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 CAPÍTULO I TEORIA CINOTÉCNICA

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  • CAPTULO I

    TEORIA CINOTCNICA

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    INTRODUO '' O melhor amigo do homem o co '' . Esta frase antiga, mas exprime a maior e extraordinria realidade que se tem notcia, sobretudo, porque o co um ser que acompanha o homem desde a pr-histria e tem se tornado, at os dias de hoje, um amigo leal e inseparvel. A cinofilia aspira assegurar ao co, condies de vida adequadas sua natureza, que incluem a presena e assistncia contnua de seu dono. Quem se prope a ter um co, como companheiro, dever tambm ter a obrigao de lhe oferecer condies adequadas para satisfazer todas as necessidades bsicas para a sobrevivncia deste animal, to querido pelo homem. Muitos criadores ou proprietrios tentam estabelecer a pureza das raas, em funo de seu emprego, em contrapartida, muitos executam cruzamento ao invs de acasalamento, at mesmo para criar uma nova raa canina. Para isso devemos saber a diferena entre cruzamento e acasalamento: - Acasalamento - a cobertura de ces entre raas idnticas; - Cruzamento - a cobertura de ces de raas diferentes. Atravs do cruzamento, pode-se criar, sim, uma nova raa, mas preciso estabelecer a utilidade que se prope neste cruzamento. J o acasalamento, tende a apurar uma determinada raa, atravs do estudo da rvore genealgica, que o que vai determinar a pureza de uma raa. Mas o que significa realmente uma raa pura? Em zootecnia diz-se que pertence a uma raa pura, aqueles animais domsticos que ao se reproduzirem, transmitem de maneira constante as prprias caractersticas da raa em questo, ou seja, caractersticas morfolgicas, psquicas e suas aptides para cumprir determinadas tarefas. Entretanto, podemos considerar puras, as raas depois de 05 geraes semelhantes. Geraes semelhantes, quer dizer que os filhotes nascidos desses animais, guardam as mesmas caractersticas de aparncia geral de cor e propores. Em suma, a seleo, portanto, tende aperfeioar paulatinamente as caractersticas tpicas de cada raa, de modo que os dotes fsicos e psquicos perpetuem-se nos filhos, tornando o co cada vez mais apropriado para a vocao da raa a qual pertence.

    II - APARECIMENTO DO CO Qual ser o co mais antigo que se possa encontrar na histria do mundo? Bem; a maioria dos paleontlogos reconhece o antepassado do co

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    no MYACIS, um pequeno mamfero, maior que uma doninha , com pernas curtas, rabo comprido, corpo alongado, pescoo relativamente longo e orelhas pontudas, membros relativamente curtos, providos de 05 dedos prensis, dotados de garras parcialmente retrteis e mostrava caractersticas muito primitivas, especialmente no crnio, que carecia de ampola timpnica ossificada, por esse motivo alguns cinlogos acreditam ser ele o percursor dos gatos e ursos, lobos chacais e que alguns tipos candeos evoluram a partir de suas ramificaes. Viveu na era Eocenio, 60 milhes de anos na regio que hoje fica a sia. O myacis um ancestral tanto dos candeos como de famlias como a do Guaxinim, do Urso, da Fuinha, da Hiena e de outros. O myacis deu origem a uma variedade de candeos primitivos com caractersticas que se assemelhavam a hienas, outros aos ursos e outros aos ces modernos. H 20 milhes de anos, existia um animal semelhante ao co, chamado de Mesocyon. Tinha mandbulas menores, cauda e corpo compridos e pernas atarracadas. As patas traziam 5 dedos separados, diferente do co atual que tem 4 dedos juntos. Entre 15 20 milhes de anos atrs, o Myacis evoluiu para um animal chamado de CYNODICTIS , que era um animal de tamanho mdio, mais comprido que alto e com pelagem densa. O Cynodictis evoluiu, por volta de 10 15 milhes de anos, para o chamado TOMARCTUS , que tinha mandbula comprida e crebro maior, cauda longa e peluda e j revelava instintos sociais, sendo esse possivelmente o predecessor dos ces atuais, pois tinha formas mais assemelhadas ao gnero Canis: com ampola timpnica volumosa e bem ossificada e soldada completamente no crnio. possvel que os primeiros ces surgiram aproximadamente 100.000 anos, oriundos dum pequeno lobo que vivia na ndia. A tese mais difundida pelos cinfilos que atravs do tomarctus, o co domstico compartilha um ancestral comum com todos os outros animais do gnero Canis, inclusive os lobos, chacais, raposas e ces selvagens. Raas caninas que hoje conhecemos, apresentam uma diversidade muito acentuada de aspectos distintos, cuja explicao, no est somente na tendncia natural do Canis familiaris variao, mas tambm nos efeitos de uma domesticao muito antiga, ou seja, na interveno do homem que atravs dos tempos trabalhou para obter a fixao dos distintos caracteres fsicos e psquicos, apropriados para satisfazer diferentes interesses utilitrios ou esportivos ou ainda para desenvolver a inclinao fidelidade e ao afeto que o co, nico entre os animais, no tardou em manifestar-se. 1. Os Ancestrais do Co.

    Distinguimos nos stios arqueolgicos da Europa vrios tipos de ces: os maiores teriam se originado dos grandes lobos do Norte (tinham o

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    tamanho, na cernelha, dos atuais Dogues alemes) e teriam dado origem aos ces Nrdicos e aos grandes ces pastores. Os menores, morfologicamente perto dos dingos selvagens atuais, achariam suas origens nos lobos menores da ndia ou do Oriente Prximo. Os mais antigos esqueletos de ces descobertos datam de cerca de 30.000 anos depois do aparecimento do homem de Cro-Magnon (Homo sapiens). Eles sempre foram exumados em associao com o resto das ossadas humanas e a razo pela qual mereceram, em seguida, a denominao de Canis familiaris. Parece lgico pensar que o co domstico descende de um candeo selvagem pr-existente. Entre estes ascendentes em potencial figuram o lobo (Canis lupus), o chacal (Canis aurus) e o coiote (Canis patrans). Por outro lado, na China que os antigos vestgios de ces foram descobertos, enquanto que, nem o chacal, nem o coiote foram identificados nestas regies. Na China tambm, foram encontradas as primeiras associaes entre o homem e uma variedade de lobos de tamanho pequeno (Canis lupus variabilis) que remonta a 150.000 anos. A coexistncia dessas duas espcies, num estgio precoce de sua evoluo, parece confirmar a teoria do lobo como ancestral do co. Essa hiptese foi reforada recentemente por vrias descobertas, notadamente: o aparecimento de certas raas de ces nrdicos diretamente originados do lobo; o resultado de trabalhos genticos comparando o DNA mitocondrial destas espcies, revelando uma semelhana superior a 99,8% entre o co e o lobo, enquanto ela no ultrapassa 96% entre o co e o coiote; a existncia de mais de 45 subespcies de lobos que poderiam estar na origem da diversidade racial observada nos ces; a semelhana e compreenso recproca da linguagem de postura e da linguagem vocal entre essas duas espcies. A grande semelhana entre ces e lobos complicam o trabalho dos arquelogos para fazer uma distino precisa entre os vestgios do lobo e do co quando estes so incompletos ou quando o contexto arqueolgico torna a coabitao pouco provvel. Com efeito, o co primitivo s se diferencia do seu ancestral por alguns detalhes pouco fiveis, como o comprimento do focinho, a angulao do stop ou ainda distncia entre os molares cortantes e os tubrculos superiores. O nmero de candeos predadores certamente foi muito inferior ao de suas presas, o que vem a diminuir as chances de se descobrir os seus fsseis. Todas essas dificuldades, as quais se juntam as possibilidades de hibridao co-lobo, permitem entender porque os numerosos elos sobre as origens do co restam ainda a serem descobertos e, notadamente, as formas de transio entre Canis lupus variabilis e Canis familiaris que talvez permitiro, algum dia, encontrar uma resposta entre as diferentes teorias.

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    Observamos, no entanto, que toda teoria de difuso que atribui s migraes humanas as responsabilidades de adaptaes do co primitivo, no exclui a teoria evolucionista que sustenta que as variedades de ces provm de diferentes centros de domesticao do lobo. 2. A Batalha das Teorias. Numerosas teorias fundadas em analogias sseas e dentrias, h muito tempo se enfrentaram para atribuir a uma ou outra espcies que so o lobo, o chacal e o coiote, a qualidade de antepassado do co. Outras lanaram a hiptese segundo a qual as raas de ces, to diferentes quanto do Chow-Chow ou a do Galgo, poderiam descender de espcies diferentes do mesmo gnero Canis. Fiennes, em 1968, atribua mesmo s quatro subespcies distintas de lobos (lobo europeu, lobo chins, lobo indiano e lobo norte-americano) a origem dos quatro grandes grupos de raas de ces atuais. Alguns, enfim, supuseram que cruzamentos entre essas espcies poderiam estar na origem da espcie canina, argumentando o fato de que os acasalamentos lobo-coiote, lobo-chacal ou ainda chacal-coiote so frteis e podem produzir hbridos frteis, apresentando todos 39 pares de cromossomos. Esta ltima teoria de hibridao, parece agora invlida pelo conhecimento das barreiras ecolgicas que separam essas diferentes espcies na poca do aparecimento do co e tornavam notadamente impossveis os encontros entre coiotes e chacais. Os lobos, quanto a eles, estavam onipresentes, mas a diferena de comportamento e de tamanho com as outras duas espcies tornavam os acasalamentos interespecficos altamente improvveis, o que refutava entre outras, a hiptese atribuindo a "paternidade" do co a uma hibridao entre o chacal (Canis aureus) e o lobo cinzento (Canis lupus).

    3. Concluso. A diversidade de opinies e a fragilidade encontrada na maioria das teorias impedem os estudiosos chegarem a uma concluso concreta. Os bilogos e cinlogos especulam permanentemente a respeito de qual candeo teria sido domesticado para produzir o co domstico, sendo que o lobo e o chacal so tidos como candidatos mais provveis. 4. A Domesticao do Co.

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    Como em toda domesticao, o processo de familiarizao do lobo se fez acompanhar de vrias modificaes morfolgicas e comportamentais em funo de nossa prpria evoluo. Assim, as mudanas observadas nos esqueletos demonstram um tipo de regresso juvenil denominada "pedomorfose", como se os animais, quando se tornavam adultos, tivessem guardado, com o passar das geraes caractersticas e certos componentes imaturos: reduo do tamanho, diminuio da cana nasal, pronunciamento do stop, latidos, gemidos, atitudes ldicas... que fazem certos arqueozologos afirmarem que o co um animal que permaneceu no estgio de adolescncia, cuja sobrevivncia depende estritamente do homem. Paradoxalmente, este fenmeno acompanhado de uma reduo do perodo de crescimento, levando a um avano do perodo de puberdade e permitindo assim, um acesso reproduo mais precoce, que explica porque, nos dias de hoje, a puberdade mais precoce nas raas de ces de pequeno porte do que nas raas grandes, em todos os casos mais precoces do que nos lobos (cerca de dois anos). O Homem e o co pertencem a grupos sociais diferentes, mas sua associao mostrou-se vantajosa para ambas as espcies. Por outro lado o co fica a merc do controle e seleo feita pelo homem. Segundo dados arqueolgicos a domesticao do co teria ocorrido h aproximadamente 14.000 anos quando o lobo foi trazido para dentro da estrutura social humana. Para tanto o processo de amansamento j estaria ocorrendo desde o momento que agrupamentos de lobos passaram, graas a facilidade na obteno de alimentos, a habitar prximos aos assentamentos humanos. Esses grupos tornaram-se isolados reprodutivamente da populao mais selvagem dando incio ao processo que levaria a linhagem dos ces. Segundo Hemmer (1990) a principal mudana ocorrida seria a sua "percepo de mundo". Isto significa que enquanto uma alta sensibilidade e estado de alerta combinado com reaes rpidas ao estresse seriam necessrias para a sobrevivncia do animal no estado selvagem, caractersticas opostas de docilidade, diminuio do medo e tolerncia ao estresse, so os requisitos da domesticao. Para que isto fosse possvel mudanas estruturais deveriam ocorrer. Entre outras, mudanas hormonais, reduo no tamanho do crebro, diminuio da acuidade e sensibilidade da audio e viso e reteno das caractersticas e comportamentos juvenis na vida adulta. Os primeiros ces domesticados, foram provavelmente exemplares de uma espcie de lobo que se alimentavam de restos da caa que o homem primitivo deixava ao redor de suas habitaes no oriente antigo. Talvez os primeiros " homo sapiens " tenham caado estes animais como alimento e ao criarem os filhotes deles, tenham descoberto sua utilidade para realizao de determinadas tarefas.

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    Muito embora, a importncia histrica no seja equivalente a domesticao do cavalo, por exemplo, a relao entre o homem e o co, qualquer que seja a sua origem, levou de maneira rpida, que houvesse uma simbiose e consequentemente resultados significativos para a cultura e a solidariedade humana, onde o homem passou a explorar todo potencial existente no co em beneficio prprio e de outrem. O co, dentre os animais domsticos, tm uma importncia fenomenal, pois nas vrias virtudes existentes nele , principalmente no que tange o seu emprego (guia de cegos, pastor, companhia, de guarda etc.) , eles causam um efeito psicolgico positivo no ser humano. 5. Vejamos agora alguns parentes prximos do co: - LOBO CINZENTO - Amrica do Norte, Europa, sia e Oriente Mdio; - LOBO CASTANHO - Sudeste dos Estados Unidos; - COIOTE - Canad e Estados Unidos; - CHACAL - frica, Europa e sia; - RAPOSA - Em quase todas as partes do mundo; - CACHORRO DO MATO - Florestas Sul-americanas. # Estes so os mais conhecidos, entretanto, existem outros, mas sem importncia para o nosso estudo cinotcnico.

    III - UTILIZAO DO CO PARA MISSES EM TEMPO DE GUERRA E PAZ

    H muito tempo e em quase todos os lugares do mundo, foram confiadas aos ces as mais diversas tarefas, algumas delas pouco pacficas. So relatados casos de ces-de-guerra entre os egpcios, os sumrios e nos exrcitos de Ciro e Alexandre Magno. Os romanos utilizavam de ces, em suas legies, cobertos de couro e portando fogo em recipientes de bronze, para incendiar acampamentos inimigos. Estes tambm portavam colares com pontas de ferro e lancetas para ferir e lacerar cavalos e homens. No sculo XIV, ces eram forados a engolir tubos de metal que continham mensagens e informaes, pois s os animais tinham livre trnsito, entre fronteiras. Ao chegarem em seus destinos, eram sacrificados, e assim recuperava-se a mensagem. No sculo XVI, na guerra franco-britnica, Henrique VIII utilizou-se de mais de 500 ces contra Carlos V da Frana. Os conquistadores tambm usaram ces no aniquilamento dos imprios inca e asteca. Os ndios dos Estados Unidos da Amrica (EUA) aproveitavam seus

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    ces como sentinelas em seus acampamentos, na captura de invasores e como fonte alimentar. No final do sculo XIX, os alemes utilizaram ces de grande porte como agentes de ligao ou sentinelas. A Alemanha entrou na guerra em 1914, com aproximadamente 6.000 ces treinados, em clara vantagem contra os cerca de 250 ces sanitrios do exrcito francs que, em virtude da evoluo do conflito para a guerra de trincheiras, foram desativados e posteriormente utilizados para com seu faro apurado, detectar a presena de gases txicos e outros engenhos qumicos. Com a experincia na utilizao dos "pioneiros" ces transportadores de mensagens, teve incio o uso de ces de ligao que, alm de transportar uma mensagem na sua coleira, ainda transportavam um pombo correio em um colete destinado resposta da mensagem. Outra funo bastante desempenhada pelos ces durante a 1 Guerra foi a de transportador de vveres e munies. Esses ces foram bastante utilizados no ps-guerra na reconstruo das cidades e na reabilitao dos mutilados no conflito. Tambm est registrado o emprego de ces na vigilncia de campos de prisioneiros e no rastro de foragidos. No deflagrar da 2 Grande Guerra, outra vez os ces foram utilizados. principalmente na preveno de sabotagens e para economia dos efetivos em funes de guardas e sentinelas. No dia 15 maio 1941, quando se discutia uma lei de emergncia, para autorizar o sacrifcio de todos os animais domsticos, inclusive os ces, para atenuar a crescente escasses de alimentos produzida pelo bloqueio dos submarinos alemes. Foi nesse teatro de guerra que o co pastor aparece pela primeira vez como elemento ativo e perfeitamente coordenado, causando pnico nas linhas de defesa britnicas. Os alemes utilizaram cerca de 30.000 ces de guerra, que dissolveram 18 centros de resistncia, fazendo uma ocupao fantstica, no que culminou com a priso de 1830 soldados ingleses e gregos. Deve-se ressaltar, nessa fase, o emprego por parte da antiga Unio Sovitica de cerca de 40.000 ces "suicidas", armados com bombas e usados para conter o avano da diviso Panzer alem. Em agosto do mesmo ano, quando os alemes preparavam um grande ataque Moscou, as autoridades moscovitas enfrentaram ento um grave problema: o de preparar com urgncia um sistema de defesa e ataque contra os blindados alemes. Foi ento que o Capito Smirnoff sugeriu a idia do emprego de ces, criando uma novidade no adestramento para a guerra. Um adestramento de emergncia foi preparado para ces de salvamento e para " vira-latas", que consistia em condicionar os animais a receberem alimentao em baixo de veculos blindados semelhantes aos dos alemes. Na madrugada de 09 de outubro de 1941, com uma temperatura de 20 abaixo de zero, foi ordenado o emprego de todas as unidades caninas em todas as rotas e em todos os pontos de partida considerado ideais para o avano das tropas russas. A alimentao dos ces fora cortada anteriormente

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    e os soldados russos permaneceram imveis com seus ces famintos nas trincheiras especialmente preparadas para permitir a passagem das fora mecanizadas alems. Cerca de 3000 tanques atravessaram as defesas Soviticas, deixando atrs de si, ncleos Soviticos de resistncia providos de ces perfeitamente organizados. Estes animais, ao pressgio do ataque inimigo tinham ficado sem comer por dois dias e foram adaptados ao dorso dos ces, cargas explosivas acionadas por uma antena magntica. Posteriormente foi dada a ordem para que os ces fossem soltos, partindo velozmente em direo aos comboios alemes destruindo-os com muita eficincia. De acordo com um comunicado posterior, foram destrudos 1500 tanques e mais de 1200 veculos motorizados alemes. Moscou, Leningrado, Kiev, eram algumas das cidades tidas como referncia para treinamento de ces de guerra. Durante o perodo da guerra fria, os russos davam tamanha importncia ao co de guerra e seus ces tinham um regime alimentar superior aos do povo. Na dcada de 70, os ces tambm foram bastante utilizados no Oriente Mdio; o exrcito israelense formou diversas unidades de treinamento para ces de guerra. Com o advento da Guerra da Coria, pela primeira vez foram utilizados ces treinados de forma homognea e com destinao definida, os ces patrulheiros. Dados estatsticos do K-9 Unity creditam aos ces empregados nesse conflito uma diminuio em cerca de 60% nas baixas de combatentes norte-americanos nas misses de patrulhas. Aps o trmino da guerra da Coria e a observao do emprego de ces pelo exrcito dos EUA durante o conflito do Vietn, o Exrcito Brasileiro viabiliza a utilizao de Ces-de- Guerra; por meio da portaria n 318-GB, de 12 de outubro de 1967, que aprovava e mandava pr em execuo o Manual C42-30 Adestramento e Emprego de Ces-de-Guerra e da portaria n 932, de 24 de junho de 1970, que autorizava o emprego de Ces-de-Guerra nas organizaes militares de Polcia do Exrcito, no Curso de Operaes na Selva e Aes de Comando e na Brigada de Infantaria Pra-quedista. J nos tempos de paz, o co empregado principalmente em misses policiais, em aes de salvamento, busca e salvamento de pessoas desaparecidas e ou fugitivas, no combate ao narcotrfico e em competies desportivas, na segurana de pontos e reas sensveis, desfiles cvico-militares, escolta e guarda de presos, operaes de controle de distrbios e de garantia da lei e da ordem, revista de instalaes e patrulhamento de rea e revista de pessoas.

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    IV - DAS CLASSIFICAES CANINAS

    As primeiras enumeraes de raas, remontam a Aristteles, no mundo greco-romano, que classificava os ces de acordo com sua conformao fsica (grandes e pequenos). Em 1576, Caio escreve o Trattato Delle Razze Canine (Tratado de raa canina). Uma outra classificao, surge no ano de 1755, feita por Buffon, que ordena 30 raas segundo a forma e o porte das orelhas: eretas, semi-eretas e tombadas. Sessenta anos depois (1815) , Cuvier (criador da anatomia comparada) estabelecia uma classificao baseada na conformao do crebro. Um ingls, chamado Hugh Dalziel, um cinlogo menos ligado a anatomia e mais prtico, simplificava a classificao canina como: de caa, de utilidade e caseiro. Na metade do sculo XIX, Pierre Mgnin, classificou os ces em 04 (quatro) tipos: Lupo, braco, molosso e lebreiro. A partir de 1952, os cinlogos se inspiraram ao sistema de Mgnin, adaptando-o s condies atuais dividindo-o em 06 (seis) tipos: 1. MOLOSSIDES (ces do tipo molosso) 2. LUPIDES (ces do tipo lobo) 3. LEBREIRIDES (ces do tipo lebreiro ou galgo) 4. BRACIDES (ces do tipo braco) 5. VULPINIDES (ces do tipo vulpino) 6. BASSETIDES (ces do tipo bass) As caractersticas fundamentais dos 06 tipos so: 1. MOLOSSIDES - cabea macia, redonda ou em cubo, focinho em geral curto, lbios espessos e longos, stop considervel, corpo macio, freqentemente gigantesco, ossatura pesada. Exemplos de alguns molossides: a) Porte grande (alm de 65 cm de altura):

    - Dogue Alemo - Mastiff Ingls - So Bernardo - Mastim Napolitano - Fila Brasileiro

    b) Porte mdio (50 - 60 cm):

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    - Rottweiler - Mastim de Bordeaux - Boxer - Bullmastiff

    c) Porte pequeno (35 - 50 cm): - Boston Terrier - Buldogue Ingls - Buldogue Francs

    d) Ano (abaixo de 35 cm):

    - Pug - Griffon de Bruxelas

    2. LUPIDES - cabea lembrando uma pirmide horizontal, focinho alongado e estreito, lbios delgados e bem aderentes, orelhas geralmente eretas, stop pouco acentuado, corpo bem proporcional e gil. Exemplos de alguns lupides: a) Porte mdio (50 - 65 cm de altura):

    - Pastor Alemo - Pastor Belga - Dobermann - Collie - Schnauzer

    b) Porte pequeno (35 - 50 cm):

    - Fox Terrier - Basenji - Irish Terrier - Fox Terrier Brasileiro

    c) Ano (abaixo de 35 cm):

    - Pinscher - Manchester - Chihuahua

    3. LEBREIRIDES - cabea em forma de cone alongado, crnio estreito, orelhas pequenas e caindo para trs, s vezes eretas, focinho longo e afilado, entretanto, potente, stop quase inexistente, nariz pronunciado sobre a boca, lbios delgados e aderentes, corpo arqueado com membros afilados com ventre reentrante. Exemplos de alguns lebreirides:

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    a) Porte grande (acima de 65 cm de altura):

    - Irish Wolfhound Irlands - Borzi - Afghanhound - Greyhound

    b) Porte mdio (50 - 65 cm):

    - Galgo Espanhol - Whippet - Saluki

    c) Porte pequeno (35 - 50 cm): - Greyhound Italiano - Chinese Crest Dog

    4. BRACIDES - cabea prxima da forma prismtica, com focinho quase to largo na base quanto na extremidade, orelhas grandes e tombadas, lbios longos e pendentes, stop pronunciado, corpo robusto. Exemplos: a) Porte mdio (50 - 60 cm de altura):

    - Braco Italiano - Pointer Alemo - Weimaraner - Setter Irlands - Setter Ingls - Retriever do Labrador - Dlmata - Poodle

    b) Porte pequeno (35 - 50 cm):

    - Beagle - Spaniel Breto - Cocker Spaniel Ingls

    5. VULPINIDES - plos geralmente longos, cauda retorcida por sobre o dorso, cabea de tipo lupide mas com o crnio mais largo e focinho mais delgado, lembrando uma raposa, orelhas pequenas e eretas, corpo curto e compacto. Exemplo de alguns vulpinides: a) Porte mdio (50 -60 cm de altura):

    - Chow Chow - Samoieda - Spitz

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    - Elkhound Noruegus b) Porte pequeno (35 - 50 cm):

    - Esquim [ Husky o nome comum de todos os ces-de-tren, compreendendo o Husky - siberiano (EUA); Malamute - do - Alasca (EUA)].

    - Keeshond c) Porte ano (menos de 35 cm):

    - Bolonhs - Malts - Pappilon - Vulpino Italiano - Yorkshire Terrier - Pomernia

    6. BASSETIDES - pernas desproporcionalmente pequenas em relao ao corpo, com patas tortas ou retas. Exemplos de alguns bassetides: a) - Dachshund ou Teckel

    - Bassethound - Sealyham Terrier - Skye Terrier - Scottish Terrier - Welsh Corgi - Pequins - Spaniel Japons

    notrio tambm, observar traos de lebreiros em alguns dobermanns , aspectos de lupismo no crnio de alguns mastins e assim por diante. O esforo dos criadores reside justamente em eliminar o mximo possvel, por meio de seleo os indivduos que tm uma evidente tendncia mutante que os distancia em demasia do tipo almejado. claro que ningum infalvel, e que em algumas classificaes observamos alguns pontos fracos, por exemplo: O retriever do labrador colocado entre os bracides, poderia ser classificado entre os molossides; o lupide dobermann, devido a certos traos (forma da cabea), aproxima-se dos lebreirides; a cabea do chihuahua est mais para vulpinide, e assim por diante...

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    V - OS SENTIDOS DO CO muito difcil para uma pessoa, compreender como o seu co percebe o mundo. No corpo humano grande parte das informaes sensitivas que recolhemos so visuais, portanto torna-se difcil imaginar um universo dominado pelos cheiros. Sem o objetivo de detalhar as capacidades sensoriais da espcie canina, mas sim oferecer algumas informaes, para elucidar como os ces percebem o mundo a sua volta, vamos analisar cada um dos sentidos caninos. Os sentidos dos ces so bem desenvolvidos e dotados de rgos receptores, cuja funo perceber os estmulos externos e transmiti-los ao crebro para a ao apropriada. Entenda melhor o comportamento dos ces, conhecendo os seus sentidos. Vejamos os sentidos: - viso: Podemos afirmar que o co no tem uma boa viso, independente das

    variaes da acuidade visual de raa para raa. O co distingue cores, ao contrrio da lenda que se criou de que sua viso seria em preto e branco, a verdade que sua capacidade de diferenciar os matizes das cores muito menor do que a do homem. Ele tem no fundo do olho um membrana chamada retina que apresenta dois tipos de foto-receptores, os cones e os bastonetes Os bastonetes transmitem as sensaes de claridade e os cones, alm dessas sensaes, tambm transmitem as cores, assim os ces enxergam todas as cores no espectro entre violeta e vermelho, mas sem diferenciar sua tonalidades, ou seja, as enxergam num s tom. Em alguns aspectos o co leva vantagem sobre o homem, seu campo de viso mais largo, em virtude da posio dos olhos tenderem para os lados da cabea, fazendo com que eles fiquem mais bem inteirados do que ocorre a sua volta, alm de enxergarem melhor que o homem em ambientes com pouca luz. Os ces apresentam uma melhor viso diurna, porm aps quarenta minutos de permanncia em ambiente escuro, a sensibilidade da retina aumenta, permitindo tambm uma boa viso noturna. A viso no um sentido primordial para o co, mas sim secundrio, os estudos at agora efetuados no avanaram muito no conhecimento da viso na espcie canina, ainda no se pode saber exatamente como os ces vem o mundo que os rodeia. Todo o co tem que aprender a utilizar seus olhos. Em primeiro lugar, tem que aprender o aspecto de sua me, de seu dono e associar certos fatos com aparncia. Se for mordido por um co preto, possvel que venha a ter medo de todos os ces pretos que ele v. Se uma pessoa de chapu lhe pisa nas patas, pode sentir medo de qualquer pessoa que use chapu, at que aprenda que nem todas lhe pisam. Se toca um pedao de carvo quente, cor

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    vermelho vivo, e se queima, rejeitar todo objeto de cor semelhante por algum tempo. Deste modo, podemos observar que o co associa muitos agrados e desagrados por meio de sentido da viso, o que estar sempre presente no adestramento.

    - Audio: Ao contrrio da viso, a audio do co muito desenvolvida,

    fazendo com que ele perceba vibraes sonoras de altssima freqncia, que o ouvido humano no capta, alm de ter a capacidade de diferenciar sons diversos, como por exemplo, identificar o rudo do automvel do dono entre outros automveis da mesma marca e cilindrada. A audio tambm determinante na socializao do co, a aptido para reconhecer os diferentes sons emitidos pelos seus semelhantes, marca o inicio da socializao do filhote, fazendo com que os exemplares que ouvem mal, desde a sua infncia, por causa de uma deficincia auditiva, encontrem muitas dificuldades em se integrarem num grupo social. O co percebe vibraes sonoras entre 10.000 a 40.000 hertz; o homem, entre 16.000 a 20.000 hertz. Assim, o co percebe sons que o homem incapaz de ouvir: os infra-sons e os ultra-sons. Em relao intensidade, um homem pode perceber um som leve a quatro metros de distncia, enquanto o mesmo som percebido pelo co a vinte e cinco metros, e o localiza com preciso. Da a convenincia de recordar que o volume e o tom de voz empregados no adestramento so de suma importncia para o seu sucesso.

    - Paladar: Talvez de todos os sentidos dos ces, o que menos conhecemos

    o paladar, sabemos que paladar e faro esto interligados entre si, mas o faro prevalece sobre o paladar, basta notar que diante de um alimento o co primeiro cheira, para depois o abocanhar. O co efetivamente no saboreia, mas engole sem mastigar ou com poucas mastigadas. Por esta razo, o co um dos animais mais fceis de se envenenar. Se a substncia txica no tiver nenhum odor, ele poder ingeri-la independentemente do gosto que tenha.

    - Tato: Da sensibilidade externa dos ces, sabemos que eles respondem bem

    as carcias. Sensaes tteis, trmicas e dolorosas so recebidas pela pele e pela mucosa, mas nosso conhecimento do seu sentido do tato permanece rudimentar, parece que o tato do co muito pouco desenvolvido, pois o tecido das almofadas plantares no permite que colham informaes muito precisas. O tato menos importante para os ces, que qualquer dos outros sentidos. Um co sente o choque eltrico muito mais forte que o homem, provavelmente por ter um pouco mais de sal no sangue do que os seres humanos. Da nossa contra-indicao aos mtodos de treinamento que utilizam correntes eltricas.

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    - Olfato: Para ns o mundo feito essencialmente de imagens, enquanto o dos ces um mundo de cheiros. Para o homem um objeto deixa de existir assim que desaparece da sua viso, mas para o co mesmo quando o objeto j no est fisicamente ali, ele continua presente durante vrias horas ou mesmo dias, graas a seu cheiro. Entre os sentidos dos ces o mais desenvolvido o faro, embora existam diferenas muito grandes de raa para raa. A sensibilidade olfativa ainda muito importante para eles, pois o faro tem um grande papel na sua vida social. Os ces, como os seres humanos, possuem atitudes e limitaes intrnsecas em relao aos sensores olfativos. Sabe-se muito bem que um co possui a capacidade de detectar rastros de certos odores e que sua capacidade olfativa muito superior do homem. Algumas raas possuem o sentido do olfato melhor desenvolvido que outras. A herana, a inteligncia e o adestramento variam segundo cada co. No entanto, a prtica contnua de exerccios, melhora no s a produo no trabalho, como a atitude discriminatria de sua capacidade olfativa. O mundo, para o co, composto de dezenas de odores que se misturam e mudam continuamente. Mesmo assim ele capaz de diferenciar odores que o homem no tem condies sequer de detectar. Qualquer co capaz de detectar uma gota de sangue em cinco litros de gua e pode distinguir com facilidade cheiros de indivduos diferentes. No nariz do homem, o setor que contm clulas olfativas tem uma rea aproximada de quatro centmetros quadrados, enquanto num co Pastor Alemo esta rea de cerca de cinqenta centmetros quadrados. O nmero de clulas olfativas que o homem possui limita-se a cerca de cinco milhes, enquanto que um Basset possui cerca de duzentos milhes. Nada mais, nada menos que quarenta vezes mais do que o homem!

    - O sexto sentido: O que permite que um co afastando-se da sua casa, volte

    para ela mesmo depois de semanas de sacrifcios fsicos? Tudo seria explicvel se o co apenas tivesse percorrido caminhos j conhecidos, mas o que dizer da capacidade de voltar para casa de lugares distantes, as vezes centenas de quilmetros e por caminhos desconhecidos at ento. Como explicar essas proezas que certos ces so capazes. Ser que realmente existe um sexto sentido? Poder existir telepatia entre o co e seu dono? Alguns fatos parecem confirmar a existncia do sexto sentido, mas esse fenmeno foge do nosso conhecimento e ainda est envolto em muitos mistrios.

    VI - TEORIA DO ADESTRAMENTO Agora que j conhecemos o nosso amigo canino, passaremos a estudar um pouco sobre o adestramento e o adestrador.

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    1. Conceito: O adestramento consiste em tornar agradvel o comportamento do animal atravs de mtodos de ensinamento e treinamento, de acordo com seu temperamento, carter e memria, no permitindo que se torne teimoso, desobediente ou caprichoso. 2. Mandamentos do Adestrador: - Gostar de ces; significa que o adestrador deve conhecer o animal, seu

    temperamento, seu carter e aptides particulares; - Tratar os ces com justia; significa que o adestrador deve ser justo com o

    seu co, porm enrgico quando necessrio. Castigar o co sempre que esse fizer algo que, pela aula recebida for considerado errado. Elogiar o co sempre que esse executar um exerccio correto;

    - Corrigir o co visando sua educao; a correo serve durante o treinamento como forma de educao. Para se educar o co devemos usar mtodos especiais, que se iniciam desde o nascimento dos filhotes at a idade de adestramento. Corrigir no castigar;

    - Nunca passar a lio seguinte, sem que o co tenha aprendido a anterior; significa que o adestrador deve procurar ensinar corretamente a lio para seu co, dentro da seqncia de mtodo de adestramento, sem contudo escolher o exerccio mais fcil de assimilao, provocando assim uma confuso no programa a ser seguido. A seqncia no ensinamento dos exerccios no implica na execuo perfeita dos mesmos;

    - Nunca encerrar uma aula aps ter corrigido o animal; significa que o adestrador deve encerrar uma aula aps um resultado satisfatrio, seguido de elogios ao seu co e se possvel um pouco de recreao livre;

    - Saber comandar; significa que a voz de comando influenciar muito na obedincia do co. O animal distinguir perfeitamente as nossas vozes de comando, uma entonao mais forte para ele uma repreenso. As vozes de comando devem ser: claras, curtas e enrgicas, quando ordenamos; doce e suave, quando elogiamos; spera e rgida, quando corrigimos;

    - No deixar que o co se canse demasiadamente; significa que as aulas devem ser freqentes e mais curtas, no sendo necessrio que o adestrador fique horas com seu co no treinamento;

    - Nunca brincar com o co enquanto estiver ensinando um exerccio; significa que o adestrador no deve confundir elogiar o seu co quando esse fizer uma proeza, com a obrigatoriedade de agradar o seu co promiscuamente;

    - Muito cuidado no desenvolvimento do ataque; significa que o adestrador deve proceder da seguinte maneira: Nos ces de temperamento fraco, desenvolver o ataque com auxlio de bom figurante, esse ataque deve ser progressivo; nos ces de bom temperamento, o treinamento de ataque deve visar, educao, adaptao e especializao; nos ces de temperamento

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    forte, o treinamento visa exclusivamente a educao e o controle do animal. O maior defeito no treinamento de ataque a agressividade descontrolada do animal;

    - Evitar que o co fuja do treinamento; significa que o adestrador deve tomar muito cuidado nas mudanas de fases de adestramento, pois so nessas ocasies em que o co sofre uma transformao de comportamento no trabalho e o adestrador transmite uma certa preocupao e incerteza em conclui-lo.

    - Para evitar esse fracasso, somente seguir os nossos mandamentos acima. 3. Regra Geral: O adestrador precisa obter do co uma obedincia ativa, um trabalho executado alegremente e de boa vontade, e no uma obedincia passiva. Suas ordens e seus gestos, no devem jamais intimidar ou espantar o animal. O co adestrado no deve ser um escravo e sim um companheiro, um amigo, que trabalha por seu dono sem contudo visar qualquer vantagem ou recompensa. O adestrador deve esforar-se em captar a confiana do co e torn-lo afvel a si, obedecendo suas ordens prontamente. Uma vez comeado o treinamento, os exerccios devem ser ensinados por completo, pois se interrompida a aula podemos condicionar-lhe um defeito para sempre. os exerccios devem ser recapitulados em todas as aulas. Todas as vezes que o co foge do treinamento, sabemos que, o adestrador agiu mal, no tomando as precaues necessrias a fim de evitar que o co adquira esse defeito. Quando corrigimos um co, a reprimenda deve seguir, mediatamente, a falta cometida; preciso que, ao punir o co, essa punio ocorra no momento em que ele errou, e no depois de ter passado algum tempo. Domar no adestrar, brutalizar no punir. A brutalidade significa fraqueza do adestrador. As correes a serem empregadas no adestramento so: Reprimenda com palavras de entonao forte; um pequeno golpe na guia, de cima para baixo em relao ao pescoo do co. 4. Fatores que Limitam o Adestramento. H muito se conhecem as atitudes e o valor dos ces como ajudantes do homem em seus trabalhos. Somente nos ltimos decnios se examinaram e avaliaram, por meios cientficos, as possibilidades e os limites da atuao do co. As estatsticas demostram que um co com adestramento especializado logra, em certas atividades, uma eficincia fora de alcance do homem. No entanto, o co no infalvel e existem numerosos fatores que o agem diretamente e limitam sua capacidade, quais sejam:

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    - O Adestrador: O adestrador , sem dvida, o fator mais importante que influencia diretamente o xito ou o fracasso de um co. A experincia indica que um adestrador verdadeiramente aplicado, mas que no possui os conhecimentos ou a competncia devida, pode causar um considervel dano, j nos primeiros segundos de um exerccio de adestramento ou trabalho. Por este motivo, fundamental que o homem ou a mulher que se proponha a treinar um co, alm de conhecer os mtodos e tcnicas adequados, enquadre-se no perfil do adestrador ideal, isto , possua as seguintes qualidades: - Amor plos ces; - Autocontrole; - Boa forma fsica; - Calma; - Curiosidade em aprender; - Fora de vontade; - Pacincia e - Perseverana.

    fundamental a aplicao doutrinria do binmio homem/co. As atitudes mentais e gerais do adestrador se manifestam nas aes do co, ou seja, ele ser o seu reflexo. - Qualidade do Adestramento: O adestramento de ces resulta de anos de

    estudos e evolui, cada vez mais, com o passar do tempo. evidente que os ces no mudaram seus sentidos ao longo das geraes. O que muda, constantemente, nossa capacidade de aplicar mtodos acertados de adestramento, tento como resultado o aproveitamento adequado de tudo aquilo que um co pode oferecer. O desenvolvimento de uma nova atitude ou aumento da percia j existente no co dependem, totalmente, da qualidade do adestramento, de sua aplicao lgica e bem fundamentada, e no de mtodos empricos.

    O primeiro passo para um adestramento de qualidade consiste em estabelecer, com firmeza, os objetivos que se desejam alcanar e o que se espera da atitude canina. preciso elaborar cuidadosamente cada uma das fases do treinamento, para que se favorea uma progresso de maneira lgica e ordenada. Convm lembrar que um co no possui a mesma mente do homem e a capacidade de compreender varia de um para outro indivduo. Em conseqncia, alguns ces progridem com rapidez maior que outros. No entanto, com adestramento de boa qualidade, os resultados obtidos sero praticamente os mesmos.

    Embora possa variar o mtodo ou a tcnica, o segredo de todo condicionamento saber descobrir e explorar as qualidades do co. de suma importncia que o adestrador estude e conhea o seu co, para poder

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    utilizar o mtodo que mais convenha e assim obter o resultado desejado. O treinador deve estar sempre atento e em busca da perfeio, no permitindo que se fixem falhas.

    - Temperatura e Condies Climticas: Os ces suportam o calor menos do

    que o homem. A temperatura ambiental influencia muito sua capacidade de ao, podendo inclusive limit-la. O co no sua como o homem e, em conseqncia, tem dificuldade para dissipar o calor que seu organismo produz. A temperatura normal de um co 38,6 graus centgrados e, quando faz calor, ele pode estafar com facilidade. Quando a temperatura ambiente chega aos 31 graus centgrados, os ces em sua maioria comeam a ofegar e passam a dissipar o calor de seu corpo. A termorregulao obtida pelo ato de aumentar ou reduzir a freqncia respiratria, ocasionando a troca do ar aquecido (interior) pelo ar frio (exterior). Por isso, eles ficam ofegantes e com a lngua para fora. (Eles suam por entre os dedos, o que no interfere na sua termorregulao, mas umedecem os coxins plantares para que estes no se ressequem e rachem).

    Se o co aumentar sua atividade fsica ou for submetido a temperaturas cada vez mais altas, a temperatura de seu corpo pode elevar-se at 39,5 graus centgrados, a menos que essa temperatura seja motivada por alguma enfermidade. Se sua temperatura aumentar mais, ele necessitar de cuidados especiais. O mtodo mais lgico para reduzir esse fator limitativo consiste em evitar o aumento da temperatura corporal, oferecendo-lhe perodos de descanso regulares, intensidade de trabalho compatvel com o animal e o ambiente, e cuidadosa observao com o animal e o ambiente, e cuidadosa observao e avaliao de sua conduta e comportamento, antes que venha a prostrar-se por causa do calor.

    Os melhores momentos para trabalhar o co, em regies quentes, so os perodos mais frescos do dia: logo pela manh ou ao entardecer.

    A chuva ou a garoa tambm limitam o treinamento. aconselhvel que se evite trabalhar o co nessas condies.

    - Condies Fsicas: As condies fsicas em que um co se encontra so

    sumamente importante e influenciam sua capacidade de trabalho. No basta que se encontre bem de sade o que significa no estar sofrendo de nenhuma das numerosas enfermidades e parasitas que podem afet-lo, mas sim, deve estar em boas condies fsicas. Um co de trabalho, ao ser treinado, como um atleta e deve manter um nvel de capacidade fsica que lhe permita operar em situaes adversas e prolongadas.

    O estado de sade e as condies fsicas de um co devem ser observadas por seu adestrador e / ou proprietrio, o qual responsvel por sua manuteno. Ao aproximar-se de seu co, logo pela manh observe seu estado geral; verifique se ele est alegre ou triste, atento ou aptico, gordo

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    ou magro; examine as fezes e veja se esto pastosas em excesso e anormais; constate, enfim, se aparentemente ocorre a demonstrao de alguma alterao face ao que se apresenta no dia a dia.

    Lembre-se: os olhos do co so espelhos que refletem sua real condio interna. Atravs deles possvel ter uma noo exata do que est se passando com ele: se os olhos estiverem brilhando, atentos e bonitos, muito provvel que o co esteja bem; se eles se apresentam opacos, cados e sem vida, algo de errado est acontecendo.

    - Freqncia de Aulas: As aulas podem ser dirias, mas no devem

    ultrapassar cinqenta minutos, assim distribudos: - 15 (quinze) minutos para distenso, com brincadeiras, corridas, saltos e

    satisfao das necessidades fisiolgicas; - 20 (vinte) minutos de recapitulao dos exerccios j aprendidos e

    introduo de novo exerccio; - 15 (quinze) minutos finais para descontrao.

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    XII - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1. MARTINS, Clayton Marafioti (1 Ten PMSC). Cinotecnia, a Arte de Adestramento de Ces, Florianpolis, 1999.

    2. SOUZA, Claudionir (1 Ten PMSC). Apostila do Curso de Cinotecnia Para Oficiais - 01/2001, da PMESP, So Paulo, 2001.

    3. GRANDJEAN, Dominique. Enciclopdia do Co, aniwa publishing, Paris, 2001.

    4. VIL, Carles; SAVOLAINEN, Peter; MALDONADO, Jess E.; AMORIM, Isabel R.; RICE, John E.; HONEYCUTT, Rodney L.; CRANDALL, Keith A.; LUNDEBERG, Joakim; WAYNE, Robert K.. "Multiple and ancient origins of the domestic dog", Science 1997, 276, 1687-1689.

    5. TSUDA, Kaoru; KIKKAWA, Yoshiaki; YONEKAWA, Hiromichi; TANABE, Yuichi. "Extensive interbreeding occurred among multiple matriarchal ancestors during the domestication of dogs: "Evidence from inter-and intraspecies polymorphisms in the D-loop region of mitochondrial DNA between dogs and wolves" Genes Genet. Syst. 1997, 72, 229-238.

    6. WILSON, D. E.; REEDER, D. M.. Mammal Species of the World, Smithsonian Institution Press, 1993, 1206 pp.

    7. GEARY, Michael. Tudo sobre ces. Crculo do Livro, So Paulo, 1978.

    8. COREN, Stanley. A Inteligncia dos Ces, Editora Ediouro, So Paulo, 1996.

    9.ESPSITO, Breno Pannia. Em http://home.wolfstar.com/~infolobo/Cao.html

    10. FILHO, Hugo Biagi. Texto em http://www.allcompany.com.br/selectdog/p _especial.html.

    11. Seo de ces de Guerra do Exrcito Brasileiro texto retirado do site http://www.exercito.gov.br/05Notici/VO/173/caes.htm

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    CAPTULO II

    PRTICA CINOTCNICA

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    I - TTICA DE ADESTRAMENTO 1. Introduo. Quem se prope a educar e ensinar corretamente um co, deve ter, como primeira condio, um grande amor pelo mesmo, muita pacincia, calma, firmeza, perseverana e fora de vontade. fundamental que o adestrador reduza suas exigncias ao real nvel de condicionamento do co; que o capacite para os exerccios que ir praticar. Com uma educao, com base na firmeza, carinho e palavras afetuosas, se obter uma obedincia e submisso perfeita, e no por meio de medo ou castigo. Como em todos os animais, encontramos tambm nos ces, alguns desanimados, outros bem vivos, uns atentos, outros distrados, uns dceis, outros ferozes, com ou sem facilidade para aprender. Portanto de suma importncia, que o adestrador estude e conhea seu co, para logo se adaptar, obtendo o resultado a que se prope. 2. Desenvolvimento. O segredo de toda a educao e adestramento saber descobrir e explorar as qualidades j existentes no co. Um co de temperamento dcil, e portanto sensvel, no pode ser tratado com a rudeza de um que tenha temperamento forte. Quem conhece bem o animal e capaz de se compenetrar e entender o seu ntimo tem j facilitado a metade de seu trabalho. O co pode ser muito esperto e atrevido e logo perceber a falta de domnio de seu dono e de como tirar-lhe proveito. Portanto, temos que tomar o mximo cuidado para que o co no se converta em senhor de seu dono. Nunca bom demorar muito tempo na execuo de um mesmo exerccio, pois isso cansa e aborrece o animal. Temos que nos preocupar em fazer com que o animal trabalhe sempre entusiasmado, efetuando pequenas pausas, mudando de lugar, etc. Quando o co tiver aprendido vrios exerccios, no faz-lo execut-los sempre na mesma ordem a fim de no os mecanizar. Nunca devemos nos esquecer de elogiar e estimular o co quando ele executa o exerccio satisfatoriamente. S devemos castigar o animal quando ele executar errado um exerccio que j tenha aprendido e saiba fazer certo e rebelar-se, no querendo execut-lo. Se notarmos que o co aprendeu um exerccio e apesar disso o mesmo no quer execut-lo, e isso no for devido a falha do adestrador, devemos obrig-lo a efetuar novamente duas ou mais vezes, ainda que contra sua vontade, e uma vez realizado perfeitamente, se conceder ao co alguns

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    instantes de folga e brincadeira pelo prmio de seu trabalho. A alegria do co, ao ver-se solto, ser grande e momentos aps, possivelmente efetuar o exerccio com mais vontade. Devemos dominar o co com vigor e justia nunca permitindo a sua insubordinao. Elogi-lo sempre que fizer uma proeza, corrigi-lo sempre que fizer algo errado. Nunca terminar uma lio sem o co execut-la, nem aps corrigi-lo, pois o mesmo poderia tornar-se caprichoso. O adestrador deve usar o timbre de voz adequado nos comandos. Nunca brincar com o co durante a lio. As lies devem ser freqentes e curtas. Nunca devemos soltar o animal sem termos o perfeito controle sobre ele, e nunca correr atrs do mesmo quando ele foge do adestramento, devemos sim atrai-lo para ns, para que atenda nosso chamado. Observao: Todo o trabalho de adestramento, ser executado a um tero de guia, afim de no haver falhas no condicionamento, pois para corrigi-las, ser muito difcil e em alguns casos no se recupera mais o animal, criando vcios. As palavras de agrado so: Muito bem, Bravo. A correo ser executada da seguinte forma: o enforcador ajustado ao pescoo do co, a guia na posio nmero um; o adestrador dar um golpe firme e enrgico, comandando simultaneamente "Foy", de cima para baixo em relao ao pescoo do mesmo; lembrando que em alguns casos a guia no estar nesta posio, devendo o adestrador utilizar de suas habilidades e tcnicas.

    II - EQUIPAMENTOS PARA O ADESTRAMENTO 1. Guia de 1,5 mts e 10 mts. 2. Enforcador de elos, pesado, mdio e leve. 3. Rasqueadeira 4. Halter. 5. Sisal para mordedura. 6. Luva ou Manga de proteo. 7. Macaco de Couro para proteo. 8. Bastes para desenvolver guarda e proteo. 9. Peitoral.

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    III - POSIES E PARTES DA GUIA

    1. Partes da Guia. A guia divide-se em cinco partes a saber: 1. ala da guia; 2. suporte da ala; 3. corpo da guia; 4. suporte do mosqueto; 5. mosqueto; 2. Posies da Guia. 1. Posio um: a. Finalidade: Para a conduo do co em adestramento. b. Descrio: O adestrador segurara a guia pelo suporte do mosqueto com a mo esquerda, punho cerrado para baixo, enquanto a mo direita, introduzida pela ala da guia, dando-lhe uma volta sob seu corpo, posiciona-se na altura do abdmen. 2. Posio dois: a. Finalidade: Para conduo do co em solenidade, ordem unida, policiamento ostensivo, e apresentao pessoal. b. Descrio: Nesta posio, a guia ser segurada na mo esquerda pelo suporte do mosqueto, dando-lhe uma volta sob seu corpo, com o punho cerrado para baixo, posicionando-se na altura do abdmen. 3. Posio trs:

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    a. Finalidade: Para o emprego do co em controle de distrbio civil e guarda e proteo. b. Descrio: Mo esquerda com o punho cerrado para cima, segurando-a no suporte do mosqueto com o enforcador travado, mo direita introduzida pela ala da guia segurando-a pelo seu suporte, e as pernas afastadas a frente para dar o devido equilbrio.

    IV - PROCEDIMENTOS INICIAIS Com cautela, o adestrador ir se dirigir ao canil a fim de verificar seu co. Aproximar-se- da porta chamando-o pelo nome, para que o mesmo familiarize-se com a entonao de sua voz e com seu odor; far uma laada com a guia; abrir a porta do box pelo lado esquerdo, afim de evitar fuga e acidentes desnecessrios; introduzir a mesma pela cabea do co, e em seguida segurar seu pescoo com a mo direita, colocando o enforcador com a argola voltada para a sua direita; logo aps prender o mosqueto na argola retirando a laada de seu pescoo. No caso de filhote dever travar o enforcador para no o traumatizar at que se acostume e fique indiferente ao colar. Verificar o estado geral do animal, se est alegre ou aptico, as fezes se esto com sangue, verminoses, diarria, verificando em baixo do estrado se h animais mortos como: escorpies, ratos, aranhas, cobras etc. O condutor deve verificar tambm se o animal alimentou-se, se bebeu gua e se h vmitos; no caso de fmea se est no cio. Percebendo qualquer anormalidade, o adestrador dever comunicar de imediato a enfermaria veterinria. Feito todos estes procedimentos acima, sair com o co do canil dando-lhe o comando passear, levando-o para fazer suas necessidades fisiolgicas. Feito isso, o colocar sobre o raspador e lhe far uma massoterapia para verificar se h algum ecto parasita, fraturas, dermatites, dentes quebrados, ou algum ferimento em seus coxins plantares. Seguindo, far o rasqueamento do mesmo, sentido cabea calda, primeiramente com a parte mais grossa da rasqueadeira, depois sentido oposto; em seguida com o lado mais fino, nas partes mais sensveis como: cabea, peito e patas. Aps faremos uma limpeza com um produto a base de : gua, extrato de citronela, lcool e vinagre. S

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    ento passaremos o animal na enfermaria, para o mdico veterinrio ou enfermeiro de planto examin-lo. Aps estes procedimentos, ele estar pronto para iniciarmos o treinamento ou o trabalho dirio de patrulhamento.

    V - AMIZADE 1. Introduo. Antes do incio do adestramento, o futuro adestrador dever levar o co em passeios durante mais ou menos duas semanas, dependendo da evoluo do mesmo, quando procurar se fazer entender pelo animal e aproveitar para estud-lo e descobrir suas habilidades e debilidades, para poder explor-las sutilmente. Far brincadeiras e elogios para firmar o vnculo de amizade e confiana entre ambos, facilitando assim o incio do adestramento. Observar sua estrutura fsica, sade, carter, temperamento, grau de memorizao e sua disposio particular, lembrando que o adestramento consiste em tornar agradvel o comportamento do animal em relao ao homem, atravs de mtodos e tcnicas de ensino, no deixando que ele torne-se caprichoso, preguioso e inconveniente. 2. Desenvolvimento. Primeiramente, devemos levar o co a passeios, j introduzindo em sua memria os primeiros comandos como: passear, Foy e aqui, que sero muito teis para o seu desenvolvimento futuro; no caso de filhotes o enforcador dever estar travado para no o traumatizar, pois nesta fase podemos predisp-lo se aplicarmos, as tcnicas corretas, observando sempre a pacincia, perseverana, firmeza e muita fora de vontade. Assim conseguiremos xito naquilo a que nos propusermos a fazer; ou caso contrrio iremos destruir um bom co, por estar agindo de forma errada sem observarmos as tcnicas j citadas acima. O co estando em toda extenso da guia e a vontade, o adestrador far brincadeiras, levando-o de um lugar para outro sempre elogiando e agradando o mesmo, de modo a introduzir nesta hora o comando de aproximao "aqui", chamando-o pelo nome e encurtando a guia, trazendo-o a sua frente, logo aps o liberando novamente. Far brincadeiras tambm com o halter para que o co familiarize-se com objetos. Alguns ces pegaro espontaneamente o objeto lanado ao solo, juntamente com o comando busca, o que facilitar muito no futuro, enquanto noutros teremos que introduzir o objeto em sua

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    boca deixando-o a vontade para que brinque e passeie, a fim de acostumar-se com o mesmo. Brincando tambm com uma bolinha macia e mini sisal para mordedura, reforaremos ainda mais seu interesse por objetos. Nesta fase devemos conhec-lo bem, o aproximando das pessoas e outros ces, afim de verificar seu comportamento. Se investir contra algum, dever ser imediatamente controlado, introduzindo a o novo comando que o "Foy", pois essa atitude, no est de acordo com as regras do adestramento, devendo repreend-lo quantas vezes forem necessrias, utilizando suaves golpes no colar, mais o comando; nunca castig-lo com brutalidade. Lembre-se que se trata de uma fase de amizade, em que o estamos conhecendo, portanto muito cuidado! Este um dos motivos, porque no devemos liberar o animal da guia sem ter total domnio, pois tanto pode investir contra uma pessoa ou outro co, uma criana ou at mesmo contra seu condutor, e ao tentar tir-lo de uma possvel briga, ser muito difcil control-lo pois encontra-se solto.

    VI - ADESTRAMENTO BSICO 1. Exerccio de Junto. J firmado a amizade, e o adestrador tendo conseguido introduzir os primeiro comandos " Foy, passear, e aqui" - que durante o perodo de amizade funcionou como aproximao para atrair o animal at seu condutor - dever marcar um ponto de partida com o co ao seu lado esquerdo - uma conveno internacional - a guia na posio um com o enforcador ajustado a seu pescoo, traar uma linha imaginria no horizonte, rompendo a marcha com o p esquerdo, simultaneamente comandando "Junto". Primeiramente andar em linha reta, auxiliando-o com batidas da mo na perna esquerda para que o co condicione, e aprenda a acompanh-lo. Se ele atrasar dar um leve golpe na guia para frente; se adiantar um leve golpe para trs, e se o mesmo se afastar um leve golpe para dentro, sempre comandando "junto", e o agradando quando estiver na posio correta, afim de estimul-lo para que trabalhe alegre e sem resistncia. A cada intervalo, aproveitando seu cansao e a oportunidade, introduziremos o comando de "Sit" o auxiliando com a mo esquerda em seu posterior. O passeio ser sua recompensa deixando a prxima aula para um novo local. O adestrador utilizando-se dos mtodos acima, mentalizar um quadrado e neste far converses a esquerda, de modo que ao faz-las, introduzir o comando, juntamente com os agrados, deixando passear toda

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    vez que o mesmo executar corretamente o exerccio sem resistncia. Para que o co condicione mais rpido este exerccio, necessrio que o condutor ande em passo mais rpido afim de criar vivacidade ao mesmo; que seja observador, verificando a postura, posio do colar (que ter que ser arrumado sempre em movimento ou quando pararmos, nunca interrompendo a aula para ajust-lo) e a correo, que deve ser dada no exato momento em que o co errou, pois se este passar o animal no saber porque esta sendo repreendido. Aps inmeras aulas e j tendo condicionado os movimentos acima, passaremos para outra etapa, que a converso a direita utilizando-se do mesmo quadrado, observando as tcnicas e lembrando que agora o co estar do lado de fora, e teremos que auxili-lo muito mais, pois no ter o apoio da perna esquerda. Intensificaremos assim os auxlios e agrados, afim de tornar agradvel o exerccio para o animal, tambm levando a passeio quando executado corretamente, deixando a prxima aula para outro local. Agora faremos converses em ziguezague, utilizando-se das tcnicas citadas, a direita e a esquerda, afim de criarmos reflexos no co, pois nos facilitar quando tivermos que utilizar os movimentos parados. Para ensinar a meia volta ao co, o adestrador estando em movimento, far converso a sua esquerda, o animal passar por trs a sua direita, momento este que o condutor trocar a guia de mo para facilitar a passagem do mesmo, auxiliando com batidas de mo na perna esquerda, comandando junto simultaneamente com os agrados, e seguindo o movimento em direo oposta; far isto, at que o condicione por completo. Aps ter condicionado todos os movimentos acima, introduziremos as mudanas de velocidades, trote e passo lento, utilizando-se das tcnicas j citadas, sempre que o co condicionar uma aula perfeitamente e sem resistncia, o tiraremos a passeio como recompensa, tambm diversificando os locais para que o mesmo no perca o interesse, nem se estafe pelo exerccio. 2. Exerccio de Sit. Este exerccio foi introduzido na memria do co, na fase anterior, e agora iremos aperfeio-lo com as devidas tcnicas. Ao fazer o alto, o adestrador estar com a guia na posio um, o co a sua esquerda, ao tempo que a mo esquerda, ir ao posterior do animal formando uma pina com o polegar e o indicador. Feito isso o condutor flexionar seu posterior para baixo e para dentro, simultaneamente, a mo direita far um ngulo de quarenta e cinco graus perpendicular ao solo com a guia, comandando "Sit" e logo aps o fica, agradando ininterruptamente,

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    subindo lentamente a mo pelo seu dorso acariciando para acalm-lo e mant-lo no local, deixando o mesmo nesta posio por algum tempo. Se houver resistncia pelo animal comandaremos "Foy", afim de repreend-lo, comandando novamente o "Sit", efetuando todos os procedimentos acima at que no crie mais resistncia e execute o exerccio corretamente, momento este que o condutor dar as devidas recompensas, levando a passeios, sempre diversificando os locais afim de incentiv-lo e no o estafar, pois temos que ter em mente que os exerccios devem ser de tempo curtos, no entanto freqentes. Executar inmeras vezes este exerccio at que o animal se condicione por completo, e atenda pelo comando. Quando o adestrador fizer o alto, o co ter que sentar automaticamente ou a comando, estando nesta fase estar pronto e poder passar para uma nova etapa do adestramento. 3. Exerccio de Fica. Este exerccio de suma importncia, dele depender todo o adestramento a seguir, pois a base para firmar os demais. O adestrador sendo sbio dever tomar todas as precaues, e cautelas, para que o co no adquira vcios, nem defeitos, conseguindo assim xito e perfeio. Partindo do exerccio de "Sit", o adestrador ensinar o co a ficar, passando a guia na posio um para a mo esquerda, a mo direita estar espalmada voltada para o co; sair lentamente com a perna direita para que o animal no o acompanhe, simultaneamente comandar "Fica", para que o mesmo permanea na posio; logo aps retirar a perna esquerda lentamente, reforando o comando de "fica", posicionando-se a sua frente, permanecendo por algum tempo; retornar ao lado direito do co, fazendo-lhe agrados como recompensa, e tirando a passeios, retornando ao exerccio em outro local. O adestrador repetir quantas vezes for necessrio, e ao perceber que o animal firmou o referido exerccio sem resistncia, sair novamente a sua frente com cautela, comandando "fica", efetuar semi crculos a direita e a esquerda estando ainda a um tero de guia, sempre visualizando o co para corrigi-lo de imediato, caso se movimente, ou relaxe na posio; far isso at que fique em toda extenso de guia, posteriormente liberando-a ao solo a sua frente, repetindo todos os procedimentos acima retornar em seguida por traz se posicionando ao seu lado direito, dando-lhe as devidas recompensas pelo exerccio. A fim de liber-lo por completo e firm-lo na obedincia, efetuar todas as tcnicas anteriores, porm a distncia e sem a guia, chegando assim a seu objetivo final.

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    4. Exerccio de Down - Primeiro Mtodo. Para melhor postura do co neste exerccio, o adestrador dever observar a posio da cauda e de seu posterior antes que o execute, tomando cuidado para que no caia para os lados, e tambm a altura de sua cabea, que no dever estar apoiada ao solo. O co estando em "Sit", o condutor segurar a guia na posio um com a mo esquerda; sair a frente do mesmo comandando "Fica"; introduzir a mo esquerda pela ala da guia postando-se de ccoras a sua frente; segurar com a mo esquerda pelo ante brao direito do mesmo, juntamente com a guia, e com a mo direita o ante brao esquerdo, flexionando-os para baixo e para frente, simultaneamente comandando "Down" e logo aps o comando "fica", para que o animal no saia da posio, mantendo-o ali por algum tempo e dando-lhe os devidos agrados, acalmando-o para no rebelar-se. Feito isto, o condutor levantar lentamente comandando "fica", utilizar um tero de guia, far semi crculos a direita e a esquerda, sempre visualizando o mesmo; retornar ao seu lado direito, e comandar "Sit", auxiliando-o com uma batida da mo na perna esquerda, agradando e tirando-o a passeios, deixando a prxima aula para outro local. Aps inmeras aulas, tendo o animal memorizado, far todos os procedimentos e tcnicas acima, aumentando a extenso da guia, passando sobre seu dorso tocando-o levemente com os ps para firm-lo; soltar a guia a sua frente e aumentar assim a distncia, at que complete o crculo; retornar e recolher a guia passando por trs, posicionando-se a sua direita comandando "Sit". Aps agrad-lo, levar a passeios como recompensa por ter executado o exerccio com perfeio, mudando sempre de lugar para que o animal no se desinteresse e nem se estafe. Uma vez condicionado este exerccio, o adestrador introduzir o gesto, sendo que aps efetuar o crculo postar-se- a frente do animal comandando para que fique, segurar a guia na mo esquerda em toda sua extenso, o brao direito estar estendido com a palma da mo voltada para o solo a altura do focinho do mesmo. Comandara "Down" e simultaneamente gesticular suavemente para baixo, at que o execute; de imediato comandar "fica", impedindo que se movimente, agradando-o e deixando-o permanecer nesta posio por algum tempo; soltar a guia ao solo afim de efetuar o crculo em volta do co, sempre comandando fica; retornar a sua frente e pegar a guia lentamente com a mo esquerda. Uma vez que o animal j saiba o comando de "Sit", estando ao lado de seu condutor, passaremos a comand-lo de frente com a introduo do gesto. O adestrador estender o brao direito com a mo espalmada para cima ao lado do corpo, gesticulando suavemente para cima, simultaneamente

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    comandar "Sit", auxiliando-o com um golpe na guia, dando um passo em sua direo, controlando para que o mesmo no saia da posio, retornando em seguida ao seu lado direito, tirando-o a passeio juntamente com os agrados. O Co s estar pronto neste exerccio, aps o adestrador fazer todos os procedimentos acima e conseguir que o mesmo execute o exerccio sem o auxlio da guia, a distncia atravs do tom de voz e gesto, finalizando ento seu objetivo. 5. Exerccio de Down - Segundo Mtodo. O co estar em "Sit" esquerda do adestrador com o enforcador ajustado em seu pescoo, a guia estar na posio um e a mo esquerda postada no colar prximo a seu pescoo. Feito estes procedimentos o adestrador sair com a perna direita a frente do mesmo formando uma barreira, para que o animal no saia da posio nem rasteje a frente; pressionar a mo esquerda, que est sobre o colar, para baixo e para frente, simultaneamente flexionar as pernas e comandar "Down", at que o animal execute o movimento; imediatamente comandar "fica" para que o mesmo permanea na posio; se houver resistncia por sua parte, repreender com "Foy" reforando o comando de "Down" juntamente com o "fica", continuando o movimento at que o execute corretamente sem resistncia. Ento tirar a mo do colar lentamente, afim de acarici-lo, acalmando-o e mantendo-o no local por algum tempo. Em seguida o adestrador levantar lentamente comandando fica, far semi crculos a direita e a esquerda do mesmo estando com a guia a um tero, retornando ao lado direito do animal o agradando-o e tirando a passeios como recompensa, deixando a prxima aula para outro local. Efetuar inmeras vezes este exerccio, ate que condicione nesta fase. O co correspondendo a este exerccio, o condutor far todos os procedimentos acima, segurando a guia em toda sua extenso, introduzir o gesto exatamente como foi explicado no primeiro mtodo, onde far tambm os semi crculos, aumentando estes at complet-los, passando at mesmo por cima de seu dorso, tocando-o levemente com os ps para firm-lo, posteriormente liberar a guia ao solo sempre comandando "fica", aumentando a distncia, fazendo os mesmos procedimentos, retornar por trs posicionando-se ao seu lado direito, usando o tom de voz para agrad-lo e tirando a passeios para descontra-lo. Far varias vezes at que o condicione, e o libere por completo da guia comandando-o a distncia por gesto e voz. 6. Exerccio de Down - Terceiro Mtodo.

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    O adestrador deixar o co na posio de "Sit" e permanecer sobre o animal (montado), unindo as pernas nos flancos do co e, gradativamente, agachando-se, permanecendo com as mos nas patas dianteiras do animal e, concomitantemente, emitindo o comando Down. 7. Exerccio de Aqui. Este exerccio tem uma funo fundamental, pois est alicerado como uma das bases do adestramento, onde o adestrador ter o total controle e domnio de seu co, sendo o nico a no iniciar com a guia a um tero. O co estar em "Sit", o adestrador sair a sua frente e comandar para que fique; segurar a guia na mo esquerda pela sua ala com as pernas afastadas lateralmente, ao passo que a mo direita bater coxa chamando a sua ateno; apontar com o indicador direito para o focinho do mesmo para mostrar-lhe a direo e o lugar a se posicionar. Ento comandar "Aqui", chamando-o, recolhendo a guia pela sua ala dando uma volta sob si, caindo na posio um, ao aproximar-se comandar "Sit e fica" e o manter nesta posio por algum tempo, acariciando-o e corrigindo sua postura se necessrio for. Aps, comandar "junto" auxiliando com a guia, passando o animal por trs, posicionando este a sua esquerda em "Sit". Momento em que o agradar, levando a passeios e repetindo as outras aulas em locais diferentes para no o estafar, at que condicione por completo sem o auxlio da guia.

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    XII - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1. MARTINS, Clayton Marafioti (1 Ten PMSC). Cinotecnia, a Arte de Adestramento de Ces, Florianpolis, 1999.

    2. SOUZA, Claudionir (1 Ten PMSC). Apostila do Curso de Cinotecnia Para Oficiais - 01/2001, da PMESP, So Paulo, 2001.

    3. TAUSS, Bruno. Adestramento Sem Castigo. Ed. Nobel, So Paulo, 1989. 4. COREN, Stanley. A Inteligncia dos Ces, Editora Ediouro, So Paulo,

    1996.

    5. SCANZIANI, Pierro. Ces Raas do Mundo Inteiro. Rio de Janeiro, 1983.

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    CAPTULO III

    EMPREGO DO CO DE POLCIA

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    I - EMPREGO DO CO

    1. Vantagens do Emprego do Co. O emprego de ces em misses policiais ser sempre vantajoso, observando-se logicamente os critrios e a adequabilidade, se for usado com a devida tcnica, obtm-se seguramente: - economia de efetivo; - maior efeito psicolgico; - segurana do policial; - valorizao da tropa; - em determinadas misses resultar em maior possibilidade de xito; - o co facilita a ao policial quando desenvolvida em locais de difcil acesso ou em locais onde o risco mais iminente. 2. Critrios para o Emprego de Ces. O co, sendo uma suplementao do policiamento ostensivo, pelas suas prprias caractersticas, somente ser empregado aps observados critrios tticos e tcnicos, tais como: - o planejamento: a condio essencial para o emprego do animal e poder ser definido em nvel estratgico, ttico e tcnico; - em nvel de deciso estratgica, o alto escalo da corporao decidir sobre a convenincia e circunstncias do emprego da frao de ces nas diversas operaes; - no deve haver limite jurisdicional para o emprego de ces. por deciso de quem de direito, atua onde sua presena se faa necessrio, quer de forma isolada, quer em apoio a outra OPM; - ainda no tocante ao planejamento, h que se ressaltar a necessidade de ser o mais detalhado possvel, de forma a possibilitar uma perfeita execuo.

    3. Emprego de Ces Doentes ( proibio ). O co sofre os mesmos problemas de sade do homem, com a desvantagem de nem sempre poder se expressar, estando sujeito a ser acometido de qualquer doena, podendo at vir a desmaiar ou morrer em plena atividade operacional. importante lembrar que cabe ao condutor do animal a primeira verificao quanto ao seu estado sanitrio. O co que apresentar qualquer sintoma de doena ser levado a presena do veterinrio, para anlise dos

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    sintomas evidenciados, devendo ser afastado das atividades de instruo e servio, sendo baixado para tratamento.

    4. Emprego de Ces No Adestrados ( proibio ). O adestramento constitui princpio eliminatrio para o emprego de ces. O co pode ser aproveitado para inmeras modalidades de servio, desde que seu adestramento concilie com a caracterstica da misso. As qualidades natas do co concorrem para o seu correto emprego, dado ao seu temperamento, a sua atividade e tendncia naturais, bastando ao homem saber aproveit-las. O adestramento mnimo do co de polcia o bsico. 5. Situaes Incompatveis para o Emprego do Co. O co demasiado verstil para ser empregado em suplemento aos diversos tipos de policiamento. Contudo, certas circunstncias tornam o seu emprego desaconselhvel, haja vista seu temperamento e outras caractersticas prprias, que colocam sua presena em desarmonia com o prprio ambiente. Vejamos alguns exemplos: - policiamento numa exposio de animais; - policiamento em locais de grande movimento, principalmente por ocasio do rush; - representao em um funeral; Alm dos aspectos supra mencionados, durante o planejamento para o emprego do co, os seguintes critrios ainda devem ser observados: - evitar submeter o animal a longas caminhadas, quando o mesmo puder ser transportado; - cargas pesadas de trabalho devem ser tambm evitadas; - utilizar nmero adequado de ces em consonncia com a tipicidade da misso; - cadelas prenhas, ces reprodutores em perodo de cobertura, cadelas no cio ou lactantes no devem ser lanadas em servio. 6. Emprego de Ces com PM No Habilitado ( proibio ). Somente o PM cinotcnico poder conduzir o co em via pblica. A inobservncia dessa cautela poder acarretar incidentes desagradveis que afetaro o animal, o PM, a corporao e, principalmente a

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    sociedade. Embora adestrado se o co ainda no est adaptado a trabalhar com determinados policiais-militares, no conveniente a unio dos mesmos para o empenho operacional, isto porque o co mau conduzido equipara-se a uma arma ou um veculo nas mos de pessoas no habilitadas. 7. Aspectos Jurdicos. Sob o enfoque jurdico duas hipteses podero ser aventadas: 1) Responsabilidade do homem para com o animal 2) Responsabilidade do homem pelos danos provocados pelo animal Dentro da 1 hiptese, vamos encontrar o assunto estabelecido no art 64 da Lei das Contravenes Penais (decreto-lei n 3.688, de 03 out 1941): Crueldade contra animais.... Art. 64 - Tratar com crueldade ou submet-lo a trabalho excessivo. O ilcito agravado se o tratamento praticado em exibio ou espetculo pblico. Com relao a 2 hiptese, o assunto tratado no art 31 da LCP que diz: Omisso de cautela na guarda ou conduo de animais. Art. 31 - Deixar em liberdade, confiar guarda de pessoa inexperiente, ou no guardar com a devida cautela animal perigoso: Pena: - ..... Pargrafo nico - incorre na mesma pena quem: a - ... b - excita ou irrita o animal, expondo a perigo a segurana alheia; c - conduz animal em via pblica, pondo em perigo a segurana alheia. O policial-militar deve ter em mente que alm da possibilidade de ecloso da contraveno penal, antes de mais nada deve cuidar da proteo e segurana do animal, e, principalmente, zelar pela proteo do indivduo, impedindo o animal de provocar-lhe leses desnecessrias, causadas, s vezes, por descuido ou por displicncia. 8. Cautela e Segurana.

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    O Co pode ser equiparado a uma arma, onde seu emprego exige cautela e segurana. O adestrador sempre deve inspecionar o equipamento de conduo do co para evitar que ocorra algum incidente.

    II - MISSES DE UM CANIL PM a - Policiamento ostensivo; b - Operao de busca, resgate e salvamento; c - Demonstrao de cunho educacional/ recreativo; d - Policiamento em praas desportivas; e - Controle de distrbios civis; f - Provas oficiais de trabalho e estrutura; g - Controle de rebelio e/ou fuga de presos; h - Formaturas e desfiles de carter cvico - militar; i - Deteco de entorpecentes e artefatos explosivos. Os ces podero ser empregados em outras misses para as quais estejam treinados, desde que sejam relacionadas com as atividades da Corporao.

    III - GUARDA DE INSTALAES Desde os primrdios de sua convivncia com o homem o co utilizado para guarda. Basicamente, esta uma atividade instintiva, sendo fcil perceber que at mesmo os ces mais dceis e sem treinamento executam-na de maneira espontnea e, dentro do possvel, eficaz. Quem de ns j no teve o desprazer de ser assustado por um vira lata que corre de dentro de um quintal qualquer ? Est a o rudimento do primeiro e mais antigo servio atribudo ao co. O trabalho de guarda pelo co pode ser realizado de duas maneiras bsicas e diferentes entre si. A primeira maneira a executada com base no exposto acima, isto , o instinto e a oportunidade do co, onde ele executa a atividade de guarda sem o concurso do homem. Para que seja eficaz a segurana realizada pelo co sozinho, devemos levar em conta alguns fatores : a. rea a ser coberta; b. dispositivos de segurana existentes; c. existncia ou no de um corredor de segurana; d. vias de acesso e fuga;

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    e. pontos vulnerveis. A rea de cobertura de um co vai variar de acordo com sua compleio fsica, idade, raa e condies do terreno. A existncia de outros dispositivos de segurana aumenta a extenso da cobertura na medida em que indique a presena de intrusos por meio de sinal identificvel pelo co. O corredor de segurana a que nos referimos nada mais que um delimitador do espao de atuao do co, local em que o co fica solto, realizando somente a segurana do permetro do terreno demarcado. Este corredor deve ser de passagem obrigatria para qualquer intruso que decida adentrar ao terreno. Nas vias de acesso e de fuga devemos reforar a guarda, diminuindo o terreno a ser coberto, idem aos pontos vulnerveis. A segunda modalidade de segurana a tradicional, onde o co acompanha o homem. Neste caso devemos levar em conta os mesmos aspectos anteriores, descartando o corredor de segurana. O condutor dever levar em conta que seu co uma arma, pronta a ser utilizada, e que o mesmo responder legalmente pelos resultados provocados pela sua utilizao. Em casos de utilizao em portarias ou locais de acesso fcil do pblico, devemos ter sempre o cuidado de verificar a segurana de terceiros. O nvel de adestramento necessrio para que o co execute este servio o BSICO.

    IV - POLICIAMENTO A P COM CES O policiamento a p uma varivel de utilizao do PM onde podemos utilizar o co. O policiamento com ces eminentemente preventivo, sendo por isso a rea de atuao ideal aquela que rena um ndice de criminalidade alto, porm com crimes de baixa periculosidade, tal como furtos e roubos a transeuntes. A patrulha formada por dois policiais e um co, sendo possvel, a critrio de cada comandante, a manuteno de uma patrulha com dois policiais e dois ces. Para que o emprego do co alcance seus objetivos necessrio que o policial conhea seu setor e esteja munido de comunicao, para que, em precisando de apoio, o tenha rpido e eficazmente. O nvel de adestramento necessrio para que o co execute este servio o BSICO.

    V - K-9 (Co de Patrulha)

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    O K-9 surgiu nos Estados Unidos da Amrica, durante a dcada de 60, devido polcia daquele pas estar enfrentando grandes problemas com o combate ao narcotrfico. Inicialmente os "times K-9" foram concebidos para a descoberta de narcticos que entravam camuflados nos Estados Unidos nas mais variadas formas. Com o intuito de localizar essas drogas sem a necessidade de despender grande quantidade de policiais e tempo, iniciou-se um programa de treinamento de ces para realizar o trabalho de deteco de drogas no menor tempo possvel e com grande percentual de acerto J em 1965, o Governo Americano colhia os primeiros resultados, com apreenses recordes de maconha e cocana em todas as suas fronteiras. Diante dos resultados obtidos no combate ao narcotrfico, o policiamento com ces que apenas era destinado a deteco de drogas, foi estendido ao patrulhamento rotineiro e dirio. Vrias cidades pelo mundo adotaram a modalidade de K-9 aps os resultados alcanados pelos americanos. Apenas para exemplificar tal afirmao, podemos citar o Departamento de Polcia da cidade de Calgary no Canad, que no ano de 1999, atravs de sua unidade canina, atendeu 7.681 ocorrncias, sendo os ces responsveis diretamente por 198 prises e mais 257 prises realizadas em apoio ao policiamento rotineiro. O K-9 foi implantado na PMSC em 2000 e constituiu-se na maior mudana na maneira de emprego de ces dos ltimos anos. Criado com base na premissa de que o co adestrado pode multiplicar a presena do policiamento ostensivo preventivo, atravs de sua caracterstica intimidatria, foi posto prova diversas vezes, sempre sendo aprovado como um importante instrumento de baixa de criminalidade localizada. Atuando sempre por saturamento, ocupa determinada rea impedindo a ocorrncia de delitos, ao mesmo tempo em que permite, sendo sua composio bsica dois homens e um co, atuar de maneira repressiva, apoiando tambm outras viaturas. O K-9 tem demonstrado sua eficincia em razo dos suspeitos ao serem abordados pela polcia, sentirem-se receosos devido presena intimidatria do co e seguirem fielmente as instrues dadas pelos policiais. Ressalte-se que o exposto para policiamento a p tambm se aplica nesta modalidade. O nvel de adestramento necessrio para que o co execute este servio o BSICO + faro em geral. 1. Vantagens: - Proporciona mais confiana ao PM; - Maior rea de atuao;

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    - Servio simptico populao; - Difuso de uma especialidade da PMSC; - O co da sinais de perigo; - Segurana nas revistas de suspeitos; - Imobilizar e conduzir presos; - Guardar objetos e a prpria Vtr; - Desarmar, perseguir e atacar o oponente; - Abordagem de edificaes e veculos; - Localizar meliantes escondidos em buracos, tneis, etc. 2. rea de Atuao. O emprego pode ser realizado em todas as cidades do estado, em reas de grande circulao e concentrao de estabelecimentos comerciais, bancrios e de ensino. 3. Viatura mais Adequada ao K-9. A viatura dever ser preferencialmente um veculo do tipo perua, 04 portas, com compartimento para a conduo de detidos e adaptao nos bancos com estrado para a acomodao do canino. 4. Meios para Execuo do Servio. a. Pessoal: PM cinotcnico/motorista Cb ou Sd. b. Canino: co de raa pastor alemo ou rottweiler c. Vtr: tipo padro, com alteraes para a conduo do co d. Fardamento: O 5 P ou 5 O e. Armamento: revlver ou pistola, Espingarda cal 12 f. Equipamento - so equipamentos indispensveis consecuo do servio: algemas, lanternas de mo, prancheta, formulrio, kitis de primeiros socorros, colete a prova de bala, munio suplementar, enforcador e guias curta e longa. g. Comunicaes: rdio porttil (HT). 5. Execuo do Servio. a) O tempo de policiamento dever ser de 6 at 08 horas.

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    b) Todo e qualquer atendimento e informao, deve o PM atender fora da vtr, sempre com o co ao seu lado. c) O Policial militar deve se manter no seu setor, realizando vistoria de autos e abordagem de suspeitos. d) Pessoa detida ser transportada na VTR e conduzida ao DP e) Em princpio no haver necessidade de outra VTR, salvo se o nmero de pessoas for maior, comprometendo a segurana do PM na conduo. f) Nas abordagens pessoais, o co ficar em "Sit" no comando de "Ateno", sob o controle do adestrador a frente do suspeito sem a guia afim de intimid-lo, enquanto o mesmo executa a revista. 6. Finalidade do K-9: 1- Dar cobertura ao PM/Co e Vtr nos pontos crticos (criminalidade) ou lugares de nvel de alta insegurana. 2- Cobrir setores tidos como perigosos. 3- Realizar abordagens em edificaes e veculos. 4- Capturar meliantes, delinqentes, etc. 5- Policiar parques, jardins, praias ou lugares difceis de serem patrulhados somente pelo PM (homem), para coibir a ao de delinqentes que utilizam estas reas para assalto, depredao, uso e trfico de txicos, etc. 6- Cumpre lembrar que embora de cunho preventivo, a misso pode transformar-se essencialmente repressiva, caso a situao assim exija. Nesta, o emprego do co ficar a critrio do seu adestrador, que far uso de seu discernimento e dos conhecimentos profissionais imprescindveis. 7. Atribuies da Guarnio K-9. a. Efetuar a manuteno de primeiro escalo na viatura, antes do patrulhamento (leo, combustvel, pneus, lanterna, possveis danos e equipamento). b. Patrulhar durante 6 a 8 horas o setor definido pelo Cmdo. c. Procurar estabelecer um bom contato com a comunidade dando e colhendo informaes demonstrando o policiamento, verificando os pontos crticos. d. Apoiar vtr de rea por solicitao do COPOM. e. Proceder no distrito policial da seguinte forma : estabelecer comunicao com o OF. de Sv, sendo que o co permanecer na Vtr (segurana). f. Observar nas abordagens as condies mnimas de segurana, como: - Nmero de meliantes (at 2, se houver mais, pedir apoio),

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    - Local (retaguarda do PM protegido pelo co) - Armamento possvel dos meliantes, etc.; h. Obedecer a velocidade do patrulhamento, com velocidade mxima de 40 km/h. g. Providenciar via rdio o cerco, quando a situao exigir, no efetuar perseguio motorizada; h. Em hiptese alguma abandonar o co, pois alm de se tratar de uma dupla, h muitos transeuntes no local; i. Necessitando de um deslocamento para interiores de estabelecimentos ou similares, o co ficar dentro da viatura fazendo a segurana, devendo a mesma permanecer totalmente fechada, com apenas pequenas frestas nos vidros para o co respirar. j. No caso de perseguio a p a vrios elementos, o patrulheiro no deve se separar do co, e com maior brevidade possvel, retornar a viatura para encaminhamento e prosseguimento da ocorrncia, bem como para proteo da mesma. l. Atender todo e qualquer solicitante, seja qual assunto for, fora da viatura, tendo sempre o co junto ao seu lado. m. Realizando o patrulhamento a p, o PM dever trancar a viatura, mesmo que o deslocamento seja de poucos metros, tendo em vista a possibilidade de envolvimento em ocorrncia; n. No patrulhamento a p com o co, o patrulheiro deve dar cincia ao Oficial de ronda, esclarecendo sua ausncia nas comunicaes, no perdendo a viatura de vista.

    VI - BUSCA EM MATA

    1. Procedimentos em Ocorrncias dessa Natureza: a. Comunicar o COPOM imediatamente; b. Isolar a rea e os recintos que possam ter pistas do fugitivo ou desaparecido, principalmente se : I - os locais onde tenha se assentado, deitado ou tocado com as mos; II - as trilhas ou locais por onde tenha passado; III - pegadas visveis; IV- qualquer pertence, mantendo-o sem tocar as mos ( roupas, isqueiro, mao de cigarros, sapatos, meias, documentos...). Em casos de necessidade, podero ser transportados, com o uso de luvas novas, para lugar seguro e preferencialmente frescos, entretanto, esses objetos podero servir para auxiliar o co em sua busca e devero ser acondicionados em sacos plsticos evitando assim a vazo do odor, para no confundir o animal;

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    V) No conversar, fumar, quebrar galhos de rvores, jogar pedras... VI) Evitar brincadeiras e ou contato com os ces integrantes da equipe; VII) Na zona de conflito, isolar o local, evitando aproximao de pessoas alheias operao; VIII) Dependendo do local, os policiais que chegarem primeiro ao local, devero apenas isolar a rea do conflito, bem como realizar o cerco para evitar a possvel fuga do meliante, guarnecendo os possveis pontos de fuga e deixar que s a equipe adentre ao local. c. Evitar : I - Destruio das pistas; II - Inutilizao de partculas odorantes , causadas pelo pisoteamento desordenados dos locais suspeitos; III - Procedimento inadequado de Policial Militar estranho ao Canil junto equipe em ao; IV - Demora na solicitao para o emprego efetivo da equipe. 2. Formao da Equipe. A equipe que atuar na ocorrncia ser formada basicamente por 05 policiais, podendo haver 02 policiais que ficaro na reserva. Ser assim distribuda: - Condutor do co; - Segurana do condutor ( responsvel pela negociao ); - Segurana do flanco esquerdo; - Segurana do flanco direito; - Segurana da retaguarda ( serra-fila ). Os componentes da equipe devero estar munidos dos seguintes armamentos e equipamentos: - Pistolas .40 ou 9mm; - Magnum carabina 3.57; - Escopeta cal 12; - Granadas de efeito moral e luz e som; - GPS - luva; - Bssola; - Faca; - Material de 1 socorros; - Coletes balsticos;

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    - Capacetes balsticos; - Cantil; - Lanterna; - Cordas; - Rdio de comunicao individual; - Fardamento camuflado; - Guias longas e curtas.

    VII - DETECO DE ENTORPECENTES E ARTEFATOS EXPLOSIVOS

    1. Formao da Guarnio. A equipe que atuar na ocorrncia ser formada no mnimo por 02 policiais e 01 co. Ser assim distribuda: - Guia do co; - Auxiliar do Guia. 2. Procedimentos da Guarnio em Ocorrncias. a. A equipe ir atuar sempre em reforo, no cabendo fazer abordagem; b. Aps ser feita a abordagem e a rea j estar segura, o auxiliar ir segurar o co pela guia, e o GUIA realizar uma revista preliminar no local, observando: I - qualquer material que possa oferecer perigo ao co (fios desencapados, caco de vidro, materiais suspensos que possam cair e machucar o canino ou distra-lo), etc; II - produtos alimentcios, restos de comida, etc; III - animais de estimao; IV- Se as janelas estiverem abertas, fech-las. Se estiverem fechadas, devero ser abertas, para renovao do ar, e em seguida fech-las novamente; V) No interior da residncia devero ficar o mnimo de pessoas possvel, de preferncia apenas o GUIA e seu auxiliar, o proprietrio e um segurana; c. Aps feita a revista, o co dever ser retirado do local e recompensado; d. O tempo de atuao do co dever ser curto (em torno de 15 ou 20 minutos), e o descanso ser sempre o dobro do tempo trabalhado.

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    e. Os componentes da equipe devero estar munidos dos seguintes armamentos e equipamentos: - Pistolas .40 ou 9mm; - luva; - Faca; - Material de 1 socorros; - Coletes balsticos; - Cantil; - Lanterna; - Cordas; - Rdio de comunicao individual; - Fardamento camuflado; - Guias longas e curtas; - Peitoral; - Marmita (para oferecer gua e alimentao para o co); - Pequena quantidade de maconha e cocana, para treinamento.

    VIII - O EMPREGO DO CO EM EVENTOS ESPORTIVOS

    E CULTURAIS Justifica