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5-Reações de hipersensibilidade
5.1-Graves: choque anafilático (anafilaxia, reação anafilática)
São reações que ocorrem menos de 2 horas após a aplicação da
vacina (ou medicamento), geralmente na primeira meia hora, sendo
extremamente raras em associação com as vacinações, embora possam
ocorrer. Contra-indicam doses subseqüentes com qualquer um dos
componentes vacinais do agente imunizante que provocou o choque
anafilático.
O choque anafilático caracteriza-se por alterações do tônus
muscular, paralisia parcial ou completa, palidez, cianose, resposta
diminuída ou ausente aos estímulos, depressão ou perda do estado de
consciência, alterações cardiovasculares com hipotensão ou choque,
alterações respiratórias e às vezes parada cardíaca.
A reação anafilática induzida pela aplicação de vacina pode estar
associada com:
reações ao ovo de galinha, como a vacina de febre amarela.
reação à gelatina, usada como estabilizador em algumas vacinas,
como a tríplice viral;
reação a alguns antibióticos (por exemplo, kanamicina) contidos em
algumas vacinas;
reação a alguns dos componentes do próprio imunógeno.
As manifestações podem ser:
Dermatológicas (prurido, angioedema, urticária generalizada e/ou
eritema);
Cardiocirculatórias (hipotensão, arritmias, choque, etc);
Respiratórias (edema de laringe, com estridor, dificuldade respiratória,
tosse, dispnéia, sibilos etc);
Neurológicas (síncope, convulsão, alteração da consciência etc).
5.1.1. Notificação e investigação
Notificar e investigar todos os casos.
5.1.2. Conduta
a)-Tratamento
Toda unidade que aplique vacinas (ou medicamentos) deve ter um
estojo de reanimação permanente, com os medicamentos dentro do prazo
de validade.
É preciso que o pessoal médico e de enfermagem esteja treinado em
relação às condutas para tratamento do choque anafilático
A rapidez do tratamento é fundamental, devendo ser feito no local do
primeiro atendimento, pelo menos inicialmente.
1- Adrenalina 0,01 ml/kg SC (em caso de choque IM) até 3 vezes
com intervalos de 20 minutos, se necessário.
2- Prometazina 0,5 – 1mg/kg IM.
3- Acesso venoso.
4- Hidrocortisona 5 mg/kg/dose, IV, podendo ser repetido a cada
4 ou 6 horas.
5- Manter vias aéreas pérvias.
6- 02 sob máscara ou Ambú ou entubação, segundo indicado e
possível.
7- Expansores de volume nos choques hipovolêmicos.
8- Encaminhar para unidade hospitalar. Alguns pacientes podem
apresentar um segundo episódio até 24 horas após a
recuperação do primeiro; por esse motivo, todo paciente que
apresentar crise grave deve permanecer hospitalizado durante
pelo menos 36 horas.
b)-Contra-indicação para doses subseqüentes
Sim, de todos os componentes vacinais do imunobiológico
causador.
5.2-Reações moderadas (urticária, prurido cutâneo, exantema,
petéquias)
São reações que envolvem apenas um sítio/sistema, ocorrendo mais
de duas horas após a vacinação.
5.2.1. Notificação e investigação
Notificar e investigar todos os casos.
5.2.2. Conduta
a)-Tratamento
Anti-histamínicos via oral no caso de urticária ou exantema
pruriginoso. No caso de manifestações petéquiais e/ou purpúricas
generalizadas, encaminhar à unidade hospitalar para avaliação por
especialista; nas reações locais, apenas observação.
b)-Contra-indicação para doses subseqüentes
Não, mas estas devem ser aplicadas com precauções.
Em caso de administração de alguma medicação injectável ou administração de anestesia local (suturas), cuidados estes prestados no gabinete de enfermagem onde trabalho, pode ocorrer choque anafilático e, de acordo com as Orientações Técnicas n.º 10 da DGS, neste caso diz respeito à administração de vacinas, todos os locais que administrem vacinas deverão estar equipados com e:
1. Adrenalina a 1:1.000 (1 mg/mL) (administração via intramuscular, endovenosaou inalatória)2. Oxigénio – máscaras com reservatório (O2 a 100%) e cânulas de Guedel(vários tamanhos) e debitómetro a 15 L/m3. Insufladores (ressuscitadores) auto-insufláveis (250 mL, 500 mL e 1500 mL)com reservatório, máscaras faciais transparentes (circulares e anatómicas devários tamanhos)4. Mini-nebulizador com máscara e tubo, de uso único5. Soro fisiológico (administração endovenosa)6. Broncodilatadores – salbutamol (solução respiratória)7. Corticosteróides injectáveis – hidrocortisona e prednisolona8. Esfigmomanómetro normal (com braçadeiras para crianças)9. EstetoscópioSe distarem a mais de 25 min. de um serviço de saúde onde esteja disponível todo oequipamento mínimo necessário devem possui também :10. Equipamento para intubação endotraqueal: laringoscópio, pilhas, lâminasrectas e curvas, pinça de Magil, tubos traqueais (com e sem balão), fita denastro.11. Agulha 14-18 Gauge para cricotiroidotomia por agulha (se necessário)12. Nebulizador
Procedimentos e tratamento imediato da anafilaxia
Pedir ajuda e telefonar para o 112 Deitar o doente com os pés elevados (posição de Trendelenburg) Manter as vias aéreas permeáveis Administrar oxigénio Administrar adrenalina a 1:1 000 IM (1 mg/mL), na face anterior dacoxaDose: 0,01 mL/kg (entre 0,07 mL e 0,5 mL)Pode ser repetida cada 10 a 30 minutos, até 3 vezes Se mantiver sinais de obstrução das vias aéreas:• aerossol com salbutamol (0,03 mL/kg – máximo 1 mL) ou• aerossol com adrenalina (1 mL em 4 mL de soro fisiológico) Monitorizar sinais vitais e Tempo de Preenchimento Capilar (TPC) Canalizar uma veia e iniciar perfusão com soro fisiológico EVDose: 20 mL/kg na criança.Repetir 1 a 2 vezes, se necessário Se a pressão arterial continuar a baixar, administrar:• hidrocortisona EV (4 mg/kg na criança; máximo 250 mg no adulto)ou prednisolona EV (2 mg/kg na criança; máximo 75 a 100 mgno adulto)• adrenalina a 1:1 000 EV (1 mg/mL), em perfusão contínua
Dose: 0,1 - 5,0 μg/kg/minIdade (a) Dose (mL)2 - 6 meses 0,0712 meses 0,118 meses - 4 anos 0,155 anos 0,26 - 9 anos 0,310 - 13 anos 0,4 (b)≥14 anos 0,5 (b)a) As doses para crianças com idades não expressas no quadro devem ser aproximadas àsreferidas para a idade mais próxima.b) Para reacções moderadas, pode ser considerada uma dose de 0,3 mL.Dose de adrenalina a 1:1 000 IM de acordo com a idade,para tratamento de reacções anafilácticas
Medidas a tomar em caso de choque anafilático
O choque anafilático exige medidas imediatas. Aos primeiros sinais de choque (suores,náusea, cianose) a injecção de cefotaxima deve ser imediatamente interrompida(deixando a agulha na veia), o doente colocado com a cabeça baixa permitindo a livrerespiração.Tratamento medicamentoso: diluir 1 ml duma solução de adrenalina 1:1000 em 10 ml einjectar lentamente 1 ml (correspondente a 0,1 mg de adrenalina) desta solução,controlando o pulso e a tensão arterial, observando em especial a ocorrência deeventuais arritmias. Se necessário, a administração de adrenalina pode ser repetida.Em função da gravidade da situação pode ser necessário a aplicação de medidasterapêuticas adicionais como: correcção da hipovolémia, por ex.: com expansores doplasma, albumina humana, soluções electrolíticas. Seguida de injecção de umglucocorticóide por via intravenosa (por ex.: 250-1000 mg de metilprednisolona),repetindo se necessário.Em crianças, as doses acima referidas devem ser adaptadas de acordo com o pesocorporal.Se necessário devem ser aplicadas outras medidas terapêuticas como por exemplo,respiração artificial, oxigénio e anti-histamínicos.