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    3 Pelotas de Minrio de Ferro

    As pelotas so aglomerados de finos de minrio de ferro pellet feed

    gerados na lavra. Junto com o snter e o minrio granulado, as pelotas so as

    principais cargas de alimentao dos fornos de reduo para a obteno do ferro

    primrio.

    As usinas de pelotizao produzem diversos tipos de pelotas de minrio de

    ferro, as quais devem atender s diferentes especificaes exigidas pelos clientes.

    Muitos fatores podem favorecer a degradao das pelotas, tais como a longa

    distncia entre as usinas e as movimentaes entre os ptios de estocagem para o

    carregamento e descarregamento dos navios. Por isso, a qualidade da pelota

    produzida deve ser superior da pelota embarcada (Silva, 2010).

    Dependendo da composio qumica, das propriedades fsicas e das

    caractersticas metalrgicas, as pelotas podem ser de dois tipos:

    Pelotas de alto-forno, utilizadas na produo do ferro gusa;

    Pelotas de reduo direta, utilizadas na produo do ferro esponja.

    As pelotas de minrio de ferro que alimentam os reatores de reduo direta

    tm composio diferente das que alimentam os altos-fornos, principalmente o

    teor de slica (SiO2). As pelotas de alto-forno apresentam propriedades bsicas

    isto , maior basicidade binria, que dada pela relao CaO/SiO2, e as pelotas de

    reduo direta apresentam propriedades cidas (menor basicidade binria). A

    Tabela 1 mostra a composio tpica das pelotas de alto-forno e de forno de

    reduo direta produzidas pela Vale.

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    Tabela 1 Composio qumica de pelotas da Vale (Tubaro)

    Substncia

    Pelota de Reduo

    Direta

    (Tubaro)

    Pelota de Alto-Forno

    (Tubaro)

    Fe 67,80% 65,70% SiO2 1,25% 2,45% Al2O3 0,55% 0,65% CaO 0,65% 2,64% P 0,028% 0,030%

    Fonte: . Acesso em: 15 set. 2011)

    Em geral, os dois tipos de pelotas devem apresentar as seguintes

    propriedades:

    Distribuio uniforme de tamanho (na faixa de 10 a 15 mm de dimetro)

    para que os gases possam fluir em contra-corrente com o leito formado,

    pois materiais muito finos podem prejudicar a permeabilidade,

    impedindo a passagem dos gases e, consequentemente, gerando

    caminhos preferenciais dentro do forno.

    Grande concentrao de ferro (maior que 63%);

    Composio mineralgica uniforme (hematita ou magnetita);

    Porosidade na faixa de 22 a 30%;

    Baixa sensibilidade abraso;

    Resistncia mecnica adequada;

    Baixa susceptibilidade ao inchamento;

    Manuteno das caractersticas mecnicas mesmo em atmosferas

    fortemente redutoras.

    Tendo em vista sua importncia no processo siderrgico, a caracterizao

    microestrutural das pelotas pode contribuir para a compreenso do seu

    comportamento nos processos de reduo (Wagner et al., 2009), possibilitando a

    melhoria da qualidade do material e, consequentemente, da eficincia do processo.

    Para isso, torna-se necessrio o estudo de sua composio mineralgica, do seu

    processo de formao e o entendimento das etapas de preparao a fim de adequ-

    las s caractersticas necessrias para a exportao e fornos de reduo.

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    3.1. Processo de Pelotizao

    A pelotizao um processo de aglomerao com o objetivo de agregar a

    parcela de finos de minrio (tamanho inferior a 0,15 mm) em esferas com

    granulometria e qualidade adequadas as pelotas para sua utilizao direta no

    processo siderrgico.

    Para que sejam produzidas pelotas uniformes e de boa qualidade,

    necessrio levar em considerao a grande variedade de propriedades dos

    minrios, tais como a sua mineralogia, tamanho e forma das partculas, hbito

    cristalino e composio qumica. Embora, atualmente, as diferentes propriedades

    dos minrios possam ser compensadas, os parmetros do processo de pelotizao

    devem ser variados e selecionados de acordo com o tipo de minrio envolvido.

    Neste captulo, sero discutidas as caractersticas finais que as pelotas

    devem apresentar; o preparo do minrio e das demais matrias-primas requeridas

    para o processo de pelotizao; os equipamentos utilizados para a formao das

    pelotas cruas; e, por fim, os processos finais para a obteno das propriedades

    essenciais para o seu manuseio e transporte e para o seu bom comportamento

    durante a reduo.

    O processo de pelotizao pode ser entendido atravs do fluxograma da

    Figura 5.

    Figura 5 Fluxograma do Processo de Pelotizao (Costa, 2008)

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    Como em qualquer processo de produo, a qualidade do produto final

    depende do sucesso em cada uma das etapas. Por exemplo, no possvel obter

    pelotas com boa resistncia na etapa de endurecimento se elas tiverem sido mal

    formadas nas etapas anteriores.

    3.1.1. Preparao das Matrias-Primas

    Conforme as funes desempenhadas no processo de pelotizao e na

    composio qumica do produto final, as matrias-primas utilizadas podem ser

    divididas em dois grupos:

    materiais ferrferos, representando a matriz da pelota; e

    materiais livres de ferro, tais como aglomerantes e aditivos. Os

    aglomerantes e aditivos exercem as funes de facilitar a fabricao das

    pelotas (aglomerantes), de fornecer boa qualidade fsica e mecnica

    (aglomerantes e aditivos) e a de modificar as propriedades metalrgicas

    das pelotas (aditivos) (Meyer, 1980).

    O processo de formao de pelotas inicia-se na preparao de sua matria-

    prima principal, o pellet feed. A parcela fina do minrio de ferro, gerada nas

    etapas de britagem e de classificao, processada visando o aumento do teor de

    ferro atravs de flotao e separao magntica, por exemplo (ver Figura 1). O

    objetivo reduzir componentes indesejveis, como a slica e a alumina (Borim,

    2000). Este concentrado modo e filtrado, onde se obtm pouco mais de 80% do

    pellet feed com granulometria abaixo de 45 m, pois quanto maior a superfcie

    especfica do material, mais a aglomerao facilitada. Alm disso, o material

    filtrado deve conter um teor de gua de aproximadamente 9%, que o

    considerado adequado para o preparo posterior (Silva, 2010).

    A partir da, o pellet feed est pronto para seguir no processo de

    pelotamento, cujas etapas consistem na mistura de aditivos e aglomerantes (ainda

    na etapa de preparao das matrias-primas), formao de pelotas cruas (tambm

    denominadas pelotas verdes) e endurecimento das pelotas.

    Os aglomerantes servem para melhorar a formao das pelotas,

    proporcionando plasticidade ao material e tambm maior rigidez mecnica. Ao

    longo do tempo, uma grande quantidade de substncias orgnicas foi testada para

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    este fim. Porm, atualmente, apenas a bentonita (mistura de argilas), a cal

    hidratada (Ca(OH)2), o calcrio (rochas sedimentares com mais de 30% de

    carbonato de clcio) e a dolomita (mineral de carbonato de clcio e magnsio -

    CaMg(CO3)2) so usados no processo de pelotizao. Alguns desses

    aglomerantes, como a dolomita, a cal hidratada e o calcrio, podem ser usados

    simultaneamente como aditivos.

    Os aditivos so usados para modificar a composio qumica das pelotas,

    servindo especialmente para corrigir a basicidade. Tambm podem ser

    adicionados finos de coque ou antracito, com a finalidade de reduzir o consumo

    de combustvel requerido para que ocorra a combusto interna da pelota.

    Como uma alternativa de reduo no custo de produo, pode-se adicionar

    alguns desses aglomerantes e/ou aditivos na etapa de moagem do concentrado de

    minrio de ferro, possibilitando a utilizao desses compostos com maior

    granulometria (Borim, 2000).

    Alm destes insumos citados, adicionada gua ao processo, para atuar

    como agente de ligao entre as partculas. Isso ser mais bem discutido no

    captulo a seguir.

    3.1.2. Formao das Pelotas Cruas

    As pelotas formadas nesta etapa devem apresentar resistncia mnima para

    manuseio local (Mouro et al., 2007).

    Por ser uma etapa crtica, muitos estudos vem sendo feitos acerca deste

    assunto. necessrio conhecer as teorias e os mecanismos de aglomerao de

    finos para compreender o processo de formao de pelotas cruas.

    Os fatores mais importantes na formao e nas propriedades das pelotas

    cruas so:

    Foras fsicas, tais como as foras de Van der Waals, magnticas ou

    eletrostticas;

    Fatores dependentes das partculas, tais como rea superficial, forma,

    estrutura cristalina e distribuio granulomtrica;

    Foras capilares e tenses superficiais geradas pela adio de gua ao

    processo.

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    As variveis de processo que influenciam diretamente nestes fatores so:

    quantidade de gua adicionada; tamanho e forma das partculas; e as foras

    executadas pelo tipo de equipamento utilizado.

    O processo de aglomerao na formao da pelota pode ser visualizado na

    Figura 6. Quando uma partcula umedecida, um filme fino de gua formado na

    sua superfcie (Figura 6-a). Ao entrar em contato com outra partcula mida,

    ocorre uma ligao entre estes filmes. As partculas inicialmente unidas por esta

    ligao so o ncleo, no qual ocorrer todo o crescimento da pelota (Figura 6-b).

    Os ncleos formados vo sendo rotacionados e mais partculas vo sendo aderidas

    a eles (Figura 6-c e Figura 6-d), gerando bolas (Srb & Ruzickov, 1988). Em

    outras palavras, o processo realizado similar ao de uma bola de neve rolando

    numa ladeira ngreme, o que resulta num corpo redondo.

    No entanto, uma grande quantidade de ar ainda fica presente no interior da

    pelota, o que prejudicaria sua resistncia mecnica. Todavia, medida que as

    partculas vo se chocando entre si e com as paredes do equipamento, o ar recluso

    vai sendo expelido e as foras de ligao vo sendo intensificadas (Figura 6-e).

    Esse processo ocorre at as foras de ligao estarem desenvolvidas e as pelotas

    prontas para seguir nas etapas posteriores (Figura 6-f).

    As partculas se mantm aglomeradas atravs da fora de capilaridade

    causada pela tenso superficial. A tenso superficial gerada pela coeso entre as

    molculas do lquido e pela adeso entre o lquido e a superfcie do material.

    Figura 6 Mecanismo de formao da pelota

    Como no h garantia de as partculas serem umedecidas uniformemente, o

    processo de iniciao dos ncleos pode ocorrer de diferentes formas. A formao

    do ncleo depende do grau de umidade das partculas que, por sua vez, depende

    da gota de lquido atingir uma partcula. O excesso de gua ou a forma desigual

    (a) (b) (c) (d) (e) (f)

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    das partculas serem umedecidas tendem a gerar pequenos grupos, fazendo com

    que as pelotas cresam de forma irregular e maiores do que deveriam ser (Figura

    7) (Srb & Ruzickov, 1988).

    Figura 7 Crescimento das pelotas: (a) arredondada; e (b) irregular (Srb & Ruzickov,

    1988)

    A operao de formao de pelotas cruas um processo contnuo e pode ser

    feito por dois tipos de equipamentos: disco de pelotizao e tambor rotativo.

    Os discos de pelotizao so atualmente os equipamentos mais utilizados.

    As principais funes que podem variar no disco so:

    Velocidade de rotao;

    ngulo de inclinao.

    O mecanismo de formao da pelota crua, do crescimento e da descarga do

    produto num disco pelotizador se encontra na Figura 8.

    Figura 8 Princpio de funcionamento do disco de pelotizao: (a) Vista lateral do disco

    de pelotamento e a formao de diferentes camadas. (b) Vista frontal do disco de

    pelotamento e a movimentao das pelotas cruas em vrias etapas de crescimento.

    (Matos, 2007)

    (a) (b)

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    O tambor rotativo consiste num cilindro com movimentos rotativos aberto

    em ambas as extremidades (Figura 9). As principais variveis de processo so:

    ngulo de inclinao do eixo horizontal;

    Nmero de voltas por unidade de tempo.

    Figura 9 Princpio de funcionamento dos tambores rotativos (Srb & Ruzickov, 1988)

    3.1.3. Endurecimento das Pelotas Cruas

    Em virtude da resistncia mecnica requerida para que as pelotas possam

    suportar o transporte e os esforos durante os processos metalrgicos, as pelotas

    cruas ou verdes precisam passar por um processo de endurecimento. O processo

    de endurecimento consiste num tratamento trmico em uma atmosfera controlada,

    que pode ser dividido nas seguintes etapas:

    Secagem;

    Pr-queima;

    Queima;

    Ps-queima;

    Resfriamento.

    Na secagem, ocorre a evaporao de toda a umidade existente nas pelotas. A

    gua pode estar contida nas pelotas de diversas formas:

    Nos interstcios entre as partculas;

    Dentro de poros dos gros de minrio, caso este seja poroso;

    Quimicamente combinada, como em goethita e limonitas;

    Incorporada dentro dos aglomerantes como a bentonita;

    Como hidrato nos aglomerantes que tendem para a formao de

    hidratos, como, por exemplo, Ca(OH)2 ou Mg(OH)2;

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    Presente em sais adicionais.

    Somente uma parte desta gua evapora a 100C. Outros compostos que

    contm gua, como sais e hidratos, s perdem sua gua em altas temperaturas.

    Para evitar que ocorram rachaduras ou fragmentaes nas pelotas, a

    velocidade de secagem deve ser ajustada para diferentes combinaes (Meyer,

    1980). Nesta etapa, as pelotas devem resistir s tenses internas que surgem em

    funo da evaporao de gua contida nos poros.

    A secagem ocorre em 2 estgios: inicialmente a secagem ascendente e, em

    seguida, a secagem descendente. Esses estgios diferem na velocidade com que

    ocorre o processo de secagem.

    A secagem engloba a converso da umidade em gs, a retirada do vapor

    formado na superfcie da pelota e a descarga destes gases em ambientes prprios

    (Srb & Ruzickov, 1988).

    Aps a secagem feita a pr-queima (ou pr-aquecimento), na qual ocorre

    um crescimento do perfil de temperatura das pelotas (a temperatura elevada de

    300-350C para 1250-1340C). Nesta etapa, acontece a decomposio de hidratos,

    carbonatos e sulfatos, a queima do enxofre de compostos sulfurados e a converso

    de xidos de ferro, tais como a magnetita e a limonita, em hematita o estado

    mais oxidado (Meyer, 1980 apud Borim, 2000).

    A queima das pelotas, em geral, ocorre numa temperatura de

    aproximadamente 1300C que permanece constante durante cerca de 10 min.

    Porm, esta temperatura e perodo de permanncia podem variar de acordo com o

    tipo de minrio. nesta etapa que as pelotas adquirem as caractersticas

    fundamentais para o transporte e para o processamento metalrgico. A resistncia

    mecnica adquirida est diretamente relacionada ao tamanho dos cristais obtidos

    nesta etapa, que, por sua vez, dependem da temperatura e do tempo aos quais as

    pelotas so submetidas.

    A qualidade das pelotas queimadas pode ser avaliada atravs dos seguintes

    fatores:

    Mudana da estrutura cristalina devido oxidao da magnetita para a

    hematita ou ao crescimento dos cristais de hematita (Meyer, 1980);

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    Formao de uma escria vitrificada entre as partculas de minrio

    devido fuso de componentes, tais como slica, alumina, calcrio, cal e

    dolomita (Nunes, 2004).

    A temperatura de queima, portanto, deve estar abaixo da temperatura de

    fuso, mas dentro da faixa de temperatura de reatividade dos componentes da

    ganga e dos aditivos, para que as primeiras pontes cristalinas comecem a ser

    formadas. Temperaturas maiores do que esta resultariam em um maior

    crescimento e arredondamento dos cristais, porm, dependendo das condies,

    poderia ocasionar a dissociao da hematita em magnetita e oxignio, diminuindo

    a resistncia das pelotas.

    A ps-queima consiste numa etapa de curta durao, em que a temperatura

    vai sendo reduzida e o calor vai sendo transferido ao longo do leito, de forma que

    todas as pelotas fiquem com a mesma temperatura.

    O resfriamento a ltima etapa do ciclo trmico das pelotas e, caso seja

    feito de forma muito rpida, pode gerar trincas na estrutura, degradando a

    qualidade das pelotas (Borim, 2000). Alm disso, nesta etapa, recupera-se o calor

    absorvido pelas pelotas durante o tratamento trmico. O calor recuperado e

    reutilizado nas etapas de secagem, pr-queima e queima (Silva, 2010).

    O endurecimento das pelotas cruas pode ser feito em trs tipos de fornos, a

    saber:

    Forno Vertical (Shaft Furnace);

    Forno Rotativo (Rotary Kiln);

    Forno de Grelha Mvel (Travelling Grate).

    A escolha do tipo de tecnologia feita em funo de diversos fatores, desde

    a capacidade da usina de pelotizao at as caractersticas do minrio de ferro

    utilizado (Mendes, 2009).

    O grfico da Figura 10 apresenta a capacidade dos fornos para a pelotizao

    utilizados em alguns pases. O forno mais utilizado para o processamento trmico

    das pelotas o de grelha mvel (Figura 11), configurando cerca de 60% de toda a

    produo mundial de pelotas.

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    Figura 10 Tipos e capacidade de fornos utilizados para a pelotizao em alguns pases

    (VALE, 2010)

    Figura 11 Forno de Grelha Mvel (VALE, 2010)

    O perfil de temperatura tpico de um forno de grelha mvel pode ser

    observado na Figura 12.

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    Figura 12 Perfil trmico de um forno tipo Grelha Mvel (Costa, 2008)

    3.2. Grau de Maturao

    A consolidao das pelotas se d na etapa de queima e causada pela

    recristalizao e crescimento dos cristais associado s reaes de sinterizao.

    Quando os aglomerados so expostos a altas temperaturas, prximas ao

    ponto de fuso, os tomos difundem de uma partcula para outra para formar as

    primeiras pontes cristalinas. Isto acontece porque a energia da superfcie maior

    do que a da partcula, fazendo com que a difuso da partcula para a ponte seja

    maior e aumente seu tamanho (Julien, 2007 apud Costa, 2008). A Figura 13

    mostra um desenho esquemtico do fenmeno de sinterizao.

    Figura 13 Desenho esquemtico do fenmeno de sinterizao (Julien, 2007 apud

    Costa, 2008)

    Tendendo para um equilbrio termodinmico, as partculas muito finas, que

    possuem maior energia de interface, se aglomeram em partculas grandes, fazendo

    com que a energia livre diminua. Com um tempo de reao suficiente e

    temperatura adequada no processo, as partculas vo se aproximando da forma

    esfrica.

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    Uma parcela obtida pela agregao de vrias partculas adquire a mesma

    orientao cristalogrfica, consistindo, assim, de um nico cristal, embora com

    superfcie irregular e englobando muitos poros.

    No entanto, em temperaturas acima de 1350C, em determinadas condies,

    a hematita se dissocia em magnetita e oxignio, o que resulta numa diminuio da

    resistncia das pelotas.

    A presena de aditivos contribui para acelerar o crescimento dos cristais em

    temperaturas menores. Alm disso, SiO2 na forma de reativos se combina com os

    gros de minrio, formando pontes de silicato entre eles (Meyer, 1980).

    A Figura 14 apresenta as micrografias, obtidas por microscopia tica, de

    uma pelota crua, antes do processo de queima, e de uma pelota queimada. A

    matriz, inicialmente constituda por muitas partculas dispersas, torna-se uma rede

    slida contnua rodeada por poros.

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    (a)

    (b)

    Figura 14 (a) Micrografia de uma pelota crua; (b) Micrografia de uma pelota queimada

    (sinterizada)

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    Na presente dissertao, a evoluo da microestrutura das pelotas dividida

    em quatro classes denominadas Graus de Maturao, a saber: A, B, C e D. A

    seguir sero descritas as caractersticas de cada classe.

    Grau A:

    As partculas hematticas ainda so bastante angulosas e a coeso entre as

    partculas baixa, pois somente as mais finas comeam a ser modificadas pelo

    processo de coalescncia (Figura 15). Essas caractersticas configuram uma pelota

    de baixa resistncia fsica.

    Figura 15 Imagem tpica de uma pelota com grau de maturao A.

    Grau B:

    o incio do estgio de assimilao das partculas e o estgio inicial do

    ajuste morfolgico, porm a coeso entre as partculas ainda baixa. A coeso se

    d, principalmente, pelo ajuste de interfaces entre as partculas de hematita mais

    prximas. Nesta classe, nota-se o aparecimento de ferrito de clcio e aparecimento

    de poros, causado pela desintegrao do calcrio e do carvo. A resistncia ainda

    no suficiente para que a pelota siga no processo metalrgico.

    A Figura 16 uma micrografia tpica de uma pelota de grau de maturao

    B.

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    Figura 16 Imagem tpica de uma pelota com grau de maturao B.

    Grau C:

    O ajuste morfolgico intenso e a estrutura torna-se mais compacta,

    propiciada pelo maior ajuste entre as partculas de hematita (eliminao das

    arestas) e pela assimilao dos demais xidos (silicatos) devido liquefao do

    ferrito de clcio.

    Pode-se observar na Figura 17 as partculas arredondadas e as pontes de

    escria lquida existentes entre os gros, caractersticas de uma pelota com grau de

    maturao C.

    Com esta microestrutura, a pelota possui a resistncia adequada para ser

    transportada e alimentar os fornos de reduo. Pode-se considerar que as

    condies de processo que acarretam este tipo de microestrutura so as ideais.

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    Figura 17 Imagem tpica de uma pelota com grau de maturao C.

    Grau D:

    O ajuste morfolgico praticamente completo (Figura 18). As partculas

    apresentam formas irregulares, compostas por pequenos poros, os quais foram

    envoltos pela coalescncia das partculas. Pode-se encontrar nesta microestrutura

    alguma magnetita que no se reoxidou durante o resfriamento. Apesar da estrutura

    relativamente mais compacta, as pelotas desta classe comeam a perder

    resistncia.

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    Figura 18 Imagem tpica de uma pelota com grau de maturao D.

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