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    RICARDO GUIMARES ANDRADE

    APLICAO DO ALGORITMO SEBAL NA ESTIMATIVA DA

    EVAPOTRANSPIRAO E DA BIOMASSA ACUMULADA DA CANA-DE-

    ACAR

    Tese apresentada Universidade Federalde Viosa, como parte das exigncias doPrograma de Ps-Graduao em MeteorologiaAgrcola, para obteno do ttulo de DoctorScientiae

    VIOSAMINAS GERAIS BRASIL

    2008

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    Ficha catalogrfica preparada pela Seo de Catalogao eClassificao da Biblioteca Central da UFV

    TAndrade, Ricardo Guimares, 1976-

    A553a Aplicao do algaritmo SEBAL na estimativa da2008 evapotranspirao e da biomassa acumulada da cana-

    de-acar / Ricardo Guimares Andrade. Viosa, MG,

    2008.xxvii, 135f.: il. (algumas col.) ; 29cm.

    Inclui apndice.Orientador: Gilberto Chohaku Sediyama.Tese (doutorado) - Universidade Federal de Viosa.Referncias bibliogrficas: f. 115-124.

    1. Meteorologia agrcola. 2. Evapotranspirao.3. Recursos hdricos - Desenvolvimento - Aspectosambientais. 4. Cana-de-acar. 5. Biomassa vegetal.6. Sensoriamento remoto. 7. Sistemas de informaogeogrfica. I. Universidade Federal de Viosa. II.Ttulo.

    CDD 22.ed. 630.2515

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    minha esposa, Cristiana,

    Aos meus pais, Benedito (in memoriam) e Marly,

    Aos meus irmos,

    Aos meus amigos.

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus, que est sobre todas as coisas.

    Universidade Federal de Viosa, pela oportunidade e pelos ensinamentos.

    Fundao de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais, FAPEMIG, pelo

    financiamento do projeto de pesquisa.

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior, CAPES,

    pela concesso da bolsa de doutorado nos dois primeiros anos de realizao da

    pesquisa.

    Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico, CNPq,

    pela concesso de bolsa de doutorado nos dois ltimos anos da pesquisa.

    minha famlia, principalmente aos meus pais, pelo amor e pelo apoio e

    estmulo constantes.

    Ao Grupo Ma Shou Tao, pela ateno e pelas informaes concedidas.

    Ao professor Gilberto C. Sediyama, pela valiosa orientao e pela amizade.

    Ao professor Bernardo Barbosa da Silva, pelos constantes esclarecimentos

    relacionados a utilizao do SEBAL.

    Aos professores Vicente Paulo Soares, Jos Marinaldo Gleriani, Francisco deAssis Carvalho Pinto, pelas sugestes e ensinamentos.

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    Aos demais professores e funcionrios do programa de Ps-Graduao em

    Meteorologia Agrcola.

    Ao Evaldo, Rafael, Andr, Sady, Alexandro, Jonathas e demais colegas, pela

    ajuda e convivncia amigvel.

    A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contriburam para a realizao

    deste trabalho.

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    BIOGRAFIA

    RICARDO GUIMARES ANDRADE, filho de Benedito de Oliveira Andrade

    e Marly Guimares Andrade, nasceu em 18 de fevereiro de 1976, em Belo Horizonte,

    Estado de Minas Gerais.

    Em maio de 2002, concluiu o Curso de Graduao em Engenharia Agrcola pela

    Universidade Federal de Viosa - MG.

    Em abril de 2004, concluiu o Curso de Ps-Graduao, a nvel de Mestrado, em

    Meteorologia Agrcola na Universidade Federal de Viosa, Minas Gerais.

    Em agosto de 2004, iniciou o Curso de Ps-Graduao, a nvel de Doutorado,

    em Meteorologia Agrcola na Universidade Federal de Viosa, em Viosa, MG,

    submetendo-se defesa de tese em junho de 2008.

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    CONTEDO

    LISTA DE QUADROS .............................................................................................. viii

    LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. xiiLISTA DE SMBOLOS .............................................................................................. xx

    RESUMO .................................................................................................................. xxiv

    ABSTRACT ............................................................................................................. xxvi

    1. INTRODUO ......................................................................................................... 1

    1.2 Objetivos ................................................................................................................ 3

    1.3 Hiptese ................................................................................................................. 42. FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................ 5

    2.1 A cultura da cana-de-acar e sua importncia para o agronegcio brasileiro . 52.1.1 Complexo sucroalcooleiro .............................................................................. 7

    2.2. Sensoriamento Remoto ......................................................................................... 82.2.1 Interao da radiao eletromagntica com os alvos ...................................... 9

    2.2.1.2 Fatores intrnsecos vegetao .............................................................. 132.2.1.2.1 Interao da REM com a folha ........................................................ 132.2.1.2.2 Interao da REM com o dossel ...................................................... 17

    2.2.1.3 Fatores intrnsecos ao solo ..................................................................... 172.2.1.4 Interao da REM com a gua ............................................................... 20

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    2.2.2 Aplicaes do sensoriamento remoto ........................................................... 222.2.2.1 Algoritmo SEBAL .................................................................................. 23

    2.2.3 Sensor TM (Thematic Mapper) do Landsat 5 ............................................... 282.2.4 Sensor MODIS .............................................................................................. 31

    3 MATERIAL E MTODOS ..................................................................................... 34

    3.1 rea de estudo ..................................................................................................... 34

    3.1 Dados Meteorolgicos ......................................................................................... 36

    3.2 Informaes da cultura da cana-de-acar ........................................................ 373.2.1 Tratos culturais .............................................................................................. 40

    3.3 Imagens de satlite ............................................................................................... 41

    3.4 Algoritmo SEBAL ................................................................................................. 42

    3.4.1 Aplicao do SEBAL com imagens TM-Landsat 5 ..................................... 433.4.2 Aplicao do SEBAL com imagens MODIS - Terra .................................... 58

    3.5 Obteno da evapotranspirao de referncia (ETo) e da cultura (ETc) ............ 60

    3.6 Anlises estatsticas ............................................................................................. 60

    4. RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................ 62

    4.1 Imagens TM-Landsat 5 ........................................................................................ 624.1.1 Albedo ........................................................................................................... 684.1.2 Temperatura da Superfcie ............................................................................ 73

    4.1.3 Saldo de Radiao ......................................................................................... 794.1.4 Fluxo de Calor no Solo ................................................................................. 844.1.5 Fluxo de Calor Sensvel ................................................................................ 884.1.6 Fluxo de Calor Latente .................................................................................. 924.1.7 Evapotranspirao ......................................................................................... 964.1.8 Biomassa ..................................................................................................... 104

    4.2 Imagens MODIS-Terra ...................................................................................... 107

    5. RESUMOS E CONCLUSES ............................................................................. 112

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................ 115

    Apndice ..................................................................................................................... 125

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    LISTA DE QUADROS

    Pg.

    Quadro 1 Caractersticas orbitais do satlite Landsat 5.................................. 29

    Quadro 2 Apresentao das bandas do sensor TM do Landsat 5 com seus

    respectivos intervalos espectrais e suas principais caractersticase aplicaes..................................................................................... 30

    Quadro 3 Caractersticas gerais do sensor MODIS........................................ 32

    Quadro 4 Apresentao das bandas espectrais juntamente com informaesde uso primrio, resoluo espectral, espacial, temporal e faixaimageada pelo sensor MODIS........................................................ 33

    Quadro 5 Dados do ciclo, variedade e rea de cada talho das glebas A1,A2, A4, A5, E1 e Piv.................................................................... 39

    Quadro 6 Datas de aquisio das imagens do sensor TM do Landsat 5,base/ponto, formato dos arquivos e mdia de gravao dos dadosprocessados pelo INPE................................................................... 41

    Quadro 7 Datas de aquisio dos produtos do sensor MODIS com orespectivo formato de arquivo....................................................... 42

    Quadro 8 Descrio das bandas do TM - Landsat 5, apresentando oscoeficientes de calibrao (Lmin e Lmax) aps 5 de maio de

    2003................................................................................................ 44

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    Quadro 9 Valores de albedo (), ndices de vegetao (NDVI e SAVI),emissividades (o), parmetro de rugosidade (zom), velocidade

    de frico (u*) e resistncia aerodinmica (rah) obtidos nospixels ncoras de cada imagem TM Landsat 5, emdeterminadas datas, na rea da fazenda Boa F, Conquista,MG............................................................................................... 63

    Quadro 10 Valores de temperatura da superfcie (Ts), radiao de ondalonga emitida pela superfcie (RL), saldo de radiao (Rn),fluxos de calor no solo (G), sensvel (H) e latente (LE) obtidosnos pixels ncoras de cada imagem TM Landsat 5, emdeterminadas datas, na rea da fazenda Boa F, Conquista,MG............................................................................................... 64

    Quadro 11 Anlises estatsticas de concordncia de Willmott (d), erroabsoluto mdio (EAM), erro padro de estimativa (EPE) e raizdo erro quadrtico mdio (REQM) para os dados de produode biomassa da cana-de-acar da fazenda Boa F nas glebasA1, A4, A5, E1, Piv e para todos os dadosuntos............................................................................................ 107

    Quadro 12 Valores de albedo (), ndices de vegetao (NDVI e SAVI),emissividades (o), parmetro de rugosidade (zom), velocidade

    de frico (u*) e resistncia aerodinmica (rah) obtidos nospixels ncoras de cada imagem MODIS-Terra, nos meses defevereiro a dezembro de 2005...................................................... 108

    Quadro 13 Valores de temperatura da superfcie (Ts), radiao de ondalonga emitida pela superfcie (RL), saldo de radiao (Rn),fluxos de calor no solo (G), sensvel (H) e latente (LE) obtidosnos pixels ncoras de cada imagem MODIS-Terra, nos mesesde fevereiro a dezembro de 2005................................................. 109

    Quadro 14 Processo iterativo do dia 14/08/2004 (Imagem TM-Landsat 5)... 126Quadro 15 Processo iterativo do dia 30/08/2004 (Imagem TM-Landsat 5)... 126

    Quadro 16 Processo iterativo do dia 22/02/2005 (Imagem TM-Landsat 5)... 126

    Quadro 17 Processo iterativo do dia 11/04/2005 (Imagem TM-Landsat 5)... 126

    Quadro 18 Processo iterativo do dia 14/06/2005 (Imagem TM-Landsat 5)... 127

    Quadro 19 Processo iterativo do dia 01/08/2005 (Imagem TM-Landsat 5)... 127

    Quadro 20 Processo iterativo do dia 24/01/2006 (Imagem TM-Landsat 5)... 127

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    Quadro 21 Processo iterativo do dia 14/04/2006 (Imagem TM-Landsat 5)... 127

    Quadro 22 Processo iterativo do dia 30/04/2006 (Imagem TM-Landsat 5)... 128

    Quadro 23 Processo iterativo do dia 16/05/2006 (Imagem TM-Landsat 5)... 128

    Quadro 24 Processo iterativo do dia 01/06/2006 (Imagem TM-Landsat 5)... 128

    Quadro 25 Processo iterativo do dia 17/06/2006 (Imagem TM-Landsat 5)... 128

    Quadro 26 Processo iterativo do dia 03/07/2006 (Imagem TM-Landsat 5)... 129

    Quadro 27 Processo iterativo do dia 19/07/2006 (Imagem TM-Landsat 5)... 129

    Quadro 28 Processo iterativo do dia 04/08/2006 (Imagem TM-Landsat 5)... 129

    Quadro 29 Processo iterativo do dia 05/09/2006 (Imagem TM-Landsat 5)... 129

    Quadro 30 Processo iterativo do dia 17/04/2007 (Imagem TM-Landsat 5)... 130

    Quadro 31 Processo iterativo do dia 03/05/2007 (Imagem TM-Landsat 5)... 130

    Quadro 32 Processo iterativo do dia 04/06/2007 (Imagem TM-Landsat 5)... 130

    Quadro 33 Processo iterativo do dia 20/06/2007 (Imagem TM-Landsat 5)... 131

    Quadro 34 Processo iterativo do dia 06/07/2007 (Imagem TM-Landsat 5)... 131

    Quadro 35 Processo iterativo do dia 07/08/2007 (Imagem TM-Landsat 5)... 131

    Quadro 36 Processo iterativo do dia 09/02/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 131

    Quadro 37 Processo iterativo do dia 23/02/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 131

    Quadro 38 Processo iterativo do dia 06/03/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 132

    Quadro 39 Processo iterativo do dia 05/04/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 132

    Quadro 40 Processo iterativo do dia 12/04/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 132

    Quadro 41 Processo iterativo do dia 05/05/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 132

    Quadro 42 Processo iterativo do dia 16/05/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 133

    Quadro 43 Processo iterativo do dia 08/06/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 133

    Quadro 44 Processo iterativo do dia 10/06/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 133

    Quadro 45 Processo iterativo do dia 17/06/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 133

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    xi

    Quadro 46 Processo iterativo do dia 25/06/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 133

    Quadro 47 Processo iterativo do dia 13/07/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 134

    Quadro 48 Processo iterativo do dia 02/08/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 134

    Quadro 49 Processo iterativo do dia 14/08/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 134

    Quadro 50 Processo iterativo do dia 08/09/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 134

    Quadro 51 Processo iterativo do dia 21/09/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 135

    Quadro 52 Processo iterativo do dia 08/10/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 135

    Quadro 53 Processo iterativo do dia 24/12/2005 (Imagem MODIS-Terra)... 135

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    LISTA DE FIGURAS

    Pg.

    Figura 1 Produo mundial de etanol. Fonte: Elaborao D. L. Gazzoni,http://www.biodieselbr.com/energia/alcool/etanol.htm, acessoem 27 de maro de 2008................................................................. 7

    Figura 2 Espectro de radiao eletromagntica. Fonte: LEB (2008)............ 9

    Figura 3 Interaes bsicas entre a radiao eletromagntica (energia) e asuperfcie de um corpo dgua. Adaptado de Lillesand e Kiefer(1987).............................................................................................. 10

    Figura 4 Curvas de Reflectncia Espectral de alguns materiais. Fonte:LEB (2008)..................................................................................... 11

    Figura 5 Fatores que influenciam a resposta espectral dos dossis. Fonte:Moreira (2000)................................................................................ 12

    Figura 6 Curva de reflectncia tpica de uma folha verde. Fonte: Fonte:Adaptado de Novo (1992).............................................................. 13

    Figura 7 (a) Efeito na reflectncia do infravermelho prximo devido asubstituio de ar por lquido no interior das folhas de algodo,(b) Corte transversal da folha apresentando os possveiscaminhos da radiao na faixa do infravermelho prximo. Fonte:Adaptado de Gausman (1974) e NAS (1970)................................. 14

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    xiii

    Figura 8 (a) Reflectncia de folhas de citrus jovens e maduras, (b) Curvasda reflectncia espectral, obtidas em folhas de milho com

    diferentes contedos de gua. Fonte: Adaptado de Gausman(1974) e Moreira (2005)................................................................. 15

    Figura 9 Efeito da deficincia de nitrognio na reflectncia das folhas desweet pepper(pimento doce). Fonte: Adaptado de NAS(1970).............................................................................................. 16

    Figura 10 Comportamento de quatro dossis vegetais com diferentesquantidades de folhas verdes. Fonte: Kuntschik (2004)................. 17

    Figura 11 Curva de reflectncia espectral do solo exposto e seco. Adaptado

    de Lillesand e Kiefer (2004)........................................................... 18

    Figura 12 Relao entre o contedo de matria orgnica e a reflectncia.Adaptado de Hoffer (1978)............................................................. 20

    Figura 13 Comportamento espectral da gua em seus diferentes estadosfsicos. (Adaptado de Novo, 1992)................................................. 21

    Figura 14 Localizao e visualizao da sede da fazenda Boa F,pertencente ao Grupo Ma Shou Tao. Fonte: Adaptado de GrupoMa Shou Tao (2008)....................................................................... 35

    Figura 15 Precipitao mdia mensal (mm), temperatura mdia mensal(oC) e nebulosidade do municpio de Uberaba-MG, obtida denormais climatolgicas (1961 a 1990) do Departamento

    acional de Meteorologia.............................................................. 36

    Figura 16 Plataforma de Coleta de Dados (PCD) do municpio deMiguelpolis-SP. Fonte: CPTEC................................................... 37

    Figura 17 Imagem mostrando, espacialmente, a localizao dos municpios

    de Miguelpolis-SP, Uberaba-MG e da fazenda Boa F. Fonte:Google Earth................................................................................... 37

    Figura 18 Localizao das glebas de plantio da cana-de-acar na fazendaBoa F, com os respectivos nmeros de cada talho...................... 38

    Figura 19 (a) Cana-planta da gleba A1 (plantio em 25/10/2006, VariedadeRB 86-7515), (b) Cana-planta da gleba A1 (plantio em05/03/2007, Variedade RB 85-5453), (c) Cana-planta da gleba

    piv (plantio em 10/08/2006, Variedade RB 86-7515), (d) Cana-

    planta da Gleba A2 (plantio 31/03/2007, Variedade RB 81-3250), (e) Cana-planta da Gleba A5 (plantio 24/04/2007,Variedade RB 85-5536), (f) Palhada da cana na Gleba A6............ 40

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    xiv

    Figura 20 Fluxograma para estimativa do saldo de radiao. Fonte:Adaptado de Allen et al. (2002)...................................................... 45

    Figura 21 Fluxograma do processo iterativo para o clculo do fluxo decalor sensvel (H). Fonte: Adaptado de Allen et al. (2002)............ 55

    Figura 22 Vizualizao dos Tiles selecionados (a) e da janela principaldo software MRT - Modis Reprojection Tool................................ 59

    Figura 23 Valores de NDVI mximos, mnimos e mdios obtidos deimagens do sensor TM do Landsat 5, para a rea da fazenda BoaF em determinadas datas dos anos de 2004, 2005, 2006 e 2007.. 65

    Figura 24 Ilustrao das glebas de plantio na fazenda Boa F, Conquista,

    MG.................................................................................................. 66

    Figura 25 Imagens do sensor TM do Landsat 5, na composio RGB dasbandas 3,2,1, mostrando a delimitao da rea da fazenda Boa Fnos dias 14/08/2004 (a), 30/08/2004 (b), 22/02/2005 (c),11/04/2005 (d), 14/06/2005 (e), 01/08/2005 (f), 24/01/2006 (g),14/04/2006 (h), 30/04/2006 (i), 16/05/2006 (j), 01/06/2006 (l),17/06/2006 (m), 03/07/2006 (n), 19/07/2006 (o), 04/08/2006 (p),05/09/2006 (q)................................................................................ 67

    Figura 26 Imagens do sensor TM do Landsat 5, na composio RGB dasbandas 3,2,1, mostrando a delimitao da rea da fazenda Boa Fnos dias 17/04/2007 (a), 03/05/2007 (b), 04/06/2007 (c),20/06/2007 (d), 06/07/2007 (e), 07/08/2007 (f)............................. 68

    Figura 27 Albedo mximo mnimo e mdio da rea da fazenda Boa F, nomunicpio de Conquista-MG, para imagens TM-Landsat 5 entreos anos de 2004 a 2007................................................................... 69

    Figura 28 Albedo da superfcie territorial da fazenda Boa F, obtido pormeio de imagens do sensor TM do Landsat 5 para as datas: (a)

    14/08/2004, (b) 30/08/2004, (c) 22/02/2005, (d) 11/04/2005, (e)14/06/2005, (f) 01/08/2005, (g) 24/01/2006, (h) 14/04/2006, (i)30/04/2006...................................................................................... 71

    Figura 29 Albedo da superfcie territorial da fazenda Boa F, obtido pormeio de imagens do sensor TM do Landsat 5 para as datas: (a)16/05/2006, (b) 01/06/2006, (c) 17/06/2006, (d) 03/07/2006, (e)19/07/2006, (f) 04/08/2006, (g) 05/09/2006, (h) 17/04/2007, (i)03/05/2007...................................................................................... 72

    Figura 30 Albedo da superfcie territorial da fazenda Boa F, obtido pormeio de imagens do sensor TM do Landsat 5 para as datas: (a)04/06/2007, (b) 20/06/2007, (c) 06/07/2007, (d) 07/08/2007......... 73

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    Figura 31 Temperatura mxima, mnima e mdia da superfcie territorial dafazenda Boa F, no municpio de Conquista-MG, para imagens

    TM-Landsat 5 entre os anos de 2004 a 2007.................................. 75Figura 32 Temperatura (kelvin) da superfcie territorial da fazenda Boa F,

    obtido por meio de imagens do sensor TM do Landsat 5 para asdatas: (a) 14/08/2004, (b) 30/08/2004, (c) 22/02/2005, (d)11/04/2005, (e) 14/06/2005, (f) 01/08/2005, (g) 24/01/2006, (h)14/04/2006, (i) 30/04/2006............................................................. 76

    Figura 33 Temperatura (kelvin) da superfcie territorial da fazenda Boa F,obtido por meio de imagens do sensor TM do Landsat 5 para asdatas: (a) 16/05/2006, (b) 01/06/2006, (c) 17/06/2006, (d)

    03/07/2006, (e) 19/07/2006, (f) 04/08/2006, (g) 05/09/2006, (h)17/04/2007, (i) 03/05/2007............................................................. 77

    Figura 34 Temperatura (kelvin) da superfcie territorial da fazenda Boa F,obtido por meio de imagens do sensor TM do Landsat 5 para asdatas: (a) 04/06/2007, (b) 20/06/2007, (c) 06/07/2007, (d)07/08/2007...................................................................................... 78

    Figura 35 Regresso linear entre a temperatura da superfcie (Ts) e o ndicede vegetao da diferena normalizada (NDVI), levando em

    considerao 2792 pixels TM-Landsat 5 nos limites territoriaisda fazenda Boa F........................................................................... 79

    Figura 36 Saldo de radiao mximo, mnimo e mdio da superfcieterritorial da fazenda Boa F, no municpio de Conquista-MG,

    para imagens TM-Landsat 5 entre os anos de 2004 a 2007............ 80

    Figura 37 Saldo de radiao (W m-2) da superfcie territorial da fazendaBoa F, obtido por meio de imagens do sensor TM do Landsat 5

    para as datas: (a) 14/08/2004, (b) 30/08/2004, (c) 22/02/2005, (d)

    11/04/2005, (e) 14/06/2005, (f) 01/08/2005, (g) 24/01/2006, (h)14/04/2006, (i) 30/04/2006............................................................. 82

    Figura 38 Saldo de radiao (W m-2) da superfcie territorial da fazendaBoa F, obtido por meio de imagens do sensor TM do Landsat 5

    para as datas: (a) 16/05/2006, (b) 01/06/2006, (c) 17/06/2006, (d)03/07/2006, (e) 19/07/2006, (f) 04/08/2006, (g) 05/09/2006, (h)17/04/2007, (i) 03/05/2007............................................................. 83

    Figura 39 Saldo de radiao (W m-2) da superfcie territorial da fazendaBoa F, obtido por meio de imagens do sensor TM do Landsat 5

    para as datas: (a) 04/06/2007, (b) 20/06/2007, (c) 06/07/2007, (d)07/08/2007...................................................................................... 84

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    xvi

    Figura 40 Fluxo de calor no solo mximo, mnimo e mdio da superfcieterritorial da fazenda Boa F, no municpio de Conquista-MG,

    para imagens TM-Landsat 5 entre os anos de 2004 a 2007............ 85

    Figura 41 Fluxo de calor no solo (W m-2) da superfcie territorial dafazenda Boa F, obtido por meio de imagens do sensor TM doLandsat 5 para as datas: (a) 14/08/2004, (b) 30/08/2004, (c)22/02/2005, (d) 11/04/2005, (e) 14/06/2005, (f) 01/08/2005, (g)24/01/2006, (h) 14/04/2006, (i) 30/04/2006................................... 86

    Figura 42 Fluxo de calor no solo (W m-2) da superfcie territorial dafazenda Boa F, obtido por meio de imagens do sensor TM doLandsat 5 para as datas: (a) 16/05/2006, (b) 01/06/2006, (c)17/06/2006, (d) 03/07/2006, (e) 19/07/2006, (f) 04/08/2006, (g)05/09/2006, (h) 17/04/2007, (i) 03/05/2007................................... 87

    Figura 43 Fluxo de calor no solo (W m-2) da superfcie territorial dafazenda Boa F, obtido por meio de imagens do sensor TM doLandsat 5 para as datas: (a) 04/06/2007, (b) 20/06/2007, (c)06/07/2007, (d) 07/08/2007............................................................ 88

    Figura 44 Fluxo de calor sensvel mximo, mnimo e mdio da superfcieterritorial da fazenda Boa F, no municpio de Conquista-MG,

    para imagens TM-Landsat 5 entre os anos de 2004 a 2007............ 89

    Figura 45 Fluxo de calor sensvel (W m-2) da superfcie territorial dafazenda Boa F, obtido por meio de imagens do sensor TM doLandsat 5 para as datas: (a) 14/08/2004, (b) 30/08/2004, (c)22/02/2005, (d) 11/04/2005, (e) 14/06/2005, (f) 01/08/2005, (g)24/01/2006, (h) 14/04/2006, (i) 30/04/2006................................... 90

    Figura 46 Fluxo de calor sensvel (W m-2) da superfcie territorial dafazenda Boa F, obtido por meio de imagens do sensor TM doLandsat 5 para as datas: (a) 16/05/2006, (b) 01/06/2006, (c)

    17/06/2006, (d) 03/07/2006, (e) 19/07/2006, (f) 04/08/2006, (g)05/09/2006, (h) 17/04/2007, (i) 03/05/2007................................... 91

    Figura 47 Fluxo de calor sensvel (W m-2) da superfcie territorial dafazenda Boa F, obtido por meio de imagens do sensor TM doLandsat 5 para as datas: (a) 04/06/2007, (b) 20/06/2007, (c)06/07/2007, (d) 07/08/2007............................................................ 92

    Figura 48 Fluxo de calor latente mximo, mnimo e mdio da superfcieterritorial da fazenda Boa F, no municpio de Conquista-MG,

    para imagens TM-Landsat 5 entre os anos de 2004 a 2007............ 93

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    Figura 49 Fluxo de calor latente (W m-2) da superfcie territorial da fazendaBoa F, obtido por meio de imagens do sensor TM do Landsat 5

    para as datas: (a) 14/08/2004, (b) 30/08/2004, (c) 22/02/2005, (d)11/04/2005, (e) 14/06/2005, (f) 01/08/2005, (g) 24/01/2006, (h)14/04/2006, (i) 30/04/2006............................................................. 94

    Figura 50 Fluxo de calor latente (W m-2) da superfcie territorial da fazendaBoa F, obtido por meio de imagens do sensor TM do Landsat 5

    para as datas: (a) 16/05/2006, (b) 01/06/2006, (c) 17/06/2006, (d)03/07/2006, (e) 19/07/2006, (f) 04/08/2006, (g) 05/09/2006, (h)17/04/2007, (i) 03/05/2007............................................................. 95

    Figura 51 Fluxo de calor latente (W m-2) da superfcie territorial da fazenda

    Boa F, obtido por meio de imagens do sensor TM do Landsat 5para as datas: (a) 04/06/2007, (b) 20/06/2007, (c) 06/07/2007, (d)07/08/2007...................................................................................... 96

    Figura 52 Evapotranspirao diria (mm d-1) da superfcie territorial dafazenda Boa F, obtido por meio de imagens do sensor TM doLandsat 5 para as datas: (a) 14/08/2004, (b) 30/08/2004, (c)22/02/2005, (d) 11/04/2005, (e) 14/06/2005, (f) 01/08/2005, (g)24/01/2006, (h) 14/04/2006, (i) 30/04/2006................................... 98

    Figura 53 Evapotranspirao diria (mm d-1

    ) da superfcie territorial dafazenda Boa F, obtido por meio de imagens do sensor TM doLandsat 5 para as datas: (a) 16/05/2006, (b) 01/06/2006, (c)17/06/2006, (d) 03/07/2006, (e) 19/07/2006, (f) 04/08/2006, (g)05/09/2006, (h) 17/04/2007, (i) 03/05/2007................................... 99

    Figura 54 Evapotranspirao diria (mm d-1) da superfcie territorial dafazenda Boa F, obtido por meio de imagens do sensor TM doLandsat 5 para as datas: (a) 04/06/2007, (b) 20/06/2007, (c)06/07/2007, (d) 07/08/2007............................................................ 100

    Figura 55 Evapotranspirao de referncia (ETo) (mtodo FAO 56),evapotranspirao da cultura (ETc) e valores deevapotranspirao real obtida por meio do algoritmo SEBAL

    para a cultura da cana-de-acar da gleba E1 (talhes 1, 2, 3, 4 e7)..................................................................................................... 101

    Figura 56 Evapotranspirao de referncia (ETo) (mtodo FAO 56),evapotranspirao da cultura (ETc) e valores deevapotranspirao real obtida por meio do algoritmo SEBAL

    para a cultura da cana-de-acar da gleba Piv (talhes P1, P2 eP3)................................................................................................... 101

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    Figura 57 Evapotranspirao de referncia (ETo) (mtodo FAO 56),evapotranspirao da cultura (ETc) e valores deevapotranspirao real obtida por meio do algoritmo SEBAL

    para a cultura da cana-de-acar da gleba A1 (talhes 1 a 10)...... 102Figura 58 Evapotranspirao de referncia (ETo) (mtodo FAO 56),

    evapotranspirao da cultura (ETc) e valores deevapotranspirao real obtida por meio do algoritmo SEBAL

    para a cultura da cana-de-acar da gleba A2 (talhes 1 e 2)........ 102

    Figura 59 Evapotranspirao de referncia (ETo) (mtodo FAO 56),evapotranspirao da cultura (ETc) e valores deevapotranspirao real obtida por meio do algoritmo SEBAL

    para a cultura da cana-de-acar da gleba A4 (talhes 1 a 4)........ 103

    Figura 60 Evapotranspirao de referncia (ETo) (mtodo FAO 56),evapotranspirao da cultura (ETc) e valores deevapotranspirao real obtida por meio do algoritmo SEBAL

    para a cultura da cana-de-acar da gleba A5 (talhes 22, 23 e24)................................................................................................... 103

    Figura 61 Valores comparativos entre a produo medida e a estimada pormeio do SEBAL para os talhes da gleba A1................................ 104

    Figura 62 Valores comparativos entre a produo medida e a estimada pormeio do SEBAL para os talhes da gleba A4................................ 105

    Figura 63 Valores comparativos entre a produo medida e a estimada pormeio do SEBAL para os talhes da gleba A5................................ 105

    Figura 64 Valores comparativos entre a produo medida e a estimada pormeio do SEBAL para os talhes da gleba E1................................. 106

    Figura 65 Valores comparativos entre a produo medida e a estimada pormeio do SEBAL para os talhes da gleba piv.............................. 106

    Figura 66 Evapotranspirao diria (mm d-1) da superfcie territorial dafazenda Boa F, obtido por meio de imagens do sensor MODIS-Terra para as datas: (a) 09/02/2005, (b) 23/02/2005, (c)06/03/2005, (d) 05/04/2005, (e) 12/04/2005, (f) 05/05/2005, (g)16/05/2005, (h) 08/06/2005, (i) 10/06/2005................................... 110

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    Figura 67 Evapotranspirao diria (mm d-1) da superfcie territorial dafazenda Boa F, obtido por meio de imagens do sensor MODIS-

    Terra para as datas: (a) 17/06/2005, (b) 25/06/2005, (c)13/07/2005, (d) 02/08/2005, (e) 14/08/2005, (f) 08/09/2005, (g)21/09/2005, (h) 08/10/2005, (i) 24/12/2005................................... 111

  • 7/23/2019 1.Texto Completo

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    LISTA DE SMBOLOS

    LE Fluxo de calor latente (W m-2);

    G Fluxo de calor no solo (W m

    -2

    );H Fluxo de calor sensvel (W m-2);

    Rn Saldo de radiao (W m-2);

    Rs Radiao de onda curta incidente (Wm-2);

    RL Radiao de onda longa incidente (Wm-2);

    RL Radiao de onda longa emitida pela superfcie (Wm-2);

    ND mero digital;

    Li Radincia espectral (W m-2sr-1m-1);

    z ngulo zenital solar (rad);

    Ei Irradincia solar espectral no topo da atmosfera (W m-2m-1);

    dr Distncia relativa terra-sol (UA);

    TOA Albedo planetrio ou albedo no topo da atmosfera (admensional); Albedo de superfcie ou albedo corrigido (admensional);

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    Lmax Radincias espectrais mximas (W m-2sr-1m-1);

    Lmin Radincias espectrais mnimas (W m-2sr-1m-1);

    i Reflectncia espectral (admensional);

    p Radiao solar refletida pela atmosfera (admensional);

    sw Transmissividade atmosfrica (admensional);

    za Altitude (m);

    NDVI ormalized Diference Vegetation Index, ndice de vegetao ddiferena normalizada;

    SAVI Soil Adjusted Vegetation Index, ndice de Vegetao Ajustado para oSolo;

    IAF ndice de rea Foliar (m2de folha/m2de solo);

    K1e K2 Constantes de calibrao da banda termal do TM-Landsat 5;

    NB Emissividade da superfcie (admensional) no domnio espectral dbanda termal do TM-Landsat 5;

    0 Emissividade da superfcie (admensional) na faixa do comprimento deonda de 6 m a 14 m;

    a Emissividade atmosfrica (admensional);

    Ts Temperatura da superfcie (kelvin);

    Constante de Stefan-Boltzmann (5,67 x 10-8W m-2 K-4);

    GSC Constante solar (1367 W m-2);

    zom inicial Parmetro de rugosidade inicial (m);zom Parmetro de rugosidade (m);

    h Altura mdia da vegetao (m);

    u* Velocidade de frico (m s-1);

    z1e z2 Alturas de 0,1 m e 2,0 m;

    k Constante de von Karman (0,41);

    u2 Velocidade do vento (m s-1) na altura (z2) de 2,0 m;

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    Eficincia do uso da radiao (g MJ-1);

    * Mxima eficincia do uso da radiao (g MJ-1);

    ETc Evapotranspirao da cultura (mm d-1);

    ET (Sebal) Evapotranspirao real da cultura obtida por meio do Sebal (mm d-1);

    ET0 Evapotranspirao de referncia (mm d-1);

    Biototal Biomassa total acumulada (kg m-2);

    Ic ndice de colheita (admensional);

    Yc Produtividade da cultura (kg m-2);

    d Coeficiente de concordncia de Willmott;

    EAM Erro absoluto mdio;

    EPE Erro padro de estimativa;

    REQM Raiz do erro quadrtico mdio;

    Pi Isimo valor estimado;

    Oi Isimo valor observado;

    O Valor mdio observado;

    N mero de dados analisados;

    GMT Greenwich Mean Time, Tempo Mdio de Greenwich.

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    xxiv

    RESUMO

    ANDRADE, Ricardo Guimares, D. Sc., Universidade Federal de Viosa, junho de2008. Aplicao do algoritmo SEBAL na estimativa da evapotranspirao e dabiomassa acumulada da cana-de-acar. Orientador: Gilberto ChohakuSediyama. Co-orientadores: Vicente Paulo Soares, Jos Marinaldo Gleriani eFrancisco de Assis Carvalho Pinto.

    A crescente presso sobre os recursos hdricos requer cada vez mais o

    conhecimento de onde, quando e como a gua est sendo utilizada. fundamental,

    portanto, conhecer a demanda evapotranspiromtrica regional, uma vez que, a

    evapotranspirao (ET) representa, aproximadamente, 75% do total da precipitao

    que ocorre sobre superfcies continentais. Entretanto, a ET altamente varivel notempo e no espao. Essas informaes geralmente revelam aspectos indispensveis no

    planejamento e manejo de recursos hdricos, principalmente em locais onde a

    produo agrcola irrigada representa uma grande porcentagem da economia regional.

    Nesse sentido, metodologias que utilizam tcnicas de sensoriamento remoto se

    destacam pela capacidade de cobertura em reas extensas. Nesse estudo, imagens

    orbitais dos sensores MODIS-Terra e TM-Landsat 5 foram utilizadas para aplicao

    do Surface Energy Balance Algorithm for Land (SEBAL) na obteno dos fluxos de

    energia superfcie, e por conseguinte, na determinao da ET e da produo de

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    xxv

    biomassa da cana-de-acar na fazenda Boa F, localizada no Tringulo Mineiro, mais

    especificamente no municpio de Conquista, Minas Gerais. Os resultados obtidos

    demonstraram que o algoritmo SEBAL teve bom desempenho em escala regional na

    estimativa dos fluxos de energia e produo de biomassa da cultura da cana-de-acar,

    com potenciais para ser aplicado em reas onde a disponibilidade de dados

    meteorolgicos so limitantes.

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    ABSTRACT

    ANDRADE, Ricardo Guimares, D. Sc., Universidade Federal de Viosa, June, 2008.Application of SEBAL to estimate evapotranspiration rate and biomassaccumulation for sugarcane. Adviser: Gilberto C. Sediyama. Co-Advisers:

    Vicente Paulo Soares, Jos Marinaldo Gleriani and Francisco de Assis CarvalhoPinto.

    The growing demand for water resources requires the knowledge of where,

    when and how water is being utilized. It is, therefore, fundamental to understand and

    determine the regional water evapotranspirometric demand, since evapotranspiration

    (ET) accounts for, approximately, 75% of the total rainfall occurring on the continental

    surfaces. ET is highly dependent on and variable in time and space. Such information

    generally reveals important aspects for water resources planning and management,

    mainly in places where irrigated agricultural production accounts for a large

    percentage of the regional economy. Thus, methodologies using remote sensing stand

    out for their capabilities to cover extensive areas. This study utilized orbital images of

    MODIS-Terra and TM-Landsat 5 sensors to apply the Surface Energy Balance

    Algorithm for Land (SEBAL) for obtaining the energy fluxes on the surface and

    consequently to determine the ET rates and sugarcane biomass production at Boa FFarm, located at the Tringulo Mineiromunicipality of Conquista, Minas Gerais. The

  • 7/23/2019 1.Texto Completo

    29/164

    xxvii

    results obtained showed that SEBAL has shown a good performance at regional scale

    in estimating the energy fluxes and biomass production of sugarcane plantation, with

    potential to be applied in areas with limiting availability of meteorological data.

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    1

    1. INTRODUO

    O Brasil o maior produtor mundial de cana-de-acar, seguido por ndia e

    Austrlia. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a safra

    2006/2007 foi de 474,8 milhes de toneladas. E, estima-se que a safra 2007/2008 teraumento de 11,2 %. No ano de 2007 foram plantados 6,6 milhes de hectares de cana-

    de-acar e a tendncia nos prximos anos de expanso das fronteiras de plantios,

    devido aos incentivos do governo para a produo de combustveis renovveis e

    menos poluentes.

    No entanto, o aumento da demanda hdrica em uma mesma bacia, no apenas

    pela maior rea ocupada pelos canaviais, mas tambm por outras culturas e consumos

    diversos (residencial, industrial, comercial, etc.) pode ser fonte de conflitos no futuro,

    proporcionando limitaes na produo. Assim, torna-se fundamental a otimizao do

    consumo dgua, favorecendo o aumento da produo da cultura por unidade de gua

    consumida, o que contribui para uma gesto equilibrada, observando os preceitos da

    sustentabilidade.

    Uma vez que a evapotranspirao (ET) representa, aproximadamente, 75% do

    total precipitado sobre superfcies continentais (Costa, 1997), o seu monitoramento e

    mapeamento em escala regional permitem aos tcnicos decidirem: (i) onde, quando e

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    2

    quanto de gua passou atmosfera por ET; (ii) avaliar o comportamento e os efeitos

    do estresse hdrico das culturas; (iii) acompanhar melhor o desempenho de sistemas de

    irrigao; e (iv) auxiliar nas predies climticas. Porm, a ET uma funo complexa

    das propriedades do solo, das condies atmosfricas, do uso do solo, da vegetao e

    da topografia, sendo influenciada por estes parmetros no espao e no tempo. Assim,

    torna-se difcil estim-la ou medi-la, representativamente, em escala regional

    (Compaor et al. 2008).

    Nesse sentido, tem crescido o nmero de pesquisas que empregam tcnicas de

    sensoriamento remoto na identificao de reas de cultivo, bem como, na estimativa de

    parmetros biofsicos a serem utilizados em modelos de crescimento, produtividade,balano hdrico, etc.

    O algoritmo SEBAL (Surface Energy Balance Algorithm for Land) foi

    formulado por Bastiaanssen et al. (1998a) e possibilita a estimativa do fluxo de calor

    latente (LE) como um resduo da equao clssica do balano de energia. Ele

    constitudo, quase que totalmente, por parametrizaes fsicas bem estabelecidas e

    pouco complexas, sendo que do total de passos existentes, poucos so aqueles que

    envolvem parametrizaes empricas.

    As caractersticas do SEBAL fazem dele uma opo promissora para a

    estimativa dos componentes do balano de energia por sensoriamento remoto,

    possuindo a flexibilidade para que sejam acoplados outros modelos como o que foi

    desenvolvido por Monteith em 1972 para a estimativa da produo de biomassa das

    culturas.

    Visto que a produo ou rendimento das culturas um elemento fundamental

    do desenvolvimento rural e um indicador para segurana alimentar de um pas, o

    monitoramento do crescimento da cultura e a avaliao das relaes entre o acmulo

    de biomassa e processos hidrolgicos so essenciais no sentido de se obter um manejo

    otimizado dos recursos hdricos. Alm disso, a predio da produo agrcola alguns

    meses antes da colheita, pode ter importncia relevante quando se trata do comrcio e

    escoamento da produo, auxiliando na tomada de deciso e diminuindo os impactos

    negativos na economia.

  • 7/23/2019 1.Texto Completo

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    3

    A aplicao do SEBALtem sido realizada extensivamente em regies da sia,

    frica, Amrica do Norte e Europa, que possuem diferentes caractersticas climticas,

    com resultados animadores. Entretanto, na Amrica do Sul, existem relatos da

    utilizao do SEBALna Argentina, Venezuela e no Brasil. Contudo a aplicao desse

    algoritmo na Amrica do Sul deve ser mais bem estudada, visto que ainda so poucos

    os resultados conclusivos na estimativa da evapotranspirao e da biomassa

    acumulada.

    1.2 Objetivos

    Estimar os componentes do balano de energia, e ento, determinar a

    evapotranspirao diria e o acmulo de biomassa da cana-de-acar por

    meio do algoritmo SEBAL e imagens do sensor TM - Landsat 5.

    Estimar a evapotranspirao diria por meio do algoritmo SEBAL e

    imagens do sensor MODIS;

    Comparar a evapotranspirao diria estimada por meio do algoritmo

    SEBAL e imagens do sensor TM - Landsat 5 com a evapotranspirao

    diria estimada por meio do modelo de Penman-Monteith.

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    4

    1.3 Hiptese

    possvel obter a evapotranspirao e a biomassa em escala regional

    com a utilizao de tcnicas de sensoriamento remoto e o algoritmo

    SEBAL, de forma a contribuir significativamente para a gesto dos

    recursos hdricos e estimativa da produtividade da cana-de-acar em

    locais onde a disponibilidade de dados meteorolgicos so limitantes.

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    5

    2. FUNDAMENTAO TERICA

    2.1 A cultura da cana-de-acar e sua importncia para o agronegcio

    brasileiro

    A cana-de-acar (Saccharumspp) uma gramnea semi-perene pertencente

    famliaPoaceaee que tem suas origens na sia, provalmente na Nova Guin. A maior

    parte da cana-de-acar comercial produzida entre as latitudes 35N e 30S. A

    cultura desenvolve-se bem sob estao quente e longa com incidncia de radiao alta

    e umidade relativa adequada, seguida de perodo seco, ensolarado e medianamente

    frio, porm sem geadas, durante a maturao e a colheita. A tempertura tima (Ttima)

    para a brotao (germinao) das gemas de 32C a 38C. A Ttimapara o crescimento

    otimizado est entre 22C e 30C. A temperatura mnima de aproximadamente 20C.

    Entretanto, para a maturao, so desejveis temperaturas relativamente baixas, na

    faixa de 10C a 20C (Doorenbos & Kassan, 1979). Em temperturas acima de 38C a

    planta no cresce (Santos, 2001).

    O ciclo evolutivo da cultura pode ser de 12 meses (cana de ano - CA) e 18

    meses (cana de ano e meio - CAM) em cana-planta. Aps o primeiro corte o ciclo

    passa a ser de 12 meses para todas as variedades. Podem ser feitos cinco ou mais

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    cortes, porm a cada ciclo deve-se investir significativamente em insumos e tratos

    culturais para manter a produtividade (Fortes, 2003).

    A cana-de-acar desenvolve bem em solos arejados com mais de 1,0 m de

    profundidade, sendo que o enraizamento profundo pode chegar at 5,0 m. O lenol

    fretico deve estar de 1,5 a 2,0 m da superfcie e o pH timo do solo em torno de 6,5,

    com possibilidades de desenvolvimento em solos com pH entre 5 e 8,5. Ela uma

    cultura moderadamente sensvel salidade e possui grandes exigncias de nitrognio e

    potssio com baixa necessidade de fsforo. No amadurecimento, o teor de nitrognio

    no solo deve ser menor para possibilitar boa recuperao de acar, principalmente

    quando o perodo de maturao de clima mido e quente (Doorenbos & Kassan,1979).

    Por ser uma planta com metabolismo C4, o ponto de saturao de luz elevado

    e varia dependendo da cultivar. A radiao solar afeta todos os estdios de

    desenvolvimento da cultura. Com isso, quando a cana-de-acar est submetida a

    baixas luminosidades os colmos apresentam-se finos e alongados e as plantas

    acumulam menos matria seca (Lucchesi, 1995). Santos (2001) cita que a radiao

    solar, tanto em intensidade como em durao (fotoperodo), muito importante na fase

    de perfilhamento, por favorecer a produo de substncias reguladoras do crescimento,

    e na fase de maturao, para enriquecer os colmos com sacarose. Fortes (2003) cita

    que a disposio vertical das folhas em relao ao colmo, e o alto ndice de rea foliar

    (rea de folhas por rea de solo), no qual pode chegar a 7, favorece o aumento da

    capacidade fotossinttica, pois proporciona maior incidncia da luz no dossel da

    cultura, que geralmente possui alta densidade populacional.

    A disponibilidade de gua no solo governa a produo vegetal, assim sua falta

    ou excesso afetam de maneira decisiva o desenvolvimento das plantas, pois alteram a

    absoro dos nutrientes e da prpria gua. Segundo Maule et al. (2001) a cana-de-

    acar apresenta elevado consumo de gua, necessitando de 250 partes de gua para

    formar uma parte de matria seca na planta. Alm disso, Delgado-Rojas e Barbieri

    (1999) citam que o valor da gua prontamente disponvel (APD) para cana-de-acar

    de 68% da capacidade de gua disponvel (CAD).

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    2.1.1 Complexo sucroalcooleiro

    O Brasil o principal produtor e exportador mundial de cana-de-acar,

    seguido por ndia e Austrlia. Segundo informaes do Instituto de Pesquisa

    Econmica Aplicada (IPEA), o agronegcio brasileiro representou aproximadamente

    34% do produto interno bruto (PIB), em 2007 as exportaes deste setor totalizaram

    US$ 58,415 bilhes, dos quais 11,3% so pertencentes ao complexo sucroalcooleiro.

    Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a safra da cana-

    de-acar 2006/2007 foi de 474,8 milhes de toneladas, dos quais foram produzidos

    aproximadamente 30,2 milhes de toneladas de acar e 17,5 bilhes de litros delcool. No ano de 2007 foram exportados aproximadamente 19,4 milhes de toneladas

    de acar e 3,6 bilhes de litros de lcool. Na Figura 1 tem-se a evoluo da produo

    de etanol do ano de 1975 a 2005.

    Figura 1 - Produo mundial de etanol. Fonte: Elaborao D. L. Gazzoni,http://www.biodieselbr.com/energia/alcool/etanol.htm, acesso em 27 demaro de 2008.

    A primeira estimativa da produo nacional da cana-de-acar realizada pela

    CONAB para a safra 2007/2008 de 527,98 milhes de toneladas, superior safrapassada em 11,20% (53,18 milhes de toneladas). Desse total, 87,43% (461,63

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    milhes de toneladas) so produzidas na regio Centro-Sul e 12,57% (66,34 milhes

    de toneladas) nas regies Norte e Nordeste. A rea atual ocupada com essa cultura de

    6,6 milhes de hectares, superior em 7,40% (456,9 mil hectares) safra anterior. Desse

    total, 82,49% (5,46 milhes de hectares) so cultivados na regio Centro-Sul e os

    17,51% (1,16 milhes de hectares) restantes, nas regies Norte e Nordeste.

    O Estado de So Paulo disparado o maior produtor de cana-de-acar, tendo

    produzido 59% da produo nacional (284,8 milhes de toneladas) na safra

    2006/2007. No entanto, Estados como: Paran, Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco,

    entre outros, tambm merecem destaque.

    Em Minas Gerais, o setor do agronegcio no ano de 2007 representou cerca de31 % do PIB total do Estado. Nos ltimos seis anos, a produo de cana-de-acar

    cresceu 90% e j representa 7% do PIB agrcola mineiro. Dados da CONAB revelam

    que na safra 2006/2007 foram produzidos 33,558 milhes de toneladas de cana-de-

    acar e estima-se que para a safra 2007/2008 sejam produzidos 40,962 milhes de

    toneladas, sendo 36,748 milhes de toneladas destinadas indstria sucroalcooleira.

    2.2. Sensoriamento Remoto

    O sensoriamento remoto definido como a cincia e a arte de obter

    informaes sobre um objeto, rea ou fenmeno atravs da anlise de dados obtidos

    por um aparelho que no esteja em contato com o objeto, rea ou fenmeno sob

    investigao (Lillesand et al., 2004). As informaes podem ser obtidas a nvel

    terrestre, suborbital (areo) e orbital, de acordo com a distncia entre o objeto de

    interesse e o sensor (Arajo, 2004).

    A energia ou radiao eletromagntica (REM) o elo de ligao entre os

    objetos da superfcie terrestre e os sensores remotos. Moreira (2005) cita que existem

    diversas denominaes para as REM, nas quais receberam nomes de natureza histrica

    ou decorrentes dos processos utilizados na sua produo ou determinao. O conjunto

    das freqncias das REM conhecidas forma o espectro eletromagntico, o qual

    ordenado em funo do comprimento de onda e da freqncia (Figura 2).

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    Figura 2 - Espectro de radiao eletromagntica. Fonte: LEB (2008).

    2.2.1 Interao da radiao eletromagntica com os alvos

    O entendimento de como se processa as interaes entre a REM e os diversos

    alvos (vegetao, gua, solos, etc.) constitui-se em requisito chave para a interpretao

    dos dados coletados pelos diferentes sensores (Alvarenga et al., 2003).

    Quando a energia ou REM incide sobre uma dada feio na superfcie da terra,

    trs interaes fundamentais da energia com a feio so possveis. Isto pode ser

    ilustrado na Figura 3 por um elemento do volume de um corpo dgua. Fraes

    variveis da energia incidente no elemento so refletidas, absorvidas e, ou,

    transmitidas (Lillesand et al., 2004). Aplicando o princpio da conservao da energia,

    pode-se descrever a inter-relao entre estas trs interaes de energia como:

    ( ) ( ) ( ) )( TARI EEEE ++= (3)

    Em que, EI a energia incidente; ER a energia refletida; EA a energia

    absorvida; e ET a energia transmitida, sendo todos os componentes de energia, uma

    funo do comprimento de onda ().

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    Figura 3 - Interaes bsicas entre a radiao eletromagntica (energia) e a superfciede um corpo dgua. Fonte: Adaptado de Lillesand et al. (2004).

    Na maior parte dos trabalhos de sensoriamento remoto interessa apenas a

    resposta da interao da REM com o corpo na forma de reflexo, principalmente para

    os sensores que atuam nas regies espectrais do visvel, infravermelho prximo e

    mdio (Lillesand et al., 2004). Da, para se estudar um corpo, utiliza-se a equao

    anterior expressa da seguinte forma:

    [ ])()()()( TAIR EEEE += (4)

    Para um dado comprimento de onda () a razo entre a energia total refletida

    (ER()) e a incidente (EI()), expressa em porcentagem, denominada reflectncia do

    corpo (r(%)), matematicamente:

    100)(

    )((%)

    I

    R

    E

    Er = (5)

    Para um mesmo corpo X e nas mesmas condies, a reflexo de cada

    comprimento de onda ocorre de forma quase constante. Da, ser comum expressar as

    reflexes de diversos comprimentos de onda na forma de grfico. Este tipo de grfico denominado de grfico de reflectncia espectral de X (Lillesand et al., 2004).

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    Neste tipo de grfico o eixo das abscissas representa os comprimentos de onda (),

    geralmente em micrmetros (m) e o eixo das ordenadas representa a reflectncia

    percentual (r %, definida anteriormente).

    Como a curva de resposta espectral muitas vezes funo das caractersticas

    fsicas e qumicas de um corpo ou feio, permitindo sua identificao, alguns autores

    lhe do tambm a denominao de assinatura espectral (Lillesand et al., 2004). Para

    comprimentos de onda maiores que 3,0 m tais curvas so s vezes chamadas de

    curvas de emitncia espectral de X, em virtude de estar representando a energia

    emitida pelo corpo, em lugar da energia refletida.

    Embora seja verdade que muitas das feies terrestres apresentem curvas dereflectncia (ou emitncia) espectrais diferentes, mais correto pensar-se em termos

    de um padro de resposta espectral do que numa assinatura espectral para aquela

    feio. Isto porque a denominao assinatura implicaria na existncia de uma curva

    absoluta e nica para a mesma feio o que no sempre verdadeiro. Na Figura 4 tm-

    se algumas curvas de reflectncia espectrais de alguns alvos.

    Figura 4 - Curvas de Reflectncia Espectral de alguns materiais. Fonte: Liu (2007).

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    2.2.1.1 Fatores que influenciam na resposta espectral dos alvos

    Existem inmeros fatores que podem influenciar na resposta espectral dos alvos

    observados. Esses fatores podem ser separados em dois grupos: fatores relacionados

    com a superfcie observada e fatores relacionados com o processo de obteno dos

    dados (Galvo et al., 1999), respectivamente, tambm conhecidos como fatores

    internos e externos.

    Fatores relacionados com a superfcie observada incluem os aspectos

    intrnsecos vegetao (associados s caractersticas biofsicas das plantas) e, ou, ao

    solo, que influenciam as medies espectrais dos sensores. Fatores relacionados com oprocesso de obteno dos dados envolvem: as caractersticas de construo do sensor,

    como a largura e o posicionamento das bandas e a calibrao do equipamento; a

    geometria de iluminao do Sol e de visada do sensor e os efeitos atmosfricos como a

    absoro e o espalhamento (Figura 5).

    Figura 5 - Fatores que influenciam a resposta espectral dos dossis. Fonte: Moreira(2000).

    Verstraete et al. (1996) afirmam que o problema fundamental do sensoriamento

    remoto est no estabelecimento de at que ponto as medies de radiao feitas no

    espao pode prover informaes teis, por exemplo, para a obteno dos fluxos de

    energia, o estado e a produtividade das culturas agrcolas, entre outras aplicaes dessa

    tecnologia.

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    2.2.1.2 Fatores intrnsecos vegetao

    2.2.1.2.1 Interao da REM com a folha

    A interao da REM com a vegetao se d principalmente nas folhas, rgos

    vegetais altamente especializados na absoro da REM, onde ocorre o processo da

    fotossntese.

    A Figura 6 mostra a curva de reflectncia mdia da vegetao na faixa de 0,3 a

    2,5 m.

    Figura 6 - Curva de reflectncia tpica de uma folha verde. Fonte: Adaptado de Novo(1992).

    A faixa do espectro eletromagntico entre 0,4 e 0,7 m (visvel),

    correspondente Radiao Fotossinteticamente Ativa (PAR). utilizada pelas plantas

    nos processos fisiolgicos de acmulo de biomassa, sendo esta faixa do espectro

    caracterizada pela baixa reflectncia e alta absortncia pelos pigmentos da planta em0,48 m (carotenides) e em 0,62 m (clorofila). Em 0,56 m h um pequeno

    aumento do coeficiente de reflectncia, que ocasionado pela reflexo da REM pelas

    clorofilas, sendo esta a reflectncia responsvel pela percepo da cor verde da

    vegetao. De 0,7 a 1,3 m (infravermelho prximo), h um predomnio dos processos

    de reflexo e refraes mltiplas da radiao incidente, nesta faixa do espectro

    aproximadamente 45 a 50% da radiao solar que chega superfcie vegetal so

    refletidas, 45 a 50% so transmitidas, e pouco menos de 5% so absorvidas, sendo aestrutura interna das folhas o fator que controla este comportamento (Hoffer, 1978).

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    O espalhamento da radiao no infravermelho prximo (IVP) utilizado como

    um processo de resfriamento da folha, evitando o acmulo de energia no interior da

    mesma (Fonseca, 2004).

    Gausman (1974) estudou em laboratrio a reflectncia das folhas (citrus,

    algodo, milho, espinafre, etc) na faixa do espectro eletromagntico de 0,75 m a 1,35

    m. Seus resultados revelaram, que nesta faixa, a radiao espalhada ou refletida

    pelas folhas por causa das descontinuidades do ndice de refrao da radiao. A

    descontinuidade mais importante ocorre devido a hidratao das paredes das clulas

    em espaos de ar intercelular. As descontinuidades do ndice de refrao entre os

    componentes celulares (membranas vs. citoplasmas), tambm podem influenciar nareflectncia, no entanto, com menor significncia.

    A Figura 7a mostra o efeito da substituio dos espaos de ar por gua e leo de

    rcino (mamona) no interior das folhas de algodo (Gossypium hirsutum L.). A

    substituio do ar por lquidos (linhas pontilhadas) reduziram a reflectncia quando

    comparada com folhas normais. J a Figura 7b ilustra os possveis caminhos para a

    interao da radiao com a folha na faixa do IVP.

    (a) (b)

    Figura 7 - (a) Efeito na reflectncia do infravermelho prximo devido a substituio dear por lquido no interior das folhas de algodo, (b) Corte transversal dafolha apresentando os possveis caminhos da radiao na faixa do

    infravermelho prximo. Fonte: Adaptado de Gausman (1974) e NAS (1970).

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    Na Figura 7b, uma pequena quantidade da radiao IVP refletida das clulas

    da camada superficial; a maior parte transmitida para o mesofilo esponjoso onde os

    raios incidem freqentemente nas paredes celulares e so refletidos se os ngulos de

    incidncia ficar suficientemente grandes. Geralmente, a transmitncia maior que a

    reflectncia em folhas finas, entretanto, em folhas mais grossas a transmitncia

    substancialmente menor que a reflectncia (NAS, 1970).

    A idade das folhas outro fator que afeta a reflectncia. A influncia da

    maturao da folha na reflectncia e na transmitncia est associada com a

    compactao da estrutura interna da folha. Folhas jovens possuem poucos espaos de

    ar, ao passo que as folhas maduras esponjosa, ou seja, possui muitos espaos de arem seu mesofilo (Gausman, 1974). Com isso, as folhas maduras absorvem 5% a mais

    na faixa do visvel e refletem 15% a mais na faixa do IVP (Liu, 2007). Na Figura 8a

    tem-se a reflectncia das folhas jovens e maduras das plantas de citrus.

    Quando a planta est exposta a algum tipo de estresse ambiental, apresenta

    modificaes nos mecanismos de captura da radiao. Como exemplo dessas

    modificaes, tem-se na Figura 8b, para folhas de milho, a porcentagem refletida de

    acordo com o comprimento de onda e o contedo de gua na folha. Observa-se que

    medida que decresce o contedo de gua na folha a curva de reflectncia espectral se

    desloca para cima, indicando um aumento na porcentagem refletida.

    (a) (b)

    Figura 8 - (a) Reflectncia de folhas de citrus jovens e maduras, (b) Curvas dareflectncia espectral, obtidas em folhas de milho com diferentescontedos de gua. Fonte: Adaptado de Gausman (1974) e Moreira(2005).

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    No infravermelho mdio (1,3 a 2,4 m) o comportamento espectral da folha

    dominado pela forte absoro da gua no interior dos tecidos da folha, que ocorre em

    1,40 e 1,90 m, enquanto que os picos de reflectncia ocorrem aproximadamente em

    1,6 e 2,2 m. Com o aumento do contedo de gua h um decrscimo da reflectncia

    nesta regio do espectro (Hoffer, 1978).

    O poder reflectivo das folhas tambm pode ser alterado pelas deficincias de

    nutrientes. Segundo Moreira (2005), a deficincia de nutrientes na planta, em geral,

    provocada pela escassez do solo em elementos essenciais a um bom desenvolvimento

    desta. Alm disso, relata que a deficincia nutricional o principal fator que induz afolha ao envelhecimento. Se a planta submetida ao estresse nutricional, os nutrientes

    contidos nas folhas mais velhas deslocam-se para as mais novas, provocando a morte

    prematura das mais velhas. Na Figura 9, so apresentadas a reflectncia das folhas de

    pimento doce, nas quais exibem diferentes graus de deficincia de nitrogno. As

    folhas com deficincia de nitrognio contm relativamente baixa clorofila; elas so

    geralmente menores e contm mais gua por unidade de matria seca do que as folhas

    normais. A reflectncia na faixa visvel do espectro (0,4 a 0,7 m) aumenta medida

    que os sintomas da deficincia de nitrognio tornam-se mais pronunciados. Isto est

    associado com o contedo de clorofila mais baixo das folhas deficientes em nitrognio

    (NAS, 1970).

    Figura 9 - Efeito da deficincia de nitrognio na reflectncia das folhas de sweetpepper(pimento doce). Fonte: Adaptado de NAS (1970).

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    2.2.1.2.2 Interao da REM com o dossel

    O dossel vegetativo o conjunto de todas as copas da vegetao, numa

    determinada rea, independentemente da espcie (Moreira, 2005). A refletividade do

    dossel pode ser alterada pela heterogeneidade, arquitetura (distribuio, densidade,

    orientao, formato e tamanho das folhas, altura da planta, dimetro das copas),

    salinidade do solo, condio hdrica e nutricional, e pelo ndice de rea foliar (IAF).

    Conforme representado na Figura 10, medida que aumenta o IAF, a

    reflectncia na faixa do visvel diminui, enquanto que no IVP aumenta. A linha azul

    escura exemplifica o comportamento espectral de um dossel com poucas folhas verdes.

    As linhas azul claro, verde e vermelho representam dossis com quantidades cada vezmaiores de folhas verdes.

    Figura 10 - Comportamento de quatro dossis vegetais com diferentes quantidades defolhas verdes. Fonte: Kuntschik (2004).

    A radincia medida por meio de sensores remotos sobre superfcie de solos comvegetao uma combinao de contribuies do solo e da vegetao. Quando

    parmetros da vegetao so determinados por meio de medies no topo do dossel,

    devem ser desenvolvidos mtodos para minimizar a contribuio do solo.

    2.2.1.3 Fatores intrnsecos ao solo

    O solo pode ser definido como um corpo natural da superfcie terrestre cujaspropriedades so devidas aos efeitos integrados do clima e dos organismos vivos

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    (plantas e animais) sobre o material de origem, condicionado pelo relevo durante um

    perodo de tempo. Os parmetros do solo que influenciam a radiao refletida da

    superfcie so vrios, porm a literatura cita como mais importantes os xidos de ferro,

    a umidade, a matria orgnica, a granulometria, a mineralogia da argila e o material de

    origem (Moreira, 2005).

    Primeiramente, de acordo com Lillesand et al. (2004), deve-se enfatizar que as

    interaes da REM com o solo apenas ocorrem nas formas descritas, para solo nu,

    exposto, sem cobertura vegetal ou mesmo sem uma delgada lmina dgua. De modo

    geral, isto , para todos os solos, a reflectncia espectral aumenta com o aumento do

    comprimento de onda, principalmente nas faixas espectrais do visvel e doinfravermelho prximo. Para os solos no ocorre a frao de radiao transmitida, ou

    seja, a REM incidente toda refletida, e, ou absorvida. As principais causas

    condicionantes da reflectncia espectral dos solos j so bastante conhecidas, sendo

    suas interrelaes menos complexas que na vegetao. A Figura 11 mostra a curva do

    solo exposto e seco.

    Figura 11 - Curva de reflectncia espectral do solo exposto e seco. Adaptado deLillesand et al. (2004).

    A presena de umidade diminui a reflectncia do solo. Da mesma forma que

    ocorre com a vegetao, esse efeito tem seu mximo nas bandas de absoro dgua de

    1,4; 1,9 e 2,7 m.

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    O contedo de umidade est fortemente relacionado textura do solo. Solos

    pobres e arenosos normalmente possuem boa drenagem, resultando em baixo contedo

    de umidade e reflectncia relativamente alta. Solos de textura fina e de drenagem

    precria geralmente apresentam baixa reflectncia (Pereira, 1997). A textura

    (proporo de argila, silte e areia) interfere na reflectncia em todos os comprimentos

    de onda, tanto devido sua influncia na capacidade de reteno de gua como pelo

    tamanho das partculas propriamente. Solos de textura mais fina, argiloso, possue

    maior rea total de superfcie, tendo, em conseqncia, maior poder de reteno de

    gua do que um solo mais arenoso e, com isso reflete menos se estiver mido. Mas, ao

    contrrio, se um solo estiver com baixo teor de umidade, e se outros fatores foremmantidos constantes, medida que o tamanho das partculas diminurem, a superfcie

    do solo se tornar mais lisa e mais radiao incidente ser refletida (Lillesand et al.,

    2004).

    Os xidos de ferro, dependendo do tipo e da quantidade relativa, influenciam na

    cor dos solos, isto , do aos solos a cor correspondente ao xido. Por exemplo, solos

    ricos em hematita (Fe2O3) so de colorao vermelha, por causa da cor da hematita.

    Geralmente, xidos de ferro absorvem bastante REM na faixa do IVP (com mximo de

    absoro em torno de 0,9 m). A quantidade de REM absorvida depende da

    quantidade do xido de ferro (Moreira, 2005).

    Liu (2007) cita que a reflectncia espectral dos minerais depende das

    propriedades de vibrao entre molculas (transferncia de energia). Essa vibrao

    consiste em oscilaes de tomos da molcula e, tambm de seu centro de equilbrio.

    A energia necessria para esse fenmeno situa-se na faixa do infravermelho mdio.

    Mathews et al. (1973) obtiveram diferentes curvas espectrais para a caulinita,

    nontronita e ilita, e constataram que a forma e a intensidade da curva de reflectncia na

    faixa de 0,5 m a 2,6 m influenciada pelo tipo de mineral da argila.

    O teor de matria orgnica do solo bastante relevante quando se trata de

    reflexo. Quanto maior o teor de matria orgnica no solo menor a sua reflectividade

    na faixa de 0,4 m a 2,5 m, numa relao curvilnea (Figura 12) (Hoffer, 1978).

    Baumgardner et al. (1969) mostraram que em quantidades superiores a 2%, amatria orgnica pode provocar um efeito de mascaramento na contribuio que os

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    outros constituintes do para a caracterstica espectral do solo, na faixa refletida do

    espectro ptico. Al-Abbas (1972) comentaram que os efeitos de diminuio da

    reflectncia do solo pelo aumento do teor de matria orgnica podem estar associados

    tambm ao teor de argila, uma vez que ambos os constituintes normalmente

    apresentam boa correlao positiva entre si.

    Figura 12 - Relao entre o contedo de matria orgnica e a reflectncia. Adaptado deHoffer (1978).

    Hoffer (1978), citando o trabalho da Diviso de Levantamento Pedolgico dos

    EEUU, alertam para o fato de que solos que se desenvolveram sob condies

    climticas diferentes podem no mostrar a mesma relao entre cor e contedo de

    matria orgnica. Solos bem drenados e com o mesmo teor de matria orgnica, mas

    que se desenvolveram em locais de temperatura anual mais alta apresentam colorao

    mais amarronzada que aqueles de regies mais frias que so mais escuros, logo com

    menor reflectividade.

    2.2.1.4 Interao da REM com a gua

    A gua apresenta-se na natureza sob diferentes estados fsicos, que influenciam

    de modo fundamental seu comportamento espectral (Novo, 1992). A Figura 5 mostra o

    comportamento espectral da gua em seus estados fsicos: gua propriamente dita

    (estado lquido), gua em forma de nuvens (gasosa) e gua em forma de neve.

    Analisando a Figura 5 observa-se que a gua em seu estado lquido apresenta baixa

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    reflectncia entre 0,38 m e 0,70 m, absorvendo toda a radiao abaixo de 0,38 m e

    acima de 0,7 m. J na forma de nuvens (gasosa) apresenta elevada reflectncia, em

    torno de 70% , para a faixa do espectro ptico de 0,4 a 2,5 m. Entretanto, observa-se

    bandas de maior absoro em 1,0, 1,3 e 2,0 m (Moreira, 2005).

    Na forma de neve observa-se elevada reflectncia (maior que a das nuvens)

    entre 0,7 m e 1,2 m, sendo que, de 1,2 m a 1,4 m a reflectncia decresce com um

    gradiente altssimo (de 0,8 a 0,2), atingindo valores de reflectncia inferiores a 0,1 em

    1,5 m. Entre 1,5 m e 2,0 m, h um aumento da reflectncia da neve (mximo em

    aprox. 1,75 m quando atinge um valor de reflectncia de 0,2). Em 2,0 m, a

    reflectncia aproxima-se de zero para aumentar at 0,2 em torno de 2,25 m (Novo,1992; Moreira, 2005).

    Figura 13 - Comportamento espectral da gua em seus diferentes estados fsicos.(Adaptado de Novo, 1992).

    Vrias condies dos corpos dgua, entretanto, se manifestam, acima de tudo,

    no visvel. As interaes energia/matria nessa faixa espectral so muito complexas e

    dependem de inmeros fatores interrelacionados. A reflectncia de um corpo dgua,

    por exemplo, pode se originar da interao com a superfcie do corpo dgua (reflexo

    especular), com material suspenso na gua, ou com o fundo do corpo dgua. Mesmoem guas profundas, onde os efeitos do fundo so negligenciveis, as propriedades de

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    reflectncia de um corpo dgua no so somente funo da gua, mas tambm do

    material nela contido (Novo, 1992).

    A presena de matria em suspenso na gua determina a sua turbidez, e a

    variao desta altera drasticamente a transmitncia e, consequentemente, a

    reflectncia. gua contendo grande quantidade de sedimentos em suspenso

    provenientes da eroso do solo, por exemplo, normalmente possuem reflectncia no

    visvel muito mais alta que guas claras situadas na mesma localizao geogrfica.

    Da mesma forma, a reflectncia se modifica em funo da quantidade de clorofila

    presente na gua. O aumento da concentrao de clorofila tende a reduzir a

    reflectncia da gua no azul e a aument-la no verde. Essa peculiaridade tem sidousada para detectar a presena e estimar a concentrao de algas atravs de dados de

    sensoriamento remoto (Pereira, 1997).

    2.2.2 Aplicaes do sensoriamento remoto

    Apesar de existirem certos cuidados que se devem ter na obteno de

    informaes dos alvos de interesse, no amplo contexto das atuais e crescentes

    preocupaes de sustentabilidade ambiental, o sensoriamento remoto vem se

    constituindo como meio imprescindvel para o planejamento, o uso racional e o

    monitoramento dos recursos naturais terrestres. Avanos cientficos e tecnolgicos

    vem disponibilizando conhecimentos, equipamentos, plataformas e sensores cada vez

    mais sofisticados e enormes massas de dados sobre processos e fenmenos da

    superfcie terrestre (Alvarenga et al., 2003).

    Para Novo (1998), as principais vantagens que justificam os programas de

    sensoriamento remoto orbital so: estmulo s pesquisas multidisciplinares,

    informaes de reas de difcil acesso, universalizao dos dados e das tcnicas de

    tratamento e anlise de dados digitais, facilidade do recobrimento de grandes reas

    (viso sinptica), cobertura repetitiva com a mesma hora local, grande quantidade de

    dados pontuais sobre uma mesma rea, transferncia de dados Satlite/Terra em tempo

    real, e o aspecto multiespectral, isto , a capacidade dos sistemas sensores gerarem

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    produtos em diferentes faixas espectrais, tornando possvel o estudo e anlise de

    diferentes elementos, identificados em determinadas faixas do espectro.

    Koffler (1992), Crosta (1993) e Arajo (2004) destacam a utilizao de sensores

    orbitais em estudos agroambientais em escalas locais, regionais e globais. O

    sensoriamento remoto tambm apresenta grande potencial para ser utilizado na

    agricultura. Atravs desta tcnica, possvel obter informaes sobre: estimativa de

    rea plantada, produo agrcola, vigor vegetativo das culturas, alm de fornecer

    subsdios para o manejo agrcola em nvel de pas, estado, municpio ou ainda em nvel

    de microbacia hidrogrfica ou fazenda.

    Conrad et al., (2007) relatam que as tcnicas de sensoriamento remoto soaltamente satisfatrias para classificar a cobertura do solo em escala regional e global,

    e por delinear reas irrigadas ou padres de uso do solo em regies agrcolas.

    O sensoriamento remoto tambm se mostra como importantssima ferramenta

    na determinao e no mapeamento espacial e temporal da evapotranspirao (ET). A

    ET (conjunto evaporao da gua do solo mais transpirao das plantas), um

    componente essencial do balano hdrico, especialmente quando o solo mantido

    mido por meio de sistemas de irrigao. A determinao do uso consumptivo de gua

    pelas culturas em escala regional fundamental no entendimento de uma adequada

    gesto dos recursos hdricos (Bastiaanssen, 2000).

    Stafford (2000) comenta que a utilizao de tcnicas de sensoriamento remoto

    vem sendo preconizada no monitoramento de reas agrcolas e estimativas de

    produtividade embora seja uma rea carente de pesquisas. Segundo Fortes (2003),

    vrios trabalhos demonstram que esta tcnica tem grande potencial de uso na

    estimativa da produo de biomassa das culturas, informaes essenciais ao

    planejamento agrcola e industrial, com reflexos no processo de formao de preos e

    implantao de programas de agricultura de preciso.

    2.2.2.1 Algoritmo SEBAL

    Na agricultura, para que haja um bom planejamento e manejo dos recursos

    hdricos, torna-se primordial o conhecimento da demanda evapotranspiromtrica. No

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    entanto, as medies aproximadas da ET por meio da covarincia de vrtices

    turbulentos, razo de Bowen e lismetros de pesagem so mtodos caros e consomem

    tempo para aplicao contnua para que se tenha em escala regional uma densidade

    espacial suficiente. Compaor et al. (2008), por exemplo, citam que na paisagem

    heterognea do planalto central da Espanha, 13 medies de ET em uma rea

    relativamente pequena (5000 km2) no foi suficiente para predizer com preciso a taxa

    de ET mdia da rea.

    Os modelos hidrolgicos e tcnicas de sensoriamento remoto so avanadas

    ferramentas que permitem boa estimativa da ET e os processos hidrolgicos

    relacionados em uma escala regional (Bastiaanssen, 2000). A vantagem dos modeloshidrolgicos que o impacto de transferncia da gua entre os competitivos setores

    podem ser simulados e estudados por meio da induo dos seus efeitos em cenrios da

    hidrologia regional. Entretanto, destaca-se como desvantagem a exigncia de extensos

    dados de campo para realizar as simulaes numa possvel escala regional. A principal

    vantagem de aplicar procedimentos de ET baseados no sensoriamento remoto que a

    gua consumida pelo sistema solo-gua-planta pode ser obtida diretamente sem a

    necessidade de quantificar outros complexos processos hidrolgicos.

    Segundo Comparo et al. (2008), o potencial das imagens baseadas no

    sensoriamento remoto por satlite em examinar padres espaciais de distribuies

    regionais da ET foi investigado por vrios pesquisadores. Estes esforos resultaram no

    desenvolvimento de algoritmos que visam a estimativa da ET por sensoriamento

    remoto em escalas diversificadas. Algoritmos operacionais que tem produzido mapas

    de ET em escalas locais ou regionais so: o NLDAS (North American land data

    assimilation systems (Cosgrove et al., 2003)), o LIS (Land Information System (Peters

    Lidard et al., 2007)), o ALEXI (Atmosphere-Land Exchange Inverse (Anderson et al.,

    1997; Anderson et al., 2000)), o DisALEXI (Disaggregated ALEXI model (Agam et

    al., 2007)), o SEBS (Surface Energy Balance System (Su, 2002)), o S-SEBI

    (Simplified Surface Energy Balance Index (Roerink et al. 2000)), o SEBAL (Surface

    Energy Balance Algorithm for Land (Bastiaanssen et al., 1998a; Bastiaanssen et al.,

    1998b)), o METRIC (Mapping Evapotranspiration at High Spatial Resolution withInternalized Calibration (Allen et al., 2007a; Allen et al., 2007b)), bem como outros

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    algoritmos com distintos acrnimos (Nourbaeva et al., 2003; Ma et al., 2004;

    Schttemeyer et al., 2007).

    O SEBAL e o METRIC estimam o balano de energia usando condies

    trmicas extremas dentro de uma imagem ao escolher os chamados pixels quente e

    frio. Estes procedimentos fixam condies limites para o fluxo de calor sensvel da

    superfcie do solo (um dos principais componentes do balano de energia) por meio de

    estimativas da temperatura da superfcie via satlite. Esta emergente tecnologia tem o

    potencial de ser adotada e usada amplamente pelos comits de recursos hdricos ao

    redor do mundo. Os mapas de ET criados usando o SEBAL ou o METRIC, algum dia

    sero habitualmente aplicados como contribuio operacional diria e mensal e noplanejamento de modelos para operaes de reservatrio, manejo da gua no solo,

    planejamento do suprimento de gua na irrigao, regulamentao dos direitos de uso

    da gua, e estudos hidrolgicos.

    O METRIC difere do SEBAL por utilizar a evapotranspirao de referncia

    (ETo) calculada por meio de medies em estaes meteorolgicas, enquanto que o

    SEBAL pode ser aplicado com poucas medies a nvel de superfcie.

    Considerando que muitas reas do mundo no possuem dados meteorolgicos

    adequados, o SEBAL surge como uma opo atraente. Por outro lado, o METRIC

    permite a assimilao de medies de superfcie que podem melhorar a qualidade dos

    mapas de ET. A aproximao do SEBAL tem demonstrado boa preciso no

    mapeamento da ET ao redor do mundo, com precises de cerca de 85% e 95%,

    respectivamente, a nveis dirios e sazonais (Bastiaanssen et al., 2005). Na validao

    da ET estimada com a aplicao do METRIC em Idaho foram utilizadas medies

    lisimtricas precisas, mostrando que a ET estimada por meio do METRIC ficou na

    faixa dos 10% de erro nas escalas de tempo, diria, mensal e anual (Allen et al., 2003;

    Tasumi, 2003).

    O SEBAL possibilita o clculo do fluxo de calor latente (LE) pela diferena na

    equao clssica do balano de energia. O mesmo utiliza-se da temperatura da

    superfcie, da reflectncia hemisfrica da superfcie, ndices de vegetao (ndice de

    Vegetao da Diferena Normalizada - NDVI, ndice de Vegetao Ajustado para oSolo - SAVI e ndice de rea Foliar - IAF) e de alguns dados complementares de

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    superfcie, normalmente obtidos em estaes meteorolgicas automticas. Esse

    algoritmo tem sido amplamente empregado em vrias reas irrigadas do globo, a

    exemplo da bacia do Bear River (Allen et al., 2002).

    De acordo com Comparo et al. (2008) o SEBAL se destaca entre os demais

    algoritmos pelas seguintes razes: (1) Consiste em um algoritmo baseado fisicamente

    em anlises de imagens de satlite e requer um mnimo de informaes

    meteorolgicas; (2) Faz uso de um grande nmero de variveis ambientais e no as

    assume constantes espacialmente como feito em muitos outros mtodos; (3)

    reduzida a necessidade da correo atmosfrica das informaes em comprimentos de

    onda curta e trmica nas imagens (Tasumi, 2003), desde que a ET estimada dependaapenas de diferenas da temperatura radiomtrica na cena em vez do valor absoluto da

    temperatura de superfcie. Isto amplia a aplicabilidade do SEBAL uma vez que as

    medies necessrias para correes atmosfricas no esto freqentemente

    disponveis (Allen et al., 2007a); (4) No somente aplicado com o uso de imagens

    Landsat com resoluo espacial de 30 a 120 m, mas tambm com imagens de outros

    sensores como o AVHRR (Advanced Very High Resolution Radiometer) e o MODIS

    (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) nos quais possuem resoluo

    espacial que variam de 250 a 1100 m.

    O SEBAL constitudo, quase que totalmente, por parametrizaes fsicas bem

    estabelecidas e pouco complexas (Paiva, 2005), sendo que do total de passos existentes

    no algoritmo, poucos so aqueles que envolvem parametrizaes empricas

    (emissividade e temperatura da superfcie, emissividade da atmosfera, fluxo de calor

    no solo e comprimento da rugosidade aerodinmica para o transporte de momentum).

    Alm disso, essas parametrizaes foram confrontadas com dados de campo em

    diferentes partes do mundo, apresentando resultados promissores. Aeynew (2003)

    ressalta que as parametrizaes do SEBAL mostraram-se de grande importncia na

    demonstrao da diferena espacial da ET em condies de escassez de dados.

    Medina et al. (1998) citam que o SEBALcontm um nmero menor de relaes

    empricas e requer poucos parmetros experimentais. Para Bastiaanssen e Ali (2003),

    isso uma grande vantagem, uma vez que as aproximaes empricas necessitam deexcessivos programas de coleta de dados em campo que, em escala regional, so

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    bastante laboriosos e onerosos. A fsica envolvida no SEBALpermite o clculo dos

    fluxos em superfcie para uma ampla gama de uso do solo e calcula o balano de

    radiao e de energia completo para cada pxel da imagem sem a necessidade de

    extensivas medies de campo.

    Devido as caractersticas que colocam o algoritmo SEBAL numa posio de

    destaque, alguns estudos tm sido desenvolvidos, tais como: Bastiaanssen et al. (1998a

    e 1998b), Medina et al. (1998), Timmermans e Meijerink (1999), Bastiaanssen (2000),

    Bastiaanssen et al. (2000), Granger (2000), Bastiaanssen e Bandara (2001), Boegh et

    al. (2002), Aeynew (2003), Bastiaanssen e Chandrapala (2003), Chandrapala e

    Wimalasuriya (2003), Hemakumara et al. (2003), Tasumi (2003), Bastiaanssen e Ali(2003), Mohamed et al. (2004), Allen et al. (2005), Bastiaanssen et al. (2005), French

    et al. (2005), Gieske e Meijninger (2005), Paiva (2005), Ines et al. (2006), Kongo e

    Jewit (2006), Akbari et al. (2007), Conrad et al. (2007), Kimura et al. (2007),

    Compaor et al. (2008), entre outros.

    O SEBAL construdo de forma modular, permitindo que sejam acoplados

    outros modelos como o que foi desenvolvido por Monteith (1972) para a estimativa da

    produo de biomassa das culturas.

    A produo de biomassa vegetal ou a Produtividade Primria Lquida (NPP)

    pode ser definida pela quantidade de carbono assimilado no processo de fotossntese

    (Produtividade Primria Bruta, GPP), descontada a quantidade de carbono perdido

    durante os processos de respirao (Fonseca, 2004). A biomassa vegetal produzida a

    partir da fixao do dixido do carbono (CO2) atmosfrico, utilizando a radiao solar

    como fonte de energia, mais especificamente, a radiao solar que se encontra entre

    0,4 e 0,7 m, sendo esta faixa do espectro eletromagntico denominada de radiao

    fotossinteticamente ativa (PAR).

    O modelo de Monteith (1972) descreve o acmulo de biomassa por meio do

    somatrio ou acmulo da frao da radiao fotossinteticamente ativa absorvida

    (APAR) multiplicado por um fator de eficincia de converso da radiao em

    biomassa. Segundo Bastiaanssen e Ali (2003), possvel estimar o rendimento das

    culturas aps o conhecimento dos chamados ndices de colheita, que so encontrados

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    na literatura. Por exemplo, Bastiaanssen e Ali (2003) citam ndices de colheita para

    diversas culturas como: feijo, arroz, trigo, soja, sorgo, milho, cana-de-acar, etc.

    As tcnicas de sensoriamento remoto vm sendo empregadas nos ltimos anos

    visando a predio da produtividade agrcola (Bastiaanssen e Ali, 2003; Samarasinghe,

    2003). Diversos modelos tm sido desenvolvidos objetivando uma melhor estimativa

    da produo das culturas, nesse contexto, o modelo de Monteith (1972) tem sido

    adotado por vrios pesquisadores (Field et al., 1995; Bastiaanssen e Ali, 2003;

    Samarasinghe, 2003; Bradford et al., 2005) que utilizaram como dados de entrada do

    modelo, informaes obtidas de radimetros de alta, mdia e baixa resoluo espacial

    e temporal.Bastiaanssen e Ali (2003) acoplaram no algoritmo SEBAL o modelo de

    acmulo da biomassa proposto por Monteith (1972), juntamente com o modelo de

    eficincia do uso da radiao que foi estruturado por Field et al. (1995), com o

    objetivo de estimar a biomassa acima do solo (kg m-2) na bacia Indus no Paquisto; o

    mesmo foi realizado por Samarasinghe (2003) no Sri Lanka utilizando imagens

    obtidas pelo satlite NOAA-AVHRR (National Oceanic and Atmospheric

    Administration Advanced Very High Resolution Radiometer).

    Nas estimativas realizadas por Bastiaanssen e Ali (2003), com o uso de 20

    imagens do sensor AVHRR, cobrindo um ciclo anual da cultura, o SEBAL teve bom

    desempenho para as culturas do trigo, arroz e cana-de-acar, e, baixo desempenho

    para a cultura do a