17 TDC Keynes ExpLP Investimento Instabilidade III - Taxa ... · 2....

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2. Inves(mento, Ciclo, Tendência e Instabilidade 2.3. Expecta,vas de Longo Prazo, Inves,mento e Instabilidade em Keynes Teoria geral da taxa de juros e par1cularidades do dinheiro I Keynes, TG, cap. 13 e 15 Keynes, A Teoria Geral do Emprego (1937) 27/06/15 1 Decisão de inves,mento e a taxa de juros Decisão de inves(mento depende da comparação da eficiência marginal do capital com a taxa de juros A eficiência marginal do capital depende do preço de oferta do bem de capital e da renda esperada, que é função das expecta(vas de longo prazo dos agentes, construídas em bases convencionais e, portanto, potencialmente instáveis. O próximo passo é analisar os determinantes da taxa de juros “PodeLse dizer que a curva da eficiência marginal do capital governa as condições em que se procuram fundos disponíveis para novos inves,mentos , enquanto a taxa de juros governa os termos em que esses fundos são corretamente oferecidos . Para complementar a nossa teoria, precisamos, portanto, saber o que determina a taxa de juros . (Keynes, (1996[1936]), p.173) Teoria Geral da Taxa de Juros 27/06/15 2 Preferências psicológicas temporais dos agentes Primeira decisão: alocação da renda entre consumo e poupança Segunda decisão: alocação do poder de compra entre dinheiro (poder de compra imediato) e a(vos menos líquidos (risco e retorno) “Para efe,var plenamente suas preferências psicológicas temporais, um indivíduo deparaLse com dois conjuntos de decisões a serem tomadas. A primeira relacionaLse com aquele aspecto de preferência temporal que denominei propensão a consumir , fator que, sob a influência dos diversos mo,vos expostos no Livro Terceiro, determina que parte de sua renda cada indivíduo consumirá e que parte reservará sob alguma forma de comando sobre o consumo futuro. Uma vez tomada esta decisão, porém, outra o espera, a saber, em que forma conservará o poder de comando sobre o consumo futuro, quer de sua renda corrente, quer de sua poupança anterior . Deseja conserváLlo sob a forma líquida imediata (isto é, em dinheiro ou seu equivalente)? Ou está disposto a alienar esse poder aquisi,vo imediato por um período específico ou indeterminado, deixando à situação futura do mercado a fixação das condições em que pode, se necessário, converter o poder de comando postergado sobre bens específicos em poder aquisi,vo imediato sobre bens em geral?” (Keynes, (1996[1936]), p.173L4) 27/06/15 3 Teoria Geral da Taxa de Juros Determinantes da taxa de juros A taxa de juros não equilibra poupança e inves(mento (clássicos: S(r) = I(r)). A poupança é sempre é igual e determinada pelo inves(mento. A taxa de juros não é o rendimento da poupança, pois a poupança acumulada sob a forma de dinheiro, por exemplo, não tem rendimento (x clássicos: Md = kPY – demanda por moeda apenas para transação) A taxa de juros é a “recompensa pela renúncia à liquidez”. “Deveria ser óbvio que a taxa de juros não pode ser um rendimento da poupança ou da espera como tal. Quando alguém acumula suas economias sob a forma de dinheiro líquido, não ganha juro, embora economize tanto quanto antes. Pelo contrário, a simples definição da taxa de juros dizLnos, literalmente, que ela é a recompensa da renúncia à liquidez por um período determinado , pois a taxa de juros não é, em si, outra coisa senão o inverso da relação existente entre uma soma de dinheiro e o que se pode obter desis,ndo, por um período determinado, do poder de comando da moeda em troca de uma dívida. Desse modo, sendo a taxa de juros, a qualquer momento, a recompensa da renúncia à liquidez, é uma medida de relutância dos que possuem dinheiro alienar o seu direito de dispor do mesmo. A taxa de juros não é o “preço” que equilibra a demanda de recursos para inves,r e a propensão de absterLse do consumo imediato.” (Keynes, (1996[1936]), p.17x) 27/06/15 4 Teoria Geral da Taxa de Juros

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2.   Inves(mento,-Ciclo,-Tendência-e-Instabilidade-

2.3.$Expecta,vas$de$Longo$Prazo,$Inves,mento$e$Instabilidade$em$Keynes$

Teoria'geral'da'taxa'de'juros'e'par1cularidades'do'dinheiro'I$

$Keynes,$TG,$cap.$13$e$15$

Keynes,$A$Teoria$Geral$do$Emprego$(1937)$

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Decisão(de(inves,mento(e(a(taxa(de(juros(•  Decisão- de- inves(mento- depende- da- comparação- da- eficiência-

marginal-do-capital-com-a-taxa-de-juros-•  A-eficiência-marginal-do-capital-depende-do-preço-de-oferta-do-bem-

de- capital- e- da- renda- esperada,- que- é- função- das- expecta(vas- de-longo- prazo- dos- agentes,- construídas- em- bases- convencionais- e,-portanto,-potencialmente-instáveis.-

•  O-próximo-passo-é-analisar-os-determinantes-da-taxa-de-juros-$$

“PodeLse$ dizer$ que$ a$ curva$ da$ eficiência$ marginal$ do$ capital$ governa$ as$condições$ em$ que$ se$ procuram$ fundos$ disponíveis$ para$ novos$inves,mentos,$ enquanto$ a$ taxa$ de$ juros$ governa$ os$ termos$ em$que$ esses$fundos$ são$ corretamente$ oferecidos.$ Para$ complementar$ a$ nossa$ teoria,$precisamos,$ portanto,$ saber$ o$ que$ determina$ a$ taxa$ de$ juros.$ (Keynes,$(1996[1936]),$p.173)$

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Preferências(psicológicas(temporais(dos(agentes(•  Primeira-decisão:-alocação-da-renda-entre-consumo-e-poupança-•  Segunda-decisão:-alocação-do-poder-de-compra-entre-dinheiro-(poder-

de-compra-imediato)-e-a(vos-menos-líquidos-(risco-e-retorno)-$

“Para$ efe,var$ plenamente$ suas$ preferências$ psicológicas$ temporais,$ um$indivíduo$ deparaLse$ com$ dois$ conjuntos$ de$ decisões$ a$ serem$ tomadas.$ A$primeira$ relacionaLse$ com$ aquele$ aspecto$ de$ preferência$ temporal$ que$denominei$ propensão$ a$ consumir,$ fator$ que,$ sob$ a$ influência$ dos$ diversos$mo,vos$ expostos$ no$ Livro$ Terceiro,$ determina$ que$ parte$ de$ sua$ renda$ cada$indivíduo$ consumirá$ e$ que$ parte$ reservará$ sob$ alguma$ forma$ de$ comando$sobre$o$consumo$futuro.$$$

Uma$vez$tomada$esta$decisão,$porém,$outra$o$espera,$a$saber,$em$que$forma$conservará$o$poder$de$comando$sobre$o$consumo$futuro,$quer$de$sua$renda$corrente,$ quer$ de$ sua$ poupança$ anterior.$ Deseja$ conserváLlo$ sob$ a$ forma$líquida$ imediata$(isto$é,$em$dinheiro$ou$seu$equivalente)?$Ou$está$disposto$a$alienar$ esse$ poder$ aquisi,vo$ imediato$ por$ um$ período$ específico$ ou$indeterminado,$deixando$à$situação$futura$do$mercado$a$fixação$das$condições$em$que$pode,$se$necessário,$converter$o$poder$de$comando$postergado$sobre$bens$específicos$em$poder$aquisi,vo$imediato$sobre$bens$em$geral?”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.173L4)$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Determinantes(da(taxa(de(juros(•  A-taxa-de-juros-não-equilibra-poupança-e-inves(mento-(clássicos:-S(r)-=-

I(r)).-A-poupança-é-sempre-é-igual-e-determinada-pelo-inves(mento.-•  A- taxa- de- juros- não- é- o- rendimento- da- poupança,- pois- a- poupança-

acumulada-sob-a-forma-de-dinheiro,-por-exemplo,-não-tem-rendimento-(x-clássicos:-Md-=-kPY-–-demanda-por-moeda-apenas-para-transação)-

•  A-taxa-de-juros-é-a-“recompensa-pela-renúncia-à-liquidez”.-$

“Deveria$ser$óbvio$que$a$taxa$de$juros$não$pode$ser$um$rendimento$da$poupança$ou$da$ espera$ como$ tal.$ Quando$ alguém$ acumula$ suas$ economias$ sob$ a$ forma$ de$dinheiro$ líquido,$ não$ ganha$ juro,$ embora$ economize$ tanto$ quanto$ antes.$ Pelo$contrário,$ a$ simples$ definição$ da$ taxa$ de$ juros$ dizLnos,$ literalmente,$ que$ ela$ é$ a$recompensa$ da$ renúncia$ à$ liquidez$ por$ um$ período$ determinado,$ pois$ a$ taxa$ de$juros$não$é,$em$si,$outra$coisa$senão$o$inverso$da$relação$existente$entre$uma$soma$de$ dinheiro$ e$ o$ que$ se$ pode$ obter$ desis,ndo,$ por$ um$ período$ determinado,$ do$poder$de$comando$da$moeda$em$troca$de$uma$dívida.$$

Desse$modo,$sendo$a$taxa$de$juros,$a$qualquer$momento,$a$recompensa$da$renúncia$à$ liquidez,$ é$ uma$ medida$ de$ relutância$ dos$ que$ possuem$ dinheiro$ alienar$ o$ seu$direito$ de$ dispor$ do$ mesmo.$ A$ taxa$ de$ juros$ não$ é$ o$ “preço”$ que$ equilibra$ a$demanda$ de$ recursos$ para$ inves,r$ e$ a$ propensão$ de$ absterLse$ do$ consumo$imediato.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.17x)$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Determinantes(da(taxa(de(juros(•  A-taxa-de-juros,-“recompensa-pela-renúncia-à-liquidez”,-é-a-variável-de-

ajuste-que-promove-o-equilíbrio-entre-a-oferta-e-a-demanda-de-moeda:-M-=-L(r)-

•  A-oferta-de-moeda-é-determinada-pela-autoridade-monetária.-•  A- demanda- por- moeda,- por- sua- vez,- depende- da- preferência- pela-

liquidez.-

“(A$ taxa$ de$ juros$ é)$ o$ “preço”$mediante$o$ qual$ o$ desejo$ de$manter$ a$ riqueza$ em$forma$líquida$se$concilia$com$a$quan,dade$de$moeda$disponível.$Isso$implica$que,$se$a$ taxa$ de$ juros$ fosse$ menor,$ isto$ é,$ se$ a$ recompensa$ da$ renúncia$ à$ liquidez$ se$reduzisse,$ o$ montante$ agregado$ de$ moeda$ que$ o$ público$ desejaria$ conservar$excederia$ a$ oferta$ disponível$ e$ que,$ se$ a$ taxa$ de$ juros$ se$ elevasse,$ haveria$ um$excedente$de$moeda$que$ninguém$estaria$disposto$a$ reter.$ Se$esta$explicação$ for$correta,$ a$ quan,dade$ de$ moeda$ é$ outro$ fator$ que,$ aliado$ à$ preferência$ pela$liquidez,$determina$a$taxa$corrente$de$juros$em$certas$circunstâncias.$A$preferência$pela$liquidez$é$uma$potencialidade$ou$tendência$funcional$que$fixa$a$quan,dade$de$moeda$que$o$público$reterá$quando$a$taxa$de$juros$for$dada;$resulta$daí$que$r$é$a$taxa$de$juros,$M$a$quan,dade$de$moeda$e$L$a$função$da$preferência$pela$liquidez,$teremos$ M$ =$ L(r).$ Isto$ mostra$ onde$ e$ como$ a$ quan,dade$ de$ moeda$ entra$ no$esquema$econômico.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.17x)$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Preferência(pela(liquidez(•  A- preferência- pela- liquidez- está- associada- à- vontade- dos- agentes- de-

manter-moeda-não-só-para-transações,-mas-também-como-reserva-de-riqueza,-apesar-de-não-render-juros.-

•  A-questão-que-se-coloca-é-saber-porque-se-deseja-manter-moeda-como-reserva-de-valor,-já-que-não-rende-juros.-

“A$esta$altura,$contudo,$é$necessário$que$voltemos$atrás$e$examinemos$por$que$existe$o$que$se$denomina$preferência$pela$liquidez.$Para$este$fim,$convirá$usar$a$velha$dis,nção$entre$o$uso$da$moeda$para$as$transações$comerciais$correntes$e$seu$uso$como$reserva$de$riqueza.$$$No$que$concerne$ao$primeiro$destes$usos,$é$evidente$que$vale$a$pena$sacrificar,$até$certo$ponto,$alguma$quan,dade$de$juro$pela$conveniência$da$liquidez.$$$Porém,$dado$que$a$ taxa$de$ juros$nunca$é$nega,va,$por$que$alguém$preferiria$guardar$sua$riqueza$de$forma$que$renda$pouco,$ou$nenhum$juro,$a$conserváLla$de$outra$que$renda$algum?”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.17x)$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Determinantes(da(preferência(pela(liquidez(•  Incerteza:-A-condição-necessária-para-haver-preferência-pela-moeda-como-

reserva-de-valor-é-a-incerteza-sobre-o-comportamento-da-taxa-de-juros-ao-longo-do-tempo.-

•  Mo(vo- Precaução:- Por- exemplo,- uma- con(ngência- que- traga- a-necessidade- de- converter- ]tulos- em- moeda- com- rapidez,- pode- levar- a-perdas- que- teriam- sido- evitadas- pela- manutenção- de- uma- reserva- em-dinheiro.-

“Há,$ todavia,$ uma$ condição$necessária$ sem$a$qual$ não$poderia$ exis,r$ a$ preferência$de$liquidez$pela$moeda$como$meio$de$conservação$da$riqueza.$$Esta$condição$necessária$é$a$existência$de$ incerteza$quanto$ao$ futuro$da$ taxa$de$ juros,$isto$é,$quanto$ao$complexo$de$ taxas$para$vencimentos$variáveis$a$prevalecer$em$datas$futuras$(...).$$Se$(...)$a$taxa$futura$for$incerta,$não$mais$podemos$inferir$com$segurança$que,$chegando$o$momento,$ ndr$ será$ efe,vamente$ igual$ a$ 1dn$ +$ r$ /$ 1dn.$ Por$ isso,$ no$ caso$ concebível$ de$poder$produzirLse$eventualmente$uma$necessidade$de$ liquidez$antes$de$expirarem$os$n$anos,$ há$o$ risco$de$ se$ incorrer$ em$perda$na$ aquisição$de$uma$dívida$ a$ longo$prazo$ ao$convertêLla,$ depois,$ em$ dinheiro,$ compara,vamente$ a$ ter$ conservado$ o$ dinheiro$enquanto$tal.$O$lucro$atuarial$ou$esperança$matemá,ca$de$ganho$calculado$na$base$das$probabilidades$existentes$—$caso$esse$cálculo$possa$ser$feito,$o$que$é$duvidoso$—$deve$ser$suficiente$para$compensar$o$risco$de$reveses.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.17x)$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Determinantes(da(preferência(pela(liquidez(•  Incerteza:-A-condição-necessária-para-haver-preferência-pela-moeda-

como-reserva-de-valor-é-a-incerteza-sobre-o-comportamento-da-taxa-de-juros-ao-longo-do-tempo.-

•  Mo(vo- Precaução:- Por- exemplo,- uma- con(ngência- que- traga- a-necessidade-de-converter-]tulos-em-moeda-com-rapidez,-pode-levar-a-perdas-que-teriam-sido-evitadas-pela-manutenção-de-uma-reserva-em-dinheiro.-

-Exemplo-Situação-inicial:-PB-=-1.000,-C-=-100,-r=10% --1000-=-100/0,10--Se-a-taxa-de-juros-subir-para-20%-e-o-agente-for-obrigado-a-converter-seu-]tulo- em- dinheiro- para- fazer- frente- a- uma- emergência,- terá- perda- de-capital-(ΔPB-<-0).--r=20%-=>-PB-=-500-=-100-/-0,20 --Perda-de-Capital:--500-=-1000-–-500--

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Determinantes(da(preferência(pela(liquidez(

•  Mo(vo-Especulação:-Por-outro-lado,-a-incerteza-sobre-a-taxa-de-juros-futura-cria-espaço-para-haver-especulação.- Isto-é,-os-agentes-podem-apostar-contra-expecta(vas-contrárias-na-esperança-de-obter-lucro-no-mercado-financeiro.-

Baixistas-

•  Assim,- os- baixistas,- que- acham- que- o- preço- dos- ]tulos- vai- cair- e- a-taxa-de- juros- vai- subir,- demandarão-moeda-para- comprar-os-]tulos-na-baixa-=>-demanda-especula(va-por-moeda->-0.-

Al(stas-

•  Enquanto-os-al(stas,-que-acham-que-o-preço-dos-]tulos-vai- subir-e,-logo,- a- taxa- de- juros- vai- cair,- demandam- ]tulos- na- expecta(va- de-obter-ganhos-de-capital-=>-demanda-especula(va-por-moeda-=-0.--

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

“Há,$ além$ disso,$ outra$ razão$ para$ a$ preferência$ pela$ liquidez$ resultante$ da$incerteza$ quanto$ ao$ futuro$ da$ taxa$ de$ juros,$ desde$ que$ haja$ um$ mercado$organizado$ para$ negociar$ com$ débitos.$ Cada$ qual$ prevê$ o$ futuro$ a$ sua$maneira$ e$ aquele$ que$ divergir$ da$ opinião$ dominante,$ tal$ como$ ela$ se$manifesta$ nas$ cotações$ do$ mercado,$ pode$ ter$ boas$ razões$ para$ conservar$recursos$ líquidos$ com$ o$ fim$ de$ realizar$ um$ lucro$ se$ es,ver$ certo,$ ao$comprovar$ no$ momento$ oportuno$ que$ as$ relações$ entre$ os$ 1dr$ estavam$erradas.$$(...)$$(O)$ indivíduo,$ para$ quem$ as$ futuras$ taxas$ de$ juros$ estarão$ acima$ daquelas$previstas$ pelo$ mercado,$ tem$ mo,vos$ para$ conservar$ em$ caixa$ dinheiro$líquido,$ ao$ passo$ que$ quem$ diverge$ do$ mercado$ em$ sen,do$ oposto$ terá$mo,vos$ para$ pedir$ dinheiro$ emprestado$ a$ curto$ prazo,$ a$ fim$ de$ adquirir$débitos$a$prazo$mais$longo.$O$preço$do$mercado$se$fixará$no$nível$em$que$a$venda$dos$ “baixistas”$ se$equilibrar$ com$as$ compras$dos$ “al,stas”.”$ (Keynes,$(1996[1936]),$p.17x)$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Mo(vo-Especulação-h-Exemplo--Situação-inicial:-PB-=-1.000,-C-=-100,-r=10% --1000-=-100/0,10--•  Baixista:-demanda-especula(va-por-moeda->-0--Se- os- agentes- acham- que- a- taxa- de- juros- está- baixa- (10%)- e- vai- subir-(20%),-demandam-moeda-para-comprar-os-]tulos-mais-baratos-no-futuro--r=20%-=>-PB-=-500-=-100-/-0,20---•  Al(sta:-demanda-especula(va-por-moeda-=-0---Se-os-agentes-acham-que-a-taxa-de-juros-está-alta-(10%)-e-vai-cair-(5%),-demandam-]tulos-para-revender-mais-caros-no-futuro--r=5%-=>-PB-=-2.000-=-100/0,05----

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Determinantes(da(preferência(pela(liquidez(•  Mo(vos-transação-(gastos-correntes)-•  Mo(vo-precaução-(segurança)-•  Mo(vo-especulação-(obter-lucro)-$

“As$ três$ divisões$ que$ acabamos$ de$ dis,nguir$ na$ preferência$ pela$ liquidez$podem$ser$definidas$pelos$mo,vos$que$as$governam:$$(i)  o$mo,vo$transação,$isto$é,$a$necessidade$de$moeda$para$as$operações$

correntes$de$trocas$pessoais$e$comerciais;$$$(ii)  o$mo,vo$precaução,$ou$ seja,$o$desejo$de$ segurança$ com$ relação$ao$

equivalente$ do$ valor$ monetário$ futuro$ de$ certa$ parte$ dos$ recursos$totais$ (atender$ às$ con,ngências$ inesperadas$ e$ às$ oportunidades$imprevistas$de$realizar$compras$vantajosas$e$os$de$conservar$um$a,vo$de$ valor$ fixo$ em$ termos$ monetários$ para$ honrar$ uma$ obrigação$es,pulada$em$dinheiro$–$p.198);$e$

$(iii)  o$mo,vo$ especulação,$ isto$ é,$ o$ propósito$ de$ obter$ lucros$ por$ saber$

melhor$que$o$mercado$o$que$trará$o$futuro.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.176L7)$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Determinantes(da(preferência(pela(liquidez(•  M-=-L(Y,r)-•  M-=-M1-+-M2-=-L1(Y)-+-L2(r)-•  M:-oferta-total-de-moeda-•  L1(Y):-demanda-transacional-e-precaucional-por-moeda,-função-da-renda-•  L2(r):-demanda-especula(va-por-moeda,-função-da-taxa-de-juros-•  M1:-moeda-des(nada-à-demanda-transacional-e-precaucional-•  M2:-moeda-disponível-para-demanda-especula(va-

$“Sejam$ M1$ o$ montante$ de$ recursos$ líquidos$ conservado$ para$ sa,sfazer$ o$mo,voLtransação$ e$ o$ mo,voLprecaução$ e$ M2$ o$ montante$ conservado$ para$sa,sfazer$ o$ mo,voLespeculação.$ Correspondendo$ a$ estes$ dois$compar,mentos$de$recursos$líquidos$temos,$então,$duas$funções$de$liquidez$L1$e$L2.$L1$depende,$principalmente,$do$nível$de$renda,$enquanto$L2$depende$da$relação$entre$a$taxa$corrente$de$juros$e$o$estado$das$expecta,vas.$Portanto,$M$=$M1$+$M2$=$ L1$ (Y)$ +$ L2$ (r),$ onde$ L1$ é$ a$ função$de$ liquidez$ correspondente$à$renda$ Y,$ que$ determina$M1,$ e$ L2$ a$ função$ de$ liquidez$ em$ relação$ à$ taxa$ de$juros$r,$que$determina$M2.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.201)$

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Determinantes(da(preferência(pela(liquidez(e(a(taxa(de(juros(•  Mo(vos- transação-e-precaução-variam-principalmente-em- função-da-

renda- [L1(Y)],- sendo- pouco- sensíveis- à- influência- direta- da- taxa- de-juros.-

•  Cabe-observar-que,-no-caso-do-mo(vo-precaução,-demandahse-moeda-pela-segurança-da- liquidez- imediata-e-pelo-receio-da-perda-potencial-associada- à- aplicação- alterna(va- em-]tulos- decorrente- de- variações-imprevistas-na-taxa-de-juros.--

•  Mas- o- volume- da- demanda- por- moeda- pelo- mo(vo- precaução,-segundo- Keynes,- depende- diretamente- da- renda- e- não- da- taxa- de-juros-ou-do-grau-de-incerteza.--

$“(S)upondo$que$ a$ preferência$ pela$ liquidez$devida$ ao$mo,vo$ transação$e$ ao$mo,vo$ precaução$ absorva$ uma$ quan,dade$ de$ moeda$ que$ não$ seja$ muito$sensível$à$influência$direta$das$alterações$na$taxa$de$juros,$sem$levar$em$conta$suas$ reações$ devidas$ ao$ aumento$ da$ renda,$ (...).”$ (Keynes,$ (1996[1936]),$ p.177)$

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Determinantes(da(preferência(pela(liquidez(e(a(taxa(de(juros(•  E- dada- a- oferta- de- moeda,- é- possível- determinar- o- montante- (M2)-

disponível- para- atender- à- demanda- pelo- mo(vo- especulação- [L2(r)],--como-a-diferença-entre-o-total-da-oferta-(M)-e-o-montante-(M1)-des(nado-a-atender-a-demanda-pelos-mo(vos-transação-e-precaução-(L1).-

•  Para-haver-equilíbrio,-o-preço-dos-]tulos-e-a-taxa-de-juros-devem-ser-tais-que-a-demanda-por-moeda-pelos-“baixistas”-(L2)-seja- igual-à-quan(dade-de-moeda-disponível-para-atender-ao-mo(vo-especulação-(M2).-

•  M-=-M1-+-M2-=-L1(Y)-+-L2(r)-•  M2-=-M-–-M1-=-L2(r)-$

“(...)$ a$ quan,dade$ total$ de$ moeda,$ diminuída$ dessa$ quan,dade$ (demanda$pelos$mo,vos$transação$e$precaução),$fica,$assim,$disponível$para$sa,sfazer$a$preferência$ pela$ liquidez$ devido$ ao$mo,vo$ especulação.$ A$ taxa$ de$ juros$ e$ o$preço$das$ obrigações$ devem,$ então,$ fixarLse$ ao$nível$ em$que$ a$ soma$ global,$que$certos$indivíduos$desejam$conservar$líquida$(porque$nesse$nível$se$sentem$“baixistas”$ rela,vamente$ ao$ futuro$ das$ obrigações),$ seja$ exatamente$ igual$ à$quan,dade$ de$ moeda$ disponível$ para$ atender$ às$ a,vidades$ do$ mo,vo$ de$especulação.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.177)$$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Determinantes(da(preferência(pela(liquidez(e(a(taxa(de(juros(•  Determinação- da- taxa- de- lucro:- para- um- dado- nível- de- renda,- que-

determina- a- demanda- pelos- mo(vos- transação- e- precaução- (L1),- e-uma-dada-oferta-de-moeda-(M),-a-taxa-de-juros-é-a-variável-que-ajusta-a- demanda- especula(va- [L2(r)]- à- oferta- de- moeda- disponível- para-atender-a-este-fim-(M2-=-M-–-M1).-

•  M-=-M1-+-M2-=-L1(Y)-+-L2(r)-•  M2-=-M-–-M1-=-L2(r)-$

“Expressa$de$um$modo$muito$geral,$esta$é$a$minha$teoria$da$taxa$de$juros.$A$taxa$de$ juros$obviamente$mede$–$ tal$ como$dizem$os$ livros$de$aritmé,ca$–$o$prêmio$ a$ ser$ oferecido$ para$ induzir$ as$ pessoas$ a$ manter$ sua$ riqueza$ sob$alguma$ forma$diversa$do$dinheiro$entesourado.$A$quan,dade$de$moeda$e$o$montante$ da$ mesma$ requerida$ pela$ circulação$ a,va$ para$ as$ transações$correntes$ (que$ dependem$ principalmente$ do$ nível$ da$ renda$ nominal)$determinam$ o$ montante$ disponível$ para$ saldos$ ina,vos,$ isto$ é,$ para$ o$entesouramento.$A$taxa$de$juros$é$o$fator$que$ajusta$na$margem$a$procura$de$dinheiro$ para$ entesouramento$ à$ oferta$ de$ numerário$ para$ o$ mesmo$fim.”$(Keynes,$1937,$p.173L4)$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Variações(na(oferta(de(moeda(e(a(taxa(de(juros(•  Elevações-na-oferta-de-moeda-(↑M)-provocam-elevações-no-preço-dos-

]tulos- e- consequente- queda- na- taxa- de- juros- (↓r),- que- aumenta- o-número-de-baixistas-e-a-sua-demanda-por-moeda-(↑L2),-contribuindo-para-o-reequilíbrio-do-mercado-monetário-(↑M2).--

•  ↑M->-L-=>-↑M2-=-↑L2(↓r)-

$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

“Destarte,$ cada$ aumento$ na$ quan,dade$ de$dinheiro$deve$aumentar$o$preço$das$obrigações$o$suficiente$ para$ exceder$ as$ previsões$ de$ alguns$‘al,stas’$e$influir$sobre$eles$para$que$as$vendam$e$venham$juntarLse$ao$grupo$dos$‘baixistas’.$$Via$ de$ regra,$ podemos$ admi,r$ que$ a$ curva$ da$preferência$ pela$ liquidez$ que$ relaciona$ a$quan,dade$de$moeda$à$taxa$de$juros$é$dada$por$uma$ curva$ regular,$ a$ qual$mostra$ que$ essa$ taxa$vai$ decrescendo$ à$medida$ que$ a$ quan,dade$ de$moeda$aumenta.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.177)$

r$

M$

M$ M’$

L$

Variações(na(oferta(de(moeda(e(a(taxa(de(juros(•  Elevações-na-oferta-de-moeda-(↑M)-provocam-elevações-no-preço-dos-

]tulos- e- consequente- queda- na- taxa- de- juros- (↓r),- que- aumenta- o-número-de-baixistas-e-a-sua-demanda-por-moeda-(↑L2),-contribuindo-para-o-reequilíbrio-do-mercado-monetário-(↑M2).--

•  ↑M->-L-=>-↑M2-=-↑L2(↓r)-•  Por- um- lado,- para- ampliar- a- oferta- de- moeda,- os- bancos- podem-

comprar- ]tulos- pagando- preços- cada- vez- mais- caro,- o- que- leva- à-redução-da-taxa-de-juros-de-mercado.-

-“Eu$disse$que$a$experiência$ indica$a$relação$constante$há$pouco$mencionada$porque$ de$ fato$ o$ sistema$ bancário$ está$ sempre$ apto,$ em$ circunstâncias$normais,$ a$ comprar$ (ou$ vender)$ ytulos$ e$ obrigações$ em$ troca$ de$ moeda,$oferecendo$por$eles$um$preço$de$mercado$modestamente$maior$(ou$menor);$e$quanto$maior$ for$ a$ quan,dade$ de$ recursos$ líquidos$ que$ os$ bancos$ desejam$criar$ (ou$cancelar)$pela$compra$ (ou$venda)$de$ytulos$e$dívidas,$maior$deverá$ser$a$baixa$(ou$alta)$na$taxa$de$juros.”$(Keynes,$1937,$p.17x)$

-

$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Variações(na(oferta(de(moeda(e(a(taxa(de(juros(•  Por-outro- lado,- a- queda-da- taxa-de- juros,- dadas- as- expecta(vas-dos-

agentes,-faz-com-que-um-maior-número-de-agentes-espere-uma-alta-da-taxa-de-juros-e,-logo,-queda-do-preço-dos-a(vos,-demandando-moeda-para-comprar-os-]tulos-na-baixa.--

•  Neste-caso,-os-agentes-vão-querer-se-desfazer-dos-]tulos-no-presente,-em- troca- de- moeda,- para- não- sofrer- com- a- perda- de- capital,- que-dificilmente-será-compensada-pelo-recebimento-de-uma-taxa-de-juros-baixa.--“Existem,$ entretanto,$ duas$ razões$ para$ crer$ que,$ em$ certo$ estado$ de$expecta,va,$ uma$ baixa$ de$ r$ estará$ associada$ a$ um$ aumento$ de$ M2.$ Em$primeiro$ lugar,$ se$ o$ nível$ de$ r,$ que$ a$ opinião$ geral$ considera$ seguro,$permanece$ invariável,$ cada$ baixa$ de$ r$ diminui$ a$ taxa$ do$ mercado$rela,vamente$ao$nível$considerado$“seguro”$e,$portanto,$aumenta$os$riscos$de$liquidez;$ em$ segundo$ lugar,$ cada$ baixa$ de$ r$ reduz$ os$ lucros$ correntes$provenientes$da$iliquidez,$que$está$disponível$como$uma$espécie$de$prêmio$de$seguro$para$compensar$o$risco$de$perda$de$capital$(...).”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.17x)$

-

$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Variações(na(oferta(de(moeda(e(a(taxa(de(juros((mecanismo(completo)((•  Elevações-na-oferta-de-moeda-(↑M)-provocam-elevações-no-preço-dos-

]tulos- e- consequente- queda- na- taxa- de- juros- (↓r),- que- aumenta- o-número-de-baixistas-e-a-sua-demanda-por-moeda-(↑L2),-contribuindo-para-o-reequilíbrio-do-mercado-monetário-(↑M2).--

•  ↑M->-L-=>-↑M2-=-↑L2(↓r)-

•  Adicionalmente,-a-queda-na-taxa-de-juros-(↓r)-es(mula-o-inves(mento-(↑I)- e- a- renda- (↑Y),- elevando- a- demanda- pelos-mo(vos- transação- e-precaução-(↑L1),-o-que-também-colabora-para-o-reequilíbrio-(↑M1).-

•  ↑M->-L-=>-(↓r-↑I-↑Y)-=>-↑M1-=-↑L1(↑Y)--•  ↑M-=-↑M1-+-↑M2-=-↑L1(↑Y)-+-↑L2(↓r)-

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

“(C)ada$ queda$ na$ taxa$ de$ juros$ pode,$ como$ acabamos$ de$ ver,$ aumentar$ a$quan,dade$de$moeda$que$certos$ indivíduos$desejam$conservar,$porque$seus$pontos$ de$ vista$ quanto$ à$ futura$ taxa$ de$ juros$ diferem$ dos$ do$mercado.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.17x)$$↑M->-L-=>-↑M2-=-↑L2(↓r)-$“(À)$ medida$ que$ a$ taxa$ de$ juros$ baixa,$ é$ provável,$ coeteris' paribus,$ que$ a$preferência$ pela$ liquidez,$ em$ virtude$ do$mo,vo$ de$ transação,$ absorva$mais$moeda.$Se$a$queda$da$ taxa$de$ juros$aumenta$a$ renda$nacional,$o$volume$de$moeda$ que$ convém$ reservar$ para$ as$ transações$ crescerá$ mais$ ou$ menos$proporcionalmente$ com$ o$ aumento$ da$ renda,$ enquanto,$ ao$ mesmo$ tempo,$diminuirá$o$custo$da$conveniência$de$manter$abundante$a$moeda,$em$termos$dos$juros$perdidos.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.17x)$$↑M->-L-=>-(↓r-↑I-↑Y)-=>-↑M1-=-↑L1(↑Y)$-“PodeLse$admi,r$que$uma$variação$de$M$conduza$a$uma$variação$em$r,$e$uma$variação$em$r$conduza$a$novo$equilíbrio,$em$parte,$por$alterar$M2$e,$em$parte,$por$modificar$Y$e$consequentemente,$M1.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.202)$$↑M-=-↑M1-+-↑M2-=-↑L1(↑Y)-+-↑L2(↓r)-$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Variações(na(oferta(de(moeda(e(a(taxa(de(juros((mecanismo(completo)((•  De-maneira- geral,- frente- a- uma- elevação- da- oferta- de-moeda,- quão-

maior-a-sensibilidade-do- inves(mento-a-variações-da- taxa-de- juros-e-quão- maior- o- impacto- de- variações- do- inves(mento- sobre- a- renda-(determinado- pelo- mul(plicador),- o- novo- equilíbrio- no- mercado-monetário- tenderá- a- ser- alcançado- com- maior- elevação- de- M1- em-relação-a-M2.-

•  ↑M-=-↑M1-+-↑M2-=-↑L1(↑Y)-+-↑L2(↓r)--

“Na$posição$de$equilíbrio,$a$divisão$do$ incremento$de$recursos$ líquidos$entre$M1$e$M2$dependerá$da$reação$do$inves,mento$a$uma$baixa$na$taxa$de$juros$e$da$renda$a$um$acréscimo$do$inves,mento.$$$Desde$que$Y$depende,$em$parte,$de$r,$segue$que$determinada$variação$em$M$terá$de$ocasionar$uma$variação$suficiente$em$r$para$que$a$soma$das$variações$resultantes$ de$ M1$ e$ M2$ seja$ igual$ à$ variação$ dada$ de$ M.”$ (Keynes,$(1996[1936]),$p.202)$

$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Variações(na(oferta(de(moeda(e(a(taxa(de(juros(•  Na-situação-conhecida-como-“armadilha-da-liquidez”,-contudo,-mesmo-

uma- grande- elevação- da- oferta- de- moeda- provoca- apenas- uma-pequena-queda-da- taxa-de- juros,- seja-porque-a- incerteza-aumenta-a-demanda- precaucional- ou,- principalmente,- porque- há- convergência-das-expecta(vas-dos-agentes-que,-frente-a-pequenas-variações-da-taxa-de-juros,-respondem-com-grandes-variações-na-demanda-especula(va-por-moeda,-reequilibrando-rapidamente-o-mercado-monetário.-

$$$$$$$$$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

r$

M$

“No$ entanto,$ podem$ ocorrer$ determinadas$circunstâncias$ em$ que$ mesmo$ um$ acréscimo$considerável$da$quan,dade$de$moeda$exercerá$uma$influência$ compara,vamente$ pequena$ sobre$ a$ taxa$de$ juros.$ Esse$ grande$ acréscimo$pode$ ocasionar$ tal$incerteza$ quanto$ ao$ futuro$ que$ a$ preferência$ pela$liquidez$ decorrente$ do$ mo,vo$ precaução$ pode$ ser$fortalecida;$por$outro$lado,$é$possível$que$haja$uma$opinião$tão$unânime$sobre$a$futura$taxa$de$juros$que$uma$ ligeira$variação$nas$ taxas$atuais$determine$um$movimento$ maciço$ em$ direção$ à$ busca$ da$liquidez.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.178)$

M$ M’$

L(Y,r)$

Variações(na(oferta(de(moeda(e(a(taxa(de(juros(•  Armadilha-da-Liquidez-$

“Assim$ sendo,$ uma$ polí,ca$ monetária$ que$ a$ opinião$ pública$ considere$experimental$em$sua$natureza$e$facilmente$sujeita$a$mudanças$pode$falhar$no$seu$ obje,vo$ de$ reduzir$ consideravelmente$ a$ taxa$ de$ juros$ a$ longo$ prazo,$porque$M2$ pode$ levar$ a$ um$aumento$ quase$ sem$ limite$ em$ resposta$ a$ uma$redução$de$r$abaixo$de$certa$cifra.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.203)$$“Há$a$possibilidade,$por$mo,vos$expostos$anteriormente,$de$que,$tão$ logo$a$taxa$de$ juros$haja$baixado$a$certo$nível,$a$preferência$pela$ liquidez$se$torne$virtualmente$ absoluta,$ no$ sen,do$ de$ que$ todos$ prefiram$ manter$ recursos$líquidos$a$conservar$uma$dívida$que$rende$uma$taxa$de$juros$tão$baixa.$Nesse$caso,$a$autoridade$monetária$teria$perdido$o$controle$efe,vo$sobre$a$taxa$de$juros.$$$Mas,$ conquanto$ este$ caso$ extremo$ possa$ vir$ a$ ter$ importância$ prá,ca$ no$futuro,$ não$ conheço$ ainda$ nenhum$ exemplo$ do$ mesmo.”$ (Keynes,$(1996[1936]),$p.20x)$

$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Variações(na(oferta(de(moeda(e(a(taxa(de(juros(•  A-transmissão-da-polí(ca-monetária-para-o-nível-de-a(vidade-econômica-

se- deve- ao- efeito- da- oferta- de-moeda- sobre- o-mo(vo- especulação,- que-depende-da-taxa-de-juros.-

•  Assim,- para- uma- dada- preferência- pela- liquidez,- variações- na- oferta- de-moeda- geram- variação- na- taxa- de- juros,- que- reequilibram- o- mercado-monetário,- por- impacto- direto- sobre- a- demanda- especula(va- e- indireto-sobre-o-nível-de-a(vidade-e-as-demandas-transacional-e-precaucional.-

$

“Em$circunstâncias$normais,$o$volume$de$moeda$necessário$para$sa,sfazer$os$dois$ mo,vos,$ transação$ e$ precaução,$ é$ principalmente$ o$ resultado$ da$a,vidade$geral$do$sistema$econômico$e$do$nível$da$renda$nacional$em$termos$monetários.$ Todavia,$ a$ administração$ monetária$ (ou,$ em$ sua$ ausência,$ as$mudanças$fortuitas$que$podem$advir$da$quan,dade$de$moeda)$faz$sen,r$seu$efeito$ sobre$ o$ sistema$ econômico$ por$ sua$ influência$ sobre$ o$ mo,voLespeculação.$ Isso$ porque$ a$ demanda$ de$ moeda$ para$ sa,sfazer$ os$ mo,vos$anteriores$ é,$ em$ geral,$ insensível$ a$ qualquer$ influência$ que$ não$ a$ de$ uma$alteração$efe,va$na$a,vidade$econômica$geral$e$no$nível$da$ renda,$ao$passo$que$a$experiência$mostra$que$a$demanda$de$moeda$para$sa,sfazer$o$mo,voLespeculação$varia$de$modo$conynuo$sob$o$efeito$de$uma$alteração$gradual$na$taxa$de$juros.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.199)$

$$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Modificação(na(preferência(pela(liquidez(e(a(taxa(de(juros(•  Por- outro- lado,- variações- na- demanda- por- moeda,- decorrentes- de-

variações-na-preferência-pela-liquidez-também-provocam-variações-na-taxa-de-juros.-

•  M-<-L’-=-L1(Y)-+-L2’(r),-onde-L2’>L2-e-L’>L-para-dado-Y-e-r.-•  Por-exemplo,-uma-mudança-nas-expecta(vas-dos-agentes-que-amplie-

o-número-de-baixistas-na-economia,-aumenta-a-demanda-especula(va-da- moeda.- Para- uma- mesma- oferta- de- moeda,- esta- elevação- da-demanda- pressiona- o- preço- dos- ]tulos- para- baixo- e- a- taxa- de- juros-para- cima,- reduzindo,- como- resultado-direto,- a-demanda-por-moeda-pelo- mo(vo- especulação- (que- contrabalança- em- parte- a- elevação-inicial)- e,- como- resultado- indireto,- a- demanda- por- transação- e-precaução,-decorrente-da-contração-do-inves(mento-e-da-renda.-

•  M-=-↓-M1-+-↑M2-=-↓-L1(↓Y)-+-↑L2(↑r)--

“Ao$tratar$do$mo,vo$de$especulação,$convém$dis,nguir,$entre$as$variações$da$taxa$ de$ juros,$ as$ que$ se$ devem$ a$mudanças$ na$ oferta$ de$moeda$ disponível$para$sa,sfazer$esse$mo,vo,$sem$que$haja$ocorrido$alteração$alguma$na$função$de$liquidez,$e$as$que$têm$como$causa$principal$as$mudanças$nas$expecta,vas$que$afetam$diretamente$essa$função”.$(Keynes,$(1996[1936]),$p.199)$

--

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Modificação(na(preferência(pela(liquidez(e(a(taxa(de(juros(•  Elevações-na-demanda-por-moeda,- fruto-de-variações-na-preferência-

pela- liquidez,- elevam- a- “recompensa- por- não- entesourar”,- isto- é,-elevam-a- taxa-de- juros,- até-que-a-demanda-por-moeda-volte-ao- seu-nível- inicial- (de- equilíbrio- com- a- oferta- de- moeda,- que- permanece-inalterada).-

-

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

“Por$ seu$ lado,$ as$ flutuações$ no$ grau$ de$confiança$ são$ capazes$ de$ ter$ uma$ influência$muito$diferente:$qual$seja,$ao$modificar,$não$o$volume$ realmente$ entesourado,$ mas$ o$montante$ do$ prêmio$ que$ deve$ ser$ oferecido$para$induzir$as$pessoas$a$não$entesourar.$$$E$mudanças$na$propensão$a$entesourar,$ou$no$estado$ de$ preferência$ pela$ liquidez,$ como$ eu$denominei,$ influenciam$primariamente$não$os$preços,$mas$a$taxa$de$juros;$os$efeitos$sobre$os$preços$ são$provocados$em$decorrência,$ como$consequência$derradeira,$de$uma$mudança$na$taxa$de$juros.”$(Keynes,$1937,$p.17x)$

r$

M$

r$

r’$

M$

L(Y,r)$

L’(Y,r)$

Modificação(na(preferência(pela(liquidez(e(a(taxa(de(juros(•  Elevações-na-demanda-por-moeda,- fruto-de-variações-na-preferência-

pela- liquidez,- elevam- a- “recompensa- por- não- entesourar”,- isto- é,-elevam-a- taxa-de- juros,- até-que-a-demanda-por-moeda-volte-ao- seu-nível- inicial- (de- equilíbrio- com- a- oferta- de- moeda,- que- permanece-inalterada).-

$

“Ademais,$ é$ impossível$que$o$montante$ real$do$entesouramento$varie$ como$resultado$ das$ decisões$ do$ público,$ desde$ que$ consideremos$ o$“entesouramento”$ como$ sendo$ o$ encaixe$ efe,vo$ de$ moeda.$ O$ volume$ de$entesouramento$ tem$ de$ ser$ igual$ à$ quan,dade$ de$ moeda$ (ou$ —$ segundo$certas$ definições$ —$ à$ quan,dade$ de$ moeda$ menos$ o$ que$ se$ requer$ para$sa,sfazer$o$mo,vo$ transação),$e$a$quan,dade$de$moeda$não$é$determinada$pelo$ público.$ A$ única$ coisa$ que$ a$ propensão$ do$ público$ a$ entesourar$ pode$conseguir$é$fixar$a$ taxa$de$ juros$que$ iguale$o$desejo$global$de$entesourar$ao$encaixe$disponível.$$$

O$ hábito$ de$ não$ se$ dar$ a$ devida$ atenção$ à$ relação$ da$ taxa$ de$ juros$ com$ o$entesouramento$ pode$ explicar,$ em$ parte,$ a$ razão$ pela$ qual$ o$ juro$ tem$ sido$usualmente$ considerado$ uma$ recompensa$ por$ não$ gastar,$ quando,$ na$realidade,$ele$é$a$recompensa$por$não$entesourar.”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.178)$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

Eficácia(da(Polí,ca(Monetária(•  E- elevações- na- oferta- de-moeda- não- asseguram- redução- da- taxa- de-

juros-e-elevação-do-nível-de-a(vidade-e-emprego.-•  A- moeda- afeta- o- sistema- econômico- por- meio- da- taxa- de- juros:-

elevação-da-oferta-de-moeda,-dada-a-preferência-pela-liquidez,-reduz-a-taxa-de-juros,-que,-dadas-as-expecta(vas-de-longo-prazo-e,-portanto,-a-escala-de-eficiência-marginal-do-capital,-eleva-o-inves(mento,-que,-por-sua-vez,-dada-a-propensão-marginal-a-consumir,-eleva-a-renda.-

•  O- impacto-da-polí(ca-monetária- sobre-a- renda-é-bastante- indireto-e--depende-de-se-considerar-a-preferência-pela-liquidez,-as-expecta(vas-dos-agentes-e-a-propensão-marginal-a-consumir-dadas.-

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-

r$

M$

rm$

I$

rm=$r0$

EMgK$EMgK’$

rm’=r1$

C,I$

45o$

Y$

Y$=$E$

I0$+$Co$

Y0$ Y1$

I1$+$Co$

I0$ I1$

r0$

r1$

M$ M’$

L(Y,r)$L’(Y,r)$

Eficácia(da(Polí,ca(Monetária($

“Introduzimos,$ assim,$ a$ moeda$ em$ nosso$ nexo$ causal$ e$ podemos$ ter$ uma$primeira$ideia$do$modo$como$as$variações$na$quan,dade$de$moeda$intervêm$no$sistema$econômico.$$$Contudo,$ se$ nos$ vemos$ tentados$ a$ considerar$ a$moeda$ como$ a$ bebida$ que$es,mula$ a$ a,vidade$ do$ sistema,$ não$ nos$ esqueçamos$ que$ podem$ surgir$muitos$percalços$entre$a$taça$e$os$lábios.$$$Embora$seja$de$esperar$que,$coeteris'paribus,$um$aumento$na$quan,dade$de$moeda$ reduza$a$ taxa$de$ juros,$ isto$não$ocorrerá$ se$a$preferência$do$público$pela$liquidez$aumentar$mais$que$a$quan,dade$de$moeda;$$$e,$ conquanto$ se$ possa$ esperar$ que,$ coeteris' paribus,$ uma$ baixa$ na$ taxa$ de$juros$ es,mule$ o$ fluxo$ de$ inves,mento,$ isto$ não$ acontecerá$ se$ a$ escala$ da$eficiência$marginal$do$capital$cair$mais$rapidamente$que$a$taxa$de$juros;$$$quando,$enfim,$se$possa$esperar$que,$coeteris'paribus,$um$aumento$do$fluxo$de$ inves,mento$ faça$ aumentar$ o$ emprego,$ isso$ não$ se$ produzirá$ se$ a$propensão$a$consumir$es,ver$em$declínio.$”$(Keynes,$(1996[1936]),$p.178)$

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Teoria-Geral-da-Taxa-de-Juros-