0912493 2011 cap 1 - DBD PUC RIO ra de diferenciar o que foi uma construção coletiva, seja na...
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1. Introdução O presente trabalho (desenvolvido no Laboratório de Investigação em Liv-
ing Design da PUC-Rio, sob a orientação de José Mendes Ripper) analisa a intro-
dução de inovações tecnológicas na área de adesivos e selantes à base de poliure-
tano de origem vegetal no processo de construção de embarcações de lazer.
No primeiro capítulo são apresentados os motivos que me levaram a esta
pesquisa. Demonstro minha experiência na área e minha motivação pessoal pelo
assunto, bem como sua expansão para uma escala maior. O campo de trabalho da
pesquisa é definido e apresentado.
No segundo capítulo discorro sobre como realizaremos a pesquisa e des-
crevo os métodos do laboratório. Apresento o recorte sobre a área de atuação e
exponho os motivos que levaram a essa escolha. Defino o objetivo, explico por
quê e demonstro como atingi-lo. Falo da imersão no LILD, das diferentes frentes
do trabalho e das experiências com os materiais. Além de refletir sobre a escolha
do projeto a ser construído.
O terceiro capítulo faz uma breve revisão histórica da evolução dos
adesivos e das técnicas de laminação em madeira e aponta suas relações com o
design e a construção naval. As oportunidades e condições para a inovação são
apresentadas.
O capítulo seguinte apresenta as opções de materiais adotados na pesquisa
e sua disponibilidade no mercado, formal e informal. Apresenta, também, as ca-
racterísticas e indicações de cada resina segundo o fabricante, especificando seu
uso na construção de uma embarcação de lazer. Segue adiante falando sobre o ma-
terial das placas do recheio dos sanduíches e termina discorrendo sobre como e
onde as fibras naturais foram usadas. As fichas técnicas dos materiais, quando
disponíveis, encontram-se no anexo.
O capítulo cinco trata da construção do barco, descrevendo seu processo
construtivo, as etapas envolvidas e fazendo uma reflexão sobre os erros e acertos e
suas consequências para a tomada de decisões ao longo do processo. Um de-
talhamento minucioso da construção de cada elemento é apresentado.
A documentação do processo foi elaborada tendo como referência o estudo
etnográfico ‘Hooper Bay Kayak Construction’ onde David W. Zimmerly faz um
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criterioso e belo registro da construção de um caiaque tradicional skin-on-frame,
do estreito de Behring. Contudo, nossa pesquisa não se caracteriza como um estu-
do antropológico: além da observação e documentação, tive sempre que rever os
processos e fazer uma análise crítica de seu desempenho na construção. Para isso
utilizei a metodologia que me foi apresentada por Ian Dunford, meu mestre na
construção naval, um relato pessoal analisando erros e acertos e descrevendo o
aprendizado na construção do barco1.
No capítulo seis, listo e descrevo as atividades realizadas no LILD em par-
alelo à pesquisa, durante o período entre janeiro de 2009 e outubro de 2011.
No último capítulo faço considerações sobre o resultado obtido, os erros e
os acertos ao longo do processo, possíveis ajustes e modificações e aponto desdo-
bramentos e possibilidades futuras.
Na pesquisa, os pensamentos de Gui Bonsiepe e Victor Papanek, dois
críticos da subserviência do design às demandas do mercado e da propaganda e
defensores de uma atitude projetual consciente, crítica e transformadora são
trazidos como referência. O trabalho teórico do geógrafo Milton Santos, utilizado
como fundamentação em pesquisas no LILD, foi importante para entendimento da
relação entre a técnica e a construção do espaço e de como o ‘globaritarismo’ uni-
versaliza e massifica as técnicas que detém. Com os pensamentos de Darcy Ri-
beiro e Gilberto Freyre, meu senso de brasilidade foi renovado, apontando a ne-
cessidade de se pensar nossa realidade ao buscar um modelo de desenvolvimento
social, econômico e tecnológico. O referencial bibliográfico conta, ainda, com di-
versas publicações técnicas na área de saúde ocupacional, construção naval,
compósitos, adesivos e selantes, além de dissertações de colegas.
Busquei trabalhar o texto de forma fluida, procurando tratar os conceitos e
as relações estabelecidas de forma autoral, sem abusar de citações. Adotei o
formato de um relato pessoal que, mesmo sendo um trabalho científico, se
apresenta carregado de emoção dada minha relação com o tema.
Em alguns momentos escrevo na primeira pessoa do singular enquanto em
outras utilizo a primeira pessoa do plural. Essa escolha foi a forma encontrada pa-
1 A documentação do trabalho no barco da escola recebeu destaque na Uni-
versidade (UNITEC, Nova Zelândia). Acabou publicado numa revista mensal in-
terna e apresentei-o numa palestra para os professores.
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ra de diferenciar o que foi uma construção coletiva, seja na construção do objeto
propriamente dito, seja no debate de idéias, de processos e decisões individuais.
Utilizo linguagem simples e direta pois espero que esta dissertação extrapole os
meios acadêmicos possa servir como um manual para aqueles que queiram se
aventurar na construção com estes materiais e técnicas.
Utilizo muitos termos em inglês dada a minha educação na construção na-
val ter sido realizada na Nova Zelândia. O barco escolhido para a construção, uma
canoa polinésia, se caracteriza como uma evolução de um barco ancestral do Pací-
fico, possuindo nomes próprios para os componentes. Utilizo tanto os termos orig-
inais como sua tradução para portugês e para o inglês, os revezando em busca da
fuência no texto. Um pequeno glossário com os termos da construção naval uti-
lizados se encontra em anexo.