetivas lembretes

    manuais ou computadorizados, intervenes multifacetadas incluindo auditoria

    e feedback, consensos locais ou propaganda, e encontros educacionais

    interativos; e de efetividade varivel auditoria e feedback, uso da opinio de

    lderes, consensos locais e intervenes mediadas por pacientes. Entretanto,

    concluiu pela necessidade de maior explorao do tema.

    Entre as intervenes que visam a incrementar a implementao de diretrizes,

    tem sido considerada a proposio de sistemas computadorizados que, a partir

    da comparao de caractersticas do paciente com uma base de conhecimento,

    prov indicaes especficas para o paciente e sua condio, servindo como

    guia para o profissional de sade (Eccles et al., 2002; Pelogi et al., s/d).

    Entretanto, um estudo controlado randomizado, que avaliou o uso de um

    sistema computadorizado para implementao de diretrizes na assistncia

    primria asma e angina em adultos, no proveu evidncia de efeitos desse

    tipo de sistema, achado atribudo, em parte, ao baixo nvel de utilizao do

    software, dada a complexidade das condies (Eccles et al., 2002).

    Vale ainda considerar a atitude de clnicos em relao s diretrizes clnicas:

    eles concordam em relao ao seu potencial de ajuda, reconhecem-nas como

    ferramentas educacionais adequadas, e tambm s vem como direcionadas

    melhoria da qualidade da assistncia. Entretanto, tambm as consideram

    pouco prticas e muito rgidas para aplicao em pacientes individualizados,

    preocupando-se com sua nfase na reduo de custos, a reduo da

    autonomia profissional, um certo sentimento de vulgarizao da medicina, e

    com a possibilidade da adeso a elas gerar processos na justia (Farquhar et

    al., 2002). possvel que a mudana dessa atitude se constitua no maior

    desafio para a implementao de diretrizes, que devem ser identificadas como

    subsdio para decises clnicas acertadas e no uma contraposio autonomia

    do profissional.

  • 23

    A Experincia Brasileira no Desenvolvimento de Diretrizes Clnicas

    A Associao Mdica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM)

    coordenam hoje um grande esforo no sentido da elaborao de diretrizes

    mdicas, baseadas nas evidncias cientficas disponveis, com vistas a auxiliar

    na deciso mdica e otimizar o cuidado aos pacientes (AMB & CFM, s/d).

    Trata-se do Projeto Diretrizes, iniciado em outubro de 2000, envolvendo 36

    Sociedades de Especialidades:

    Academia Brasileira de NeurologiaAssociao Brasileira de PsiquiatriaColgio Brasileiro de CirurgiesColgio Brasileiro de RadiologiaColgio Mdico de AcunpunturaFederao Brasileira das Sociedades de Ginecologia e ObstetrciaSociedade Brasileira de Alergia e ImunopatologiaSociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia VascularSociedade Brasileira de CancerologiaSociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de Cirurgia da Cabea e PescooSociedade Brasileira de Cirurgia da MoSociedade Brasileira de Cirurgia DigestivaSociedade Brasileira de CitopatologiaSociedade Brasileira de Clnica MdicaSociedade Brasileira de Colo-ProctologiaSociedade Brasileira de AnestesiologiaSociedade Brasileira de DermatologiaSociedade Brasileira de Endocrinologia e MetabologiaSociedade Brasileira de Gentica ClnicaSociedade Brasileira de Geriatria e GerontologiaSociedade Brasileira de Hematologia e HemoterapiaSociedade Brasileira de InfectologiaSociedade Brasileira de MastologiaSociedade Brasileira de Medicina do EsporteSociedade Brasileira de Medicina Fsica e ReabilitaoSociedade Brasileira de NefrologiaSociedade Brasileira de NeurocirurgiaSociedade Brasileira de Neurofisiologia ClnicaSociedade Brasileira de Ortopedia e TraumatologiaSociedade Brasileira de OtorrinolaringologiaSociedade Brasileira de PatologiaSociedade Brasileira de PediatriaSociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

  • 24

    Sociedade Brasileira de ReumatologiaSociedade Brasileira de Urologia

    Esse projeto j produziu 100 diretrizes (Quadro 3), elaboradas pelas

    Sociedades de Especialidades, a partir da constituio de grupos de trabalho,

    delegao da tarefa a um nico membro, ou do estabelecimento de um

    processo consensual e multidisciplinar, com envolvimento de diversas

    especialidades.

    As Sociedades elegeram os temas abordados, sendo orientadas pelo comit

    tcnico do projeto a realizar reviso sistemtica da melhor evidncia cientfica

    disponvel acerca dos desfechos relacionados ao uso de intervenes,

    considerando o desenho do estudo, a consistncia das medidas e a validade

    dos resultados da reviso da literatura existente. Somente excepcionalmente

    foram considerados os custos dos procedimentos, e a utilizao das diretrizes

    como referncia para a remunerao de servios foi observada como indevida.

    Em termos metodolgicos, sublinha-se ainda a opo pela padronizao de

    texto objetivo e afirmativo sobre procedimentos diagnsticos, teraputicos e

    preventivos, recomendando ou contra-indicando condutas, ou ainda apontando

    a inexistncia de informaes cientficas que permitam sua recomendao ou

    contra-indicao.

    Finalmente, o projeto ressalta o carter informativo e sugestivo das diretrizes,

    deixando ao profissional que ministra o cuidado ao paciente o julgamento da

    forma, momento e pertinncia da sua utilizao.

    parte o trabalho no escopo do Projeto Diretrizes, vale ainda destacar a

    atuao de algumas Sociedades (Quadro 1), com outras atividades na linha de

    produo de consensos e diretrizes clnicas.

  • 25

    O Papel da ANS na Implementao de Diretrizes Clnicas na Sade

    Suplementar

    O suporte governamental ao desenvolvimento e uso de diretrizes clnicas pode

    servir a dois conjuntos de propsitos: o da promoo da sade e bem-estar, e

    o de melhorar a qualidade e controlar custos de programas de sade

    financiados pelo governo. Em diversos pases, o desenvolvimento de diretrizes

    tem sido do domnio do governo federal, que tem estado envolvido de trs

    formas distintas: (a) gerenciando diretamente o desenvolvimento de diretrizes

    ou recomendaes de boa prtica clnica; (b) financiando o seu

    desenvolvimento por outros grupos; e (c) financiando e conduzindo pesquisa

    bsica e aplicada para fortalecer a base do conhecimento clnico e ferramentas

    metodolgicas para subsidiar seu melhor desenvolvimento.

    O esforo de desenvolvimento e implementao de diretrizes clnicas no Brasil,

    j iniciado com o Projeto Diretrizes e algumas iniciativas isoladas de

    Sociedades Mdicas, certamente precisar ser compartilhado pelo Ministrio da

    Sade, ANS, Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA), Fundao

    Nacional de Sade (FUNASA), agncias de fomento pesquisa e instituies

    acadmicas. desejvel que tal esforo leve em considerao a grande

    experincia e produo internacional, bem como a evidncia cientfica provida

    pelos estudos realizados. Entretanto, ainda assim, demandar a realizao de

    avaliao tecnolgica e pesquisa clnica no pas, com vistas identificao de

    especificidades locais. Por outro lado, dever estar ajustado s determinaes

    da ANVISA, responsvel pela regulao formal pertinente aprovao de

    medicamentos, equipamentos e outras tecnologias, e contar com o endosso

    das Sociedades Mdicas, que efetivamente podero legitimar as diretrizes

    propostas junto comunidade mdica.

    Alm dos aspectos mencionados, importante que o processo de

    desenvolvimento de diretrizes clnicas no Brasil, seguindo as tendncias

    internacionais mais atuais, incorpore, de forma sistemtica, a preocupao

  • 26

    com a eficincia (custo-efetividade/custo-utilidade) das intervenes, buscando

    evidncia cientfica tambm nesse sentido. Considerados aspectos ticos e

    relativos perspectiva de reduo de ineqidades no acesso e utilizao de

    servios de sade, vale o argumento de que, com recursos limitados, quando

    se pe em um lugar, se tira de outro. A questo da alocao de recursos sob

    critrios de eficincia crtica para o Sistema de Sade. Desse modo, ainda

    que diretrizes clnicas apontem para as intervenes mais eficazes ou efetivas

    para condies de sade especficas, importante que tambm provenham

    informao sobre as intervenes mais custo-efetivas.

    No mais, recomenda-se que, de fato, o processo se d no sentido de

    potencializar esforos, evitando a multiplicidade de diretrizes focalizadas em

    temas idnticos, a produo de recomendaes conflitantes e o desperdcio de

    recursos, e propiciando condies para um controle e monitoramento mais

    cuidadoso da sua qualidade e validade, face s evidncias cientficas mais

    atuais.

    O desenvolvimento de diretrizes deve ser considerado em conjunto com o de

    padres de qualidade, medidas de desempenho e critrios de reviso da

    prtica mdica, atravs do quais provedores de servios de sade e outras

    entidades pertinentes possam avaliar a proviso de cuidados de sade e

    garantir a qualidade de tais cuidados.

    No nvel das estratgias de garantia de qualidade do sistema de sade, as

    diretrizes clnicas tm um papel potencial nos programas de certificao e re-

    certificao. Na medida em que grupos de especialistas aprimorem mtodos

    para julgar qualificaes com acurcia, certamente ocorrer a ateno a

    diretrizes clnicas como base para avaliao de desempenho.

    No contexto da Sade Suplementar, especificamente, poder caber ANS:

    Identificar condies de sade para as quais o desenvolvimento dediretrizes clnicas seria de grande relevncia, considerando a elevada

  • 27

    incidncia ou prevalncia na populao coberta por planos de sade,

    grande variao na prtica mdica, ou custos elevados.

    Participar do processo de desenvolvimento e atualizao de diretrizesclnicas, em conjuno com as outras instncias mencionadas,

    incorporando demandas diagnosticadas no setor de Sade Suplementar.

    Essa participao tambm poder envolver o financiamento de projetos

    especficos e a coordenao de um processo de avaliao externa de

    diretrizes produzidas, levando em consierao os atributos desejveis

    (Quadro 2 ) (Cluzeau et al., 1999).

    Realizar atividades no sentido da disseminao de diretrizes clnicas.

    Determinar a cobertura por planos de sade de procedimentosrecomendados em diretrizes clnicas, priorizando alternativas mais custo-

    efetivas, bem como a no-cobertura de procedimentos para os quais

    existe forte evidncia de contra-indicao. Isso envolve a considerao

    de condies de sade e grupos populacionais especficos definidos em

    termos de gnero, faixa etria, gravidade da condio, etc. Em termos

    da fora da evidncia, diretrizes poderiam ser classificadas em trs

    nveis: (a) aquelas para as quais a evidncia e consenso so muito fortes

    e, que, portanto, deveriam ser fortemente divulgadas e estimuladas; (b)

    aquelas em que a evidncia suficiente para dar suporte a algumas

    opes de tratamento, com diferentes combinaes de riscos e

    benefcios, que poderiam ser colocadas somente como recomendaes

    a cobertura dessas intervenes por planos uma questo que as

    diretrizes poderiam iluminar, mas no responder; e (c) aquelas para as

    quais a evidncia e consenso inexistem ou no so claros.

    Estimular, inclusive atravs de benefcios financeiros, o uso deprocedimentos recomendados por diretrizes clnicas e desestimular o uso

    de procedimentos desnecessrios.

  • 28

    Utilizar diretrizes clnicas como subsdio para o Setor de SadeSuplementar em processos judiciais referentes demanda por clientes

    de intervenes inadequadas evidncia de baixa eficcia, risco elevado,

    etc.

    Estabelecer, a partir de diretrizes disponveis, critrios de reviso daprtica mdica no setor de Sade Suplementar para monitoramento da

    qualidade de servios prestados.

    Estabelecer um sistema de acreditao de planos de sade, onde sejamlevados em conta critrios relacionados adeso s prticas

    recomendadas com base na evidncia cientfica existente.

    Garantir a homogeneizao, no mbito da Sade Suplementar, derecomendaes no cuidado de condies para as quais as diretrizes

    sejam eventualmente conflitantes.

    Controlar a eventual produo/adaptao de diretrizes por planos desade, considerando os conflitos de interesse pertinentes.

    H todo um caminho a ser percorrido, que no deve prescindir da experincia

    internacional acumulada no decorrer de mais de uma dcada. Cabe dividir

    papis, refletir sobre eles, e trabalhar na perspectiva de uma assistncia

    sade de maior qualidade para a populao brasileira.

    Agradecimentos

    Os meus agradecimentos a Ruy Garcia Marques, Professor de Cirugia Geral da

    Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e Pedro Barbosa e Sheyla Lemos,

    Pesquisadores da Escola Nacional de Sade Pblica, Fundao Oswaldo Cruz,

    pela leitura cuidadosa e comentrios feitos a verses preliminares deste artigo.

  • 29

    Referncias

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  • 34

    Quadro 1 Algumas organizaes trabalhando na produo/disseminao dediretrizes e websites correspondentes.

    BRASILOrganizaes ProfissionaisAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal deMedicina Projeto diretrizesAssociao de Medicina Intensiva BrasileiraSociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de Nefrologia

    http://www.amb.org.br/inst_projeto_diretrizes.php3

    http://www.amib.com.br/forumconsensos.htmhttp://publicacoes.cardiol.br/consensohttp://www.sbn.org.br

    AUSTRLIAOrganizao GovernamentalNational Health and Medical Research Council NHMRCOrganizao ProfissionalMedical Journal of AustraliaOrganizao AcadmicaThe University of Melbourne Royal Childrens Hospital

    http://www.health.gov.au/nhmrc/publications/cphome.htm

    http://www.mja.com.au/public/guides/guides.html

    http://www.rch.unimelb.edu.au/clinicalguideCANADOrganizaes GovernamentaisBritish Columbia Cancer AgencyCancer Care Ontario Practice Guidelines InitiativeOrganizaes ProfissionaisCanadian Medical AssociationSociety of Obstetricians and Gynaecologists of CanadaOrganizao AcadmicaQueens University at Kingston

    http://www.bccancer.bc.cahttp://www.cancercare.on.ca/access_PEBC.htm

    http://mdm.ca/cpgsnew/cpgs/index.asphttp://sogc.medical.org

    http://post.queensu.ca/~bhc/gim/cpgs.htmlESTADOS UNIDOSOrganizaes GovernamentaisAgency for Healthcare Research and Quality AHRQCenters for Diseases Control and Prevention CDCDepartment of Veterans AffairsNational Guidelines Clearing HouseNational Institutes of Health National Heart, Lung andBlood InstituteNational Institutes of Health Consensus DevelopmentProgramNew York State Department of Health AIDS InstituteTexas Department of Mental Health and Mental RetardationWashington State Department of HealthOrganizaes ProfissionaisAmerican Association for Respiratory Care American Association of Clinical EndocrinologistsAmerican College of Cardiology FoundationAmerican College of PhysiciansAmerican Psychiatric AssociationAmerican Society of Addiction MedicineAmerican Telemedicine AssociationAmerican Urological AssociationJoint Council of Allergy, Asthma and ImmunologyOrganizaes AcadmicasUniversity of Washington Health Links: Evidence-BasedPractice and GuidelinesUniversity of California at San Francisco School ofMedicineOutras OrganizaesExpert Consensus GuidelinesGeneral Practice Airways Group

    http://www.ahcpr.gov/clinichttp://aepo-xdv-www.epo.cdc.gov/wonder/Prevguid/prevguid.shtmlhttp://www.psychiatrist.com/bauer/index.htmhttp://www.guideline.govhttp://www.nhlbi.nih.gov/guidelineshttp://consensus.nih.govhttp://www.hivguidelines.org

    http://www.mhmr.state.tx.us/centraloffice/medicaldirector/TMAPtoc.htmlhttp://www.doh.wa.gov/hsqa/emtp/traumaguidelines.htm

    http://www.hsc.missouri.edu/~shrp/rtwww/rcweb/aarchttp://www.aace.com/clin/guidelineshttp://www.acc.orghttp://www.acponline.org/sci-policy/guidelineshttp://www.psych.org/clin_reshttp://www.asam.org/publ/withdrawal.htmhttp://www.atmeda.org/news/guidelines.htmlhttp://www.auanet.org/publicationshttp://www.jcaai.org/param

    http://healthlinks.washington.edu/clinical/guidelines.html

    http://medicine.ucsf.edu/resources/guidelines

    http://www.psychguides.comhttp://gpiag.org

    FRANAOrganizao GovernamentalAgence Nationale dAccrditation et dvaluation en Sant ANAESOrganizao ProfissionalFdration Nationale des Centres de Lutte Contre le Cancer FNCLCC

    http://www.anaes.fr

    http://www.fnclcc.fr/sor.htm

    ITLIAPrograma GovernamentalProgramma Nazionale Linee Guida http://www.pnlg.itNOVA ZELNDIA

  • 35

    Organizao Nacional No Governamental (no-lucrativa) New Zealand Guidelines Group

    http://www.nzgg.org.nz

    Quadro 1 (cont.) Algumas organizaes trabalhando na produo/disseminao dediretrizes e websites correspondentes.

    REINO UNIDOOrganizaes GovernamentaisNational Electronic Library for Health Guidelines FinderNational Institute for Clinical ExcellenceScottish Intercollegiate Guidelines NetworkOrganizaes Profissionais British Cardiac SocietyBritish Hypertension SocietyBritish Society of GastroenterologyBritish Thoracic SocietyRoyal College of General PractitionersRoyal College of Obstetricians and GynaecologistsRoyal College of PhysiciansOrganizaes AcadmicasThe University of Sheffield Evidence for Effectivenessand KnowledgeThe University of York NHS Centre for Reviews andDisseminationUniversity of Newcastle-upon-Tyne Centre for HealthServices ResearchOutras OrganizaesCancerBACUPEducation and Quality in Primary Care Across North Essexe-Guidelines Medendium Group PublishingMichael Rowes Independent Professional BodyGuidelinesScarborough Hospital

    http://www.nelh.nhs.uk/guidelinesfinderhttp://www.nice.org.ukhttp://www.sign.ac.uk

    http://www.bcs.comhttp://www.hyp.ac.uk/bhs/http://www.bsg.org.uk/resources/guidelines.htmhttp://www.brit-thoracic.org.ukhttp://www.rcgp.org.uk/rcgp/clinspec/guidelineshttp://www.rcog.org.ukhttp://www.rcplondon.ac.uk/pubs

    http:///www.shef.ac.uk/seek/guidelines.htmhttp://www.york.ac.uk/inst/crd

    http://www.ncl.ac.uk/pahs/research/services/ngrdu/about.htm

    http://www.cancerbacup.org.uk/infohttp://www.equip.ac.ukhttp://www.eguidelines.co.ukhttp://www.rowe.dircon.co.uk/medical/indeguid.htmhttp://www.demon.co.uk/scarbpg/guides

    SUIAOrganizao ProfissionalSwiss Medical Association FMH http://fmh.ch

  • 36

    Quadro 2 Atributos que devem caracterizar as diretrizes clnicas.

    Atributo ExplicaoVALIDADE Os preditores clnicos so vlidos se, ao serem seguidos, levam aos

    resultados projetados em termos de custo e de sude. Uma avaliaoprospectiva de validade considera a essncia e a qualidade daevidncia citada, os meios utilizados para avaliar essa evidncia, e arelao existente entre a evidncia e as recomendaes.

    Fora daEvidncia

    Os preditores clnicos devem ser acompanhados por descries dafora da evidncia e do perfeito julgamento existente por trs dessasdescries.

    ResultadosEstimados

    Os preditores clnicos devem ser acompanhados por estimativas dosresultados esperados referentes custos e sade derivados dasintervenes em questo, comparado alternativas prticas. Aavaliao de resultados referentes sade dever considerar aspercepes e preferncia dos pacientes.

    CREDIBILIDADE /

    REPRODUTIBILIDADE

    Os preditores clnicos so confiveis e reprodutveis se (1) dadas asmesmas evidncias e mtodos para desenvolvimento dessespreditores, outro grupo de especialistas consegue essencialmente osmesmos resultados, e (2) dadas as mesmas circunstncias clnicas, ospreditores clnicos so consistentemente interpretados e aplicadospelos profissionais (ou outros pares apropriados).

    APLICABILIDADECLNICA

    Os preditores clnicos devem ser to exclusivos de uma populao depacientes apropriadamente definida quanto a evidncia e o perfeitojulgamento permitam, e devem explicitar a populao (es) a quesuas afirmaes se aplicam.

    FLEXIBILIDADECLNICA

    Os preditores clnicos devem identificar as excees especificamenteconhecidas ou geralmente esperadas s suas recomendaes epermitir a discusso sobre quais pacientes devem ser identificados econsiderados.

    CLAREZA Os preditores clnicos devem utilizar linguagem no ambgua, definirprecisamente os termos empregados, e usar modos de apresentaolgicos e fceis de serem seguidos.

    PROCESSOMULTIDISCIPLINAR

    Os preditores clnicos devem ser desenvolvidos por um processo queinclua a participao de representantes dos principais gruposenvolvidos. Essa participao pode ocorrer diretamente nos painis ouatravs da proviso de evidncias e pontos de vista, bem como nareviso de verses iniciais de diretrizes.

    PROGRAMAOPARA REVISO

    Os preditores clnicos devem incluir afirmaes acerca de quandodevem ser revistos a fim de garantir que essas revises iro ocorrer,dadas novas evidncias clnicas ou consensos profissionais (ou suafalta)

    DOCUMENTAO Os procedimentos seguidos no desenvolvimento de preditores clnicos,os participantes envolvidos, a evidncia utilizada, as pressuposies eprincpios aceitos, e os mtodos analticos empregados, devem sermeticulosamente documentados e descritos.

    Fonte: IOM, 1992

  • 37

    Quadro 3 Diretrizes da Associao Mdica Brasileira e Conselho Federal de

    Medicina.

    Abordagem geral do usuriode substncias com potencialde abuso

    Abuso e dependncia dolcool

    Abuso e dependncia daanfetamina

    Abuso e dependncia dosbenzodiazepnicos

    Abuso e dependncia dacocana

    Abuso e dependncia damaconha

    Abuso e dependncia danicotina

    Abuso e dependncia dosopiceos

    Abuso e dependncia dossolventes

    Acidente vascular cerebral

    Acupuntura na preveno etratamento de nusea evmitos

    Acupuntura no tratamentoda dor miofascial

    Alergias imunoterapiaespecfica

    Anemia aplstica

    Asma brnquica

    Atividade fsica e sade

    Avaliao gentico-clnica dorecm-nascido

    Cncer colorretal

    Cncer da laringe

    Cncer da tireide

    Cncer de boca

    Cncer de mama diagnstico e tratamento

    Cncer de mama preveno primria

    Cncer de mama -preveno secundria

    Cncer familial

    Carcinoma basocelular

    Descolamento prematuro daplacenta

    Dislipidemia, preveno daaterosclerose

    Dismenorria

    Doena pulmonar obstrutivacrnica

    Dor mamria

    Eczema de contato

    Eletroneuromiografia epotenciais evocados

    Eletroneuromiografia naabordagem diagnstica dasneuropatias perifricas

    Esclerose mltipla

    Espasticidade

    Febre reumtica

    Fraturas de escafide

    Hipertermia maligna

    Hipertenso arterial abordagem geral

    Hipertenso arterial situaesespeciais

    Hipertenso na gravidez

    Hipertiroidismo

    Hipotiroidismo

    Infeco hospitalar

    Insuficincia renal aguda

    Insuficincia venosa crnica

    Leso ligamentar do carpo

    Lombalgias e lombociatalgias

    Melanoma cutneo abordagem da leso primria

    Miomatose uterina

    Osteoporose em mulheres naps-menopausa

    Papiloma vrus humano (HPV):diagnstico e tratamento

    Pneumonias adquiridas nacomunidade (PAC) em adultosimunocompetentes

    Pr-natal, assistncia

    Quedas em idosos

    Testes de funo pulmonar

    Testes preditivos

    Trabalho de parto

    Transplante renal complicaes cirrgicas

    Transplante renal complicaes no cirrgicas

    Transplante renal doador ereceptor

    Transplante renal indicaes e contra-indicaes

    Transplante renal manuseiodo doador e receptor

    Transtornos de ansiedade

    Transtornos na extremidadeinferior do paciente diabtico

    Traumatismo cranioenceflicograve

    Traumatismo cranioenceflicograve situaes especiais

    Traumatismo cranioenceflicoleve

    Traumatismo cranioenceflicomoderado

    Urticria

    Vacina conjugada contraNeisseria meningitidissorogrupo C

    Vacina contra caxumba

    Vacina contra febre amarela

    Vacina contra Haemophilusinfluenzae do tipo B (Hib)

    Vacina contra hepatite A

    Vacina contra hepatite B

    Vacina contra influenza

    Vacina contra pneumococo

    Vacina contra sarampo

    Vacina contra poliomielite

    Vacina contra raiva humana

    Vacina contra rubola

    Vacina contra tuberculose

    Vacina contra varicela-zoster

  • 38

    Carcinoma de endomtrio

    Carcinoma do colo do tero

    Cardiologia nuclear

    Cesariana indicaes

    Climatrio, ateno primriae terapia de reposiohormonal

    Demncia eletroencefalograma eeletroencefalogramaquantitativo

    Depresso

    Queimaduras

    Rimite alrgica

    Rinossinosite

    Rotura prematura demembranas

    Sndrome dos ovriospolicsticos

    Vacina dupla DT ou Dt(contra difteria e ttano)

    Vacina trplice DTP (contradifteria/ttano/coqueluche)

    Vacina trplice DTP acelular(Contradifteria/ttano/coqueluche)