Sintomas de Diabetes, Diabete Tipo 1, Diabetes Causas, Plantas Medicinales Para La Diabetes
`1 SBRV Diabetes
Transcript of `1 SBRV Diabetes
ÍNDICE
Introdução
Epidemiologia
e Fisiopatogenia
Classificação
Propedêutica
Orientação Terapêutica
Bibliografia
06
08
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16
24
05Retinopatia DiabéticaParecer da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo04
Presidente: Arnaldo Pacheco Cialdini
Vice-Presidente: Mario Martins dos S. Motta
Secretário-Geral: Andre Marcelo Vieira Gomes
Tesoureiro: Alexandre Chater Taleb
Vice-Presidente regionais:
Norte: Theodomiro Lourenço Garrido Neto
Nordeste: Fabio Ribas Matos e Silva
Centro-Oeste: Alípio de Souza Neto
Sudeste: Magno Antonio Ferreira
Sul: Antonio Marcelo Barbante Casella
Diretor de Comunicação: Acácio Muralha Neto
Diretor de Cursos: Eduardo Cunha de Souza
Diretor de Publicação: José Augusto Cardillo
Diretor de Assuntos Profissionais: Leiria de Andrade Neto
Diretor de Assuntos Internacionais: Miguel Haje Amaro
DIRETORIA
07Retinopatia Diabética
O pronunciamento da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo sobre
a retinopatia diabética foi estimulado pelo fato de esta ser a doença
retiniana mais freqüente e a principal causa de cegueira em pessoas
em idade produtiva (16 a 64 anos). A doença possui fatores de risco
conhecidos, história natural estabelecida e um período assintomático
no qual o diagnóstico e o tratamento podem ser realizados,
preenchendo os critérios de Wilson-Jungner para rastreamento
de doenças ao nível de saúde pública.
Essa complicação tardia é comum nos indivíduos diabéticos, sendo
encontrada após 20 anos de doença em mais de 90% dos casos com
diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e em 60% dos de tipo 2 (DM2), muitos
com formas avançadas com grande potencial de cegueira, mas ainda
assintomáticos.
O risco de perda visual e cegueira são reduzidos com a detecção
precoce, quando as alterações irreversíveis na retina ainda não estão
presentes, com estabilidade do quadro metabólico desde que
o paciente tenha acesso ao tratamento em tempo adequado.
O exame periódico e o tratamento da retinopatia não eliminam todos
os casos de perda visual, mas reduzem consideravelmente o número
de pacientes cegos pela doença.
INTRODUÇÃO
Parecer da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo06
09
A gravidade da retinopatia diabética aumenta com o inadequado controle
glicêmico e o tempo da doença. Pessoas com DM1 têm maior risco
de desenvolver retinopatia do que diabéticos tipo 2. Dentre os fatores
que podemos modificar, o controle e estabilidade glicêmica são os de
maior impacto.
O Diabetes Control and Complications Trial (DCCT) demonstrou que a terapia
insulínica intensiva, com controle glicêmico adequado, resultou em redução
de 76% no risco de surgimento da retinopatia, e redução da pregressão de
54% nos pacientes com esta complicação já presente(1). De maneira geral,
para cada 1% de redução da hemoglobina glicada ocorre uma diminuição de
risco de aparecimento da retinopatia de 35% e de progressão de 39%(2).
A continuação do DCCT através de um estudo de observação, o Epidemiology
of Diabetes Interventions and Complications (EDIC), demonstra a persistência
dos benefícios da obtenção do controle glicêmico adequado e precoce na
EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOGENIA EPIDEMIOLOGIA
08 Parecer da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo
progressão da retinopatia, com diminuição de 75% do risco após quatro anos
nos pacientes alocados no grupo de terapia insulínica intensiva no DCCT.
Esse fato foi observado apesar de não haver mais diferença entre os grupos
terapêuticos (intensivo e convencional) nos níveis de hemoglobina glicada.
Em pacientes com diabetes tipo 2, o Unided Kindon Prospective Diabetes
Study (UKPDS) também demonstrou a importância do controle intensivo
da pressão arterial diminuindo o risco de evolução da retinopatia em 47%
após nove anos de acompanhamento. A análise epidemiológica do UKPDS
demonstrou que, para cada decréscimo de 10mmHg da pressão arterial
sistólica, havia uma diminuição de 13% do risco de evolução para qualquer
complicação microvascular. Em nenhum dos estudos foi possível estabelecer
um valor de hemoglobina glicada indicativo de ausência de risco de evolução
para retinopatia diabética. Contudo, indivíduos diabéticos com regular
controle glicêmico ainda assim podem desenvolver retinopatia diabética.
O controle glicêmico abrupto causa um avanço na retinopatia
em curto prazo, sendo largamente compensado pelas benesses
em longo prazo. Outros fatores de risco para retinopatia
em pessoas com diabetes são microalbuminúria, proteinúria,
níveis de colesterol e triglicérides séricos elevados,
anemia, tabagismo e gravidez.
Retinopatia Diabética
11
CLASSIFICAÇÃO
A classificação da retinopatia diabética
foi feita com base na observação direta
da retina, agrupando as alterações
e relacionando com a sua chance
de evolução para cegueira.
Essa classificação é altamente preditiva
em relação à evolução da doença,
dobrando a chance de cegueira a cada
nível. Devido a sua complexidade uma
classificação simplificada, que relaciona
à conduta que a equipe multidisciplinar
deve tomar, foi criada em consenso
durante o Congresso Mundial de
Oftalmologia de 2002.
10 Parecer da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo Retinopatia Diabética
TABELA 1 – Classificação da retinopatia diabética (A I)
Por maior possibilidade de baixa de visão, o estadiamento da região de mácula (parte central da retina) é classificada independente da retinopatia e complementa a classificação (A I).
1312 Parecer da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo Retinopatia Diabética
Retinografia, biomicroscopia de fundus e mapeamento de retina:
A fotografia da retina com dilatação pupilar é o método mais sensível
para detecção de larga escala da retinopatia diabética, mas 3% a 14% das
fotografias não são possíveis de graduar, sendo este efeito minimizado com
aparelhos digitais. Quanto ao número de campos necessários por exame,
também há indefinição. No caso de mais de um campo ser usado,
é importante a dilatação das pupilas, devido à miose causada após o uso
do flash. Tropicamida (0,5%-1%) é usada para esse fim, sendo segura e tendo
baixo nível de complicações nessa dosagem. O exame de oftalmoscopia
indireta associada a biomicroscopia com lâmpada de fenda realizado por
profissional treinado pode ter sensibilidade igual ou superior ao exame
fotográfico, mas com utilidade restrita em larga escala. A oftalmoscopia
direta, devido à sua grande variação de efetividade, somente é usada em
casos específicos. O oftalmoscópio a laser de grande angular ainda possui
pouca aplicabilidade clínica para uso como método diagnóstico, apesar de
ser promissor para esse fim.
Os testes para detecção de retinopatia, assim como suas recomendações,
encontram-se na Tabela 2.
PROPEDÊUTICA
TABELA 2 – Testes de detecção de retinopatia
1514
Estas recomendações estão apoiadas em estudos realizados nos últimos
20 anos e estão resumidas em tabelas para rápido acesso. As afirmações
nestas tabelas foram classificadas em níveis de evidencia, sendo consideradas:
A - indica o mais importante e crucial para o resultado clínico satisfatório.
B - moderadamente importante para o resultado clínico.
C - possivelmente relevante, mas não crucial para resultado clínico.
I - indica dados provenientes de evidência forte e apóia a recomendação clínica.
II - Evidência forte em apoio a recomendação clínica, porém dados não possuem algumas qualidades, impossibilitando a recomendação irrestrita.
III - Evidência insuficiente para apoiar recomendação ou opinião do expert/ painel.
Angiografia fluoresceínica: exame contrastado com fluoresceína sódica
venosa é capaz de evidenciar lesões vasculares iniciais, áreas de má-perfusão,
áreas isquêmicas, microangioapatia intra-retiniana e neovascularização
(inclusive após fotocoagualação). Deve seguir tecnicamente a rotina de
avaliação do pólo posterior, incluindo mácula e papila, quatro quadrantes
equatorais e extrema periferia o quanto possível. O segmento anterior deve
também ser inspecionado na busca de neovascularização iriana.
Este exame possibilta a programação terapêutica com laser e a avaliação da
resposta terapêutica.
Ecografia: está indicada para avaliar o contato vítreo-retiniano, a
conformação de áreas de tração e descolamento da retina e investigação do
segmento posterior em caso de impossibilidade de visualização direta. Útil na
programação da terapia cirúrgica.
Tomografia de Coerência Óptica: exame que mais recentemente foi
incluído na investigação das patologias da retina, coróide e vítreo. Na
retinopatia diabética tem especial papel na avaliação do edema macular e
sua resposta terapêutica e da interface vítreo-retiniana, muito alterada da
retinopatia diabética avançada.
Parecer da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo Retinopatia Diabética
1716 Parecer da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo
Por ser uma doença assintomática em grande número de pacientes, até em
suas formas mais graves, e devida a necessidade de início de tratamento
precoce, ou seja, antes que alterações sejam irreversíveis, o acompanhamento
oftalmológico regular tem especial valor, inclusive valor preditivo de outras
complicações do diabetes.
O tempo de doença para inicio do acompanhamento é baseado na evolução
da complicação nos portadores de diabetes. Nos portadores de DM 1 a
retinopatia diabética ocorre após 3,5 anos pós-puberdade. No caso do DM2,
em locais com bom acesso a assistência à saúde, estima-se que 38% dos
diabéticos apresentem retinopatia diabética ao diagnóstico.
O retardo no tratamento da retinopatia pode levar à perda irreversível da
visão. Por essa razão o consenso é de que se realize o acompanhamento com
intervalos não superiores a um ano quando a evolução dos casos não alcança
a forma proliferativa da doença, reduzindo-se este intervalo conforme a
gravidade do caso (Tabela 3).
Nas grávidas foi demonstrado que 77,5% apresentavam progressão da
retinopatia, chegando a 22,5% a indicação de fotocoagulação antes do parto,
com necessidade do acompanhamento trimestral.
Aguardar a baixa da visão para encaminhar ao oftalmologista pode causar
perdas irreversíveis e decréscimo substancial na qualidade de vida do
portador de diabetes.
ORIENTAÇÃO TERAPÊUTICA
Retinopatia Diabética
ORIENTAÇÕES CLÍNICAS
TABELA 3– Recomendações para o início do acompanhamento
1918 Parecer da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo
O tratamento com fotocoagulação impede a perda de visão em 90% dos
casos, quando iniciada na fase não proliferativa avançada ou proliferativa
inicial. Para pacientes com retinopatia proliferativa de alto risco, a perda de
visão severa (20/800 ou pior) é reduzida em 50% dos casos (Tabela 4).
1)Edema Macular: o ETDRS demonstrou que o tratamento do edema
macular (EM) clinicamente significativo com laser em grid ou focal/direto
reduz o risco de baixa de visão em 50% comparado ao grupo controle (24%
para 12%).
Recentemente este tratamento sofreu uma mudança a partir do estudo
ETDRS, e atualmente é utilizado um protocolo modificado do ETDRS
largamente aplicado em estudos clínicos multicêntricos pelo grupo Diabetic
Retinopathy Clinical Research Network Study Group (DRCR.Net). As atuais
orientações estão a seguir:
Edema Macular Significativo Focal tratamento direto dos microaneurismas
em áreas de espessamento retiniano à 500-3000µm do centro da mácula,
porém não é necessária a mudança de coloração do microaneurisma,
Fotocoagulação a Laser
Retinopatia Diabética
somente uma leve marca acinzentada abaixo do microaneurisma. O tamanho
da mira deve ser diminuído para 50µm e o tempo de exposição também
deverá ser inferior a 0,1s.
Edema Macular Difuso recomendado o tratamento em grid ou grade, aplicado
sobre todas as áreas de vazamento difuso e áreas de não perfusão, inclusive no
feixe papilo-macular se estendendo à 500-3000µm superiormente, nasalmente
e inferiormente e 500-3500µm temporal a fóvea, exceto a 500µm do nervo
óptico,. A intensidade deve ser levemente visível (cinza claro) e duas marcas
de distância devem ser mantidas. Neste protocolo podem ser utilizados os
comprimentos de onda superiores ao da cor verde (532nm).
Tratamentos sub-limiares utilizando novas estratégias como laser
micropulsados infravermelho ou amarelo são promissores e estudos clínicos
randomizados comparando com o ETDRS modificado são necessários para
determinar parâmetros, a eficácia e segurança destas novas modalidades de
tratamento (Tabela 4) .
2)Retinopatia Diabética Proliferativa: indicada a panfocoagulação, que
deve abranger toda a retina, com exceção da área de 1 diâmetro de papila
ao redor do nervo óptico e da distancia entre a fóvea e a papila ao redor
do centro da fóvea. É importante lembrar que a presença de cicatrizes de
fotocoagulação impossibilita a observação da reproliferação através do
exame sem contraste.
Os efeitos colaterais da panfoto devem ser informados ao paciente
e/ou seus acompanhantes, tais como: redução da visão noturna, perda de campo
visual e até mesmo decréscimo da visão central por aumento do edema. Suas
complicações são mais raras e incluem hemorragias vítreas, fotocoagulação
TRATAMENTO DA RETINOPATIA
O prognóstico visual para os pacientes com retinopatia diabética proliferativa
que não recebem tratamento adequado é geralmente pobre. Estudos da
historia natural realizados na década de 1960 demonstraram que 50% dos
pacientes com retinopatia diabética proliferativa ficaram legalmente cegos
em 5 anos.
Retinopatia Diabética 2120 Parecer da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo
acidental da fóvea, papilite, descolamentos exsudativos de retina e de coróide.
Desta forma, esse tratamento deve seguir indicações criteriosas onde outras
medidas de controle, referidas acima, apresentaram pouco efeito e existam
sinais de ativação da retina na produção de fatores angiogênicos.
Deve ser realizado de forma a manter os seus efeitos indesejáveis em um
mínimo tolerável
Diversos tratamentos farmacológicos foram propostos para o edema macular
clinicamente significativo, em destaque o uso de acetonido de triamcinolona
e os anti-vasoproliferativos (anti VEGF) disponíveis: bevacizumabe e
ranibizumabe e pegaptanib.
Triancinolona: O maior estudo clínico randomizado utilizando a
triamcinolona versus o tratamento com fotocoagulação utilizando o
protocolo ETDRS modificado não demonstrou eficácia a longo prazo desta
droga durante 3 anos de acompanhamento, além de aumentar o risco de
catarata e glaucoma nestes pacientes.
Anti-VEGF: não possui estudos publicados com nível de evidência alto e
conclusivos. Em estudos pequenos utilizando bevacizumabe ou ranibizumabe
para EMCS, houve melhora inicial com regressão do edema, sendo necessárias
repetidas injeções para o controle prolongado. Vários estudos estão ocorrendo
para definir os benefícios a longo prazo desta modalidade de tratamento
isolada ou em combinação com fotocoagulação . São considerados tratamentos
coadjuvantes ao tratamento padrão com a fotocoagulação a laser e, também,
utilizados na preparação pré-cirúrgica para vitrectomia (Tabela 4).
Terapia Medicamentos Intra-Vítrea
Os casos com tração vítreo-macular, tração no
nervo óptico, hemorragias vítreas persistentes,
descolamentos tracionais de retina na região macular
ou em progressão para esta área, não têm indicação
de tratamento por fotocoagulação isolada. Tais
casos devem ser abordados por técnica cirúrgica de
vitrectomia.
Os objetivos fundamentais da vitrectomia são
remoção da hemorragia vítrea, reposicionamento da
retina, e evitar a progressão da retinopatia removendo
a camada hialóide posterior do vítreo. Esta camada
oferece sustentação aos neovasos, unificando pontos
de neovascularização e possibilitando que a contração
do tecido fibrovascular, subseqüente formado, cause o
descolamento por tração da retina.
Considerando todos os casos cirúrgicos, a vitrectomia
proporciona acuidade visual melhor que 20/100 em
cerca de 80% dos casos. Os resultados funcionais
dependem fundamentalmente da circulação retiniana
e da complexidade anatômica do olho no pré-
operatório. Um efeito importante da cirurgia vítrea
é que mais de 90% dos casos se mantêm estáveis
a longo prazo se a cirurgia for bem sucedida e não
ocorrerem complicações nas primeiras semanas de
pós-operatório (Tabela 4).
Terapia Cirúrgica
Retinopatia Diabética 2322 Parecer da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo
TABELA 4- Resumo das Orientações TerapêuticasRecomendações clínicas para intervenções primárias e secundárias na retinopatia diabética
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