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22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina III-173 – AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE GERAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA - ES Adriana de Oliveira P. dos Reis(1) Engenheira Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo. Florindo dos Santos Braga Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestre e Doutor em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos - USP. Prof. Adjunto do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo. Endereço(1): Rua Belo Horizonte, 893 – apto 102 A – Itapoã - Vila Velha/ES - Brasil - Tel: (27) 3349-1004 - e-mail: [email protected] RESUMO Neste trabalho foram realizadas estimativas das quantidades de materiais recicláveis produzidas a partir dos resíduos sólidos urbanos do município Vitória/ES. Diferentes cenários de geração, estabelecidos a partir de diferentes cotas per capita de produção foram considerados. As estimativas de geração foram então confrontadas com os volumes comercializados pela Usina de Triagem de Vitória (UTV). Consultas realizadas as recicladoras e transformadoras instaladas na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) permitiram avaliar, além da demanda de mercado, o padrão de qualidade necessário aos recicláveis consumidos. Os resultados permitiram observar que apenas uma parcela do volume dos materiais recicláveis gerados pelo município de Vitória são absorvidos pelo mercado consumidor destes produtos na RMGV. Dentre os materiais recuperados e comercializados, particular atenção deve ser dada aos materiais plásticos que,

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22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina III-173 – AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE GERAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA - ES Adriana de Oliveira P. dos Reis(1) Engenheira Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo. Florindo dos Santos Braga Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestre e Doutor em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos - USP. Prof. Adjunto do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo. Endereço(1): Rua Belo Horizonte, 893 – apto 102 A – Itapoã - Vila Velha/ES - Brasil - Tel: (27) 3349-1004 - e-mail: [email protected] RESUMO Neste trabalho foram realizadas estimativas das quantidades de materiais recicláveis produzidas a partir dos resíduos sólidos urbanos do município Vitória/ES. Diferentes cenários de geração, estabelecidos a partir de diferentes cotas per capita de produção foram considerados. As estimativas de geração foram então confrontadas com os volumes comercializados pela Usina de Triagem de Vitória (UTV). Consultas realizadas as recicladoras e transformadoras instaladas na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) permitiram avaliar, além da demanda de mercado, o padrão de qualidade necessário aos recicláveis consumidos. Os resultados permitiram observar que apenas uma parcela do volume dos materiais recicláveis gerados pelo município de Vitória são absorvidos pelo mercado consumidor destes produtos na RMGV. Dentre os materiais recuperados e comercializados, particular atenção deve ser dada aos materiais plásticos que,

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além do considerável volume comercializado, geram as maiores receitas auferidas pela UTV. PALAVRAS-CHAVE: Resíduos sólidos, reciclagem, recicláveis, comercialização, geração. INTRODUÇÃO A reciclagem de resíduos sólidos é o resultado de atividades através das quais materiais coletados no lixo são segregados e, posteriormente, processados, gerando matéria-prima para a manufatura de determinados produtos, antes fabricados com matéria-prima virgem. NELS (1991) observa que os processos de reciclagem podem ser classificados da seguinte maneira: Reciclagem primária: nesta forma de reciclagem, um determinado produto, após seu uso, é reutilizado com uma nova função; neste caso, o custo da reciclagem do material é desprezível. Como exemplo de reciclagem primária pode-se citar a reutilização das embalagens plásticas de supermercados no acondicionamento de resíduos sólidos domiciliares; Reciclagem secundária: na reciclagem secundária, o produto retorna ao ciclo de consumo após uma operação de beneficiamento que consiste, fundamentalmente, na limpeza de impurezas; o custo desta operação de beneficiamento, dependendo do tipo de material que está sendo reciclado, pode ser alto. Neste tipo de reciclagem usualmente ocorrem perdas de massa dos materiais reciclados. A reciclagem dos vidros e dos plásticos é exemplos de reciclagem secundária; Reciclagem terciária: nesta forma de reciclagem, o produto só retorna ao ciclo de consumo depois de submetido a operações físicas e/ou a processos químicos ou biológicos. Na reciclagem terciária a perda de massa e o custo do reprocessamento dos materiais são elevados e, em função da complexidade das operações, este tipo de reciclagem é considerado uma forma de tratamento dos RS. A compostagem constitui um exemplo de reciclagem terciária. MACHADO (1998) observa que os benefícios produzidos com a reciclagem dependem do material a ser reciclado e da forma de reciclagem a ser empregada. Segundo MACHADO, as principais vantagens da reciclagem podem ser assim sumarizadas: Preservação dos recursos naturais e redução dos custos com a produção de materiais novos a partir dos materiais reciclados. As tabelas 01 e 02 ilustram, respectivamente, a redução no consumo de energia e os ganhos ambientais produzidos com a substituição da matéria-prima virgem por matérias reciclado; Geração de empregos e a criação de micro, pequena e média empresas;

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Aumento da vida útil dos aterros; Produção de energia térmica a partir dos resíduos sólidos domiciliares. No início da década de 90, 35% do lixo produzido na Alemanha era incinerado para a produção de energia; no Japão, este índice subia para 62%. No Brasil, entretanto, esta forma de produção de energia não tem recebido maior atenção. TABELA 01 – Recuperação energética obtida com a reciclagem Produto reciclável Energia consumida (kcal/kg) Redução energética (%) Produção a partir de matérias primas virgens Produção a partir de materiais reciclados Metais ferrosos 10300 5100 50 Cobre 6600 1100 83 Alumínio 4700 1400 70 Vidro

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3100 1400 55 Papel 3700 1100 70 Polietileno 4500 500 89 Fonte: MACHADO (1988). TABELA 02 – Benefícios ambientais obtidos com a substituição de matérias-primas virgens por materiais reciclados Benefício Ambiental Redução (%) Alumínio Aço Papel Vidro Uso de energia 90 - 97 47 - 74

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23 - 74 4 - 32 Poluição do ar 95 85 74 20 Poluição da água 97 76 35 - Restos de alimentação - 97 - 80 Uso da água - 40 58 50 Fonte: MACHADO (1988)

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Segundo dados levantados pelo Compromisso Empresarial para a Reciclagem (VILHENA, 2000), o Brasil recicla aproximadamente 15% de Polietileno Tereftalato (PET), 15% dos plásticos rígidos e firmes, 35% das embalagens de vidro, 35% das latas de aço e mais do que 65% do total consumido com latas de alumínio. Entretanto, VILHENA avalia que o maior problema de reciclagem se deve aos custos nos programas de coleta seletiva (no qual os recicláveis apresentam melhor qualidade, uma vez que a contaminação com outros resíduos torna-se menor) e à disponibilidade de locais para triagem e armazenamento de materiais. A implementação de programas de reciclagem, no entanto, requer a adequada avaliação da demanda de mercado para aqueles produtos recuperados do lixo. VALENTE (2000) observa que a reciclagem realizada sem o prévio conhecimento de sua destinação tem provocado o acúmulo dos produtos recuperados do lixo, que acabam sendo encaminhados para os aterros sanitários ou para a incineração. Deve-se considerar que não existe mercado para todo e qualquer material recuperado do lixo. Até uma certa quantidade o mercado existe e possui condições de absorver tais produtos, dentro de parâmetros e características que interessem ao reciclador. Dentro deste contexto, é necessária a realização de estudos prévios sobre a comercialização dos materiais recuperados do lixo, não só dentro da região da qual o lixo procede, mas também fora dos limites desta região. Estudos desta natureza devem incluir o levantamento da quantidade de material recuperado pelas usinas de triagem, da qualidade dos recicláveis produzidos e uma criteriosa avaliação das tendências quali-quantitativas de mercado. Este trabalho tem como objetivo estimar a produção de materiais recicláveis potencialmente comercializáveis gerados no município de Vitória -ES e avaliar a demanda destes materiais junto aos recicladores estabelecidos na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV). METODOLOGIA Área de abrangência do estudo Neste estudo foi avaliado o potencial de geração e comercialização dos diferentes tipos de materiais recicláveis existentes nos RSU da cidade de Vitória/ES. A avaliação envolveu o mercado consumidor de matérias recicláveis existentes na Região Metropolitana da Grande Vitória, região constituída pelos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana , Fundão e Guarapari. Avaliação da geração e comercialização de materiais recicláveis

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Foram estimadas as quantidades de papel (papel arquivo, papel misto, papel jornal e embalagens cartonadas), metal (latas e sucatas ferrosas, alumínio, cobre, antimônio, metal amarelo e chumbo), vidro (caco incolor e caco colorido) e plástico (PEBD filme, PEAD rígido, PS, PVC, PP, PET e sucatas plásticas) existentes nos resíduos sólidos urbanos (RSU) produzidos pela cidade de Vitória entre o início do ano de 2000 e junho de 2002. Para as estimativas realizadas foram consideradas as populações propostas pelas projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e três diferentes taxas per capita de geração de lixo IBGE(2002), BAPTISTA(2000) e BIDONE & POVINELLI (1999)). As populações consideradas estão reunidas na TABELA 03. As cotas per capita, por sua vez, estão apresentadas na TABELA 04. Para a avaliação das quantidades dos diferentes tipos de papel, metal, vidro e plástico, recorreu-se à composição gravimétrica proposta por BAPTISTA (2000), sumariamente apresentada na TABELA 05. As produções mensais de materiais recicláveis foram estimadas a partir da seguinte expressão: , equação (01) sendo P a produção mensal de materiais recicláveis (Kg), n a população (hab), c a cota per capita de produção de lixo (Kg/hab.dia) e e a eficiência de triagem. As produções mensais estimadas foram então confrontadas com os volumes destes materiais comercializados pela Usina de Triagem de Vitória (UTV). Os preços unitários de comercialização praticados pela usina, por sua vez, permitiram avaliar a importância dos diferentes materiais sobre a receita gerada pela UTV. TABELA 03 – Populações estimadas para o município de Vitória Ano População (hab.) 2000 292.304 2001 296.012 2002 299.357

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TABELA 04 – Produções per capita sugeridas para o município de Vitória Fonte Produção per capita (Kg/hab.dia) BIDONE & POVINELLI (1999) 0,50 BAPTISTA (200) 0,76 IBGE (2002) 0,91 TABELA 05 – Composição física secundária proposta por BAPTISTA (2000) Material Percentual em peso Papel Papel arquivo 1,53 Papel misto 3,12 Papel jornal 5,39 Papelão 4,39

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Emb. cartonada 0,68 Outros papéis 1,70 Sub-total 01 16,81 Plástico* PEBD filme 8,17 PEAD rígido 0,76 PS 0,41 PVC 0,24 PP 0,46 PET 0,56 Sucatas Plásticas 0,27 Outros plásticos 8,65 Sub-total 02

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19,51 Metais Latas ferrosas 1,37 Sucatas ferrosas 0,80 Alumínio duro 0,04 Alumínio mole 0,10 Emb. alumínio 0,22 Latas alumínio 0,20 Cobre 0,12 Antimônio 0,01 Metal amarelo 0,01 Chumbo 0,01 Outros metais

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0,19 Sub-total 03 3,06 Vidro Caco incolor 0,91 Caco colorido 0,62 Outros vidros 0,17 Sub-total 04 1,70 Avaliação do mercado consumidor de materiais recicláveis Às empresas recicladoras e transfomadoras constantes do cadastro da Usina de Triagem de Vitória (UTV) foi apresentada uma série de questões referentes aos materiais recicláveis disponíveis na RMGV. Aos recicladores/transformadores foram solicitadas informações sobre: Materiais recicláveis/reciclados consumidos pelas empresas; Origem, quantidade mensal adquirida e preço médio de aquisição dos materiais consumidos; Padrões de qualidade exigidos dos materiais recicláveis/reciclados adquiridos pela empresa e informações sobre a qualidade desses materiais disponíveis na RMGV; Produtos fabricados pelos recicladores e transformadores; Quantidade mensal produzida e preço médio de venda dos produtos fabricados pelos recicladores/transformadores; Tempo de atuação da empresa no mercado de reciclagem e a evolução da quantidade de materiais recicláveis/reciclados adquiridos; Sugestões e recomendações sobre o mercado de reciclagem; Grau de conhecimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Geração e comercialização de materiais recicláveis A Tabela 06 reúne as produções mensais estimadas para os diferentes materiais recicláveis a partir da cota per capita proposta por BAPTISTA (2000). Tabelas similares foram produzidas considerando-se as cotas per capita propostas pela BIDONE & POVINELLI (1999) e pelo IBGE (2002). Tabela 06– Estimativa de produção mensal de materiais recicláveis a partir da cota per capita e da composição gravimétrica propostas por BAPTISTA (2000) Produção de recicláveis (kg/mê s) Materiais recicláveis Ano 2000 2001 2002 Papel Papel arquivo 25.779,15 26.106,17 26.401,17 Papel misto

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50.370,93 51.009,91 51.586,33 Papel jornal 87.019,01 88.122,89 89.118,69 Papelão 90.712,20 91.862,92 92.901,00 Emb. cartonada 14.728,31 14.868,49 15.036,51 Sub-total 01 268.609,60 271.970,38 275.043,70 Plástico

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PEBD filme 62.490,98 63.283,71 63.998,83 PEAD rígido 43.132,38 43.679,54 44.173,12 PS 4.772,09 4.832,62 4.887,23 PVC 2.320,26 2.349,69 2.376,25 PP 19.792,53 20.043,61 20.270,10 PET 33.853,24

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34.282,68 34.670,09 Sucatas Plasticas. 13.671,56 13.844,99 14.001,45 Sub-total 02 180.033,05 182.316,84 184.377,06 Metais Latas ferrosas 50.361,85 51.000,71 51.577,03 Sucatas ferrosas

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29.982,89 30.363,24 30.706,35 Alumínio duro 233,60 236,56 239,23 Alumínio mole 625,32 633,25 640,41 Emb. alumínio 861,49 872,42 882,28 Latas alumínio 3.360,34 3.402,97 3.441,42 Cobre 464,21 470,10 475,42

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Antimônio 179,94 182,22 184,28 Metal amarelo 98,03 99,28 100,40 Chumbo 181,50 183,80 185,88 Sub-total 03 86.349,18 87.444,56 88.432,70 Vidro Caco incolor 20.573,06 20.834,04 21.069,47 Caco colorido 17.507,36 17.729,45

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17.929,80 Sub-total 04 38.080,43 38.563,49 38.999,27 Os gráficos apresentados na FIGURA 01 permitem confrontar a evolução da produção dos diferentes tipos de materiais plásticos (novamente a partir da cota per capita proposta por BAPTISTA (2000)) com os volumes comercializados destes materiais pela UTV. Gráficos semelhantes foram gerados para os demais materiais recicláveis (papéis, metais e vidros) e para as diferentes cotas per capita consideradas.

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FIGURA 01 – Variação da produção mensal estimada e do volume de vendas dos diferentes tipos de plásticos reciclados

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A FIGURA 02, por sua vez, ilustra os valores arrecadados pela UTV ao longo do ano de 2002 com a venda dos diferentes materiais recicláveis.

FIGURA 02 – Valores arrecadados ao longo do ano de 2002 com a venda dos diferentes materiais recicláveis comercializados pela UTV. A confrontação das quantidades dos diferentes materiais recicláveis gerados pelos municípios de Vitória com as quantidades comercializadas pela UTV e a análise dos totais arrecadados ao longo de 2002 pela Unidade de Triagem com a venda de materiais recicláveis permitiram observar que: Os papéis e plásticos correspondem aos materiais gerados e comercializados com maior intensidade no município de Vitória; os plásticos, entretanto, função de seu preço unitário

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de venda, produzem a maior parte da receita obtida com a comercialização dos produtos recicláveis recuperados na UTV; Independentemente da cota per capita considerada para a estimativa da geração dos mater iais recicláveis, a diferença entre as quantidades geradas e as quantidades comercializadas parece indicar que boa parte dos materiais recicláveis produzidos pelo município tem como destino a disposição nos aterros. A cota per capita proposta por BIDONE & POVINELLI (1999), entretanto, parece ser extremamente conservadora; para alguns materiais, estimativas feitas a partir desta cota sugerem que todo o volume produzido pelo município de Vitória estaria sendo absorvido pelo mercado consumidor de materiais recicláveis, o que não é verificado a partir da observação da rotina operacional da UTV; A adoção de cotas per capita e composição gravimétrica constantes ao longo de todo o período de análise não permite que sejam observados os efeitos da sazonalidade na ge ração dos resíduos sólidos. Os volumes de comercialização apresentados pela UTV, por sua vez, não permitem identificar tendências do mercado consumidor sendo, na maior parte do tempo, resultado da política comercial da própria usina (condições de estocagem dos materiais) ou de aumentos pontuais de demanda pelo próprio mercado de recicláveis. Avaliação do mercado consumidor de materiais recicláveis A avaliação do mercado consumidor de materiais recicláveis foi realizada a partir da aplicação de um questionário às empresas constantes no cadastro da UTV. O questionário teve como objetivo conhecer o mercado consumidor instalado e para obter informações acerca dos padrões de qualidade exigidos pelos compradores de recicláveis. Para o material reciclável plástico, a maior parte das empresas entrevistadas atua como intermediários, comercializando aproximadamente 15 ton/mês de PET, PEBD e PP. Consomem apenas material reciclável de procedências pós-consumo e industrial e produzem plástico prensado, plástico moído e plástico granulado. Quanto aos padrões de qualidade exigidos pelos compradores de recicláveis, a principal exigência diz respeito à separação por tipo de material, tanto para os resíduos pós-consumo bem como para as aparas ou sobras de processamento. Das empresas entrevistadas, 71% alegam satisfação quanto à qualidade dos recicláveis disponíveis no mercado. As demais empresas apresentam-se insatisfeitas com a identificação dos materiais, o que dificulta a separação por tipo de plástico. As empresas compradoras de metal reciclável utilizam apenas reciclável em sua linha de produção. Adquirem o metal sujo e solto e adotam controle de qualidade em praticamente toda a sua linha de produção. Não fazem exigências quanto à forma de compra dos recicláveis, a não ser pela separação por tipo de metal. Adicionalmente, afirmam que os materiais recicláveis disponíveis no mercado atendem aos critérios de qualidade exigidos. As empresas do grupo papéis utilizam como matéria-prima apenas material reciclável, tendo como procedência resíduos pós-consumo e industrial. Esses materiais são comprados

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preferencialmente limpos e prensados. Algumas empresas, no entanto, admitem comprá-los sujo e solto ou sujo e prensado. Como critério de qualidade para a aquisição de papéis recicláveis, todas as empresas entrevistadas exigem a separação por separação por tipo de papel. Por fim, embora a maioria das empresas entrevistada apresente-se satisfeitas com a qualidade dos recicláveis disponíveis no mercado, as recicladoras de papel observam que uma maior conscientização da população quanto aos processos reciclagem poderia produzir materiais recicláveis com melhor padrão de qualidade. Já no caso das empresas que trabalham com vidro reciclável, 50% afirmaram que os materiais recicláveis existentes no mercado atendem aos padrões de qualidade exigidos pela empresa. Também este grupo de empresas aponta os benefícios que a conscientização da população pode trazer para os processos de reciclagem, facilitando a obtenção de recicláveis com melhor padrão de qualidade. CONCLUSÕES Os volumes de materiais recicláveis gerados pelo município de Vitória são apenas parcialmente absorvidos pelo mercado consumidor destes produtos na RMGV. Os resultados deste trabalho indicam uma considerável diferença entre a geração de materiais recicláveis produzidos no município de Vitória e os volumes comercializados pela UTV. Dentre os materiais recuperados e comercializados, particular atenção deve ser dada aos materiais plásticos que, além do considerável volume comercializado, geram as maiores receitas auferidas pela UTV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAPTISTA, F. R. M.. Caracterização física e comercial do lixo urbano gerado no município de Vitória – ES, considerando o potencial comercial de recuperação dos materiais recicláveis presentes. 2000. 262p. Dissertação. Programa de Mestrado em Engenharia Ambiental, Universidade Federal do Espírito Santo. BIDONE, F. R. A.; POVINELLI, J.. Conceitos básicos sobre resíduos sólidos. São Carlos: EESC/USP, 1999. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. Rio de Janeiro: IBGE (2002). MACHADO, L. A.. Usinas de reciclagem e compostagem de resíduos sólidos domiciliares: uma análise do processo de produção, com considerações sobre suas operações unitárias e os riscos existentes à saúde dos trabalhadores – Estudos de casos. São Carlos, 1998, 294p. Dissertação: Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo.

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NELS, C. Waste minimization. In: Seminário Internacional de Gestão e Tecnologia de Tratamento de resíduos, 1, São Paulo, 1991, 28p.