12 de Maio Dia Internacional do Enfermeiro · Enfermagem e o Cidadão | 1 JO R N A L D A SE C Ç Ã...

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Editorial SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO Enfermagem e o Cidadão | 1 JORNAL DA SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO DA ORDEM DOS ENFERMEIROS Março de 2010 | ANO 8 | N.º 22 12 de Maio Dia Internacional do Enfermeiro Servir a Comunidade e Garantir Qualidade: os enfermeiros na vanguarda dos cuidados na doença crónica 2 Editorial 3 Dor 4 Vivência de alguém com dor... 5 Dia Mundial da Saúde 7 de Abril de 2010 6 Dia internacional do Enfermeiro 12 de Maio de 2010 8 Fibromialgia: Quando tudo dói… 9 Os pés e a diabetes 10 SIV e os novos rumos da arte do cuidar 11 Modelo de Desenvolvimento Profissional dos Enfermeiros Portugueses em prol do Cidadão 12 A Reforma dos Cuidados de Saúde Primários 13 De braço dado com a Comunidade 14 Espaço cidadania – APDP 15 Cultura e Lazer 16 Qual a percepção que as crianças têm do “ser enfermeiro” através do desenho e da escrita

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EditorialSECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

Enfermagem e o Cidadão | 1

JORNAL DA SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO DA ORDEM DOS ENFERMEIROS Março de 2010 | ANO 8 | N.º 22

12 de MaioDia Internacional do Enfermeiro

Servir a Comunidade e Garantir Qualidade: os enfermeiros na vanguarda dos cuidados

na doença crónica

2 Editorial

3 Dor 4 Vivência de alguém com dor... 5 Dia Mundial da Saúde 7 de Abril de 2010 6 Dia internacional do Enfermeiro 12 de Maio de 2010

8 Fibromialgia: Quando tudo dói…

9 Os pés e a diabetes

10 SIV e os novos rumos da arte do cuidar

11 Modelo de Desenvolvimento Profissional dos Enfermeiros Portugueses em prol do

Cidadão

12 A Reforma dos Cuidados de Saúde Primários

13 De braço dado com a Comunidade

14 Espaço cidadania – APDP

15 Cultura e Lazer

16 Qual a percepção que as crianças têm do “ser enfermeiro” através do desenho e da escrita

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2 | Enfermagem e o Cidadão

Editorial SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

Ficha Técnica Distribuição Gratuita • Jornal da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros; Av. Bissaya Barreto, 185; 3000-076 COIM-BRA; Tel.: 239 487 810; Fax: 239 487 819; www.ordemenfermeiros.pt; E-mail: [email protected] • Director Manuel Oliveira • Coordenação Editorial Filipe Marcelino; Manuela Coimbra • Conselho Editorial Fernanda Pereira; Fernando de Seabra; Isabel Sampaio; Fernando Júlio; Rosa Meneses; Tânia Morgado; Elisabete Santos; Hélder Araújo • Conselho Científico Manuela Coimbra; Manuel Oliveira; Cristina P. Carmona; Conceição Martins; José Manuel Ca-valete • Colaboradores Especiais Ana Cristina Ferreira; Anabela Nunes; Helena Junqueira; Pedro Quintas; Maria Virginia A. Abreu; Teresa Cláudia C. Fontes; Raquel Esteves Monteiro; Felisbela Vieira; Pedro Aguiar; Ludes Serrabulho; Gina Reis • Revisão Editorial Tânia Morgado; M.ª João Henriques • Fotografia Diana Marcelino • Secretariado Rute Dias da Silva; João Pedro Pinto; Elizabete Figueira; Liliana Reis; Fernanda Marques • Maquetização, Produção PMP COIMBRA • Tiragem 5.000 exemplares • Depósito Legal 178374/02 • Impressão PMP

Desenvolvimento Profissional, composto por dois sistemas: Sistema de Certificação de Competências e Sistema de Indi-vidualização das Especialidades, relacionados respectivamente com uma nova metodologia para a atribuição do título de en-fermeiro e de enfermeiro especialista e um novo modelo de organização das especialidades clínicas em Enfermagem que, fundamentalmente, visa regular efectivamente a profissão e melhorar continuamente a qualidade dos cuidados que pres-tamos, pela aquisição e desenvolvimento permanente de com-petências clínicas.

É nossa convicção que o futuro será de maior exigência para a profissão, mas também, que estamos preparados para este desafio. No entanto, concomitantemente com o desem-penho esperado da profissão, é exigido o estabelecimento e cumprimento de compromissos políticos e institucionais que deverão ser cabalmente respeitados, a saber:

– Avaliação das necessidades reais em recursos humanos, nomeadamente de enfermeiros, a fim de promover dotações seguras (dotações seguras salvam vidas);

– Criação das condições que assegurem a continuidade, a estabilidade, a satisfação e a motivação profissionais;

– Desenvolvimento de modelos organizacionais inovado-res que promovam a proximidade, continuidade e qualidade de cuidados, assim como o trabalho em equipa multiprofissional / multidisciplinar;

– Promoção e financiamento da investigação em enferma-gem;

– Desmedicalização dos cuidados de saúde e uma aposta definitiva no cuidar em enfermagem;

– Valorização dos enfermeiros para os ganhos em saúde, decorrentes dos ganhos em autonomia e da qualidade de vida consequente para os nossos concidadãos.

Contamos CONSIGO, com TODOS, pela Enfermagem e pela saúde.

Manuel Oliveira

(Presidente do Conselho Directivo RegionalSecção Regional do Centro – Ordem dos Enfermeiros)

Mais e Melhor Enfermagem…Mais e Melhor Saúde.

É reconhecido hoje, pela sociedade em geral, que a Enfer-magem Portuguesa atravessou nas últimas décadas um notável desenvolvimento, enquanto profissão e disciplina do conheci-mento, na senda permanente da adequação e melhoria con-tínua dos cuidados que presta, autonomamente, em resposta às necessidades crescentes dos nossos concidadãos, famílias e comunidades.

Estas necessidades estão relacionadas com várias causas, das quais destacamos: o crescimento da população e seu en-velhecimento, devidos a uma maior esperança de vida; maior preferência do bem saúde em relação a outros bens; factores socio-económicos e culturais (pobreza e exclusão social, mi-grações, etc); novas patologias (ex. Sida) e outras reemergentes (ex. Tuberculose); mudança do padrão de morbi-mortalidade de algumas doenças com o aumento da sua cronicidade; e uti-lização de novas tecnologias.

Considerando que o foco de atenção do enfermeiro no exer-cício da sua profissão é o diagnóstico das respostas humanas à doença e aos processos de vida, a sociedade não espera que os enfermeiros tomem decisões sobre o diagnóstico e tratamento da doença, em substituição de outros profissionais (Ordem dos Enfermeiros, 2003).

Os enfermeiros orientam, supervisam, lideram os processos de adaptação individual, autocontrolo, o autocuidado, o stress, dor, as perturbações da memória e da actividade psicomotora, a adesão ao regime terapêutico, os processos familiares, os pro-cessos de luto, os processos de aquisição e mudança de com-portamentos para a aquisição de estilos de vida saudáveis.

Nesta perspectiva, os enfermeiros orientam a sua interven-ção para a satisfação das necessidades humanas fundamentais, a máxima independência na realização das actividades da vida, os processos de readaptação e adaptação funcional aos défices, em suma, a promoção dos projectos de saúde que cada pessoa vive e persegue (Ordem dos Enfermeiros, 2003).

Reconhecendo a complexidade, a exigência, o papel espe-cífico/complementar no âmbito da prestação de cuidados de saúde e a responsabilidade que assumimos perante a sociedade, estamos obrigados a que cuidemos permanentemente do nosso desenvolvimento profissional de forma a garantir, em cada mo-mento e a cada pessoa, os cuidados adequados e de qualidade.

De acordo com este desiderato, assumimos, no presente e para o futuro, o desafio de implementar um novo Modelo de

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SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

Enfermagem e o Cidadão | 3

Falando Sobre...

DOR AnA CristinA FerreirA; AnAbelA nunesEnfermeiras

Quem é que em algum momento da sua vida nunca teve dor?A dor é o sintoma que mais tememos, que nos assusta e que mais nos fragiliza. A dor tem sido um mistério que faz par-te de nós. Ao longo dos tempos, o homem tem-se preocupado em tentar compreender o seu significado e as suas causas, bem como encontrar meios para a poder prevenir, aliviar e superar.

Do ponto de vista fisiológico e clínico a dor funciona como um importante sistema de alarme que nos avisa que existe uma ameaça ou que está a ocorrer uma lesão tecidular - a função protectora.

Embora a pessoa consiga sobreviver com dor, este sintoma interfere no seu bem-estar, nas relações interpessoais, familia-res, sociais e profissionais, impedindo-a muitas vezes de de-sempenhar as actividades mais básicas de vida. É um sintoma capaz de afectar o individuo na sua globalidade.

Quando falamos em dor, normalmente falamos em dor aguda e dor crónica. Para serem prevenidas ou tratadas é útil distingui-las. Assim, dor aguda por definição é aquela que é ge-ralmente de curta duração – periodo inferior a 3 meses. É uma dor de instalação rápida, muitas vezes é descrita como aguda, lancinante e perfurante. Responde bem aos analgésicos ou à causa precipitante.

A dor crónica é geralmente definida como uma dor persis-tente ou recorrente durante pelo menos 3 a 6 meses, que muitas vezes persiste para além da cura da lesão que lhe deu origem ou que existe sem lesão aparente. É uma dor que não tem qualquer utilidade para a pessoa, pelo contrário, para além do sofrimento que causa, tem repercussões na saúde fisica e mental.

A dor crónica é uma doença muito comum na nossa socie-dade e acarreta ansiedade e estados depressivos, incapacidade fisica e psicológica, para além de envolver terceiros e de obrigar a estratégias de tratamento que ultrapassam o simples uso de

analgésicos. Pelas repercusssões nefastas para a comunidade, em Portugal ela é considerada um problema de Saúde Pública.

Mas o aumento da esperança de vida com o consequente envelhecimento da população, bem como o aumento da longe-vidade de pessoas que sofrem de doenças que se acompanham de dor, faz prever um aumento da prevalência da dor crónica no futuro.

As doenças do foro osteoarticular e musculoesquelético, as lombalgias e as cefaleias são as dores mais frequentes na popu-lação Portuguesa. A má postura corporal, esforços repetitivos, a tensão nervosa e a falta de exercício fisico, entre muitos outros factores, têm contribuído para a tão elevada prevalência da dor de origem osteoarticular e musculoesquelético. Significa então, que existem dores que podem ser prevenidas, basta que esteja-mos mais atentos, por exemplo, à nossa postura corporal e que nos mantenhamos fisicamente activos.

Seja aguda ou crónica a dor faz mal à saúde e não deve ser encarada como uma fatalidade, quando existem meios que permitem controlá-la eficazmente.

Algumas pessoas acreditam que falarem da sua dor é um sinal de fraqueza e por isso não procuram ajuda. Esta é uma atitude errada. A dor persistente é uma doença e deverá ser tra-tada tal como outro problema da saúde. O tratamento pode ser complexo, mas para isso o SNS dispõe de Unidades de Dor nos Cuidados de Saúde Hospitalares constituídas por profissionais de saúde especializados no seu diagnóstico e controlo.

Saiba que, para tratar eficazmente a dor é necessário identi-ficar bem a sua causa. Analgésicos e outros fármacos podem ser usados em combinação com outras técnicas de tratamento.

Se tem dor, o mais importante é que fale dela ao seu Mé-dico ou Enfermeiro. Não se auto-medique. Não sofra em si-lêncio!

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Tem a Palavra SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

Eu pensava ter muitos conhecimentos de dor pois durante anos a estudei no recém-nascido e no prematuro e a minha investigação em equipe produziu frutos e foi até possível ins-tituir escalas de avaliação da dor em dois serviços onde traba-lhei e introduzir medidas não farmacológicas de prevenção e alivio da dor. Não sabia que existiam dores que eram difíceis de controlar e algumas impossíveis de o fazer, assim como de as tratar. Não tinha consciência do que me esperava! Esta dor já mudou tanto em quase três anos!! Chegou e colou-se a mim como uma segunda pele, que não pode ser tirada e que me mudou o fácies, a postura, a forma como comunico e reajo a tudo e todos, e emocionalmente no mais fundo do meu ser, infiltra-se e toca sempre parte da minha vida

A Dor é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP, 1979) citada por Gordo, (2001, p.71-72) como: “Uma experiência sensorial e emocio-nal desagradável e complexa, associada a lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em termos desta lesão”.

Esta definição traduz de facto o que sinto, o que é viver com dor: é algo muito complexo, tenho dor neuropática que me afecta o braço e mão direitos (sou dextra) a as primeiras dores tipo choque eléctrico intenso e frequente, nunca valorizadas, tratadas… foram meses, anos com dor até afectar a função da mão.

Uma cirurgia se impôs! Após esta, a mão ficou afectada por uma grave lesão neurológica que con-diciona a função e a dor também se modificou para uma sensação de peso. O braço e a mão pesavam muito, lembro-me sempre que não aliviava e doía muito, cada vez mais, a dor mantinha-se em 11, na escala de zero a dez! Todos confrontados com tanta dor, tendo já feito tanta medicação, senti-me olhada com desconfiança e julgada! Estariam eles aptos a compreender a dor e os seus mecanismos? Alguém se lembrou de me enviar à consulta da dor, permitindo medicação mais dirigi-da ao tipo de dor, com alguma AUTONOMIA da minha parte na medicação sos. Os efeitos foram positivos, levando à redução lenta do score de dor, permitindo retomar a minha vida muito lentamente durante dois anos. Foi possí-vel dar um novo passo no tratamento da minha dor! Preciso muito de fi-car sem dor para que o desempe-nho da minha mão progrida e a esperança de melhorar au-mente. Não se pode tirar a esperança de melhorar

às pessoas e na consulta da dor encontro actualmente respostas e controlo da dor à custa dos 8 comprimidos diários que não posso esquecer.

A dor afectou todo o meu sentir, o meu amor aos filhos e marido, o meu trabalho, mudou toda a minha vida! É essen-cial encontrar força, ir em frente e melhorar o desempenho da minha mão, treinar e seguir com a fisioterapia fonte de recu-peração, forças para ouvir as críticas dos colegas de trabalho, paciência do marido com o adormecer inoportuno e repetido (efeito secundário da medicação), experiência a cuidar dos gé-meos e da casa, contar com os bons profissionais, a amizade de amigos queridos e o amor e disponibilidade do marido que tem

sido incansável…

Vivência de alguém com dor...

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O Dia Mundial da Saúde foi instituído em 1950 pela Or-ganização Mundial da Saúde. É comemorado a 7 de Abril e este ano subordinado ao tema “1000 Cidades - 1000 Vidas”. Incidirá sobre urbanização e saúde.

A temática definida em 2010 visa sensibilizar para os efei-tos da urbanização na saúde das populações. Para tal, vão reali-zar-se uma série de iniciativas a nível mundial com o intuito de promover e divulgar uma urbanização sustentável. Serão ainda distinguidas as cidades que implementaram medidas com im-pactos mais significativos em termos de qualidade de vida e ganhos em saúde nos seus cidadãos.

A esta campanha associaram-se já 287 cidades em 63 pa-íses. Portugal é representado nas comemorações deste dia por Viana do Castelo, Barcelos, Vila Nova de Gaia, Moimenta da Beira, Vila Franca de Xira, Lisboa e Seixal.

A pertinência da temática escolhida é amplamente justi-ficada pela realidade demográfica actual. Com efeito, a popu-lação mundial tem vindo a crescer e a fixar-se cada vez em grandes aglomerados urbanos.

A concentração populacional em áreas urbanas representa um importante desafio à escala mundial. Como sabemos, os cuidados de saúde são um bem escasso com uma sempre crescente procura. Esta realidade é agravada por alguns determinantes sociais como as desigualdades no acesso à educação, emprego, recursos sociais e à saúde. Estas, acentuam os fenómenos de pobreza, as tensões sociais e os comportamentos de risco.

Sendo a concentração populacional uma aparente inevitabilidade, emerge a necessidade de desenvolver es-tratégias de prevenção e avançar soluções para os desafios de saúde nos grandes centros populacionais.

O planeamento urbano é um importante factor pro-motor da saúde e da segurança. A melhoria das condi-ções de vida depende cada vez mais da criação de cidades inclusivas, que fomentem a fruição dos espaços verdes e a actividade física, acessíveis a todos e “amigas” das pessoas idosas.

Por outro lado, é cada vez mais determinante o papel regulador das instituições oficiais no que concerne à se-gurança. Com efeito, em meio urbano os riscos rodoviá-rios, sanitários, alimentares e os fenómenos de violência potenciam-se, cabendo ao Estado garantir a segurança das pessoas.

As autarquias locais, graças à mais-valia que repre-senta a proximidade com as populações, deverão assumir uma importância decisiva no diagnóstico das suas neces-sidades e na implementação de medidas preventivas e/ou

correctivas de promoção da saúde. Sejam exemplos as acessibi-lidades, a rede de transportes públicos, e a existência de espaços verdes de utilização colectiva, a promoção do desporto e a dis-ponibilização de actividades de carácter lúdico e cultural.

Refira-se ainda o papel da sociedade civil como agente de melhoria do bem-estar social nas nossas cidades. Devendo o Estado garantir as funções básicas de segurança, justiça, saúde e educação, não dispõe de recursos que permitam contemplar todas as necessidades da vida em sociedade. Dos grupos de cidadãos e associações espera-se portanto um papel cada vez mais interventivo. Associações de apoio à infância, a deficientes e a idosos, dadores de sangue, grupos desportivos e culturais com actividades destinadas ao público, entre muitas outras, são essenciais na vida das nossas cidades.

Também a nível individual todos nós devemos contribuir para uma comunidade mais saudável. Por um lado, responsa-bilizando-nos pela nossa própria saúde, adoptando estilos de vida saudável. Por outro, assumindo uma postura de cidadania responsável, participando e mobilizando outros para as acções que visem melhorar a vida em meio urbano. Porque não come-çar já? Viva a sua cidade!

FernAndo de seAbrAEspecialista em Enfermagem de Reabilitação

Dia Mundial da Saúde7 de Abril de 2010

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Caro cidadão, este ano comemora-se o centenário da morte da enfermeira britânica Florence Nightingale e enfermeiros de todo o mundo estão a promover um movimento para que o ano de 2010 seja o Ano do Enfermeiro. Com este texto pretendemos fazer uma pequena viagem histórica ao mito, à vida e à obra de uma das mulheres mais famosas e influentes do século XIX e, que ainda hoje é fonte inspiradora para enfermeiros e administradores da área da saúde.

HelenA JunqueirA

Pedro quintAsEnfermeiros

No dia 12 de Maio de 1820, durante uma viagem que Edward e Frances Nightingale realizavam pela Europa, nas-ce uma das suas duas filhas que recebeu o nome de Florence, em virtude do seu nascimento ter acontecido na cidade italiana de Florença. Já em Inglaterra, as filhas são educadas pelo pai Edward, formado em Cambridge, revelando a mais velha um

12 de Maio Dia internacional do EnfermeiroTemos a honra de lhe apresentar…

Florence Nightingale!– Uma viagem ao mito, à vida e à obra da “Dama da Lâmpada”

especial talento para as artes e a mais nova uma inclinação para as ciências. Florence é bonita e delicada mas, em vez de tentar um bom casamento obedece a um chamamento divino, que lhe chega pelos 17 anos. Os unitarianos (Unitária era a religião dos pais) acreditavam que os males sociais eram produtos humanos e não castigos de Deus, portanto, deveriam ser remediados por

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acção humana. Quando se põe a investigar os lares, asi-los e hospitais da região, tem de enfrentar a oposição dos pais, já que a enfermagem não parece carreira para mulheres de bem. Edward e Frances mandam-na então em via-gem com dois amigos e, de-pois de visitar Itália, Egipto e a Grécia, o trio passa uns tempos no hospital do pastor alemão Theodor Fliedner, em Kaiserwerth, perto de Dus-seldorf na Alemanha.

No ano seguinte Florence volta a Kaiserwerth para três meses de formação em enfer-magem, após o que, em 1853, passa a superintendente do Establishment for Gentlewo-men, em Londres. No ano

seguinte, a Inglaterra e a França declaram guerra à Rússia a propósito da ocupação, por parte desta, de territórios da Tur-quia. Esta guerra ficará conhecida como a Guerra da Crimeia (1854-1856). Entretanto, o trabalho de Florence começou a ser reconhecido pelo governo inglês da rainha Vitória e, é então que é chamada pelo ministro de guerra britânico Sidney Her-bert para organizar a introdução de mulheres enfermeiras nos hospitais militares.

Florence chega ao Barrack Hospital, em Scutari, a 4 de Novembro de 1854. Scutari é um subúrbio de Constantinopla (futura Istambul), no lado asiático. Leva consigo 38 enfermei-ras, pouco depois chega outro grupo. Com a chegada de nova remessa de feridos da Batalha de Inkermann são integradas na roda-viva das operações de urgência, dos tratamentos e de tarefas de apoio psicológico aos soldados.

As primeiras medidas por si tomadas, relacionaram-se não só com os actos curativos, mas também com cuidados de hi-giene, preparação de alimentos, arranjo de roupas e, cuidados de saneamento, porque a maioria dos feridos morria não por causa dos ferimentos, mas pelas infecções provocadas por falta de condições sanitárias.

A eficácia das suas medidas traduziu-se na redução evi-dente da taxa de mortalidade do exército britânico, de 42,7% para 2,2%. Florence preocupava-se não só com os doentes e feridos de guerra, mas também com as condições ambientais que influenciavam a saúde.

Florence, a Lady-in-Chief, impõe divisórias entre as camas para esconder a agonia do vizinho e, com a sua equipa trata de enviar o dinheiro deles para as famílias, de escrever as cartas que eles querem e de lhes ler como consolação. Do romantismo do mito fará parte a imagem de mulheres de lamparina na mão, instrumento para auxiliar na iluminação enquanto se cuida-vam dos feridos durante a noite. É nesta altura que a expressão “Dama da Lâmpada” foi cunhada por Henry Wadsworth Lon-gfellow no famoso poema “Santa Filomena”.

O ambiente geral é de rendição à morte inevitável, é mais de 70% de um exército que se perde. Mas ela ganha o respeito

e a admiração entre os soldados, que organizarão um peditório para ajudar nas suas medidas reformistas dos hospitais civis in-gleses. Quando volta a casa em Agosto de 1856, quatro meses depois do fim da guerra, é recebida como uma heroína nacio-nal, com um elevado reconhecimento internacional.

Florence escolhe uma intervenção menos exposta e, aqui começa então o seu maior contributo: é de um quarto de hotel em Londres, onde padece de um mal misterioso (mais tarde pensa-se serem traumas da guerra, fibromialgia ou apenas uma infecção), que comanda uma campanha para estudar e melho-rar a saúde das tropas britânicas, empenhando-se na reorgani-zação de Hospitais, especialmente dos militares, sendo os seus trabalhos baseados em estatísticas rigorosas, sendo pioneira na utilização de métodos de representação visual de informações, como por exemplo o gráfico sectorial. O ministro Sidney Her-bert é o dirigente da comissão real criada para o efeito, e ela trabalha com relevantes dados estatísticos, militares e civis, o que fará dela a primeira mulher membro da Sociedade de Es-tatística do reino.

Nesse mesmo ano de 1860 é publicado Notes on Nursing, em que ela descreve as linhas do seu método: uma observa-ção cuidadosa e sensibilidade para intuir as necessidades do paciente. Este será o mais conhecido entre os seus mais de du-zentos documentos: livros, relatórios e folhetos.

Em 1865 fixa residência em Mayfair, no West End de Lon-dres, onde viverá até morrer. Com o dinheiro reunido para o seu fundo, pelo peditório público, ela cria uma escola de enfer-magem para mulheres no Saint Thomas Hospital em Junho de 1860, que serviu de exemplo a muitas outras que começaram a espalhar-se pelo mundo, sendo hoje reconhecida a sua influ-ência em muitos países. A partir de 1872 avalia todos os anos as actividades na escola e escreve uma carta às formandas, com conselhos e palavras estimulantes.

Na década de 1880, a Rainha Vitória entrega-lhe a Royal Red Cross e, em 1907 ela é a primeira mulher a ter a Ordem de Mérito.

Miss Nightingale morre durante o sono a 13 de Agosto de 1910, com 90 anos, na sua casa de Londres, o lugar da sua infância.

Florence é um mito vivo e como tal foi incluída entre as 100 mulheres que marcaram a história mundial, o que mostra o alcance da sua influência.

Gostaríamos de terminar com algumas palavras proferidas pela própria Florence Nightingale acerca do que é a enferma-gem: “A enfermagem é uma arte; e como arte requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, como a obra de qualquer pintor ou escultor. Mas o que é tratar da tela inerte ou do frio már-more comparado ao tratar do corpo vivo - o templo de espírito de Deus? É uma das mais belas artes, eu quase diria, a mais bela de todas.”.

Referências Bibliográficas:COSTA, R. et al. (2009), O Legado de Florence Nightingale: Uma Via-

gem no Tempo, in Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, Out.-Dez.; vol. 18, n.º 4, pp. 661-669.

NIGHTINGALE, Florence (2005) – Notas sobre Enfermagem: o que é e o que não é. Loures: Lusociência.

SMALL, H. (1999), Florence Nightingale - “Avenging Angel”, London, Constable.

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MAriA VirginiA A. Abreu;Especialista em Enfermagem de ReabilitaçãoteresA CláudiA C. Fontes; rAquel esteVes MonteiroEnfermeiras

Fibromialgia: Quando tudo dói…

Até há pouco tempo atrás, pessoas que sofriam de dores inten-sas e generalizadas, cansaço mesmo após o acordar, e muitas vezes se viam incapazes de levar a cabo as suas actividades, eram rotu-ladas de neuróticas, hipocondríacas, que não queriam fazer nada, muito pelo facto de as queixas não serem observáveis e sustentadas por lesões orgânicas. Em contexto clínico, existem descrições desta natureza desde meados do séc. XIX, mas apenas no final da déc. de 70 a fibromialgia foi reconhecida pela O.M.S. como doença. Esta é cada vez mais comum e calcula-se que em Portugal afecte cerca de 300 000 pessoas, sendo 9 vezes mais frequente nas mulheres do que nos homens.

A fibromialgia é uma síndrome crónica e complexa. O diag-nóstico é determinado pela presença de dor generalizada localizada nos músculos, tendões e outros tecidos moles, com mais de 3 me-ses de duração, existência de pontos dolorosos à pressão digital em áreas especificas e simétricas do corpo, sendo necessária a presença de pelo menos 11 pontos dolorosos, dos 18 possíveis, e pelo menos dois dos seguintes sintomas: fadiga, alteração do sono, perturba-ções emocionais e dores de cabeça. A causa é ainda desconhecida contudo, existem algumas evidências científicas que sugerem que estas pessoas têm respostas aumentadas na neurotransmissão da dor. Os exames complementares não determinam a fibromialgia, mas servem para excluir outras patologias. Quando não tratada atempadamente e por uma equipa multidisciplinar pode ser alta-mente incapacitante.

O tratamento que se tem revelado mais eficaz no contro-le da doença combina a terapêutica farmacológica (analgésicos, anti-depressivos, relaxantes musculares) com a terapêutica não farmacológica (exercício físico, relaxamento, massagem, acompa-nhamento psicológico, partilha de vivências com outros doentes, etc.) e a adopção de estilos de vida saudáveis que englobem medi-das para um sono reparador, alimentação equilibrada, redução do stress e ansiedade.

A dificuldade que estas pessoas têm em descontrair os múscu-los origina dor e fadiga levando muitos doentes à inactividade. O exercício físico adaptado à capacidade da pessoa com fibromialgia permite o descongestionamento muscular, reduzindo os sintomas, e em simultâneo, leva ao aumento da auto-estima e autoconfiança promovendo o bem-estar físico e emocional.

A mudança da condição de vida e as alterações abruptas de-sencadeadas pela fibromialgia provocam sentimentos de inadequa-

ção, revolta, incompreensão, desespero e tristeza. Os enfermeiros conhecedores das mudanças e das novas exigências que a doença acarreta na vida da pessoa e família, são agentes facilitadores no processo de aprendizagem de novas competências, intervindo no ajustamento à sua realidade. Ensinando, facilitando estratégias de adaptação, a expressão de emoções e a partilha de vivências, orientando na procura de colaboração de outros profissionais, de recursos materiais que facilitem a realização das actividades de vida diárias ou que reduzam a sua fadiga, o enfermeiro possibilita que o doente assuma o domínio do seu projecto de saúde e se torne capaz de gerir a sua energia física e mental necessária à sua autonomia.

Pessoas conhecedoras da sua doença, que assumem um papel activo na gestão dos processos de transição saúde/doença, enfren-tam-na de forma mais ajustada, convivem melhor com os sinto-mas, consomem menos recursos de saúde e têm melhor qualidade de vida, em suma Vivem Melhor!

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Consigo pela Sua Saúde SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

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Consigo pela Sua SaúdeSECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

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A Diabetes é uma doença crónica caracterizada pelo au-mento dos níveis de açúcar no sangue. A longo prazo, este aumento de açúcar no sangue poderá provocar complicações, nomeadamente, a nível do pé. Simples medidas de higiene e cuidados ajudam a prevenir esta complicação. As principais complicações descritas nesta área são:

• FALTA DE SENSIBILIDADE (Neuropatia) - Lesões ao nível dos nervos que provocam diminuição da sensibilidade, queixas dolorosas ou desconforto nos pés

• MÁ CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA (Doença Vascular periférica) – Problemas ao nível das artérias das pernas e dos pés que provocam má circulação de sangue nestas zonas. Em casos muitos graves isto pode levar a uma amputação do pé ou a parte dele.

• DEFORMAÇÃO DO PÉ - Pode conduzir ao apare-cimento de feridas em resultado da fricção com o calçado. As deformações podem ser: dedos em garra, zonas com grandes calosidades, pés com uma arcada alta ou baixa.

Desta forma o risco de desenvolver uma lesão, muitas vezes sem se aperceber, é muito elevado

Assim, na pessoa com diabetes, o pé merece uma atenção especial!

FelisbelA VieirAEnfermeira

Os pés e a diabetes

CUIDADOS COM OS PÉS

O QUE DEVE e o que NÃO DEVE FAZER!Cuidados diários: – Lave os pés diariamente com água morna e um sabonete

ou gel de ph neutro, (teste a temperatura da água com o coto-velo). Secar bem os pés com uma toalha de algodão (clara) não esquecendo o espaço entre os dedos;

– Com uma gaze aplique vinagre de maçã ou cidra nas unhas e pele (se não tiver feridas), porque o vinagre é ácido e reduz o desenvolvimento de fungos que possam estar presentes;

– Deixe secar o vinagre. Aplique creme hidratante da raiz dos dedos até ao joelho. Nos espaços entre dedos e unhas não se deve aplicar creme;

– É importante, durante os cuidados diários observar os pés, para verificar se não existem alterações como: fissuras ou pequenas feridas e se existem manchas. Se tem dificuldade em dobrar-se utilize um espelho para ver a planta do pé, ou peça a alguém que o ajude.

– Mude de meias todos os dias, prefira de cor clara, de al-godão e sem costuras.

Cuidados semanais:– Lime as unhas com lima de cartão;– Lime a planta dos pés e calcâneos (lima de carvão), antes

do banho; Mais conselhos úteis:– Não ande descalço;– Use sapatos confortáveis, adaptados ao seu pé;– Antes de calçar os sapatos, verifique com a mão, se não há

qualquer objecto dentro deles; – Não usar sacos de água quente;– Não utilizar produtos agressivos como calicidas, ou lâmi-

nas que podem causar feridas;– Não fume. O tabaco prejudica a circulação san-

guínea;– Evitar o excesso de peso;

– Deve manter a diabetes controlada.

EM DETERMINADAS SITUA-ÇÕES OS SEUS PÉS NECESSITAM DE UM CUIDADO PROFISSIONAL ASSIM DEVE:

Consultar a Equipa de Saúde sempre que tiver um corte, uma unha encravada, micoses (fungos), alguma calosidade, dores

ou edemas (inchaços) nos pés ou nas pernas.

Sites de Interesse: www.apdp.pt; www.spd.pt Imagem: http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://sites.google.com/site/

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O que é uma SIV? Deve ser a pergunta que muitas pessoas ainda hoje fazem. O que tem SIV a ver com a Enfermagem? Suporte Imediato de Vida ou SIV, como é vulgarmente conhe-cida no meio da emergência pré-hospitalar, é um novo meio do INEM, uma ambulância tripulada por um Enfermeiro e um Técnico de Ambulância de Emergência que prestam cuidados diferenciados aos cidadãos em pontos estratégicos do país.

Foram grandes as mais-valias que os Enfermeiros que esco-lheram integrar este projecto trouxeram, desde o verão de 2007, aos cidadãos que habitam fora dos grandes centros populacio-nais. Embora a sua abertura esteja integrada na Reestruturação das Urgências, estas não pretendem substituir outros meios já existentes no panorama nacional da emergência pré-hospitalar nacional, nem sequer substituir serviços de urgência encerrados durante a referida reestruturação.

A prestação de cuidados de enfermagem em ambiente pré-hospitalar não é de modo algum novidade para a enfermagem. A grande novidade está, como já foi referida, na formação da equipa. Na SIV o enfermeiro assume a função de líder da equi-pa cabendo-lhe a função de, em conformidade com os proto-colos estabelecidos e a regulação do Centro de Orientação de Doentes Urgentes, prestar cuidados urgentes e emergentes a doentes nos mais variados cenários.

São milhares de horas e centenas de milhar de quilómetros percorridos pelas estradas deste Portugal profundo, em que os enfermeiros já provaram ser uma mais-valia no terreno e que podem marcar e ser a diferença para o cidadão que necessita de cuidados de saúde críticos. Este desempenho justifica por si só a presença dos Enfermeiros como elemento fundamental do Sistema Integrado de Emergência Médica.

Hoje, 2 anos depois do início deste projecto, sinto que o “menino” cresceu e tem no panorama nacional o reconheci-mento suficiente – quer em termos de número de meios quer de casuística – para que continue a crescer sem que a sua perti-nência, qualidade e necessidade sejam postas em causa.

Desde a primeira hora que achei que o projecto SIV seria mais um excelente veículo para que a enfermagem pudesse co-locar ao serviço dos cidadãos e evidenciar as suas competências clínicas e o corpo de conhecimento ciêntifico que as suporta.

Assim e polémicas à parte, dois anos passados, provamos que podemos ser a diferença e contrariando o provérbio de que “se não falarem de nós é porque está tudo a correr bem”. Chegou a altura de sairmos da sombra e mostrarmos aquilo que realmente valemos enquanto profissão, a nós próprios e aos cidadãos em geral, (de)monstrando os novos rumos que a Arte do Cuidar está a tomar.

10 | Enfermagem e o Cidadão

Consigo pela Sua Saúde SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

Pedro AguiArEnfermeiro

SIV e os novosrumos da arte do cuidar

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A proximidade do cidadão está na génese e na essência da Enfer-magem. O compromisso desde sempre assumido em garantir cuida-dos de saúde, e especificamente cuidados de enfermagem, em resposta às necessidades da pessoa, da família e da comunidade, mobilizou os enfermeiros para diferentes espaços de intervenção (instituições de saúde, comunidade, domicilio, outros), onde têm desempenhado um papel activo e de importância reconhecida na promoção da saúde, na prevenção da doença, no restabelecimento da saúde e no alívio do sofrimen-to (assim se afirma no – Code of ethics for nurses. Geneva: ICN, 2006).

O desenvolvimento da Enfermagem enquanto profissão e en-quanto disciplina tem-se traduzido, tanto a nível Internacional, como Nacional, em benefícios para as populações e na melhoria dos indica-dores e resultados em Saúde.

O reconhecimento da relevância da comunidade profissional e científica dos enfermeiros portugueses no funcionamento do Sistema de Saúde do país e na garantia do acesso da população a cuidados de saúde de qualidade, foi expressa de forma particular e pelo Estado Português, no Decreto-Lei n.º 104/98, de 21 de Abril, que criou a Ordem dos Enfermeiros (OE).

A criação desta Associação Profissional de Direito Público, cons-tituída por todos os enfermeiros portugueses, marcou a história da Enfermagem em Portugal, mas também o inicio de uma nova rela-ção com o cidadão, pela assunção da responsabilidade social, que é também desígnio fundamental da Ordem dos Enfermeiros de “… promover a defesa da qualidade dos cuidados de enfermagem prestados à população, bem como o desenvolvimento, regulamentação e o controlo do exercício da profissão de enfermeiro assegurando a observância das regras de ética e deontologia profissional” (n.º1 do art.º 3.º da Lei n.º 111/2009, de 16 de Setembro).

Nestes quase doze anos de existência, a OE tem dado um con-tributo fundamental para a regulação da Saúde em Portugal e para a salvaguarda do direito do cidadão a cuidados de saúde e de Enferma-gem de qualidade. Para isto têm contribuído o esforço e o empenho dos enfermeiros no enquadramento ético-deontológico da profissão, bem como na elaboração de referenciais orientadores da qualidade do exercício profissional. A participação dos enfermeiros e da sua Ordem, em matérias referentes ao ordenamento jurídico nacional, e na discus-são e elaboração de instrumentos sobre questões de interesse públi-co e relativas aos cuidados de Saúde e de Enfermagem, tem também contribuído para a consolidação da maior presença dos enfermeiros junto de si e em condições que garantam o seu direito a cuidados de enfermagem seguros e de qualidade.

Os novos desafio que a sociedade enfrenta, a complexificação dos problemas e das abordagens em saúde, e a demanda de, neste âmbito, continuarmos a responder em cuidados de Enfermagem com quali-dade e no sentido da excelência, impõe novas respostas, específicas e especializadas e novas estratégias de desenvolvimento profissional. Os enfermeiros portugueses definiram, por isto um novo “Modelo de Desenvolvimento Profissional” (MDP).

O MDP é composto por dois sistemas: O Sistema de Certifica-ção de Competências referente a novos modos de atribuição do título de enfermeiro e de enfermeiro especialista e o Sistema de Individua-lização das Especialidades referente a um novo modelo de organiza-ção das especialidades clínicas em Enfermagem e sua definição.

Mas de que forma é que estes sistemas se relacionam com o acesso do cidadão a cuidados de enfermagem de qualidade?

O título de enfermeiro reconhece competências científicas, técni-cas e humanas para a prestação de cuidados de enfermagem gerais e o título de enfermeiro especialista reconhece competências científicas, técnicas e humanas para prestar, além de cuidados de enfermagem gerais, cuidados de enfermagem especializados numa área específica de especialidade. Quando a OE atribui um título atesta portanto estas competências e autoriza o exercício profissional de enfermeiro e/ou de enfermeiro especialista.

O Sistema de Certificação de Competências e o novo modo de atribuição de títulos profissionais passa agora a requerer um período inicial de Prática Profissional Tutelada por um enfermeiro experien-te e para isso preparado, o que oferece à OE maiores garantias para a certificação destas competências e correspondente atribuição do título profissional. Desta forma a OE está a dar também ao cidadão maiores garantias.

Para além disso, e porque nesse período de Prática Profissional Tutelada, quem chega à profissão, ou está a especializar-se, assume gradual autonomia e responsabilidade no exercício profissional, pen-samos também e assim, melhor salvaguardar nessa fase, a qualidade e a segurança dos cuidados de enfermagem para o profissional e para a pessoa, família ou comunidade a quem presta cuidados.

Relativamente ao denominado Sistema de Individualização das Especialidade Clínicas em Enfermagem, propõe um modelo de organização mais orientado na pessoa e na sua problemática, per-mitindo respostas especializadas em enfermagem mais direcciona-das às necessidades daqueles que serão o seu alvo de cuidados. A melhor definição de cada área de especialidade dará, por sua vez, a conhecer ao cidadão duma forma mais objectiva e transparente o que este pode esperar do enfermeiro especialista de cada área de especialidade.

Porque da conjugação destes dois sistemas se prevê uma expan-são da resposta em cuidados especializados de enfermagem, o MDP trará também este benefício para o cidadão, de ter cada vez maior acesso e ver cada vez mais garantido, o seu direito a respostas espe-cializadas em enfermagem em situações de saúde de maior comple-xidade.

O MDP, tal como está pensado, promove dinâmicas de parceria e de trabalho em rede entre: Ordem dos Enfermeiros; Ministério da Saúde; Administrações Regionais de Saúde; Secretarias Regionais de Saúde; Instituições de Saúde; Instituições de Ensino Superior de En-fermagem, no sentido de se criarem condições estruturais, humanas e formativas para a melhoria da segurança e qualidade do exercício profissional e desenvolvimento profissional dos enfermeiros.

Consideremos, finalmente, as unidades de cuidados que, para integrarem este sistema serão previamente reconhecidas segundo cri-térios de qualidade, e da oportunidade que isto poderá constituir para se desenvolverem e de uma forma mais direccionada para a melhoria dos cuidados de enfermagem.

Enquanto enfermeiros procuramos garantir o direito do cidadão a cuidados de enfermagem seguros e de qualidade, e acreditamos que, neste rumo de desenvolvimento, a que chamámos MDP, continuare-mos a fazê-lo cada vez mais e melhor.

Modelo de DesenvolvimentoProfissional dos EnfermeirosPortugueses em prol do Cidadão

AconteceSECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

Enfermagem e o Cidadão | 11

ConselHo de enFerMAgeMOrdem dos Enfermeiros

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Após vários meses de um intenso reboliço ao nível da saú-de, o cidadão pergunta-se: Mudar porquê? O que vai acontecer aos Centros de Saúde? Terei os cuidados de saúde assegurados? Vamos mudar para melhor?

Todas estas perguntas são legítimas quando ocorrem mu-danças que podem interferir com o nosso bem mais precioso, a Saúde.

Com este artigo tentar-se-á responder a estas perguntas, explicando de forma simples a actual reforma dos cuidados pri-mários de saúde e o seu impacto na vida dos cidadãos.

Mudar porquê? O modo de organização dos serviços de saúde, no que toca

aos cuidados primários, dava uma resposta insuficiente às ne-cessidades de cuidados aos cidadãos, principalmente no que dizia respeito ao acesso às consultas médicas. Assim tornou-se necessário rever esta organização para optimizar os recursos existentes de modo a aumentar a cobertura da população e me-lhorar a qualidade dos cuidados prestados. Tal implicou acabar com algumas estruturas intermédias em termos organizacio-nais, substituindo-as por outras mais pequenas e funcionais.

O que vai acontecer aos Centros de Saúde?Para optimizar a gestão dos recursos, os Centro de Saúde

estão a agrupar-se entre si, formando os ACES (Agrupamen-tos de Centro de Saúde) estrutura de gestão com maior pro-ximidade no terreno. A estrutura interna do Centro de Saúde também se modifica, sendo agora constituído por unidades funcionais que articulam entre si e que funcionam no mínimo entre as 08:00 e as 20:00horas. Estas poderão ser de três tipos diferentes:

1 – As USF (Unidades de Saúde Familiar), constituí-das por médicos, enfermeiros e administrativos que se auto organizam voluntariamente e que têm por missão a presta-ção de cuidados directos aos seus utentes. Da sua carteira básica de serviços constam consultas médicas e de enfer-magem aos utentes da unidade, quer na área da saúde do adulto, quer na área dos grupos vulneráveis (saúde materna, infantil, diabetes, hipertensão arterial, planeamento fami-liar), assegurando ainda os tratamentos, vacinação e visita-ção domiciliária (médica e de enfermagem). Poderão ainda contratualizar carteiras adicionais de serviços (Ex. consulta do pé diabético), tendo acesso a incentivos pela consecução dos objectivos.

2 – As UCSP (Unidades de Cuidados de Saúde Persona-lizados), de estrutura e funcionamento idêntico ao das USF, diferindo destas pelo facto de os profissionais não se auto orga-nizarem e não usufruirem de incentivos.

3 – As UCC (Unidades de Cuidados na Comunidade), esta unidade é formada por profissionais que se auto organizam (enfermeiros, médicos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeu-tas, assistentes sociais, etc), tendo por missão contribuir para a melhoria do estado de saúde da população, prestar cuidados de saúde e apoio psicológico e social às pessoas, famílias e grupos mais vulneráveis, ou em situação de doença que requeira acom-panhamento mais próximo. Actua ainda na área da educação para a saúde; integra uma equipa de cuidados continuados e integrados no domicílio, articulando com a Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados.

As três unidades que constituem o Centro de Saúde recon-figurado, articulam entre si e respondem perante o ACES.

Cada unidade é gerida por um coordenador que no caso das USF e UCSP é médico, e na UCC é um enfermeiro es-pecialista.

Terei os cuidados de saúde assegurados?É objectivo desta reforma assegurar aos cidadãos os cuida-

dos de saúde a que têm direito.Vamos mudar para melhor?Pretende-se com esta reforma assegurar a universalidade

dos cuidados aos cidadãos bem como melhorar a qualidade dos cuidados prestados, através de um acompanhamento de maior proximidade e uma monitorização constante das actividades e programas em desenvolvimento. No entanto, a cada cidadão compete também velar pelo bom desenvolvimento desta refor-ma mantendo-se informado, exigindo os seus direitos e aler-tando a Administração para eventuais situações que considere lesivas dos seus interesses/direitos.

12 | Enfermagem e o Cidadão

Acontece SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

FernAndo Júlio bernArdino PintoEspecialista em Enfermagem Comunitária

A Reforma dos Cuidados de Saúde Primários

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O Serviço de Gastroenterologia do Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB) realizou, de 8 a 14 de Março de 2010, a sua primeira semana dedicada à sensibilização da comunidade para diferentes temáti-cas relacionadas com a Saúde.

Durante a 1ª edição da semana do serviço de Gastren-terologia, foi possível estabelecer um conjunto de parcerias com a comunidade envolvente ao CHCB, de forma a trans-mitir uma panóplia de conhecimentos sobre a educação para a saúde em áreas fundamentais como: doença inflamatória intestinal; dor 5º sinal vital e estratégias não farmacológi-cas de alivio da dor; importância da adopção de hábitos de alimentação saudável nas crianças; sensibilização dos jovens para os efeitos secundários do consumo de bebidas alcoóli-cas; prevenção de quedas no domicílio e importância do ras-treio no cancro colo-rectal. Cada um destes temas foi alvo de uma actividade individual, contando-se sempre com a cola-

De braço dadocom a Comunidade

boração de instituições, entidades ou empresas da região, das quais podemos salientar: Junta de Freguesia de Santa Maria, Junta de Freguesia da Boidobra, Fundação Anita Pina Ca-lado, Escola EB 2,3 Pêro da Covilhã, Policia de Segurança Pública da Covilhã, “Bufalos Bar” e Discoteca “Companhia Club”.

A receptividade e o interesse manifestado pelas pessoas envolvidas nas diferentes actividades, reforçou o propósito do CHCB, em continuar a trabalhar lado a lado com os seus uten-tes, conseguindo a cada momento e em função de cada neces-sidade individual, cumprir o seu compromisso fundamental: a Qualidade.

AconteceSECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

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Hélder ArAúJoEnfermeiro

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Espaço Cidadania SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

Associação Protectora dos Diabéticos de Portugallurdes serrAbulHoEnfermeira da APDP

A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) é uma Instituição Particular de Solidariedade Social fundada em 1926, em Lisboa, pelo Dr. Ernesto Roma. Exerce a sua acção no âmbito dos cuidados de saúde, com uma zona de influência correspondente ao território nacional e com liga-ções no campo assistencial e formativo a organismos nacionais, como as Sociedades Portuguesas de Diabetologia e de Endo-crinologia, e internacionais, como a Federação Internacional de Diabetes e o Grupo de Estudo para a Educação na Diabetes.

A actividade da APDP abrange quatro áreas essenciais:Área Social - Investimento na defesa dos direitos das pes-

soas com diabetes na sociedade, incentivando o movimento as-sociativo e participando em estruturas nacionais como o Pro-grama de Prevenção e Controlo da Diabetes e na organização do Fórum Nacional de Diabetes.

Área Clínica - A Clínica Diabetológica presta cuidados integrados e diferenciados a mais de 40.000 pessoas com dia-betes de todo o país, com consultas de diabetologia, pediatria, nutrição, oftalmologia, cardiologia, podologia, nefrologia, uro-logia, saúde reprodutiva, psicologia e psiquiatria. Esta clínica posiciona-se entre os Centros de Saúde e as Unidades Hos-pitalares com internamento, numa óptica de apoio e comple-mentaridade relativamente às estruturas do Serviço Nacional de Saúde.

Área de Investigação - A APDP promove o desenvolvi-mento de estudos de investigação científica em epidemiologia e clínica na área da diabetologia, em colaboração com institui-ções nacionais e internacionais.

Área Formativa – A APDP tem uma larga experiência na formação de profissionais de saúde e de pessoas com diabetes e familiares, desde 1974.

O Plano de Formação em Diabetes para técnicos de saúde de equipas multidisciplinares dos centros de saúde e hospitais de todo o país abrange cursos de três níveis de formação, num total de 15 cursos e de 34 formações por ano. Realizamos tam-bém Congressos de Educadores em Diabetes e Seminários de Educação na Doença Crónica.

As actividades de formação para pessoas com diabetes e familiares: Sessões Educativas e Sábados Desportivos, para pessoas com diabetes tipo 1 e 2; Cursos para pais de crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 e Campos de Férias para Adolescentes com diabetes tipo 1. O tratamento da diabetes é muito exigente e complexo e requer a responsabilização da pes-soa com diabetes na aquisição de competências para assumir um papel activo na gestão da sua doença.

A formação dos profissionais de saúde e das pessoas com diabetes e familiares representa um instrumento fundamental para a melhoria dos cuidados e para a prevenção das manifes-tações tardias da diabetes.

Todas as actividades desenvolvidas na APDP são realizadas por equipas multidisciplinares de médicos, enfermeiros, nutri-cionistas, dietistas e psicólogos. Para além da multidisciplinari-dade investimos também na promoção da interdisciplinaridade entre todos os elementos da equipa. Para isso tem contribuído o investimento e desenvolvimento da educação terapêutica na doença crónica, que tem proporcionado a todos os elementos o desenvolvimento de capacidades e competências pedagógicas e relacionais que permitem uma melhor adaptação dos edu-cadores e dos utentes à gestão partilhada da doença crónica. Os enfermeiros têm tido um papel fundamental em todo este processo, sendo reconhecidas e valorizadas as suas capacidades e competências também nesta área da educação terapêutica, atendendo à formação curricular de base que desenvolvemos na Educação para a Saúde.

A APDP tem um site www.apdp.pt, onde poderá encontrar informação relativa à instituição, à diabetes, a folhetos infor-mativos, a todos os programas dos cursos de formação, à revista Diabetes - Viver em Equilíbrio e aos livros publicados.

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SOPA DE LETRAS“12 Palavras entre a Saúde e a Doença”

À Cabeceira

Amanheceu, finalmente adormecesteA palidez esmoreceuQue alívio sobreviveste...O nosso olhar de ternuraA velar-te ininterruptoAssume esgares de loucuraAo pensar num fim abrupto

Da nossa observaçãoSaem rezas silenciosasTerapia do coraçãoEm preces ansiosas

Cuidamos de tiAcreditando em nósAssaltam-nos dúvidasQue nos tornam sós

Acordas num gemido intensoAfagamos-te em louvorO toque como um lençoQue julga secar a dorNum instante de descanso...

Mais um sorriso nostálgicoMais um fármaco SOSMais um gesto anti-álgicoMais uma vez adormeceste...Autora: Isabel Seixas

Bibliografia: Seixas, Isabel – Resquícios de Luz. Coimbra: Formasau, 2005. ISBN 972-8485-45-X.

Cultura e LazerSECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

Enfermagem e o Cidadão | 15

Sugestões para ver, ouvir, ler e viajar, para conhecer melhor o mito, a vida e a obra de Florence Nightingale.

- “Biography of the Millennium: 100 People - 1000 Years” (1999) (Documentário para a TV com depoimentos da própria Florence), http://www.imdb.com/title/tt0396288/.

Leia… NIGHTINGALE, Florence (2005) – Notas sobre Enfermagem: o que é e o que não é. Loures: Lusociência e, ainda, SMALL, H. (1999), Florence Nightingale - “Avenging Angel”, London, Constable.

Ouça… o Album “Thank the Nurse”, que inclui a canção “The Lady With A Lamp” da autoria de Country Joe McDo-nald (2002, Rag Baby).

Veja… alguns filmes produzidos sobre Florence Nightin-gale:

- “Florence Nightingale” (1915) (Mudo), http://www.imdb.com/title/tt0005334/

- “The White Angel” (1936) (Cinema), http://www.imdb.com/title/tt0028499/

- “The Lady with the Lamp” (1951) (Cinema) http://www.imdb.com/title/tt0043724/

- “Florence Nightingale” (1985) (Série televisiva), http://www.imdb.com/title/tt0089157/

- “Florence Nightingale” (1993) (Vídeo), http://www.imdb.com/title/tt0956136/

Viaje…Visite o Museu Nightingale em Londres ou virtualmente em sua casa em http://www.florence-nightingale.co.uk/.

Sugestões NightingaleHelenA JunqueirA & Pedro quintAsEnfermeiros

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16 | Enfermagem e o Cidadão

SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO

Qual a percepção que as crianças têm do “ser enfermeiro” através do desenho e da escritaginA reisEspecialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica

cuidar das crianças, ajudam os médicos a cuidar dos pacientes, dão vacinas, dão injecções, fazem curativos e tiram os pensos, medem a temperatura, veêm a pulsação do coração, medem a tensão”.

Referem actividades dos enfermeiros na Promoção da saúde (vão à escola ver a visão e os dentes dos meninos; vão a casa de pessoas (idosos ou crianças), que não têm tempo de ir ao centro de saúde, dar vacinas, banho, medicamentos, medir a tensão; ajudam as grávidas a ter bebé e instruções de como se trata de um bebé), na Prevenção da Doença (não deixam as pessoas ficar feridas; ajudam as pessoas a não ficarem doentes), em Situações de urgência/emergência (ajudam a salvar vidas em perigo; nunca faltam a uma emergência) e em Missões Humanitárias (podem prestar auxilio em missões de paz e solidariedade através de organizações humanitárias).

Consideram também que a Enfermagem é “uma profissão difícil e complicada, uma profissão muito dura”.

O desenho faz parte da linguagem da criança desde mui-to cedo. A criança não nasce a desenhar, mas constrói o seu conhecimento acerca do desenho. Por se tratar de uma forma de linguagem, o desenho tem um papel importante tanto no desenvolvimento da capacidade cognitiva, como também na criatividade e expressão das emoções.

O desenho enquadra-se nas actividades que as crianças mais gostam de fazer e é um importante meio de comunicação e representação da criança. As crianças gostam de desenhar e habitualmente o desenho é um canal privilegiado de expressão das suas ideias, vontades, emoções e de certa forma do modo como lêem a realidade.

Revelamos alguns desenhos e frases escritas pelas crianças que traduzem a forma como identificam os enfermeiros e a enfermagem, retirado de um estudo sobre “Qual a percepção que as crianças têm do “ser enfermeiro” através do desenho e da escrita”.

Ser enfermeiro é:- “Ajudar as pessoas quando estão doentes (as crianças, os

idosos, as pessoas desde que nascem até ao final da vida”; ser amigo, ser carinhoso, ser delicado, ser cuidadoso, ser atencioso, ser simpático, dever de ajudar os outros, principalmente os do-entes, tentando diminuir o sofrimento e a dor, ser uma pessoa meiga para que possa cuidar bem os doentes, ser uma pessoa com muita coragem, ser muito responsável”.

Outras características que as crianças encontram quando identificam os enfermeiros:

- “Usam batas brancas, usam máscaras, ajudam os médicos a