16 - ist - a vida cristã - ao serviço da comunhão
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A Vida Cristã
Sacramentos
Ao serviço da Comunhão
Dom de Si
[...] única criatura sobre a terra a
ser querida por Deus por si
mesma, não se pode encontrar
plenamente a não ser no sincero
dom de si mesmo [...]
Ao Serviço da Comunhão
Dois sacramentos, a Ordem e o Matrimônio,conferem uma graça especial para uma missãoparticular na Igreja em ordem à edificação dopovo de Deus. Eles contribuem em especial paraa comunhão eclesial e para a salvação dosoutros.
São ordenados para a salvação de outrem. Secontribuem também para a salvação pessoal, éatravés do serviço aos outros que o fazem.
Sacramento da Ordem
A Ordem é o sacramento graças ao qual a
missão confiada por Cristo aos Apóstolos
continua a ser exercida na Igreja, até ao fim
dos tempos: é, portanto, o sacramento do
ministério apostólico. E compreende três
graus: o episcopado, o presbiterado e o
diaconato.
Integração num “Ordo”
A palavra Ordem, na antiguidade romana, designava
corpos constituídos no sentido civil, sobretudo o corpo dos
que governavam, Ordinatio designa a integração num ordo.
A integração num destes corpos da Igreja fazia-se através
dum rito chamado ordinatio, ato religioso e litúrgico que
era uma consagração, uma bênção ou um sacramento.
Hoje, a palavra ordinatio é reservada ao ato sacramental
que integra na ordem dos bispos, dos presbíteros e dos
diáconos, onde se confere um dom do Espírito Santo que
permite o exercício dum «poder sagrado» que só pode vir
do próprio Cristo, pela sua Igreja.
Os Ministérios
Toda instituição, para dar razão de sua existência,
deve prestar certos serviços a coletividade. A Igreja
como instituição, não faz exceção a regra. Os
serviços que ela presta orientam-se em três direções:
O serviço a Palavra, o serviço do culto e dos
sacramentos da fé, e o serviço da caridade,
comunhão, direção e animação.
Todos ministérios tem sua origem na missão de
Cristo confiada a seus apóstolos e pertencem à
estrutura fundamental da Igreja.
Os graus do Sacramento
O sacramento compõe-se de três graus, que são
insubstituíveis para a estrutura orgânica da Igreja:
o episcopado, o presbiterado e o diaconato.
A Ordenação episcopal confere a plenitude do
sacramento da Ordem, faz do Bispo o legítimo
sucessor dos Apóstolos, insere-o no Colégio
episcopal, partilhando com o Papa e os outros
Bispos a solicitude por todas as Igrejas, e confere-
lhe a missão de ensinar, santificar e governar.
O Bispo
O Bispo, ao qual é confiada uma Igreja particular, é
o princípio visível e o fundamento da unidade dessa
Igreja, a favor da qual exerce, como vigário de
Cristo, o ministério pastoral, coadjuvado pelos
presbíteros e diáconos.
Os bispos, enquanto sucessores dos Apóstolos e
membros do Colégio, têm parte na responsabilidade
apostólica e na missão de toda a Igreja, sob a
autoridade do Papa, sucessor de São Pedro.
O Padre
Os presbíteros estão unidos aos bispos na dignidade
sacerdotal e, ao mesmo tempo, dependem deles no exercício
das suas funções pastorais; são chamados a ser os
cooperadores providentes dos bispos; Os presbíteros
recebem do bispo o encargo duma comunidade paroquial
ou duma função eclesial determinada.
Embora seja ordenado para uma missão universal, ele
exerce-a numa Igreja particular, em fraternidade
sacramental com os outros presbíteros que formam o
«presbitério» e que, em comunhão com o Bispo, e, em
dependência dele, têm a responsabilidade da Igreja
particular.
O Diácono
Os diáconos são ministros ordenados para as
tarefas de serviço da Igreja; não recebem o
sacerdócio ministerial, mas a ordenação
confere-lhes funções importantes no ministério
da Palavra, culto divino, governo pastoral e
serviço da caridade, encargos que eles devem
desempenhar sob a autoridade pastoral do seu
bispo.
Características elementares
O sacramento da Ordem é conferido pela imposiçãodas mãos, seguida duma solene oração consecratória,que pede a Deus para o ordinando as graças doEspírito Santo, requeridas para o seu ministério. Aordenação imprime um caráter sacramental indelével.
A Igreja confere o sacramento da Ordem somente ahomens (viris) batizado, cujas aptidões para o exercíciodo ministério tenham sido devidamente reconhecidas.Compete à autoridade da Igreja a responsabilidade e odireito de chamar alguém para receber a Ordem.
Caráter Indelével
Este sacramento configura o ordinando com Cristo por
uma graça especial do Espírito Santo, a fim de servir
de instrumento de Cristo em favor da sua Igreja. Pela
ordenação, recebe-se a capacidade de agir como
representante de Cristo, cabeça da Igreja. na sua
tríplice função de sacerdote, profeta e rei.
Tal como no caso do Batismo e da Confirmação, esta
participação na função de Cristo é dada uma vez por
todas. O sacramento da Ordem confere, também ele,
um caráter espiritual indelével, e não pode ser repetido
nem conferido para um tempo limitado.
Sacramento do Matrimônio
O gesto de um esposo e de uma esposa de sedarem no amor e de formarem família é sinaldo amor de Deus para com a humanidade.Portanto, é sacramento.
O próprio Deus escolheu essa realidade parafalar do seu amor pelo seu povo. Tanto oAntigo como o Novo testamento apresenta oamor humano como sinal do amor Divino.
O designo de Deus
A Sagrada Escritura começa pela criação do homem e
da mulher, à imagem e semelhança de Deus (94), e
termina com a visão das «núpcias do Cordeiro» (Ap 19,
9). Do princípio ao fim, a Escritura fala do
matrimônio e do seu «mistério», da sua instituição e do
sentido que Deus lhe deu, da sua origem e da sua
finalidade, das suas diversas realizações ao longo da
história da salvação, das suas dificuldades nascidas do
pecado e da sua renovação «no Senhor» (1 Cor 7, 39),
na Nova Aliança de Cristo e da Igreja.
Homem e Mulher, o Criou
A vocação para o matrimônio está inscrita na
própria natureza do homem e da mulher, tais como
saíram das mãos do Criador.
Deus, que criou o homem por amor, também o
chamou ao amor, vocação fundamental e inata de
todo o ser humano. Tendo-os Deus criado homem e
mulher, o amor mútuo dos dois torna-se imagem do
amor absoluto e indefectível com que Deus ama o
homem. E este amor, que Deus abençoa, está
destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra
comum do cuidado da criação
Sob o poder do Pecado
Todo o homem faz a experiência do mal, à sua volta e
em si mesmo. Esta experiência faz-se também sentir
nas relações entre o homem e a mulher. Desde sempre,
a união de ambos foi ameaçada pela discórdia, o
espírito de domínio, a infidelidade, o ciúme e conflitos
capazes de ir até ao ódio e à ruptura.
Segundo a fé, esta desordem, que dolorosamente
comprovamos, não procede da natureza do homem e da
mulher, nem da natureza das suas relações, mas do
pecado.
Intervenção de Deus
A ordem da criação subsiste, apesar de gravemente
perturbada. Para curar as feridas do pecado, o homem e a
mulher precisam da ajuda da graça que Deus, na sua
misericórdia infinita, nunca lhes recusou.
Na sua misericórdia, Deus não abandonou o homem
pecador. Depois da queda, o matrimônio ajuda a superar o
auto-isolamento, o egoísmo, a busca do próprio prazer, e a
abrir-se ao outro, à mútua ajuda, ao dom de si.
A consciência moral relativamente à unidade e
indissolubilidade do matrimônio desenvolveu-se sob a
pedagogia da antiga Lei.
Jesus e o Matrimônio
No umbral da sua vida pública, Jesus realiza o seu primeiro
sinal –a pedido da sua Mãe – por ocasião duma festa de
casamento. A Igreja atribui uma grande importância à
presença de Jesus nas bodas de Caná. Ela vê nesse fato a
confirmação da bondade do matrimônio e o anúncio de que,
doravante, o matrimônio seria um sinal eficaz da presença
de Cristo.
Na sua pregação, Jesus ensinou sem equívocos o sentido
original da união do homem e da mulher, tal como o
Criador a quis no princípio: a permissão de repudiar a sua
mulher, dada por Moisés, era uma concessão à dureza do
coração.
“Meu jugo é leve”
Esta insistência inequívoca na indissolubilidade do vínculo
matrimonial pôde criar perplexidade e aparecer como uma
exigência impraticável. No entanto, Jesus não impôs aos
esposos um fardo impossível de levar e pesado demais.
Ele próprio dá a força e a graça de viver o matrimônio na
dimensão nova do Reino de Deus. É seguindo a Cristo, na
renúncia a si próprios e tornando a sua cruz, que os
esposos poderão “compreender” o sentido original do
matrimônio e vivê-lo com a ajuda de Cristo. Esta graça do
Matrimônio cristão é fruto da cruz de Cristo, fonte de toda
a vida cristã.
“Sinal Representativo”
O matrimônio é um dos sete sacramentos daIgreja. Não, porém, como os outros. Enquantoos outros sacramentos oferecem a graça, omatrimônio já a contem em si mesmo.
Se distingue ainda por não ser uma instituiçãoeclesial, mas, antes de tudo, uma instituiçãonatural a qual o sacramento da um realizaçãoperfeita.
Ministros e Matéria
Até hoje, os ministros do sacramento são os
noivos, e sua “matéria” é a realidade do
matrimônio em si mesma, na sua essência
humana.
Somente o consentimento dos noivos é
estritamente necessário para que o matrimônio
seja sacramento. A benção da testemunha
qualificada é um simples sacramental.
Fé e Sacramento
Todos os sacramentos são sacramentos da fé.
No sacramento do matrimônio, porém, por
causa de sua matéria (um evento natural),
aparece de forma mais clara que somente a fé
faz diferença, ou seja, somente a fé dá ao
consentimento dos noivos a especificidade do
sacramento. O consentimento dos noivos faz o
matrimônio, e a fé faz o matrimônio ser
sacramento.
Indissolubilidade
A indissolubilidade do Matrimônio está emrelação direta com sua sacramentalidade, ou seja,o matrimônio se torna indissolúvel quando forassumido na fé como imagem, sacramento etestemunho do amor esponsal e indissolúvel entreCristo e a Igreja.
De um amor conjugal que implicasse o divórcioseria impossível fazer sinal ou sacramento domistério de amor que une Cristo como Redentor àsua Igreja.
Amor Conjugal
O amor conjugal exprime a sua verdadeira natureza e
nobreza, quando se considera na sua fonte suprema, Deus
que é Amor
O matrimônio não é, portanto, fruto do acaso, ou produto
de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente
do Criador, para realizar na humanidade o seu desígnio de
amor. Mediante a doação pessoal recíproca, que lhes é
própria e exclusiva, os esposos tendem para a comunhão
dos seus seres, em vista de um aperfeiçoamento mútuo
pessoal, para colaborarem com Deus na geração e
educação de novas vidas.
Característica do Amor Conjugal
É, antes de mais, um amor plenamente humano,quer dizer, ao mesmo tempo espiritual e sensível.
Não é, portanto, um simples ímpeto do instinto oudo sentimento; mas é também, e principalmente,ato da vontade livre, destinado a manter-se e acrescer, mediante as alegrias e as dores da vidacotidiana, de tal modo que os esposos se tornemum só coração e uma só alma e alcancem juntos asua perfeição humana.
Amor Total
Um amor total, quer dizer, uma forma muito
especial de amizade pessoal, em que os esposos
generosamente compartilham todas as coisas,
sem reservas indevidas e sem cálculos egoístas.
Quem ama verdadeiramente o próprio consorte,
não o ama somente por aquilo que dele recebe,
mas por ele mesmo, por poder enriquecê-lo com o
dom de si próprio.
Amor Fiel e Exclusivo
Amor fiel e exclusivo, até à morte. Assim o concebem,efetivamente, o esposo e a esposa no dia em queassumem, livremente e com plena consciência, ocompromisso do vínculo matrimonial.
Fidelidade que por vezes pode ser difícil; mas que ésempre nobre e meritória, ninguém o pode negar. Oexemplo de tantos esposos, através dos séculos,demonstra não só que ela é consentânea com anatureza do matrimônio, mas que é dela, como de fonte,que flui uma felicidade íntima e duradoura.
Amor Fecundo
Amor fecundo que não se esgota na comunhãoentre os cônjuges, mas que está destinado acontinuar-se, suscitando novas vidas.
"O matrimônio e o amor conjugal estão por simesmos ordenados para a procriação eeducação dos filhos. Sem dúvida, os filhos sãoo dom mais excelente do matrimônio econtribuem grandemente para o bem dos pais"
União e Procriação
Pela sua estrutura íntima, o ato conjugal, aomesmo tempo que une profundamente os esposos,torna-os aptos para a geração de novas vidas,segundo leis inscritas no próprio ser do homem eda mulher.
Salvaguardando estes dois aspectos essenciais,unitivo e procriador, o ato conjugal conservaintegralmente o sentido de amor mútuo everdadeiro e a sua ordenação para a altíssimavocação do homem para a paternidade.