1 Leishmaniose Visceral
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Leishmaniose Visceral
Roberta Oriana
Histórico
Em 1903 – Leishman evidenciou numerosos corpúsculos arredondados na necropsia de soldado britânico - febre, esplenomegalia, caquexia e disenteria
Donovan – microorganismo na punção esplênica de jovem com quadro clínico semelhante
Ross (1903) – nomeou Leishmania donovani
Distribuição geográfica
90% dos casos: Bangladesh, Ìndia, Nepal, Sudão e Brasil
500.000 casos novos/ano Casos notificados na América Latina: 90%
provenientes do Brasil A Leishmania chagasi é a espécie mais
frequente na América do Sul Aumento dos casos notificados e da
urbanização da doença
Considerações
Aumento gradativo da letalidade De 3,6% em 1994 para 6,7% em 2003 Novembro de 2004 – aumento de 26% Fatores de risco: hemorragias e complicações
infecciosas Identificar precocemente os marcadores de
mau prognóstico na LV evitar a evolução clínica desfavorável
Ciclo de vida do parasita
Comportamento dimórfico – formas promastigota e amastigota
Forma promastigota – móvel, flagelada e extracelular, encontrada no intestino do vetor (hospedeiro invertebrado)
Forma mastigota – intracelular, não móvel, encontrada no hospedeiro vertebrado
Fisiopatologia
Interação resposta imune x leishmania Ativação das defesas celulares locais Afluxo de células fagocitárias –
macrófagos Ação dos neutrófilos – fagocitose Migração dos macrófagos
disseminação
Fisiopatologia
Virulência do parasita Resposta imune geneticamente mediada Imunidade celular x evolução clínica Fenótipo Th1 resposta celular efetiva,
com produção de IFN-gama e IL 2 Fenótipo Th2 ausência de IFN-gama,
com evolução desfavorável
Fisiopatologia
produção linfócitos T citotóxicos de IL-2 e INF-γ Ativação policlonal de linfócitos B imunoglobulinas de IL-10 – “fator imussupressor” Resposta imunológica desfavorável
casos mais graves óbito
Anatomopatologia
Reticuloendoteliose parasitária – (1934 por Pittaluga)
Baço, fígado e medula óssea Baço – fibrose, focos hemorrágicos,
hiperplasia do SER, congesto Fígado – degeneração gordurosa, noz
moscada, hiperplasia células de Kupffer, fibrose de Rogers
Medula óssea – hiperplasia funcional
Anatomopatologia
Pele – leishmaniose dérmica (pápulas e nódulos) – Índia e China
Pneumonite intersticial – 77% Adenomegalia generalizada - Sudão Intestino – infiltrado inflamatório Nefrite intersticial e glomerulonefrite
mesângio - proliferativa
Quadro clínico
Tríade clássica: Febre, esplenomegalia e anemia
Hepatomegalia Epistaxe, gengivorragias, equimoses,
petéquias e hemorragias retinianas Hiperpigmentação da pele – Índia Diarréia e dor abdominal Perda de peso, cabelos secos, alopécia
Diagnóstico
Hemograma: anemia, leucopenia com neutropenia, plaquetopenia, linfocitose relativa e eosinopenia (PANCITOPENIA)
Inversão albumina/globulina albumina sérica globulinas – fração gama Discreto aumento das transaminases EAS – proteinúria, piúria e hematúria
Diagnóstico
Mielograma – método padrão-ouro amastigotas em aspirado de medula
Sensibilidade – 70% a 85%
Técnica simples e de baixo custo
Punção da crista ilíaca posterior Aspirado esplênico – risco de hemorragia(positividade 96%- 98%)
Diagnóstico
Cultura de leishmania – custo elevado e resultado demorado
Reação de Montenegro Sorologia – Reação de imufluorescência
(≥ 1:80) PCR – detecção do DNA de leishmania Método sensível, rápido e específicoBastante caro
Diagnóstico diferencial
Salmonelose septicêmica prolongada Toxoplasmose disseminada Febre tifóide Malária Mononuleose infecciosa Linfoma Leucemia (LMA)
Normas e condutas do Programa de Vigilância e
Controle da LV
Caso suspeito de LV: Febre + esplenomegalia áreas com
ocorrência de transmissão de LV
Febre + esplenomegalia áreas sem ocorrência de transmissão, descartados os diagnósticos diferenciais mais frequentes
Normas e Condutas
Caso confirmado de LV:
Critério clínico laboratorial – confirmação parasitológica ou confirmação sorológica
Critério clínico epidemiológico – caso suspeito com resposta ao teste terapêutico
Indicações de internação
Sinais de gravidadeSinais de alerta Alterações laboratoriais
Sinais de alerta na LV
Crianças entre 6 meses e 1 ano de idade Adultos entre 50 e 65 anos Suspeita de infecção bacteriana Recidiva ou reativação de LV Diarréia ou vômitos Edema localizado Febre há mais de 60 dias
Sinais de gravidade na LV
Idade < 6 meses > a 65 anos Icterícia Edema generalizado Sinais de toxemia Desnutrição grave Presença de co-morbidades, inclusive
infecção bacteriana
Sinais de Toxemia
Alteração na perfusão de órgãos Má perfusão periférica Alteração da consciência Taquipnéia Taquicardia ou bradicardia Hipotensão Oligúria Coagulopatia
Alterações laboratoriais
Leucócitos < 1000/mm3 ou neutrófilos ≤ 500/mm3
Plaquetas < 50000/mm3 Hemoglobina ≤ 7g/dl Creatinina sérica > de 2x o maior valor
de referência
Alterações laboratoriais
Atividade de protrombina < 70% Bilirrubina acima do maior valor de
referência Enzimas hepáticas > de 5x o maior valor
de referência Albumina < 2,5 g/dl
Antibioticoprofilaxia
Crianças < de 2 meses Neutrófilos < 500 células/mm3 Ceftriaxona – 75 - 100 mg/kg/dia e
oxacilina 100 – 200 Kg/dia
Antibioticoterapia
Quadro infeccioso definido Sinais de toxemia Ceftriaxona 100mg/kg/dia (ou cefepime –
50 mg/kg 3x) e oxacilina 200mg/kg/dia ATENÇÃO Solicitar hemoculturas,
urocultura , RX de tórax e bacterioscopia e cultura de secreções
Suporte hemoterápico
Concentrado de hemácias:
Hgb < 7 g/dl ou hematócrito < 21%
Repercussões hemodinâmicas
Dose: 10 ml/kg até 30 Kg ou 300 ml > de 30 kg
Sangramentos 2 ou mais transfusões de 12/12 horas
Tempo transfusional 2 horas (não ultrapassar 4 horas)
Suporte hemoterápico
Concentrado de plaquetas:Transfusão profiláticaPlaquetas < de 20000/mm3Procedimentos invasivos < 50000/mm3Transfusão terapêutica Sangramentos com plaquetas <
50000/mm3 Dose: uma unidade para cada 7 a 10 kg
(se necessário repetir após 3 dias )
Suporte hemoterápico
Plasma fresco congelado: Sangramentos graves não controlados
após transfusão de plaquetas Tempo de protrombina > de uma vez e
meia o valor de controle normal Dose: 10 a 20 ml/kg de 8/8 horas ou de
12/12 horas Hipoalbuminemia e edema diurético
Suporte hemoterápico
Vitamina K
Icterícia com TAP < 70%
Dose: 1 a 5 mg a cada 24 horas (3 dias)
Deve ser continuado até que TAP >70%
Tratamento específico
Antimoniato de N-metil glucamina – 20 mg/kg/dia (30 dias )
Desoxicolato de anfotericina B – 1mg/kg/dia em dose única diária por 14-20 dias consecutivos
Anfotericina B lipossomal -3 mg/kg/dia durante 7 dias ,em dose única
Antimoniato de N-metil glucamina
INDICAÇÃO: PACIENTES SEM SINAIS DE GRAVIDADE
ATENÇÃO Monitorar função hepática, renal, amilase, lipase e ECG
CONTRA-INDICADO: Insuficiência renal, transplante renal e gestantes
Nefrotoxicidade, cardiotoxicidade, pancreatite, hepatotoxicidade
Desoxicolato de anfotericina B
É a droga leishmanicida mais eficaz PRIMEIRA ESCOLHA: recidivantes,
sinais de gravidade, sinais de toxemia, gestantes, falha terapêutica
Monitorar função renal, potássio, ECG e magnésio
Nefrotoxicidade e cardiotoxicidade
Anfotericina B lipossomal
Menor toxicidade Custo elevado INDICAÇÕES: Falha terapêutica ou
toxicidade ao desoxicolato de anfotericina B, insuficiência renal, transplantados renais
Critérios de cura
Essencialmente clínicos Desaparecimento da febre Redução da hepatoesplenomegalia Melhora hematológica Normalização das proteínas séricas Melhora do estado geral, ganho de peso Presença de eosinófilos bom
prognóstico
Acompanhamento
Deve ser acompanhado por 12 meses Se permanecer estável clinicamente
curado Notificação compulsória
Profilaxia
Diagnóstico e tratamento precoces Controle do reservatório Controle vetorial