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SEGUNDA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS Preâmbulo 1 Endereço e saudação. Ação de graças 1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e Timóteo, o irmão, à Igreja de Deus que está em Corinto, assim como a todos os santos que se encontram na Acaia inteira. 2 A vós graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo! 3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação! 4 Ele nos consola em todas as nossas tribulações, para que possamos consolar os que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus. 5 Na verdade, assim como os sofrimentos de Cristo são copiosos para nós, assim também por Cristo é copiosa a nossa consolação. 6 Se somos atribulados, é para a vossa consolação e salvação que o somos. Se somos consolados, é para a vossa consolação, que vos faz suportar os mesmos sofrimentos que também nós padecemos. 7 E a nossa esperança a vosso respeito é firme: sabemos que, compartilhando os nossos sofrimentos, compartilhareis também a nossa consolação! 8 Não queremos, irmãos, que o ignoreis: a tribulação que padecemos na Ásia acabrunhou-nos ao extremo, além das nossas forças, a ponto de perdermos a esperança de sobreviver. 9 Sim; recebêramos em nós mesmos a nossa sentença de morte, para que a nossa confiança já não se pudesse fundar em nós mesmos, mas em Deus, que ressuscita os mortos. 10 Foi ele que nos libertou de tal morte e dela nos libertará; nele colocamos a esperança de que ainda nos libertará da morte. 11 Vós colaborareis para tanto mediante a vossa prece; assim, a graça que obteremos pela intercessão de muitas pessoas suscitará a ação de graças de muitos em nosso favor. I. Os incidentes passados Por que Paulo modificou o plano de viagem 12 O nosso motivo de ufania é este testemunho da nossa consciência; comportamo-nos no mundo, e mais particularmente em relação a vós, com a santidade e a pureza que vêm de Deus, não com sabedoria carnal, mas pela graça de Deus. 13 Com efeito, nada há em nossas cartas a não ser o que nelas ledes e compreendeis. Espero que compreendereis plenamente, — 14 assim como nos compreendestes em parte — que somos para vós um motivo de glória, como sereis o nosso, no Dia do Senhor Jesus. 15 Animado por esta certeza, tencionava primeiramente ir ter convosco, para que recebêsseis uma segunda graça; 16 a seguir, passaria para a Macedônia; por fim, da Macedônia voltaria a ter convosco, a fim de que me preparásseis a viagem para a Judéia. 17 Tomando este propósito, terei sido leviano? Ou meus planos seriam apenas inspirados pela carne, de modo que haja em mim simultaneamente o sim e o não? 18 Deus é testemunha fiel de que a nossa palavra a vós dirigida não é sim e não. 19 Pois o Filho de Deus, o Cristo Jesus, que vos anunciamos, eu, Silvano e Timóteo, não foi sim e não, mas unicamente sim. 20 Todas as promessas de Deus encontraram nele o seu sim: por isto, é por ele que dizemos "Amém" a Deus para a glória de Deus. 21 Aquele que nos fortalece convosco em Cristo e nos dá a unção é Deus, 22 o qual nos marcou com um selo e colocou em nossos corações o penhor do Espírito. 23 Quanto a mim, invoco a Deus como testemunha da minha vida: foi para vos poupar que não voltei a Corinto. 24 Não tencionamos dominar a vossa fé, mas colaboramos para que tenhais alegria; é pela fé que estais firmes.

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SEGUNDA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS

Preâmbulo

1 Endereço e saudação. Ação de graças

— 1Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e Timóteo, o irmão, à Igreja de Deus que está em Corinto, assim como a todos os santos que se encontram na Acaia inteira. 2A vós graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo! 3Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação! 4Ele nos consola em todas as nossas tribulações, para que possamos consolar os que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus. 5Na verdade, assim como os sofrimentos de Cristo são copiosos para nós, assim também por Cristo é copiosa a nossa consolação. 6Se somos atribulados, é para a vossa consolação e salvação que o somos. Se somos consolados, é para a vossa consolação, que vos faz suportar os mesmos sofrimentos que também nós padecemos. 7E a nossa esperança a vosso respeito é firme: sabemos que, compartilhando os nossos sofrimentos, compartilhareis também a nossa consolação! 8Não queremos, irmãos, que o ignoreis: a tribulação que padecemos na Ásia acabrunhou-nos ao extremo, além das nossas forças, a ponto de perdermos a esperança de sobreviver. 9Sim; recebêramos em nós mesmos a nossa sentença de morte, para que a nossa confiança já não se pudesse fundar em nós mesmos, mas em Deus, que ressuscita os mortos. 10Foi ele que nos libertou de tal morte e dela nos libertará; nele colocamos a esperança de que ainda nos libertará da morte. 11Vós colaborareis para tanto mediante a vossa prece; assim, a graça que obteremos pela intercessão de muitas pessoas suscitará a ação de graças de muitos em nosso favor.

I. Os incidentes passados

Por que Paulo modificou o plano de viagem — 12O nosso motivo de ufania é este testemunho da nossa consciência; comportamo-nos no mundo, e mais particularmente em relação a vós, com a santidade e a pureza que vêm de Deus, não com sabedoria carnal, mas pela graça de Deus. 13Com efeito, nada há em nossas cartas a não ser o que nelas ledes e compreendeis. Espero que compreendereis plenamente, — 14assim como nos compreendestes em parte — que somos para vós um motivo de glória, como sereis o nosso, no Dia do Senhor Jesus. 15Animado por esta certeza, tencionava primeiramente ir ter convosco, para que recebêsseis uma segunda graça; 16a seguir, passaria para a Macedônia; por fim, da Macedônia voltaria a ter convosco, a fim de que me preparásseis a viagem para a Judéia. 17Tomando este propósito, terei sido leviano? Ou meus planos seriam apenas inspirados pela carne, de modo que haja em mim simultaneamente o sim e o não? 18Deus é testemunha fiel de que a nossa palavra a vós dirigida não é sim e não. 19Pois o Filho de Deus, o Cristo Jesus, que vos anunciamos, eu, Silvano e Timóteo, não foi sim e não, mas unicamente sim. 20Todas as promessas de Deus encontraram nele o seu sim: por isto, é por ele que dizemos "Amém" a Deus para a glória de Deus. 21Aquele que nos fortalece convosco em Cristo e nos dá a unção é Deus, 22o qual nos marcou com um selo e colocou em nossos corações o penhor do Espírito. 23Quanto a mim, invoco a Deus como testemunha da minha vida: foi para vos poupar que não voltei a Corinto. 24Não tencionamos dominar a vossa fé, mas colaboramos para que tenhais alegria; é pela fé que estais firmes.

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2 1Resolvi o seguinte: não voltarei a ter convosco na tristeza. 2Pois, se vos causo tristeza, quem me proporcionará alegria senão aquele que eu tiver entristecido? 3A finalidade da minha carta era evitar que, ao chegar, eu experimentasse tristeza da parte daqueles que me deveriam proporcionar alegria. Estou convencido, no que vos diz respeito, de que a minha alegria é também a de todos vós. 4Por isto, foi em grande tribulação e com o coração angustiado que vos escrevi em meio a muitas lágrimas, não para vos entristecer, mas para que conheçais o amor transbordante que tenho para convosco.5Se alguém causou tristeza, não foi a mim, mas em certa medida (não exageremos) a todos vós. 6Para tal homem, basta a censura infligida pela maioria. 7Eis por que, muito ao contrário, perdoai-lhe e consolai-o, a fim de que não seja absorvido por tristeza excessiva. 8Sendo assim, exorto-vos a que deis provas de amor para com ele, 9pois, ao vos escrever, eu tinha em mira pôr à prova a vossa obediência e averiguar se era total. 10Àquele a quem perdoais eu perdôo! Se perdoei — na medida em que tinha de perdoar —, eu o fiz em vosso favor, na plena presença de Cristo, 11a fim de que não sejamos iludidos por Satanás. Pois não ignoramos as intenções dele.

De Trôade à Macedônia. Digressão: o ministério apostólico — 12Cheguei então a Trôade para lá pregar o evangelho de Cristo, e, embora o Senhor me tivesse aberto uma porta grande, 13não tive repouso de espírito, pois não encontrei Tito, meu irmão. Por conseguinte, despedi-me deles e parti para a Macedônia. 14Graças sejam dadas a Deus, que por Cristo nos carrega sempre em seu triunfo e, por nós, expande em toda parte o perfume do seu conhecimento. 15Em verdade, somos para Deus o bom odor de Cristo, entre aqueles que se salvam e aqueles que se perdem; 16para uns, odor que da morte leva à morte; para outros, odor que da vida leva à vida. E quem estaria à altura de tal missão? 17Não somos como aqueles muitos que falsificam a palavra de Deus; é, antes, com sinceridade, como enviados de Deus, que falamos, na presença de Deus, em Cristo.

3 1Começaremos de novo a nos recomendar? Ou será que, como alguns, precisamos de cartas de recomendação para vós ou da vossa parte? 2Nossa carta sois vós, carta escrita em nossos corações, reconhecida e lida por todos os homens. 3Evidentemente, sois uma carta de Cristo, entregue ao nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações!" 4Tal é a certeza que temos, graças a Cristo, diante de Deus. 5Não como se fôssemos dotados de capacidade que pudéssemos atribuir a nós mesmos, mas é de Deus que vem a nossa capacidade. 6Foi ele quem nos tornou aptos para sermos ministros de uma Aliança nova, não da letra, e sim do Espírito, pois a letra mata, mas o Espírito comunica a vida. 7Ora, se o ministério da morte, gravado com letras sobre a pedra, foi tão assinalado pela glória que os israelitas não podiam fixar os olhos no semblante de Moisés, por causa do fulgor que nele havia — fulgor, aliás, passageiro —, 8como não será ainda mais glorioso o ministério do Espírito? 9Na verdade, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais glorioso será o ministério da justiça. 10Mesmo a glória que então se verificou já não pode ser considerada glória, em comparação com a glória atual, que lhe é muito superior. 11Pois, se o que é passageiro foi assinalado pela glória, com mais razão o que permanece deve ser glorioso. 12Fortalecidos por tal esperança, temos plena confiança: 13não fazemos como Moisés, que colocava um véu sobre a sua face para que os filhos de Israel não percebessem o fim do que era transitório... 14Mas os seus espíritos se tornaram obscurecidos. Sim; até hoje, quando lêem o Antigo Testamento, este mesmo véu permanece. Não é retirado, porque é em Cristo que ele desaparece. 15Sim; até hoje, todas as vezes que lêem Moisés, um véu está sobre o seu coração. 16É somente pela conversão ao Senhor que o véu cai. 17Pois o Senhor é o Espírito, e onde se acha o

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Espírito do Senhor aí está a liberdade. 18E nós todos que, com a face descoberta, refletimos como num espelho a glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito.4 1Por isto, já que por misericórdia fomos revestidos de tal ministério, não perdemos a coragem. 2Dissemos "não" aos procedimentos secretos e vergonhosos; procedemos sem astúcia e não falsificamos a palavra de Deus. Muito ao contrário, pela manifestação da verdade recomendamo-nos à consciência de cada homem diante de Deus. 3Por conseguinte, se o nosso evangelho permanece velado, está velado para aqueles que se perdem, 4para os incrédulos, dos quais o deus deste mundo obscureceu a inteligência, a fim de que não vejam brilhar a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. 5Não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, Senhor. Quanto a nós mesmos, apresentamo-nos como vossos servos por causa de Jesus. 6Porquanto Deus, que disse: Do meio das trevas brilhe a luz!, foi ele mesmo quem reluziu em nossos corações, para fazer brilhar o conhecimento da glória de Deus, que resplandece na face de Cristo.

Tribulações e esperanças do ministério — 7Trazemos, porém, este tesouro em vasos de argila, para que esse incomparável poder seja de Deus e não de nós. 8Somos atribulados por todos os lados, mas não esmagados; postos em extrema dificuldade, mas não vencidos pelos impasses; 9perseguidos, mas não abandonados; prostrados por terra, mas não aniquilados. 10Incessantemente e por toda parte trazemos em nosso corpo a agonia de Jesus, a fim de que a vida de Jesus seja também manifestada em nosso corpo. 11Com efeito, nós embora vivamos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, a fim de que também a vida de Jesus seja manifestada em nossa carne mortal. 12Assim a morte trabalha em nós; a vida, porém, em vós. 13Por conseguinte, tendo o mesmo espírito de fé a respeito do qual está escrito: Acreditei, por isto falei, cremos também nós, e por isto falamos. 14Pois sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus ressuscitará também a nós com Jesus e nos colocará ao lado dele, juntamente convosco. 15E tudo isto se realiza em vosso favor, para que a graça, multiplicando-se entre muitos, faça transbordar a ação de graças para a glória de Deus. 16Por isto não nos deixamos abater. Pelo contrário, embora em nós o homem exterior vá caminhando para a sua ruína, o homem interior se renova dia-a-dia. 17Pois nossas tribulações momentâneas são leves em relação ao peso eterno de glória que elas nos preparam até o excesso. 18Não olhamos para as coisas que se vêem, mas para as que não se vêem; pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.

5 1Sabemos, com efeito, que, se a nossa morada terrestre, esta tenda, for destruída, teremos no céu um edifício, obra de Deus, morada eterna, não feita por mãos humanas. 2Tanto assim que gememos pelo desejo ardente de revestir por cima da nossa morada terrestre a nossa habitação celeste — 3o que será possível se formos encontrados vestidos, e não nus. 4Pois nós, que estamos nesta tenda, gememos acabrunhados, porque não queremos ser despojados da nossa veste, mas revestir a outra por cima desta, a fim de que o que é mortal seja absorvido pela vida. 5E quem nos dispôs a isto foi Deus, que nos deu o penhor do Espírito. 6Por conseguinte, estamos sempre confiantes, sabendo que, enquanto habitamos neste corpo, estamos fora da nossa mansão, longe do Senhor, 7pois caminhamos pela fé e não pela visão... 8Sim, estamos cheios de confiança, e preferimos deixar a mansão deste corpo para ir morar junto do Senhor. 9Por isto também esforçamo-nos por agradar-lhe, quer permaneçamos em nossa mansão, quer a deixemos. 10Porquanto todos nós teremos de comparecer manifestamente perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba a retribuição do que tiver feito durante a sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o mal.

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O exercício do ministério apostólico — 11Compenetrados, pois, do temor do Senhor, procuramos convencer os homens. Quanto a Deus, somos-lhe plenamente manifestos; espero que sejamos também plenamente conhecidos por vós em vossas consciências. 12Não nos recomendamos de novo junto a vós, mas desejamos dar-vos a ocasião de vos gloriardes a nosso respeito, a fim de que possais responder àqueles que se gloriam apenas pelas aparências, e não pelo que está nos corações. 13Se nos deixamos arrebatar como para fora do bom senso, foi por causa de Deus; se somos sensatos, é por causa de vós. 14Pois a caridade de Cristo nos compele, quando consideramos que um só morreu por todos e que, por conseguinte, todos morreram. 15Ora, ele morreu por todos a fim de que aqueles que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles. 16Por isto, doravante a ninguém conhecemos segundo a carne. Mesmo se conhecemos Cristo segundo a carne, agora já não o conhecemos assim. 17Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova. 18Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação. 19Pois era Deus que em Cristo reconciliava o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação. 20Sendo assim, em nome de Cristo exercemos a função de embai- xadores e por nosso intermédio é Deus mesmo que vos exorta. Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus. 21Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que, por ele, nos tornemos justiça de Deus.

6 1Visto que somos colaboradores com ele, exortamo-vos ainda a que não recebais a graça de Deus em vão. 2Pois ele diz: No tempo favorável, eu te ouvi. E no dia da salvação vim em teu auxílio. Eis agora o tempo favorável por excelência. Eis agora o dia da salvação.3Evitamos dar qualquer motivo de escândalo, a fim de que o nosso ministério não seja sujeito a censura. 4Ao contrário, em tudo recomendamo-nos como ministros de Deus: por grande perseverança nas tribulações, nas necessidades, nas angústias, 5nos açoites, nas prisões, nas desordens, nas fadigas, nas vigílias, nos jejuns, 6pela pureza, pela ciência, pela paciência, pela bondade, por um espírito santo, pelo amor sem fingimento, 7pela palavra da verdade, pelo poder de Deus, pelas armas ofensivas e defensivas da justiça, 8na glória e no desprezo, na boa e na má fama; tidos como impostores e, não obstante, verídicos; 9como desconhecidos e, não obstante, conhecidos; como moribundos e, não obstante, eis que vivemos; como punidos e, não obstante, livres da morte; 10como tristes e, não obstante, sempre alegres; como indigentes e, não obstante, enriquecendo a muitos; como nada tendo, embora tudo possuamos!

Expansões e advertências — 11Nós vos falamos com toda liberdade, ó coríntios; o nosso coração se dilatou. 12Não é estreito o lugar que ocupais em nós, mas é em vossos corações que estais na estreiteza. 13Pagai-nos com igual retribuição; falo-vos como a filhos: dilatai também os vossos corações! 14Não formeis parelha incoerente com os incrédulos. Que afinidade pode haver entre a justiça e a impiedade? Que comunhão pode haver entre a luz e as trevas? 15Que acordo entre Cristo e Beliar? Que relação entre o fiel e o incrédulo? 16Que há de comum entre o templo de Deus e os ídolos? Ora, nós é que somos o templo do Deus vivo, como disse o próprio Deus: Em meio a eles habitarei

e caminharei, serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. 17

Portanto, saí do meio de tal

gente, e afastai-vos, diz o Senhor. Não toqueis o que seja impuro, e eu vos acolherei. 8Serei para vós um pai, e sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor todo-poderoso.

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7 1Caríssimos, de posse de tais promessas, purifiquemo-nos de toda mancha da carne e do espírito. E levemos a termo a nossa santificação no temor de Deus. 2Acolhei-nos em vossos corações. A ninguém causamos injúria, a ninguém pervertemos, a ninguém exploramos. 3Não é para vos condenar que o digo, pois já o afirmei: estais em nossos corações para a vida e para a morte. 4Grande é a minha confiança em vós; de vós muito me ufano. Estou cheio de consolo, transbordo de alegria em toda a nossa tribulação.

Paulo na Macedônia e encontro com Tito — 5Em verdade, quando chegamos à Macedônia, nossa carne não teve repouso algum, mas sofremos toda espécie de tribulação: por fora, lutas; por dentro, temores. 6Mas aquele que consola os humildes, Deus, consolou-nos pela chegada de Tito. 7E não somente pela sua chegada, mas também pelo consolo que recebeu de vossa parte. Referiu-nos o vosso vivo desejo, a vossa desolação e o vosso zelo por mim, de tal modo que em mim a alegria prevaleceu. 8Sim; se vos entristeci pela minha carta, não me arrependo. E, se a princípio me arrependi — vejo que essa carta vos entristeceu, ainda que por pouco tempo —, 9alegro-me agora, não por vos ter contristado, mas porque a vossa tristeza vos levou ao arrependimento. Vós vos entristecestes segundo Deus, e assim não sofrestes dano algum da nossa parte. 10Com efeito, a tristeza segundo Deus produz arrependimento que leva à salvação e não volta atrás, ao passo que a tristeza segundo o mundo produz a morte. 11Vede, antes, o que produziu em vós a tristeza segundo Deus: que solicitude! Que digo? Que desculpas! Que indignação! Que temor! Que ardente desejo! Que zelo! Que punição! Demonstrastes de todos os modos que estáveis inocentes naquela questão. 12Numa palavra, se eu vos escrevi, não foi por causa daquele que injuriou, nem por causa daquele que sofreu a injúria, mas para que se manifestasse entre vós, na presença de Deus, a solicitude que tendes para conosco. 13Foi por isto que nos sentimos consolados. Mas a esta consolação pessoal sobreveio uma alegria maior ainda: a de

vermos a alegria de Tito, cujo espírito foi tranqüilizado por todos vós. 14

Se diante dele

eu me gloriei um pouco de vós, não tive que me envergonhar. Assim como sempre vos

temos dito a verdade, do mesmo modo ficou comprovado como verídico o elogio que de

vós fizemos a Tito. 15

Ele sente por vós ainda maior afeição, ao lembrar-se da vossa

obediência, e de como o acolhestes com temor e tremor. 16

Regozijo-me por poder

contar convosco em tudo.

II. Organização da coleta

8 Motivos de generosidade — 1Irmãos, nós vos damos a conhecer a graça que Deus concedeu às Igrejas da Macedônia. 2Em meio às múltiplas tribulações que as puseram à prova, a sua copiosa alegria e a sua pobreza extrema transbordaram em tesouros de liberalidade. 3Dou testemunho de que, segundo os seus meios e para além dos seus meios, com toda a espontaneidade 4e com viva insistência, nos rogaram a graça de tomar parte nesse serviço em proveito dos santos. 5Ultrapassando mesmo as nossas esperanças, deram-se primeiramente ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus. 6Por isto, insistimos junto a Tito para que leve a bom termo entre vós essa obra de generosidade, como já a tinha começado. 7Visto que tudo tendes em abundância — fé, eloqüência, ciência, toda espécie de zelo e a caridade que vos inspiramos" —, procurai também distinguir-vos nesta obra de generosidade. 8Não digo isto para vos impor uma ordem; mas, citando-vos o zelo dos outros, dou-vos ocasião de provardes a sinceridade da vossa caridade. 9Com efeito, conheceis a generosidade de nosso Senhor Jesus Cristo, que por causa de vós se fez pobre, embora fosse rico, para vos enriquecer com a sua pobreza. 10A propósito, dou-vos um parecer: é o que convém a vós, já que fostes os

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primeiros, desde o ano passado, não somente a realizar, mas também a querer realizar essa obra. 11Agora, portanto, levai-a a termo, de modo que à boa disposição da vossa vontade corresponda a realização segundo os vossos meios. 12Quando existe a boa vontade, somos bem aceitos com os recursos que temos; pouco importa o que não temos. 13Não desejamos que o alívio dos outros seja para vós causa de aflição, mas que haja igualdade. 14No presente momento, o que para vós sobeja suprirá a carência deles, a fim de que o supérfluo deles venha um dia a suprir a vossa carência. Assim haverá igualdade, 15como está escrito: Quem recolhera muito não teve excesso; quem recolhera pouco não sofreu penúria.

Apresentação elogiosa dos enviados — 16Graças sejam dadas a Deus, que colocou no coração de Tito o mesmo zelo por vós. 17Acolheu a minha solicitação e, mais apressado do que nunca, espontaneamente vai ter convosco. 18Mandamos com ele o irmão cujo louvor, por causa da pregação do evangelho, se espalhou por todas as Igrejas. 19Mais ainda: foi designado pelas Igrejas para ser nosso companheiro de viagem nesta obra de generosidade, serviço que empreendemos para a glória do Senhor e a realização das nossas boas intenções. 20Tomamos esta precaução para evitar qualquer crítica na administração da grande quantia de que estamos encarregados. 21Com efeito, preocupamo-nos com o bem não somente aos olhos de Deus, mas também aos olhos dos homens. 22Com os delegados enviamos nosso irmão, cujo zelo, de muitos modos e freqüentemente, já experimentamos e que agora se mostra muito mais solícito, pois deposita em vós plena confiança. 23Quanto a Tito, é meu companheiro e colaborador junto a vós, ao passo que os nossos irmãos são os enviados das Igrejas, a glória de Cristo. 24Dai-lhes, portanto, diante das Igrejas, a prova da vossa caridade e fazei-lhes ver o justo motivo do nosso orgulho a vosso respeito.

9 1A propósito do serviço a ser prestado aos santos, é inútil que vos escreva. 2Conheço a vossa boa vontade e por causa dela me ufano de vós junto aos macedônios, dizendo-lhes: "A Acaia está preparada desde o ano passado". E o vosso zelo tem servido de estímulo à maioria das Igrejas. 3Entretanto, mando-vos os irmãos, a fim de que o elogio que de vós fiz não seja desmentido neste ponto e para que, como dizia, estejais realmente preparados. 4Se alguns macedônios fossem comigo e não vos encontrassem preparados, essa plena confiança seria motivo de nos envergonharmos — para não dizer: de vos envergonhardes. 5Julguei, pois, necessário pedir aos irmãos que nos antecedessem junto a vós e organizassem as vossas ofertas já prometidas: estas, uma vez recolhidas, seriam um sinal de genuína liberalidade e não uma demonstração de avareza.

Benefícios que resultarão da coleta — 6Sabei que quem semeia com parcimônia, com parcimônia também colherá, e quem semeia com largueza, com largueza também colherá. 7Cada um dê como dispôs em seu coração, sem pena nem constrangimento, pois Deus ama a quem dá com alegria. 8Deus pode cumular-vos de toda espécie de graças, para que tenhais sempre e em tudo o necessário e vos fique algo de excedente para toda obra boa, 9conforme está escrito: Distribuiu, deu aos pobres. A sua justiça

permanece para sempre.

10Aquele que fornece semente ao semeador e pão para o alimento vos fornecerá também a semente e a multiplicará, e fará crescer os frutos da vossa justiça. 11Sereis enriquecidos de todos os modos, para praticar toda espécie de obras de generosidade, que suscitarão a ação de graças a Deus por nosso intermédio. 12Pois o serviço desta coleta não deve apenas satisfazer às necessidades dos santos, mas há de ser ocasião de

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efusivas ações de graças a Deus. 13Vista a vossa comprovada virtude exercida nesse serviço, eles darão glória a Deus pela obediência que professais em relação ao evangelho de Cristo, e pela generosidade com que a eles e a todos fazeis participar dos vossos bens. 14E, orando por vós, eles vos manifestarão a sua ternura, por causa da extraordinária graça que Deus vos concedeu. 15Graças sejam tributadas a Deus por seu dom inefável!

III. Apologia de Paulo

10 Resposta à acusação de fraqueza — 1Eu mesmo, Paulo, vos exorto pela mansidão e pela bondade de Cristo — eu tão humilde quando estou entre vós face a face, mas tão ousado quando estou longe. 2Rogo-vos, não me obrigueis, quando estiver presente, a mostrar-me ousado, recorrendo à audácia com que tenciono agir contra aqueles que nos julgam como se nos comportássemos segundo critérios carnais. 3Embora vivamos na carne, não militamos segundo a carne. 4Na verdade, as armas com que combatemos não são carnais, mas têm, ao serviço de Deus, o poder de destruir fortalezas. Destruímos os raciocínios presunçosos 5e todo poder altivo que se levanta contra o conhecimento de Deus. Tornamos cativo todo pensamento para levá-lo a obedecer a Cristo, 6e estamos prontos a punir toda desobediência desde que a vossa obediência seja perfeita. 7Olhai as coisas frente a frente. Se alguém está convicto de pertencer a Cristo, tome consciência uma vez por todas de que, assim como ele pertence a Cristo, nós também lhe pertencemos. 8E ainda que eu me gloriasse um pouco mais do poder que Deus nos deu para a vossa edificação, e não para a vossa destruição, eu não me envergonharia por isso. 9Não quero dar a impressão de incutir-vos medo por minhas cartas, 10"pois as cartas, dizem, são severas e enérgicas, mas ele, uma vez presente, é um homem fraco e a sua linguagem é desprezível". 11Quem assim fala tome consciência de que tais como somos pela linguagem e por cartas quando estamos ausentes, tais seremos por nossos atos quanto estivermos presentes.

Resposta à acusação de ambição — 12Não temos a ousadia de nos igualar ou de nos comparar a alguns que recomendam a si mesmos. Medindo-se a si mesmos segundo a sua medida e comparando-se a si mesmos, tornam- se insensatos. 13Quanto a nós, não nos gloriaremos além da justa medida, mas nos serviremos, como medida, da regra mesma que Deus nos assinalou: a de termos chegado até vós. 14Não nos estendemos indevidamente, como seria o caso se não tivéssemos chegado até vós, pois, na verdade, fomos ter convosco anunciando-vos o evangelho de Cristo. 15Não nos gloriamos desmedidamente, apoiados em trabalhos alheios; e temos a esperança de que com o progresso da vossa fé, cresceremos mais e mais segundo a nossa regra, 16levando mesmo o evangelho para além dos limites de vossa região, sem, porém, entrar em campo alheio para nos gloriarmos de trabalhos lá realizados por outros. 17Quem se gloria, glorie-se no Senhor. 18Pois não aquele que recomenda a si mesmo é aprovado, mas aquele que Deus recomenda.

11 Paulo constrangido a fazer o elogio próprio — 1Oxalá pudésseis suportar um pouco de loucura da minha parte! Mas, não há dúvida, vós me suportais. 2Experimento por vós um zelo semelhante ao de Deus. Desposei-vos a um esposo único, a Cristo, a quem devo apresentar-vos como virgem pura. 3Receio, porém, que, como a serpente seduziu Eva por sua astúcia, vossos pensamentos se corrompam, desviando-se da simplicidade devida a Cristo. 4Com efeito, se vem alguém e vos prega um Jesus diferente daquele que vos pregamos, ou se acolheis um espírito diverso do que recebestes ou um evangelho

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diverso daquele que abraçastes, vós o suportais de bom grado. 5Todavia, julgo não ser inferior, em coisa alguma, a esses "eminentes apóstolos"! 6Ainda que seja imperito no falar, não o sou no saber. Em tudo e de todos os modos, vo-lo mostramos. 7Terá sido falta minha anunciar-vos gratuitamente o evangelho de Deus, humilhando-me a mim mesmo para vos exaltar? 8Despojei outras Igrejas, delas recebendo salário, a fim de vos servir. 9E, quando entre vós sofri necessidade, a ninguém fui pesado, pois os irmãos vindos da Macedônia supriram a minha penúria; em tudo evitei ser-vos pesado, e continuarei a evitá-lo. 10Pela verdade de Cristo que está em mim, declaro que este título de glória não me será arrebatado nas regiões da Acaia. 11E por quê? Por que não vos amo? Deus o sabe! 12O que faço, continuarei a fazê-lo a fim de tirar todo pretexto àqueles que procuram algum para se gloriarem dos mesmos títulos que nós! 13Esses tais são falsos apóstolos, operários enganadores, camuflados em apóstolos de Cristo. 14E não é de estranhar! Pois o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. 15Por conseguinte, não é surpreendente que os seus ministros se transfigurem em servidores da justiça. Mas o fim destes corresponderá às suas obras.16Repito: que ninguém me considere insensato! Ou então suportai-me como insensato, a fim de que também eu me possa gloriar um pouco. 17O que vou dizer, não o direi conforme o Senhor, mas como insensato, certo de ter motivo de me gloriar. 18Visto que muitos se gloriam de seus títulos humanos, também eu me gloriarei. 19De boa vontade suportais os insensatos, vós que sois tão sensatos! 20Suportais que vos escravizem, que vos devorem, que vos despojem, que vos tratem com soberba, que vos esbofeteiem. 21Digo-o para vergonha vossa: poder-se-ia crer que nós é que fomos fracos... Aquilo que os outros ousam apresentar — falo como insensato — ouso-o também eu.22São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São descendentes de Abraão? Também eu. 23São ministros de Cristo? Como insensato, digo: muito mais eu. Muito mais, pelas fadigas; muito mais, pelas prisões; infinitamente mais, pelos açoites. Muitas vezes, vi-me em perigo de morte. 24Dos judeus recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um. 25Três vezes fui flagelado. Uma vez, apedrejado. Três vezes naufraguei. Passei um dia e uma noite em alto-mar. 26Fiz numerosas viagens. Sofri perigos nos rios, perigos por parte dos ladrões, perigos por parte dos meus irmãos de estirpe, perigos por parte dos gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos por parte dos falsos irmãos! 27Mais ainda: fadigas e duros trabalhos, numerosas vigílias, fome e sede, múltiplos jejuns, frio e nudez! 28E isto sem contar o mais: a minha preocupação cotidiana, a solicitude que tenho por todas as Igrejas! 29Quem fraqueja, sem que eu também me sinta fraco? Quem cai, sem que eu também fique febril? 30Se é preciso gloriar-se, de minha fraqueza é que me gloriarei. 31O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é bendito pelos séculos, sabe que não minto. 32Em Damasco, o etnarca do rei Aretas guardava a cidade dos damascenos no intuito de me prender. 33Mas por uma janela fizeram-me descer em um cesto ao longo da muralha, e escapei às suas mãos.

12 1É preciso gloriar-se? Por certo, não convém. Todavia mencionarei as visões e revelações do Senhor. 2Conheço um homem em Cristo que, há quatorze anos, foi arrebatado ao terceiro céu — se em seu corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe! 3E sei que esse homem — se no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe! — 4foi arrebatado até o paraíso e ouviu palavras inefáveis, que não é lícito ao homem repetir. 5No tocante a esse homem, eu me gloriarei; mas, no tocante a mim, só me gloriarei das minhas fraquezas. 6Se quisesse gloriar-me, não seria louco, pois só diria a verdade. Mas não o faço, a fim de que ninguém tenha a meu respeito um conceito superior àquilo que vê em mim ou me ouve dizer. 7Já que essas revelações eram extraordinárias, para eu não me encher de soberba, foi-me dado um aguilhão na carne

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— um anjo de Satanás para me espancar — a fim de que eu não me encha de soberba. 8A esse respeito três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. 9Respondeu-me, porém: "Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder". Por conseguinte, com todo o ânimo prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que pouse sobre mim a força de Cristo. 10Por isto, eu me comprazo nas fraquezas, nos opróbrios, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte. 11Procedi como insensato! Vós me constrangestes a isto. A vós que tocava recomendar-me. Pois em nada fui inferior a esses "eminentes apóstolos, se bem que eu nada seja. 12Os sinais que distinguem o apóstolo realizaram-se entre vós: paciência a toda prova, sinais milagrosos, prodígios e atos portentosos. 13Que tivestes a menos do que as outras Igrejas senão o fato de que não vos fui pesado? Perdoai-me essa injustiça! 14Eis que estou pronto a ir ter convosco pela terceira vez, e não vos serei pesado; pois não procuro os vossos bens, mas a vós mesmos. Não são os filhos que devem acumular bens para os pais, mas sim os pais para os filhos. 15Quanto a mim, de bom grado despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor. Será que, dedicando-vos mais amor, serei, por isto, menos amado? 16"Seja"! dirão. Não vos fui pesado. Mas, astuto como sou, conquistei- vos fraudulentamente! 17Porventura vos explorei por algum daqueles que vos enviei? 18Pedi a Tito que fosse ter convosco e com ele enviei o irmão. Será que Tito vos explorou? Não caminhamos no mesmo espírito? Não seguimos os mesmos passos?

Apreensões e inquietudes de Paulo — 19Desde muito, julgais que nós nos queremos justificar diante de vós. Não; é diante de Deus, em Cristo, que falamos. E tudo, caríssimos, para a vossa edificação. 20Com efeito, receio que, quando aí chegar, não vos encontre tais como vos quero encontrar e que, por conseguinte, me encontrareis tal como não querei s. Tenho receio de que haja entre vós discórdia, inveja, animosidades, rivalidades, maledicências, falsas acusações, arrogância, desordens. 21Tenho receio de que, quando voltar a ter convosco, o meu Deus me humilhe em relação a vós e eu tenha de prantear muitos daqueles que pecaram anteriormente e não se terão convertido da impureza, da fornicação e das dissoluções que cometeram.

13 1Eis a terceira vez que vou ter convosco. Toda questão será decidida sobre a palavra de duas ou três testemunhas. 2Já o disse e, como por ocasião da minha segunda visita, torno a dizer hoje, estando ausente, àqueles que pecaram anteriormente, e a todos os outros; se voltar, não usarei de meias medidas, 3pois procurais uma prova de que é Cristo que fala em mim; ele que não é fraco em relação a vós mostra, porém, o seu poder em vós. 4Por certo, foi crucificado em fraqueza, mas está vivo pelo poder de Deus. Também nós somos fracos nele, todavia com ele viveremos pelo poder de Deus em relação a vós. 5Examinai-vos a vós mesmos, e vede se estais na fé; provai-vos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? A menos que não sejais aprovados no exame. 6Espero reconheçais que somos aprovados. 7Pedimos a Deus, não cometais mal algum. Nosso desejo não é aparecer como aprovados, mas sim que pratiqueis o bem, ainda que devamos passar por não aprovados. 8Nada podemos contra a verdade, mas só temos poder em favor da verdade. 9Alegramo-nos todas as vezes que somos fracos, e vós fortes. E o que pedimos em nossas orações é o vosso aperfeiçoamento. 10Eu vos escrevo estas coisas, estando ausente, para que, quando aí chegar, não tenha que recorrer à severidade, conforme o poder que o Senhor me deu para construir, e não para destruir.

Conclusão

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Recomendações. Saudações. Voto final — 11De resto, irmãos, alegrai-vos, procurai a perfeição, encorajai-vos. Permanecei em concórdia, vivei em paz, e o Deus de amor e de paz estará convosco. 12Saudai-vos mutuamente com o ósculo santo. Saúdam-vos todos os santos. 13A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!

EPISTOLA AOS GÁLATAS

1 Endereço — 1Paulo, apóstolo — não da parte dos homens nem por intermédio de um homem, mas por Jesus Cristo e Deus Pai que o ressuscitou dentre os mortos — 2e todos os irmãos que estão comigo, às Igrejas da Galácia. 3Graça e paz a vós da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo, 4que se entregou a si mesmo pelos nossos pecados a fim de nos livrar do presente mundo mau, segundo a vontade do nosso Deus e Pai, 5a quem a glória pelos séculos dos séculos! Amém.

Admoestação — 6Admiro-me que tão depressa abandoneis aquele que vos chamou pela graça de Cristo, e passeis a outro evangelho.7Não que haja outro, mas há alguns que vos estão perturbando e querendo corromper o Evangelho de Cristo. 8Entretanto, se alguém — ainda que nós mesmos ou um anjo do céu — vos anunciar um evangelho diferente do que vos anunciamos, seja anátema. 9Como já vo-lo dissemos, volto a dizê-lo agora: se alguém vos anunciar um evangelho diferente do que recebestes, seja anátema. 10É porventura o favor dos homens que agora eu busco, ou o favor de Deus? Ou procuro agradar aos homens? Se eu quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo.

I. Apologia pessoal

O apelo de Deus — 11Com efeito, eu vos faço saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, 12pois eu não o recebi nem aprendi de algum homem, mas por revelação de Jesus Cristo. 13Ouvistes certamente da minha conduta de outrora no judaísmo, de como perseguia sobremaneira e devastava a Igreja de Deus 14e como progredia no judaísmo mais do que muitos compatriotas da minha idade, distinguindo- me no zelo pelas tradições paternas. 15Quando, porém, aquele que me separou desde o seio materno e me chamou por sua graça, houve por bem 16revelar em mim o seu Filho, para que eu o evangelizasse entre os gentios, não consultei carne nem sangue, 17nem subi a Jerusalém aos que eram apóstolos antes de mim, mas fui à Arábia, e voltei novamente a Damasco. 18Em seguida, após três anos, subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e fiquei com ele quinze dias. 19Não vi nenhum apóstolo, mas somente Tiago, o irmão do Senhor. 20Isto vos escrevo e vos asseguro diante de Deus que não minto. 21Em seguida, fui às regiões da Síria e da Cilícia. 22De modo que, pessoalmente, eu era desconhecido às Igrejas da Judéia que estão em Cristo. 23Apenas ouviam dizer: quem outrora nos perseguia agora evangeliza a fé que antes devastava, 24e por minha causa glorificavam a Deus.

2 Assembléia de Jerusalém — 1Em seguida, quatorze anos mais tarde, subi novamente a Jerusalém com Barnabé, tendo tomado comigo também Tito. 2Subi em virtude de uma revelação e expus-lhes — em forma reservada aos notáveis — o evangelho que prego entre os gentios, a fim de não correr, nem ter corrido em vão. 3Ora, nem Tito, que estava comigo, e que era grego, foi obrigado a circuncidar-se. 4Mas por causa dos intrusos, esses falsos irmãos que se infiltraram para espiar a liberdade que temos em Cristo Jesus,

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a fim de nos reduzir à escravidão, 5aos quais não cedemos sequer um instante, por deferência, para que a verdade do evangelho fosse preservada para vós... 6E por parte dos que eram tidos por notáveis — o que na realidade eles fossem não me interessa; Deus não faz acepção de pessoas — de qualquer forma, os notáveis nada me acrescentaram.7Pelo contrário, vendo que a mim fora confiado o evangelho dos incircuncisos como a Pedro o dos circuncisos — 8pois aquele que estava operando em Pedro para a missão dos circuncisos operou também em mim em favor dos gentios — 9e conhecendo a graça em mim concedida, Tiago, Cefas e João, os notáveis tidos como colunas, estenderam-nos a mão, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão: nós pregaríamos aos gentios e eles para a Circuncisão. 10Nós só nos devíamos lembrar dos pobres, o que, aliás, tenho procurado fazer com solicitude.

Pedro e Paulo em Antioquia — 11Mas quando Cefas veio a Antioquia, eu o enfrentei abertamente, porque ele se tinha tornado digno de censura.12Com efeito, antes de chegarem alguns vindos da parte de Tiago, ele comia com os gentios, mas, quando chegaram, ele se subtraía e andava retraído, com medo dos circuncisos. 13Os outros judeus começaram também a fingir junto com ele, a tal ponto que até Barnabé se deixou levar pela sua hipocrisia. 14Mas quando vi que não andavam retamente segundo a verdade do evangelho, eu disse a Pedro diante de todos: se tu, sendo judeu, vives à maneira dos gentios e não dos judeus, por que forças os gentios a viverem como judeus?

O evangelho de Paulo — 15Nós somos judeus de nascimento e não pecadores da gentilidade; 16sabendo, entretanto, que o homem não se justifica pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo, nós também cremos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da Lei, porque pelas obras da Lei ninguém será justificado. 17E se, procurando ser justificados em Cristo, nós também nos revelamos pecadores, não seria então Cristo ministro do pecado? De modo algum! 18Se volto a edificar o que destruí, então sim eu me demonstro um transgressor. 19De fato, pela Lei eu morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Fui crucificado junto com Cristo. 20Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim. 21Não invalido a graça de Deus; porque, se é pela Lei que vem a justiça, então Cristo morreu em vão.

II. Argumentação doutrinal

3 A experiência cristã — 1Ó gálatas insensatos, quem vos fascinou, a vós ante cujos olhos foi desenhada a imagem de Jesus Cristo crucifica- do? 2Só isto quero saber de vós: foi pelas obras da Lei que recebestes o Espírito ou pela adesão à fé? 3Sois tão insensatos que, tendo começado com o espírito, agora acabais na carne?4Foi em vão que experimentastes tão grandes coisas? Se é que foi em vão! 5Aquele que vos concede o Espírito e opera milagres entre vós o faz pelas obras da Lei ou pela adesão à fé?

Testemunho da Escritura: a fé e a Lei — 6Foi assim que Abraão creu em Deus e isto lhe foi levado em conta de justiça. 7Sabei, portanto, que os que são pela fé são filhos de Abraão. 8Prevendo que Deus justificaria os gentios pela fé, a Escritura preanunciou a Abraão esta boa nova: Em ti serão abençoadas todas as nações. 9De modo que os que são pela fé são abençoados juntamente com Abraão, que teve fé. 10E os que são pelas obras da Lei, esses estão debaixo de maldição, pois está escrito: Maldito todo aquele que não se atém a todas as prescrições que estão no livro da Lei para serem praticadas.

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11E que pela Lei ninguém se justifica diante de Deus é evidente, pois o justo viverá pela fé. 12Ora, a Lei não é pela fé, mas: quem pratica essas coisas por elas viverá. 13Cristo nos remiu da maldição da Lei tornando-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que é suspenso no madeiro, 14a fim de que a bênção de Abraão em Cristo Jesus se estenda aos gentios, e para que, pela fé, recebamos o Espírito prometido.

A Lei não invalidou a promessa — 15Irmãos, falo como homem: mesmo um testamento humano, legitimamente feito, ninguém o pode invalidar nem modificar. 16Ora, as promessas foram asseguradas a Abraão e à sua descendência. Não diz: "e aos descendentes", como referindo-se a muitos, mas como a um só: e à tua descendência, que é Cristo. 17Ora, eu digo: uma Lei vinda quatrocentos e trinta anos depois não invalida um testamento anterior, legitimamente feito por Deus, de modo a tornar nula a promessa. 18Porque se a herança vem pela Lei, já não é pela promessa. Ora, é pela promessa que Deus agraciou a Abraão.

Papel da Lei — 19Por que, então, a Lei? Foi acrescentada em vista das transgressões — até que viesse a descendência, a quem fora feita a promessa — promulgada por anjos, pela mão de um mediador. 20Ora, não existe mediador quando se trata de um só, e Deus é um só. 21Então a Lei é contra as promessas de Deus? De modo algum! Se tivesse sido dada uma lei capaz de comunicar a vida, então sim, realmente a justiça viria da Lei. 22Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, a fim de que a promessa, pela fé em Jesus Cristo, fosse concedida aos que crêem.

Advento da fé — 23Antes que chegasse a fé,nós éramos guardados sob a tutela da Lei para a fé que haveria de se revelar. 24Assim a Lei se tornou nosso pedagogo até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. 25Chegada, porém, a fé, não estamos mais sob pedagogo; 26vós todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus, 27pois todos vós, que fostes batizados em Cristo, vos vestistes de Cristo. 28Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher; pois todos vós sois um só em Cristo Jesus. 29E se vós sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.

4 Filiação divina — 1Ora, eu digo: enquanto o herdeiro é menor, embora dono de tudo, em nada difere de um escravo. 2Ele fica debaixo de tutores e curadores até a data estabelecida pelo pai. 3Assim também nós, quando éramos menores, estávamos reduzidos à condição de escravos, debaixo dos elementos do mundo. 4Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, 5para remir os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial. 6E porque sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abba, Pai! 7De modo que já não és escravo, mas filho. E se és filho, és também herdeiro, graças a Deus. 8Outrora, é verdade, não conhecendo a Deus, servistes a deuses, que na realidade não o são. 9Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo conhecidos por Deus, como é possível voltardes novamente a estes fracos e miseráveis elementos aos quais vos quereis escravizar outra vez? 10Observais cuidadosamente dias, meses, estações, anos! 11Receio ter-me afadigado em vão por vós.

Recordações pessoais — 12Eu vos suplico, irmãos, que vos torneis como eu, pois eu também me tornei como vós. Em nada me ofendestes. 13Bem o sabeis, foi por causa de uma doença que eu vos evangelizei pela primeira vez. 14E vós não mostrastes desprezo nem desgosto, em face da vossa provação na minha carne; pelo contrário, me recebestes

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como um anjo de Deus, como Cristo Jesus. 15Onde estão agora as vossas felicitações? Pois eu vos testemunho que, se vos fosse possível, teríeis arrancado os olhos para dá-los a mim. 16Então, dizendo-vos a verdade, eu me tornei vosso inimigo? 17Não é para o bem que eles vos cortejam. O que querem é separar-vos de mim para que vós os cortejeis a eles. 18É bom ser cortejado para o bem sempre, e não só quando estou presente entre vós, 19meus filhos, por quem eu sofro de novo as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós. 20Quisera estar no meio de vós agora e mudar o tom da voz, pois não sei que atitude tomar a vosso respeito.

As duas alianças: Agar e Sara — 21Dizei-me, vós que quereis estar debaixo da Lei, não ouvis vós a Lei? 22Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da serva e outro da livre. 23Mas o da serva nasceu segundo a carne; o da livre, em virtude da promessa. 24Isto foi dito em alegoria. Elas, com efeito, são as duas alianças; uma, a do monte Sinai, gerando para a escravidão: é Agar 25(porque o Sinai está na Arábia), e ela corresponde à Jerusalém de agora, que de fato é escrava com seus filhos. 26Mas a Jerusalém do alto é livre e esta é a nossa mãe, 27segundo está escrito: Alegra-te, estéril, que não davas à luz, Põe-te a gritar de alegria, tu que não conheceste as dores do parto, porque mais numerosos são os filhos da abandonada do que os daquela que tem marido. 28Ora, vós, irmãos, como Isaac, sois filhos da promessa. 29Mas como então o nascido segundo a carne perseguia o nascido segundo o espírito, assim também agora. 30Mas que diz a Escritura? Expulsa a serva e o filho dela, pois o filho da serva não herdará com o filho da livre. 31Portanto, irmãos, não somos filhos de uma serva, mas da livre.

III. Parêntese

5 A liberdade cristã — 1É para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão. 2Atenção! Eu, Paulo, vos digo: se vos fizerdes circuncidar, Cristo de nada vos servirá. 3Declaro de novo a todo homem que se faz circuncidar: ele está obrigado a observar toda a Lei. 4Rompestes com Cristo, vós que buscais a justiça na Lei; caístes fora da graça. 5Nós, com efeito, aguardamos, no Espírito, a esperança da justiça que vem da fé. 6Pois, em Cristo Jesus, nem a circuncisão tem valor, nem a incircuncisão, mas a fé agindo pela caridade. 7Corríeis bem; quem vos pôs obstáculos para não obedecerdes à verdade? 8Esta sugestão não vem daquele que vos chama. 9Um pouco de fermento leveda toda a massa. 10Eu confio em vós no Senhor que vós não pensais diversamente. Aquele, porém, que vos perturba sofrerá a condenação, seja lá quem for. 11Quanto a mim, irmãos, se eu ainda prego a circuncisão, por que sou ainda perseguido? Pois estaria eliminado o escândalo da cruz! 12Que se façam mutilar de uma vez aqueles que vos inquietam!

Liberdade e caridade — 13Vós fostes chamados à liberdade, irmãos. Entretanto, que a liberdade não sirva de pretexto para a carne, mas, pela caridade, colocai-vos a serviço uns dos outros. 14Pois toda a Lei está contida numa só palavra: Amarás a teu próximo como a ti mesmo. 15Mas se vos mordeis e vos devorais reciprocamente, cuidado, não aconteça que vos elimineis uns aos outros. 16Ora, eu vos digo, conduzi-vos pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne. 17Pois a carne tem aspirações contrárias ao espírito e o espírito contrárias à carne. Eles se opõem reciprocamente, de sorte que não fazeis o que quereis. 18Mas se vos deixais guiar pelo Espírito, não estais debaixo da lei. 19Ora, as obras da carne são manifestas: fornicação, impureza, libertinagem, 20idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira, discussões, discórdia, divisões, 21invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos previno, como já vos preveni: os

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que tais coisas praticam não herdarão o Reino de Deus. 22Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 23mansidão, autodomínio. Contra estas coisas não existe lei. 24Pois os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com suas paixões e seus desejos. 25Se vivemos pelo Espírito, pelo Espírito pautemos também a nossa conduta. 26Não sejamos cobiçosos de vanglória, provocando-nos uns aos outros e invejando-nos uns aos outros.

6 Preceitos vários sobre a caridade e o zelo — 1Irmãos, caso alguém seja apanhado em falta, vós, os espirituais, corrigi esse tal com espírito de mansidão, cuidando de ti mesmo, para que também tu não sejas tentado. 2Carregai o peso uns dos outros e assim cumprireis a Lei de Cristo. 3Se alguém pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana a si mesmo. 4Cada um examine sua própria conduta, e então terá o de que se gloriar por si só e não por referência ao outro. 5Porque cada qual carregará o seu próprio fardo. 6Quem está sendo instruído na palavra, torne participante em toda sorte de bens aquele que o instrui. 7Não vos iludais; de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá: 8quem semear na sua carne, da carne colherá corrupção; quem semear no espírito, do espírito colherá a vida eterna. 9Não desanimemos na prática do bem, pois, se não desfalecermos, a seu tempo colheremos. 10Por conseguinte, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos,mas sobretudo para com os irmãos na fé.

Epílogo — 11Vede com que letras grandes eu vos escrevo, de próprio punho. 12Os que querem fazer boa figura na carne são os que vos forçam a vos circuncidardes, só para não sofrerem perseguição por causa da cruz de Cristo. 13Pois nem mesmo os que se fazem circuncidar observam a lei. Mas eles querem que vos circuncideis para se gloriarem na vossa carne. 14Quanto a mim, não aconteça gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo 15De resto, nem a circuncisão é alguma coisa, nem a incircuncisão, mas a nova criatura. 16E a todos os que pautam sua conduta por esta norma, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus. 17Doravante ninguém mais me moleste. Pois eu trago em meu corpo as marcas de Jesus. 18Irmãos, que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com vosso espírito! Amém.

EPISTOLA AOS EFESIOS

1 Endereço e saudação — 1Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus: 2graça e paz a vós da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

I. O mistério da salvação e da Igreja

O plano divino da salvação — 3Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo.4Nele ele nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor.5Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito da sua vontade, 6para louvor e glória da sua graça, com a qual ele nos agraciou no Amado. 7E é pelo sangue deste que temos a redenção, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, 8que ele derramou profusamente sobre nós, infundindo-nos toda sabedoria e prudência, 9dando-nos a conhecer o mistério da sua vontade,conforme decisão prévia que lhe aprouve tomar 10para levar o tempo à sua plenitude: a de em Cristo encabeçar todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão

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na terra. 11Nele, predestinados pelo propósito daquele que tudo opera segundo o conselho da sua vontade, fomos feitos sua herança, 12a fim de servirmos para o seu louvor e glória, nós, os que antes esperávamos em Cristo. 13Nele também vós, tendo ouvido a Palavra da verdade — o evangelho da vossa salvação — e nela tendo crido, fostes selados pelo Espírito da promessa, o Espírito Santo, 14que é o penhor da nossa herança, para a redenção do povo que ele adquiriu para o seu louvor e glória.

Triunfo e supremacia de Cristo — 15Por isso também eu, tendo ouvido a respeito da vossa fé no Senhor Jesus e do vosso amor para com todos os santos, 16não cesso de dar graças a Deus a vosso respeito e de fazer menção de vós nas minhas orações, 17para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê um espírito de sabedoria e de revelação, para poderdes realmente conhecê-lo. 18Que ele ilumine os olhos dos vossos corações, para saberdes qual é a esperança que o seu chamado encerra, qual é a riqueza da glória da sua herança entre os santos 19e qual é a extraordinária grandeza do seu poder para nós, os que cremos, conforme a ação do seu poder eficaz, 20que ele fez operar em Cristo, ressuscitando-o de entre os mortos e fazendo-o assentar à sua direita nos céus, 21muito acima de qualquer Principado e Autoridade e Poder e Soberania" e de todo nome que se pode nomear não só neste século, mas também no vindouro. 22 Tudo ele pôs debaixo dos seus pés, e o pôs, acima de tudo, como Cabeça da Igreja, 23que é o seu Corpo: a plenitude daquele que plenifica tudo em tudo.

2 Salvação gratuita em Cristo — 1Vós estáveis mortos em vossos delitos e pecados. 2Neles vivíeis outrora, conforme a índole deste mundo, conforme o Príncipe do poder do ar, o espírito que agora opera nos filhos da desobediência. 3Com eles, nós também andávamos outrora nos desejos de nossa carne, satisfazendo as vontades da carne e os seus impulsos, e éramos por natureza como os demais, filhos da ira. 4Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, 5quando estávamos mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo — pela graça fostes salvos! — 6e com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, em Cristo Jesus, 7a fim de mostrar nos tempos vindouros a extraordinária riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco, em Cristo Jesus. 8Pela graça fostes salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é o dom de Deus: 9não vem das obras, para que ninguém se encha de orgulho. 10Pois somos criaturas dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras que Deus já antes tinha preparado para que nelas andássemos.

A reconciliação dos judeus e dos gentios entre si e com Deus — 11Por isso vós, que antes éreis gentios na carne e éreis chamados "incircuncisos" pelos que se chamam "circuncidados"... em virtude de uma operação manual na sua carne, 12lembrai-vos de que naquele tempo estáveis sem Cristo, excluídos da cidadania em Israel e estranhos às alianças da Promessa, sem esperança e sem Deus no mundo!13Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que outrora estáveis longe, fostes trazidos para perto, pelo sangue de Cristo. 14Ele é a nossa paz: de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro de separação e suprimido em sua carne a inimizade — 15a Lei dos mandamentos expressa em preceitos —, a fim de criar em si mesmo um só Homem Novo, estabelecendo a paz, 16e de reconciliar a ambos com Deus em um só Corpo, por meio da cruz, na qual ele matou a inimizade. 17Assim, ele veio e anunciou paz a vós que estáveis longe e paz aos que estavam perto, 18pois, por meio dele, nós, judeus e gentios, num só Espírito, temos acesso junto ao Pai. 19Portanto, já não sois estrangeiros e adventícios, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus. 20Estais edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, do qual é Cristo Jesus a pedra angular. 21Nele bem articulado,

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todo o edifício se ergue em santuário sagrado, no Senhor, 22e vós, também, nele sois co-edificados para serdes uma habitação de Deus, no Espírito.

3 Paulo, ministro do mistério de Cristo — 1Por essa razão, eu, Paulo, o prisioneiro de Cristo por amor de vós, os gentios... 2Certamente sabeis da dispensação da graça de Deus que me foi dada a vosso respeito. 3Por uma revelação me foi dado a conhecer o mistério, como atrás vos expus sumariamente: 4Iendo-me, podeis compreender a per-cepção que eu tenho do mistério de Cristo. 5Às gerações e aos homens do passado ele não foi dado a conhecer, como foi agora revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito: 6os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo Corpo e co-participantes da Promessa em Cristo Jesus, por meio do evangelho. 7Desse evangelho eu me tornei ministro, pelo dom da graça de Deus que me foi concedida pela operação do seu poder. 8A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo 9e de pôr em luz a dispensação do mistério oculto desde os séculos em Deus, criador de todas as coisas, 10para dar agora a conhecer" aos Principados e às Autoridades nas regiões celestes, por meio da Igreja, a multiforme sabedoria de Deus, 11segundo o desígnio preestabelecido desde a eternidade e realizado em Cristo Jesus nosso Senhor, 12por quem ousamos chegar-nos a Deus confiantemente, pela fé. 13Por isso eu vos peço que não vos deixeis abater por causa das minhas tribulações por vós, o que para vós deve ser motivo de glória.

A oração de Paulo — 14Por essa razão eu dobro os joelhos diante do Pai — 15de quem toma o nome toda família no céu e na terra —, 16para pedir-lhe que ele conceda, segundo a riqueza da sua glória, que vós sejais fortalecidos em poder pelo seu Espírito no homem interior, 17que Cristo habite pela fé em vossos corações e que sejais arraigados e fundados no amor. 18Assim tereis condições para compreender com todos os santos qual é a largura e o comprimento e a altura e a profundidade, 19e conhecer o amor de Cristo que excede a todo conhecimento, para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus. 20Àquele, cujo poder, agindo em nós, é capaz de fazer muito além, infinitamente além de tudo o que nós podemos pedir ou conceber, 21a ele seja a glória na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações dos séculos dos séculos! Amém.

II. Parêntese

4 Apelo à unidade — 1Exorto-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, a andardes de modo digno da vocação a que fostes chamados: 2com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros com amor, 3procurando conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. 4Há um só Corpo e um só Espírito, assim como é uma só a esperança da vocação a que fostes chamados; 5há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; 6há um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos. 7Mas a cada um de nós foi dada a graça pela medida do dom de Cristo, 8por isso é que se diz: Tendo subido às alturas, levou cativo o cativeiro, concedeu dons aos

homens.

9Que significa "subiu", senão que ele também desceu? às profundezas da terra? 10O que desceu é também o que subiu acima de todos os céus, a fim de plenificar todas as coisas. 11E ele é que "concedeu" a uns ser apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a outros pastores e mestres, 12para aperfeiçoar os santos em vista do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo, 13até que alcancemos todos nós a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, o estado de Homem Perfeito, a medida da

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estatura da plenitude de Cristo. 14Assim, não seremos mais crianças, joguetes das ondas, agitados por todo vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e da sua astúcia que nos induz ao erro. 15Mas, seguindo a verdade em amor, cresceremos em tudo em direção àquele que é a Cabeça, Cristo, 16cujo Corpo, em sua inteireza, bem ajustado e unido por meio de toda junta e ligadura, com a operação harmoniosa de cada uma das suas partes, realiza o seu crescimento para a sua própria edificação no amor.

A vida nova em Cristo — 17Isto, portanto, digo e no Senhor testifico. Não andeis mais como andam os demais gentios, na futilidade dos seus pensa- mentos, 18com entendimento entenebrecido, alienados da vida de Deus pela sua ignorância e pela dureza dos seus corações. 19Tendo-se tornado insensíveis, entregaram-se à dissolução para praticarem avidamente toda sorte de impureza. 20Vós, porém, não aprendestes assim a Cristo, 21se realmente o ouvistes e, como é a verdade em Jesus, nele fostes ensinados 22a remover o vosso modo de vida anterior — o homem velho, que se corrompe ao sabor das concupiscências enganosas — 23e a renovar-vos pela transformação espiritual da vossa mente, 24e revestir-vos do Homem Novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade.25Por isso abandonai a mentira e falai a verdade cada um ao seu próximo, porque somos membros uns dos outros.26Irai-vos, mas não pequeis: não se ponha o sol sobre a vossa ira, 27nem deis lugar ao diabo. 28O que furtava não mais furte, mas trabalhe com as suas próprias mãos, realizando o que é bom, para que tenha o que partilhar com o que tiver necessidade. 29Não saia dos vossos lábios nenhuma palavra inconveniente, mas, na hora oportuna, a que for boa para edificação, que comunique graça aos que a ouvirem. 30E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, pelo qual fostes selados para o dia da redenção. 31Toda amargura e exaltação e cólera, e toda palavra pesada e injuriosa, assim como toda malícia, sejam afastadas de entre vós. 32Sede bondosos e compassivos uns com os outros, perdoando-vos mutuamente, como Deus em Cristo vos perdoou.

5 1Tomai-vos, pois, imitadores de Deus, como filhos amados, 2e andai em amor, assim como Cristo também nos amou e se entregou por nós a Deus, como oferta e sacrifício de odor suave. 3Fornicação e qualquer impureza ou avareza nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos. 4Nem ditos indecentes, picantes ou maliciosos, que não convém, mas antes ações de graças. 5Pois é bom que saibais que nenhum fornicário ou impuro ou avarento — que é um idólatra — tem herança no Reino de Cristo e de Deus. 6Ninguém vos engane com palavras vãs, porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os desobedientes. 7Não vos torneis, pois, co-participantes das suas ações. 8Outrora éreis treva, mas agora sois luz no Senhor: andai como filhos da luz, 9pois o fruto da luz consiste em toda bondade e justiça e verdade. 10Procurai discernir o que é agradável ao Senhor 11e não sejais participantes das obras infrutuosas das trevas, antes denunciai-as, 12pois o que eles fazem em oculto até o dizê-lo é vergonhoso. 13Mas tudo o que é condenável é manifesto pela luz, 14pois é luz tudo o que é manifesto. É por isso que se diz: Ó tu, que dormes, desperta e levanta-te de entre os mortos, que Cristo te iluminará. 15Vede, pois, cuidadosamente como andais: não como tolos, mas como sábios, 16remindo o tempo, porque os dias são maus. 17Por isso não sejais insensatos, mas procurai conhecer a vontade do Senhor. 18E não vos embriagueis com vinho, que é uma porta para a devassidão, mas buscai a plenitude do Espírito. 19Falai uns aos outros com salmos e hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração, 20sempre e por tudo dando graças a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.

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Moral doméstica — 21Submetei-vos uns aos outros no temor de Cristo. 22As mulheres estejam sujeitas aos seus maridos, como ao Senhor, 23porque o homem é cabeça da mulher, como Cristo é cabeça da Igreja e o salvador do Corpo. 24Como a Igreja está sujeita a Cristo, estejam as mulheres em tudo sujeitas aos seus maridos. 25E vós, maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, 26a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra, 27para apresentar a si mesmo a Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. 28Assim também os maridos devem amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo, 29pois ninguém jamais quis mal à sua própria carne, antes alimenta-a e dela cuida, como também faz Cristo com a Igreja, 30porque somos membros do seu Corpo. 31Por isso deixará o homem o seu pai e a sua mãe e se ligará à sua mulher, e serão ambos uma só carne. 32É grande este mistério: refiro- me à relação entre Cristo e a sua Igreja. 33Em resumo, cada um de vós ame a sua mulher como a si mesmo e a mulher respeite o seu marido.

6 1Filhos, obedecei aos vossos pais, no Senhor, pois isso é justo. 2Honra a teu pai e a tua mãe — é o primeiro mandamento com promessa — 3para seres feliz e teres uma longa vida sobre a terra. 4E vós, pais, não deis a vossos filhos motivo de revolta contra vós, mas criai-os na disciplina e correção do Senhor.5Servos, obedecei, com temor e tremor, em simplicidade de coração, a vossos senhores nesta vida, como a Cristo, 6servindo-os, não quando vigiados, para agradar a homens, mas como servos de Cristo, que põem a alma em atender à vontade de Deus. 7Tende boa vontade em servi-los, como ao Senhor e não como a homens, 8sabendo que todo aquele que fizer o bem receberá o bem do Senhor, seja ele servo ou livre. 9E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, sem ameaças, sabendo que o Senhor deles e vosso está nos céus e que ele não faz acepção de pessoas.

O combate espiritual — 10Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. 11Revesti-vos da armadura de Deus, para poderdes resistir às insídias do diabo. 12Pois o nosso combate não é contra o sangue nem contra a carne, mas contra os Principados, contra as Autoridades, contra os Dominadores deste mundo de trevas, contra os Espíritos do Mal, que povoam as regiões celestiais. 13Por isso deveis vestir a armadura de Deus, para poderdes resistir no dia mau e sair firmes de todo o combate. 14Portanto, ponde-vos de pé e cingi os vossos rins com a verdade e revesti-vos da couraça da justiça 15e calçai os vossos pés com a preparação do evangelho da paz, 16empunhando sempre o escudo da fé, com o qual podereis extinguir os dardos inflamados do Maligno. 17E tomai o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. 18Com orações e súplicas de toda a sorte, orai em todo tempo, no Espírito, e para isso vigiai com toda perseverança e súplica por todos os santos. 19Orai também por mim, para que, quando eu abrir os meus lábios, me seja dada a palavra para anunciar com ousadia o mistério do evangelho, 20do qual sou o embaixador em cadeias: que eu fale ousadamente, como importa que eu fale.

Notícias pessoais e saudação final — 21Para saberdes o que se passa comigo e o que é que eu estou fazendo, envio a vós Tíquico, irmão amado e fiel ministro no Senhor. 22Ele vos dirá tudo o que se passa entre nós e leva a minha exortação aos vossos corações. 23Aos irmãos paz, amor e fé da parte de Deus, o Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 24A graça esteja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo com amor perene!

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EPISTOLA AOS FILIPENSES

1 Endereço e saudação — 1Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os seus epíscopos e diáconos: 2a vós graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo!

Ação de graças e oração — 3Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, 4e sempre em todas as minhas súplicas oro por todos vós com alegria, 5pela vossa participação no evangelho desde o primeiro dia até agora, 6e tenho plena certeza de que aquele que começou em vós a boa obra há de levá-la à perfeição até o dia de Cristo Jesus. 7E é justo que eu assim, pense de todos vós, porque vos tenho no meu coração, a todos vós que, nas minhas prisões e na defesa e afirmação do evangelho, comigo vos tornastes participantes da graça. 8Deus me é testemunha de que eu vos amo a todos com a ternura de Cristo Jesus. 9E é isto o que eu peço; que vosso amor cresça cada vez mais, em conhecimento e em sensibilidade, 10a fim de poderdes discernir o que mais convém, para que sejais puros e irreprováveis no dia de Cristo, 11na plena maturidade do fruto da justiça que nos vem por Jesus Cristo para a glória e o louvor de Deus.

Situação pessoal de Paulo — 12Quero que saibais, irmãos, que o que me aconteceu redundou em progresso do evangelho: 13as minhas prisões se tornaram conhecidas em Cristo por todo o Pretório e por toda parte, 14e a maioria dos irmãos, encorajados no Senhor pelas minhas prisões, proclamam a Palavra com mais ousadia e sem temor. 15É verdade que alguns anunciam o Cristo por inveja e porfia, e outros por boa vontade: 16estes por amor proclamam a Cristo, sabendo que fui posto para defesa do evangelho, 17e aqueles por rivalidade, não sinceramente, julgando com isso acrescentar sofrimento às minhas prisões. 18Mas que importa? De qualquer maneira — ou com segundas intenções ou sinceramente — Cristo é proclamado, e com isso eu me regozijo. Mas eu me regozijo 19porque sei que isso me redundará em salvação pelas vossas orações e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo. 20A minha expectativa e a esperança é de que em nada serei confundido, mas com toda a ousadia, agora como sempre, Cristo será engrandecido no meu corpo, pela vida ou pela morte. 21Pois para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. 22Mas, se o viver na carne me dá ocasião de trabalho frutífero, não sei bem o que escolher. 23Sinto-me num dilema: o meu desejo é partir e ir estar com Cristo, pois isso me é muito melhor, 24mas o permanecer na carne é mais necessário por vossa causa. 25Convencido disso, sei que ficarei e continuarei com todos vós, para proveito vosso e para alegria de vossa fé, 26a fim de que, por mim — pela minha volta entre vós — aumente a vossa glória em Cristo Jesus.

Lutar pela fé — 27Somente vivei vida digna do evangelho de Cristo, para que eu, indo ver-vos ou estando longe, ouça dizer de vós que estais firmes num só espírito, lutando juntos com uma só alma, pela fé do evangelho, 28e que em nada vos deixais atemorizar pelos vossos adversários, o que para eles é sinal de ruína, mas, para vós, de salvação, e isso da parte de Deus. 29Pois vos foi concedida, em relação a Cristo, a graça não só de crerdes nele, mas também de por ele sofrerdes, 30empenhados no mesmo combate em que me vistes empenhado e em que, como sabeis, me empenho ainda agora.

2 Manter a unidade na humildade — 1Portanto, pelo conforto que há em Cristo, pela consolação que há no Amor, pela comunhão no Espírito, por toda ternura e compaixão, 2levai à plenitude a minha alegria, pondo-vos acordes no mesmo sentimento, no mesmo amor, numa só alma, num só pensamento, 3nada fazendo por competição e vanglória,

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mas com humildade, julgando cada um os outros superiores a si mesmo, 4nem cuidando cada um só do que é seu, mas também do que é dos outros. 5Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus: 6Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente.7Mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana.E, achado em figura de homem, 8humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz! 9Por isso Deus o sobreexaltou grandemente e o agraciou com o Nome que é sobre todo o nome, 10para que, ao nome de Jesus, se dobre todo joelho dos seres celestes, dos terrestres e dos que vivem sob a terra,11e, para glória de Deus, o Pai, toda língua confesse: Jesus é o Senhor.

Operar a salvação — 12Portanto, meus amados, como sempre tendes obedecido, não só na minha presença, mas também particularmente agora na minha ausência, operai a vossa salvação com temor e tremor, 13pois é Deus quem opera em vós o querer e o operar, segundo a sua vontade. 14Fazei tudo sem murmurações nem reclamações, 15para vos tornardes irreprováveis e puros, filhos de Deus, sem defeito, no meio de uma geração má e pervertida, no seio da qual brilhais como astros no mundo, 16mensageiros da Palavra de vida. Assim, no Dia de Cristo eu terei a glória de não ter corrido nem ter-me esforçado em vão. 17Mas, se o meu sangue for derramado em libação, em sacrifício e serviço da vossa fé, alegro-me e me regozijo com todos vós; 18e vós também alegrai-vos e regozijai-vos comigo.

Missão de Timóteo e de Epafrodito — 19Espero, no Senhor Jesus, enviar- vos logo Timóteo, para que eu tenha também a alegria de receber notícias vossas. 20Não tenho ninguém de igual sentimento que tão sinceramente como ele se preocupe com o que vos diz respeito; 21pois procuram atender os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo. 22Quanto a ele, vós sabeis que prova deu: como um filho ao lado do pai, ele serviu comigo à causa do evangelho. 23Espero, pois, enviá-lo, logo que puder ver como vão as coisas comigo. 24Tenho fé no Senhor de que eu mesmo possa logo ir até aí. 25Entretanto, julguei necessário enviar-vos Epafrodito, meu irmão e colaborador e companheiro de lutas e vosso mensageiro, para atender às minhas necessidades. 26Pois ele estava com saudades de todos vós e muito preocupado porque ficastes sabendo que ele esteve doente. 27De fato esteve doente, às portas da morte, mas Deus se apiedou dele, e não só dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. 28Por isso apressei-me em enviá-lo: assim podeis revê-lo e com isso vos alegrareis, e eu mesmo fico menos triste. 29Recebei-o, pois, no Senhor com toda a alegria e tende em grande estima pessoas como ele, 30pois pela obra de Cristo ele quase morreu, arriscando a sua vida para atender por vós às minhas necessidades.

3 O verdadeiro caminho da salvação cristã — 1Finalmente, irmãos, regozijai-vos no Senhor. Escrever-vos as mesmas coisas não me é penoso e é seguro para vós. 2Cuidado com os cães, cuidado com os maus operários, cuidado com os falsos circuncidados! 3Os circuncidados somos nós, que prestamos culto pelo Espírito de Deus e nos gloriamos em Cristo Jesus e não confiamos na carne. 4Aliás, eu poderia, até, confiar na carne. Se algum outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: 5circuncidado ao oitavo dia, da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu filho de hebreus; quanto à Lei, fariseu; 6quanto ao zelo, perseguidor da Igreja; quanto à justiça que há na Lei, irrepreensível. 7Mas o que era para mim lucro eu o tive como perda, por amor de Cristo. 8Mais ainda: tudo eu considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por ele, eu perdi tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar a Cristo 9e ser achado nele, não tendo a justiça da Lei, mas a justiça que vem de Deus, apoiada na

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fé, 10para conhecê-lo, conhecer o poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos, conformando- me com ele na sua morte, 11para ver se alcanço a ressurreição de entre os mortos. 12Não que eu já o tenha alcançado ou que já seja perfeito, mas vou prosseguindo para ver se o alcanço, pois que também já fui alcançado por Cristo Jesus. 13Irmãos, eu não julgo que eu mesmo o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está diante, 14prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus em Cristo Jesus. 15Portanto, todos nós que somos "perfeitos", tenhamos este sentimento, e, se em alguma coisa pensais diferentemente, Deus vos esclarecerá. 16Entretanto, qualquer que seja o ponto a que chegamos, conservemos o rumo. 17Sede meus imitadores, irmãos, e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. 18Pois há muitos dos quais muitas vezes eu vos disse e agora repito, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo: 19seu fim é a destruição, seu deus é o ventre, sua glória está no que é vergonhoso, e seus pensamentos no que está sobre a terra. 20Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos ansiosamente como Salvador o Senhor Jesus Cristo, 21que transfigurará o nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso, pela força que lhe dá poder de submeter a si todas as coisas.

4 1Assim, irmãos amados e queridos, minha alegria e coroa, permanecei firmes no Senhor, ó amados.

Últimos conselhos — 2Eu exorto a Evódia e a Síntique a serem unânimes no Senhor. 3Rogo também a ti, Sízigo, fiel "companheiro", que lhes prestes auxílio, porque me ajudaram na luta pelo evangelho, em companhia de Clemente e dos demais auxiliadores meus, cujos nomes estão no livro da vida. 4Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: alegrai-vos! 5Que a vossa moderação se torne conhecida de todos os homens. O Senhor está próximo! 6Não vos inquieteis com nada; mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades pela oração e pela súplica, em ação de graças. 7Então a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vossos corações e pensamentos, em Cristo Jesus. 8Finalmente, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso ou que de qualquer modo mereça louvor. 9O que aprendestes e herdastes, o que ouvistes e observastes em mim, isso praticai. Então o Deus da paz estará convosco.

Agradecimentos pelos auxílios enviados — 10Foi grande a minha alegria no Senhor, porque, finalmente, vi florescer o vosso interesse por mim; verdade é que ele estava sempre alerta; mas não tínheis oportunidade. 11Falo assim não por causa das privações, pois aprendi a adaptar-me às necessidades; 12sei viver modestamente, e sei também como haver-me na abundância; estou acostumado com toda e qualquer situação: viver saciado e passar fome; ter abundância e sofrer necessidade. 13Tudo posso naquele que me fortalece. 14Entretanto, fizestes bem em participar da minha aflição. 15Vós mesmos bem sabeis, filipenses, que no início da pregação do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma Igreja teve contato comigo em relação de dar e receber, senão vós somente; 16já em Tessalônica mais uma vez vós me enviastes com que suprir às minhas necessidades. 17Não que eu busque presentes; o que busco é o fruto que se credite em vossa conta. 18Agora tenho tudo em abundância; tenho de sobra, depois de ter recebido de Epafrodito o que veio de vós, perfume de suave odor, sacrifício aceito e agradável a Deus. 19O meu Deus proverá magnificamente todas as vossas necessidades, segundo a sua riqueza, em Cristo Jesus. 20E ao nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos séculos! Amém.

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Saudações e voto final — 21Saudai a todos os santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam. 22Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa do Imperador. 23A graça do Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito!