10 psicanálise e educação

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PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO

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INTRODUÇÃOA conjunção psicanálise e educação já conheceu inúmeras formas, desde aquela própria ao otimismo que assolou o movimento psicanalítico na década de vinte, confiante nos auspícios de uma educação psicanaliticamente esclarecida, conforme aos melhores ideais iluministas.

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Freud mesmo não pretendeu ocupar-se de tal tema, deixando-o ao encargo de sua filha, que, dedicando-lhe “a obra de toda sua vida”, pôde, segundo ele afirma, compensar a falha paterna. A retórica de Freud, nesse caso, não deixa de ilustrar aquilo que faz questão tanto aos métodos educativos quanto à formação do psicanalista: o fato de que, ao ensinar, o que se transmite é, justamente, o que falha, mais além de um saber.

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Se a eclosão da segunda guerra fez, por um lado, arrefecer o otimismo no seio da psicanálise, por outro, resultou na expansão e difusão da teoria psicanalítica pelo mundo. A ciência judaica da Viena do início do século tornava-se patrimônio cultural da civilização ocidental. Seus conceitos mais caros passaram ao domínio público, sendo apropriados pelos discursos hegemônicos do saber. A junção psicanálise e educação recebia aí uma nova torção, onde a teoria psicanalítica via-se degradada numa psicologização das relações de aprendizagem.

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Sem nutrir a esperança de que uma educação psicanaliticamente orientada venha livrar a infância de sua neurose, encontramo-nos constantemente com a solicitação, dirigida à psicanálise, de responder ao insabido da educação. Nesse terreno, não cabe furtar-se ao diálogo: diálogo que exige, contudo, recuperar e salvaguardar as distinções epistêmicas operantes num campo e noutro para, então, descortinar-se uma contribuição possível ao campo da educação a partir do seu atravessamento pela noção de sujeito de desejo que a psicanálise aporta.

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LIMITES E POSSIBILIDADES DA PSICANÁLISE NA EDUCAÇÃOComenta-se muito – e até se firma na legislação educacional – que uma das tarefas da educação escolar é contribuir para a formação da personalidade da pessoa. Sob o prisma da Psicanálise, essa pretensão deve ser relativizada, pois os alicerces do caráter do indivíduo já se encontram firmados quando ele vai pela primeira vez à escola.

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Quando o professor entra em cena na vida da criança, tem diante de si um indivíduo cujos traços fundamentais do ego já estão sedimentados. Todas as vivências orais, anais, masturbatórias, todo o conflito edipiano que sustenta o superego, enfim, traços fundamentais do ego e de suas relações com o id já se encontram definidos nesse momento.

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Recalcamentos, repressões, mecanismos de defesa do ego e de ocultamento de desejos já fazem parte da personalidade. O que pode fazer o professor, então?

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Vimos acima que o professor, orientado pelos conhecimentos psicanalíticos, dispõe de saberes que lhe permitem conhecer – ou ao menos supor – o que se passa com seu aluno nas diferentes fases de seu desenvolvimento, o modo como sua libido se manifesta, os conflitos pelos quais atravessa e as angústias das quais está sendo vítima.

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O professor que compreende a Psicanálise está à frente dos demais, pois tem em mãos um quadro de referências que fornece um panorama, ainda que não específico, sobre a vida psíquica da criança e do adolescente.

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EDUCAÇÃO E SOCIEDADESob a ótica da concepção freudiana de sociedade, qual é o sentido da educação, seja no lar, seja na escola? Inevitavelmente, a educação visa reprimir a energia sexual para convertê-la em sentimentos que possam ser empregados em prol da harmonia social. Este pressuposto aplica-se a qualquer tipo de organização social, capitalista ou socialista.

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O que Freud quis dizer é que não existe a mínima possibilidade de vivermos coletivamente sem que cada indivíduo aprenda sentimentos como solidariedade, fraternidade e cooperação. E estes sentimentos realmente se aprende, segundo ele, pois não são próprios do ser humano, conforme ficou evidente nos eventos da horda primitiva. Como são resultados de aprendizagem, precisam ser ensinados, pela família e pela escola.

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O que Freud quis dizer é que não existe a mínima possibilidade de vivermos coletivamente sem que cada indivíduo aprenda sentimentos como solidariedade, fraternidade e cooperação. E estes sentimentos realmente se aprende, segundo ele, pois não são próprios do ser humano, conforme ficou evidente nos eventos da horda primitiva. Como são resultados de aprendizagem, precisam ser ensinados, pela família e pela escola.

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EDUCAÇÃO TERAPÊUTICA:UMA APROXIMAÇÃO POSSÍVEL ENTRE PSICANÁLISE E EDUCAÇÃOA Educação Terapêutica, termo cunhado para fazer face a um tipo de intervenção junto a crianças com problemas de desenvolvimento, é um conjunto de práticas interdisciplinares de tratamento, com especial ênfase nas práticas educacionais, que visa à retomada do desenvolvimento global da criança ou à retomada da estruturação psíquica interrompida ou à sustentação do mínimo de sujeito que uma criança possa ter construído.

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Em certa consonância com o “moderno” discurso da inclusão escolar, a Educação Terapêutica propõe para a criança com transtornos graves, primeiramente, um lugar na escola.

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Aposta-se com isso no poder subjetivante dos diferentes discursos que são postos em circulação, no interior do campo social, com o intuito de assegurar, sustentar ou modelar lugares sociais para as crianças, levando em conta que, neste sentido, o discurso (ou discursos) em torno do escolar são particularmente poderosos.

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Uma designação de lugar social é especialmente importante para as crianças incapazes de produzir laço social, como é o caso das crianças psicóticas ou com transtornos graves. Mesmo decadente, falida na sua capacidade de sustentar uma tradição de ensino, a escola é uma instituição poderosa quando lhe pedem que assine uma certidão de pertinência: quem está na escola pode receber o carimbo de “criança”.

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CONCLUSÃOA Psicanálise trouxe uma nova forma de olhar a criança e a infância. O maior contributo de Freud, para os profissionais da educação, reside no facto de ter conduzido a uma forma nova de olhar a infância, que contrasta fortemente com a crença vitoriana de que o mau comportamento ou os problemas de personalidade da criança eram o resultado do pecado original, só corrigíveis por uma disciplina severa e rígida (Fontana, 1986).

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CONCLUSÃOA Psicanálise trouxe uma nova forma de olhar a criança e a infância. O maior contributo de Freud, para os profissionais da educação, reside no facto de ter conduzido a uma forma nova de olhar a infância, que contrasta fortemente com a crença vitoriana de que o mau comportamento ou os problemas de personalidade da criança eram o resultado do pecado original, só corrigíveis por uma disciplina severa e rígida (Fontana, 1986).

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Ao longo dos últimos cem anos, a Psicanálise teve um papel incontornável na compreensão do funcionamento mental e, inevitavelmente, os seus contributos foram sendo progressivamente integrados no domínio educativo. Este artigo centrar-se-á sobre a descrição deste contexto.

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