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    INSTITUTO TEOLGICO BETEL DO ABCDRua Laureano n.877 Utinga- Camilpolis- Santo Andr SP

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    HISTRIA

    DAIGREJA

    ...Ao nico soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores";o nico que possui imortalidade, que habita em luz inacessvel,a quem homem algum jamais viu, nem capaz de ver.

    E Ele honra e poder eterno.Amm.I Timteo 6:16

    RUBENS DA COSTA CARREIRAPASTOR

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    CAPTULO I

    A PREPARAO PARA O CRISTIANISMO

    Uma das coisas que tornam o estudo da Histria da Igreja Crist umainspirao que esse estudo nos convence de que Deus est, realmente, operando asalvao do gnero humano no mundo em que vivemos. Em parte alguma verificamosesta operao divina mais claramente do que na maneira extraordinria e maravilhosacomo foi o mundo antigo preparado para a vinda de Jesus Cristo. Ele veio naplenitude dos tempos, quando todas as coisas tinham sido dispostas de tal modo, pelamo do Pai, que a vinda do Filho obteve pleno xito. Podemos compreender melhor estapreparao do mundo para o advento do Cristianismo, considerando, primeiramente, acontribuio de trs grandes povos. Cada um, no seu tempo, pela providncia divina,criou as condies da sociedade em que o Cristianismo apareceu realizando as suas

    primeiras conquistas.I. A CONTRIBUIO DOS POVOS

    Os Romanos ( o domnio mundial de Roma )

    Quando o Cristianismo surgiu, e durante os primeiros sculos de sua existncia, osromanos eram senhores do mundo. Assim o consideramos, no obstante havermuitssimas regies fora de seu domnio, porque parte de que governaram foi aquelaonde a civilizao do mundo estava realizando os seus notveis progressos. Oshabitantes desse imprio o consideravam abrangendo o mundo, pois ignoravam o que

    existia alm das suas fronteiras. Alm disso, o mundo romano inclua todas as terras queseriam alcanadas pelo Cristianismo durante os trs primeiros sculos de era crist. Lpelos anos de 50 d.c., o imprio abrangia a Europa ao sul do Reno e do Danbio, a maiorparte da Inglaterra, o Egito e toda a costa norte da frica, com grande parte da sia,desde o Mediterrneo Mesopotmia.

    No era somente pela fora que os romanos dominavam todas essas regies;eles os governavam uma civilizao incomparavelmentesuperior anteriormente existente naquelas terras. O poder desse imprio foi o maioracentuado, e sua administrao mais eficiente nas terras adjacentes ao Mediterrneo,exatamente onde o Cristianismo foi primeiramente implantado.

    Com o seu imprio, os romanos os mais teis instrumentos de Deus no preparodo mundo para o advento do Cristianismo (os povos unificados). Esse imprio, queinclua grande parte do gnero humano, foi uma lio objetiva que provava ser ahumanidade uma s. Pr muitas eras, governos separados formaram grupamentoshumanos que se sentiam diferentes e isolados de todos os outros grupos; mas, com oimprio romano, os povos se unificaram, no sentido em que todos os governos tinhamsido derrubados e um poder nico dominava em toda parte. O Cristianismo umareligio de carter universal, no conhecendo distines de raa, apelando para oshomens simplesmente como homens, tornando todo UM em Cristo. Para tal religio, apreparao mais valiosa foi unificao de todos os povos sob o poder poltico de Roma.

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    Alm disso, o poder de Roma trouxe uma paz universal, a PAZ ROMANA (pazuniversal). As guerras entre as naes tornaram-se quase impossvel sob a gide dessepoderoso imprio. Esta paz entre os povos favoreceu extraordinariamente adisseminao, entre as naes, da religio que pretendia um domnio espiritual universal.

    Finalmente, a administrao romana, sbia forte e vigilante, tornou fceis e segurasas viagens e comunicaes entre diferentes partes doem mundo. Os piratas, queestorvavam a navegao, foram varridos dos mares. Pr terra, as esplndidas estradasromanas davam acesso a todas as partes do imprio. Essas estradas notveis realizaramnaquela civilizao o mesmopapel das nossas estradas de rodagem e estradas de ferro da atualidade. E to policiadaseram essas vias de comunicao, que os ladres desistiram dos seus assaltos. De modoque as viagens e o intercmbio comercial tiveram extraordinrio incremento.

    provvel que, durante os primeiros tempos do Cristianismo, o povo se locomovia

    de uma cidade para outra ou de um pas para o outro, muito mais do que em qualqueroutra poca, exceto depois da Idade Mdia. Os que sabem como as atuais facilidades detransporte tm auxiliado o trabalho missionrio, podem compreender o que significavaesse estado de coisa para a implantao do Cristianismo. Teria sido impossvel aoapstolo Paulo realizar sua carreira missionria sem essa liberdade e facilidade detrnsito possibilitadas pelo imprio romano. Contriburam muitssimo para o progresso doCristianismo nos seus primeiros anos, as portas abertas que encontrou atravs de todomundo civilizado, as quais facilitaram o livre intercmbio entre os pases onde novasidias deveriam ser pregadas e encorajaram os movimentos dos primeiros missionrios.

    b. Os gregos (sua grande influncia)

    Ao surgir o Cristianismo, os povos que habitavam as regies do Mediterrneotinham sido profundamente influenciados pelo esprito do povo grego. Colnias gregas,algumas das quais com centenas de anos, foram amplamente disseminadas ao longo dascostas de todo o Mediterrneo.

    Com seu comrcio, os gregos foram a todas as partes. A sua influncia espalhou-se e foi mais acentuada nas cidades e pases que se constituam nos mais importantescentros do mundo de ento. To poderosa foi a influncia dos gregos que denominadosde grego romano a este mundo antigo, porque Roma governava politicamente, mas a

    mentalidade dos povos desse imprio tinha sido moldada fundamentalmente pelos gregosPor muitos sculos antes da era crist os gregos forma detentores da visa intelectual maisvigorosa, mais desenvolvida do mundo. Problemas sobre os quais os homens cogitavam:a origem e significado do mundo, a existncia de Deus e do homem, o bem e o mal,enfim tudo quanto se relacionava com as pesquisas filosficas foi objeto de meditaodos gregos como de nenhum outro povo.

    verdade que os hebreus tinham recebido uma revelao de Deus e suavontade, que os gregos jamais possuram, mas os judeus no eram dados s pesquisas,s indagaes, nem se interessavam pela discusso dessas questes, como o fizeramos gregos.

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    04Do sexto ao terceiro sculo antes de Cristo, um grande movimento

    intelectual sobre assuntos filosficos e teolgicos ocorreu entre os gregos, movimento noqual pontificaram os mais profundos e influentes pensadores do mundo, ensinando muitacoisa de valor que ainda hoje perdura. Como conseqncia disto, verificou-se umdesenvolvimento maravilhoso da mentalidade do povo grego que aprendeu a pensar

    muito e profundamente nas questes debatidas pelos seus filsofos. O raciocnio e acuriosidade dessa gente desenvolveram-se ao mximo. Como exemplo dessa influncia,temos Scrates aparecendo nas praas pblicas de Atenas, a fazer perguntas e a debaterassuntos e idias que obrigavam os homens a meditar em problemas que jamais tinhamentrado em suas cogitaes. Isso resultou em que o grego tpico tornou-se um homemvivaz, inquiridor, polemista, ansioso por falar em assuntos profundos e coisas que serelacionavam com o cu e a terra.

    fcil compreender o resultado do contato do grego com outros povos (osgregos levam os povos a pensar).

    A sua influncia estende-se por toda parte, aprofundando o pensamento doshomens nessas idias e pesquisas que se relacionavam com grandes problemas da vida.Esse tipo de curiosidade intelectual e esta prontido de raciocnio prevalecia nos centrosprincipais do mundo grego-romano, lugares esses que depois foram alcanados pelosprimeiros missionrios com a pregao do Cristianismo. Assim, os povos desses lugaresestavam mais dispostos a receber a nova religio do que estariam se no fosse ainfluncia dos gregos.

    Os gregos fizeram outra contribuio importante ao preparo do mundo para oadvento do Cristianismo, disseminando a lngua (lngua Universal) em que este seriapregado ao gnero humano pela primeira vez.

    Uma prova da extenso da influncia do grego v-se no fato de que a lngua maisfalada nos pases situados s margens do Mediterrneo era o dialeto grego conhecidocomo KOIN ou dialeto comum.

    Era esta lngua universal do mundo grego romano usado para todos os fins nointercmbio popular. Quem quer que o falasse seria entendido em toda a parte,especialmente nos grandes centros onde o Cristianismo foi primeiramente implantado.

    Os primeiros missionrios, como por exemplo, Paulo, fizeram quase todas as suas

    pregaes nesta lngua e nela foram escritos os livros que vieram a constituir o nossoNovo Testamento. De modo que a religio universal encontrou, para sua propaganda econhecimento, entre os homens, uma lngua universal; e esse auxlio inestimvel foi, porDeus, providenciado por intermdio do povo grego.

    c. Os Judeus

    Os hebreus os judeus, constituram o povo divinamente indicado para mordomosda verdadeira religio. A misso deles foi receber de Deus uma revelao em especial arespeito do prprio Deus e de sua vontade, assenhorar-se desse ensino divino, proporo que iam recebendo numa revelao progressiva, preservar tais ensinos na sua

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    05pureza e integridade, de modo que, na plenitude dos tempos, eles, os judeus, se

    constitussem numa beno para todos os povos. No podemos entender a grandeza davida nacional desse povo sem que reconheamos a sua historia como uma preparaodivina do mundo para o aparecimento da religio pela qual Deus se propusera salvar ognero humano.

    Os judeus, como se tem dito com muito acerto, prepararam o Bero doCristianismo, fizeram os preparativos para o seu nascimento e o alimentaram na suaprimeira infncia. Prepararam antecipadamente a vida religiosa em que foram instrudos,o Senhor Jesus mesmo e todos os cristos primitivos, inclusive os apstolos e osprimeiros missionrios.

    Em parte alguma do mundo, ao surgir o Cristianismo, havia uma vida religiosa topura e to forte como a existente entre os melhores representantes da religio judaica,cujos caractersticos essenciais eram dois: a mais alta concepo conhecida entre oshomens, como resultado do ensino do Velho Testamento; e o mais alto ideal da vida

    moral que se conhecia, resultante dessa sublime concepo de Deus.

    Humanamente falando no podemos ver a vida e os ensinos de Jesus pudessemter procedido da vida religiosa de qualquer outro povo a no ser os judeus. No podemosver como outro povo, a no ser o judeu, podia se dispor a receber no seu inicio, a religioque Cristo trouxe, e estend-la a toda parte. Preparados naquela religio mais antiga (ojudasmo), religio que era to intimamente apresentada com o Cristianismo, os judeusforam necessrios para estenderem e pregarem a nova religio. Para quem conhece bema vida dos gregos e romanos fcil sentir a impossibilidade de arrebanhar entre eles,homens que fossem para o Cristianismo o que vieram a ser os primeiros discpulos, umPaulo e os apstolos.

    Em segundo lugar, os judeus prepararam o caminho o Cristianismo porque seconstituram numa raa que aguardava o que o Cristianismo oferecia: um Salvador divino.A esperana de um Messias era acariciada por todos os judeus como a mais preciosa dassuas possesses. verdade que muitos alimentavam tal esperana com uma concepogrosseira, materialista.

    Mas em todas as concepes havia um elemento essencial: a ardente expectaode um enviado de Deus para redimir o seu povo. Jamais houve entre os demais povosuma esperana ou perspectiva do futuro comparvel esperana messinica dos judeus.

    O que havia, realmente, no mundo romano era uma forte dose de desespero, decansao, de desiluso. O cristianismo encontrou todos os seus primeiros seguidores entreos judeus, e o elemento que os habitou receberem a nova religio, foi a esperana de umSalvador divino.

    Em terceiro lugar, os livros Sagrados dos judeus foram um auxlio inestimvel. Onosso Velho Testamento foi eles entesourados como um relato de manifestao doprprio Deus na sua vida nacional.

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    06Assim, a nova religio foi suprida, no seu nascimento, por uma literatura religiosa

    que ultrapassou, infinitamente, qualquer outra desse gnero ento existente, e queconfirmou os ensinos cristos, prenunciando Cristo pelas profecias. O Cristianismo, antesde produzir seus prprios livros, encontrou, prontos para o seu uso, os antigosmanuscritos que lhe foram do maior auxlio.

    Jesus fez uso constante do Velho Testamento para nutrir a sua prpria vida ebasear os seus ensinos, e, consoante seu exemplo, as escrituras judaicas eram lidasregularmente nas reunies de culto dos primitivos cristos. Todos os cristos, judeus ouno, retiraram delas instruo e inspirao incalculveis.

    Nota-se tambm que o Velho Testamento era conhecido de numerosos gentios quetinham sido atrados para a religio judaica, como a mais pura que podiam encontrar, e,assim, esta religio se tornou um meio pelo qual muito desses homens vieram a Jesus.

    Julgamos tambm ser necessrio dizer algo sobre a importante contribuio que os

    elementos judaicos da Dispero (=Dispora) (sua importncia) fizeram preparaopara o Cristianismo. Trata-se dos Judeus que foram espalhados em virtude dos cativeirosque sofreram. Esses judeus podiam ser encontrados em quase todas as cidades doantigo mundo greco-romano. Em qualquer parte onde tivessem, conservavam a suareligio e mantinham as suas sinagogas.

    Em muitos lugares realizavam trabalho missionrio ativo. Assim, ganharam entreos gentios numerosos proslitos e tornaram conhecidos os ensinamentos da sua religioa muitos outros que, embora s em parte, os aceitaram. Esta misso judaica foi umaprecursora muito til das misses crists, porque espalhou, extensivamente, entre osgentios, certos elementos religiosos bsicos que so essenciais tanto ao Cristianismocomo ao judasmo. Um desses elementos era a crena monotesta, a crena em umDeus. Outro foi uma lei moral elevada que tanto o judasmo como o Cristianismoensinavam ser parte integrante da religio.

    Nisto ambas se diferenciavam das religies pags que nada ensinavam sobre aconduta humana.

    Um terceiro elemento foi esperana de um Salvador. Muitos gentios, pelo contatocom os judeus, tinham sido inspirados por essa expectao, preparando-se, desse modo,para a aceitao de Cristo como aquele Salvador que havia de vir.

    II O MUNDO AO SURGIR O CRISTIANISMO

    (a) As condies Religiosas(declnio da velha religio clssica)

    A velha religio dos deuses e das deusas da Grcia e de Roma, que conhecemosatravs da Histria da Mitologia Clssica, tinha perdido quase toda vitalidade e influnciaao tempo do advento do Cristianismo. No obstante as formas de o seu culto serem,ento, de certo modo, ainda conservadas, os homens cultos geralmente no mostravamcrena nessa religio; nem mesmo entre o povo comum exercia ela muita influncia. O

    Imperador Augusto que reinava ao tempo em que Cristo nasceu, muito se preocupou comesse declnio da velha e tradicional religio, e enviou esforos extraordinrios parareaviva-la, sendo quase tudo em vo.

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    07Todavia, no se pode afirmar que esta poca se caracterizava pela irreligiosidade.

    Augusto tambm estabeleceu a religio do Estado. Conforme o seu desenvolvimentoposterior, veio ela a se constituir na venerao de imagens e esttuas dos imperadoresque ento reinavam e dos que os antecederam, como smbolos do poder de Roma. OEstado foi endeusado como nos modernos regimes totalitrios. Tomaram vitalidade

    considervel certo cultos primitivos e a adorao de divindades associadas a certaslocalidades, ocupaes ou profisses, aspectos de vida, etc.

    Os antigos mistrios helnicos exerciam grande atrao nas massas. Essesmistrios eram cerimnias secretas e dramticas que realavam certas idiasconcernentes perpetuao da vida. O orfismo, antigo movimento grego de religiomstica que ensinava doutrinas de salvao e vida depois da morte era representado pormuitas irmandades. Mais poderosas e mais influentes, porm, eram as religies orientaisque se espalhavam pelas margens do Mediterrneo, tendo conseguido muitos adeptos.da Frgia, veio o culto de sis com Serpis ou Osris.

    Essas religies influncia no comeo da era crist. Mais tarde, a mais popular dasreligies orientais, a deusas Mitras, veio do leste da sia Menor, e era a deusa mascotedo exrcito romano por onde ele ia.

    Essas religies misteriosas tinham uma semelhana superficial com o Cristianismo,por organizarem sociedades, agrupando indivduos independente de raa ou posiosocial, os quais faziam refeies em comum, praticavam certas ablues que eramconsideradas como purificaes espirituais, e, em muitos casos, pelo culto de divindadesque supostamente tinham sofrido morte e ressuscitado, comunicando, assim, vida imortalaos seus seguidores. Em aspectos mais profundos, essa religies muito se distanciavamdo Cristianismo.

    Foi uma era de religiosidade aquela em que o Cristianismo alcanou as suasprimeiras conquistas. Nesse tempo havia muito interesse no conhecimento das vriasformas de religio e muita ansiedade por idias e crenas que trouxeram mais satisfao alma. significativo que em relao ao Cristianismo, houvesse trs coisaspreeminentes: uma crena progressiva num s Deus universal; um sentimento de culpa,de pecado, muito generalizado e, em conseqncia, um anseio, um desejo intenso depurificao; e, por fim, um grande interesse nos problemas do alm-tmulo. J dissemosque, antes do aparecimento do cristianismo a melhor religio existente era o judasmo.Mas este no podia satisfazer plenamente as necessidades do mundo. Mesmo enquanto

    Jesus vivia, o judasmo deu provas de que no era capaz de se constituir numa religiouniversal. Isto se verifica no carter dos seus lderes, que eram sacerdotes, os saduceuse os mestres, os fariseus. Subestimamos o valor dos fariseus em virtude da oposiodeles a Jesus. Mas, apesar de seu vigor moral, entre os fariseus da Palestinadesenvolvia-se um estreito preconceito racial com o objetivo de limitar a religio judaicaexclusivamente ao povo judeu e, por isso, se opunham obra missionria entre osgentios, obra que tinha sido iniciada durante o cativeiro.

    b. As Condies Intelectuais

    O grande movimento filosfico grego chegou ao seu fim no que se relaciona com a

    pesquisa da verdade, muito tempo, mesmo antes da era crist.

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    08Quando surgiu o Cristianismo. O pensamento grego no fazia mais progresso.

    Duas filosofias gregas__ o Epicurismo e o Estoicismo__ tinham alcanado considervelcrdito, ou, melhor, estavam em voga no imprio romano durante os primeiros anos deCristianismo.

    Mas nenhuma delas satisfaziam a mente dos homens no que respeitava s

    questes fundamentais e urgentes, como as do pecado e da vida futura que, por assimdizer, os preocupavam. Ambas essas filosofias eram falhas como mtodos de vida. OEpicurismo, era muito superficial, interesse egosta.

    O Estoicismo, no obstante seus nobres ensinos de moral exercerem largainfluncia, era muito falho no que respeitava simpatia humana. Entre os homens deraciocnio profundo havia um forte sentimento de insatisfao, um desejo ardente deencontrar soluo para os problemas cruciais da vida. Por ocasio da morte da filha,Plnio, o Moo, escreve a um amigo: D-me algum alvio, algum conforto que seja grandee forte, tal que eu nunca tenha ouvido ou lido. Porque tudo o que tem chegado ao meuconhecimento, e de que me posso lembrar, no me ajuda, pois minha tristeza por

    demais profunda para ser removida pelo que sei.

    c. As Condies Morais

    Tem-se pintado, habitualmente, o estado moral do mundo civilizado durante osprimeiros tempos do Cristianismo com as mais negras cores, como se no existissequalquer coisa boa digna de meno. Os fatos que conhecemos no justificam, de todo,esse julgamento. Talvez essa idia seja o resultado da leitura generalizada dos escritossatricos daquela poca que vergastavam os vcios da sociedade, e dos escndalosreferidos biogrficos da aristocracia. As classes mais altas, sem dvida, estavamtremendo corrompidas. Entre as classes mdia e baixa, todavia, muitos homens emulheres levavam vida virtuosa, com alguns gestos de nobreza e de bondade. Quando,porm, reunidos os elementos favorveis e os desfavorveis, o resultado realmentenegro. A poca era decadente. Os homens tinham seus espritos perturbado einsatisfeitos.

    As religies e filosofias ento existentes exerciam pouca influncia sobre a vida.Como resultado disso, o nvel moral era baixo. Nada existia que pudesse melhorar asituao, at que o Cristianismo comeou a exercer a sua influncia. A tendncia dasociedade era para um constante declnio moral. Em conseqncia de tudo isso, havia umsentimento vcuo de cansao entre muitos homens, e especialmente entre os melhores e

    mais inteligentes deles. Foi a um mundo entenebrecido, sem esperana e muitocorrompido, que os primeiros missionrios cristos trouxeram suas boas-novas desalvao.

    CAPTULO II

    O Primeiro Sculo

    I. JESUS E SUA IGREJA(a) Jesus e seus discpulos

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    Jesus teve compaixo das multides, e lutou por alcanar, com o seu ministrio, omaior nmero possvel de pessoas. Mas, evidentemente, planejou fazer muito mais afavor do mundo, tendo ao seu lado alguns homens escolhidos, cheios do seu Esprito,para continuarem a sua obra, do que Ele mesmo levar todo o tempo em pregaes

    pblicas. Logo no inicio de seu ministrio, Jesus convidou alguns para serem seuscompanheiros e participantes da sua misso. Depois, dentre os que creram nele, fez aescolha de doze, para que fossem seus companheiros mais ntimos. Numa ocasio,tambm escolheu setenta, aos quais preparou para o ministrio especial da pregao. Asrelaes de Jesus para com os doze constituem uma das partes caracterstica maisimportante de sua obra. A este ministrou ensinos que no deu aos demais de modo geral,e os preparou, de sorte que, aps sua volta aos cus, esses apstolos pudessem revelarum conhecimento perfeito do Mestre, do seu ensino, da Revelao de Deus e daSalvao que, pelo Filho, mandou ao mundo, e tambm a conduta de vida para a qualCristo chamou todos os homens. Prximo ao fim do seu ministrio, Jesus dedicou-se maise mais a esta natureza de trabalho com seus discpulos. Suas ltimas palavras foram uma

    ordem definida para que levassem o anncio do Evangelho a todas as naes e umapromessa de assisti-los com poder, atravs de todos os tempos, enquanto estivessemrealizando a sua misso por todo mundo.

    b. Jesus Funda Sua Igreja

    Evidentemente, Jesus deixou claro a necessidade de haver uma sociedadeconstituda dos seus seguidores, a fim de oferecer ao mundo o Evangelho e ministrar, emesprito, os ensinos que lhe dera. O objetivo era propagar o Reino de Deus. Ele nomodelou qualquer organizao ou plano de governo para esta sociedade. No indicouoficiais para exercerem autoridade sobre os membros de tal organizao. Credo algumprescreveu para ela. Nenhum cdigo de regras lhe fora imposto. No prescreveu ordensou formas de culto. Apenas deu aos seus os ritos religiosos mais simples: o batismo, comgua, para significar a purificao espiritual e consagrao ao seu discipulado; e a Ceiado Senhor, no qual usou um pouco de elementos mais comuns da alimentao, com umacomemorao ou lembrana de prprio, especialmente da sua morte para a redeno doshomens. Conseqentemente, em nada que Jesus fez podemos descobrir a organizaoda Igreja. Ele fundou a igreja, ou, melhor, Ele mesmo a criou. Jesus formou umasociedade dos seus seguidores, agrupando-os ao redor de si mesmo.

    Comunicou a esse grupo, at onde era possvel, sua prpria vida, seu

    esprito e propsito. Prometeu dar, atravs dos sculos, vitalidade a esta sociedade, suaigreja. E sua grande ddiva a ela foi o Dom dele prprio. Nele, a Igreja teria de encontraros seus princpios, os seus objetivos, o seu poder. Deixou a Igreja livre para escolher asformas de organizao e de culto, afirmaes de crena, mtodos e trabalhos, etc. Opropsito de Cristo era que a vida da sua igreja, isto , a vida do Salvador, latente emseus seguidores, se expressasse pelos modos que lhe parecessem mais apropriadospara a consecuo do grande objetivo em vista.

    II. A IGREJA APOSTLICA(at ao ano 100 d.c.)

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    10(a) O ComeoNum certo sentido, a Igreja Crist teve seu nascimento quando Jesus chamou seus

    primeiros discpulos.

    Comumente, porm, se diz que a Histria da igreja teve incio no dia de Pentecoste

    que se seguiu ressurreio, pois foi quando teve comeo a vida ativa da Igreja. Aps aascenso de Jesus aos cus, os discpulos, no obstante terem recebido ordens deanunciar o Evangelho ao mundo, permanecerem, todavia, quietos, tranqilos emJerusalm.

    Estavam aguardando, segundo a ordem do Mestre, o poder prometido que viria doalto. Dez dias depois no Pentecostes, o Esprito Santo prometido por Jesus veio sobreeles revestindo-os de poder. Tornaram-se ento, testemunhas intimoratas54 do Mestre,plenos de nobre atividade. Verifica-se tal mudana no prprio discurso de Pedro noPentecostes.

    O que sucedeu a Pedro naquele dia expressa o esprito de todos os primeiroscristos, daquele dia em diante. E desde ento, a Igreja Crist, como uma comunidadedestinada a dar testemunhode Cristo, vem proclamando o Evangelho, edificando o Reino de Deus na terra.

    b. A Extenso da Igreja

    A primeira pregao do Evangelho, no Pentecostes, foi dirigida unicamente aosjudeus. Por algum tempo, talvez dois ou trs anos, as misses crists eram limitadas aosjudeus, comeando em Jerusalm e da estendendo-se a toda a Palestina.

    Os primitivos cristos no perceberam logo a extenso do propsito divino, nasalvao do mundo. Como hebreus, reconhecendo que Jesus era o Messias esperadopelo seu povo. Portanto o consideravam como Salvador somente ou principalmente dosjudeus, apesar de Jesus, por palavras e atos, ter-lhes ensinado coisa diferente.

    A perseguio foi o meio pelo qual a Igreja nascente chegou a uma compreensomais segura do Evangelho que Jesus lhe dera a pregar, e por ela alcanou uma visomais ampla da obra que Jesus lhe propusera. As autoridades religiosas judaicas quetinham tentado embaraar a pregao evanglica levantaram-se por causado audazdesafio que foi o discurso de Estevo, e empreenderam uma campanha selvagem,

    violenta e sistemtica contra o Cristianismo.Com esse ataque, a comunidade crist de Jerusalm, que j contava alguns

    milhares, foi dissolvida. Seus elementos procuraram segurana, espalhando-se por toda aPalestina. No obstante fugirem para salvar a vida e, por causa da sua f, levavam oEvangelho aonde quer que fossem. Alguns deles foram at grande cidade de Antioquia,na Sria. Ali, os seguidores de Cristo foram, pela primeira vez, chamados cristos, nomeque, parece, lhes foi dado por zombaria. Nesta cidade, vivendo no meio de umapopulao grega, esses exilados tornaram Jesus conhecido tanto de gregos como dejudeus.

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    11Desse modo, certos obscuros e desconhecidos deram o grande peso para

    tornarem o Cristianismo uma religio universal.

    Um pouco mais tarde, essa Igreja de Antioquia enviou Barnab e Paulo, osprimeiros expressamente designados para pregarem Cristo aos gentios.

    Foi Paulo quem concluiu, sob a direo divina, a obra de libertar o Cristianismo.Paulo realizou o que sempre estivera no propsito divino: fazer do Cristianismo pregado atodos os homens no mesmo p de igualdade.

    Comeando assim sua grande carreira missionaria, o Cristo espalhou-se, de sorteque, pelo ano 100 d.c., havia igrejas em inmeras cidades da sia Menor e em muitoslufares da Palestina, Sria, Macednia e Grcia, em Roma e Puteoli, na Itlia, emAlexandria, e, provavelmente, na Espanha. Paulo foi naturalmente o missionrio que maiscontribuiu para esse resultado. O novo testamento refere os nomes de alguns outros,como Priscila e quila.

    O que a tradio relata sobre a pregao dos apstolos nos leva a pensar quetodos eles deram testemunho intimorato, levando s pragas mais longnquas as boas-novas, no obstante conhecermos com mais segurana apenas o trabalho de Pedro eJoo. Todavia, muito da tarefa herica de to grande esforo evangelstico foi realizadopor discpulos e missionrios cujos nomes desconhecidos. Cada crente era missionrioansiosos por oferecer a alegria de que gozava em Cristo s pessoas que encontrava notrabalho, nas comunidades e em outros meios. Em virtude do zelo que tinham emanunciar a Cristo, esses cristos desconhecidos foram os mais eficazes missionrios dasua religio.

    c. A Vida da Igreja

    Naquele tempo uma Igreja crist era comumente um pequeno grupo de crentesvivendo numa grande comunidade pag. Quase todos eram pessoas pobres, algunsescravos, embora houvesse cristos nas classes mais altas, especialmente na igreja deRoma.

    Caractersticas dos cristos:1 = Amor Fraternal2 = Zelo e Pureza Moral3 = Prazer e Confiana.

    Em toda parte havia muita coisa que distinguia em cristo dos vizinhos pagos.Eles se tratavam mutualmente por irmos em Cristo, e realmente agiam como irmos.

    Cuidavam desveladamente dos rfos, dos doentes, das vivas, dosdesamparados. As coletas e administrao dos fundos de caridade constituam uma daspartes mais importantes da vida dessas Igrejas primitivas. Dentro da Igreja todas asdistines foram abolidas. Escravos e senhores foram nivelados. As mulheres alcanaramuma posio de honra e de influncia que jamais conseguiram na sociedade profana.Distinguiam-se tambm os cristos por fervor e pureza moral jamais conhecidos emqualquer parte.

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    12As epstolas de Paulo aos Corntios nos fala de um povo que estava longe de ser

    perfeito como era de se esperar daqueles recm convertidos do paganismo e queviviam no meio de suas tentaes. No obstante as vidas dos cristos gentiosdemonstravam o poder que tem o Evangelho de conceder aos homens uma nova justia.Alm disso, a atitude dominante dos cristos era de contentamento e confiana

    admirveis Regozijavam-se no amor de Deus, o Pai; na comunho com Cristo redivivo;no perdo dos pecados; na certeza da imortalidade.

    Assim desconheciam a tristeza e o desespero que oprimiam a vida de muitos queos cercavam. Essas caractersticas dos cristos primitivos constituam uma poderosarecomendao para o Cristianismo, promovendo o seu desenvolvimento.

    Todas essas caractersticas derivavam parte do seu vigor da constante expectaoem que viviam esses discpulos quanto iminente vinda do Senhor, em glria visvel, para restabelecer seu Reino triunfante sobrea terra. A predominncia desta esperana na Igreja. verdade que esses cristos

    primitivos cometeram, certos erros sobre este assunto da volta do Senhor, mas aesperana de que se achavam possudos muito contribui para fortalecer e purificar suasvidas.

    Os cristos necessitavam de um auxilio especial, pois estavam constantementeexpostos a sofrimentos por causa da sua f. Muitas vezes foram assolados pelos judeusinimigos do Cristianismo. Os cristos eram tambm odiados por muitos, por suas vidasconstiturem permanente condenao dos costumes e da conduta moral dos pagos.

    A partir de Nero (54 a 68 D.C.), o governo romano comeou a hostilizar oCristianismo, tentando elimin-lo, cruel e rigorosamente. Essa perseguio variava deintensidade medida que variavam os governos.

    Consideraremos as razes dessa hostilidade no prximo captulo. Noesqueamos, porm, de que durante o primeiro sculo o Cristianismo enfrentou o poderoficial como seu inimigo rancoroso. Muitos cristos, tanto famosos lderes, como Paulo,como outros heris, desconhecidos, receberam a coroa de martrio.

    d. O Culto na Igreja

    A pobreza e a perseguio impossibilitam a Igreja primitiva de construir seus

    templos durante o primeiro sculo, razo por que os cristos se reuniam para o culto emcasas particulares. Deduzimos das Epistolas de Paulo, especialmente as enviadas aosCorntios, que havia dois tipos de reunies de Culto. Um era o tipo de culto de orao. Oculto era dirigido conforme o Esprito os movia no momento. Faziam oraes, davamtestemunhos, ministravam ensinos, cantavam Salmos. A apareceram tambm osprimeiros hinos cristos do primeiro sculo . Eram lidas e explicadas as Escrituras doVelho Testamento. Havia tambm leituras de citaes, de memrias, dos atos e ensinosde Jesus. Quando os apstolos enviavam cartas s Igrejas, como s que encontramos noNovo Testamento, essas cartas eram lidas para todos. Nessas reunies o entusiasmo doCristianismo primitivo encontrou livre expresso.

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    13E esse entusiasmo s vezes era to ardoroso que resultava em certa

    desordem. Eram admitidas os estranhos a essa reunies e nelas alguns deles selevantavam confessando seus pecados e declarandoque aceitavam a Jesus. A outra era conhecida como a Festa do Amor ou Fraternidade.Era uma refeio comum, muito alegre e sagrada, smbolo do amor fraternal cristo.

    Dela somente os cristo podiam participar. Cada um trazia a sua parte darefeio e este elemento eram repartidos entre todos igualmente. Paulo repreende oegosmo dos que comiam o que eles mesmos traziam e se recusavam a dividir o quetinham com os que no podiam trazer coisas boas. Durante as refeies o dirigente davagraas. Ao fim de tudo celebra-se a Ceia do Senhor em que se usava uma parte do poque tinha sido servido na festa. Esta reunio era no Dia do Senhor, o primeiro dia dasemana, que os cristo guardavam como a Festa para comemorar a ressurreio deCristo.

    Na obstante haver bastante incerteza sobre este assunto, provvel que, a

    princpio, a Festa do Amor fosse realizada noite. J no fim do primeiro sculo a Ceia doSenhor o Eucaristia era celebrada pela manh do dia de Domingo, chamado Dia doSenhor.

    (E) A Crena da Igreja

    Na Igreja do primeiro sculo no se compuseram credos ou declaraes formais def. O Credo s apareceu no segundo sculo. Para conhecermos a crena dos cristosprimitivos, devemos recorrer ao Novo Testamento. Criam eles em Deus, o Pai; em Jesus,como o Filho de Deus e Salvador ; criam no Esprito Santo, de cuja presena estavamconciso. Criam no perdo dos pecados. A base de seu ideal moral eram o ensino deJesus sobre o amor todos o homens. Aguardavam a volta de Jesus para exercer ojulgamento final e dar a vida eterna a todos que crescem nele. Suas idias doutrinrias,se assim o podemos chamar, eram muito simples. Todos seus pensamentos sobre a vidareligiosa tinham como centro a Pessoa de Cristo.

    Duas influncias levavam os crentes do primeiro sculo a cair em alguns errosdoutrinrios, os quais, de certo modo, ameaaram a pureza do Evangelho. Osjudaizantes ensinavam que os cristos deviam cumprir todas as cerimnias exigidaspela Lei Judaicas. Paulo condenou-os porque viu que, se o ensino deles prevalecesse, oCristianismo no podia ser a religio de todas as raas. Encontramos no Novo

    Testamento advertncias solenes contra os erro do chamados Gnosticismos.Esta seita surgiu no primeiro sculo, e veio depois a se tornar muito poderosa.

    Consistia de uma estranha mistura de idias crists, judaicas e pags. Era muitoparecida com o Cristianismo, de modo a confundir alguns.

    (F) O Governo da Igreja

    As Igrejas primitivas eram independentes, com o governo prprio decidindo todosos seus negcios e problemas. Os cristo insistentemente afirmavam que pertenciam nica Igreja Universal, pois todos eram um em Cristo, mas nenhuma organizao e

    carter geral exercia controle sobre as inmeras Igrejas espalhadas por toda parte.

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    14Os primeiros apstolos eram reverenciados, em virtude do contato que tinham com

    Cristo, e exerciam certa autoridade, como se verifica da deciso tomada quanto aosCristos gentios e lei judaica, como se v no captulo 15 de Atos. Paulo exerciaautoridade em virtude de sua posio de apstolo e de trabalho extraordinrio. Mas aautoridade desses homens no deriva do seu ofcio, nem se expressava numa

    organizao formal.

    O novo testamento fala de oficiais que se ocupavam no ministrio da pregao edo ensino. So conhecidos como apstolos e profetas e mestres. O nome de apstolono era restrito aos companheiros de Jesus, mas pertencia a outros pioneiros doEvangelho que levavam as boas-novas aos novos campos. Os profetas e mestres, oudoutores, esclareciam o significado dos Evangelhos s Igrejas. Todos esses exerciamseus ofcios no pela indicao de qualquer autoridade, mas porque revelavam estarhabilitados para tais ofcios, estendia a toda a Igreja; no era restrito a congregaesparticulares. Vemos muitos dos apstolos e profetas viajando por toda parte a servio daCausa. No primeiro sculo, a pregao e o ensino do Evangelho eram feitos

    principalmente por esses homens e por algumas mulheres, antes por oficiais de Igrejaslocais.

    O Novo Testamento fala de outra natureza de ministrio que dizia respeito aosnegcios das congregaes. Parece que no havia nenhum modelo de organizao paratodas as Igrejas, mas estas agiam livre e independentes, e seus mtodos diferiam. Emalgumas Igrejas fundadas por Paulo havia dois grupos de oficiais: os ancios oupresbteros, tambm chamados bispos, que eram superintendentes; o outro grupo era ode diconos. Os ancios ou bispo tinham o encargo do pastorado, da disciplina e dosnegcios econmicos. Os diconos prestavam um servio especial o da beneficncia.

    Os presbteros presidiam Mesa do Senhor e pregavam quando no estavampresente algum apstolo, profeta ou mestre. Esses oficiais eram escolhidos pelo povoporque revelavam os dons e a vocao do esprito Santo para esse trabalho. Tal forma dedistribuio de encargos no admitia qualquer oficial como os pastores atuais. Parece quehavia outras Igrejas com diferentes formas de organizao; em alguns casos a lideranaestava com indivduo; noutros, o governo era congregacional.

    Questionrio:

    1. Fale das relaes de Jesus para seus discpulos.

    2. Qual o propsito de Jesus em relao Igreja?3. Em que sentido Jesus fundou a sua Igreja?4.Quando teve inicio a vida ativa da Igreja e a quem foi o Evangelho inicialmenteanunciado?5. Como a Igreja espalhou o Evangelho e que parte teve Paulo em tornar o Cristianismouma religio universal?6. At onde o Cristianismo se estendeu no primeiro sculo e quais foram seusmissionrios?7. Que classes de pessoas constituam as Igrejas primitivas e quais as caractersticasdistintivas das suas vidas?8. Donde procedeu a perseguio dos cristos durante esse perodo?

    9. Que tipos de reunies de cultos tinham esses primitivos cristos?

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    1510. Qual era a crena deles?11. Quais as influncias que deram origem s idias religiosas errneas entre eles?12. Havia qualquer forma geral de governo nas Igrejas do primeiro sculo?13. Qual era o ministrio da pregao e do ensino? Qual era o ministrio dos negcios daIgreja?

    CAPTULO III

    A Igreja Antiga1a Parte (100-313 d.C)

    I. O MUNDO EM QUE A IGREJA VIVIA (Imprio Romano)

    Durante o perodo abrangido por este captulo, o Imprio Romano alcanou a suamaior extenso.

    Na culminncia do seu desenvolvimento, sob o governo de Trajano (98-117), oimprio compreendia todas as terras ao norte do Reno e do Danbio, e se estendia para ooriente at ao Golfo Prsico e ao Mar Cspico. Todavia, as fronteiras normais limitavam-se com o Reno e com o Danbio, e, no oriente, at ao rio Eufrates.

    Nestes dois sculos, o imprio comeou a apresentar sinais de decadncia.Possuindo um territrio muito extenso e uma populao variadssima, era to corruptos eopressores que findaram em runa. A escravido se espalhou no s na Itlia, mas emtoda parte, e seus inevitveis efeitos desastrosos corromperam o carter de todas ascamadas sociais, aniquilando todas as fontes de riqueza. Uma poltica econmica malorientada enriqueceu uns poucos e empobreceu as classes mdia e baixa, provocandoum decrscimo na populao. O poder e prestgio dos romanos e dos habitantes devarias provncias foram corrodos pela decadncia moral que atingiu no somente aaristocracia, mas tambm a todas as classes, provocando a imoralidade e adesonestidade no comrcio e nos governos, a sensualidade, o desprezo pelo casamentoe a degradao das diverses populares.

    Enquanto o imprio se desmoronava internamente, comeou a receber tambmataques externos por parte dos brbaros que eram, principalmente, as tribos germnicas,cujas terras se estendiam pelos baixos cursos dos grandes rios que desaguavam no MarBltico e nos Mares do Norte. Da, impelidos pelo crescimento de suas populaes, pela

    falta de recursos e ainda atrados por tribos, em direo ao Sul Sudoeste e sudeste.Este movimento de fixao, de estabelecimento definitivo de novos lares. Tais

    movimentos, que duraram cerca de cinco sculos, modificaram a face da Europa, levandonovas populaes a muitas regies. Somente os seus primrdios ocupavam os doissculos que estamos considerando. Antes mesmo da era crist, houve choque entre osromanos e os germanos. No primeiro sculo da nossa era, os romanos, reconhecendo opoder dos germanos, aceitaram a fronteira renodanubiana, exceto a Dcia (atualRomnia). Mais tarde, sculo segundo, os germanos foraram uma reduo das fronteirasdo imprio, o bastante para reduzirem o poder romano ao mnimo. Da em diante, osimperadores os aplacaram aceitando muitas tribos germnicas como aliadas, dando-lhes

    terras e colocando muitos dos seus chefes guerreiros no exrcito romano, que se tornou,por essa razo, predominantemente germnico.

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    16Enquanto o imprio estava relativamente forte, estadistas como Diocleciano (284-

    305), vendo que o territrio era muito extenso para ser governado por um poder central,idealizaram uma diviso de autoridade entre quatro governadores, tendo como capitaisRoma e Nicomdia, na sia Menor. Ele governava no ocidente ao fim deste perodo, e,em 323, tornou-se o nico imperador.

    II. A IGREJA(a) Extenso da Igreja

    EXPANSO DO CRISTIANISMO NO 2. e 3. SCULOS

    Entre o ano 100 d.C. e o reinado de Constantino, o Cristianismo alcanoumaravilhoso progresso. Em 313, era a religio dominante na sia Menor, regio muitoimportante do mundo de ento, como na Trcia e na longnqua Armnia. A Igreja seconstitua numa influncia civilizadora muito poderosa na Antioquia, na Sria, nas costasda Grcia e Macednia, nas ilhas gregas, no norte do Egito, a provncia da frica e naEspanha. Era menos forte em outras partes do imprio, inclusive a Britnia. Era fraca,

    naturalmente, nas regies mais remotas, como a Glia central e do norte. Em todas essasregies a Igreja alcanou povos das mais variadas lnguas, que no faziam parte dacivilizao greco-romana. O Cristianismo j se mostrara mais inclusivo do que qualqueroutra tradio cultural. O Cristianismo no tinha alcanado somente os limites do imprio;mesmo o leste da Sria e Mesopotmia receberam influncia poderosa.

    EXPANSO NA SOCIEDADE

    O Cristianismo introduziu-se em todas as classes sociais. Passara j o tempo de sse encontrarem cristos entre as classes pauprrimas e iletradas. A Igreja contavatambm no poucas pessoas das classes altas e ricas.

    Eram numerosos os cristos na corte imperial e entre os elementos do governo.No obstante haver na Igreja forte opinio de que o Cristianismo era incompatvel com aprofisso de soldado, eram muitos os cristos no exrcito durante o 2. sculo; e eramnumerosssimos os soldados cristos ao tempo de Diocleciano. Muitos homens de altacultura tinha-se tornado discpulos e usaram sua influncia para desenvolver a causacrist. A classe mais poderosa no Cristianismo era, porm, constituda de artesos,pequenos negociantes, proprietrios de pequenas terras, todos pessoas humildes.

    Quem contribuiu para este extraordinrio crescimento do Cristianismo? No inicio

    deste perodo, como no primeiro sculo, houve muitos missionrios itinerantes que foramos pioneiros do cristianismo. Pelo ano 200 d.C. eram, porm, poucos esses heris.

    Os apologistas ou defensores intelectuais do Cristianismo realizaram uma grandeobra missionria. Um deles foi Justino, o Mrtir (100-165). Era um grego natural dePalestina. Demonstrou sua origem grega, percorrendo as varias escolas filosficas procura da verdade. Numa dessas viagens, encontrou-se com um notvel cristo que ofez compreender que o clmax da verdade que ele procurava encontra-se em Cristo . Oresto da sua vida, at ao seu martimo, Justino levou sua vida viajando como os filsofosde ento, ensinando o Cristianismo como filosofia perfeita. Escreveu tambm muitos livroscom o propsito de explicar a verdade crist aos pesquisadores pagos. Outro apologista

    notvel foi Tertuliano (160-320), advogados cartagins, j em meia idade, convertidos aoCristianismo.

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    Era portador de dons extraordinrios, de pensamento agudo, de linguagemvigorosa, elegante, vvida e satrica. Esses dons, aliados a um zelo profundo por Cristo eum severo senso de moralidade, deram-lhe notvel e poderosa influncia. Em muitosescritos refutou falsas acusaes contra os cristos e o Cristianismo, salientando o poder

    da verdade crist.

    OS MESTRES (ORGENES TERTULIANO)

    Os homens que realizaram o trabalho de mestre nas Igrejas foram de utilidadeextraordinria no desenvolvimento do Cristianismo daqueles dias. Exemplo notvel demestre foi Orgenes de Alexandria (185-253). Nascido de pais crentes, recebeu a melhoreducao que era possvel obter naquela poca. Na cultura e poder intelectual no houvequem o superasse no seu tempo. Ele e Tertuliano foram os dois maiores homens daIgreja dos 2 e 3 sculos. Com apenas dezoito anos de idade, Orgenes tornou-se mestrede uma escola de catequese da Igreja da Alexandria. Veio a ser uma fortaleza que tornou

    o Cristianismo conhecido dos cristos e no cristos.Escreveu muitos livros queexpunham as verdades evanglicas, inclusive bom nmero de comentrios de algunslivros da Bblia e que ainda so de valor para os estudiosos. Na perseguio movida peloimperador Dcio, foi vitima de grande crueldade que apressaram sua morte.

    O CRISTO COMUM

    Todavia, a maior parte da obra que contribui poderosa e decisivamente paraespalhar a causa da cruz, foi realizada pelos cristos em geral. Por suas vidas,especialmente pelo seu grande amor fraternal e tambm pelo amor aos decrescentes,pela fidelidade e coragem sob as perseguies e pelo testemunho oral da histria doEvangelho, estes desconhecidos servos de Cristo trouxeram aos ps do Salvador a quasetotalidade dos que foram ganhos para a Causa do Evangelho naquele tempo.

    PERSEGUIES SUAS CAUSAS

    Nunca faremos uma apreciao segura das conquistas que a Igreja fez nestessculos se esquecermos que elas foram alcanadas em meio a mais feroz perseguio. Apartir de Nero (54-68), o governo romano hostilizou tenazmente o Cristianismo. Qual acausa dessa atitude? O governo permitia a livre prtica de muitas religies. Mas oCristianismo era diferente da outras religies. Os crentes prestavam obedincia e

    lealdade supremas ao seu Salvador. E para os romanos, o Estado era a suprema fora, ea religio era uma forma de patriotismo. Os deuses reconhecidos pelo Estado eramcultuados com o objetivo de beneficiar o governo e a nao. Qualquer adepto de outrareligio estava disposto a prestar tributo aos deuses nacionais, ao mesmo tempo em querealizava o seu prprio culto.

    Mas o Cristianismo era exclusivista. No condescendia em prestar culto outradivindade. Os cristos sustentavam a inutilidade dos deuses, exceto o que elesadoravam. De modo algum prestariam culto aos deuses romanos, por ordem por que, aosolhos dos governos romanos, o Cristianismo parecia um ensino desleal e perigoso para oEstado e para a sociedade. Assim os cristos foram acusados de anarquistas, sacrlegos,

    ateus e traidores. O governo, ento, hostilizava o Cristianismo porque o considerava umaameaa ao Estado Supremo.

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    Usava de um meio muito conveniente para por prova a lealdade dos cristos.Estes eram trazidos a juzo e obrigados a participarem das cerimnias da religio doEstado, na adorao das esttuas de Roma e dos imperadores. Quando os cristos,naturalmente, se recusavam a prestar esse culto, as autoridades os consideravam

    traidores. Era bastante algum confessar: Sou Cristo, para tal testemunho constituirdesobedincia ao Estado.

    RAZES ESPECIAIS

    Dois fatos contriburam para a oposio oficial ao Cristianismo: primeiro, seucrescimento a despeito da represso; segundo, suas principais reunies, com a Ceia doSenhor, eram realizadas a portas fechadas. A Igrejas parecia aos olhos do governo umaperigosa arma secreta que crescia assustadoramente.

    Por muito tempo o governo fez s vezes do povo no ataque ao cristianismo. At o

    3. sculo, quando os cristos se tornaram mais bem conhecidos, o Cristianismo eraodiado pelo povo. O repdio dos cristos ao culto do Estado, smbolo de patriotismo,tornava-os traidores aos olhos do povo. E era como se algum se recusasse a prestarhomenagem bandeira da sua ptria. Os cristos repudiaram todos os deuses antigos,cujo culto era necessrio para a felicidade Social. A sociedade tinha muitas fases da suavida ligadas a essas formas de culto. Os cristos, por essas razes, eram tidos como apior classe de revolucionrios, destruidores de fundamentos da civilizao; no obstanteserem, como afirmavam e o eram, sujeitos e obedientes s outras leis. Os cristosconsideravam-se um povo parte, escolhidos peculiar mente por Deus, e, agindo comotais, no se conformava com os costumes populares, naquilo em que a religio crist osimpediam. Essa atitude criou ambiente hostil.

    Boatos de indecncia praticadas pelos cristos em suas reunies de carterprivado aumentaram a hostilidade pblica que se traduziu em ataques violentos dapopulao, ataques de que os oficiais do governo, algumas vezes, os livraram.

    No houve uma perseguio continua, de Nero a Constantino. O tratamento dadoaos cristos variava de acordo com as atitudes dos imperadores ou dos governosregionais. Houve muitas pocas de trguas em certas regies ou no imprio todo.Masdurante todo tempo Cristianismo esteve fora da lei, e em qualquer ocasio, os cristospodiam ser presos e acusados diante de um magistrado. A recusa de participao noculto oficial significava tortura e, para os obstinados, a morte. Nenhum crist, nesse

    sculo, pode viver sem sofrer perseguio, de um modo ou de outro.At primeira parte do 3. sculo, os ataques ao Cristianismo eram

    principalmente de carter local. Depois de se experimentar a paz por uma gerao,desencadeou-se a pior perseguio jamais sofrida, sobre o governo de Dcio e seus doissucessores (250-260).

    Lanaram eles mo de todo o poder de que dispunham, numa tentativa sistemticaem impiedosa de varrer o Cristianismo do imprio romano. Milhares foram martirizados emilhares abandonados a f. A Igreja estava seriamente ameaada, enfraquecida e emperigo mortal quando a perseguio foi suspensa pelo imperador Galieno.

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    Seguiu-se, ento, a Pax Longa (260-303), durante a qual a Igreja muitoconseguiu em nmero, poder e organizao. Assim, ela ficou habilitada a suportar altima das perseguies, sob Diocleciano. Esta foi cuidadosamente organizada eferocssima, mas de pouca durao em algumas partes, prejudicando, relativamente

    pouco,a Igreja.Em 331, apareceu um dito de Tolerncia, publicado por Galrio, imperador no

    oriente, no qual se reconhecia a insnia da perseguio aos cristos. Dois anos maistarde, o dito de Milo, de Constantino e Licnio,imperadores no oriente, no qual sereconhecia a insnia da perseguio aos cristos. Dois anos mais tarde, o dito de Milo,de Constantino e Licnio, imperadores do ocidente e do oriente, estabelecia a liberdadereligiosa para todos. Tal dito foi destinado a pr fim perseguio ao Cristianismo.

    (b) A Vida na Igreja

    Essas grandes perseguies tiveram como resultado moldar em grande o Cartermoral da Igreja. S uma pessoa zelosa e fiel professaria a f em Cristo quando tal atoconstitua hostilidade ao governo. A vida crist foi assim mantida num alto nvel moral.

    Durante perodos de paz, muita gente entrava na igreja. Muitos, porm, entravamsem a verdadeira converso, o que resultava no rebaixamento do nvel moral da igreja.

    Voltando a perseguio, os fracos desistiam ante o terror e o sofrimento que tinhamque enfrentar por amor a Cristo. Desse modo, a Igreja era expurgada dos membrosnominais, e os fiis se tornavam mais vigorosos no testemunho do Senhor.

    No 2 e 3 sculos o carter geral dos cristos permaneceu como desde o principio,bastante elevado o que os tornava distintos do resto do mundo. No obstante haveralgumas excees, os cristos, em geral, eram conhecidos por sua moralidade superior.A fraternidade crist, a pureza, a honestidade, a bondade eram os seus principaiscaractersticos.

    O mundo ficou especialmente impressionado com a expresso de amor fraternaldesses cristos, qualidade esta que era estranha para o mundo. Era comum anecessidade entre eles, pois havia muitos pobres. As perseguies deixavam muitasvivas e rfos e provocavam confiscao de bens. O amor cristo era somente aosirmos na f. Em poca de calamidade, como pestilncias, etc., os cristos cuidavam dos

    necessitados, sem distino, numa era quando ningum se atrevia a faz-lo.Nesses dois sculos aparecem duas tendncias que mais tarde influenciaram

    poderosamente a vida dos cristos. Uma delas foi o ascetismo, o que vem a ser adisciplina do carter alcanada pela absteno voluntria de coisas que em si mesmoso lcitas. Havia pessoas que jejuavam e renunciavam a vida em sociedade por umaexistncia solitria. Pensavam desse modo que seriam possvel alcanar uma justiaespecial.

    A outra tendncia foi o legalismo. Era uma interpretao do sentido moral dareligio, como obedincia a certas leis e regras definidas. Os legalistas oravam muito e

    jejuavam em certos dias da semana e davam esmolas regularmente.

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    A liberdade da vida crist ensinada por Paulo foi, de certo modo, substituda porum sistema de regras e praticas de certas obras.

    J fizemos referencia ao fato que, no intervalo das perseguies, gente no

    convertida, por alguma razo, uniam-se Igreja, rebaixando, assim, o nvel mdio docarter dos cristos. Isso tornou insatisfeito muitos cristos sinceros, fiis. Entristeceram-se eles com o padro de vida que a Igreja estava permitindo existir no seu seio. Surgiu,desse modo, uma distino que criou dois tipos de conduta crist. As exigncias doEvangelho eram para os cristos em geral. Os avisos Do Evangelho, para os queaspiravam uma vida espiritual mais perfeita.

    Havia, ento, em processo, um duplo padro de vida crist: as exignciasconstituam a simples guarda de certas regras e preceitos da Igreja; os avisos eram paraos que desejavam uma vida asctica de voluntrios absteno com o fim de alcanarainda mais a santidade. Os elementos de realce dessa vida moral mais elevada eram:

    pobreza e celibato.(c) O Culto e os Sacramentos da Igreja

    Pelos meados do 2 sculo era j costume estabelecido ter-se, no Dia do Senhor(=Domingo), uma reunio para a leitura da Escritura, orao, cntico de salmos e hinos epregao, encerrando-se tudo com a Ceia do Senhor. Como este fosse um dia comum detrabalho, as reunies eram pela manh muito cedo. A primeira parte dos serviosreligiosos tinham carter pblico, mas somente os crentes podiam estar presentes ministrao dos sacramentos. Nos 2. e 3. sculos, comearam a aparecer certasfrmulas para orao, liturgias ou ordens expressas de culto.

    J ao fim do 2. sculo, o batismo era ministrado com um ritual elaborado. Surgiu acrena de que o batismo lavava os pecados. A ceia do Senhor ou Eucaristia comeou aser ministrada por meio de uma certa forma litrgica. Especulaes sobre o seusignificado deram origem, no 3 sculo, a uma doutrina que tinha duplo aspecto. Primeiro,a Ceia era considerada sacramento em Cristo estava realmente presente, de sorte que ocomungante tinha comunho pessoal com Ele. Segundo, era considerada tambm comoum sacrifcio que movia o sentimento de Deus a favor dos comungantes e daqueles porquem estes orassem.

    (d) A Crena da Igreja

    Neste perodo a Igreja comeou a desenvolver e aprofundar seu pensamento sobreos elementos fundamentais da sua f, pesquisas estas que deram origem aos credos dos4. e 5. sculos. O primeiro impulso para isto, procedeu do Gnosticismo. No 2. sculo,este movimento espalhou-se no oriente, especialmente na sia Menor. O Gnosticismo erauma teoria muito aproximada do Cristianismo, por isto mesmo tempo, se distanciava dadoutrina crist pois negava que cristo tivesse tido uma vida fsica real. Para que oscatecmenos ou candidatos ao batismo fossem devidamente instrudos, como tambmpara defender o Cristianismo dos erros dos gnsticos, foram estabelecidas certasdeclaraes breves sobre o que constitua objetivo de f para os cristos. Certos credos,muito semelhantes ao Credo dos Apstolos, apareceram em vrios lugares durante o 2

    sculo.

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    natural que muitos deles viessem a se construir, substancialmente, regra de f daIgreja, e como tal, fossem geralmente aceitos.

    Cristo era supremo objeto do pensamento cristo, pois era o alicerce e a fora do

    Cristianismo. As idias que a seu respeito surgiram foram simplificadas nestes doisaspectos: sustentar a crena em um nico Deus e dar a Cristo o lugar que lhe era devido.

    (e) A Organizao da Igreja

    1. Organizao Eclesistica Local

    Como vimos, no 1. sculo no havia um padro uniforme de organizaoeclesistica. Algumas igrejas eram governadas por grupos de presbteros ou bispos,auxiliados pelos diconos. J nos meados do 2. sculo havia uniformidade deorganizao. Praticamente, cada igreja tinha um bispo que dirigia, alm do grupo de

    presbteros e diconos. A palavra bispo, aqui, no deve ser mal-entendida. Esses bisposno tinham seu governo exercido pelos di grupos. Em certos casos, um s homem podedirigir melhor do que vrios .

    2. A Igreja Catlica

    Vimos como no primeiro sculo as igrejas eram independentes. No havia governoque exercesse autoridade sobre mais de uma igreja. No segundo, ainda permaneceu amesma situao. Mas no terceiro quartel do segundo sculo, comeou a surgir umaorganizao que depois veio a ser conhecida como Igreja Catlica. O termo catlicaquer dizer universal. Esta foi uma federao ou associao de igrejas que eram ligadaspor um acordo formal, com trs aspectos. No 1. sculo, as igrejas tinham unidadeespiritual, atravs do amor, unidade baseada na f em Cristo. No 2. sculo, alm daunidade espiritual havia tambm uma unidade externa. As igrejas que faziam parte daassociao chamada catlica eram unidas, primeiro por terem uma s forma degoverno, isto , bispos, presbteros, diconos; segundo, pela adoo de um s credo,substancialmente o Credo dos Apstolos; e terceiro, por todas reconhecerem ereceberem uma s coleo de livros do Novo Testamento.

    Havia igrejas que no tinham a forma de governo acima descrita, nemconcordavam todas com o mesmo credo, nem recebiam alguns dos livros aprovados.Essas igrejas eram reputados pela Igreja Catlica como herticas.

    A organizao da Igreja Catlica tornou-se necessria em face de um grandeperigo. O gnosticismo lanava confuso nas massas a respeito da verdade crist. Outromovimento estava tambm produzindo dissenso: o montanismo . Os montanistastambm desejava uma igreja como a do 1 sculo, sob a direo do governo direto doEsprito Santo. Sustentavam que as autoridades da direto do Esprito Santo. Sustentavamque as autoridades da igreja estornavam a ao do esprito, e se opunham ao podersempre crescente que se desenvolvia no ministrio.

    A crena deles a respeito da direo imediata do Esprito levou-os a uma estranhae fantica emisso de sons e palavras. Para preservar a religio crist de se perder na

    confuso, foram necessrios certos meios de unidade externa.

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    O meio de que lanaram mo foi organizao da Igreja Catlica, uma instituioque pretendia possuir autoridade, excluindo do seu seio os que se recusassem a lheobedecer. Esse resultado funesto posteriores, mas era necessrio naquele tempo.

    3. Outro Desenvolvimento na Organizao da IgrejaDurante estes sculos verificaram-se varias mudanas na atitude do ministrio. A

    distino entre um clrigo e um leigo, desconhecido no primeiro sculo, foi aparecendogradualmente. Bispos, presbteros e diconos eram separados, distintos na posio queocupavam, dos demais membros das igrejas. O desenvolvimento da idia de uma moralmais alta deu lugar crena de que o clero deveria celibatrio. Isto veio a se constituir leina Igreja ocidental no 4. sculo. Nas igrejas maiores comearam aparecer clrigosoficiais de graduao inferior, tais como sub-diconos e eleitores. No ano 251 a IgrejaRoma, a maior das igrejas, tinha para mais de 150 clrigos de varias categorias.

    A idia de que o ministrio crist um sacerdote, isto , que ele permanece entre ohomem de Deus, comeou a prevalecer no 3. sculo. Tal idia correu paralela com acrena de que a Ceia do Senhor um sacrifcio oferecido a Deus em favor do povo.Naturalmente, a idia do sacerdcio ligava-se especialmente pessoa do bispo. O oficiode bispo era ento muito elevado. Atribui-se lhe autoridade divina que o capacitava a maispoder divino para declarar os pecados perdoados. Vimos que em algumas igrejas tevelugar uma centralizao de poder pela qual um dirigente tornou-se o nico cabea daigreja local. A este, segue-se outro passo na centralizao. No 2. sculo o bispo era opastor de uma igreja numa cidade.

    proporo que crescia o nmero de crentes outros grupos se formavam na

    mesma cidade e nas adjacncias. Todos esses grupos ficavam sob o governo do bispo daigreja me (= matriz).

    Cada uma das outras igrejas era dirigida por um presbtero, e o bispo exerciasuperintendncia sobre todo o distrito ou diocese.

    No tinha ainda surgido no 2. sculo nenhum governo geral, organizado, daIgreja. Havia snodos ou reunies de bispos para tratarem das necessidades particulares.

    Neste sculo, desenvolveram-se duas idias de unidade. Uma, foi que a unidaderepousava na concordncia com os pontos de vista da parte dos bispos. A outra, foi que a

    unidade consistia na aceitao da autoridade de um bispo, o bispo de Roma. Sendo aigreja da capital do imprio a maior e mais rica de todas as igrejas, naturalmentecrescendo em poder e influncia.

    A partir do 2. sculo, os Bispos de Roma comearam a reivindicar no ocidente,no porm, no oriente.

    Questionrio:

    1. Quais foram s causas internas do declnio do Imprio Romano?

    2. Quais as relaes dos germanos para o Imprio Romano, nesta poca?

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    3. Descreva a expanso geogrficas do Cristianismo de 110 a 313 d.C.

    4. Descreva sua Expanso na sociedade.

    5. Por que meios conseguiu o Cristianismo esse crescimento.6. Qual s causa principal da perseguio imperial ao Cristianismo?

    7. Descreva a poltica geral do governo com relao aos cristos.

    8. Descreva as perseguies do 3. e 4. sculo.

    9. Como terminou a perseguio.

    10. Qual o carter dos cristos, geralmente falando, durante essa poca?

    11. Explique o que foi o ascentismo e o legalismo.

    12. Descreva o culto dominical neste perodo.

    13. Quando foi adotado o Credo dos Apstolos e por qu?

    14. Qual o padro de governo eclesistico local que prevaleceu no 2. sculo.

    15. O que era a Igreja Catlica do 2 sculo?

    16.Qual a idia do sacerdcio ministerial?

    17. Descreva como apareceu o bispo diocesano.

    CAPTULO IV

    A Igreja Antiga

    2. Parte (313-590 d.C.)

    O quarto e o quinto sculos viram a continuao do declnio do imprio romano e,

    finalmente, a sua queda no ocidente. Constantino governou o imprio a partir de 323, comenergia e sabedoria. Transferiu a capital para a sua nova e belssima cidade deConstantinopla (=Istambul). Depois dele, verificou-se novamente a diviso de autoridadeat Teodsio, o qual, j governando no oriente, obteve o poder total que manteve de 392a 395. Foi ele o ltimo a manter o domnio de todo o mundo romano. Depois dele, houveduas linhas de imperadores, os do oriente e os do ocidente, com as capitais emConstantinopla e Roma.

    Durante todo esse tempo o imprio vinha se esfalecendo internamente enquanto seacentuavam os ataques externos dos brbaros. Em 373, verificou-se em Adrianpolisuma das mais decisivas batalhas do mundo, em que os visigodos, que habitavam o baixo

    Danbio derrotaram os romanos sob o comando de Valncio, e mataram este imperador.

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    Depois desses eventos, os visigodos, sob as ordens de Alarico, procederam aosaque de Roma, em 410. Seguiram-se varias outras conquistas de varias tribosgermnicas, que arrebataram uma boa parte do imprio. Os visigodos tribos germnicas,que arrebataram uma boa parte do imprio . Os visigodos estabeleceram um reino na

    Espanha e outro no sudeste da Frana e oeste da Alemanha; os borgndios seespalharam pelo sudeste da Frana; os francos dominaram o norte da Frana; os anglose saxes se apossaram da Inglaterra. No oeste, somente a Itlia permaneceu sob aautoridade Imperial. Esta foi apenas uma sombra, pois por muitos anos os verdadeirosgovernantes e dominadores tinham sido lderes do exrcito germnico, Odoacro,destronou Rmulo Augusto, o ltimo imperador romano do ocidente, e ocupou o governo.

    Muito antes disso vrias partes do imprio ocidental j se encontrava em anarquia,que se prolongou muito depois do sculo 6. As tribos germnicas que se apoderaram departes do imprio comearam a guerrear entre si. No surgiu nenhum governo fortesemelhante ao de Roma, e o ocidente europeu caiu na misria e no caos.

    No oriente, os imperadores mantiveram seu poder em Constantinopla; noobstante, sofreram ataques externos e enfraquecimento interno.

    Muitos deles governaram efetivamente os seus domnios no oriente europeu,ocidente da sia e nordeste da frica. Um deles Justiniano (527-556), foi um dos maioresimperadores romanos. Retomou muito do antigo territrio que o imprio controlava noMediterrneo, e no seu governo a civilizao se desenvolveu substancialmente. Depoisdele, embora o imprio ainda permanecesse, no foi, todavia, to prspero. No obstantehaver portanto tempo dos imperadores, o imprio no era considerado dividido; era-osomente o seu governo. Os povos o consideravam um nico imprio romano e ambos os

    governos como imperadores romanos. Depois da queda do ocidente, os monarcas deConstantinopla pretendiam ser os ;nicos governantes do imprio romano.

    II. A IGREJA

    (a) A Extenso da Igreja

    1. Nos Territrios Romanos

    Antes de Constantino, o Cristianismo vivia em conflito com o mundo; com ele, oCristianismo passou a domina-lo. No so muitas as razes, nem claras, para essa

    mudana de situao. Sem dvida, Constantino sentiu que o Cristianismo no podia serdestrudo, pois se fortificava cada vez mais. Isso, talvez, o convenceu de que o Deus doscristos era bastante forte, e o fez desejar as oraes dos cristos a fim de alcanarbnos para o seu governo. Sem dvida, percebeu tambm que, se o Cristianismofosse ajudado e se tornasse bastante forte, seria um poderoso elemento para a unificaode todos os povos de imprio . Sem dvida, teve simpatia pessoal pelo Cristianismo,mas nunca demonstrou em sua conduta qualquer influncia da moral crist.

    Constantino revolucionou a posio do Cristianismo em todos os aspectos.Primeiramente, como j foi dito, ele e Licnio, em 313, estabeleceram completa liberdadereligiosa que proporcionou igualdade de direitos a todas as religies.

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    Depois mostrou-se favorvel ao Cristianismo, fazendo ofertas valiosas para aconstruo de igrejas, manuteno do clero e isentando-o dos impostos.

    Juntou as guias dos seus estandartes ao lbaro, o smbolo de Cristo. Afinal,

    entrou ativamente nos assuntos da Igreja, tentando dirimir disputas doutrinarias. Por todoesse tempo no foi cristo professo, pois no recebeu religio oficial do imprio. A antigareligio do Estado foi mantida, e Constantino continuou como seu pontfice maximus ousumo sacerdote.

    Mas seu interesse e auxilio deram ao Cristianismo uma posio de indiscutvelprestgio.

    A nova situao da Igreja no mundo trouxe-lhe rpido desenvolvimento que, por umlado, foi bem para ela, e, por outro, um grande mal. Livre de perseguio, disciplina epurificada pelas provaes por que passou, desenvolveu poderosamente a sua obra,

    tanto nos antigos como nos novos campos de trabalho . Dentro do imprio, muitos daantiga populao no eram cristos, e inmeros pagos brbaros vieram se estabelecerno imprio. Muitos bispos cristos pregavam aos descrentes em suas dioceses eencorajavam o trabalho missionrio em toda parte.

    Na Frana central, no 4. sculo, Martinho, bispo de Tours, homem dotado degrande eloquncia e caridade extraordinria, fortaleceu grandemente o Cristianismo, porseu incansvel labor, auxiliado por discpulos preparados nos mosteiros que ele mesmofundara, Ao mesmo tempo, Ulfilas realizava uma extraordinria obra missionria entre osgodos, nas regies do Baixo Danbio. Traduziu grande parte da Bblia para a lnguadesses povos, preparando antes um alfabeto apropriado . Principalmente por causa

    desse trabalho, os visigodos, quando capturaram Roma em 410, j eram cristos. Asobras de filantropia da Igreja, seus hospitais, hospcios para os estrangeiros , orfanatos,auxlio s vivas e aos pobres, atraram muita gente, embora muitos no fossemrealmente convertidos. Naquela sociedade que se desintegrava, no 4 e no 5 sculo, aIgreja era o nico refgio e esperana dos pobres. Em parte, por motivo desses esforosda Igreja, o Cristianismo espalhou-se rapidamente nesses sculos, nas partes do imprioonde a religio ainda no se tinha formado, especialmente na Grcia, alto Egito, norte daItlia, Espanha, Frana e nas terras ao longo do Reno e do Danbio. Na Britnia, onde oCristianismo j tinha penetrado desde antes do ano 300, surgiu, no 4. sculo, uma igrejavigorosa.

    Alm dos esforos da igreja, o poder oficial contribuiu para o nmero de cristos sedilatar. Este beneficio foi, porm, duvidoso. Logo que Constantino se constituiu patrono doCristianismo, este tornou-se uma religio cheia de heresias e de inovaes. Ossucessores desse imperador seguiram seu exemplo, e com mais nfase. Elessustentavam o Cristianismo, interferiram e exerciam autoridade nos negcios da igreja.Desse modo o Cristianismo, embora no fosse de forma nominal, veio a ser praticamentea religio oficial do imprio. Isto resultou na entrada de muita gente para a igreja somentepor ser a religio apoiada pelo governo. Esta posio do Cristianismo sofreu um colapsono governo de Juliano (361-363), que tentou muito esforo intil, restaurar o paganismo.

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    Diz a histria que, ao aproximar- se da morte e vendo sua luta perdida, disse:Venceste, Galileu! Poucos anos depois (380), Teodsio, imperador cristo do oriente,baixou um decreto pelo qual todos os sditos do imprio cristo do oriente, deveriamaceitar a f crist como estabelecida pelo Conclio de Nicia. Continuou com essa poltica

    at que se tornou governador do mundo romano, em 392. Assim o Cristianismo veio a seruma parte da lei imperial. Esse ato deu, naturalmente, o golpe de morte no paganismodentro do imprio. Muitos templos pagos e dolos foram destrudos, e pelo ano 400 oculto pago avia desaparecido. Isto parecia uma vitria extraordinria, pois a religio queavia um sculo tinha sido perseguida tenazmente, tornava-se a religio oficial do imprio.Na realidade, tal situao no constitua uma vitria, pois o novo estado de coisa veioaprovar que nas igrejas haviam multides que nada o conheciam do Cristianismo, nem opossuam .

    2. Fora dos Territrios Romanos

    O Cristianismo estendeu-se extraordinariamente muito alem das fronteiras doimprio romano. Na mesopotmia havia muitos cristos do credo Nestoriano, de quetrataremos mais adiante. Provavelmente, a prpria ndia foi alcanada pelas alturas doano 500. Na Etipia o Evangelho entrara antes de 350. No sculo seguinte alcanou aIrlanda, o limite mais ocidental do mundo de ento. Ali o notvel pioneiro Patrcio, emboraoutros cristos tivesse estado ali antes dele. Nascido na Britnia, de pais cristos, foi, nainfncia, capturado pelos piratas irlandeses e levado como escravo para a Irlanda.Conseguiu fugir para a Frana, vivendo certo tempo num mosteiro e voltando a Britnia.

    Mas vivia dominado pelo desejo de evangelizar os irlandeses que tinham sede deCristo. Parecia ouvir a voz dos habitantes da floresta Fochlad, chamado-me a ir ter com

    eles. Mais tarde, depois de alguns anos de estudo na Frana, foi a Irlanda, em 433. Ali,por trinta anos, foi um missionrio de singular devoo, de vida profundamente crist, epde lanar naquela terra duradouros alicerces cristos.

    Enquanto isto, no sudeste da Esccia, Niniam um notvel missionrio, fazia umgrande trabalho. Os fundamentos desse trabalho, porm, foram lanados por Columbaque, logo depois do ano 550, conduziu uma companhia de monges irlandeses para umapequena ilha, na costa oriental da Esccia.

    Do mosteiro ali estabelecido, Columba e seus companheiros partiram para seutrabalho missionrio que se espalhou largamente pela Inglaterra e Esccia, estendendo-

    se depois ao continente: Frana, sul da Alemanha e Sua. Nenhuma narrativa da histriacrist primitiva tem mais brilho do que a histria do trabalho desses monges irlandeses eescoceses. Seu ensino tinha um simplicidade apostlica raramente encontrada em outraparte, e suas vidas eram de uma pureza e consagrao extraordinria. Isto contrastachocantemente com um trabalho de missionrio que encontramos no 5 sculo, trabalhode cristianizao superficial de um povo. Clvis, rei dos Francos, tinha uma esposa cristque de h muito tentava convert-lo. Achando-se ele em apertos numa batalha, fez o votode tornar-se cristo, caso Cristo o auxiliasse a conseguir a vitria . Alcanando-a,declarou-se cristo e obrigou o seu povo a aceitar o Cristianismo. No natal de 496, ele etrs mil dos seus guerreiros foram batizados. Foi assim que as mais poderosas tribosgermnicos tornaram-se nominalmente crists. A histria posterior de Clvis e dos francos

    prova que esse cristianismo era realmente superficial.

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    b) A Vida na Igreja

    A nova posio da Igreja, aliada ao sculo, de modo algum foi benfica sua vida.A entrada de multides nas igrejas impediam-na de manter aquela vigilncia a aquele

    escrpulo necessrio ao preparo e exame cuidadosos nos candidatos, como sempre ofizera. A maioria dos que entravam para a Igreja era realmente pag, gente de vidareprovvel. Era natural que aparecesse uma queda no nvel moral do carter cristo.

    Para enfrentar esta situao, a Igreja desenvolveu sua disciplina, isto , seumtodo de tratar as ofensas contra a moral, etc. No entanto, as pessoas s eraminstrudas quanto aos deveres da vida crist, depois de entrarem na Igreja, em vez deserem antes. Para certos atos julgados imorais, havia penas severas; para ofensasmenores, havia penitncia, tais como: confisses pblicas, jejuns e oraes; para as faltasmais graves, havia a excomunho.

    Por esse tempo, muitssimos cristos sinceros tornaram-se ansiosos por uma vidamais elevada, mais piedosa do que a que existia ao redor deles. Foi por isso que surgiuuma forma de vida que estava destinada a se tornar uma das poderosas foras na histriada cristandade o monarquismo.

    O que levou o homem a se tornar monges foi o desejo da salvao. Sob doisaspectos, a vida do claustro parecia um meio mais seguro de salvao do que a vidacomum dos demais homens.

    Era uma vida separada do mundo, portanto, pensava-se, livre dos embaraos quea vida crist encontrava na sociedade. Nos primeiro sculos, os cristos viviam numa

    sociedade pag cheia de tentaes. Depois que a sociedade tornou-se nominalmentecrist, continuou por muito tempo praticamente pag. Alem disso, a Europa esteve pormuitos sculos, os cristos viviam em uma sociedade pag cheia de tentaes.

    Depois que a sociedade tornou-se nominalmente crist, continuou por muito tempopraticamente pag. Alem disso, a Europa esteve por muitos sculos em guerra constante.Na Igreja mesmo havia muita maldade. Os que desejavam fortemente uma vida cristmais profunda comearam a pensar que o nico meio para alcana-la seria fugir da vidacomum da sociedade.

    Em segundo lugar, a vida monstica oferecia uma oportunidade de se alcanar

    santidade pela completa negao dos desejos. Tudo girava em torno do pensamento queo mal estava na matria, inclusive o prprio corpo. Portanto acreditava-se que se podiaobter a santidade libertando, at onde possvel, o esprito do corpo. isto se conseguia,negando se ao corpo o que este desejasse. Uma forma muita apreciada de negaopessoal era a da completa pobreza. Chegou-se, assim, a pensar que a verdadeira vidareligiosa, tanto para os homens como para as mulheres, seria renunciar a todos os bens,viver em pobres alojamentos, vestir-se sem conforto, alimentar-se muito pouco, dormirpouco, flagelar-se em penitncia, viver em celibato.

    Desde o segundo sculo havia no oriente, especialmente no Egito, milhares demonges ermites, morando em lugares desertos e vivendo em extrema pobreza.

    Eram considerados, pela maioria, como homens peculiarmente santos.

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    No 4. sculo, a idia monstica chegou ao ocidente, porm a vida monsticatomou uma forma diferente da do oriente. O monge tpico do oriente era uma solitrio; noocidente ele era membro de uma sociedade e entravam em comunidades favorveis avida crist, governadores por uma rgida disciplina.

    Na parte oriental da igreja, a vida monstica era social, uma vida de irmandade, defraternidade crist em que todos os bens eram comuns e quase todas as coisas eramfeitas em comum.

    No 4. sculo, a famosa regra de beneditina foi organizada por Bento de Nrsia, naItlia. Em pouco tempo, em todo o ocidente, ela tornou-se praticamente a lei geral da vidamonstica. Bento verificou que a vida dos monges precisava de direo e pureza, etentou alcanar esses elementos por meio da sua regra ou sistema monstico. Nela, ovoto feito pelo monge era por toda vida, de modo que a pessoa morria pelo mundo.Requeria-se o abandono de todas as propriedades. Eram prescritas as virtudes que

    deveriam cultivar: Abstinncia, obedincia aos superiores, silncio, humildade, etc. Osdeveres eram tambm prescritos detalhadamente, dividindo-se o tempo entre o culto, ostrabalhos manuais em casa, trabalhos nos campos e estudos. A reforma produzida pelaregras disciplinares deu grande popularidades a vida monstica, ensejando oaparecimento de muitos novos mosnteiros que se enchiam, to prontas estivessem asnovas edificaes. O monarquismo estavam pronto para realizar a sua grande obra noinicio da idade mdia.

    (c) A Crena da Igreja

    O 4. e o 5. sculos foram o principal perodo da histria da igreja no que respeita

    a manifestao da sua crena. Foi nesta poca que surgiram os credos ainda hoje aceitospelos cristos e todo o mundo. No perodo precedente, como vimos, Jesus Cristo era oassunto fundamental do pensamento da igreja. A discusso quanto natureza do Cristocresciam cada vez mais; especialmente no oriente, onde a influncia grega produziu umprofundo interesse em questes de doutrina. No comeo do sculo 4., rio, presbtero deAlexandria , ensinou que Cristo nem era homem nem Deus, mas um ser intermedirioentre a divindade e a humanidade. Tal ponto de vista espalhou-se rapidamente no oriente.A disputa sobre este assunto dividiu a igreja e causou mesmo perturbao da ordempblica. A fim de pacificar os nimo, Constantino convocou o Primeiro Conclio geral daigreja, em Nicia, na sia menor, em 325. Ali Atansio teve uma grande vitria. Ele foi oprincipal oponente de rio e seu partido. O conclio afirmou a divindade de cristo, pela

    qual lutou Atansio, e foi declarado que cristo era da mesma substncia que o pai. Foigrande a influncia do imperador na deciso. Ao mesmo tempo ela correspondia com opensamento de quase todos os bispos. Durante a intensa disputa teolgica no conclio,verificou-se que a maioria dos bispos no era composta de telogos, mas de pastores; e oque influenciou foi o apelo feito por Atansio f, convico deles o resultado da suaexperincia crist.

    Eles criam que o cristo, a quem conheciam como constituiu a maior parte dochamado credo niceno, o qual foi confirmado pelo de calcednia, no sculo seguinte. Oensino deste credo tem sido aceito desde ento por toda a igreja crist.

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    A questo da divindade de cristo, tem sido vitoriosa, A discusso votou-se para oassunto da relao entre sua natureza divina e humana. Foram tremendas asdivergncias de opinio que chegaram a provoca divises na igreja. O quarto concliogeral de calcednia, 451, apresentou o pronunciamento final da igreja sobre este assunto,

    declarado que em cristo as duas naturezas divina e humana existiam em plenaintegridade.

    As grandes verdades que so vitais f crist, como as da encarnao e datrindade, foram examinadas e expressas pela igreja e nessa Era dos Conclios. Taisdecises tem sido aceitas desde ento pela cristandade. Ao lado desta vitria surgiu umprejuzo, em virtude da tendncias de se pensar que a coisa mais importante noCristianismo era defender e guardar as definies corretas da verdade crist. A prova def crist de uma pessoa no era tanto a sua lealdade a Cristo, em esprito e pelocomportamento moral, se no a sua aquiescncia ao que a igreja declarava ser a doutrinacorreta, isto , a sua ortodoxia. Quem no fosse considerado ortodoxo era expulso como

    herege, embora sua vida fosse um testemunho continuo de lealdade de Cristo.

    Dois grandes homens que influenciaram o pensamento de toda a vida da igrejaforam Jernimo e Agostinho. Jernimo nasceu em 340, na Pannia, nas proximidades daatual Viena. Converteu-se ao Cristianismo com mais ou menos 25 anos de idade, quandoera estudante em Roma.

    Depois de viver algum tempo em companhia de alguns amigos, dedicou-se aosestudos das escrituras prtica monstica, indo passar vrios anos, feito monge, numdeserto perto da Antioquia. Ali passou muitas dificuldades, mas sempre estudando. Indopara Roma, continuou os seus estudos. Em razo ao seu grande amor ao Cristianismo,

    poder intelectual e extraordinrio raciocnio, exerceu grande influncia nas aristocraciaromana, particularmente em algumas mulheres da nobreza. Em 385, o entusiasmo pelavida monstica o levou a viver numa cela de certo mosteiro em Belm. Ali viveu at suamorte em 420, estudando e escrevendo. A principal de suas obras foi traduo que fezda Bblia. O velho testamento foi pela primeira vez vertido para o latim, diretamente dohebraico, e a ento existe traduo latina do novo testamento foi cuidadosamente revista.Desse modo, Jernimo deu ao mundo uma das verses das Escrituras mas largamenteusadas, que foi depois conhecida como a vulgata, a Bblia da idade mdia.

    Revista depois, ainda hoje aceita pela igreja Catlica como texto autorizado dasEscrituras. Em adio a este trabalho, Jernimo escreveu comentrios, tratados de

    teologia, livros em defesa da vida monstica e inmeras cartas.

    Agostinho escreveu sua vida de jovem no seu maravilhoso livro tituladoConfisses . Nasceu na morte da frica em 345. Sua me foi uma mulher da vida cristmuito profunda. Ele, porm , no seguiu o exemplo da mocidade. Aos trinta anos era ummestre brilhante de retrica e oratria em Cartago. No obstante ter medicado embastante assuntos religiosos, era, praticamente, irreligioso, e sua vida era intil evergonhosa, segundo os padres morais existentes. Da frica foi a Romana para ensinar,e da a Milo.

    Nesta cidade, a pregao de Ambrsio, o nobre bispo, abalou-o profundamente.

    Comeou a estudar o cristianismo, e quase se tornou persuadido.

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    Mas ainda no estava pronto para seguir inteiramente a Cristo.

    Um dia, seu amigo cristo falou-lhe sobre Antnio, o famoso monge e egpcio, ecomo dois seus amigos tinha, se convertido pelo estudo da vida do mesmo. Noutra

    ocasio, estranhamente abalado, correu para o jardim de sua casa, ouvindo ali umacriana do vizinho dizer-lhe Tolle, Leger (=toma e l). Tomou um volume das epistolasde Paulo, e ,ao abri-lo, seus olhos encontraram romanos 13:13,14. Isto o fez decidir- sepor Cristo, e entre 387 foi recebido igreja. Entre Paulo e Lutero, o cristianismo teve emAgostinho o maior de seus mestres, cuja influncia aparece em ambas s partes daCristandade: No protestantismo e no Catolicismo.

    Oito anos aps sua converso, Agostinho tornou-se bispo de hipona, uma das maisimportantes cidades Africanas. . Ali passou trinta e cinco anos devotados ao seu povo eescrevendo livros sobre vrios aspectos da verdade crist. Teve srias dificuldades comos donatistas, grande corpo de cristos que estavam separados da Igreja Catlica, e que

    possua igreja prpria. A separao realizara-se muitos anos atrs, porque os donatistaspensavam que a Igreja fora excessivamente tolerantes para com os que negavam a fnos tempos de perseguio, e que, por isso, tinha perdido o carter da verdadeira Igreja.Pela sua argumentao a influncia pessoal, Agostinho ganhou muitos deles.Infelizmente, a insensatez e a violncia de outros o levaram a sancionar o uso da foraimperial para compelir os donatistas deu origem a sua influncia doutrina sobre a Igreja,doutrina que foi fundamentalmente importante para a Igreja Catlica, tanto na IdadeMdia como na atual.

    (d) O culto na Igreja

    A liberdade que o cristianismo desfrutava e o desenvolvimento de suas riquezasderam origem a importantes formas de culto seguiram certas linhas j pr-estabelecidas.Surgiram muitas liturgias e formas de orao. O elemento musical do culto tornou-se maisnotvel. Foram introduzidos coros na Igreja, cnticos e antfonas. A parecem nesse tempomuitos hinos, entre os quais, no 4. sculo, o Te Deum. Os tempos tornaram-se maiores echeios de decoraes. Desenvolveu-se a arquitetura, as paredes e as colunas das igrejascombinaram-se de pinturas, mosaicos e desenhos. Os cultos tornaram-se mais solenes eimpressionantes. Agostinho narra como ficou impressionado na magnfica Igreja deAmbrsio, em Milo, com a msica solene, com o ritual, com a reverncia das multides,e com a notvel pregao do bispo.

    A celebrao da Eucaristia tornou-se uma cerimnia importante, conformas fixas,com muitas atenes dispensadas aos detalhes, tornando enfticas a idia de que osacramento era um sacrifcio oferecido pelo sacerdote a favor do povo, sacrifcio eficazpara salvao.

    No obstante este fato tornar a pregao menos importante, colocando-a emplanos secundrios, houve nessa poca grandes pregadores, entre os quais Ambrsio,que teve a coragem de proibir o imperador Teodsio de entrar na Igreja at que searrependesse do massacre dos Tessalonicense; e Joo de Constantinopla, cujaeloqncia lhe granjeou o ttulo de Crisstomo ou boca de ouro.

    O Paganismo afetou o culto cristo nesse sculo, porque a igreja viveu no meiodesse paganismo at 400 d.C., e tambm porque, depois de Constantino muitssimospagos entraram a igreja, sem converso.

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    O culto dos santos um exemplo frisante dessa tendncia.

    Era natural que se tributasse venerao aos mrtires e a outros homens e amulheres , famosos por sua santidade. Para essa gente que estava acostumada aos

    deuses das suas cidades e aos seus lugares sagrados, e que no estava bastantecristianizada, a venerao dos santos transformou-se rapidamente em adorao. Ossantos passaro a ser considerados como pequenas divindades cuja intercesso eravaliosa diante de Deus. Os lugares onde nasceram e viveram passaro a serconsiderados santos. Surgiram as peregrinaes. Comearam a venerar relquias, partesde corpos e obje