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RAIO X Filosofia

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QUESTÃO 01O brasileiro tem noção clara dos comportamentos

éticos e morais adequados, mas vive sob o espectro da corrupção, revela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões morais que as pessoas dizem aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com Bruzundanga (corrompida nação fictícia de Lima Barreto).

FRAGA, P. Ninguém é inocente. Folha de S. Paulo. 4 out. 2009 (adaptado).

O distanciamento entre “reconhecer” e “cumprir” efetivamente o que é moral constitui uma ambiguidade inerente ao humano, porque as normas morais são decorrentes da vontade divina e, por esse motivo,

utópicas. parâmetros idealizados, cujo cumprimento é

destituído de obrigação. amplas e vão além da capacidade de o indivíduo

conseguir cumpri-las integralmente. criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei a

qual deve se submeter. cumpridas por aqueles que se dedicam inteiramente

a observar as normas jurídicas.

QUESTÃO 02Compreende-se assim o alcance de uma

reivindicação que surge desde o nascimento da cidade na Grécia antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. As leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser aplicada a todos da mesma maneira.

VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992 (adaptado).

Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga, ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava garantir o seguinte princípio: Isonomia — igualdade de tratamento aos cidadãos. Transparência — acesso as informações

governamentais. Tripartição — separação entre os poderes políticos

estatais. Equiparação — igualdade de gênero na participação

política. Elegibilidade — permissão para candidatura aos

cargos públicos.

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QUESTÃO 03Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da

clonagem humana – transferiu embriões para o útero de mulheres, que os gerariam. Esse procedimento é crime em inúmeros países. Aparentemente, o médico possuía um laboratório secreto, no qual fazia seus experimentos. “Não tenho nenhuma dúvida de que uma criança clonada irá aparecer em breve. Posso não ser eu o médico que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos esforçarmos, podemos ter um bebê clonado daqui a um ano, ou dois, mas não sei se é o caso. Não sofremos pressão para entregar um bebê clonado ao mundo. Sofremos pressão para entregar um bebê clonado saudável ao mundo.”CONNOR, S. Disponível em: www.independent.co.uk. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado).

A clonagem humana é um importante assunto de reflexão no campo da bioética que, entre outras questões, dedica-se a refletir sobre as relações entre o conhecimento da

vida e os valores éticos do homem. legitimar o predomínio da espécie humana sobre as

demais espécies animais no planeta. relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos

valores de certo e errado, de bem e mal. legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os

processos de reprodução humana e animal. fundamentar técnica e economicamente as pesquisas

sobre células-tronco para uso em seres humanos.

QUESTÃO 04Na ética contemporânea, o sujeito não é mais

um sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética adquire um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente, com a política, entendida esta como a área de avaliação dos valores que atravessam as relações sociais e que interliga os indivíduos entre si.

SEVERINO. A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1992 (adaptado).

O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo de formação da ética na sociedade contemporânea, ressalta os conteúdos éticos decorrentes das ideologias

político-partidárias. o valor da ação humana derivada de preceitos

metafísicos. a sistematização de valores desassociados da

cultura. o sentido coletivo e político das ações humanas

individuais. o julgamento da ação ética pelos políticos eleitos

democraticamente.

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QUESTÃO 05Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se

devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.

KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).

O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que assumem pontos de vista opostos acerca da natureza

do conhecimento. defendem que o conhecimento é impossível,

restando-nos somente o ceticismo. revelam a relação de interdependência entre os

dados da experiência e a reflexão filosófica. apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia,

na primazia das ideias em relação aos objetos. refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso

conhecimento e são ambas recusadas por Kant.

QUESTÃO 06A filosofia, no que tem de realidade, concentra-se

na vida humana e deve ser referida sempre a esta para ser plenamente compreendida, pois somente nela e em função dela adquire seu ser efetivo.

(VITA, Luís Washington. Introdução à Filosofia, 1964, p. 20.)

Sobre esse aspecto do conhecimento filosófico, é correto afirmar que a consciência filosófica impossibilita o distanciamento

para avaliar os fundamentos dos atos humanos e dos fins aos quais eles se destinam.

um dos pontos fundamentais da filosofia é o desejo de conhecer as raízes da realidade, investigando-lhe o sentido, o valor e a finalidade.

a filosofia é o estudo parcial de tudo aquilo que é objeto do conhecimento particular.

o conhecimento filosófico é trabalho intelectual, de caráter assistemático, pois se contenta com as respostas para as questões colocadas.

a filosofia é a consciência intuitiva sensível que busca a compreensão da realidade por meio de certos princípios estabelecidos pela razão.

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QUESTÃO 07

TEXTO IHá já algum tempo eu me apercebi de que, desde

meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável.

DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).

TEXTO IIÉ o caráter radical do que se procura que exige a

radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).

A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se retomar o método da tradição para edificar a ciência

com legitimidade. questionar de forma ampla e profunda as antigas

ideias e concepções. investigar os conteúdos da consciência dos homens

menos esclarecidos. buscar uma via para eliminar da memória saberes

antigos e ultrapassados. encontrar ideias e pensamentos evidentes que

dispensam ser questionados.

QUESTÃO 08TEXTO I

Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.

DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

TEXTO IISempre que alimentarmos alguma suspeita de

que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.

HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume defendem os sentidos como critério originário para

considerar um conhecimento legítimo. entendem que é desnecessário suspeitar do

significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.

são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.

concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.

atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.

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QUESTÃO 09

QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos.”APIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo impedir a contratação de familiares para o serviço

público. reduzir a ação das instituições constitucionais. combater a distribuição equilibrada de poder. evitar a escolha de governantes autoritários. restringir a atuação do Parlamento.

QUESTÃO 10Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor

conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”.

VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.

O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania possui uma dimensão histórica que deve ser criticada,

pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar.

era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade.

estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica.

tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.

vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade.

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QUESTÃO 11É verdade que nas democracias o povo parece

fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder.

MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado).

A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao

tomar as decisões por si mesmo. ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à

conformidade às leis. à possibilidade de o cidadão participar no poder e,

nesse caso, livre da submissão às leis. ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é

proibido, desde que ciente das consequências. ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo

com seus valores pessoais.

QUESTÃO 12TEXTO I

Olhamos o homem alheio as atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por nós mesmos na crença de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação.

TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado).

TEXTO IIUm cidadão integral pode ser definido por nada mais

nada menos que pelo direito de administrar justiça e exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos intervalos de tempo prefixados.

ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.

Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.), a cidadania era definida pelo(a) prestígio social. acúmulo de riqueza. participação política. local de nascimento. grupo de parentesco.

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QUESTÃO 13Marilena Chaui, em seu livro “Convite à filosofia”,

explica dois conceitos distintos de cultura: A indústria cultural vende cultura. Para vendê-la, deve seduzir, não pode chocá-lo, fazê-lo pensar ter informações novas que o perturbem, mas deve devolver-lhe, como nova aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez.

A cultura erudita ou de elite são criações complexas e de vanguarda de artistas individuais que se dirigem a um público restrito.

CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2005 (adaptado).

A explicação da filosofia permite-nos concluir Uma sociedade vivencia, ou a cultura de massa, a

indústria cultural, já que são experiências antagônicas e excludentes.

A sociedade que prepara seus cidadãos para apreciar cultura erudita automaticamente rejeita a cultura de massa.

As manifestações culturais e artísticas em uma sociedade são diversas, abarcando modalidades de produção.

A massa popular não tem condições de apreciar a produção cultural erudita, porque não se identifica culturalmente com ela.

Tradicionalmente, a cultura de massa destina-se a um público inculto, sem escolaridade e poder econômico.

QUESTÃO 14 Divertir-se significa que não devemos pensar, que

devemos esquecer a dor, mesmo onde ela se mostra. Na base do divertimento, planta-se a impotência. É, de fato, fuga, mas não, como pretende, fuga da realidade perversa, mas sim do último grão de resistência que a realidade ainda pode haver deixado. A libertação prometida pelo entretenimento é a do pensamento como negação.

ADORNO, Theodor. Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

Segundo a análise do texto, os meios de comunicação de massa exercem um poder sobre os consumidores, na medida em que o entretenimento se torna um instrumento de redução dos problemas sociais ao nível do tolerável. refúgio conformista diante dos males do mundo real. resgate dos elementos simbólicos da consciência

humana. conscientização social acerca das divergências de

classe. descoberta de novas maneiras de enfrentamento da

dor.

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QUESTÃO 15A relevância política da internet não se restringe à

configuração de redes informáticas através das quais começa a despontar uma “sociedade civil global” – o que não é pouco, mas que vai mais longe ao alterar uma questão tão importante para qualquer forma do exercício do poder no âmbito político como foi o controle da informação. Por isso, na medida em que afeta as pretensões de controle da informação, contribuindo para “descontrolá-la”, a internet incide na modificação, por mais leve que seja, da natureza do poder político e nas relações de força que se estabelecem em função dele.

TAPIAS, José Antonio Pérez. Internautas e náufragos. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

O autor destaca, no texto, um aspecto inovador da internet, que traz como consequência o(a) desorganização das redes convencionais de

relacionamento. pluralidade de ideologias políticas partilhando o

espaço virtual. centralização das informações em um meio de

comunicação. fortalecimento das alianças político-partidárias

tradicionais. influência na descentralização política entre os

Estados.

QUESTÃO 16Uma norma só deve pretender validez quando todos

os que possam ser concernidos por ela cheguem (ou possam chegar), enquanto participantes de um discurso pratico, a um acordo quanto à validade dessa norma.

HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.

Segundo Habermas, a validez de uma norma deve ser estabelecida pelo(a) liberdade humana, que consagra a vontade. razão comunicativa, que requer um consenso. conhecimento filosófico, que expressa a verdade. técnica científica, que aumenta o poder do homem. poder político, que se concentra no sistema partidário.

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QUESTÃO 17

TEXTO IDizem que sou louco por pensar assimSe eu sou muito louco por eu ser felizMas louco é quem me dizE não é feliz, não é feliz.

BAPTISTA, A. D.; LEE, R. Balada do louco. Intérprete: Os Mutantes. In: ______. Mutantes e seus cometas no país do baurets. Rio de Janeiro: Polygram, 1972. 1 disco sonoro. Faixa 6.

TEXTO IIAinda que os homens tenham o hábito de manchar

minha reputação, e eu saiba muito bem como sou malquisto entre os tolos, tenho orgulho de vos dizer que esta Loucura é a única que pode trazer alegria aos homens e aos deuses.

ROTTERDAM, Erasmo de. Elogio da Loucura. 1511.

Separados por quase quinhentos anos, os dois textos apresentam a loucura como um(a) aspecto que aprisiona o indivíduo ao senso comum. fator que retira o indivíduo do senso comum, dando-

lhe alegria. busca pela melhoria da reputação e da sensatez do

homem. maneira de ressocialização do ser humano com o

seu eu interior. condição responsável por igualar os homens na

sociedade.

QUESTÃO 18Na produção social que os homens realizam, eles

entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade — fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social.

MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).

Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que o proletariado seja contemplado pelo processo de

mais-valia. o trabalho se constitua como o fundamento real da

produção material. a consolidação das forças produtivas seja compatível

com o progresso humano. a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao

desenvolvimento econômico. a burguesia revolucione o processo social de

formação da consciência de classe.

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QUESTÃO 19Os mestres do moderno éthos da relação pessoa/

natureza desviaram-nos do reto caminho. René Descartes ensinava em sua Teoria da Ciência (Discurso do Método) que a vocação do ser humano reside em sermos “mestres e possuidores da natureza”. Outro mestre fundador, Francis Bacon, expressou sinistramente o sentido do saber: “saber é poder”. Poder sobre a natureza, completava ele, significa “amarrá-la ao serviço humano e fazê-la nossa escrava”.

BOFF, Leonardo. Ecologia, mundialização, espiritualidade. 3. ed. São Paulo: Ática, 1999.

O desenvolvimento da sociedade ocidental moderna está intimamente ligado ao progresso científico. As afirmativas de Descartes e Bacon demonstram, respectivamente, que a relação entre ciência e sociedade trouxe como consequência a escravidão e o progresso. o bem-estar e a liberdade. a urbanização e a educação. a tecnologia e a democracia. a degradação e a desigualdade.

QUESTÃO 20Hume considerou não haver nenhuma razão para

supor que, dado o que se chama um “efeito”, deva haver uma causa invariavelmente unida a ele. Observamos sucessões de fenômenos: à noite, sucede o dia; ao dia, a noite etc.; sempre que se solta um objeto, ele cai no chão etc. Diante da regularidade observada, concluímos que certos fenômenos são causas, e outros, efeitos. Entretanto, podemos afirmar somente que um acontecimento sucede a outro – não podemos compreender que haja alguma força ou poder pelo qual opera a chamada “causa”, e não podemos compreender que haja alguma conexão necessária entre semelhante “causa” e seu suposto “efeito”.

FERRATER-MORA, J. Dicionário de Filosofia. Tomo I. São Paulo: Loyola, 2000. p. 427.

A visão de Hume, presente no texto, defende o uso da razão inata. critica a noção de causalidade. aceita o conhecimento dogmático. rejeita o pressuposto do ceticismo. nega a importância da experiência.

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Resolução 01Alternativa correta: DO princípio moral é criado pelo indivíduo que, norteado por valores e necessidades sociais, cumpre normas que podem ser modi� cadas de acordo com o tempo e/ou as próprias con-dições de estado e do ser. O princípio moral pode diferir da Ética, que narra, na maioria das vezes, o conjunto de leis da sociedade, não podendo a Moral suplantar a Ética, pelo me-nos na teoria.

Resolução 02Alternativa correta: AA evolução política grega teve como fundamentação a adoção de leis para garantir a liberdade, a propriedade e a igualdade. O princípio da isonomia defende a igualdade dos cidadãos perante as leis, mesmo percebendo que a condição de cida-dania era limitada a poucos.

Resolução 03Alternativa correta: ABioética corresponde ao campo de estudo que se coloca exa-tamente na interface entre a vida e a ética. Questões como as pesquisas de células-tronco, clonagem, manipulação genética, eutanásia e aborto põem em questão verdades morais dos se-res humanos. As re� exões bioéticas tentam, exatamente, re� e-tir sobre até que ponto é eticamente plausível de se interferir na vida ou não.

Resolução 04Alternativa correta: DA alternativa D é a única correta. Ao se referir à dimensão po-lítica da ética, o texto não está tratando de ques tões políti-co-partidárias (alternativa A) ou do comportamento ético dos políticos eleitos democraticamente (alternativa E) e sim do im-pacto da ação individual no meio social, isto é, do seu efeito coletivo e de seu signi� cado político. Deste modo, também, o texto não está ressaltando as a� rmações que constam nas alternativas B e C.

Resolução 05Alternativa correta: APara Kant, não é possível conhecer a coisa em si, ou aquilo que não está no campo fenomenológico da experiência. Na pers-pectiva de Kant, há o conhecimento a priori de algumas coisas, uma vez que a mente tem que ter estas categorias, de forma a poder compreender a massa sussurrante de experiência crua não interpretada que se apresenta às nossas consciências. Tal como Copérnico revolucionou a astronomia ao mudar o ponto de vista, a � loso� a crítica de Kant pergunta quais as condições a priori para que o nosso conhecimento do mundo possa se concretizar. Em síntese, ele a� rma que não somos capazes de conhecer inteiramente os objetos reais, visto que o nosso co-nhecimento sobre os objetos reais é apenas fruto do que so-mos capazes de pensar sobre eles.

Resolução 06Alternativa correta: BUm dos pontos fundamentais da � loso� a é o desejo de conhe-cer as raízes da realidade, investigando-lhe o sentido, o valor e a � nalidade.

Resolução 07Alternativa correta: BOs textos denotam que a formulação do conhecimento não se pode pausar em parâmetros estáticos e inquestionáveis. Ao contrário, é preciso questionar as antigas ideias e concepções na busca de um novo conhecimento.

Resolução 08Alternativa correta: E

O � lósofo René Descartes é considerado como um dos pre-cursores da corrente � losó� ca racionalista, reconhecida na história contemporânea como iluminismo, buscou explicar o universo pelo uso do plano cartesiano, estando sua produção associada às revoluções cientí� cas do século XVII.

O comentário re� exivo do referido autor, apresentado no pri-meiro texto, advoga que não podemos nos centrar exclusi-vamente nos sentidos, embora não possamos abandoná-los; contudo devemos considerar também o racionalismo na com-posição do conhecimento humanístico.

O pensador Hume acredita que a produção do conhecimento passa necessariamente pela consideração das impressões sen-soriais. Segundo este os estímulos sensoriais auxiliam na com-posição das ideias, portanto na elaboração do conhecimento.

Podemos constatar que os dois textos fundamentam a noção de que os sentidos têm diferentes lugares no processo de ob-tenção do conhecimento.

Resolução 09Alternativa correta: D

Analisando a relação entre o quadrinho e o texto, alcançamos o entendimento que a mesma deve expressar na soberania popular e representar uma instituição que possa impedir a ascensão ou o desenvolvimento de posturas autoritárias, que limitem os dispositivos cidadãos.

Resolução 10Alternativa correta: B

O pensamento político aristotélico compreende a atividade política a elevadas condições de moralidade e virtude, as quais exigiam condições econômicas elevadas, educação esmerada e principalmente o ócio, pré-requisitos que excluíam a grande maioria da população que se dedicava ao trabalho para garan-tir sua sobrevivência. Portanto o � lósofo acaba defendendo a atividade política como um apanágio da nobreza ao mesmo tempo em que justi� cava a hierarquia social da sociedade.

Resolução 11Alternativa correta: B

As concepções políticas do iluminismo traçam per� s de orien-tações burguesas. Tentando derrubar a estrutura do absolu-tismo, as noções � losó� cas levavam aos questionamentos ra-cionais sobre os abusos do poder monárquico absoluto, mas tinham a preocupação de limitar os direitos de cidadania aos grupos sociais marginalizados.

Resolução 12Alternativa correta: C

Ambos os textos fazem uma abordagem quanto à participação política como critério do alcance da cidadania, o cidadão tem como função no texto I, o debate como formador para a ação e no texto II, a sua funcionalidade política do indivíduo quanto à prática da ação, logo, em ambos, o indivíduo cidadão é que detém a participação política.

Resolução 13Alternativa correta: C

Cultura popular, cultura erudita e cultura de massa caracteri-zam-se como modalidades de produção das diferentes mani-festações culturais e artísticas dos muitos grupos que formam a sociedade.

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Resolução 14Alternativa correta: BOs estudos da Escola de Frankfurt classi� cavam os meios de comunicação de massa como um instrumento de alienação so-cial e de dominação ideológica. Ao abordar a diversão como “fuga da realidade perversa”, o texto reforça o escapismo pre-sente na diversão/entretenimento.

Resolução 15Alternativa correta: BO texto menciona as oportunidades comunicativas trazidas pela internet, por meio da disseminação da informação, que contribuíram para acabar com o controle da informação exer-cido com objetivos políticos. Signi� ca dizer que os diversos atores sociais podem se utilizar dessa ferramenta para a difu-são de suas ideias, já que a internet é um meio democrático e aberto, que permite a livre manifestação política.

Resolução 16Alternativa correta: BJurgen Habermas tem, como eixo fundamental de seu pen-samento, a Teoria da Ação Comunicativa. Para ele, a principal ação do homem seria o comunicar. É a partir da comunicação que o homem se torna um ser genético. Assim, a norma só pode ser valiosa como resultante do debate pautado no Dis-curso Racional.

Resolução 17Alternativa correta: BA loucura é algo que retira o homem do senso comum, e os textos con� rmam a ideia de que a loucura provoca a sensação de alegria.

Resolução 18Alternativa correta: BPara Marx, a sociedade existe a partir das relações materiais de produção, que são fundamentadas no trabalho humano. Sen-do assim, somente a alternativa B está correta.

Resolução 19Alternativa correta: EA Ciência Moderna, que tem em René Descartes e Francis Bacon seus mais representativos teóricos, objetivava extrair o conhecimento verdadeiro da natureza e trazer o progresso e o bem-estar para a humanidade. No entanto, a instrumentaliza-ção do conhecimento cientí� co fez com que os avanços tecno-lógicos se convertessem em vetores da degradação ambiental e em legitimadores das desigualdades sociais.

Resolução 20Alternativa correta: BPara Hume, a causalidade não é nada mais do que uma relação estabelecida por hábitos de associação de fenômenos.

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