5-Construção de Estufas para Produção de Hortaliças - EMBRAPA
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ISSN 1415-3033Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
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Construo de estufas paraproduo de hortalias nasRegies Norte, Nordeste eCentro-Oeste
Circular
Tcnica
Braslia, DF
Dezembro, 2005
Autor
Neville V. B. dos Reis
Eng. Agr., MScEmbrapa Hortalias
C. Postal 21870359-970 Braslia-DF
Casas-de-vegetao
As casas de vegetao so um instrumento de proteo ambiental paraproduo de plantas, como hortalias e flores. Por definio, casas-de-vegetao so estruturas construdas com diversos materiais, comomadeira, concreto, ferro, alumnio, etc, cobertas com materiaistransparentes que permitam a passagem da luz solar para crescimento edesenvolvimento das plantas. O uso destas estruturas pode ser de carterparcial ou pleno, dependendo das caractersticas exploradas. Umexemplo caracterstico do uso parcial a utilizao de cobertura daestrutura para obter-se o efeito guarda-chuva, muito comum em regiestropicais. Por outro lado, possvel explorar todo o potencial deste tipo deestrutura, construindo-se uma casa-de-vegetao completa, com todos oscontroles para a cobertura e para a proteo das plantas em relao aparmetros meteorolgicos adversos, como a precipitao pluviomtrica,e com cortinas laterais para gerao e aprisionamento do calor. Nesteltimo caso, utiliza-se o efeito estufa desta estrutura, motivo pelo qual ascasas-de-vegetao so mais conhecidas como estufas, embora suautilizao seja restrita proteo das culturas utilizando-se somente oefeito guarda-chuva da estrutura.
Estufas de plstico
As principais caractersticas de uma estufa plstica so a eficincia e afuncionalidade. Entende-se por eficincia a faculdade que a mesma tem
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2 Construo de estufas para produo de hortalias nas Reiges Norte, Nordeste e Centro-Oeste
de oferecer um determinado elemento do climano de maneira esttica, porm dentro doslimites de exigncias fisiolgicas da cultura.A funcionalidade um conjunto de requisitosque permitem a melhor utilizao da estufa,tanto do ponto de vista tcnico comoeconmico. Estas caractersticas devem estarcompletamente harmonizadas com o objetivode definir um sistema produtivo capaz de obtercolheitas fora da poca normal, com mercado erentabilidade adequada sobrevivncia doempreendimento. Para se alcanar estesobjetivos na construo de uma estufa, preciso primeiro analisar os recursos naturais ehumanos disponveis na rea onde se pretendeinstalar a estrutura, e em segundo lugarproceder a um estudo rigoroso sobre aspossibilidades de mercado e comercializaodos produtos olercolas obtidos com aconstruo das estufas.
A seleo de um determinado tipo de estufa funo de uma srie de aspectos tcnicos, taiscomo exigncias agroclimticas da espcie deplanta a ser cultivada, das caractersticasclimticas da rea onde se pretende implant-la, da disponibilidade de mo-de-obra e demercado. As estufas podem ser classificadasem relao ao controle dos parmetrosmeteorolgicos em climatizadas,semiclimatizadas e no-climatizadas. As estufasclimatizadas possuem mecanismos eltricos,eletrnicos e mecnicos de acionamentoautomtico para controle de temperatura,umidade relativa e luz, e fazem uso de energiatransformada em suas atividades normais. Seuemprego depende de uma exploraoeconomicamente rentvel e elevada. At apresente fase de nosso desenvolvimentoeconmico, este tipo de estufa para produode hortalias invivel, sendo sua utilizaorestrita a instituies de pesquisas para fins deexperimentao. Seu uso comercial maiscomum em pases de economia estvel e dealto poder aquisitivo, como Japo, Espanha,Holanda, entre outros. As estufassemiclimatizadas so dotadas de determinadograu de automao no controle de temperatura,umidade e luz, sendo tambm consideradas
inviveis economicamente para produocomercial de hortalias. No Brasil, soutilizadas em instituies de ensino e pesquisaagropecurias e florestal, em reas como omelhoramento gentico, por exemplo.As estufas no-climatizadas so as que renemviabilidade econmica e podem ser utilizadasem processo de explorao comercial paraproduo hortalias e flores. Este tipo de estufano possui nenhum tipo de equipamento queutilize energia transformada e sua utilizao condicionada a aplicao de transformao defatores fsicos da prpria natureza do ambiente.
Diversidade Climtica Regional no Brasil
Com dimenses continentais de 8.500.000 km2,o Brasil possui cinco regies geogrficas(Norte, Sul, Sudeste, Centro Oeste e Nordeste)climaticamente influenciadas pela ao degrandes centros de circulao atmosfricalocalizadas nos Oceanos Pacifico Sul, AtlnticoSul e pelo centro localizado na Zona deConvergncia Intertropical. Esses centros decirculao atmosfrica atuam sazonalmente nasregies geogrficas brasileiras de modosdistintos, gerando condies de climafavorveis e adversos produo agrcola. Emcertas circunstancias, estas condies impema necessidade de desenvolvimento depesquisas para regularizar o abastecimento decertas espcies hortcolas, tanto na ordemtemporal como espacial. Baseando-se emdados de observaes meteorolgicas e deoutros, como levantamentos de solo, resultadosde pesquisas, mercado e tecnologias utilizadasna produo hortcola, fez-se uma descriosucinta de cada uma dessas regies e de suasnecessidades de construo de estruturas deestufas baseados na disponibilidade demateriais, mo-de-obra, mercado e relaocusto/beneficio.
Regio Norte - Amaznia
A regio Norte compreende grande parte daAmaznia brasileira, apresenta climapredominantemente tropical quente e mido,radiao global anual mdia de 5.462 Wh/m2,
3Construo de estufas para produo de hortalias nas Reiges Norte, Nordeste e Centro-Oeste
umidade relativa mdia de 90%, nebulosidadevariando entre 10 e 70%, com extremos devariao de intensidade de radiao de um diapara outro. Tm sido observadas redues naradiao fotossinteticamente ativa de 140 kluxpara 18 klux no quntico de energia que atingea superfcie do solo. A regio carente empesquisa em relao cobertura plstica,exigindo materiais que possa melhor converterradiaes de comprimento de onda baixssimoem radiao fotossinteticamente ativa, comopor exemplo, o uso de plstico fotodifusor.
Outro fator limitante produo de hortaliasnessa regio a dificuldade de transporte decalor e da massa de vapor do interior para oexterior das estufas, devido quaseinexistncia de ventos advectivos, muitoimportante no modelo e tipo de estufa a seradotado. A Amaznia uma regio livre degeadas, com alto ndice de precipitaespluviomtricas, variando entre 1.800 a 3.300mm, concentradas nas estaes de primavera-vero, sendo o perodo de outono-inverno omais seco do ano. A evaporao do ar oscilaentre 400 e 1.600 mm anuais. Em termos detemperatura, a mxima varia entre 30 e 33C ea mnima entre 18 e 24C. Com relao aorelevo, a regio apresenta plancies compostaspor Argissolos Vermelhos, Argissolos Vermelho-Amarelos a Argissolos Amarelos. Paraincentivar a produo de tomate, pepino,pimento e alface na regio, vm sendoconduzidos estudos pela Embrapa Hortaliassobre a modificao de microclimas com o usode estufas construdas artesanalmente com
base em materiais abundantes na regio, comomadeiras de lei, mo-de-obra local, boa relaocusto/beneficio, preo estimado entre US$ 10-20/m2, com as seguintes caractersticas:
- Dimenses: comprimento de nave de 50,0m x8,0 m de largura x 3,0m de p-direito x 5,0mde altura total at a segunda cumeeira dotelhado.
- Material de estrutura: moires a base demadeira de lei, trabalhada ou rolias (comoapanhada em seu habitat natural semnenhuma industrializao); tambm podemser construdos a base de cano de guagalvanizado ou de ferro sem nenhumprocesso de galvanizao, ou ainda comoutros materiais, como ferro e cimento,alvenaria ou ferro-concreto.
- Material de cobertura: polietileno de baixadensidade (MEPD), nas espessuras de 75,100, 120 e 150 micra, com durabilidade deuso entre 12 e 36 meses.
- Cortinamento lateral: telas ou malhas depolipropileno de porosidade percentuais entre18 e 50%.
- Geometria de telhado: este modelo de estufaadmite construo em sistemas retilneos ecurvilneos.
- Acessrios: no possuem nenhum tipo deacessrio especial que implique em usoenergia eltrica (aquecimento, ventilao,exausto, etc), mas utiliza transformaesfsicas atmosfricas, como gerao deconveco para transporte de calor e massaproduzidas pelo modelo de construo detelhado da referida estufa (Figuras 1 a 5).
Fig. 1. Estufa modelo teto
convectivo retilneo - vista
lateral direita.
4 Construo de estufas para produo de hortalias nas Reiges Norte, Nordeste e Centro-Oeste
Fig. 2. Estufa modelo teto
convectivo retilneo - vista
lateral esquerda.
Fig. 3. Estufa modelo teto
convectivo retilneo -
construdo a base de
eucalipto.
Fig. 4. Estufa modelo teto
convectivo curvilneo.
5Construo de estufas para produo de hortalias nas Reiges Norte, Nordeste e Centro-Oeste
Outros modelos de estufas para a regioAmaznica
Os modelos de estufa capela e lean-totambm so apropriados para as condiesclimticas da Amaznia. Para utilizao domodelo capela em condies de trpico midoe quente foram adaptadas janelas do tipoadvectiva em suas partes frontal e posterior(Figura 6). Este tipo de adaptao permite umfluxo de ar contnuo em seu interior
transportando o calor e massa para o ladoexterno. Esta transferncia de calor e massa
tem como vantagem a utilizao contnua doexcesso da radiao sensvel no processo deevaporativo das superfcies livres das folhasdas plantas e do solo, transportado-os para ascamadas de ar mais elevadas do interior daestufa, diminuindo a temperatura interna daestufa (endotermia) e promovendo a diminuio
da umidade.
Fig. 5. Vista interna da
estufa modelo teto
convectivo curvilneo.
Figura 6. Estufa modelo
capela com janelas
advectivas incorporadas.