2° Relatório de Química Orgânica - Síntese da Aspirina- impressão

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UNIVERSIDADE SALVADOR – UNIFACS ENGENHARIA QUÍMICA CATARINA OLIVEIRA MELO RAISA RICCIO TEIXEIRA REIS REAÇÃO DE ACILAÇÃO: PREPARAÇÃO E PURIFICAÇÃO DO AAS

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UNIVERSIDADE SALVADOR – UNIFACS

ENGENHARIA QUÍMICA

CATARINA OLIVEIRA MELO

RAISA RICCIO TEIXEIRA REIS

REAÇÃO DE ACILAÇÃO:

PREPARAÇÃO E PURIFICAÇÃO DO AAS

Salvador

2013

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REAÇÃO DE ACILAÇÃO: PREPARAÇÃO E PURIFICAÇÃO DO AAS

POR

CATARINA OLIVEIRA MELO

RAISA RICCIO TEIXEIRA REIS

Relatório referente à prática de Reação de acilação: Preparação e purificação do AAS, realizado por alunos do curso de Engenharia Química, disciplina Química Orgânica, professora Luciana Moreira.

Salvador

2013

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1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Um dos fármacos mais amplamente utilizados sem receita médica é a

aspirina. Nos Estados Unidos, mais de 15.000 libras são vendidas a cada ano. Não

é à toa que há um uso tão amplo quando se considera as aplicações medicinais de

aspirina, visto que este é um analgésico eficaz que pode reduzir leves dores de

cabeça, dor de dente, nevralgia (dor do nervo), dor muscular e dor nas articulações

(artrite e reumatismo). 1

A aspirina age como um antipirético (reduz febre) e como um agente anti-

inflamatório capaz de reduzir o inchaço e vermelhidão, associadas com a

inflamação. É um agente eficaz na prevenção de acidentes vasculares cerebrais e

ataques cardíacos, devido a sua capacidade de atuar como um anticoagulante

através da prevenção de agregação de plaquetas. 1

Estudos anteriores mostraram que o agente ativo que exibia essas

propriedades era o ácido salicílico. No entanto, este contém o grupo fenol e o grupo

do ácido carboxílico, resultando em um composto muito agressivo para a boca, para

o esôfago e para o estômago. 1

Descobriu-se, então, que o ácido acetilsalicílico era menos irritante, visto que

é hidrolisado no intestino delgado para formação do ácido salicílico, que, em

seguida, é absorvido na corrente sanguínea. A partir destes estudos, a Companhia

de Bayer na Alemanha patenteou o ácido acetilsalicílico, produto comercializado

como "aspirina", em 1899. 1

A relação entre o ácido salicílico e ácido acetilsalicílico é mostrado nas

seguintes fórmulas: 1

Ácido Salicilico Ácido Acetilsalicílico (Aspirina)

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O ácido acetilsalicílico é preparado por acetilação do ácido salicílico através

de um catalisador ácido com anidirido acético: 2

Ácido salicilico Ácido Acético

O composto chave na síntese de aspirina, o ácido salicílico, é preparado a

partir de fenol por um processo descoberto no século XIX pelo químico alemão

Hermann Kolbe. Na síntese de Kolbe, também conhecida como reação de Kolbe-

Schmitt, fenóxido de sódio é aquecido com dióxido de carbono sob pressão, e a

mistura da reação é subsequentemente acidifica para se obter o ácido salicílico: 2

Fénoxido de Sódio Salicilato de Sódio Ácido Salicilico(79%)

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2. OBJETIVOS

Compreender o mecanismo de acilação, mais especificamente acetilação;

Sintetizar a aspirina através da acetilação do ácido salicílico;

Purificar a aspirina através por recristalização e calcular o rendimento do

processo.

3. PARTE EXPERIMENTAL

.

3.1 PROCEDIMENTO

I. Em um erlenmeyer de 250 mL, foi adicionado 2,0 g de ácido salicílico

seco, 5 mL de anidrido acético e 3 gotas de ácido sulfúrico

concentrado;

II. O recipiente foi agitado e aquecido em banho maria a cerca de 50-

60°C durante 15 minutos;

III. Deixou-se a mistura esfriar, agitando-se de vez em quando;

IV. Após o resfriamento, adicionou-se 50 mL de água gelada;

V. Realizou-se a filtração a vácuo da mistura, lavando o sólido com água

gelada e pesando-o.

3.2 MATERIAIS UTILIZADOS

3.2.1 Vidraria:

Erlenmeyer;

Béquer;

Pipetas;

Bastão de Vidro;

Funil de Buchner;

3.2.2 Materiais diversos:

Conta gotas;

Pipetador;

Placa aquecedora;

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Funil de Buchner;

Bomba de vácuo;

Balança analítica;

3.2.3 Substâncias:

3 gotas de Ácido sulfúrico concentrado

2 g de Ácido salicílico seco

mL de Anidrido acético

50 mL Água gelada

Gelo

4. RESULTADOS

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De acordo com o experimento, dados obtidos e calculados, temos que:

Substânci

a

m(g) V d(g/cm³) MM(g/mol) N(mol)

Ácido

Salicílico

1,996 g 1,386 1,44 138 0,014

Anidrido

Acético

5,4g 5 mL 1,08 102 0,053

Ácido

Sulfúrico

---- 3 gotas 1,68 98 ----

Água 50g 50 mL 1,00 18 2,777

AAS 1,33 0,956 cm³ 1,39 180 0,0739

Ácido

Acético

---- ---- 1,05 60 ----

Após o aquecimento da reação em banho-maria à 53°C durante 15 min, obteve-se a homogeneização total.

Com a adição de água gelada à solução, já iniciado o processo de resfriamento, observa-se a formação de precipitado no fundo do Erlenmeyer.

Após a filtração, obtém como produto ácido acetilsalicílico, restando como resíduo líquido, o ácido salicílico, anidrido acético e ácido sulfúrico.

Após o resfriamento (em água gelada) da solução, observou-se à formação de cristais.

Massa do papel vazio 0,978g

Massa do papel + AAS 2,308g

Massa do AAS 1,33g

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5. DISCUSSÃO

A reação abaixo representa a acilação:

Através desta, podemos perceber que:

Como pode ser verificado através do cálculo estequiométrico, o reagente limitante,

aquele que indica quando a reação terá fim por estar em menor quantidade é o

ácido salicílico e o reagente em excesso, que não será totalmente consumido é o

anidrido acético.

A relação estequiométrica da reação indica que:

- Ácido Salicílico:

Sabendo que 138g ---------- 1 mol

1,996 g ------ X

X = 0,014 mol

- Anidrido Acético:

Sabendo que V = 5 mL = 5cm³

e d = 1,08 g/cm³

Temos que: m = 5,4g

Sabendo que 102g ---------- 1mol

5,4g ----------- X

X = 0,053 mol

Reagente limitante Ácido Salicílico

Reagente em excesso Anidrido Acético

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O rendimento deste experimento é obtido através de:

Cálculo da Massa Esperada:

Sabendo que n = 0,014 mol temos que:

1mol ------------ 180g

0,014 mol ------ X

X = 2,52 g AAS

%rend. = (Massa Obtida / Massa Esperada) x 100

%rend. = (1,33 /2,52) x 100

%rend. = 52,70 %

Através do cálculo de rendimento, pode-se verificar que a reação ficou dentro do

esperado, o ácido salicílico tem uma carboxila e um grupo hidroxila fenólico, assim

sendo, uma pequena quantidade de produtos poliméricos pode ser formada.

A perda no rendimento pode ser explicada através da: perda no erlenmeyer,

perda no funil de buchner durante a filtração à vácuo, perda ao retirar excesso de

umidade com papel absorvente. O peso encontrado no final da reação não se trata

apenas do ácido acetil salicílico, mas sim uma mistura deste com o ácido acético.

O ácido sulfúrico não é um reagente nesta reação, pois apenas serve para

aumentar a velocidade da mesma. Caso não utiliza-se o ácido sulfúrico a reação iria

ocorrer muito mais lentamente, o que poderia inviabilizar a reação.

Mecanismo de Reação (Reação de Acilação):

A reação de acetilação do ácido salicílico ocorre através do ataque

nucleofílico do grupo OH fenólico sobre o carbono carbonílico do anidrido acético,

seguido de eliminação de ácido acético, formando um subproduto da reação, o ácido

acetilsalicílico. A utilização de ácido sulfúrico concentrado (catalisador), nesta reação

de esterificação, torna-a mais rápida e prática.

-1ª Etapa:

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A etapa consiste na protonação do anidrido acético pelo ácido sulfúrico.

Forma-se então um cátion com um grupo hidroxila, este cátion é adicionado ao

grupo hidroxila do ácido salicílico, que fica com uma carga positiva.

-2ª Etapa:

Na segunda etapa, o próton é transferido para o átomo de oxigênio do cátion

adicionado. Por fim, ocorre uma reação de eliminação que origina ácido acético. O

outro produto converte-se no ácido acetilsalicílico apenas pela perda de um próton.

Após a síntese do AAS, torna-se necessária a sua separação e purificação do

restante dos compostos, isso ocorre com a adição de água gelada e filtração à

vácuo, o AAS será obtido na forma de cristais (insolúvel) e o resíduo líquido será

composto pelo acido salicílico que não foi convertido à AAS, o anidrido acético e o

acido sulfúrico.

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6. FLUXOGRAMA

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7. CONCLUSÃO

O ácido acetilsalicílico é facilmente sintetizado em laboratório fazendo-se

reagir com o anidrido acético e utilizando ácido sulfúrico como catalisador da reação.

A partir dos cálculos realizados fica evidente que  o reagente limitante nesta reação

é o ácido Salicílico.

Pudemos comprovar também que, como tínhamos visto na teoria, a

recristalização da aspirina deve ser feita com água gelada, já que em baixas

temperaturas se torna mais fácil a formação dos cristais.

Na prática obteve-se um rendimento satisfatório de 52, 7%. O afastamento em

relação ao teórico pode ser explicado pelo grau de conversão da reação, pelas

perdas no processo de separação e manuseio do produto. Conclui-se então que

este processo de síntese permite obter cristas de ácido acetilsalicílico com um

rendimento bastante positivo.

Sendo o AAS é um fármaco produzido em escala industrial é evidente a

importância do entendimento de sua síntese e purificação.

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8. ANEXOS

8.1 QUESTIONÁRIO

01)Sugerir uma proposta mecanística para a reação de acetilação do ácido

salicílico catalisada por ácido.

02)Na preparação da aspirina o tratamento do produto bruto com

bicarbonato de sódio remove qualquer material polimérico presente mas

não remove qualquer ácido salicílico que não reagiu. Explicar.

O bicarbonato de sódio quando é adicionado ao meio reage com o ácido

acetilsalicílico formando um sal de sódio que é solúvel em água, enquanto que o

produto lateral polimérico é insolúvel em bicarbonato. Esta diferença de

comportamento, na qual semelhante dissolve semelhante, torna o sistema

bifásico, onde o material polimérico pode ser facilmente eliminado, mas não

elimina o acido salicílico, já que este reagiu.

03)Considerando que a aspirina é um éster e sofre reação típica de ésteres,

explicar por que a mesma não deve ser recristalizada em água quente.

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O ácido acetil salicílico é solúvel em etanol e em água quente, mas pouco

solúvel em água fria. Por diferença de solubilidade em um mesmo solvente (ou

em misturas de solventes), é possível purificar o ácido acetil salicílico

eficientemente através da técnica de recristalização. Ou seja, a aspirina não deve

ser recristalizada em água quente, pois o aumento da temperatura favorece a

solubilização dos cristais, fato que não é desejado. E utilizando água fria o

processo inverso é realizado, ou seja, os cristais aparecem.

04)Explicar a finalidade da utilização de grupo protetor em síntese orgânica.

Os grupos protetores são utilizados em síntese orgânica com a finalidade de

livrar reativamente parte da molécula de reações que estejam ocorrendo em outra

parte da molécula. Ou seja, o ácido salicílico possui dois grupos funcionais, o

fenol e o grupo carbonila, sendo assim, o anidro acético serve como um grupo

protetor da carbonila presente no ácido salicílico, logo a reação só ocorrerá no

grupo fenol desta molécula.

05)Na acetilação da anilina para acetanilida, a mesma no final do processo

pode estar ainda contaminada de anilina, explicar como esta pode ser

removida.

A acetanilida é uma amida secundária sintetizada através da reação de

acetilação da anilina. Para um melhor rendimento realiza-se a purificação com o

carvão ativado, que atua adsorvente, adsorvendo as impurezas coloridas (anilina)

e mantendo a matéria resinosa e finamente dividida.

8.2 TOXICOLOGIA

Ácido salicílico: Nocivo por ingestão. Altamente irritante para os olhos e

levemente irritante a pele. Risco de sérios danos para os olhos.

Anidrido acético: Nocivo por ingestão. Os vapores são irritantes. Pode causar

queimaduras na pele. Pode causar irritações fortes aos olhos.

Ácido sulfúrico: Extremamente corrosivo, pode causar fortes queimaduras,

irritação aos olhos e vias aéreas.

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Ácido acetilsalicílico: Em doses muito altas pode causar queimaduras no

estomago e na boca.

9. REFERÊNCIAS

1. BETTELHEIM, Frederick A.; LANDESBERG, Joseph. Laboratory Experiments for General, Organic and Biochemistry. [s.i]: Harcourt Brace College, 2000.

2. CAREY, Francis A.. Organic Chemistry. 4. ed. University Of Virginia: Mcgraw-hill, 2000.

3. SOLOMONS, T. W. Graham; FRYHLE, Craig B. Química orgânica. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005.

4. MORRISON, Robert Thornton; BOYD, Robert Neilson. Química orgânica. 14. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2005.

5. Mecanismo de Reações Orgânicas. Disponível em:

<http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/sala_de_aula/mecanismos/mecanismos.

html>. Acesso em: 10 de maio de 2013.

6. Toxidade dos Reagentes. Disponível em:

<http://www.unifor.br/hp/disciplinas/n307/toxicidade_dos_reagentes.pdf> Acesso

em 10 de maio de 2013.