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Revista da Católica, Uberlândia, v. 2, n. 3, p. 39-58, 2010 – catolicaonline.com.br/revistadacatolica 39 CRISTIANISMO E TERRITORIALIDADE: OS ESPAÇOS SAGRADOS NO COTIDIANO DOS FIÉIS CATÓLICOS Maria Augusta de Castilho * Resumo A pesquisa aborda o cristianismo no tocante a geografia da religião, destacando aspectos dimensionados nas Escrituras Sagradas, na vivência sacramental dos cristãos, suas peregrinações em lugares sagrados – as cidades santuários, onde os fiéis buscam uma satisfação espiritual atraídos pelo ritual das grandes festas, fazendo suas preces e pedidos ao santo ou santa de sua devoção. A importância do presente estudo prende-se ao fato de que o sagrado e o místico ocupam lugar significativo na vida das pessoas, uma vez que envolve não só crenças, mas também condutas, o que inclui o reconhecimento da dimensão simbólica – significativa do cotidiano das pessoas. Palavras-chave: Cristianismo. Escrituras Sagradas. Vivência cristã. INTRODUÇÃO Pretende-se apresentar neste artigo o contexto do nascimento do Cristianismo, a construção de sua doutrina e, por fim, a influência da paisagem geográfica na elaboração da espiritualidade nessa tradição. O destaque do estudo é voltado para o sagrado na fé católica, que ocupa lugar significativo na vida das pessoas, com o objetivo de refletir, debater, pesquisar, analisar o fenômeno religioso na perspectiva externa da fé, aflorando as marcas do catolicismo no território. A paisagem do sagrado também faz uma conexão de ligação com a religião, abordando os lugares sagrados, identificando seus significados e a capacidade de um culto religioso impor sua crença, à medida que a espiritualidade tem força de impacto na vida das pessoas e da paisagem. 1. ORIGENS A história do cristianismo remonta a dois mil anos, desde o ministério iniciado por Jesus e seus Doze Apóstolos (André, Bartolomeu, Felipe, Tiago, Tiago filho de Alfeu, João, Judas Iscariotes, Judas Tadeu, Mateus, Pedro, Tadeu e Tomás), aos quais deve sua * Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. Coordenadora e professora do Programa de Pós- graduação em Desenvolvimento Local da Universidade Católica Dom Bosco. Área de atuação - História - Patrimônio cultural e o sagrado. Desenvolve projetos na linha de pesquisa de Desenvolvimento Local: cultura, identidade e diversidade. E-mail: [email protected].

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CRISTIANISMO E TERRITORIALIDADE: OS ESPAÇOS SAGRADOS NO COTIDIANO DOS FIÉIS CATÓLICOS

Maria Augusta de Castilho∗

Resumo A pesquisa aborda o cristianismo no tocante a geografia da religião, destacando aspectos dimensionados nas Escrituras Sagradas, na vivência sacramental dos cristãos, suas peregrinações em lugares sagrados – as cidades santuários, onde os fiéis buscam uma satisfação espiritual atraídos pelo ritual das grandes festas, fazendo suas preces e pedidos ao santo ou santa de sua devoção. A importância do presente estudo prende-se ao fato de que o sagrado e o místico ocupam lugar significativo na vida das pessoas, uma vez que envolve não só crenças, mas também condutas, o que inclui o reconhecimento da dimensão simbólica – significativa do cotidiano das pessoas. Palavras-chave: Cristianismo. Escrituras Sagradas. Vivência cristã. INTRODUÇÃO Pretende-se apresentar neste artigo o contexto do nascimento do Cristianismo, a

construção de sua doutrina e, por fim, a influência da paisagem geográfica na elaboração da

espiritualidade nessa tradição. O destaque do estudo é voltado para o sagrado na fé católica,

que ocupa lugar significativo na vida das pessoas, com o objetivo de refletir, debater,

pesquisar, analisar o fenômeno religioso na perspectiva externa da fé, aflorando as marcas do

catolicismo no território. A paisagem do sagrado também faz uma conexão de ligação com a

religião, abordando os lugares sagrados, identificando seus significados e a capacidade de um

culto religioso impor sua crença, à medida que a espiritualidade tem força de impacto na vida

das pessoas e da paisagem.

1. ORIGENS

A história do cristianismo remonta a dois mil anos, desde o ministério iniciado por

Jesus e seus Doze Apóstolos (André, Bartolomeu, Felipe, Tiago, Tiago filho de Alfeu, João,

Judas Iscariotes, Judas Tadeu, Mateus, Pedro, Tadeu e Tomás), aos quais deve sua

∗ Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. Coordenadora e professora do Programa de Pós-

graduação em Desenvolvimento Local da Universidade Católica Dom Bosco. Área de atuação - História - Patrimônio cultural e o sagrado. Desenvolve projetos na linha de pesquisa de Desenvolvimento Local: cultura, identidade e diversidade. E-mail: [email protected].

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disseminação pelas camadas populares, até os dias de hoje. O marco fundamental de suas

origens é o nascimento de Jesus Cristo no primeiro século d.C. na cidade de Belém, na Judeia

(Palestina) e os feitos miraculosos vinculados à sua figura. Religião monoteísta dos cristãos,

baseada nos ensinamentos de Jesus Cristo, rapidamente se espalhou pela região do

Mediterrâneo até chegar ao coração do Império Romano. A partir do ano 40 algumas

comunidades cristãs começaram a se estabelecer na Armênia: a religião cristã torna-se

estatal pela primeira vez nesse país, em 301 ou 314, logo após na Etiópia, em 325, na

Geórgia em 337, e no Império Romano, em 380. Podem-se observar duas vertentes na sua

difusão: por um lado, São Paulo e São Pedro se dirigiram ao Ocidente, passando pela

Turquia, Grécia, até chegar finalmente a Roma; por outro, os demais discípulos se dirigiram à

Ásia Menor e ao Oriente, que mais tarde, com o surgimento do islamismo, acabaram

perdendo suas raízes cristãs ao islamismo.

O Cristianismo firmou-se como uma religião de origem divina e nasceu como um

movimento protestante do Judaísmo, liderado por Jesus. Nessa forma carrega muitos

elementos do Judaísmo mantendo toda herança judaica do Antigo Testamento. O fundador é

visto como o próprio filho de Deus, enviado como salvador e construtor da história junto com

os seres humanos. Ser cristão, portanto, seria engajar-se na obra redentora de Cristo, tendo

como base a fé em seus ensinamentos.

Poder-se-ia observar que desde seus primórdios o Cristianismo fundamenta-se na

origem divina. Seu nascimento se dá na região pedregosa do semi-deserto, na Palestina,

com pouca vegetação ao redor do mar da Galiléia, mas apresentando características de um

corredor de comércio com grande fluxo de pessoas de diversas nacionalidades. Nesse

ambiente percebe-se, por meio das entrelinhas nos Evangelhos, que existe um investimento

mais no céu azul, onde se encontra o Deus chamado como Pai. A condição dura da região

geográfica é aplicada na vida humana, que é vista como dolorosa, o que leva as pessoas a

pensar que alguém devia vir de cima para ajudá-las e redimi-las. Deus é visto como um ser

compassivo que cuida do ser humano.

Pode-se identificar no cristianismo um conjunto das confissões de fé no uso litúrgico,

dos movimentos das pessoas que reconhecem em Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho de Deus

ressuscitado de entre os mortos, o Senhor e o Salvador dos homens. Trata-se de uma religião

em que os cristãos acreditam na Trindade, ou seja, em um Deus Uno no qual se acham

reunidas três pessoas divinas: o Pai, O Filho e o Espírito Santo.

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Essa religião espalhou-se a partir de Roma ao longo das rotas de comércio do mundo

romano, tornando-se um exemplo de difusão hierárquica e proporcionando estabilidade

política através da comunicação favorecida pelo uso de uma língua comum, o grego, falado

pelos povos na parte oriental, e o latim nas demais áreas. Sua difusão trouxe-lhe um domínio

cultural cada vez mais forte nas áreas convertidas e acentuou-se com a expansão européia

iniciada no século XV. (ROSENDHAL, 2002).

No decurso de sua história muitas disputas teológicas dividiram o cristianismo em

várias confissões (católica, protestante e ortodoxa) que resultaram em muitas igrejas cristãs.

O aporte nesse estudo se reportará apenas à Igreja Católica Apostólica Romana, ou seja, o

catolicismo, inserido na percepção e vivência do espaço sagrado, trazendo sempre a marca

dessa geografia.

O nome católico significa universal, não só do ponto de vista geográfico, mas

também em alusão a sua receptividade a qualquer cultura ou etnia. Em sua aplicação a partir

do século XVI, o termo indica o conjunto de fiéis e as instituições que reconhecem o primado

do papa, chefe do catolicismo.

2. SAGRADA ESCRITURA

O livro sagrado dos cristãos, conhecido como Bíblia, é um conjunto de livros que

revelam a experiência de Deus realizada pelo judeu tanto na vida pessoal quanto na historia.

Este conjunto de livros é dividido em duas partes principais: Antigo Testamento e Novo

Testamento. Também a Bíblia é popularmente chamada como Palavra de Deus, que expõe a

Doutrina de Deus para a vida cotidiana. Além disso, a Bíblia contempla poesia, história,

tratados, romances, biografias, parábolas, entre outros.

2.1 ANTIGO TESTAMENTO

O Antigo Testamento é uma coleção de 46 livros, no qual encontramos a história de Israel,

“o povo que Deus escolheu para com ele fazer uma aliança. Portanto o Antigo Testamento:

mostra como surgiu, como viveu a escravidão no Egito, como possuiu uma terra, como foi

governado, quais as relações que teve com outras nações, como estabeleceu suas leis e viveu a

sua religião.” (Bíblia Pastoral, 1999 p, 11).

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Os textos tratados neste trabalho não se constituem em estudos exegetas, mas objetiva

trazer à tona as passagens que narram de forma legítima a abordagem bíblica para os católicos

em seus vários aspectos geográficos, colocando as riquezas criadas por Deus à disposição dos

fiéis.

2.1.1.ORIGEM DO MUNDO E DA HUMANIDADE - (Gênesis, 1 -31; 2 - 25) –

“No princípio Deus criou o céu e a terra”. Nessa natureza divina, Deus criou o vento, as

águas (rios, mares), a luz, as trevas, o firmamento (céu), as estrelas, a relva, as ervas, as

árvores, os animais e por último criou o homem à sua imagem e semelhança. No sétimo dia,

Deus descansou. Depois Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, um paraíso na

terra.

Na criação do céu e da terra são identificadas as relações do homem com a natureza,

da qual a paisagem é a expressão fenomênica mais contundente. É a geografia da paisagem

que procede de forma normativa e nomotética, comparando as distintas partes da superfície

terrestre e ordenando-as em tipos e gêneros, fazendo abstrações de suas individualidades.

A paisagem mostra ainda as formas visíveis sobre a superfície da terra e sua

composição, com uma harmonia entre ambiente e seres humanos. O ponto de vista das

relações espaciais permite reproduzir a visão de espaço1, ordenado, designado e harmonioso,

feito por Deus, mas com uma estrutura e mecanismo acessíveis à mente humana, que podem,

por meio de olhares diversificados, agirem como guias para que os seres humanos em suas

ações possam alterar e aperfeiçoar o meio ambiente. Tais paisagens também são simbólicas,

quando são produtos de apropriação e transformação do meio ambiente pelo homem, tais

como: a água (água benta), a terra (produção), o fogo (o fogo do inferno), as estrelas2

(luzeiros, o formato do Cruzeiro do Sul no céu do Brasil), as árvores (flora) apoiadas nos

valores, crenças e teorias, mas que se encontram embasadas na busca de evidências de acordo

com as crenças reconhecidas pela fé (COSGROVE, 1998).

Quando se tem por enfoque a paisagem, a região, o território, o lugar e o espaço,

devem-se considerar seus caracteres simbólicos e subjetivos, adotando como base as filosofias

do significado, especialmente a fenomenologia e o existencialismo, ao destacarem que “os

componentes humanos da mente, consciência e valores, ou [...] percepção [...] representam a

1 O espaço é fundamental para que a natureza se transforme e os lugares que a constitui são processos seletivos

de ocupação. “Sua importância decorre de suas próprias virtualidades, naturais ou sociais, preexistentes ou adquiridas segundo intervenções seletivas” (CARLOS, 1996, p. 29).

2 Há na Bíblia 65 registros para estrelas.

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vontade do ser humano” (MELO, 2001, p. 32). A realidade é interpretada e os fenômenos são

observados como parte de um fenômeno maior, integral, sendo a paisagem percebida pelo

indivíduo não como soma de objetivos próximos um ao outro, mas de forma simultânea.

Nesse sentido, a paisagem é apresentada de forma holística.

A evocação do jardim do Éden, no texto bíblico, foi enriquecida progressivamente ao

longo dos séculos, primeiro pela leitura hebraica, depois por empréstimos dos autores gregos

e latinos. Ezequiel (47,12) retoma a imagem do jardim do Éden maravilhosamente irrigado,

onde a árvore da vida germinava no centro de uma vegetação luxuriante, e o situa sobre uma

montanha rodeada por um muro de pedras preciosas (DELUMEAU, 2003). Para este autor

(quem?), o paraíso pode ser uma fonte de pesquisa inesgotável, principalmente sob a ótica da

vegetação paradisíaca, um caminho não trilhado, a claridade, cores e perfumes, a transposição

terrestre para o além, bem como visões místicas e outras categorias que podem formar uma

visão do paraíso.

2.1.2. MOISÉS CONDUZ O POVO À TERRA PROMETIDA– ( Êxodo) - Moisés

conduziu o povo de Israel até o limiar de Canaã, a Terra Prometida. No início da jornada,

encurralados pelo Faraó, que se arrependera de tê-los deixado partir, ocorre um dos fatos mais

conhecidos da Bíblia: a divisão das águas do Mar Vermelho, para que o povo, por terra seca,

fugisse dos egípcios, que tentando o mesmo, se afogaram. Logo no início da jornada, no

Monte de Horebe, na Península do Sinai, Moisés recebeu as Tábuas dos Dez Mandamentos de

Deus escritos "pelo dedo de Deus". As tábuas eram guardadas em uma arca. Moisés recebeu

de Deus duas tábuas de pedra que continham os seguintes mandamentos segundo o

catolicismo: 1°) amar a deus sobre todas as coisas ; 2°) não tomar seu santo nome em vão; 3°)

guardar domingos e festas de guarda; 4°) honrar pai e mãe;5°) não matar;6°) não pecar contra

a castidade; 7°) não roubar;8°) não levantar falso testemunho; 9°) não desejar a mulher do

próximo;10°) não cobiçar as coisas alheias. Durante 40 anos (segundo a maioria dos

historiadores, no período entre 1250 a.C. e 1210 a.C.), Moisés conduz o povo de Israel na

peregrinação pelo deserto3. Moisés morre aos 120 anos, após contemplar a terra de Canaã no

alto do Monte Nebo, na Planície de Moabe. Josué, o ajudante, sucede-lhe como líder,

chefiando a conquista de territórios na Transjordânia e de Canaã.

3 Moisés percorreu regiões inóspitas, cujos mapas (atuais) mostram toda sua trajetória com explicações

geográficas. Disponível no site: <http://lipi0.multiply.com/?&=&preview=&item_id=20&page_start=2000>. Acesso em 01/05/2010.

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Na trajetória de Moisés, foram identificados: rios, desertos, mar, enfim uma longa

caminhada para se chegar a um lugar perfeito. Na realidade, povos e sociedades simples e

complexas passam suas experiências idealizando, construindo mentalmente ou transmitindo

por meio de tradições oral, escrita ou religiosa o sentimento e a perspectiva de se chegar ao

éden, passagem noroeste, terra sem-mal, ou seja, um mundo perfeito (TUAN, 1983).

A distinção entre o concebido na peregrinação pelo deserto e o mítico sugere uma

certa dificuldade de compreensão. O primeiro assoma como transposição do que fora captado

pelos crentes, porém, quando confrontado pessoalmente pode não ser fiel à formação do

legado (construção e adoração de ídolos); o lugar mítico, situado em um dos níveis mais

sofisticados do pensamento humano, diz respeito às terras extraordinárias, paradisíacas, bem

como aos projetos irrealizáveis, inacessíveis ou ainda cultivados como éden a ser alcançado

nessa ou em outra dimensão (TUAN, 1983; MELO, 2000, p. 93).

O êxodo bíblico ainda aborda a execução das leis do santuário (Êxodo 35 – 40) –

determinando: a coleta de material para a construção do santuário; as cortinas para o

santuário; a armação do santuário, a arca da aliança; a mesa de pães oferecida ao Senhor; o

candelabro, o altar do incenso; o altar do holocausto; a bacia; o átrio do santuário; as vestes

sacerdotais; a consagração do santuário. Em todas as etapas da viagem, os filhos de Israel

punham-se em movimento sempre que a nuvem se elevava acima do santuário; caso contrário

não saiam do lugar. Durante o dia a nuvem pousava sobre o santuário e à noite havia um fogo

dentro dele, que era visto por todos da casa de Israel, durante todo o percurso da viagem. Este

lugar sagrado aflorou nos peregrinos o sentimento humano buscando estabelecer uma ordem

com o universo, com tudo o que entende não estar sob seu controle e poder, com aquilo que

considera como superior a si próprio, como forma de conviver e integrar-se com a totalidade,

daí a utilização de símbolos, imagens e mitos (MARQUES, 2005).

É nesse contexto que se aborda o conceito de sagrado, que para Rosendahl (2002)

deve ser entendido a partir da correlação com o profano, sendo que o primeiro está

relacionado ao divino, ao sentimento religioso de adoração dedicado a um objeto comum,

enquanto o segundo é desprovido de qualquer reação neste sentido. Nesse diapasão, é possível

afirmar a existência de um ser humano religioso e um ser humano não religioso e embora o

sagrado importe mais para aquele, este traz na sua herança cultural fortes marcas e valores por

ser descendente daquele. “Não se aproximes daqui, disse o Senhor a Moisés, descalça as

sandálias; porque o lugar onde te encontras é uma terra sagrada” (Êxodo, III,5).

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O ser humano religioso sente necessidade de viver num espaço sagrado e conviver

com coisas sagradas, por isso constrói lugares e coloca objetos que sacraliza, ou seja, que

reveste de sentimento religioso, como ocorreu na viagem do povo judeu pelo deserto.

Ao analisar o sagrado e o profano em relação à existência humana e vida santificada,

Eliade (1999) pondera que o ser humano religioso assume um modo de existência específico,

pois busca santificar o mundo, acredita em uma origem sagrada, bem como na possibilidade

de a existência humana se potencializar, se for religiosa, e ainda no fato de que a imitação do

comportamento pode levá-lo a instalar-se junto dos deuses. O ser humano profano ao

contrário busca esvaziar-se de toda religiosidade, dessacralizar o mundo de seus antepassados,

libertar-se de crenças e superstições.

A vida de uma coletividade envolve crenças que se revelam nas condutas e se

materializam nas formas espaciais do cotidiano vivido, o que inclui a valorização, não só da

dimensão simbólica - significativa dessas condutas - como também da dimensão material,

reveladora dessas crenças e condutas.

Neste espaço os impulsos religiosos e crenças místicas acontecem de forma cada vez

maior. A religiosidade é, pois, a relação com o divino, ou seja, o modo como a pessoa se

conecta com o que acredita; por isso ela serve como intermediária entre a razão e as angústias

mais profundas das pessoas. Para Dürkheim (1999, p. 504):

Há na religião algo eterno destinado a sobreviver a todos os símbolos particulares nos quais o pensamento religioso se envolveu sucessivamente. Não pode haver sociedade que não sinta a necessidade de conservar e reafirmar, a intervalos regulares, os sentimentos coletivos e as idéias coletivas que constituem a sua identidade e personalidade.

Assim, a organização do sagrado no território de forma endógena constitui-se em uma

dinâmica móvel no espaço. A territorialidade do sagrado seria um espaço de representação e

apropriação simbólica de determinado espaço sagrado. O sagrado é fundamental para o

homem, na medida em que para ele a alma é imortal, e para viver bem na terra e apresentar-

se puro diante de Deus após a morte carnal esse homem serve-se de símbolos, ritos para a

celebração de festas e cerimônias religiosas (BORDIEU, 1989). Na época de Moisés, os

espaços sagrados e profanos acolhiam os judeus, seja para adorar a Deus ou para adorar os

ídolos.

2.2 O NOVO TESTAMENTO

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O Novo Testamento contém 27 livros e pode ser dividido em duas partes. A primeira

compreende os Evangelhos, que elaboram a história de Jesus, o Filho de Deus encarnado na

terra, sua vida pública e eventual morte e ressurreição. A segunda parte compõe-se de

inúmeras cartas de São Paulo e outros discípulos de Jesus divulgando seus ensinamentos.

Estes foram escritos à medida que o cristianismo era difundido no mundo antigo, refletindo e

servindo como fonte para a teologia cristã. Essa coleção influenciou não apenas a religião, a

política e a filosofia, mas também deixou sua marca permanente na literatura, na arte e na

música.

A coletânea de trabalhos que integram o Novo Testamento foi escrita em

momentos diferentes por seus vários autores. Os textos originais foram escritos a partir do

ano 42 d.C, em grego koiné, a língua franca da parte oriental do Império Romano, onde

também foram compostos. Fazem parte dessa coleção de textos as 13 cartas do apóstolo Paulo

(maior parte da obra, escritas provavelmente entre os anos 48 e 67 d.C), os evangelhos de

Mateus, Marcos, Lucas e João (narrativas da vida, ensino e morte de Jesus Cristo, conhecidos

como os Quatro Evangelhos), Atos dos Apóstolos (narrativa do ministério dos Apóstolos e da

história da Igreja primitiva), além de algumas epístolas católicas menores escritas por vários

autores e que têm como conteúdo instruções, resoluções de conflito e outras ortientações para

a igreja cristã primitiva. Por fim, o Apocalipse do apóstolo João (AZEVEDO; GEIGER,

2002)..

Segundo os evangelhos, Jesus nasceu em Belém da Judeia e passou a maior parte da

sua vida em Nazaré, na Galileia, sendo por isso chamado, às vezes, de Jesus de Nazaré ou

Nazareno. O título Cristo, portanto, confere uma perspectiva religiosa à figura histórica de

Jesus, que foi preso e crucificado. Ele celebrou sua última Páscoa judaíca juntamente com

seus apóstolos, pedindo que a partir daquele dia eles comessem o pão e tomassem o cálice de

vinho em sua memória, pois Ele entregaria o seu corpo e o seu sangue no lugar dos pecadores.

Seguiu-se então uma frenética sucessão de acontecimentos impressionantes, como o

jejum no deserto, durante quarenta dias e quarenta noites, o episódio das bodas de Caná, o

primeiro relato da manifestação do seu poder divino, a prisão e morte de João Batista por

ordem de Herodes Antipas e o episódio da mulher samaritana, entre muitos outros fatos

extraordinários. Saindo de Nazaré, em sua pregação itinerante e a realização dos freqüentes

milagres, Jesus foi da Samaria a Galileia e chegou a Cafarnaum, às margens do lago

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Tiberíades ou mar da Galileia, onde aconteceu o episódio da pesca milagrosa, e catequizou

seus primeiros apóstolos (MARQUES, 2005).

De suas pregações surgiram o simbólico e famoso Sermão da Montanha e suas

notáveis parábolas, com as quais transmitia sua doutrina ao povo e sacerdotes, convertendo

mais e mais seguidores. No período de seus 32 anos aconteceram os dois grandes milagres: a

multiplicação dos pães e dos peixes e a ressurreição de Lázaro. Também nesse período

estabeleceu o primado de Simão, a quem chamou Pedro, e em presença de Tiago e de João

realizou o prodígio da transfiguração e partiu para Jerusalém, a sede do governo da região.

De acordo com as leis romanas, Jesus foi flagelado e teve que carregar uma cruz até

a colina do Calvário, no monte Gólgota, onde foi crucificado.

Os lugares por onde Cristo pregou, realizou milagres, tornou-se para muitas pessoas

um lugar sagrado. O espaço sagrado é um campo de força e de valores que eleva o homem

religioso acima de si mesmo, que o transporta para um meio distinto daquele no qual

transcorre sua existência (ROSENDHAL, 2008). É o espaço sagrado, enquanto expressão da

crença, que possibilita ao homem entrar em contato com a realidade transcendente, com

Deus. Este homem religioso tem ainda a necessidade de se movimentar num mundo sagrado,

daí o seu imenso desejo de participar da construção do espaço sagrado (igrejas, santuários,

calvários, fontes milagrosas, lugares onde aconteceram milagres, etc.).

Além das escrituras sagradas, o catolicismo admite a tradição como fonte de

revelação, cujos conceitos da fé católica foram formulados pelos doutores da Igreja, os

concílios, os ensinamentos, a infabilidade do papa, permeados de símbolos, dogmas, culto aos

santos, variedade de ritos, principalmente da liturgia, constituindo-se uma das riquezas da

tradição católica, especialmente no domínio da celebração dos sacramentos e festas do

calendário cristão, via ou não peregrinações nas hierópolis ou cidades-santuário4.

As principais festas religiosas do catolicismo são: o Natal – ocasião em que se

celebra o nascimento de Jesus Cristo (comemorado todo 25 de dezembro de cada ano do

calendário gregoriano); o dia de Pentecostes – cuja celebração acontece 50 dias após a Páscoa

e recorda a descida e a unção do Espírito Santo aos apóstolos. Outras festas são realizadas no

coração das comunidades, onde há uma aliança com Deus e com as pessoas que vivem juntas,

4 Entende-se por santuário os lugares considerados sagrados por uma dada população regional, nacional ou de

vários países. Estes lugares, por sua vez estão focalizados, via de regra, em templos associados uma hierofonia.

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tornando o espaço comunitário um lugar do perdão, do crescimento, da libertação,

compreendendo-se e definindo-se os valores religiosos (VANIER, 1982).

Identifica-se, em um outro enfoque, que a tradição católica investiu-se de diferentes

formas de vida religiosa: as ordens religiosas e monásticas, os movimentos de espiritualidade,

o apostolado, o compromisso social e as missões. Todas essas formas foram organizadas e

hieraquizadas pela Igreja.

3. ASPECTOS GERAIS DA ORGANIZAÇÃO ECLESIAL DO CATOLICISMO

A organização eclesial do catolicismo é hierarquizada. Ela compreende quatro níveis.

O primeiro é a paróquia, que no contexto de territorialidade5 se faz por meio de um

profissional religioso, representante de seus paroquianos. Nela cada habitante se insere sem

grandes questionamentos e, na maioria dos casos, desenvolve uma forte identidade religiosa

com o lugar sagrado, favorecendo o exercício da fé e a vivência religiosa do sagrado, uma vez

que a unidade paroquial não é viável sem a presença de um profissional religioso

especializado - o sacerdote. A paróquia também é um lugar simbólico, onde o católico

desenvolve uma identidade religiosa com o lugar. Os símbolos encontrados no lugar sagrado,

no caso a igreja, também podem representar a conquista de um indivíduo, exprimindo sua

vida, significando tudo aquilo que as palavras não conseguiram dizer, mas que está vivo, e

assim contêm energias, forças que, ao serem reativadas6, materializam-se em imagens,

emoções e sons, recontando a vida interior desse ser humano (NASSER, 2003) e suas

esperanças na vivência de um mundo melhor.

A paróquia é a comunidade confiada a um pastor local - o vigário, que governa

fazendo às vezes de bispo: pois de algum modo representa a Igreja visível estabelecida por

toda a terra (SC. 42). Como comunidade local, nela está presente a Igreja de Cristo, o Povo de

Deus, o mistério da Ceia do Senhor (LG. 63). Dentro da comunidade da Igreja, a sua ação é

tão necessária que na realidade os leigos podem suprir o que falta aos seus irmãos e dão

5 A territorialidade pode ser entendida como um “conjunto de relações que se originam num sistema

tridimensional, sociedade, espaço e tempo em vias de atingir a maior autonomia possível e compatível com os recursos do sistema” (RAFFESTIN, 1993, p. 160), como também uma “junção de duas atitudes: fixação e mobilidade, podendo ser, os itinerários e os lugares” (BONNEMAISON, 2002, p. 99). Assim, a territorialidade é compreendida muito mais pela relação social e cultural que um grupo mantém com a trama de lugares e itinerários que constituem seu território do que pela referência aos conceitos habituais de apropriação biológica e de fronteira.

6 As lembranças, memórias, esperanças, orações, palavras, promessas, enfim tudo aquilo que o crente pode utilizar para estar em contato com o divino, para amenizar seu sofrimento ou realizar pedidos, objetivando tornar sua vida mais feliz aqui na terra.

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acento tanto aos pastores como aos fiéis. Alimentados pela participação ativa na vida da

comunidade, torna-se parte integrante das obras apostólicas, auxiliando na transmissão da

palavra de Deus, oferecendo seus serviços, tornando-se mais eficazes na cura das almas e

ainda servindo a administração dos bens da Igreja (AA, capítulo III, p. 383). A paróquia,

inserida na universalidade da Igreja, oferece um exemplo claro de apostolado comunitário.

Assim, cada coletividade integra-se em torno dos mesmos valores, crenças, símbolos,

mitos e ritos, impregnando de espírito e comportamento religioso as relações sociais e

consagrando espaços.

O segundo nível é formado pelos diáconos e leigos, que na prática, não substituem

inteiramente o padre. Numa paróquia, somente o sacerdote pode consagrar a hóstia, ouvir

confissões e administrar o sacramento da unção dos enfermos (conhecido antigamente como

extrema unção). Por outro lado, o diácono é capaz de assumir responsabilidades antes

concentradas na figura do padre. Para se tornar diácono, é necessário cumprir algumas

exigências e passar por um curso. As regras variam em cada diocese, mas no geral é preciso

ter mais de 35 anos, estar casado há pelo menos cinco anos, ter uma vida eclesial e

matrimonial exemplar e freqüentar durante pelo menos três anos de um curso de formação em

teologia. Além disso, a esposa precisa autorizar, por escrito, a ordenação. Em caso de

falecimento posterior da mulher, o diácono não pode se casar novamente. Em muitos casos, o

diaconato surge como uma alternativa para quem deseja, mesmo casado, participar da

estrutura da Igreja.

Diaconia quer dizer serviço, então o diácono é ordenado para servir. Faz parte do

ministério do Cristo Servo, que veio para servir e não para ser servido. O ministério do

diácono é voltado para o serviço à comunidade. A estola atravessada no peito mostra a

horizontalidade de suas funções. A Lumem Gentium (29) enfatiza que: servem o povo de

Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade. Na liturgia eucarística, o diácono tem

funções próprias: servir o altar, proclamar o Evangelho, fazer a homilia, quando autorizado

pelo padre, convidar para o abraço da paz, purificar os vasos sagrados e fazer a despedida.

São ainda funções do diácono: instruir e exortar o Povo de Deus e incentivar a participação

correta e efetiva da assembleia na divina liturgia; conservar e administrar a eucaristia;

administrar solenemente o batismo; assistir e abençoar o matrimônio; realizar o rito funeral e

da sepultura; administrar os sacramentais; atuar, preferencialmente na caridade; assistir a

comunidade carente; participar da administração diocesana ou paroquial (REEBER, 2002).

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O terceiro nível formado pela diocese é a porção do Povo de Deus, situada em um

território geográfico e num contexto sócio-cultural. Está organizada em paróquias, agrupadas

em foranias, com funções específicas, a saber: a) ser a imagem da Igreja de Cristo, una, santa,

católica e apostólica, na região onde se encarna, devendo evangelizar a população local e

cooperar na evangelização do mundo; b) promover a integração entre as paróquias, para que

possam caminhar sob as diretrizes da Igreja local, regional, nacional e internacional; c) formar

e renovar permanentemente os agentes de pastoral; d) oferecer serviços que dinamizem a

evangelização e a ação clerical (10º PLANO DIOCESANO DE PASTORAL - 2004 - 2007, p.

72). O bispo é também a autoridade máxima da Igreja particular local em jurisdição e

magistério. Aos bispos compete ministrar o sacramento da ordem de modo exclusivo e

também, na Igreja, o sacramento da crisma. Ordenar presbíteros e diáconos, bem como

conferir ministérios, são funções exclusivas do bispo. Conforme o Código de Direito

Canônico, "os Bispos que, por divina instituição, sucedem aos Apóstolos, são constituídos,

pelo Espírito que lhes foi conferido, pastores na Igreja, a fim de serem também eles mestres

da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros do governo" (Cân. 375 §1).

No quarto nível encontra-se a conferência episcopal, o colegiado dos bispos. A

Conferência Episcopal dentro da Igreja Católica, é uma instituição de carácter permanente,

que consiste na assembleia do bispos de uma nação ou território determinado, que exercem

unidos algumas funções pastorais a respeito dos fiéis de seu território7, para promover

conforme à norma do direito o maior bem que a Igreja proporciona aos homens, sobretudo

mediante formas e modos de apostolado convenientemente acomodados às peculiares

circunstâncias de tempo e de lugar. Pelo direito, pertencem à Conferência Episcopal todos os

bispos diocesanos do território e quem se lhes equipassem no direito, bem como os bispos

coadjutores, os bispos auxiliares e os demais bispos titulares que, por encargo da santa Sé ou

da Conferência Episcopal, cumprem uma função peculiar no mesmo território; podem ser

convidados também por ser ordinários de outro rito, mas só com voto consultivo, a não ser

que os estatutos da Conferência Episcopal determinem outra coisa. As conferências

episcopales têm uma longa existência como entidades informais, mas foram estabelecidas

como corpos formais pelo Concilio Vaticano II 8

7 A formação do território pode advir de lugares contíguos e de lugares em rede. São, todavia, os mesmos

lugares que formam redes e que formam o espaço banal. São os mesmos lugares, os mesmos pontos, mas contendo simultaneamente funcionalizações diferentes, quiçá divergentes ou opostas (SANTOS, 1994, p. 18).

8 Disponível no site: http://www.suapesquisa.com/pesquisa/papa.htm. Acesso em 02/06/2010.

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No cume da hierarquia da Igreja Católica está o Papa, que é o chefe da Igreja e pode

reunir o sínodo dos bispos e também convocar um concílio. O papa, também conhecido como

Sumo-Pontíficie é a autoridade máxima na hierarquia da Igreja Católica Apostólica Romana.

Ele vive no Vaticano (Estado independente), situado dentro da cidade italiana de Roma9. De

acordo com a doutrina e crença católica, o papa é o sucessor de São Pedro - “pai” da Igreja

Católica e primeiro papa. Em função dessa consideração, os seguidores do catolicismo tratam

o papa por “Sua Santidade” (MARQUES, 2005). O papa costuma visitar os países com o

objetivo de levar para as pessoas as crenças católicas. Transmite também mensagens e

princípios do cristianismo como, por exemplo, paz entre os povos, caridade, harmonia e

respeito. Ele normalmente faz discursos contra as guerras e situações que envolvem práticas

violentas. Como ele também é o bispo de Roma, utiliza uma vestimenta composta de um

hábito branco e chapéu de abas largas. Porém, em ocasiões especiais costuma vestir a tiara,

uma vestimenta bem trabalhada. O poder do papa passa para outro quando ele morre ou sua

doença o incapacita para a função. Nestes casos, ocorre uma reunião de cardeais, conhecida

como conclave, que escolhe, através de uma votação, o novo papa. Atualmente o papa que

dirige a Igreja Católica é Bento XVI, que sucedeu João Paulo II, que morreu em outubro

2005.

4. OS RITOS, OS SÍMBOLS E AS REPRESENTAÇÕES DO CATOLICISMO

Os ritos são um conjunto de práticas simbólicas por meio das quais o homem entra

em contacto com o sagrado, transcendendo a sua condição profana. Estes ritos devem ser

executados com grande rigor, caso contrário terá funestas consequências.

Os ritos evocam quase sempre acontecimentos sobrenaturais ligados à origem do

mundo ou da própria religião. A sua repetição é vivida como uma atualização desses

acontecimentos memoráveis. Repetem-se os mesmos gestos ou pronunciam-se as mesmas

palavras que em tempos imemoriais uma personagem divina realizou.

Os rituais são testemunhos públicos das crenças de uma dada comunidade, que ao

praticá-los não apenas reforça a sua unidade, mas também os sentimentos de pertença dos

9 O Vaticano ou Cidade do Vaticano, oficialmente Estado da Cidade do Vaticano (italiano: Stato della Città del

Vaticano), é uma cidade-estado soberana sem costa marítima cujo território consiste de um enclave murado dentro da cidade de Roma, capital da Itália. Com aproximadamente 44 hectares (0,44 km²) e com uma população de pouco mais de 800 habitantes, é o menor estado do mundo, tanto por população quanto por área. É a cidade mai s visitada do mundo pelos católicos e não católicos.

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seus membros. O que estabelece o rito é a identidade que, através das manifestações

exteriores que congrega a comunidade religiosa (BORDIEU, 1989). Dessa forma, a religião

pode ser definida como o conjunto das atitudes e atos pelos quais o homem se prende, se liga

ao divino ou manifesta sua dependência em relação a seres invisíveis tidos como

sobrenaturais.

De acordo com o sociólogo francês Émile Durkheim (1999), os fenômenos religiosos

podem ser classificados em duas categorias fundamentais: as crenças e os ritos. As primeiras

caracterizam-se por serem estados de opinião e consistem em representações; os segundos são

modos de ação determinados. Toda religião supõe uma classificação das coisas, reais e ideais,

em duas categorias ou gêneros opostos: profano e sagrado.

Em determinados ritos, certos alimentos adquirem um significado sagrado, como o

pão e o vinho na eucaristia católica. O jejum e a abstinência de carne também fazem parte dos

ritos religiosos ligados ao consumo de alimentos.

Os elementos de significação do catolicismo são: o monopólio da verdade; modelo

da vida dos santos; profecia do futuro; controle do clima; alívio aos doentes; proteção a

incêndios e inundações; intercessões aos santos; benzimento (água, sal e pão); talismãs e

amuletos (agnus-dei, medalhas, versículos do evangelho); o rosário; o sinal da cruz (1591); os

sinos da igreja; o jejum; as velas sagradas; moedas doadas ao ofertório; o escapulário (tira de

pano que padres, frades e freiras usavam de certas ordens pendentes sobre o peito); juramento

sobre a Bíblia Católica (KEITH, 1991). Todas essas manifestações são desenvolvidas

principalmente em lugares sagrados.10

As representações ritualísticas estabelecem um contato direto do fiel com o santo

(imagem, estampa), existindo um modo contratual (a promessa) em que o fiel pede uma graça

ao santo, obrigando-o a um ato de culto pelo qual o santo seja recompensado pela graça

alcançada (OLIVEIRA, 1985).

Várias são as representações do catolicismo popular: as novenas, as promessas, as

romarias, as representações teatrais, as orações leigas, as benzeções e pedidos, entre outras.

As representações e relacionamentos desenvolvem eficazmente a solidariedade grupal, em

que as pessoas pedem conjuntamente pela paz, saúde, felicidade, contextualizando o capital

social da comunidade onde tais representações acontecem.

10 O gripo nas palavras do parágrafo assinalam a conexão da geografia com o sagrado.

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O sagrado pode ser visto, também, como elemento de caracterização e diferenciação

de lugares atribuindo um significado desvinculado da esfera econômica, mas vinculado à

esfera do simbólico (ROSENDAHL, 2002).

A experiência religiosa, mesmo sendo subjetiva, contribui para a vida social, na

medida em que motiva atitudes e comportamentos coletivos referentes ao sagrado, as formas

espaciais resultantes exercem influência sobre a vida cotidiana da sociedade. A paisagem do

sagrado, sua ligação com a religião é a expressão observável, pelos sentidos da lógica

estabelecida pelas crenças e manifestada nas ações do devoto, nos lugares sagrados. Através

da paisagem torna-se possível resgatar os significados da prática de um culto religioso que

impõe sua marca no espaço-tempo, e avaliar a força de impacto da espiritualidade na vida das

pessoas e da paisagem e, como também observar e interpretar os efeitos dialéticos da

materialidade construída sob a vida espiritual dos devotos. Por outro lado, “a paisagem é a

materialização de um instante estático da sociedade e, o espaço, um instante da sociedade que

contém o movimento” (SANTOS, 1994, p. 72).

O comportamento religioso é direcionado pelo imaginário intuitivo e pelo sentimento

religioso e emocional, revelando-se como sagrado, sob formas materiais e imateriais no

contexto da territorialidade.

A historiografia atual tem demonstrado a importância do estudo das religiões e das

práticas religiosas em diversas sociedades, desdobrando-se em tendências inovadoras de

interpretações dessas manifestações. Assim, a religião como visão de mundo deve ser

entendida como fenômeno religioso, estabelecendo articulações com as demais formas de

representação nas diferentes estruturas e organizações sociais. Tais relações acontecem entre

o individual e o coletivo, e se revestem de variadas formas de poder (CASTILHO et al.,

2004).

As formas singulares das culturas são capazes de levar a uma comunidade mitos,

ritos, devoções populares, presentes na vida do homem como categoria fundante de sua vida

terrena. Os mitologemas11 são unidades simbólicas, que sustentam o mito e cuja fecundidade

11 Mitologema - é um elemento ou tema isolado em qualquer mito. Os temas da ascensão ou declínio são

mitologemas. A busca do heroi reúne dois mitologemas: o heroi e a busca, e cada um possui uma linhagem e um significado separados. Ao mesmo tempo, engrandecem um ao outro. A partir da análise do mito -compreendido como imagem psicodinâmica, como cenário pessoal e como um sistema de valores tribal. James Hollis aponta caminhos para tornarmo-nos conscientes do movimento do invisível. O outro mundo, o mundo invisível existe e está personificado no mundo visível. A história e o indivíduo são as manifestações dessas energias, os meios pelos quais os deuses podem tornar-se conhecidos em toda a sua autonomia real (HOLLIS, 2005).

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não se esgota nos elementos usados para expressá-los em um terminado mito ou em uma

determinada constelação de mitos (HOLLIS, 2005).

5. AS PEREGRINAÇÕES

As peregrinações são uma tradição em quase todas as religiões. Elas se caracterizam

como uma jornada empreendida por motivos religiosos a um lugar tido como sagrado ou

milagroso, com o fim de cumprir um rito ou uma promessa, pedir uma graça ou agradecer um

favor recebido. O costume de peregrinar existe em quase todas as religiões tradicionais. Seu

fundamento é o de que em determinados lugares à divindade concede influxos e benefícios

especiais.

Estes movimentos adquirem importância fundamental quando ligadas às relíquias

sagradas, imagens (a proteção dos santos conferia um sentido de identidade e existência

corporativa a pequenas instituições que, do contrário, seriam indiferenciadas), o poder mágico

das ave-marias e pais-nossos, castigos para os roubos sacros, invocação a Deus individual e

coletiva: procissões, rezas, terços, orações etc.

Nessa trajetória, surgiram crenças ligadas aos sacramentos da Igreja: a missa (o ritual

era o encantamento: curas, ofertas; a hóstia (iniciou-se a construção de santuários fechados

para guardar a hóstia, a fim de protegê-la da curiosidade do público) – poder sobrenatural:

curas, milagres; os óleos, as hóstias e a água benta eram guardados a sete chaves; o batismo –

primeira semana de nascimento; a crisma).

No contexto das peregrinações coletivas encontra-se a romaria que é uma

peregrinação religiosa feita por um grupo de pessoas a uma igreja ou local considerado santo,

seja para pagar promessas, agradecer ou pedir graças, ou simplesmente por devoção, podendo

ser feita a pé ou em veículos12. O nome do termo é uma referência a Roma, sede da Igreja

Católica Apostólica Romana, e por esse motivo é usada para classificar especialmente

peregrinações católicas. Aquele que pratica a romaria é o romeiro.

Nessas perigrinações, o território mítico é um local onde os extremos se tocam

(humano e divino), no qual o homem encontra fundamento em seu sofrimento passando a

entender as pessoas e a situação em que se encontra, o que implica em purificação libertadora

de forças capazes de revelar e fazer o humano.

12 Na Região Nordeste do Brasil é comum o uso de pau-de-arara para transportar romeiros.

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Contudo nesta experiência ainda intervêm valores que algum modo lembram a

experiência religiosa no espaço, como por exemplo: locais privilegiados que recordam

experiências únicas vividas no passado considerado ‘lugares sagrados’ do universo privado.

Como se fora em tais locais que um ser não-religioso tivesse a revelação de uma outra

realidade, diferente do cotidiano.

Na visão da Igreja Católica a religião era um acompanhamento para os

acontecimentos da vida e um método ritual de vida, não um conjunto de dogmas. Os teólogos

da IC pós-reforma pregavam que nada neste mundo poderia ocorrer sem a permissão de Deus.

Nenhum mal recaía sobre um cristão a menos que houvesse a permissão de Deus. O sacrilégio

era punido: roubo dos santuários; violação dos bens da igreja; profanação dos templos e

santos locais; apropriação das terras da Igreja e dos monastérios; Os sacrilégios eram

acompanhados de infortúnio, pobreza, infelicidade, perda dos bens. A cruz de madeira e a

imagem de gesso são exemplos de objetos que para o ser humano não religioso são apenas

madeira e gesso, mas para aquele que crê adquire significado de instrumento de ligação com o

divino.

No universo católico, além da Terra Santa, os maiores centros de peregrinaçäo säo a

cidade de Roma e o Vaticano, os grandes Santuários marianos de Lourdes (França) e Fátima

(Portugal), a casa da Sagrada Família em Loreto (Itália), transportada miraculosamente por

anjos.

Para o homem religioso, a manifestação do sagrado pode estar contida num objeto,

pessoa e em lugares e a natureza está sempre carregada de um valor sagrado. A palavra

sagrado por si só - é um conceito religioso.

Acredita-se que a graça divina é especialmente poderosa nos lugares visitados por Jesus Cristo, pelos santos ou pela Virgem Maria, lugares nos quais eles apareceram em visões ou onde estão guardadas as suas relíquias. Os principais centros de peregrinação incluem Jerusalém, Roma e Lourdes, além de centenas de outros centros de convergência religiosa cristã espalhados pelo mundo.(ROSENDAHL, 2008, p.56-57).

Os padrões de transformações impostas pelas atividades religiosas em sua maior ou

menor impressão no espaço, estão relacionados com os aspectos culturais da comunidade de

modo que o espaço pode ser percebido de acordo com os valores simbólicos ali representados.

A princípio tudo é potencialmente sagrado, mas apenas em alguns lugares o potencial é

realizado, o que os difere dos demais lugares é que pode ser atraente ou considerado maldito.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Igreja Católica, portanto, deve ser reconhecida como um elemento de produção do

espaço, bem como o sustentáculo de construções de ideias de uma sociedade, suas formas de

organização e autoridade (religiosa), com suas crenças, valores e símbolos.

Apesar das condenações e perseguições levadas a cabo pelos governantes romanos, a

mensagem de fraternidade do cristianismo, sua invocação a uma vida simples e moral, e sua

promessa de imortalidade favoreceram a rápida expansão da nova religião, julgada a princípio

apenas como mais um dos credos salvacionistas orientais que se disseminavam pelo Império

Romano. No final do século I, o Novo Testamento já estava escrito e os fundamentos básicos

da igreja cristã, em particular a universalidade e a exigência de unidade doutrinária, orgânica

e sacramental, se encontravam fixados.

O crescimento do cristianismo nos séculos seguintes não foi, no entanto, isento de

polêmicas. Surgiram diversas heresias, como o gnosticismo cristão e o arianismo, e houve

uma intensa controvérsia entre aqueles que, inspirados no apóstolo Paulo, pretendiam

recuperar os elementos do pensamento grego que tinham afinidade com o espírito cristão, de

que são exemplos Orígenes e Clemente de Alexandria, e os que rejeitavam radicalmente a

especulação filosófica por seu suposto caráter pagão, como Tertuliano13.

A essência sobrenatural do cristianismo é a fé num único Deus verdadeiro e

transcendente, revelado por Cristo, mas essa realidade fundamental se cristaliza em

numerosas crenças que originam um conjunto de rituais e práticas cotidianas. No curso de sua

história, inspirada no que aceita ser a palavra de Jesus e com auxílio da fé e da graça, em dons

sobrenaturais concedidos por Deus aos homens para que possam se elevar até ele, a igreja

fixou um conjunto de práticas e crenças. Algumas delas, como os dogmas e os sacramentos,

constituem pilares doutrinários fundamentais, enquanto outras, como a liturgia e as devoções,

por exemplo, podem variar em sua forma externa de acordo com as circunstâncias históricas e

sociais sem alterar por isso a essência indivisível.

Dessa forma, a política espacial da igreja católica caminha no sentido de satisfazer o

sentimento religioso de seus filiados, onde o processo de cristianização converte a população,

constroi igrejas e centros religiosos, dividindo o lugar em muitas paróquias, recobrindo com

uma fina malha o território espacial.

13 Disponível no site: http://www.suapesquisa.com/pesquisa/papa.htm. Acesso em: 02/06/2010.

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A noção de território no contexto da história social é imprescindível para se

restabelecer uma relação entre identidade cultural e controle espacial (territórios em rede)

marcando assim o lugar sagrado onde os peregrinos fazem as suas preces.

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