61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

download 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

of 84

Transcript of 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    1/246

    61022 – Introdução à Economia

    Apontamentos de: Jorge Loureiro

    E-mail: jorgel@sapopt

    !ata: 1"0"200#

    $i%ro: Introdução à Economia (João César das Neves)

    Nota:  Matéria referente ao ano lectivo 2007-2008 (Mestre Rafael Branco)

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    2/246

    2

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    3/246

    1. Princípios fundamentais da Economia

    1.1. A Economia

    1.1.1. Origem da EconomiaO que é a Economia? Esta é a perunta natural no in!cio "a a#or"aema esta ci$ncia% & possi#ili"a"e "e uma "efini'o eacta ser* "iscuti"aa"iante+ mas loo "e entra"a é importante ter consci$ncia "a eist$nciae "a import,ncia "os pro#lemas econmicos%

    1.1.1.1. A Economia é essencial 

    . importante ter presente que a Economia est* lia"a ao essencial"a vi"a "e ca"a um% /omos incapaes "e pro"uir as coisas mais#*sicas1 um po+ um fsforo+ uma l,mpa"a+ um par "e cal'as+ um

    motor "e automvel% oi a compreenso "esta i"eia que "eu in!cio3 teoria económica%

     &4&M /M56 (729-7:0)O Ensaio sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações  "emonstrava+

    com m;ltiplos eemplos+ como+ naturalmente+ as rela'or eemplo+ o casaco "e l que co#re um ornaleiro+ por maisrosseiro e tosco que possa parecer+ é o pro"uto "o la#orcom#ina"o "e ran"e n;mero "e tra#al=a"ores% O pastor+ oclassifica"or "a l+ o car"a"or+ o tintureiro+ o fian"eiro+ o tecelo+ opisoeiro+ o curti"or+ e muitos outros+ t$m "e reunir as "iferentesartes para que sea poss!vel o#ter-se mesmo este pro"utocomein=o% E quantos merca"ores e carreteiros =o-"e+ além"isso+ ter si"o emprea"os no transporte "os materiais "e uns"esses tra#al=a"ores para os outros+ que+ muitas vees+ vivem emrei

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    4/246

    mos necess*rias para pro"uir o seu po e a sua cervea+ avi"ra'a que "eia entrar o calor e a lu e o protee "o vento e "ac=uva+ com to"o o sa#er e a arte eii"os pelo fa#rico "essa #ela efeli inven'o sem a qual "ificilmente se po"eria proporcionarlocais "e =a#ita'o muito confort*veis nestas onas frias "omun"o+ e ain"a to"as as ferramentas a que os oper*riosemprea"os na pro"u'o "e to"os esses #ens t$m "e recorrerC seeaminarmos to"as essas coisas+ "iia eu+ e consi"erarmos avarie"a"e "e activi"a"es incorpora"a em ca"a uma "elas+ tornar-se-nos-* claro que+ sem a au"a e coopera'o "e muitos mil=ares+as necessi"a"es "o ci"a"o mais !nfimo "e um pa!s civilia"o nopo"eriam ser satisfeitas+ nem mesmo "e acor"o com aquilo quens muito falsamente imainamos ser a forma simples e f*cil comoelas so =a#itualmente satisfeitas% Da ver"a"e+ compara"as aomais etravaante luo "os ran"es+ as suas necessi"a"esparecem+ sem ";vi"a+ etremamente simples e c=sC e+ noentanto+ talve sea ver"a"e que a satisfa'o "as necessi"a"es "e

    um pr!ncipe europeu no ece"e tanto a "e um campon$sin"ustrioso e frual+ como a "este ece"e a "e muitos reisafricanos+ sen=ores a#solutos "a vi"a e "a li#er"a"e "e "e milselvaens nus% F/mit= (77G)+ vol% + p*s% 8:-:%Hoi a compreenso "o facto "e que esta reali"a"e+ to complea eintrinca"a na apar$ncia+ funcionava "e forma to reular ecoor"ena"a+ sem que ninuém "ela cui"asse+ que "eu oriem aoestu"o "a Economia% E /mit= su#lin=ava no s que acomplei"a"e "o sistema no impe"ia uma efici$ncia nosresulta"os+ como tam#ém levava a que as suas "iferen'asinternas+ em#ora importantes+ fossem muito pequenas emcompara'o com as "iferen'as que o separavam "os outros

    sistemas (a "ist,ncia "e n!vel "e vi"a entre o pr!ncipe e o ornaleiroé muito menor "o que a que separa o ornaleiro "o rei in"!ena+ naepresso "ata"a "e /mit=)%Esta maravil=a fascinou &"am /mit= e ustificou um estu"o que eleiniciou1 a 6eoria Econmica% . importante notar que esta"esco#erta fe-se quase na altura em que Iavoisier na u!mica+DeJton na !sica+ Men"el na Bioloia e tantos outros+ encontravama mesma =armonia nos v*rios aspectos "a Daturea% Do setratava "e encontrar leis naturais+ on"e o instinto ou outras for'asprofun"as pren"essem a reali"a"e nessa =armonia% Era oencontrar "essa or"em na prpria ac'o =umana%Da ver"a"e+ se ca"a um "e ns tivesse "e pro"uir tu"o o que

    precisa e consome+ "a comi"a aos tal=eres+ "os transportes aomo#ili*rio+ no l=e seria poss!vel possuir um "écimo "o queconsome%Mas+ no fun"o+ cada família produz o que consome% / temos oque consumimos por troca% Este+ como veremos+ é um "osprinc!pios essenciais "a Economia% & troca est* na #ase "a nossa economia e+ se ela fal=asse+ o n!vel"e vi"a "as socie"a"es "esceria muito+ mesmo que ca"a umcontinuasse a pro"uir o que pro"u% O sofrimento e a morte queesse facto provoca so consequ$ncias patentes "a interrup'o "ofuncionamento "o sistema econmico% & Economia estu"a factos e fenmenos que so essenciais 3 vi"aconcreta "as pessoas e socie"a"es "e sempre% Os temas quevamos tratar+ por muito a#stractos que pare'am+ esto lia"os

    K

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    5/246

    "irectamente a quest

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    6/246

    Esta i"eia+ essencial para qualquer tratamento "a pol!ticaeconmica+ é capta"a "e forma muito particular por um "os maiscéle#res mottos "o ran"e &lfre" Mars=all1@& multiplici"a"e na uni"a"e e a uni"a"e na multiplici"a"e%Dela+ o mestre queria sinificar que+ em Economia+ é necess*rioencontrar as muitas causas "e ca"a fenmeno+ mas tam#émprocurar as muitas situa'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    7/246

    resulta"o cient!fico% Da pr*tica po"e ser "if!cil separar as "uascoisas+ pois muitos faem passar por in"iscutivelmente cient!ficoalo que no passa "a sua opinio pessoal%Do que toca 3s opini

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    8/246

     QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ 

    O >ROBIEM& 4O &P6O&RRO E5O

    Repare-se que a compreenso "o comportamento "este sistema (oautocarro c=eio "e pessoas) é uma tarefa cient!fica semel=ante 3 tarefa"o economista que preten"e enten"er o comportamento "o sistema

    econmico%Pma "as =ipteses "e a#or"aem poss!vel ao pro#lema consiste emimpor que os aentes que se encontram no autocarro so racionais%6rata-se "a aplica'o "o postulado da racionalidade% Deste caso+ aracionali"a"e sinifica que ca"a passaeiro+ no caso eral+ vai procurarsair por aquela porta que est* mais perto "e si ou+ em termoseconmicos+ vai tentar minimiar o espa'o percorri"o+ o esfor'o e otempo "espen"i"o para o#ter o seu fim1 sair "o autocarro% @/air pelaporta que est* mais perto é a rera "e con"uta que ca"a um vai aplicar%/e est* a c=over ou se temos um amio na parte "e tr*s "o autocarro+por eemplo+ o comportamento racional leva a atitu"es "iferentes% Oprinc!pio #*sico "a racionali"a"e é eral+ mas a rera particular que "ele

    foi "e"ui"a s se aplica a certos casos+ mesmo que sea 3 maioria+como no eemplo%laro que po"e =aver aluém que+ sem rao+ queira sair pela portamais "istante+ empurran"o to"os ou esperan"o para ser o ;ltimo% Maseste caso é claramente uma ecep'o e a sua eist$ncia no vaipertur#ar sinificativamente o nosso estu"o "o esvaiamento "oautocarro% &ssim+ o sistema (o autocarro) encontra um equil!#rio+ que é como queuma racionali"a"e "o rupo+ on"e ca"a um "eci"e por si% &plicamosassim o seun"o postula"o+ o postulado do equilí#rio%Do é preciso que todas as pessoas em todos os autocarros o#e"e'amestritamente a esta rera para que+ com esta i"eia+ se consia eplicar o

    esvaiamento normal "os autocarros no fim "a carreira%/e os aentes so racionais e a sua interac'o equili#ra"a+ sa#emosime"iatamente o que esperar "o sistema%>or eemplo+ é "e notar que a utilia'o "o princ!pio "a racionali"a"e ou"a maimia'o "o #em-estar no implica necessariamentecomportamentos éticos% Pma pessoa po"e ser "elica"a e+ ao mesmotempo+ ao escol=er a porta "e sa!"a "o autocarro+ procurar a que l=eest* mais perto%6orna-se assim clara a ver"a"eira naturea "os aiomas e "osmecanismos econmicos que "eles "erivam% 4a sua aplica'o resultaapenas a tentativa "e evitar o "esper"!cio e+ por isso+ eles so conceitosfuncionais na sua ess$ncia% &o supor-se que maimia o lucro+ eie-se apenas que o empres*riotente usar "a mel=or maneira os recursos "e que "isp

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    9/246

    seus o#ectivos prprios+ se conseue no fim o m*imo #em-estar parato"os% &"am /mit= foi o primeiro a notar "e forma sistem*tica esteaspecto+ e alumas "as suas o#serva'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    10/246

    /e ca"a um "os aentes se preocupa apenas com a sua situa'o+ no éneles que po"eremos encontrar a resposta para um pro#lema que élo#al% Mas na maioria "os casos ("e certea nos que nos interessam)eiste um+ mas s um aente que se preocupa com o pro#lema lo#al% &esse aente c=amamos o Estado (que neste eemplo é su#stitu!"o pelaempresa "e camionaem)% Do nosso eemplo+ po"eria ser coloca"o umfuncion*rio na porta "o meio+ impe"in"o que por essa porta sa!ssempessoas que se encontram na parte "a frente "o autocarro%Mas+ por vees+ o custo "a interven'o é tal que no vale a pena% Estecaso é um eemplo evi"ente1 o custo "e ter um funcion*rio 3 porta "oautocarro é "e tal maneira eleva"o que no ustifica o an=o "e alunsminutos na "esocupa'o "o autocarro% E aqui aparece outro "osprinc!pios fun"amentais "a Economia1 como em to"as as "ecis

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    11/246

    1.2. A ci"ncia económica &ntes "e analisarmos os principais resulta"os "a teoria+ é conveniente"elimitar o campo "a nossa an*lise% Lamos nesta sec'o ver com maiscui"a"o o que é e como se fa o estu"o "a Economia%

    1.2.1. &efini'$o de Economia

     &o lono "o tempo+ muitas "efini'o"e "ier-se que oque vamos "e"uir "esta frase "e Mars=all é alo "e essencial+ que amaioria "as pessoas+ mesmo ran"es especialistas "a ci$ncia+ por veesno leva em conta% & primeira coisa que esta frase nos in"ica é que o que vamos estu"ar aoaprofun"ar esta ci$ncia no so casos especiais+ ou pro#lemasran"iosos+ no so questor que rao no é poss!vel ao sociloo analisar oaspecto "e encontro "e classes sociais "iferentes entre o ornaleiro e ocompra"or?O que Mars=all quer captar com a sua frase é eactamente este facto1 aEconomia estu"a os assuntos correntes "a vi"a% Do é s a Economiaque estu"a os assuntos correntes "a vi"a+ mas a Economia estu"atodos os assuntos correntes "a vi"a%uer isto "ier que é poss!vel faer uma teoria econmica "e coisas to@pouco econmicas+ mas pertencentes 3 nossa vi"a corrente+ como as

    "a poesia+ "o namoro+ "a reliio ou "os "ivertimentos? Basta a esses

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    12/246

    fenmenos aplicar a meto"oloia+ o prisma "e an*lise "a Economia+ eo#tém-se uma teoria econmica "esses fenmenos%Pma questo "iferente é sa#er se essa an*lise econmica capta+ através"o seu prisma particular "e enfoque+ os aspectos mais relevantes para oestu"o "esse fenmeno% . prov*vel que+ se nos "e#ru'armos so#re umpoema+ o amor entre "ois ovens ou as rela'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    13/246

    uma aula "e Economia+ um concerto+ o ar+ uma cama+ um co+ uma conversa com um amio+ tu"o isto so #ens econmicos% Oerro "e consi"erar que s alumas coisas+ as materiais+ é que soeconmicas+ é um erro comum+ mas que "eve ser refuta"o%5sso quer "ier que o que "etermina se uma coisa é ou no um#em é o ser =umano e as suas necessi"a"es% >or isso é que aEconomia é uma ci$ncia =umana% &s necessi"a"es que aqui soconsi"era"as so as necessi"a"es+ to"as as necessi"a"es "osseres =umanos% Do se entra aqui com "iscussara =aver escol=as so precisos v*rios elementos% Pm "osprincipais é a eist$ncia "e alternativas% /e no =* alternativaspara escol=er+ a escol=a é for'a"a+ pelo que no eiste%Outro elemento essencial para a eist$ncia "e escol=a é ali#er"a"e% >ara eistir uma escol=a é no s necess*rio que asalternativas eistam+ mas tam#ém que sea f!sica e =umanamente

    poss!vel optar entre elas e eleer qualquer uma "elas% & li#er"a"e"e op'o é um elemento essencial "a escol=a% Pma escol=afor'a"a no é escol=a%Mas mesmo que eistam alternati%as+ muitas necessi"a"es parasatisfaer+ e a li#er"a"e "e escol=er como satisfa$-las+ se os #ens"ispon!veis para satisfaer essas necessi"a"es forem mais "o quesuficientes para to"as elas+ no =* pro#lema econmico% Em#ora arespira'o sea uma necessi"a"e vital para to"os ns+ no =*pro#lema econmico no consumo "e ar+ pois a atmosfera c=ea eso#ra para to"as as nossas necessi"a"es "e ar %

     QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ  & polui'o po"e tornar a respira'o "o ar um pro#lema econmico+ tal como ela * é para um

    astronauta%

    9

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    14/246

    >or essa rao+ a economia est* muito lia"a ao conceito "eescassez+ porque é ela que causa a necessi"a"e "e escol=as e"ecisor outro la"o+ o consumo é a ;nica finali"a"e "o comportamentoeconmico1 a satisfa'o "as suas necessi"a"es%

    1.2.1.+. O tempo

    6o"as as pessoas+ ao "eci"irem como "evem usar os #ens paraconsumo =oe+ entram em conta com o que prev$em que possa vira acontecer% >or outro la"o+ o facto "e o futuro ser incerto complicafortemente essa "eciso% >or to"as estas ra

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    15/246

    u!mica2+ pois seria imoral usar pessoas ou socie"a"es como co#aias"a ci$ncia% Mas se o cientista social tem "e se privar "o recurso a testespara avaliar as suas teorias+ a istria tem cria"o ver"a"eiraseperi$ncias+ que em tu"o so semel=antes 3s la#oratoriais+ ecepto nocontrolo "as amostras% 6alve a eperi$ncia mais simples fosse "ivi"irum pa!s ao meio+ aplicar um "os sistemas em ca"a parte "o pa!s+ "eiarpassar umas "éca"as e avaliar os resulta"os% Da =istria recente+ o fluirnatural "os acontecimentos criou ectamente essa situa'o+ com a &leman=a e a oreia+ por eemplo% . claro que o facto "e o pa!s no tersi"o escol=i"o pelos cientistas e a sua "iviso no ter si"o realia"a emcon"i'o"e estar cpmpletamente erra"a+

    por na"a ter a ver com a reali"a"e+ ou a"aptar-se muito #em aoscontornos "o pro#lema em an*lise% Mas+ "e qualquer forma+ trata-se "euma constru'o a#stracta e meto"olica+ que é sempre artificial%4evi"o a essa artificiali"a"e+ torna-se necess*ria uma fase posterior "eteste "a teoria+ ou sea+ "a verifica'o se a forma como se comporta ofenmeno tem aluma rela'o com a teoria particular que foi constru!"a% & simples "escri'o "estas activi"a"es é suficiente para su#lin=ar a sua"ificul"a"e% &presentar uma i"eia so#re um pro#lema+ com to"as assuas implica'or eemplo+ as autori"a"es fiscais "e aluns Esta"os intro"uiramvaria'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    16/246

    no po"e =aver mal-enten"i"os% >or essa rao+ ela é um instrumentoprecioso para o analista "e qualquer ci$ncia+ que quer ser claro erioroso% >or isso+ a matem*tica é ptima para a @"e"u'o+ ou sea+para o "esenvolvimento pleno "as implica'ara resolver esta questo+ o economista v$-se o#ria"o a isolar umaparte "o pro#lema+ anulan"o+ por meio "o que po"e ser consi"era"o umtruque la#oratorial+ o resto "os elementos relevantes% &ssim+ quan"o umeconomista afirma que uma su#i"a "e pre'os+ por eemplo+ causa uma"esci"a "a quanti"a"e procura"a sup

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    17/246

    raves erros+ que no so culpa "os teoremas+ mas "e quem os nosa#e aplicar%O outro pro#lema+ tam#ém lia"o 3s caracter!sticas =umanas "o o#ecto"a Economia+ é o "a incerteza% & reali"a"e+ além "e complea+ éetremamente vol;vel e vari*vel e+ consequentemente+ as leis e osteoremas econmicos nunca conseuem captar a enorme varie"a"e "asrealia'o"e ser que=aa rao para isso+ mas po"e tam#ém ser que no% /e eiste umateoria que supor vees+ a simultanei"a"e "os acontecimentos é mera coinci"$ncia%Outras vees é apenas uma m* interpreta'o% Doutros casos+ o que sepassa é que eiste uma terceira causa+ que provoca os "ois factosverifica"os+ sem =aver causali"a"e "irecta entre os "ois%Esta fal*cia "o post "oc  é "as mais periosas+ porque se #aseia numao#serva'o "irecta% . muito "if!cil convencer aluém que viu alo "e que

     QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ K uan"o a f!sica trata "e eneria atmica ou a #ioloia "iscute quan"o é que um feto é uma pessoa+para sa#er se o a#orto é ou no um crime+ a mesma su#ectivi"a"e est* presente%

    7

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    18/246

    a concluso que tirou "essa o#serva'o é um pro"uto "o seu racioc!nioou "a sua imaina'o+ no partin"o necessariamente "a informa'o queo#teve%. este o esfor'o+ mas tam#ém o encanto "a Economia%

    8

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    19/246

    1.!. O pro#lema económicoLimos que a Economia era o estu"o "a reali"a"e+ "a realidade toda+ "e umponto "e vista particular% Mas vimos tam#ém que+ se to"a a reali"a"e po"e serencara"a "e um ponto "e vista econmico+ nem to"a a reali"a"e tem um

    pro#lema económico% / eiste um pro#lema econmico quan"o eiste anecessi"a"e "e tomar uma "eciso+ e esta s aparece quan"o eisteescassez e escol(a% Estes casos so aqueles on"e a aplica'o "a an*liseeconmica tra alum resulta"o interessante% uan"o no =* necessi"a"e "etomar "ecisoreemplo+ eistem muitas pe"ras pelo mun"o+ e por isso elas parecemno ser ecassas+ mas alumas "elas so escassas+ porque é precisoapan=*-las+ cort*-las+ para faer cal'a"as% O que é escasso é a pe"ratrata"a e coloca"a no s!tio em que é necess*ria%Mas a principal rao que causa a escasse é a eist$ncia "enecessi"a"es =umanas ilimita"as% >or isso+ no é f*cil imainar umasocie"a"e sem escasse%. importante notar que a escasse e a escol=a esto lia"as% . aescasse que era alternativas% /e no =ouvesse escasse era poss!velter to"as as alternativas e+ se se pu"esse ter todas as alternati%as+ noteria "e =aver uma escol=a% 4a! a rao "e =aver escol=a resi"e naescassez+ ou sea+ o facto "e no ser poss!vel pro"uir tu"o o que se"esea% /e é preciso escol=er+ isso sinifica que para satisfaer umanecessi"a"e é preciso sacrificar uma outra+ ou sea+ eiste um custo%=amamos ao conceito econmico "e custo (o ;nico conceitoeconmico "e custo) custo de oportunidade% O custo "e alo é o valor"o que "e mel=or "ei*mos "e faer para faer o que fiemos%O custo "e um livro no so os 2 que uma pessoa paou por ele+ maso valor "o que ela "eiou "e faer com esses 2 + para po"er comprar

     QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ   . importante referir um outro caso em que+ mesmo eistin"o escasse+ no eiste pro#lemaeconmico% Esse é o caso "e ineist$ncia "e alternativas% /e =* apenas uma =iptese+ nesse caso noeiste escol=a+ e mesmo que as necessi"a"es no possam to"as ser satisfeitas+ =aven"o escasse+

    no =* pro#lema econmico%

    :

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    20/246

    esse livro% . a satisfa'o que "eiou "e ter com o que po"eria tercompra"o em ve "e comprar o que comprou% laro que po"eriaescol=er faer muitas outras coisas+ mas o que nos interessa para "efiniro custo é o que de mel(or  "eiou "e faer%Da ver"a"e+ como é racional+ se no tivesse compra"o o livro+ teriaasto o "in=eiro noutra coisa+ a que l=e "aria mais satisfa'o a seuir aolivro% >or eemplo+ se uma cassete fosse o que+ na aus$ncia "o livro+mais ostaria "e ter compra"o+ ento o valor "a cassete seria o custo "eoportuni"a"e "o livro% O custo "o livro é pois a satisfa'o que a cassete(que no se comprou) "ariaG%Repare-se que em Economia+ na ver"a"e+ no =* custos% O que eisteso #enef!cios "as alternativas% /e o que interessa so as necessi"a"es=umanas+ o custo "e uma satisfa'o é a satisfa'o que se "eiou "e ter+por ter a que se teve% & forma mais simples "e epressar o fenmeno "a escasse é através"e uma vel=a frase "a Economia1 n$o ( almo'os grtis/% Esta fraseé a epresso simples "a i"eia "e que no é poss!vel ter uma coisa

    escassa "e #orla%/e aluma coisa+ sen"o escassa+ é+ em certo caso+ r*tis+ ento oualuma outra pessoa paou ou paou-se sem "ar por isso% Pma coisaescassa nunca é "e ra'a+ em#ora possa parecer% Muitos querem faer-nos crer que aluma coisa nos é ofereci"a (remé"ios "a aia+autocolantes "as campan=as eleitorais+ etc%)% Mas+ na reali"a"e+ o queaconteceu é que o custo foi "isfar'a"o+ foi * pao por nsanteriormente+ ou vir* "epois% Pma coisa r*tis s o é porque no =*escasse "ela1 *ua "o rio+ lu "o /ol+ areia "a praia% Mas a maior parte"as coisas "a vi"a n$o s$o grtis%Mas ento que pensar "a frase popular1 @&s mel=ores coisas "a vi"aso r*tis? O senti"o econmico "essa frase seria que a amia"e+ um

    sorriso+ uma paisaem+ no so #ens escassos% /e é esse o senti"o+ento "evemos "e"uir que a Economia tem pouco interesse para asmel=ores coisas na vi"a% Mas o facto "e apenas interessar a coisasmenos importantes (como os almo'os) no quer "ier que a Economia"eie "e ser importante%Mas ser* esse o senti"o? /er* que a amia"e é r*tis? Pma coisa ér*tis quan"o no tem custo% Mas o custo no est* apenas "efini"o em"in=eiro% omo vimos atr*s+ o custo "e alo é aquilo que tivemos "esacrificar para satisfaer essa necessi"a"e% E to"os sa#emos como aamia"e+ um sorriso+ uma paisaem eiem sacrif!cios para seremmanti"os% 6alve que a frase @as mel=ores coisas na vi"a so r*tisqueira apenas "ier que no custam "in=eiro+ e no que no t$m custo%

    Em termos econmicos seria mais correcto "ier @as mel=ores coisas "avi"a no passam pelo merca"o+ mas #em sa#emos que t$m custo%4este mo"o+ sa#emos que nem tu"o o que "eseamos po"e sersatisfeito% &s necessi"a"es so "e mais para os #ens "ispon!veis oupro"u!veis% . preciso escol=er+ "eci"ir% & questo que se levanta é a "aescol(a% & selec'o "as necessi"a"es que vo ser satisfeitas emrela'o 3s que vo ser preteri"as%Da viso popular+ os pro#lemas econmicos so apenas pro#lemasmateriais+ "e pro"utos compra"os e ven"i"os no merca"o+ paan"o im-

     QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ G Dote-se que o valor "essa cassete "eve ser inferior ao "o livro+ pois se fosse maior+ a pessoa seriairracional+ pois no "evia ter compra"o o livro+ mas sim a cassete% omo se "isse atr*s+ s é racional

    tomar "ecis

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    21/246

    postos e rece#en"o su#s!"ios%Mas sa#emos * que o que é "eterminante para a eist$ncia "e umpro#lema econmico no é a presen'a "o merca"o+ "e f*#ricas ou "o"in=eiro% O que é "eterminante é a presen'a "e necessi"a"es =umanase a escasse "e #ens% &ssim+ o pro#lema "e ir =oe ao cinema ou ficarem casa a ver televiso+ a questo "e escol=er entre /=aTespeare ou UilLicente para representar so pro#lemas econmicos iualmente+ poisneles est* presente a escasse e a escol=a%L*rias formas foram utilia"as+ por v*rios autores+ para eprimirem ascaracter!sticas essenciais "esta escol=a+ "o pro#lema econmico%ualquer pro#lema econmico se resume a uma "estas peruntas1➢ O que pro"uir? O que é que as pessoas querem consumir?➢ 0omo pro"uir?➢ Para quem pro"uir?Outros preferem resumir o pro#lema econmico em v*rias activi"a"es1produ'$o, consumo e distri#ui'$o% /eun"o esses+ o pro#lemaeconmico po"e ser "e aplica'o "os recursos escassos na pro"u'o "e

    #ens+ "e "istri#ui'o "os #ens pro"ui"os pelos v*rios aentes "aeconomia ou "e satisfa'o "as necessi"a"es "os aentes+ através "oconsumo%

    1.!.2. acionalidade e interdepend"ncia

    4aqui saem as "uas =ipteses fun"amentais+ que * atr*s vimos e quenos vo acompan=ar ao lono "e to"o o estu"o "a Economia1

    ➢ os agentes s$o racionais➢ os sistemas equili#ram

    Estas so as =ipteses-#ase "e to"a a teoria econmica+ e "elas saem

    praticamente to"os os teoremas "a economia% Desta sec'o veremoscom mais cui"a"o o que so e o que sinificam estas =ipteses% &s escol=as econmicas po"em ser feitas "e muitas maneiras"iferentes+ tantas quantas as pessoas que eistem% Elas respeitam a=iptese essencial+ pois a resolu'o econmica eie a racionalidade% V primeira vista+ a =iptese "a racionali"a"e parece alo estran=a+ mas+como * vimos+ ela representa alo que é eminentemente =umano+ e porisso foi escol=i"a como #ase "a ci$ncia =umana que é a Economia%

    1.!.2.1. Optimização

    O primeiro elemento "a racionali"a"e é tirar parti"o "e uma

    mel(oria+ em rela'o aos o#ectivos "o aente+ sempre que essaalternativa no represente custo a"icional% omo "isse o ran"eeconomista irlan"$s rancis W% E"eJort=+ @o primeiro princ!pio "aEconomia é que ca"a aente é motiva"o apenas pelo interesseprprio - E"eJort= (88)+ p%G%

    Equivale a supor que no se escol=e uma m* solu'o+ quan"oesto "ispon!veis outras mel=ores% Mas para sa#er se umasitua'o é ou no racional+ preciso "e ter a certea "e "uas coisas1a) 4isponi#ili"a"e1 as oportuni"a"es t$m "e estar mesmo

    "ispon!veis e to"as iualmente "ispon!veis% E é fun"amentalnotar que "isponi#ili"a"e no é s "isponi#ili"a"e f!sica+ mas

    moral+ social+ etc% omo * vimos atr*s+ a racionali"a"e e a#usca "a optimia'o no implica que se rou#e ou atropele as

    2

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    22/246

    reras (repare-se que nesse caso eiste um custo+ pela per"a"e respeito prprio+ "e #em-estar "o primo+ que po"e sermuito importante)%Da ver"a"e+ "uas situa'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    23/246

    >or eemplo+ se num supermerca"o+ entre pro"utos iuais+ compre'os "iferentes+ se ven"e mais o mais caro+ a situa'o pareceirracional% Mas ser* que so mesmo iuais? & em#alaem+ onome+ o #rin"e+ a atitu"e "a empresa no levar* um a ser maisatractivo? Ou ser* que é um truque "o supermerca"o+ pon"o maisacess!vel o mais caro+ levan"o o cliente a cre"itar+automaticamente+ que to"as as em#alaens iuais t$m iual pre'o+e por isso nem confirmam os pre'os?Outra situa'o muito frequente é tomar a posteriori  como irracionaluma "eciso * toma"a% & racionali"a"e "a "eciso "eve seravalia"a no momento "a "eciso+ a priori + e no quan"o vemos osseus resulta"os+ a posteriori C "eve ser avalia"a nas con"i'ara a sua solu'o teremos "e c=amara seun"a =iptese+ "o equilí#rio "os merca"os%O sistema econmico+ que é forma "e resolver o pro#lemaeconmico+ centra-se na troca% E quanto mais trocas eistiremmel=or+ porque quanto mais trocas forem poss!veis mais racional éa afecta'o+ menos se é o#ria"o a consumir o que se pro"u emenos o#ria"o a pro"uir o que se consome%Loltamos a encontrar a "esco#erta "e &"am /mit= que "eu oriem3 teoria econmica% O essencial "esta "esco#erta é que+ na troca+as duas partes gan(am% E aora somos capaes "e perce#erporqu$% & rao resi"e no facto "e+ pela troca+ ca"a um po"eraproimar-se mais "a situa'o em que pro"u o que mel=or sa#e

    faer e consome o que mais osta+ ou sea+ mel=orar a suasitua'o% E como a troca tem "e ser volunt*ria+ os "ois la"os "atroca esto a conseuir essa mel=oria% oi este facto que omaravil=ou e que motivou o estu"o "a Economia%4evemos+ no entanto+ "ier que se esta "esco#erta esteve na #ase"a Economia ela no é consensual% &luns economistas "iscutirameste aspecto+ "efen"en"o que+ na maioria "as situa'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    24/246

    >or eemplo+ por que rao =* pa!ses ricos e pa!ses po#res?6rataremos esta questo na parte final "o livro+ mas po"emos"es"e * ver que /mit= "iia que a rao estava nas trocas noserem suficientes entre os po#res+ por v*rios motivos (isolamento+"ificul"a"es "e contacto+ falta "e vonta"e+ etc%)%6u"o isto é consequ$ncia "e que+ ao recusar o #enef!cio m;tuo "atroca+ Mar recusa um aspecto central "a Economia+ porque tem aver com a troca% 4a! nasce o grande cisma da economia%Mas voltemos 3 troca% & constata'o "a sua import,ncia tem comoconsequ$ncia um "os factos mais importantes "o sistemaeconmico1 em economia, tudo tem a %er com tudo% &interdepend"ncia  é uma reali"a"e essencial "o pro#lemaeconmico%

    1.!.!. As possi#ilidades de produ'$o

    O pro#lema econmico constitui o tema central "a Economia e+ por isso+

    ser* o tema mais analisa"o a"iante% Mas+ nesta primeira a#or"aem+ser* conveniente eemplificar com uma ilustra'o "esse pro#lema%Limos que o o#ectivo "a activi"a"e econmica era o "e satisfaer asnecessi"a"es =umanas+ as m;ltiplas e varia"as necessi"a"es =umanas%>ara isso+ os aentes faiam consumo "e #ens% Dormalmente precisam"e ser pro"ui"os+ ou sea+ "e sofrerem altera'ara pro"uir farin=a é preciso trio+ tra#al=o e o mo!n=o (capital)% >arapro"uir trio é preciso terra+ tra#al=o+ m*quinas ar!colas e sementes+ eassim por "iante% &ssim+ temos tr$s tipos "e enti"a"es econmicas1• os #ens (o po) que t$m utili"a"e em si+• os recursos ou factores produti%os (terra+ tra#al=o e capital) e• recursos interm3dios+ que so pro"ui"os mas no t$m utili"a"e em

    si%>or vees+ em certas situa'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    25/246

    • o tra#al=o+ que é um recurso+ po"e ser #em final+ se "er praer+satisfaen"o a necessi"a"e "e se realiar profissionalmente%

    4e qualquer forma+ a "istin'o tem interesse e ser* ;til% &pliquemos a =iptese coeteris paribus+ e simplifiquemos a situa'o"ien"o que s =* "ois #ens+ po e livros (livros "e Economia+ claro) eum montante fio "e recursos (terra+ tra#al=o e capital) que po"em serusa"os nessas pro"u'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    26/246

    mel(or maneira% a"a ponto "e pro"u'o eie que os recursos queesto afecta"os a ca"a uma "as pro"u'orisso+ aqui o custo é o custo "e oportuni"a"e+ me"i"o no outro #em%

    laro que uma situa'o no interior "a curva+ num ponto como &+ époss!vel ter mais po sem sacrificar livros (passan"o para o ponto B) outer mais livros sem sacrificar po (passan"o para )+ ou até mais "os"ois #ens (em 4)% Mas estar no interior "a curva no é racional+ pois"esper"i'am-se recursos% Eactamente porque po"er!amos+ sem custo+estar mel=or+ encontrarmo-nos nessa situa'o é est;pi"o e um"esper"!cio% E no "evemos esquecer que o "esper"!cio é o ran"e

    inimio "a Economia ("e tal mo"o que a palavra é quase o#scena numlivro como este)%E acima "a curva? &!+ ostar!amos "e estar+ pois ter!amos mais "os "ois#ens "o que na curva% O pro#lema é que no temos recursos para l*c=ear% & escasse "e recursos fa com que os pontos acima "a curvaseam imposs!veis "e atinir%.+ pois+ entre os pontos "a fronteira "e possi#ili"a"e "e pro"u'o+resultante "a escasse "e recursos+ que se realia a escol=a econmica% & efici$ncia pro"utiva+ uma "as manifesta'o

    Iivros

     &

    B

    4

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    27/246

    /e nessa situa'o a socie"a"e "eci"ir pro"uir um livro (o primeiro)+como ela é racional vai "eslocar para a pro"u'o "e livros os recursosque so mais a"equa"os 3 pro"u'o "e livros e menos a"equa"os 3pro"u'o "e trio% &ssim+ uma tiporafia+ que "e pouco servia no campo+e um escritor+ que era fraco nos tra#al=os campestres+ mas #om aescrever livros+ so "esloca"os "o campo para pro"uir o livro%

    Lamos supor aora que estamos no outro la"o "a curva+ pro"uin"o+tam#ém a!+ "a mel=or forma poss!vel+ certo montante "e po e livros% /

    que aora+ como se "eci"iu pro"uir muitos livros+ a pro"uir po * sesto aqueles recursos que so mesmo os mel=ores a pro"ui-lo+ para"eiar livres to"os os outros para os livros% /e a! se "eci"ir aumentar apro"u'o "e livros+ o sacrif!cio em po ser* enorme% &lém "e ilustrar os aspectos econmicos que * con=ec!amos+ a curvaserve tam#ém para nos intro"uir a outros elementos novos% >oreemplo+ ela po"e ilustrar o fenmeno "o desen%ol%imentoeconómico% Este processo que+ aps se ter "esenrola"o "urante os;ltimos séculos+ erou o aparecimento "e "ispari"a"es entre pa!sesricos e pa!ses po#res+ po"e ser representa"o por um "eslocamento "acurva "e possi#ili"a"e "e pro"u'o+ para fora%

    Este "eslocamento para fora "a curva po"e ser "evi"o a um aumento"os recursos "ispon!veis ou a uma mel=oria "a tecnoloia "e pro"u'o+que permite pro"uir mais com os mesmos recursos% Do essencial+portanto+ o "esenvolvimento é apenas um alaramento "aspossi#ili"a"es "e escol=a% Mas é claro que a socie"a"e+ em#ora ten=amais =ipteses "e escol=a+ po"e escol=er um ponto pior "o que antes% O"esenvolvimento no é arantia "e mel=oria+ mas apenas "e maisalternativas% &ntes "e passarmos a"iante "evemos ver um tipo particular "e"esenvolvimento econmico que teve muito impacte na =istria "aEconomia% 6rata-se "o "esenvolvimento que se verifica quan"o apenasum ou aluns "os recursos so aumenta"os% Este caso tem interesseporque um "os factores pro"utivos+ a terra+ "ificilmente po"e seraumenta"o% >or essa rao+ aluns economistas "efen"em que este tipo"e "esenvolvimento+ em que um "os recursos fica fio+ é aquele que é

    mais frequente%

    27

    >o

    Iivros

    >o

    Iivros

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    28/246

     & questo levanta"a por este tipo especial "e "esenvolvimento é que setem verifica"o que o aumento "e certos recursos quan"o os outros semant$m "* sucessivamente menos pro"u'o% Os primeirostra#al=a"ores so etremamente pro"utivos+ ocupan"o-se "e tarefasessenciais para a pro"u'o+ mas+ 3 me"i"a que se vo aumentan"o ostra#al=a"ores+ como a terra no cresce+ eles vo ser ca"a ve menos;teis+ até po"em mesmo vir a ser preu"iciais+ por se atrapal=arem unsaos outros%Esta constata'o c=ama-se lei dos rendimentos decrescentes+seun"o a qual aumentos "e um ou mais recursos vari*veis+ quan"ooutro se mantém fio+ eram aumentos "e pro"u'o sucessivamentemenores%

    O interesse =istrico "esta lei resi"e no facto "e ela ter si"o apresenta"a"e forma "ram*tica pelo economista inl$s 6=omas Malt=us que em7:8 apresentou o seu livro $m Ensaio sobre o Princípio da Popuaç%o% &!+ Malt=us "efen"ia que o facto "e a terra ser fia+ o que erava averifica'o "a lei "os ren"imentos "ecrescentes na pro"u'o ar!cola+iria ter como consequ$ncia que a pro"u'o "e alimentos no iriaacompan=ar o aumento "a popula'o+ preven"o fome e misériaplanet*rias% &ssim+ o crescimento "a pro"u'o ar!cola+ muito inferior ao

    "as necessi"a"es alimentares+ seria o ran"e travo ao proresso+crian"o um mun"o com multi"or que rao fal=aramas previso

    Iivros

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    29/246

    O aparecimento e "esenvolvimento "e muitas m*quinas e novosméto"os "e pro"u'o+ que se verificou nesta altura+ e a que foi "a"o onome "e @revolu'o in"ustrial+ e os #enef!cios que isso erou em to"aa economia anularam os efeitos "a Iei "os Ren"imentos 4ecrescentes%O pro#lema terico S a teoria previa miséria e verificava-se mel=oria "on!vel "e vi"a S+ que Ricar"o * entrevira+ foi resolvi"o pelo ran"e"isc!pulo "e Ricar"o+ a maior fiura "a escola cl*ssica+ Zo=n /tuart Mill%

    ZOD /6P&R6 M5II (80G-879)il=o "o economista Zames Mill+ que fora ran"e amio "e Ricar"o+ Zo=n /tuart Mill

    é uma "as ran"es fiuras intelectuais "o século N5N% Muito mais "o que economista+/tuart Mill S que+ apesar "e ter si"o "eputa"o por #reve per!o"o+ se mantevefuncion*rio "a ompan=ia "as [n"ias Orientais a maior parte "a sua vi"a S escreveu einterveio so#re to"os os pro#lemas sociais "o seu tempo+ sen"o um "os pensa"oresli#erais mais influentes% Da teoria econmica+ como o maior epoente "a escolacl*ssica+ o seu livro mais importante foi Princípios de Economia Poítica+ "e 8K8+ queconstitui o primeiro ran"e manual "e Economia+ que ensinou era'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    30/246

    90

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    31/246

    1.*. 4olu'5es do pro#lema

    1.*.1. 6radi'$o, autoridade e mercado

    >o"emos resumir os méto"os "e solu'o "o pro#lema econmico "e

    uma socie"a"e em tr$s princ!pios erais1% a tra"i'o+2% a autori"a"e e9% o merca"o%

    Estas palavras t$m um senti"o técnico "iferente "o =a#itual+ pelo que éimportante "efinir cui"a"osamente o seu sinifica"o%

    1.*.1.1. A tradição

    Das socie"a"es tra"icionais+ "es"e a escol=a "a profisso+esta#eleci"a por =*#itos+ castas+ corpora'orisso+ as socie"a"es t$m ten"$ncia a usar a tra"i'o naquelas"ecis

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    32/246

    refei'or outro la"o+ é muito importante que to"a a entesai#a quais so os momentos em que vamos comer+ sea paraoraniar as cantinas e os restaurantes+ sea para evitar que seincomo"e os outros quan"o esto a comer% & autori"a"e tem+ tal como a tra"i'o+ a caracter!stica "e sercon=eci"a "e to"os% Mas tem a vantaem "e po"er ser mu"a"a ea"apta"a quan"o for necess*rio+ sem a rii"e "a tra"i'o% &ssim+ela é usa"a nos casos on"e é importante que o resulta"o "a"eciso sea con=eci"o "e to"os+ mas on"e a "eciso tem "evariar conforme os casos% Pm eemplo t!pico é o "io "aEstra"a% . essencial para ca"a con"utor sa#er como os outroscon"utores se vo comportar% Mas esse comportamento tem "eser "iferente num cruamento+ numa recta ou numa rotun"a%uan"o se an"ava "e carro'a+ as reras "o tr,nsito po"iam ser"eia"as 3 tra"i'o+ mas a veloci"a"e "os automveis impYs anecessi"a"e "e uma "eciso "a autori"a"e%O merca"o tem a caracter!stica "e ser a mais fle!vel "as tr$s

    formas "e tomar a "eciso% /en"o o resulta"o "a com#ina'o "emuitas escol=as particulares+ o merca"o po"e austar-serapi"amente 3s mu"an'as que se verificam% Mas a sua flei#ili"a"eest* lia"a 3 sua ran"e fraili"a"e%>o"emos "ier que eistem semel=an'as entre o sistemaeconmico e o corpo =umano% O seu funcionamento corrente é"eia"o 3 li#er"a"e natural% & utilia'o simult,nea "os tr$s instrumentos S merca"o+ Esta"o ereras sociais S é no s uma conveni$ncia+ mas uma ei$ncia% QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ O >ROBIEM& 4E >&U&R PM 6\N5

     & questo que se levanta nessa transac'o é a seuinte1 "a"o queo cliente "o t*i é racional+ por que rao+ uma ve c=ea"o aoseu "estino+ "eve paar a corri"a? /e ele * foi servi"o+ porqu$paar?/e ocliente procurar apenas o seu #em-estar e no levar em contaos escr;pulos morais+ a con"uta mais racional ser*+ uma ve no"estino+ sair sem paar a corri"a% . claro que se o cliente é umapessoa #em forma"a+ por ra

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    33/246

    Deste caso+ o con"utor po"e eercer sev!cias+ "e forma ali*splenamente ustifica"a+ so#re o passaeiro pouco cumpri"or+ "eforma a o#ri*-lo a paar% Este seria um custo directo do maufuncionamento do mercado%Mas nesse caso+ inverten"o o pro#lema+ que impe"e o referi"omotorista "e+ "epois "o paamento+ eercer ain"a as referi"assev!cias+ para ser pao "e novo? Este ;ltimo ponto p

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    34/246

    pre'o é o cora'o "o sistema% O pre'o é o elemento mais "elica"o esens!vel "o sistema econmico+ visto com a"mira'o e respeito porto"os os economistas% Meer nos pre'os é pertur#ar o essencial "omerca"o%Mas afinal como é que funciona o merca"o? O truque+ centra"o nospre'os+ resi"e nos incenti%os%Os ven"e"ores+ perante a su#i"a "o #enef!cio retira"o "a ven"a "opro"uto+ so incentiva"os a aumentar a pro"u'o (ou a paar mais porela+ incentivan"o-a) e+ a pre'o mais alto+ menos consumi"ores o querem% &ssim se conseue uma solu'o para a economia que arante que+"a"as as circunst,ncias (e essas circunst,ncias incluem a "istri#ui'o"a riquea que ca"a um tem+ os "otes pessoais+ a estrutura "emerca"o)+ se conseue a situa'o mais racional e "e mel=or #em-estar% & este resulta"o "o merca"o c=amamos efici"ncia%4este mo"o+ o sistema econmico é estrutura"o pelo merca"o+ "e formaeficiente% &s fam!lias e os consumi"ores vo ao merca"o comprar os#ens "e que necessitam+ faen"o para isso a sua "espesa+ que é

    rece#i"a pelas empresas e os pro"utores% O "in=eiro asto pelasfam!lias no merca"o "os #ens ser* usa"o pelas empresas para compraros servi'os "os factores pro"utivos (terra+ tra#al=o e capital) no merca"o"e recursos ou factores% uem possui esses recursos so as fam!lias+que assim rece#em ren"imentos (sal*rios+ ren"as e uros) pela ven"a"os servi'os "os seus factores pro"utivos% . claro que essesren"imentos constituem o "in=eiro que as fam!lias vo usar paracomprar os #ens%>or um la"o+ #ens e factores so transacciona"os e+ em senti"ocontr*rio+ movimenta-se o "in=eiro% Os motores "esses fluos so osmerca"os+ "e #ens e "e factores% O r*fico seuinte ilustra+ "eformaestilia"a+ este processo+ a que se c=ama "e circuito económico  na

    sua estrutura'o em merca"os%MER&4O 4E BED/

     &ssim+ a questo "e o qu$ pro"uir é resolvi"a pelos escu"os ofereci"ospelos consumi"ores+ que revelam as suas prefer$nciasC na epresso "e

    /amuelson+ os @votos em euros aplica"os "iariamente no merca"oresolvem o pro#lema%. claro que po"e =aver "ificul"a"es "e funcionamento% omprar opro"uto que no se queria+ paar "emasia"o por inorar uma "esci"a "epre'os ao la"o+ tu"o isto so erros na manifesta'o "a vonta"e "oconsumi"or+ "evi"o ao "eficiente sistema "e @vota'o% &li*s+ "a"o queesta vota'o se verifica to"os os "ias+ continuamente em to"o o la"o+seriam "e esperar frequentes "efici$ncias% &ssim+ perante v*rias formas "e pro"uir o mesmo queio+ aquela que opro"ua mel=or e mais #arato é que tem a prefer$ncia "o consumi"or e+por isso+ ou é copia"a pelas outras+ ou leva-as 3 fal$ncia%/e uma empresa tem monoplio "e pro"u'o+ usa #an#sters para impora ven"a "o seu pro"uto+ ou é amia "o cun=a"o "o ministro+ po"em

    9K

    Bens 4espesa

    EM>RE/&/ &M[I5&/

    Ren"imento Recursos

    MER&4O 4E REPR/O/

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    35/246

    erar-se fal=as na concorr$ncia% 6am#ém aqui a economia no é caso;nico%6am#ém o pro#lema "e quem #eneficia com os resulta"os "a activi"a"eeconmica+ @para quem se pro"u+ é resolvi"a pelo merca"o "erecursos ou factores pro"utivos+ "a"a certa proprie"a"e "esses factores%Esse merca"o S on"e+ tal como nos outros+ se compra e ven"e+ s queaqui os pro"utos so terra+ tra#al=o e capital S "etermina o pre'o "osfactores (sal*rios+ ren"as+ uros) e+ "este mo"o+ o ren"imento que ca"apessoa+ propriet*ria "e certo montante "e factores+ rece#er*% & "efini'o prévia "a proprie"a"e "os factores+ as interfer$ncias pol!ticasso#re essa "istri#ui'o+ so muito mais influentes so#re a usti'a "a"istri#ui'o final "os resulta"os "o que o mecanismo "e merca"o+ quese limita a erir uma "a"a situa'o%

    Estas so as formas como o merca"o "* resposta ao pro#lemaeconmico+ #em como alumas "as suas fal=as% omo vimos+ o sere"o"o merca"o é a concorr$ncia%Mas no é apenas essa a concorr$ncia que se verifica no merca"o% O

    aparecimento "e novos pro"utos+ novas formas "e pro"uir+ novastécnicas+ novos merca"os+ "esafia continuamente a situa'oesta#eleci"a% Este tipo "e concorr$ncia é essencial ao funcionamento "omerca"o% O mercado só pode ser conce#ido em dinamismo+ e esse"inamismo vem "as novas i"eias+ que nascem a ca"a momento eamea'am a situa'o actual% & este fenmeno "in,mico+ resultante "a concorr$ncia+ c=amamosdesen%ol%imento económico% . pois a prpria concorr$ncia "omerca"o que era o "esenvolvimento% Esta i"eia+ que a"ianteestu"aremos mais em "etal=e+ foi apresenta"a por um autor austr!aco+Zosep= /c=umpeter+ no seu teto &eoria do (esen)o)imento

    Econ*mico+ "e :+ e+ so#retu"o+ na sua ran"e o#ra Capitaismo,+ociaismo e (emocracia+ "e :K9%

    ZO/E> /PM>E6ER (889-:0)Os seus m;ltiplos tetos so ultrapassa"os pelo enial livro Capitaismo, +ociaismo

    e (emocracia+ "e :K9+ on"e epan"e as i"eias "e :%

    Desta o#ra+ /c=umpeter afirma que o "esenvolvimento é o tumulto "asnovas i"eias que "esafiam e vencem ou so venci"as pelas antias+pertur#an"o continuamente o sistema econmico% >ara estaconcorr$ncia entre proectos é essencial a li#er"a"e "e tentar+ construir efal=ar e+ por isso+ tal fenmeno s é poss!vel no merca"o% O"esenvolvimento econmico a que temos assisti"o nos ;ltimos séculos

    é+ pois+ um resulta"o "o "om!nio "as solu'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    36/246

    1.*.!. O papel do Estado

    . costume "ier que o papel "o Esta"o numa economia mo"erna centra-se essencialmente em tr]s fun'or outro la"o+ como vimos+ eistem fal=as no funcionamento "omerca"o% Em primeiro luar+ eistem situa'or eemplo+ uma f*#rica usa a *ua "o rio+mas no a paa+ o que a leva a "esper"i'*-laC ou uma f*#rica tra

    a electrici"a"e 3 al"eia e no é paa por isso%Pm caso especial "e eternali"a"e tem particular interesse% 6rata-se "o fenmeno c=ama"o "e #ens p8#licos/% Estes pro"utos ouservi'os especiais so #ens que+ em#ora no seam r*tis+ numsistema "e merca"o to"os po"em oar sem paar+ pois noeiste mo"o "e o merca"o co#rar o seu custo% & "efesa nacional+os ar"ins p;#licos+ estra"as+ a televiso so #ens que to"osoamos sem paar% Dum sistema "e merca"o+ esses #ens nuncaseriam pro"ui"os+ pois a empresa que o fiesse iria 3 fal$ncia%>or to"as estas "iferentes ra

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    37/246

     & solu'o que o merca"o "* 3 "istri#ui'o "os resulta"os "aactivi"a"e econmica é+ como vimos+ etremamente influencia"apor factores estran=os ao prprio merca"o+ tais como a estrutura"e proprie"a"e+ os "otes naturais (mérito+ "e"ica'o+ inteli$ncia+for'a+ simpatia+ etc%)+ a influ$ncia pol!tica+ a situa'o social+eor*fica+ moral "e ca"a um%>or estas ra

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    38/246

    nef!cios "os mais "in,micos% Pm su#s!"io "e "esempreo po"eimpe"ir que os tra#al=a"ores se "esloquem rapi"amente para ossectores mais activosC e impostos so#re uma reio rica ou menospriorit*ria para au"ar outra mais po#re ou que se "esea promover+"ificultam o "esenvolvimento "a primeira+ que po"e ser mais"in,mica%Mais uma ve+ o @almo'o "a esta#ili"a"e no foi r*tis+ o que noquer "ier que no val=a a pena% & maior parte "as socie"a"esest* "isposta a sacrificar alum "esenvolvimento para conseuircerta esta#ili"a"e%laro que "eve ser "ito que nem sempre os conflitos efici$ncia-equi"a"e e esta#ili"a"e-"esenvolvimento so verifica"os%Em to"os estes esfor'os+ o Esta"o tra#al=a com o Merca"o+ nocontra ele% & =armonia entre a ac'o "o Esta"o e o funcionamento"a socie"a"e+ no merca"o+ é um "os elementos mais importantes"e um sistema equili#ra"o%Mas quer a ac'o "a autori"a"e+ quer a actua'o "o merca"o

    esto merul=a"os na tra"i'o%

    98

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    39/246

    1.+. A cruz mars(allianaEste r*fico+ que ficou con=eci"o como @cru mars=alliana+ ser* muito ;til naan*lise que a"iante faremos+ mas servir* "es"e * para clarificarmos o estu"o"o mecanismo "e merca"o e "o funcionamento "os incentivos%

     & i"eia #*sica "este "iarama é a "e que um merca"o+ qualquer merca"o+funciona pela interac'o "e "ois la"os1 os compra"ores e os ven"e"ores+ osconsumi"ores e os pro"utores%

    1.+.1. A cur%a da procura

    Do "iarama mars=alliano+ a representa'o "os compra"ores é feita porum elemento con=eci"o como cur%a da procura% O tra'a"o "a curva "aprocura fa-se "o seuinte mo"o1 em rela'o a certo #em+ perunta-se aum consumi"or quanto est* "isposto a comprar "esse #em se o pre'ofor um "a"o% 4epois+ vai-se varian"o o pre'o+ e refa-se a perunta1quanto compraria o consumi"or a ca"a novo pre'o% Marcan"o os v*rios

    pontos num r*fico como o a#aio+ o#temos a curva "a procura1

    uanto maior utili"a"e o consumi"or retira "o #em+ mais ele estar*"isposto a paar por esse #em% . claro que a racionali"a"e est*presente na curva "a procura% & resposta "o consumi"or tra"u aquanti"a"e mel(or  para ele+ a ca"a n!vel "e pre'oC a quanti"a"e que"esea consumir "o #em+ "e forma a maimiar o seu #em-estar%/e se consi"erar as v*rias curvas "e procura "e um certo #em numaeconomia+ uma para ca"a compra"or "o #em+ é poss!vel "eterminar+para ca"a pre'o+ qual a quanti"a"e total "esea"a "esse #em por to"osos consumi"ores "o #em%

    Ol=an"o para as curvas que tra'*mos po"emos verificar ime"iatamenteuma sua caracter!stica #via1 a curva est* sempre a "escer% 6rata-se"aquilo que em Economia se c=ama lei da procura negati%amenteinclinada1 se o pre'o "e um #em so#re coeteris paribus-+ a quanti"a"eprocura"a "esce+ e vice-versa%Ioo+ a quanti"a"e procura"a "o #em "esce quan"o o pre'o so#e+porque o consumi"or su#stitui esse #em por outros% & este resulta"o "e

    uma varia'o "e pre'os c=amamos efeito su#stitui'$o%

    9:

    >re'o"o #em

    uanti"a"e "esea"a

    PRL& 4&>ROPR&

    onsumi"or onsumi"or 2 Merca"o

    p p p

    q q q

    4 42

    4m

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    40/246

    Mas no é apenas isto que acontece quan"o um pre'o so#e% &ssim+ aosu#ir o pre'o+ a quanti"a"e procura"a "e um #em "esce porque oconsumi"or tem menos possi#ili"a"es "e o comprar% =amamos a esteo efeito rendimento% &ssim+ a lei "a procura neativamente inclina"a é ustifica"a por "uasra

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    41/246

    /upon=amos aora que se "eu uma "esci"a "o pre'o+ passan"o "e ppara p2% Desse caso+ o consumi"or vai passar a consumir q2+ ou sea+passa para o ponto B% 4eu-se um "eslocamento+ ao longo da cur%a+ "oponto & para o ponto B%

    Mas se+ voltan"o ao ponto &+ em ve "e se ter "a"o uma varia'o "opre'o+ se tivesse "a"o uma altera'o "e qualquer um "os outrosfactores que influenciam a quanti"a"e procura"a (ostos+ ren"imento+calor+ etc%)? Desse caso seria necess*rio+ como vimos+ tra'ar uma outra

    curva "a procura+ encontran"o-se o consumi"or so#re a nova curva% &ora+ por eemplo+ se o consumi"or est* a an=ar mais+ a ca"a n!vel"e pre'o ele est* "isposto a comprar mais quanti"a"e "o #em% 6er-se-ia"a"o um "eslocamento da cur%a% Da ver"a"e+ o consumi"or passou "acurva 4 para a curva 42 e+ nelas+ "o ponto & para o ponto %

    1.+.2. A cur%a da oferta

    6emos aora "e passar para o outro la"o "o merca"o+ para arepresenta'o "os ven"e"ores (ou pro"utores)% Esta+ na crumars=alliana+ é feita pelo elemento con=eci"o como cur%a da oferta%6am#ém aqui a curva é tra'a"a peruntan"o a um ven"e"or "o #emquanto est* "isposto a ven"er "o seu #em a ca"a n!vel "e pre'os% Oresulta"o é representa"o por uma curva como a "esen=a"a a#aio%

     &ssim+ quanto maior for o custo "e pro"uir um #em+ menos é ofereci"o"esse #em a cert pre'o% 6am#ém aqui est* presente a racionali"a"e "oven"e"or%

    4a mesma forma que se verifica na curva "a procura+ tam#ém aqui ao#serva'o "a forma "a curva leva-nos a formular a lei da ofertapositi%amente inclinada% Da ver"a"e+ verificamos que+ se o pre'o "e

    K

    p

    q

    p

    q

     &

    p2

    q2

     &

    p

    p

    q q

    442

    q2

    >re'o"o #em

    uanti"a"e ofereci"a

    PRL& 4&OER6&

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    42/246

    um #em so#e coeteris paribus-+ a quanti"a"e ofereci"a aumenta+ e vice-versa% >or que rao se verifica esta lei? & rao resi"e na lei dos rendimentos decrescentes+ "e que *fal*mos atr*s% >ara pro"uir mais "e um #em temos "e aumentar osfactores pro"utivos+ mas como =* aluns que se mant$m+ é normal que+3 me"i"a que se aumente a quanti"a"e pro"ui"a+ ca"a ve sea maiscaro pro"uir uma uni"a"e%6am#ém aqui eistem outros factores+ para além "o pre'o+ queinfluenciam a "eciso "e oferta+ por parte "o pro"utor% Em primeiro luar+o custo "e pro"u'o% /e o custo "e pro"u'o su#ir+ é "e esperar que amesma quanti"a"e sea ofereci"a a um pre'o mais alto%Da ver"a"e+ se o pro"utor for o ;nico ven"e"or "o pro"uto (monopolista)é normal que ofere'a+ a certo pre'o+ uma quanti"a"e "iferente "o que setiver "ois ou tr$s concorrentes+ ou se tiver mil%6am#ém aqui uma altera'o "o pre'o provoca um deslocamento aolongo da cur%a+ enquanto os outros factores eiem a "etermina'o "euma nova curva "a oferta+ eistin"o um deslocamento da cur%a%

    1.+.!. O equilí#rio

    Este r*fico é "e tal mo"o importante que po"emos "ier que+ com ele+ * sa#emos @ler e escrever em Economia% & constata'o mais importante que se po"e retirar "o "iarama é+ comose "isse+ que em Economia temos sempre "e ter em conta "ois la"os%Os so#eranos "a "eciso econmica so o #enefício  e o custo+ aprocura e a oferta+ os gostos e a tecnologia% Esta i"eia+ muito simples+é "e uma import,ncia vital%4ela resulta uma rera muito importante+ que nunca "evemos esquecer+se no queremos ser enana"os em Economia% /e aluém nos tentar

    convencer que alo é muito #om (um certo #em que nos quer ven"er+um proecto pol!tico concreto) e nos louva os #enef!cios "ele+ no nos"evemos esquecer "e peruntar1 que custos traz consigo ;uantocusta ;uem paga5nversamente+ se nos "escrevem os enormes "efeitos+ os custos "ecerta enti"a"e ou activi"a"e+ que aluém nos preten"e convencer aa#an"onar ou a "estruir+ "evemos sempre peruntar1 Para que ser%e;uem #eneficia delaDunca nos "evemos esquecer "e que+ em Economia, as coisas s$osempre duplas+ tal como as moe"as+ t$m sempre "uas faces%

     & intro"u'o "a =iptese "o equil!#rio "os merca"os fa-se+ neste caso+através "a a"op'o "e um mecanismo de mercado+ ou sea+ "a"efini'o "os contornos entre a interac'o "as curvas "a procura eoferta%O mecanismo centra-se 3 volta "o ponto "e intersec'o entre as curvas"a procura e "a oferta (o ponto E)% Deste ponto encontramos um pre'o

    (>e) que fa com que a quanti"a"e procura"a e ofereci"a seam iuais

    K2

    q

    p

    4 /

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    43/246

    (e)% =amaremos a este ponto o ponto de equiíbrio+ e a >e e e+ opre'o e quanti"a"e "e equil!#rio%

    M&R5E ./>R56 I.OD ̂ &IR&/ (89K-:0)^alras+ fil=o "o economista franc$s &uuste ^alras+ procurou to"a a vi"a

    "esenvolver o que consi"erava serem as i"eias "e seu pai% 4epois "e uma vi"aatri#ula"a+ on"e teve "ificul"a"es nos estu"os e foi romancista+ ornalista e "irector "eum #anco+ conseuiu aos trinta e seis anos ser coloca"o como professor naPniversi"a"e "e Iausanne% oi a! que compYs a sua ran"e o#ra Eementos deEconomia Poítica Pura+ cuo primeiro volume saiu em 87K e o seun"o em 877+ mas

    que foi aperfei'oan"o em sucessivas e"i'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    44/246

    4este mo"o vemos facilmente que o ponto "e intercep'o "as "uascurvas é o ;nico que+ "a"as as circunst,ncias e as restri'e)? . a! que éimportante "efinir o mecanismo "e merca"o:%/e o pre'o for mais alto que >e+ temos um ecesso de oferta+ aquanti"a"e que os pro"utores querem ven"er é superior 3 que osconsumi"ores querem comprar% >or outro la"o+ os consumi"ores saceitam a quanti"a"e se o pre'o for inferior%

     &ssim+ o pre'o "esce+ o que ten"e a resolver o pro#lema "o ecesso "eoferta por "uas formas1

    % re"u a quanti"a"e ofereci"a e2% aumenta a quanti"a"e procura"a%

    omo esta situa'o se "* para todos os pre'os superiores a >e+ oprocesso s termina no ponto "e equil!#rio% 4este mo"o+ a pre'os

    superiores ao "e equil!#rio eiste uma ten"$ncia para "esci"a "e pre'os+ou sea+ uma tend"ncia para o ponto de equilí#rio%>elo seu la"o+ a pre'os menores que >e+ temos um ecesso deprocura+ pois os consumi"ores qurem comprar mais "o que ospro"utores querem ven"er% Desse caso+ os consumi"ores esto"ispostos a oferecer mais "in=eiro para conseuir mais "o #em+enquanto os pro"utores s o oferecem se l=es paarem mais% Ioo opre'o so#e+ ten"en"o para o equil!#rio%

     QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ : &o lono "a =istria "a Economia muitos mecanismos "e merca"o foram apresenta"os% >o"emos

    mesmo "ier que ain"a =oe esta é uma questo a#erta% Do entanto+ a proposta "e ^alras é a maisutilia"a e é a "escrita aqui%

    KK

    p

    q

    >e

    e

    E

    p

    q

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    45/246

     &través "este mecanismo vemos que o ponto "e equil!#rio (E) é no saquele em que to"os esto satisfeitos+ mas tam#ém aquele para o qual aeconomia ten"e+ se estiver noutra situa'o% 4este mo"o+ com estemecanismo "e austamento+ o ponto E é um equilí#rio est%el0%

    Repare-se que este mecanismo é uma "as formas poss!veis paraeplicar aquilo que ns+ "es"e o in!cio+ aceitamos como =iptese1 osmerca"os equili#ram% O racioc!nio aora apresenta"o no preten"e@"emonstrar essa =iptese porque+ como to"as as =ipteses+ ela no é"emonstr*vel%Lale a pena referir "es"e * uma i"eia que a"iante ser* mais ela#ora"a%O ponto "e equil!#rio no tem+ pelo facto "e os pro"utores econsumi"ores estarem satisfeitos na sua transac'o+ qualquer

    conota'o valorativa ou moral% O ponto no tem "e ser @#om+ @ustoou @recomen"*vel% >or eemplo+ se o #em em an*lise for aalimenta'o e os consumi"ores forem muito po#res ou os pro"utoresmuito restritos na sua tecnoloia+ o ponto "e equil!#rio po"e acarretar amorte pela fome ou a miséria eneralia"a no merca"o%

    O que aqui vale a pena su#lin=ar é o facto "e am#as as quanti"a"es+ qe q2+ serem valores "e equil!#rio+ em#ora as situa'e

    e

    p p

    q2 q q2 q

    4

    42

    /2

    /

    (&) (B)

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    46/246

    "os e+ por isso+ =* fome e miséria% & nova quanti"a"e procura"a ouofereci"a é muito inferior+ pois a isso o merca"o foi @for'a"o pelasnovas circunst,ncias%Dessa or"em "e i"eias+ um ponto fora "o equil!#rio+ por eemplo+ oponto no r*fico a#aio+ po"eria ser @mel=or+ "o ponto "e vista moral+social ou cultural% O pro#lema é que esse ponto+ fora "o equil!#rio+ noseria eficiente+ ou sea+ "a"as as circunst,ncias (tecnoloia "epro"u'o+ ostos "os consumi"ores+ etc%)+ tal ponto no satisfa asrestri'IO 4E EP5I[BR5O1 O 4R&M& 4E PM BOM &DO &UR[OI&

    Muitas vees+ um #om ano ar!cola+ com eleva"as col=eitas+ po"e sermuito mau para os aricultores% & rao "este para"oo+ con=eci"a porto"as as pessoas "o campo+ é que o aumento "e pro"u'o fa "escer"e tal mo"o o pre'o que a receita "os aricultores (iual ao pre'omultiplica"o pela quanti"a"e ven"i"a) cai em rela'o ao valor "e um anonormal% Este pro#lema tem tra"i'o na =istria "a Economia+ pois foiapresenta"o no século NL55 por um "os primeiros economistas+ Ureor`Xin+ e ficou con=eci"o como efeito de =ing%

    UREUORW X5DU (GK8-72)Xin foi um "os primeiros autores interessa"os em Economia+ mais "e cem anos

    antes "e &"am /mit=% Pm outro economista inl$s+ =arles 4avenant+ incorporou parte"os resulta"os "ele num seu estu"o "e G::+ mas o livro "e Xin+ Natureza eObser)ações Poíticas e Concusões sobre o Estudo e Condições da In#aterra em./0/ + s foi pu#lica"o em 80K por Ueore =almers+ um seu #irafo%

     & compreenso "o para"oo fica muito clara se for usa"o o r*fico "aprocura e oferta% & primeira coisa a sa#er é a forma "e representar nor*fico @um #om ano ar!cola% Da ver"a"e+ é muito simples% Pm #omano ar!cola é aquele em que+ ao mesmo pre'o+ ca"a pro"utor po"eaora oferecer mais quanti"a"e% >or eemplo+ ao pre'o p+ num ano

    ar!cola normal o pro"utor oferece q+ e no #om ano q2% &ssim+ no #om

    KG

    p

    qq2

    >2E

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    47/246

    ano ar!cola (em rela'o ao normal)+ a curva "a oferta "esloca-se para a"ireita e para #aio+ "e / para /2%

     & receita "o aricultor (o pro"uto "o pre'o pela quanti"a"e) tem "e seriual 3 *rea "o rect,nulo assinala"o% Do eemplo "esen=a"o torna-seclaro que o aumento "a oferta ("e / para /2)+ "evi"o ao #om anoar!cola+ re"uiu a receita+ pois a *rea a#aio e 3 esquer"a "e E2 éinferior 3 *rea correspon"ente em E%

     QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ 2%_ ENEM>IO 4E EP5I[BR5O1 PEM U&D& OM &4E/OBER6&?

    Lamos aora supor que =ouve uma mel=oria tecnolica na pro"u'o "ecerto #em+ "evi"o 3 "esco#erta "e um mo"o mais #arato "e o pro"uir%/er* que iro os pro"utores ficar mel=or porque rece#ero mais receita+ou so os consumi"ores que ficam mel=or+ porque passam a ter os #ensmais #aratos? Este pro#lema é muito pareci"o com o anterior+ pois umamel=oria tecnolica é representa"a no nosso "iarama por um"eslocamento para a "ireita "a curva "a oferta1 ao mesmo pre'o+ =*mais oferta "o #em%

    >ara respon"er 3 questo "e quem an=a com a "esco#erta+ temos "esa#er se a receita "os pro"utores (que+ evi"entemente+ é iual 3"espesa "os consumi"ores) su#iu ou "esceu com a "esco#erta%

    K7

    p

    p

    qq q2

    /

    /2

    p

    p

    p2

    q q2q

    //2

    E

    E2

    p

    p

    p2

    q q2

    Receita

    Receita 2

    p

    q

    /2/

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    48/246

    Do caso (B) an=aram os pro"utores+ que esto a rece#er mais "in=eiro+pois a su#i"a "a quanti"a"e ven"i"a mais "o que compensoularamente a "esci"a "o pre'o% 5sto+ em parte+ eplica porque =* #ensou sectores em que a inova'o é mais intensa e frequente e noutrosno% QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ 9%_ ENEM>IO 4E EP5I[BR5O1 & >OI[65& &UR[OI& OMPM

    omo po"eremos representar um su#s!"io no nosso "iarama? Daver"a"e é muito simples1 se a curva "a oferta representa o pre'o a paarpor certa quanti"a"e "o #em+ um su#s!"io sinifica que parte "essepre'o é paa pelo Esta"o% 5sso quer "ier que+ em#ora a ver"a"eiracurva "a oferta sea /E+ a curva "e oferta que os consumi"oresencontram no merca"o é a curva //+ pois ao pre'o pe"i"o pelospro"utores temos "e "e"uir o su#s!"io (s)% 4este mo"o+ cria-se uma"iferen'a entre o pre'o rece#i"o pelos pro"utores (pp) e o pao pelosconsumi"ores (pc)%

    Mas por que rao os aricultores europeus necessitam "e au"a?>orque os aricultores europeus t$m um méto"o "e pro"u'o mais caroe menos eficiente que o "os seus concorrentes "o resto "o Mun"o% 5ssoé representa"o por uma curva "a oferta europeia (/E) acima "a mun"ial(/M)% Desse caso+ se =ouvesse li#er"a"e "e comércio+ o ponto "e

    equil!#rio seria o ponto &+ e a aricultura europeia "eiaria "e pro"uir%

    K8

    p p

    q q

    (&) (B)

    >p

    >c

    q

    /E

    //

    s

    p

    q

    /E /M4>

    p

    >c

    4 /E/M //

    q

    s

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    49/246

     &ssim+ em#ora a Europa pro"ua com a curva /E+ a curva "a oferta queos consumi"ores o#servam é a curva //% & "iferen'a é o su#s!"io que acomuni"a"e paa aos aricultores%Mas almo'os r*tis é coisa que no eiste+ como os leitores "este livro *sa#em muito #em% On"e est* o erro? O pro#lema é simples1 quem paao su#s!"io so os Esta"os europeus+ ou sea+ os consumi"oreseuropeus+ quan"o paam os seus impostos% >or isso+ o que os Europeuspaam pelos pro"utos ar!colas no é pc+ mas sim pp+ pois paam pcquan"o compram os #ens e ps quan"o paam os impostos% QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ K%_ ENEM>IO 4E EP5I[BR5O1 PEM >&U& O 5M>O/6O?

    Em >ortual+ como ali*s na maior parte "os pa!ses "o Mun"o+ a ven"a"a asolina (#em como "e outros pro"utos) no é feita ao pre'o "ecusto%O pro#lema é muito pareci"o+ mas inverso+ ao "a coloca'o "o su#s!"io"o caso anterior% &ora+ a curva "a oferta "efronta"a pelosconsumi"ores (/) encontra-se acima "a curva "a oferta "os pro"utores

    (/>)+ sen"o a "iferen'a entre os "ois o imposto (i)% Repare-se que+ antes"o imposto+ o equil!#rio era o#ti"o pela intersec'o entre a curva "aprocura e "a oferta "os pro"utores (/>)% O pre'o "e equil!#rio seria p0%Pma ve intro"ui"o o imposto+ os consumi"ores encontram / eencontram um novo pre'o >c+ que paam% Do entanto+ "esse pre'o+ ospro"utores s rece#em pp+ pois o Esta"o fica com o imposto i%

    >assemos aora a utiliar o nosso "iarama para analisar situa'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    50/246

    cos esto "ispostos a ven"$-lo% O #em é muito #arato+ s que quase noo =* 3 ven"a%

     & maior parte "as situa'IO 4E 4E/EP5I[BR5O1 I5M56E/ V 5M>OR6&bOPm "os casos mais frequentes aparece quan"o se preten"e proteer ospro"utores nacionais "a concorr$ncia "os estraneiros e se coloca ummontante m*imo "e quanti"a"e que po"e ser importa"a9%

     QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ 2 . "e notar que+ nos ;ltimos tempos+ estes "ois eemplos t$m vin"o a mel=orar+ pois quer osrespons*veis "a e-PR// quer o Uoverno portuu$s t$m re"ui"o a sua interven'o so#re osmecanismos "e merca"o% O mun"o est* a tornar-se mais racional+ mas no se esuqe'am "o princ!pioque referimos atr*s1 no se "eve su#estimar a estupi"e =umana%%%

    9  Deste eemplo+ as curvas "a procura e "a oferta correspon"em 3 procura interna "e carrosestraneiros e 3 oferta "e carros por estraneiros em >ortual% & procura e oferta "o #em nacional noesto representa"as neste r*fico%

    0

    p

    q

    p

    p

    q

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    51/246

    >or eemplo+ talve para proteer os pro"utores nacionais "eautomveis (que no eistemA?)+ >ortual pYs um limite 3 quanti"a"e "ecarros estraneiros que se po"em importar% uem so#retu"o #eneficiouforam os pro"utores estraneiros "e carros que t$m acesso ao merca"oportuu$s (que conseuiram as licen'as "e importa'o)+ pois ven"em osseus carros muito mais caros%

    p

    q

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    52/246

    2

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    53/246

    1.>. Os pro#lemas glo#ais da economia>ara terminar esta nossa viso eral "os princ!pios fun"amentais "aEconomia+ temos aora "e analisar aluns efeitos especiais "os fenmenoseconmicos% omo veremos+ to"os eles t$m em comum o estarem

    relaciona"os com o lo#al "a socie"a"e%

    1.>.1. O todo e as partes

    1.>.1.1. Conflito eficiência!euidade

    Duma "a"a situa'o+ se se preten"er "ar a to"os uma fatia usta"a riquea nacional+ seun"o qualquer critério+ é preciso alterar asremunera'ortanto s é poss!vel conseuir a esta#ili"a"e sacrifican"o o"esenvolvimento%

    Do fun"o+ os "ois conflitos po"em ser vistos como "uas faces "amesma questo+ on"e a "iferen'a est* so#retu"o no elementotempo% Em am#os o que est* em causa é a efici$nciaC no primeirocaso a efici$ncia est*tica+ no seun"o+ a "in,mica+ pois o

    "esenvolvimento é a efici$ncia ao lono "o tempo% >or outro la"o+o "esempreo+ que é o eemplo mais claro "o seun"o tipo "econflito+ causa raves pro#lemas "e "istri#ui'o% O"esenvolvimento erar* an=os futuros muito apreci*veis+ poreemplo+ com o aparecimento "e camionetas numa al"eia on"e otransporte era feito com carro'as% Mas+ no curto prao+ eiste um"esempreo "evi"o 3 mu"an'a intro"ui"a+ pois os carroceirosficam sem sa#er o que faer% 4estes+ e "e outros fenmenossemel=antes+ nascem as flutua'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    54/246

    pés+ ela v$ mel=or% Mas se to"as as pessoas se puserem em #icos"e pés ento ninuém v$ mel=or "o que via antes (ecepto os queesto ime"iatamente atr*s "a primeira fila+ pois esta no se pYs em#icos "e pés por no precisar)%>or eemplo+ se um pro"utor aumentar a pro"u'o "o seu #em+ele an=a mais "in=eiro+ pois+ sen"o pequeno face ao total "omerca"o+ é natural que o pre'o "o #em se manten=a% &s principais fontes "e pro#lemas que afectam a totali"a"e "aEconomia so tr$s1

    % o Esta"o+2% o espa'o e9% o tempo%

    Os pro#lemas que tais elementos eram sero a#or"a"os a"iante%

    1.>.2. A acti%idade do Estado

    Pm "os principais fenmenos que tem efeitos lo#ais resi"e no

    comportamento "o Estado% Mas+ por outro la"o+ a simples eist$ncia "oEsta"o+ a sua pol!tica+ as leis que pu#lica e até o seu sustento+ sofactores que+ além "e pertur#arem a vi"a "e ca"a um+ t$m tam#émefeitos lo#ais%O Esta"o intervém na Economia com a sua política% Mas essa pol!ticaeie que o Esta"o gaste recursos% — >ara promover a efici$ncia+ o Esta"o constri estra"as e =ospitais+

    cria empresas p;#licasC — para conseuir maior equi"a"e tem "e ser cria"o o sistema "e

    seuran'a social+ o aparel=o fiscal que usa os impostos para tiraraos ricos e "ar aos po#res+ etc%C finalmente+

     — a #usca "a esta#ili"a"e eie "ar su#s!"ios aos "esemprea"os+

    ou empre*-los no funcionalismo p;#lico+ fornecer #ens mais#aratos+ etc%O Esta"o est* encarrea"o "e uma enorme quanti"a"e "e fun'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    55/246

    econmicas+ por eemplo+ a altura "as pessoas ou a cor "o ca#elo%Mas esse imposto seria etremamente inusto+ pois na"a tin=a aver com a capaci"a"e "e paar "as pessoas% & parte "a "espesa p;#lica que no é paa por impostos constituio d3fice do Estado% E esse "éfice po"e ser pao "e "uas formas+que veremos aora%

    1.>.2.2. $%"ida p&blica

    Eactamente por serem claros e n!ti"os+ os impostos t$m eleva"oscustos pol!ticos% Den=um overno osta "e ser visto a lan'ar osimpostos% Pma outra forma é a dí%ida p8#lica+ pela qual o Esta"ope"e "in=eiro empresta"o+ "entro ou fora "o pa!s ("!vi"a interna eeterna)%6orna-se assim claro que a "!vi"a p;#lica é apenas o a"iamento"e impostos% oe no se tira na"a a ninuém+ mas no futuro vo-se paar impostos+ e mais impostos "o que se paariam =oe+porque é preciso paar os uros+ além "o capital% Mas po"e seruma forma correcta "e a"iar o peso "as "espesas+ pois+ comoaluns "os #enef!cios "a activi"a"e "o Esta"o recaem no futuro(quan"o a estra"a ou o =ospital estiverem prontos)+ os custos"evem ser paos tam#ém no futuro% Mas no é+ como parece aaluns+ um almo'o r*tisK%O pre'o "esses empréstimos+ tal como "e to"os os empréstimos+ éa taa de -uro% & taa "e uro é a percentaem que quem pe"eempresta"o tem "e paar a quem empresta+ para além "e "evolvero "in=eiro% . o pre'o que se tem "e paar por po"er almo'ar =oee s aman= ter "e paar o almo'o% omo veremos a"iante+ a taa"e uro "os empréstimos "o Esta"o é importante+ pois serve no s

    para sa#er quanto mais "e impostos se ter* "e paar no futurocomo+ além "isso+ serve como taa "e orienta'o para os outrosempréstimos "a Economia%

    1.>.2.!. Emissão de moeda

    Mas o méto"o "e financiamento "o Esta"o que parece mesmo umalmo'o r*tis é o terceiro1 emitir mais moeda% O Esta"o (e s oEsta"o) é o respons*vel pelas notas e moe"as que usamos to"osos "ias% / ele+ através "e um "epartamento especial c=ama"o#anco central (em >ortual é o Banco "e >ortual parte interante"o Banco entral Europeu) po"e emitir nova moe"a%

    /er* que encontr*mos finalmente um mo"o "e ter almo'os r*tis?/er* que o Esta"o po"e resolver "e ra'a os pro#lemas "asocie"a"e atiran"o-l=es "in=eiro novo? & resposta+ como *suspeitamos+ é n$o% 6am#ém aqui o almo'o tem um custo% / queé um pouco mais "if!cil "e encontrar%O pro#lema "e faer uma nova emisso "e notas e moe"as é quepor =aver mais "in=eiro no quer "ier que =aa mais coisas paracomprar% E se a Economia e o Esta"o t$m as mesmas coisas para

     QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ K  omo veremos a"iante+ no é ver"a"e que a "!vi"a interna sea uma cara so#re as era'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    56/246

    comprar e mais "in=eiro para astar+ os pre'os "as coisas+ "eto"as as coisas+ so#em% Este fenmeno tem um nome poucoeleante1 infla'$o%Mas se o nome é feio no quer "ier que o fenmeno o sea% ualé o mal "a infla'o? &s coisas esto mais caras+ mas as pessoast$m mais ren"imentos+ loo o seu consumo e+ consequentemente+a utili"a"e (que é o que interessa e s o que interessa) fica namesma% Do fun"o+ a infla'o é como se o metro "e me"i"a ficassemais pequeno1 to"as as coisas ficam mais compri"as+ mas afinalesto iuais%Em primeiro luar+ "eve notar-se que a infla'o é um imposto+como outro qualquer% . uma forma "e o Esta"o "esvaloriar o"in=eiro que as pessoas t$m no #olso+ como contraparti"a "o novo"in=eiro que o Esta"o tem% E quem an=ou com isso foi o Esta"o+que ficou com "in=eiro novo% Ioo é uma transfer$ncia "e recursospara o Esta"o+ tal como os impostos% Mas em#ora sea escon"i"a+e por isso no ten=a os custos pol!ticos "os impostos normais+ no

    "eia "e ter outros custos+ que os impostos no t$m%Pm "os pro#lemas caracter!sticos "a infla'o é a in-usti'a+ poisnormalmente ela no afecta to"os por iual% &luns aenteseconmicos+ que no esto protei"os "os efeitos "a infla'o+per"em+ enquanto outros até po"em an=ar% 6am#ém as pessoasque "evem "in=eiro so muito #eneficia"as com a infla'o+ poisquan"o paam o "in=eiro vale menos "o que quan"o o rece#eramempresta"o%Mas a infla'o tam#ém cria insta#ilidade% /e a su#i"a "e pre'osfosse sempre prevista ou sempre iual+ no =avia pro#lemanen=um+ pois as pessoas teriam facili"a"e em se precaverem "osseus efeitos% Mas o pro#lema é que a infla'o é normalmente

    imprevis!vel e quanto mais alta+ mais ten"e a s$-lo% >or essa raoela cria uma rao a"icional que afecta a esta#ilidade%>or outro la"o+ a efici$ncia po"e tam#ém ser preu"ica"a pelainfla'o% Em primeiro luar+ ela era um "esper"!cio "e recursos+pois prever a infla'o "* tra#al=o+ que po"eria ser usa"o noutrascoisas% Mas tam#ém a efici$ncia "in,mica é pertur#a"a+ pois comoos pre'os futuros ficam muito incertos+ a cria'o "e novasempresas e os investimentos que eram "esenvolvimento po"emser pertur#a"os%Dote-se que nen=um "estes custos aparece se a infla'o forperfeitamente previs!vel e neutra+ afectan"o to"a a ente "e formaiual% Desse caso a infla'o é eactamente iual a um imposto+

    claro e n!ti"o+ para to"a a ente+ com os mesmos custos pol!ticos"os outros impostos+ por no po"er ser * escon"i"a%Mas se a infla'o tem to"os estes custos+ porque insistem osEsta"os em usar a emisso "e moe"a para se financiarem? &rao é o ran"e #enef!cio pol!tico "e a infla'o ser um impostoescon"i"o% 6rata-se "e uma forma "e lan'ar um imposto sem serloo claro que o fe% Esta forma "e o#ter "in=eiro é to simplesque é muito utilia"a pelo Esta"o nas alturas "e crise em que maisprecisa "e "in=eiro e menos =ipteses tem "e o o#ter% 4urante asuerras e as revolu'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    57/246

    'o nacional "escer)+ muitos overnos usam a rotativa "as notaspara paar aos sol"a"os e satisfaer as outras necessi"a"es% .por essa rao que "urante e aps as uerras se verificam+normalmente+ per!o"os "e ran"e infla'o%

     & concluso principal "esta an*lise preliminar "o financiamento "o

    Esta"o é que+ afinal+ to"as as formas "e o Esta"o o#ter recursosso impostos% &ssim+ o total "e impostos que a socie"a"e paa éiual ao total "as "espesas "o Esta"o% Este é o princ!pio maisimportante "as finan'as p;#licas que+ no entanto+ é muitoesqueci"o%

    1.>.!. O espa'o e o tempo

    O espa'o e o tempo t$m m;ltiplos efeitos so#re a activi"a"e econmica%. ali*s "if!cil conce#er uma Economia a funcionar sem que isso se"esenrole no espa'o e no tempo%Pma "as coisas que o espa'o permite é tra'ar fronteiras+ e pelo menos

    neste nosso planeta eistem muitas fronteiras% Mas tam#ém é poss!veltermos empréstimos+ paamentos+ "*"ivas+ por cima "as fronteiras%Reistamos to"as estas transac'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    58/246

    4entro "e um pa!s fala-se muito "as "esiual"a"es reionais e "o"esenvolvimento relativo "as v*rias onas% E aqui tocamos no principalefeito que o tempo tem so#re a activi"a"e econmica1 odesen%ol%imento%omo veremos+ este fenmeno é um facto recente+ pois s apareceu "eforma sistem*tica quan"o+ so#retu"o a partir "o século NL555+ o merca"opassou a "ominar a estrutura econmica "as socie"a"es% &ntiamente+as pessoas esperavam viver mais ou menos como os seusantepassa"os+ o que * era #em #om+ pois =avia fortes possi#ili"a"es "epiorar%4entro "e um pa!s+ como se "isse+ é poss!vel ao Esta"o intervir paraaliviar essas "ispari"a"es espaciais% &o n!vel mun"ial+ e apesar "a au"aque flui "os pa!ses ricos para os po#res+ é muito mais "if!cil essacompensa'o%omo é que isso se conseue? Z* vimos que este processo est* muitolia"o ao funcionamento "o sistema "e merca"o+ mas a"ianteestu"aremos com mais cui"a"o em que termos tal processo se

    "esenrola%

    8

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    59/246

    2. 6eoria Económica

    2.1. 6eoria do %alor: agentes racionais

    2.1.1. 6eoria do consumidor 2.1.1.1. ?tilidade

    >orque é que umas coisas valem mais "o que as outras e como sesa#e quanto? 4aqui nasceu aquilo a que os autores cl*ssicosc=amavam a teoria do %alor %Ioo 3 ca#e'a+ &"am /mit= epYs os termos "o pro#lemaapresentan"o aquilo a que se c=amou o @para"oo "o valor+ "a*ua e "o "iamante% Leamos o que /mit= afirmava1

    @Da"a é mais ;til "o que a *ua1 mas com ela praticamente na"apo"e comprar-seC praticamente na"a po"e o#ter-se em troca "ela%

    >elo contr*rio+ um "iamante no tem praticamente qualquer valor"e usoC no entanto+ po"e normalmente o#ter-se ran"e quanti"a"e"e outros #ens em troca "ele% F/mit= (77:)+ p*% 7%H

    L*rias propostas foram apresenta"as para resolver este pro#lema+quer por /mit=+ quer pelos seus seui"ores+ mas nen=uma "elasera completamente satisfatria% / muito mais tar"e+ na "éca"a "e870+ se encontrou a solu'o+ e "e tal mo"o este pro#lema eraimportante que+ ao solucion*-lo+ "eu-se a #rande re)ouç%o emEconomia+ a ;nica altera'o que mo"ificou totalmente o rumo "aci$ncia% &ps 870+ a estrutura e o esp!rito "a Economiacontinuaram a ser os "e /mit=+ mas os méto"os e os resulta"osso completamente outros%

    ^5II5&M /6&DIEW ZELOD/ (89-882)Zevons teve uma vi"a alo atri#ula"a+ mas foi sempre um apaiona"o pelas

    questertencen"o a uma fam!lia"e aca"émicos ("ois "os seus irmos e um seu fil=o foram eminentesprofessores)+ "outorou-se em 4ireito em Liena% >ouco mais pu#licou "e vulto+ a

    no ser "urante a polémica que travou com a @escola =istoricista alem+ so#reo méto"o em Economia%

     & primeira ideia essencial  é a intro"u'o "o conceito "e utilidade% & no'o+ para ns elementar+ "e que a satisfa'o que ca"a ser=umano tira "o uso "o #em é que "* valor 3s coisas+ constitui aprimeira i"eia revolucion*ria% . "evi"o ao osto+ su#ectivo+pessoal+ vari*vel "e to"as e ca"a uma "as pessoas que se "* oconsumo "os #ens e eles so avalia"os% . claro que a intensi"a"e"a utili"a"e e a forma como se revela so muito "iferentes "e #empara #em+ "e pessoa para pessoa% Mas é a mesma reali"a"e queaparece em to"as as situa'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    60/246

    os #ens+ t$m em comum% 4e um #eio a uma c=apa "e ferro+passan"o por uma nuvem e uma cassete+ to"os os #ens possuem+em n!veis e formas "iferentes+ utili"a"e+ pois é isso que+ comovimos+ l=es "* a caracter!stica "e @#ens% &o contr*rio "os primeiros autores+ que procuravam o valor "ascoisas nas prprias coisas+ aora vemos que o valor "as coisasno est* nelas+ mas sim no consumi"or% O aente econmico+ comas suas prefer$ncias e "eseos+ é que "* o valor 3s coisas%Esta compreenso+ "e que o que "* valor 3s coisas é o que aspessoas "eci"em+ é central% & economia torna-se entover"a"eiramente uma ci$ncia =umana1 o seu o#ectivo é servir asescol=as+ as prefer$ncias "as pessoas concretas e o critério"essas escol=as resi"e nos interesses particulares "e ca"apessoa% Esses interesses no so "iscuti"os pela Economia% /orece#i"os pela teoria+ epressos "irectamente pelos aentes+ masso eles que "efinem tu"o% & utili"a"e é a #ase "a Economia+ e elarepresenta to"os os interesses+ motiva'

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    61/246

     &tr*s * vimos que os #ens po"em ser "e qualquer naturea+ peloque neste estu"o po"emos incluir "ecisara oconseuirmos analisar+ é #om come'ar por o "efinir e formaliar% &maneira como o vamos faer é a mais eral poss!vel% &present*-lo-emos+ * o "issemos+ como um pro#lema "e escol=a+ on"e eisteum certo recurso (R)+ que po"e ser usa"o para v*rias finali"a"es(#ens + 2+ 9+ %%%) que custam quanti"a"es "iferentes "o recurso

    G

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    62/246

    (pre'os p+ p2+ p9+ %%%) e que t$m utili"a"es "iferentes% & peruntaque ostar!amos "e ver respon"i"a é qual a com#ina'o "os #ensque "* o m*imo "e satisfa'o+ e ain"a po"e ser o#ti"a com osrecursos R%Dote-se que este pro#lema é muito enérico+ e po"e ser referi"ocomo @pro#lema eral "e afecta'o% Da ver"a"e+ a interpreta'oque aqui l=e vamos "ar é que R representa o ren"imento "oconsumi"or+ as finali"a"es so os #ens a comprar+ que t$m pre'os"iferentes+ e que "o satisfa'or eemplo+ se R for o espa'o "entro "e uma moc=ila+ que umcampista po"e usar para levar as coisas para o seu acampamento%Os #ens consi"era"os so as coisas que ele po"e meter namoc=ila+ que ocupam espa'os "iferentes (que aqui so os pre'os)e l=e so mais ou menos ;teis ao ar livre% & questo aora é "esa#er que coisas "evem ser leva"as na moc=ila para l=emaimiar a utili"a"e "o transporte%

    Mas+ como "issemos+ o pro#lema "e uma raparia num #aile+ quetem v*rias "an'as+ que po"e conce"er a v*rios rapaes+ "an"o-l=eutili"a"es "iferentes a ela é "o mesmo tipo% 6al como o pro#lema"e um fim-"e-semana+ que po"e ser asto em activi"a"es"iferentes+ que "emoram tempos "iferentes e "o satisfa'i+

    Pmi>i Pm> %%% Pm>

    /er* mais f*cil perce#er que tem "e ser assim partin"o "a situa'oem que no o é% & situa'o mel=or é aquela em que no é poss!velmel=orar faen"o as transfer$ncias "e "in=eiro "o consumo "e um#em para outro% Ioo+ a utili"a"e "o ;ltimo euro asto em to"os os#ens tem "e ser iual%Enquanto a utili"a"e marinal "o ;ltimo escu"o asto em i for 9 eem for 2+ o consumi"or "eve ir transferin"o "in=eiro "o consumo"e para o "e i% Lale a pena astar menos "in=eiro em e mais emi+ pois isso aumenta a utili"a"e+ sem se astar mais "in=eiro S(ou%e um almo'o grtis% &ssim+ se aquela que era maior vai"escen"o e a que era menor vai su#in"o+ elas =o-"e encontrar-seno meio% & transfer$ncia p*ra quan"o elas forem iuais%

    Pmipi Pmp masi g implica Pmi h + h implica Pm g+

    até que Pmipi Pmp

    Este eemplo é muito conveniente porque ca"a uni"a"e tem omesmo pre'o e custa um euro% Mas nem sempre é poss!vel passar

    um euro "a compra "e um #em para a "e outro% Da ver"a"e+ ain"ivisi#ili"a"e "e certos #ens po"e pertur#ar esta rera+ mas se

    G2

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    63/246

    no é poss!vel iualar a utili"a"e marinal "o ;ltimo euro em to"osos #ens+ a rera "i que+ pelo menos+ "evemos aproim*-las tantoquanto poss!vel% & forma "e tirar o mel=or parti"o "e certo intervalo "e tempo éiualar a utili"a"e "o ;ltimo minuto asto em ca"a activi"a"e% &ssim+ vemos que a rera "e ouro é uma rera "a escol=aracional+ econmica para to"as as "ecis

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    64/246

    por outro autor+ na forma "e "uas leis% Da ver"a"e+ ermannUossen+ um alemo+ tin=a em 8K apresenta"o o que ficoucon=eci"o como as @"uas leis "e Uossen1Primeira lei de @ossen S V me"i"a que se consome mais "o #em+a utili"a"e "e ca"a uni"a"e a"icional consumi"a "esce%4egunda lei de @ossen S O consumi"or+ para o#ter o m*imo "esatisfa'o+ "eve consumir até que a utili"a"e marinal "o ;ltimoeuro asto em ca"a #em sea iual em to"os os #ens%

    ERM&DD E5DR5D UO//ED (80-88)Estu"ou 4ireito em Bona e Berlim e foi funcion*rio p;#lico% Em 8K+

    pu#licou o livro (esen)o)imento das 1eis das Reações 2umanas e das Re#rasde 3cç%o 2umana (eri)adas (eas% O seu autor estava convenci"o "e que ao#ra era uma revolu'o na =istria "a Economia+ equivalente 3 "e opérnico na &stronomia% Mas o livro foi inora"o e o autor+ "esostoso+ "estruiu as cpiasno ven"i"as%

    5nclusivamente+ alumas "as i"eias que * vimos po"em serreformula"as nestes novos termos% Pm #em no escasso é to"o

    aquele que eiste em quanti"a"e tal que a sua utili"a"e marinal énula+ ou sea+ c=ea e so#ra para satisfaer as necessi"a"es% & curva "a utili"a"e marinal representa"a a#aio+ sinifica+ comosa#emos+ a utili"a"e "e ca"a uni"a"e a"icional "o #em+ que étam#ém o valor atri#u!"o pelo consumi"or a essas uni"a"es% &curva "a procura "efine+ como vimos atr*s+ a quanti"a"e "e #emque o consumi"or est* "isposto a comprar a ca"a pre'o%

    Mas o consumi"or s est* "isposto a paar porque retira "o #emutili"a"e% Do fun"o as "uas coisas so o mesmo% Encontramosaora a ver"a"eira rao "a lei "a procura neativamenteinclina"a% Ela é causa"a pela primeira lei "e Uossen+ a lei "autili"a"e marinal "ecrescente1 "a"o que a utili"a"e a"icional "o#em vai "ecrescen"o com a quanti"a"e+ o aente s est* "ispostoa paar menos por ca"a uni"a"e se comprar maiores quanti"a"es%Mas esta constata'o lem#ra-nos um pro#lema resultante "o facto

    "e ser a marem a "efinir o valor "os #ens% Da ver"a"e+ se o valor(o pre'o) "o #em é iual 3 utili"a"e marinal+ ento o que se paapor um #em no representa o que ele+ em mé"ia+ vale+ mas sim oque a ;ltima uni"a"e vale% &lfre" Mars=all+ o ran"e mestre "e que * fal*mos atr*s+ referiu-se a este aspecto "ien"o que eistia umecedente do consumidor %onsi"ere-se a curva "a procura "e um #em a#aio "esen=a"a(que * sa#emos que é equivalente+ no espa'o "o "in=eiro+ 3 curva"e utili"a"e marinal)% O facto "e o consumi"or estar "isposto apaar 0 euros pela primeira uni"a"e+ 8 pela seun"a+ e G pelaterceira e K pela quarta representa o valor que ele atri#ui a essasquanti"a"es% Mas+ como o pre'o é "e K euros+ isso quer "ier que

    ele vai comprar as quatro uni"a"es todas ao pre'o "e K euros%

    GK

    Pm

    >

    curva "a  utili"a"e  marinal

    curva "a  procura

  • 8/20/2019 61022 - Introdução à Economia - (Apontamentos) Jorge Loureiro

    65/246

    Mas nesse caso ele an=ou com a troca+ pois a primeira uni"a"ecustou-l=e K euros e valia 0+ a seun"a tam#ém custou K euros evalia 8+ e a terceira custou outros K euros e valia G% Este é oece"ente "o consumi"or1

    (0-K) d (8-K) d (G-K) d (K-K)

    Dote-se que se paa menos "o que se "* (rece#e-se o trapéio es se paa o rect,nuloC o tri,nulo "o ece"ente é r*tis)% poresta raz$o que a troca 3 #en3fica% O que se "* é menos que oque se rece#e% &li*s se no fosse assim no se "ava a troca% Osdois lados gan(am%>or eemplo+ no caso "a *ua+ on"e as curvas "a utili"a"emarinal e "a procura so muito altas e+ como a quanti"a"e éran"e+ o seu pre'o é #aio+ o ece"ente "o consumi"or é muitoran"e% O r*fico a#aio+ repeti"o "a an*lise que fiemos atr*s+mostra claramente que é "a "iferen'a "os ece"entes "oconsumi"or que nasceu o para"oo "e /mit=%

    >or outro la"o+ para "eci"ir so#re a pro"u'o "e #ens p8#licos+ o

    ece"ente "o consumi"or é uma no'o essencial% uan"o seconstri uma estra