[6438]Gestao de Riscos

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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2009 Gestão de Riscos Disciplina na modalidade a distância

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Palhoça

UnisulVirtual

2009

Gestão de Riscos

Disciplina na modalidade a distância

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CréditosUnisul - Universidade do Sul de Santa CatarinaUnisulVirtual - Educação Superior a Distância

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Rodrigo Battistotti Pimpão

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Rachel Faverzani Magnago

Palhoça

UnisulVirtual

2009

Design instrucional

Viviane Bastos

Gestão de Riscos

Livro didático

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Edição – Livro Didático

Professor ConteudistaRachel Faverzani Magnago

Design InstrucionalViviane Bastos

Projeto Gráfico e CapaEquipe UnisulVirtual

DiagramaçãoAnne Cristyne Pereira

Revisão OrtográficaB2B

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

Copyright © UnisulVirtual 2009

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

304.28

M17 Magnago, Rachel Faverzani Gestão de riscos : livro didático / Rachel Faverzani Magnago ; design instrucional Viviane Bastos. – Palhoça :.UnisulVirtual, 2009. 174 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.

1. Degradação ambiental. 2. Inundações. 3. Meio ambiente. I. Bastos, Viviane. II. Título.

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Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7Palavras da professora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

UNIDADE 1 – Conceitos para o gerenciamento de risco . . . . . . . . . . . . . . 17UNIDADE 2 – Introdução ao gerenciamento de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . 39UNIDADE 3 – Agentes de riscos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79UNIDADE 4 – Desastres naturais e humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161Sobre a professora conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 167

Sumário

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Apresentação

Este livro didático corresponde à disciplina Gestão de Riscos.

O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma. Com este objetivo, aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar-lhe o estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz.

Lembre-se de que sua caminhada nesta disciplina será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. A indicação ‘a distância’ caracteriza tão-somente a modalidade de ensino por que você optou para a sua formação.

E, nesta relação de aprendizagem, professores e instituição estarão continuamente em conexão com você.

Então, sempre que sentir necessidade, entre em contato. Você tem à sua disposição diversas ferramentas e canais de acesso, tais como telefone, e-mail e o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem, este que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e sua comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.

Bom estudo e sucesso!

Equipe UnisulVirtual

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Palavras da professora

Catástrofes ambientais, cujas dimensões ultrapassam os limites de uma comunidade ou mesmo de um país, têm atraído a atenção de pessoas de todo o mundo, e em alguns casos seus efeitos se propagam por várias gerações.

Podemos acompanhar o dia a dia de uma empresa onde presenciamos acidentes no ambiente de trabalho, que somados levam a números assustadores.

Também podemos mencionar os casos de poluição gradual, sutil, lenta, dos quais pouco sabemos a respeito, além de encontramos dificuldades em atribuir um valor ao impacto ambiental nocivo causado por eles.

Temos o dever de não permitir que os mesmos e novos erros aconteçam, para que não causem doenças e diminuam a qualidade de vida das pessoas e a saúde do meio ambiente. O material de Gestão de Risco foi elaborado para o aluno de graduação ter uma visão sistemática de programas de gestão de riscos.

Com os desastres ambientais, criou-se um processo de aprendizagem, sendo necessário, na primeira unidade deste livro didático, apresentar e diferenciar conceitos tais como: salvaguarda, risco, perigo, acidente, incidente, risco agudo, risco crônico, risco individual, risco social e risco global. Na unidade dois, serão apresentados os elementos que compõem um Programa de Gestão de Risco (PGR), sendo que serão enfatizadas as etapas de identificação, análise, avaliação e controle de riscos. Também nessa unidade, serão analisados alguns casos de importância nacional e internacional. Na unidade três apresentamos as possíveis vias de exposição de um indivíduo. Já na unidade quatro estudamos os riscos químicos, físicos e biológicos e finalizamos nossos estudos com o tópico de desastres naturais e sistema nacional de defesa civil.

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Com tudo isso, esperamos que a disciplina seja bastante proveitosa para a sua formação e atuação profissional.

Bons estudos!

Rachel Faverzani Magnago

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Plano de estudo

O plano de estudo visa a orientá-lo(a) no desenvolvimento da disciplina. Possui elementos que o(a) ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação.

São elementos desse processo:

� o livro didático;

� o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);

� as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação);

� o Sistema Tutorial.

Ementa

As escolas de gerenciamento de riscos. Conceitos: risco, salvaguarda, perigo, acidente, incidente, cenários de frequência e de consequências. Métodos de avaliação de riscos. Riscos: identificação de falhas potenciais, cálculo da quantidade de material perigoso liberado, estudo de comportamento pós-liberação, dispersão no meio ambiente. Riscos ambientais: identificação do perigo, avaliação de respostas à dose, avaliação da exposição, caracterização do risco. Gestão de riscos no contexto da avaliação de impactos ambientais. Desastres naturais e humanos. Sistema nacional de defesa civil. Gestão

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de crises: comunicação institucional. Estudos de caso. Legislação. Desenvolvimento de modelos de avaliação de riscos. Programa de gerenciamento de riscos (PGR).

Carga Horária

A carga horária total da disciplina é de 60 horas-aula.

Objetivos

Geral:

Diagnosticar, avaliar e gerenciar o risco imposto ao meio ambiente e ao homem visando à prevenção da ocorrência de grandes acidentes locais e regionais.

Específicos:

� Conhecer a história do termo risco, sua origem e seu significado.

� Compreender as escalas de gerenciamento de risco.

� Compreender os conceitos de termos empregados no gerenciamento de risco.

� Identificar cenários de frequência e de consequências de risco.

� Conhecer os elementos que compões um programa de gestão de riscos.

� Compreender e identificar análise qualitativa e quantitativa.

� Conhecer metodologias de análise de risco.

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Gestão de Riscos

� Analisar casos de acidentes ambientais.

� Conhecer as vias de penetração e absorção de agentes de riscos no organismo humano.

� Identificar e caracterizar os tipos de agentes de riscos.

� Conhecer, compreender e identificar agentes de riscos químicos, físicos e biológicos.

� Interpretar e avaliar atividades antropogênicas e naturais que sejam potenciais para a geração de riscos.

Conteúdo programático/objetivos

Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação.

Unidade 1 - Conceitos para o gerenciamento de risco

Nesta unidade, você vai conhecer o histórico e as escolas de gerenciamento de riscos e estudará os conceitos e diferenças de salvaguarda, risco, perigo, acidente, incidente, cenários de frequência e consequências. Risco agudo, crônico, individual, social e global.

Unidade 2 - Introdução ao gerenciamento de risco

Os métodos de avaliação de riscos serão abordados nesta unidade, bem como o desenvolvimento e a complementação da avaliação de risco por meio do método quantitativo e qualitativo. Além desses temas, serão tratadas técnicas de avaliação de risco: mapa de risco (MR), série de riscos (SR), análise preliminar de risco (APR), análise por árvore de eventos, estudo de perigos

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e operabilidade (Hazop), análise de modos e efeitos de falhas (FMEA) e técnica de incidentes críticos. Para finalizar a unidade, serão usados alguns estudos de caso para análise.

Unidade 3 - Agentes de riscos

Esta unidade vai tratar sobre os aspectos do risco: identificação de falhas potenciais, cálculo da quantidade de material perigoso liberado, estudo de comportamento pós-liberação, dispersão no meio ambiente, entre outros.

Unidade 4 - Desastres naturais e humanos

Esta unidade é dedicada aos desastres naturais, humanos ou antropogênicos e mistos. Também serão abordados os conceitos de inundação gradual, inundação brusca, escorregamento, estiagem, granizo, vendaval, tornado e maré de tempestade Para finalizar os estudos, será abordada a importância de ações preventivas e planos de emergência e o estabelecimento de relações conjuntas entre a comunidade e o poder público.

Agenda de atividades/ Cronograma

� Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor.

� Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA.

� Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina.

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Gestão de Riscos

Atividades obrigatórias

Demais atividades (registro pessoal)

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1UNIDADE 1

Conceitos para o gerenciamento de risco

Objetivos de aprendizagem

�Conhecer a história, origem e o significado do termo risco.

�Compreender as escalas de gerenciamento de risco.

�Compreender os conceitos de termos empregados no gerenciamento de risco.

�Identificar cenários de frequência e de consequências de risco.

Seções de estudo

Seção 1 Como surgiram os riscos

Seção 2 Escalas de gerenciamento de risco

Seção 3 Conceitos para o gerenciamento de risco

Seção 4 Cenários de frequência e de consequências

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Para início de estudo

Bernstein, no livro Desafio aos Deuses (apud DUARTE, 2002), conta que a palavra risco é uma derivação italiana antiga para risicare. No livro, o autor relata que o risco vem a ser uma “opção” da humanidade e não um “destino” divinamente traçado. Nós podemos seguir essas palavras e fazer com que o risco seja uma opção, por meio da análise e do gerenciamento. Para tanto, faz-se necessário você estudar os termos usados nesse processo que verá nas seções desta unidade de estudo.

Na primeira seção, você vai estudar um breve histórico do termo risco, sua origem e seu significado. Na seção 2, vai diferenciar os conceitos de risco, risco direto, risco de acidentes de grande porte (catástrofes), risco percebido pelo público, riscos tecnológicos ambientais (RTAs), risco antropogênico e risco natural. Na seção 3, você deve estudar os conceitos fundamentais para o gerenciamento de risco (risco agudo, risco crônico, risco individual, social, global, entre outros). Na última seção, finalizando esta unidade, você vai estudar cenários de frequência e consequência dos riscos.

Então, mãos à obra e bons estudos!

Seção 1 – Como surgiram os riscos

Valle e Lage (2003), no livro Meio ambiente: acidentes, lições, soluções, traçam uma linha do tempo dos fatores e acidentes ambientais mais relevantes desde 2400 a.C. até o ano de 2003. Analisando-se este entre outros trabalhos pode-se observar que muitos acidentes ambientais ocorreram até a conscientização da humanidade.

O termo ‘risco’ surge com o próprio processo de constituição das sociedades contemporâneas a partir do final do Renascimento e início das revoluções

O significado de risicare resume-se

a uma expressão do pensamento

que muito tem a ver com a evolução

social, científica e tecnológica do

homem.

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Gestão de Riscos

Unidade 1

científicas, quando ocorreram intensas transformações sociais e culturais associadas ao forte impulso nas ciências e nas técnicas, às grandes navegações e à ampliação e ao fortalecimento do poder político e econômico de uma nascente burguesia. Deriva da palavra italiana riscare, cujo significado original era navegar entre rochedos perigosos, que foi incorporada ao vocabulário francês por volta de 1660 (Rosa et al, 1995). O conceito de risco que se conhece atualmente provém da teoria das probabilidades, sistema axiomático oriundo da teoria dos jogos na França do século XVII (DOUGLAS, 1987).

Risco implica a consideração de previsibilidade de determinadas situações ou eventos por meio do conhecimento de ¾ ou, pelo menos, da possibilidade de conhecimento de ¾ dos parâmetros de uma distribuição de probabilidades de acontecimentos futuros por meio da computação das expectativas matemáticas. (FGV, 1987).

Embora o conceito probabilístico de risco seja predominante na atualidade e associado ao potencial de perdas e danos e de magnitude das consequências, até o período anterior à Revolução Industrial o que dominava era sua compreensão como manifestação dos deuses. Da Antiguidade até meados do século XVIII, eventos como incêndios, inundações, furacões, maremotos, terremotos, erupções vulcânicas, avalanchas, fomes e epidemias eram compreendidos como manifestações da providência divina, de modo que para revelá-los e prevê-los tornava-se necessário interpretar os sinais “sagrados” (THEYS, 1987).

Covello et al (1985), apresentando uma perspectiva histórica da análise e do gerenciamento de riscos, consideram o grupo denominado Asipu, que viveu na Mesopotâmia por volta de 3.200 a.C., como um dos primeiros que realizavam algo similar ao que hoje entendemos como “análises de riscos”. Em suas análises, esse grupo identificava as importantes dimensões do problema em questão e as ações alternativas face a ele, coletando dados sobre os possíveis resultados de cada alternativa. Os melhores dados disponíveis eram considerados sinais dos deuses,

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que os sacerdotes do grupo Asipu estavam especialmente qualificados para interpretar, selecionando a partir daí a melhor alternativa.

O processo de laicização das situações e dos eventos considerados perigosos e sua transformação em riscos, implicando a previsibilidade a partir da probabilidade, ocorreu de modo mais sistemático somente a partir da Revolução Industrial, estando relacionado à filosofia iluminista, ao fim das epidemias de pestes e à conversão da ciência e da tecnologia enquanto eixos de poderosas transformações na sociedade e na natureza. Em grego, uma derivação do árabe risq, esta palavra relata a probabilidade de um resultado sem imposições positivas ou negativas.

O francês risque tem significado negativo, mas ocasionalmente possui conotações positivas, enquanto que, em inglês, risk posssui associações negativas bem definidas. Portanto, a palavra risco pode significar desde um resultado inesperado de uma ação ou decisão, seja este positivo ou negativo, até, sob um ponto de vista mais científico, um resultado não desejado e a probabilidade de sua ocorrência.

Neste trabalho, abordar-se-á o risco como a incerteza de ocorrência de um evento indesejado dentro de um sistema.

Seção 2 – Escalas de gerenciamento de risco

Atualmente, utiliza-se a palavra risco para diferentes situações. Veremos nesta seção algumas dessas situações, levando-se em consideração que a partir da década de 1970 a palavra risco vem sendo amplamente utilizada na literatura com objetivos distintos, tais como: risco de negócio, social, econômico, de segurança, de investimentos, empresarial, risco ambiental, entre outros (DUARTE, 2002).

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Gestão de Riscos

Unidade 1

De acordo com Duarte (2002), risco é qualquer situação que pode afetar a capacidade de atingir objetivos. Assim, torna-se risco inerente a qualquer atividade, decisão e até a própria vida pessoal, profissional e de qualquer entidade viva.

Os riscos a pessoas são aqueles que podem resultar em doenças ou acidentes do trabalho (morte, invalidez permanente). Por último, mas de grande importância nos dias atuais, encontram-se os riscos por responsabilidade, que são aqueles que resultam em prejuízo por danos a terceiros (pagamento de indenizações por lesões ou morte, pensões) e por danos ao meio ambiente.

O Risco Ambiental é aquele que ocorre no meio ambiente, seja ambiente interno (no caso de uma indústria) ou externo. Ele também pode ser classificado de acordo com o tipo de atividade (explosão, descarga contínua), exposição (aguda/instantânea, crônica), probabilidade de ocorrência, severidade, reversibilidade, visibilidade, duração e a ubiquidade de seus efeitos. (SORS, 1982).

No contexto da gestão governamental, o risco ambiental pode ser também classificado como: saúde pública, recursos naturais, desastres naturais e introdução de novos produtos.

Existem diferentes classificações para risco dependendo da ênfase que se deseja trabalhar. Para a Organização das Nações Unidas para Proteção Ambiental (United Nations Environmental Protection – UNEP), o risco pode ser classificado como:

1. Risco direto – probabilidade de que um determinado evento ocorra, multiplicada pelos danos causados por seus efeitos.

2. Risco de acidentes de grande porte (catástrofes) – caso especial de risco direto em que a probabilidade de ocorrência do evento é baixa, mas suas consequências são muito prejudiciais.

Fonte: Disponível em www.antumalal.com/pt/actividades_pesca.htm

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3. Risco percebido pelo público – a percepção social do risco depende em grande parte de quem é responsável pela decisão sobre aceitá-lo ou não. A facilidade de compreensão e de aceitação do risco que se corre depende das informações fornecidas, dos dispositivos de segurança existentes, do retrospectivo da atividade e dos meios de informação.

4. Riscos tecnológicos ambientais (RTAs) - são todos os problemas relativos aos contaminantes ambientais e que estão, de uma maneira ou de outra, associados ao crescente processo de industrialização. Este processo é verificado desde o final do século passado, em que ao lado do incremento da pesquisa, do desenvolvimento e da difusão de novas tecnologias, os processos de produção e seus produtos têm contribuído para pôr em perigo ou causar prejuízos à saúde do homem e dos ecossistemas (BRILHANTE, CALDAS, 1999). Os contaminantes ambientais classificam-se em dois grupos:

� riscos antropogênicos (tecnológica) - os decorrentes de atividades desenvolvidas pelo homem. Você pode ler mais sobre riscos tecnológicos no artigo de Porto e Freitas (1997);

� riscos naturais - os decorrentes de distúrbios da natureza.

Tanto para os riscos antropogênicos como para os riscos naturais, vamos considerar dois cenários. O primeiro é o cenário de risco crônico e o segundo é o de risco agudo.

A prevenção é o melhor caminho para serem evitados ou pelo menos minimizados os acidentes, seja estes crônicos ou agudos, de origem antropogênica ou natural.

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Gestão de Riscos

Unidade 1

Seção 3 – Conceitos para o gerenciamento de risco

Com o intuito de facilitar a compreensão do processo de gerenciamento de risco devemos conceituar e diferenciar alguns termos relevantes, entre os quais podemos citar: salvaguarda, risco, perigo, acidente, incidente, entre outros.

� Salvaguarda - segundo consta no dicionário Aurélio, é a proteção e garantia (de direito, de liberdade, de segurança) concedidas por autoridade ou instituição a um indivíduo, a uma coletividade, a um estatuto.

� Perigo (Hazard) - potencialidade de causar danos graves às pessoas e ao meio ambiente. A identificação de perigos tem por objetivo conhecer os possíveis eventos indesejáveis que podem levar à materialização de um perigo, para que possam ser definidas as hipóteses acidentais que poderão acarretar consequências significativas.

� Risco (Risk) - probabilidade ou possibilidade de acontecer algum dano à saúde humana, à segurança, ao meio ambiente ou ao patrimônio.

Risco = F x Perigo

Em que F considera a probabilidade de ocorrência de determinado acidente, mas F é composto, em menor grau, por vários outros elementos, como impacto, conservação, treinamento, equipamentos apropriados, condições psicológicas, entre outros.

� Incidente - qualquer evento ou fato negativo que pode causar danos em potencial. Também é o quase acidente, ou seja, a condição que se apresenta sem danos manifestos.

� Acidente - Evento ou sequência de eventos fortuitos e não planejados, que dão origem a uma consequência específica e indesejada, ocasionando danos humanos, materiais ou ambientais.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Considerando as definições de risco e perigo, podemos entender que o perigo existe independente da vontade dos seres humanos, sendo inerente às instalações e à natureza; enquanto que o risco é o modo como os seres humanos lidam com o perigo.

Acompanhe os exemplos, a seguir para entender melhor sobre esse assunto.

a) O combustível gasolina é um Perigo. Porém, o risco vai depender da forma como esse produto inflamável pode afetar as pessoas. A probabilidade de que ele cause dano às pessoas estando, por exemplo, armazenado em um recipiente hermeticamente fechado. Nesse caso, o Risco é baixo, mas se o mesmo produto – gasolina – for armazenado em um recipiente aberto para a atmosfera, a probabilidade de que os seus vapores saiam do recipiente e encontrem uma fonte de ignição é alta, daí o Risco será alto.

b) A avaliação dos riscos consiste em identificar como estamos lidando com os perigos nas nossas instalações, verificando os seus danos (consequências) e a frequência (probabilidade) em que eles ocorrem.

c) Uma corredeira proporciona um PERIGO. Mas descer a corredeira representa um RISCO, que pode variar dependendo de como se desce, do treinamento e experiência das pessoas e dos equipamentos utilizados.

d) Uma escada proporciona um PERIGO. Subir ou descer uma escada representa um RISCO.

e) Aquecimento a gás proporciona um PERIGO. Utilizar o aquecimento a gás representa um RISCO.

f) Um produto que utiliza CFC proporciona um PERIGO. Utilizá-lo produto representa um RISCO.

Como é impossível eliminar o risco, o melhor a fazer é tentar estabelecer uma comparação entre o risco e os benefícios. Um número muito maior de pessoas morreria de frio, por exemplo, na Europa se o governo banisse o uso de aquecedores a gás, por causa do risco de incêndios ou explosões. Nesse caso, o benefício ultrapassa o risco largamente e a decisão, então, torna-se mais fácil (DUARTE, 2002).

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Gestão de Riscos

Unidade 1

Para existir risco, três condições devem ser satisfeitas:

� existência da fonte (perigo);

� um receptor sensível;

� uma via plausível de ligação entre fonte e receptor (pode ser atual ou futura), desde que possível.

- E quando o assunto é correr riscos no trabalho, os trabalhadores encontram nas NRs a oportunidade de se defenderem e ter mais chances de serem protegidos contra riscos em ambientes de trabalho. Veja a seguir, um pouco mais sobre esse assunto.

As Normas Regulamentadoras (NR)

As normas regulamentadoras (NR) existem desde a aprovação e publicação da Portaria n. 3214, de 8 de junho de1978, e do Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis dos Trabalhadores de 1992, com apoio de sindicato dos técnicos de segurança, CIESP e SESI que solicitaram a oficialização do Mapa de Riscos Ambientais. E este foi regulamentado pela Portaria n. 5, publicada no dia 20 de agosto de 1992, dispondo sobre a obrigatoriedade da elaboração do Mapa de Risco Ambiental (MRA), Norma Reguladora n. 9, referente a riscos ambientais.

Seguindo a NR 5 – Comissão interna de prevenção de acidentes – e NR 9 – Programa de prevenção de riscos ambientais –, os riscos são divididos em cinco: riscos químicos, riscos físicos, riscos biológicos, riscos ergonômicos e riscos mecânicos. Mas o que são riscos ambientais?

Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes (interno ou externo) que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador (BRASIL, 2008).

Os agentes de risco físicos, químicos

e biológicos serão estudados na

unidade 4.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Nas atividades desenvolvidas em um local (interno ou externo), podemos encontrar os seguintes tipos de riscos:

1. Risco crônico – aquele que apresenta uma ação contínua por longo período, cujas consequências indesejáveis se manifestam de forma menos intensa e em média ou longa escala de tempo. O risco é recorrente, refere-se a ações que ocorrem todo dia. Por exemplo, construção próxima a um rio, local de lavagem de carro, utilização de CFC em sistemas de refrigeração reflete na camada de ozônio, os efeitos do despejo de esgoto sobre os recursos hídricos ou no solo, gases que levam ao superaquecimento do planeta, compostos químicos que levam à acidificação dos oceanos e danos à saúde, como desenvolvimento de câncer.

2. Risco agudo – aquele cujas consequências indesejáveis se manifestam de forma intensa e numa pequena escala de tempo. O risco agudo refere-se a ações que não ocorrem todo dia, como, por exemplo, um incêndio em um hospital, um derrame de produto químico no solo, uma explosão de dutos de transporte de gás natural, doenças como uma intoxicação, entre outros.

Geralmente, um risco existente em um local (interno ou externo) implica três alvos: o indivíduo, um grupo de indivíduos e o planeta. Na figura 1.1, temos a representação de risco individual (a), risco social (b) e risco global (c).

(a) (b) (c)

Figura 1.1 - Representação do risco individual (a), risco social (b) e risco global (c) Fonte: Disponível em: <http://www.parana-online.com.br/canal/vida-e-saude/news/278230/>; <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=24173066>; <http://agvcastroverde.drealentejo.pt/moodle/course/category.php?id=47>, respectivamente. Acesso em: 15 abr 2009.

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Gestão de Riscos

Unidade 1

O método para analisar e expressar o risco foi originalmente desenvolvido para a indústria nuclear. Atualmente, utiliza-se para cenários acidentais que extrapolem os limites do empreendimento e possam afetar pessoas; os riscos agudos deverão ser estimados e apresentados nas formas de Risco Individual e Risco Social. Conheça-os a seguir.

� Risco Individual - risco para uma pessoa presente na vizinhança de um perigo, considerando a natureza do dano e o período de tempo (frequência) em que ele pode ocorrer. O risco individual é mais comum e o que geralmente ocorre em postos de trabalho. Normalmente, o dano é estimado em termos de fatalidade. Exemplo: desenvolver uma doença devido à presença de substâncias químicas, como câncer, necrose do fígado, pneumoconiótica.

Onde:

RIx,y = risco individual total de fatalidade no ponto x,y; chance de fatalidade por ano (ano-1).

RIx,y,i = risco de fatalidade no ponto x,y devido ao evento i; chance de fatalidade por ano (ano-1).

n = número total de eventos considerados na análise;

fi = frequência de ocorrência do evento i;

pfi = probabilidade que o evento i resulte em fatalidade no ponto x,y, de acordo com os efeitos esperados.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

A seguir, conheça um exemplo de contaminação individual, o qual foi extraído do texto original intitulado “Determinação de Hg em leite materno de ribeirinhos do Rio Madeira”, autoria de Antônio Carneiro Barbosa (PQ ), Paulo Roque Martins Silva (PG), Sandra Regina Silva (PG) e Fátima Aparecida B. Barreto (TC), desenvolvido no Laboratório de Química Analítica Ambiental – Departamento de Química, da Universidade de Brasília – Brasília – DF, que foi apresentado na SBQ (Sociedade Brasileira de Química), 1999, p.14.

“...Foram digeridos 3 ml de leite com mistura sulfonítrica concentrada, em refluxo a quente durante 2 horas, após uma pré-digestão a frio. Ao fim do processo foram adicionados 2 ml de H2O2 30%, retomando-se o aquecimento. Com o ataque completo, o digerido foi diluído para um volume final de 50 ml e as leituras feitas em um monitor de mercúrio LDC Analytical modelo 1255. A concentração média de mercúrio encontrada no leite foi de 5,14 ng.ml-1, sendo que das 31 mães amostradas, 41,9% apresentaram teores entre 5 e 10 ng.ml-1 e 16,2% acima de 10 ng.ml-1. Os resultados encontrados são preocupantes, pois segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO 1976), o nível máximo tolerável de mercúrio no leite materno é de apenas de 1 ng.mL-1, o que corresponde a uma ingestão diária de 0,3 μg Hg/Kg massa corpórea/dia...”

Neste exemplo, podemos observar que as mãe estão contaminadas por Hg e estas irão contaminar seus filhos, sendo que algumas das crianças têm como exclusiva fonte de alimentação o leite materno. A contaminação das mães e demais familiares torna-se um risco social. Mas cada indivíduo, que pode ser contaminado, seja criança ou adulto, apresenta risco individual.

Risco Social - risco para um determinado número ou grupamento de pessoas presente na zona de influência de um ou mais cenários (acidente). O risco social é mais comum e o que geralmente ocorre quando envolve desastres naturais.

RS = Frequência X consequência e é normal/ expresso em mortes/ano

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Gestão de Riscos

Unidade 1

A apresentação do risco social deverá ser feita por meio da curva F-N (Figura 1.2), obtida pela plotagem dos dados de frequência acumulada do evento final e seus respectivos efeitos representados em termos de número de vítimas fatais.

Figura 1.2 - Exemplo de representação do risco social por meio da curva F-N. Fonte: Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/emergencia/riscos/estudo/etapas_estim_avaliacao.asp>. Acesso em: 15 abr 2009.

A apresentação do risco individual e social, segundo estabelecido pela CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, deverá ser feita por meio de curvas de iso-risco (contornos de risco individual), uma vez que estas possibilitam visualizar a distribuição geográfica do risco em diferentes regiões. Assim, o contorno de um determinado nível de risco individual deverá representar a frequência esperada de um evento capaz de causar um dano num local específico.

Curvas de Iso-risco são conjuntos de pontos que possuem o mesmo valor do risco. Essas curvas possibilitam visualizar a distribuição geográfica do risco em diferentes pontos nas vizinhanças da instalação. (SÃO PAULO, 2008).

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Universidade do Sul de Santa Catarina

A figura 1.3 é um exemplo de curva de iso-risco, onde o risco individual é apresentado por meio de diversos contornos de risco plotados na zona de efeito de um acidente. Locais de vulnerabilidades específicas, como, por exemplo, escolas, hospitais e áreas de grande concentração de pessoas. Esses locais deverão ser facilmente identificados por meio dessa forma de representação do risco. (SÃO PAULO, 2008).

Figura 1.3 - Representação de curva de iso-risco (risco individual e risco social) Fonte: Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/emergencia/riscos/estudo/etapas_estim_avaliacao.asp>. Acesso em: 15 abr 2009.

No Brasil, a ocorrência de risco social é principalmente observada em desastres naturais, sendo o maior de tempestades rigorosas no Sul e no Sudeste do país. No estado de Santa Catarina, no período de 1980-2000, ocorreram mais frequentemente inundações graduais, seguidas pelos vendavais e inundações bruscas. Nada na história de desastres naturais se compara ao ocorrido nos dias 22, 23 e 24 do mês de novembro de 2008, que atingiu de modo mais intenso onze cidades do estado de Santa Catarina.

Na figura 1.4 pode ser visualizada parte da cidade de Blumenau, uma das cidades mais afetadas pelas chuvas. A cidade amanheceu com diversas casas embaixo d´água, também sofreu com regiões isoladas, desmoronamentos, falta de água, gás e energia.

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Gestão de Riscos

Unidade 1

Figura 1.4 - Telhados de casas atingidas pelas enchentes no bairro de Fortaleza, em Blumenau (Foto: Jaime Batista da Silva/VC no G1) Fonte: Disponível em: <http://g1.globo.com/VCnoG1/0,,MUL875003-8491,00-CASAS+AMANHECEM+SUBMERSAS+EM+BLUMENAU.html>. Acesso em: 15 abr 2009.

� Risco Global - risco para a humanidade, planeta. Exemplo: buraco na camada de ozônio, aquecimento do planeta, radioatividade, guerra biológica.

O ozônio presente na estratosfera funciona como um atenuador da radiação ultravioleta, utilizando a energia desse tipo de radiação nas reações químicas associadas aos processos de formação e de destruição dele mesmo. Quando ocorre a destruição da camada de ozônio, a radiação ultravioleta torna-se um risco global.

Conviver com riscos não é uma tarefa fácil, bem como a tomada de decisões é complicada. Objetivando simplificar e possibilitar essas decisões, foram desenvolvidas técnicas de análise de risco, em que são racionalizadas as dificuldades e valorados os graus de risco, podendo ser geradas matrizes de decisão.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 4 - Cenários de frequência e de consequências

Ao se avaliar os riscos de uma instalação, identificam-se os perigos e, a partir daí, analisa-se e avalia-se a frequência de ocorrência e as suas consequências. Se forem desenhados todos os riscos de uma instalação em uma curva de frequência de ocorrência contra danos ou consequências, deve-se obter uma curva do tipo representado na figura 1.5.

Danos

Frequência da ocorrência

Figura 1.5 - Curva de riscos, frequência versos consequências

Observando o gráfico demonstrado na figura 1.5 pode-se notar que, na maioria dos casos, os riscos que têm uma alta frequência de ocorrência tendem a ter consequências ou danos menores; quando causam danos mais graves, a frequência de ocorrência é mais baixa.

Essa linha de risco define o grau de qualidade de gerenciamento de riscos de uma empresa, ou seja, quanto mais afastada a linha de riscos dos eixos, maior é o risco dessa empresa. Ao se implantar medidas de redução dos riscos se trabalha tanto no sentido da prevenção, ou seja, redução da frequência de ocorrência, quanto na proteção, ou seja ,minimização ou redução das consequências.

No caso de redução da frequência, são implantadas medidas que visam a evitar que os acidentes aconteçam, como, por exemplo, não utilizar ou produzir substâncias químicas tóxicas, treinar os operadores, não realizar queimadas em matas e plantações, mudar as condições ambientes do trabalho, não construir em orlas de rios, lagos e praias, colocar proteção em máquinas etc.

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Gestão de Riscos

Unidade 1

No caso de redução de consequências, as medidas são de proteção, como, por exemplo, implantar o uso de EPIs, instalar sistemas fixos de combate a incêndios, elaborar e exibir mapa de risco, estabelecer planos de ação para emergências etc., ou seja, medidas que não evitam os acidentes, mas minimizam suas consequências caso eles ocorram.

O próximo passo ao se atingir o risco tolerável é a administração ou o gerenciamento dos riscos residuais, que deverão ser sempre reavaliados, pois podem mudar com o passar do tempo, com fatores como: envelhecimento dos sistemas e dos equipamentos, mudanças de pessoas, mudanças na tecnologia etc.

Síntese

Nesta unidade, você leu a respeito do histórico e da origem do termo Risco e as possíveis escalas de gerenciamento de risco, que atualmente são empregadas em contextos bastante diferentes, por exemplo, risco à saúde humana, risco à segurança, risco ao meio ambiente, risco comercial, risco à reputação, entre outros.

Você estudou conceitos para o gerenciamento de risco, como salvaguarda, perigo, risco, incidente, acidente, tipos de risco (químico, físico, biológico, físico e mecânico), que os riscos podem ser agudo ou crônico, e que englobam diferentes números de indivíduos, em que teremos os riscos individual, social e global.

Quanto ao cenário de frequência e de consequências, você estudou que, na maioria dos casos, os riscos que têm uma alta frequência de ocorrência tendem a ter consequências ou danos menores; já quando causam danos mais graves, a frequência de ocorrência é mais baixa.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação

Ao final de cada unidade, você realizará atividades de autoavaliação. O gabarito está disponível no final do livro didático. Mas esforce-se para resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois assim você estará promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.

1) Existem diferentes classificações para risco dependendo da ênfase que se deseja trabalhar. De acordo com o exposto, relacione a segunda coluna de acordo com a primeira.

a) ( ) Risco Antropogênico ( ) Risco para uma pessoa presente na vizinhança de um perigo.

b) ( ) Risco Natural ( ) Risco para uma humanidade, planeta.

c) ( ) Risco Agudo ( ) É o risco decorrente de atividades desenvolvidas pelo homem.

d) ( ) Risco Crônico ( ) O risco decorrente de distúrbios da natureza.

e) ( ) Risco Individual ( ) Aquele que apresenta uma ação contínua por longo período.

f) ( ) Risco Social

( ) Risco para um determinado número ou agrupamento de pessoas presente na zona de influência de um ou mais cenários.

g) ( ) Risco Global() Aquelas consequências indesejáveis

se manifestam de forma intensa e numa pequena escala de tempo.

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Gestão de Riscos

Unidade 1

2) Na figura 1.6 pode ser observado o mapa de Santa Catarina, e os pontos marcados correspondem às cidades mais atingidas pela enchentes do mês de novembro de 2008.

Figura 1.6 - Mapa do estado de Santa Catarina identificando as cidades mais atingidas pelas enchentes Fonte: Disponível em: <http://g1.globo.com/VCnoG1/0,,MUL873952-8491,00-VEJA+O+MAPA+DAS+ENCHENTES+EM+SANTA+CATARINA.html>. Acesso em: 15 abr 2009.

Analisando a figura 1.6, responda às seguintes questões:

a) O risco de uma enchente atinge que magnitude?

b) A enchente é um risco antropogênico ou natural?

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Universidade do Sul de Santa Catarina

c) Os riscos foram crônicos ou agudos? Cite exemplos para cada situação.

d) Pesquise o que são inundações graduais e bruscas.

3) Para existir risco três condições devem ser satisfeitas. Quais são essas condições? Monte um exemplo em que você deixa evidente a existência dessas condições para que se tenha risco.

4) Na figura 1.7 temos representada uma curva de iso-risco para uma operação. Que informações devem ser fornecidas por uma curva de iso-risco? Analisando as curvas de iso-risco, que decisão você toma com respeito à atividade em questão em cada uma delas na figura 1.7?

Estocagem de petróleo

Área residencial

Indústria petroquímica

Indústria químicaÁrea residencial

Figura 1.7 - Representação de curva de iso-riscoFonte: Disponível em http://fatorambiental.com.br/atuacao/gerenciamento_riscos.php

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Gestão de Riscos

Unidade 1

Saiba mais

Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade ao consultar as seguintes referências:

VALLE, Cyro Eyer do; LAGE, Henrique. Meio ambiente: acidentes, lições, soluções. São Paulo: Senac, 2003

DUARTE, M. Riscos industriais: etapas para a investigação e a prevenção de acidentes. Rio de Janeiro: Funenseg, 2002.

ROSA, E. A.; Renn, O., Jaeger, C. et al. ‘Risk as challenge to cross-cultural dialogue’. 32th Congress, Dialogue between cultures and changes in Europe and the World. Trieste, International Institute of Sociology, 3-7, julho. 1995.

DOUGLAS, M. ‘Les études de perception du risque: Un état de l’art’. Em J.-L. Fabiani e J. Theys (orgs.). La société vulnérable: évaluer et maîtriser les risques. Paris, Presses de L’École Normale Supérieure, pp. 55-60, 1987.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV) Dicionário de ciências sociais. Rio de Janeiro, FGV, 1987. 2 vols.

THEYS, J. ‘La societé vulnérable’. Em J.-L. Fabiani e J. Theys (orgs.). La société vulnérable: évaluer et maîtriser les risques. Paris, Presses de L’École Normale Supérieure, pp. 3-35. 1987

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Page 38: [6438]Gestao de Riscos

COVELLO (orgs.). The social and cultural construction of risk: essays on risk selection and perception. Dordrecht, D. Reidel Publishing Company, 1987. p. 103-45.

BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria n° 3214 de 8 de junho de 1978: Normas Regulamentadoras relativas à segurança e medicina do trabalho. NR 9 - Programa de prevenção de riscos ambientais. In: Manual de Legislação Atlas de Segurança e Medicina do Trabalho, 62ª edição, São Paulo: Atlas, 2008. 797 p.

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2UNIDADE 2

Introdução ao gerenciamento de risco

Objetivos de aprendizagem

� Conhecer os elementos que compõem um programa de gestão de riscos.

� Compreender e identificar análise qualitativa e quantitativa.

� Conhecer metodologias de análise de risco.

� Analisar casos de acidentes ambientais.

Seções de estudo

Seção 1 Programa de gestão de riscos

Seção 2 Estudo de caso

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Para início de estudo

A humanidade tem um passado principalmente quanto a avanços tecnológicos que inquestionavelmente tem trazido benefícios para ela, porém, a um preço elevado para a preservação do meio ambiente e saúde humana. Mas podemos utilizar esse passado para aprender e não permitir mais que os mesmos erros ou novos erros venham a acontecer.

Diferentes cidades já tiveram ou têm regiões inteiras sob intensas nuvens de fumaça; instalações nucleares obsoletas e inseguras; lagos sem peixes; florestas mortas; centros urbanos decorados com esculturas desfiguradas pela poluição; smog fotoquímico; produção, transporte e estocagem de resíduos tóxicos; pesticidas contaminado locais distantes da origem de aplicação etc.

A humanidade deve adequar-se de modo a manter ou melhorar a qualidade de vida, seja por meio da conscientização ou devido a elevadas multas, custos para limpeza de áreas contaminadas, indenizações, entre outros.

Como fazer para evitar os problemas ambientais vividos e tantos outros problemas que podem atingem a humanidade? Acreditamos que a resposta seja a previsão e a prevenção por meio de planejamento, implantação e manutenção de um eficiente programa de gerenciamento de riscos.

Seção 1 – Programa de gestão de riscos

A partir de 1990, algumas empresas e órgãos ambientais, nacionais e exteriores, passaram a desenvolver seus modelos de Programas de Gestão de Riscos (PGR); sendo assim, é prática relativamente recente. Não existe um modelo único de PGR, os modelos encontrados na literatura podem se diferenciar em alguns elementos que os compõem, devido à necessidade da empresa ou órgão.

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Gestão de Riscos

Unidade 2

Deve-se entender que o PGR, muito antes de ser um objetivo, é uma estratégia ou uma ação qualquer em direção ao objetivo, é uma filosofia, de cuja disseminação e assimilação efetiva pela organização dependerá o fortalecimento da sua capacidade de superar riscos.

Segundo De Cicco e Fantazzini (1994, p. 54), “Gerência de Riscos é a ciência, a arte e a função que visa a proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa, quer através da eliminação ou redução de seus riscos, quer através do financiamento dos riscos remanescentes, conforme seja economicamente mais viável”. Portanto, o gerenciamento de riscos busca a diminuição de erros e falhas e o estabelecimento de planos de ação de emergência para a mitigação de acidentes.

- Nesta disciplina, o PGR que será apresentado está embasado no livro “Meio Ambiente: acidentes, lições e soluções” de Vale e Lage (2004), o qual utiliza um modelo de gerenciamento de riscos que teve como base os PGR de inúmeras empresas, ou seja, foi efetivamente desenvolvido na prática.

Como está estruturado um PGR?

O programa é composto de elementos que devem, obrigatoriamente, manter forte relação entre si, e sua aplicação prática mostra que o grande desafio é produzir documentos que realmente sejam seguidos e utilizados nas empresas/órgãos. (VALE; LAGE, 2004) Devemos tomar cuidado para que não ocorra à construção apenas de papéis, ou seja, a construção de papéis sem aplicação no dia a dia da empresa/órgão, e que traga uma falsa sensação de dever cumprido.

Fonte: Disponível em www.liberass.com.br/images/113b.jpg

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Segundo Vale e Lage (2004), um programa de gerenciamento de riscos é composto dos seguintes elementos:

� organização;

� identificação, avaliação, eliminação e controle de riscos;

� normas e procedimentos;

� manutenção de equipamentos críticos;

� dados de segurança de produtos;

� investigação de acidentes/incidentes;

� controle de modificações de processo/equipamento;

� gerenciamento de emergências;

� comunicação;

� seguro;

� auditoria.

Dada a sua abrangência, o gerenciamento de riscos exige uma conduta sistemática para a sua implantação, quando é desejo da empresa ou órgão obter o maior êxito possível por meio da redução de perdas (vidas, produção, administração ou financeiro).

Para o gerenciamento de risco, devemos sempre ter em mente os termos previsão e prevenção (IPT, 2007).

� A previsão possibilita a identificação das áreas de risco e indica os locais onde poderão ocorrer acidentes, estabelecendo as condições e as circunstâncias para a ocorrência dos processos.

� A prevenção fornece a possibilidade de adotar medidas preventivas, visando a impedir a ocorrência dos processos ou a redução das magnitudes, minimizando os próprios impactos e agindo sobre pessoas e/ou ambiente e/ou edificações.

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Gestão de Riscos

Unidade 2

- Nesta disciplina não vamos tratar de todos os elementos apresentados anteriormente, mas apenas dos diretamente ligados ao risco. A superação de um risco está diretamente relacionada com a nossa capacidade de (1) identificação, (2) análise, (3) avaliação e (4) controle dos riscos puros em um ambiente/local, com o objetivo de minimizar a possibilidade e a probabilidade de ocorrência de incidentes e acidentes, melhorando a segurança.

A figura 2.1 apresenta os elementos básicos constituintes da superação de um risco, sendo esta parte importante de um programa de gerenciamento de riscos.

RISCOS

Identificação Análise ControleAvaliação

Figura 2.1 - Elementos básicos do processo de gerenciamento de risco. Fonte: Do autor.

Já a figura 2.2, a seguir, mostra um fluxograma completo das etapas de um Programa de Gerenciamento de Risco, as quais serão estudadas a seguir. Esse estudo deve ser realizado para homogeneizar o entendimento das equipes técnicas da superação dos riscos de um gerenciamento de riscos.

Serão priorizadas, nesta

disciplina, as etapas de

identificação, análise,

avaliação e controle de

risco.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

CONFIABILIDADE ANÁLISE DE RISCOS

DEFINIÇÃO DO SISTEMA EM ESTUDO: FRONTEIRAS, OBJETIVOS E ESCOPO

COLETA DE INFORMAÇÕES

IDENTIFICAÇÃO DOS PERIGOS(EVENTOS INICIADORES DE

ACIDENTES)

AVALIAÇÃO DOS RISCOS

RISCOS ACEITÁVEIS

MEDIDAS MITIGADORAS

PLANO DEAÇÃO

FREQUÊNCIAS DOS EVENTOS INICIADORES

DIS PONIB IL IDA DE DOS S IT E MA S DE PR OT E Ç Ã O

FREQUÊNCIA DE CENÁRIOS DE

ACIDENTES

AVALIAÇÃO DAS FREQUÊNCIAS

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS FÍSICOS (FLUXO TÉRMICO,

SOBREPRESSÃO, ETC)

AVALIAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS

ANÁLISE DE VULNERABILIDADE

ANÁLISE DAS CONSEQUÊNCIAS

ETAPAS DE UMA AVALIAÇÃO COMPLETA

R= X

Figura 2.2 - Fluxograma com etapas de um programa de gerenciamento de riscos Fonte: Do autor.

Conheça cada uma das fases do fluxograma demonstrado na figura 2.2, conforme o foco desta disciplina.

a) Identificação de riscos

A identificação é o primeiro passo da gestão dos riscos de um ambiente/local. Esta ação se refere aos trabalhos de reconhecimento de perigos e da identificação das respectivas áreas de risco. Para cada tipo de ameaça, deve-se entender os

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Gestão de Riscos

Unidade 2

fatores condicionantes, os agentes deflagadores e os elementos sob risco. Os trabalhos de identificação apresentam-se, geralmente, sob a forma de mapas de identificação espacial das áreas de risco (IPT, 2007).

A identificação dos riscos de um ambiente/local geralmente utiliza um conjunto de ferramentas. Podemos citar como exemplos: questionários próprios, exame de manuais, instruções, balanços e outros documentos do ambiente/local, visitas às instalações, medidas, entre outras. Estudo de retroanálise de acidentes associados aos diferentes tipos de processos possíveis de ocorrer em uma dada localidade é um dos métodos aplicados na identificação dos riscos para o reconhecimento prévio do problema.

Rotineiramente, utiliza-se métodos qualitativos e quantitativos para a identificação dos riscos.

� Avaliação qualitativa é aquela que não usa instrumentos científicos em sua elaboração, ou seja, por este fato é dependente da percepção e experiência do técnico que executa. A avaliação qualitativa é baseada em conhecimento específico dos ambientes/locais, conta com a participação de pessoas (conversas, entrevistas), epidemias, análise de documentos, entre outras.

� Avaliação quantitativa é aquela que necessita de instrumentos científicos para sua realização, devendo estes estarem calibrados e preparados para cada tipo de análise. Podemos citar as análises realizadas com luxímetro, medidor de pressão sonora, cromatógrafos, espectrofotômetro, tubos colorimétricos, absorção atômica, termômetro, testes toxicológicos, exames de sangue, urina, fezes (distúrbios, doenças), medidas de inclinação de declividade, entre outros.

A falta da percepção do risco é característica marcante em operações ou ambientes com baixo índice de sinistro. Tal falta de percepção é, em tese, consequência da intimidade estabelecida entre o risco e o indivíduo. Quando ambientes com essas características oferecem baixos índices de sinistro, a qualidade do fator humano (habilidades), das condições ambientais ou do equipamento e materiais empregados deve ser máxima. Ocorre que existe a possibilidade de alterações nesses níveis de qualidade,

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que podem ser previsíveis ou não, e na intensidade em que isso ocorre, aproximando-se, deste modo, da condição de perigo.

Identificar um risco, geralmente, é um esforço extra para a pessoa que está envolvida e que nem sempre o percebe devido à convivência e intimidade com o risco.

Identificar riscos é um esforço adicional: de um funcionário em seu local de trabalho, de um ciclista em uma via pública, de um indivíduo para construir sua casa em uma área urbanizada destinada a moradia popular, entre outros.

Em paralelo com a identificação do risco verificam-se os impactos esperados. Podemos citar alguns exemplos: um funcionário que opera uma máquina de corte está suscetível a ter parte da mão ou toda a mão amputada caso não opere a máquina da maneira correta; um ciclista pode ter fratura, ou múltiplas fraturas e até morrer, caso seja atropelado numa via pública; uma família pode perder a casa e bens ou ainda a vida caso a casa tenha sido construída em área de risco de deslizamento (figura 2.3).

Figura 2.3 - Casas construídas em áreas de risco de deslizamento Fonte: SENE; Moreira. Trilhas da Geografia – Espaço geográfico brasileiro e cidadania. Editora Scipione. Disponível em: <http://biogeologia.wordpress.com/>. Acesso em: 15 abr 2009. Foto Jaime Tavares/SECOM

Uma vez conhecidos os riscos e seus impactos prováveis, pode-se passar às outras fases do processo, que podem ou não ser executadas simultaneamente.

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Gestão de Riscos

Unidade 2

b) Análise de riscos

Análise de risco é a metodologia de estudo que permite a identificação e a avaliação das ameaças de eventos ou acontecimentos adversos, de maior prevalência, e dos corpos receptores e das comunidades vulneráveis e essas ameaças, dentro de um determinado sistema receptor, cenário de desastres ou região geográfica. (DE CASTRO, 2007).

Uma análise de risco constitui-se um importante instrumento para se identificar riscos em uma unidade de qualquer tipo, permitindo a elaboração de mapas de risco ao meio ambiente interno e externo.

O risco é avaliado usando-se como modelos procedimentos estruturados. No início do estudo deve-se utilizar técnicas apropriadas e simples com a finalidade de identificar os riscos mais sérios para, em seguida, se for o caso, aplicar técnicas mais sofisticadas para avaliar a redução dos riscos.

Analisar um risco é identificar e discutir todas as possibilidades de ocorrência do acidente, na tentativa de se evitar que ele aconteça. A análise de riscos pressupõe que os indivíduos envolvidos tenham visão sistemática dos processos operacionais dos temas em análise. Assim sendo, eles devem entender que existem sistemas e subsistemas dependentes, de forma que, se um subsistema está funcionando mal, pode estar comprometendo um sistema principal e caminhando gradativamente para a efetivação de um acidente.

A análise dos riscos consiste em se identificar como está sendo lidado com os perigos nas instalações, verificando os danos (consequências) e a frequência (probabilidade) de ocorrência dos eventos sinistros, possibilitando que sejam tomadas precauções mitigadoras desses riscos.

Quando efetuar uma análise de risco?

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Universidade do Sul de Santa Catarina

A análise de riscos pode ocorrer nos seguintes casos:

� quando os riscos associados a uma atividade não são conhecidos;

� quando podem ser antecipados problemas potenciais que podem resultar em severas consequências em uma operação;

� quando são detectados repetidos problemas de segurança;

� quando regras de segurança devam ser estabelecidas antes do início de uma atividade.

As técnicas de análise de riscos têm evoluído junto com os demais conhecimentos humanos e algumas ferramentas hoje disponíveis permitem com que essa atividade seja realizada com elevado nível de profissionalismo. São elas:

� Análise preliminar de risco (APR);

� Estudo de perigos e operabilidade (HAZOP);

� Mapa de risco (MR);

� Série de riscos (SR);

� Análise por árvore de eventos;

� Análise de modos e efeitos de falhas (FMEA);

� Técnica de incidentes críticos.

A técnica de análise de risco escolhida deve dar uma visão ampla da situação, envolvendo as áreas da empresa nas quais os riscos podem estar presentes e deve permitir o trabalho em equipe.

Na atividade de mineração e processamento de concha calcária temos que pensar em todas as etapas do processo, que envolve a área que será minerada, as condições de trabalho na mineração e no processamento, o transporte do minério para a unidade de processamento, o processamento, a manutenção de máquinas, o laboratório de análises, os escritórios e o os resíduos.

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Unidade 2

A análise de risco será o reflexo da técnica escolhida e de fatores fundamentais, que são: a qualidade e profundidade de informação desejada; disponibilidade de informação e nível de conhecimento sobre o assunto em questão; custo de análises; tempo disponível antes que as decisões e as ações devam ser tomadas e disponibilidade de pessoal para assistir o processo.

Metodologias de análise de risco

Atualmente, diversas metodologias são aplicadas em análise de riscos. Iremos estudar rapidamente as técnicas mais utilizadas de mapeamento de risco, que são: análise preliminar de risco (APR), estudo de perigos e operabilidade (HAZOP), série de riscos (SR), análise de modos e efeitos de falhas (FMEA) e mapa de riscos.

Análise preliminar de risco (APR)

Esta análise tem por objetivo determinar os riscos e as medidas preventivas antes da fase operacional. É precursora de outras análises, estruturada para identificar a priori os perigos potenciais decorrentes da instalação de novas unidades, sistemas ou da operação de unidades e sistemas existentes. Útil em revisão geral, podendo ser utilizada na fase de projeto.

Esta metodologia procura examinar os possíveis eventos identificados, causas, métodos de detecção disponíveis e efeitos sobre ambiente. Além disso, são sugeridas medidas preventivas e ou mitigadoras dos perigos a fim de se eliminar as causas ou reduzir as consequências dos cenários de acidente identificados.

Na análise preliminar de riscos são levantadas as causas que ocasionam a ocorrência de cada um dos eventos a as suas respectivas consequências, sendo, então, feita uma avaliação qualitativa da frequência de ocorrência do cenário de acidente, da severidade das consequências e do risco associado. (VALE; LAGE, 2004)

Como resultado da APR devem ser obtidos:

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Universidade do Sul de Santa Catarina

a) uma relação de todos os perigos existentes na atividade;

b) o cenário em cada um desses perigos;

c) o impacto previsto caso o perigo se transforme em problema;

d) relação de medidas já tomadas para evitar o acidente ou para reduzir o impacto;

e) pontos ainda vulneráveis;

f) medidas a ser tomadas para evitar acidentes;

g) planos de contingência (medidas a ser tomadas, caso o acidente ocorra).

Estudo de perigos e operabilidade (HAZOP)

O método foi desenvolvido no final dos anos 1960 pela empresa inglesa ICI. É um dos melhores métodos para área de atividade de processamentos químicos e, em especial, nos processos contínuos.

O método visa a identificar os perigos e os problemas de operabilidade de uma instalação de processo. Esta metodologia é bastante estruturada, utilizando-se de procedimentos geradores de perguntas sistemáticas, valendo-se do uso apropriado de um conjunto de palavras-guias (Tabela 2.1) (VALE; LAGE, 2004).

O desenvolvimento da técnica é investigação de forma minuciosa e metódica de cada segmento de um processo, visando a descobrir todos os possíveis desvios das condições normais de operação, identificando as causas responsáveis por tais desvios e as respectivas consequências. As principais vantagens da análise por HAZOP estão relacionadas com a sistematicidade, flexibilidade e abrangência para identificação de perigos e problemas operacionais, porém, deve ser ressaltado que esta metodologia demanda tempo, dedicação e conhecimentos sólidos sobre o processo analisado. (GALANTE, 2006).

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Unidade 2

A técnica HAZOP utiliza basicamente dois formulários que estão nas tabelas 2.1 e 2.2. Na tabela 2.1 constam as palavras-guia e o desvio a ser analisado e na tabela 2 consta o relatório Hazop propriamente. O início dos trabalhos é pela escolha da área a ser analisada, que pode ser a partir de um fluxograma de operação, operação, equipamento, prática etc.

Tabela 2.1 - Palavras-guia e desvio

Palavra-guia Desvio

Mais Mais em relação a um parâmetro físico importante, por exemplo: vazão maior, temperatura maior, pressão maior etc.

Menos Menos em relação a um parâmetro físico importante, por exemplo: menor vazão, menor temperatura, menor pressão etc.

Fluxo reverso ou ausência de fluxo Não existe fluxo onde deveria existir, ou o fluxo pode ser reverso.

Mudança na composição Alguns componentes em maior (ou menor) proporção ou um componente faltando.

Componentes a mais Componentes a mais com relação aos que deveriam existir, por exemplo: fase A presente (vapor, sólido), impureza (ar, água, ácidos produtos de corrosão, contaminantes etc.)

Outra condição operacional

Partida, parada, funcionamento de pico, funcionamento de carga reduzida, modo alternativo de operação, mudança de catalisador etc.

Fonte: Vale e Lage, 2004

Cada área analisada terá um relatório correspondente, o qual é sistematizado na tabela 2.2.

Tabela 2.2 - Relatório Hazop

Empresa Unidade Data / /

Sistema Folha 1

Linha, equipamento ou instrução Fluxograma

Palavra-guia Desvio Causas possíveis Consequências No Ações requeridas

Fonte: Vale e Lage, 2004

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O relatório final será composto de descrição da área analisada, data de realização, descrição da equipe, folhas de registro, fluxograma do processo completo e plano de ação.

Série de riscos (SR)

Esta técnica objetiva determinar qual foi o risco diretamente responsável. Na elaboração de séries de riscos são apresentados passo a passo, a partir do risco ou riscos iniciais (pode haver mais de um), todos os riscos capazes de contribuir na série, que irá resultar finalmente no risco principal e nos possíveis danos. (GALANTE, 2006).

Análise de modos e efeitos de falhas (FMEA)

Análise de modos e efeitos de falhas, também conhecida pela sigla FMEA (Failure Mode and Effects Analysis), é uma técnica para ser aplicada principalmente a componentes e/ou sistemas mecânicos, cujo objetivo primordial é identificar cada um dos componentes de um sistema, levantando a probabilidade de ocorrer falha em componentes de sistemas complexos. As probabilidades geradas por meio dessas técnicas serão de grande valia na confecção da técnica de árvore de eventos (GALANTE, 2006).

Análise por árvore de eventos

Análise por árvore de eventos analisa a sucessão de causas possíveis para a ocorrência de um evento sinistro. Estruturada a sucessão do todas as causas prováveis, é calculada a probabilidade de cada causa acontecer isoladamente e, por meio de análise matemática, calcula-se a probabilidade de o evento destacado ocorrer. Esta análise é utilizada em estudos de grande importância, tais como complexos nucleares (GALANTE, 2006).

Técnica de incidentes críticos

É um método para identificar erros e condições inseguras que contribuem para os acidentes com lesão, tanto reais como potenciais, por meio de uma amostra aleatória estratificada de observadores/participantes, selecionados dentro de uma

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Unidade 2

população. Esses observadores/participantes são selecionados dos principais departamentos da empresa, de modo que possa ser obtida uma amostra representativa de operações existentes dentro das diferentes categorias de risco (GALANTE, 2006).

Periodicamente, reaplica-se a técnica, utilizando-se uma nova amostra aleatória estratificada, a fim de detectar novas áreas-problema, ou para usá-la como medida de eficiência do programa de prevenção anteriormente organizado.

Conheça, agora, como avaliar qualitativamente os riscos por meio do mapa de riscos.

Mapa de riscos

O mapa de riscos é uma das modalidades mais simples de avaliação qualitativa (e/ou quantitativa) dos riscos existentes nos locais de trabalho. Os mapas de risco têm por finalidade identificar os riscos presentes no ambiente de trabalho para aqueles que lá trabalham ou para quaisquer pessoas que por ventura devam adentrar na área. É uma ferramenta de planejamento para as ações preventivas que serão adotadas pela empresa. O mapeamento de risco visa a avaliar o tipo de risco e o grau de severidade presente, relativamente entre si. Os mapas de risco podem ser complexos ou simples, abranger grandes oficinas ou pequenos escritórios, mas o importante é que eles cumpram a sua finalidade: elucidar riscos.

Mapa de risco é a representação gráfica dos riscos por meio de círculos de diferentes cores e tamanhos, permitindo fácil elaboração e visualização.

O mapa de riscos deve ser elaborado de modo participativo, ou seja, elaborado pelos próprios trabalhadores e de conformidade com as suas sensibilidades. Ele está baseado no conceito filosófico de que quem faz o trabalho é quem conhece o trabalho. Ninguém conhece melhor a máquina do que o seu operador.

As informações e queixas partem dos trabalhadores, que deverão opinar, discutir e elaborar o mapa de riscos e divulgá-lo ao

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conjunto dos trabalhadores da empresa por meio da fixação e exposição em local visível.

Objetivamente, o mapa de riscos deve reunir as informações básicas necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação da segurança e saúde no trabalho na empresa e possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e a divulgação de informações entre os trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção.

Como benefícios da adoção do mapa de riscos tem-se:

� identificação prévia dos riscos existentes nos locais de trabalho aos quais os trabalhadores poderão estar expostos;

� conscientização quanto ao uso adequado das medidas e dos equipamentos de proteção coletiva e individual;

� redução de gastos com acidentes e doenças, medicação, indenização, substituição de trabalhadores e danos patrimoniais;

� facilitação da gestão de saúde e segurança no trabalho com aumento da segurança interna e externa;

� melhoria do clima organizacional, maior produtividade, competitividade e lucratividade.

A elaboração do mapa de riscos é uma metodologia bem aceita em ambiente de trabalho,. e segue a classificação dos riscos ambientais de acordo com a NR-9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. (BRASIL, 2009).

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Na elaboração do mapa de riscos são utilizadas cores para identificar o tipo de risco, conforme a classificação dos riscos ambientais. Deve-se seguir a proposição na NR-5, Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (CIPA), que divide os riscos em cinco categorias (veja a Tabela 2.3). Os riscos ambientais são classificados como riscos físicos (cor verde), riscos químicos (cor vermelho), riscos biológicos (cor marrom), riscos ergonômicos (cor amarela) e riscos de acidentes (cor azul) e estão apresentados na tabela a seguir.

O mapa de risco é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores.

Tabela 2.3 - Tabela de classificação dos riscos ambientais

GRUPO I:VERDE

GRUPO II:VERMELHO

GRUPO III:MARROM

GRUPO IV:AMARELO

GRUPO IV:Azul

Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Biológicos Riscos Ergonômicos Riscos de Acidentes

Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico intenso Arranjo físico inadequado

Vibrações Fumos Bactérias Levantamento e transporte manual de peso

Máquinas e equipamentos sem proteção

Radiações ionizantes

Neblinas Protozoários Exigência de postura inadequada

Ferramentas inadequadas ou defeituosas

Radiações não-ionizantes Neblinas Fungos

Controle rígido de produtividade

Iluminação inadequada

Frio Gases Parasitas Imposição de ritmos excessivos

Eletricidade

Calor Vapores Bacilos Trabalhos em turnos diurno e noturno

Probabilidade de incêndio ou exposão

Pressões anormais

Substâncias, compostos ou produtos químicos em geral

-Jornada de trabalho prolongada

Armazenamento inadequado

Umidade - -Monotonia e repetitividade

Animais peçonhentos

- - -Outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico

Outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes

Fonte: Adaptado de http://www.areaseg.com/sinais/mapaderisco.html (2006)

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Os graus de risco devem ser gerados e comparados entre si, ou usando-se as ferramentas de análise de risco ou gerando um valor consensual entre membros de Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (CIPA). De uma forma mais geral, as CIPAS, responsáveis pelo mapeamento de risco em empresas, utilizam-se de valores consensuais e graduados em três níveis: pequeno, médio e grande. A gravidade é representada pelo tamanho dos círculos (Figura 2.4).

� Círculo Pequeno - risco pequeno por sua essência ou por ser risco médio já protegido.

� Círculo Médio - risco que gera relativo incômodo mais que pode ser controlado.

� Círculo Grande - risco que pode matar, mutilar, gerar doenças e que não dispõe de mecanismo para redução, neutralização ou controle.

Grande Médio Pequeno

Figura 2.4 - Representação dos níveis de risco Fonte: Do autor.

Em alguns mapas de riscos encontramos a identificação pelo uso de círculos e escala numérica (Figura 2.5), que pode estar colocada dentro da figura ou em algum “balão” informativo. Este sistema evita problemas de identificação ou percepção, decorrentes de falhas de interpretação devido ao tamanho dos círculos.

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Risco grande

Figura 2.5 - Representação dos níveis de risco por meio de escala numérica Fonte: Do autor.

Como o mapa deve ser visível e autoexplicativo, devem ser usados símbolos para definir grau de risco e tipo do risco. Uma forma efetiva de identificar riscos num mapa é por meio de círculos coloridos com cores identificando os riscos e números (1, 2 e 3) ou diferentes tamanhos do círculo quantificando o nível do risco. Os círculos serão das cores correspondentes ao risco, por exemplo, risco químico, cor vermelha.

Como o mapa deve ser visível e autoexplicativo, devem ser usados símbolos para definir grau de risco e tipo do risco. Uma forma efetiva de identificar riscos num mapa é por meio de círculos coloridos com cores identificando os riscos e números (1, 2 e 3) ou diferentes tamanhos do círculo quantificando o nível do risco. Os círculos serão das cores correspondentes ao risco, por exemplo, risco químico, cor vermelha.

Na figura 2.6, há um exemplo de mapa de risco simplificado da linha de uma instalação industrial. O mapa de risco é realizado sobre o leiaute da instalação, em que o tipo e a gravidade do risco foram identificados para cada setor. No setor administrativo e CPD encontramos risco ergonômico elevado. No almoxarifado, há riscos mecânico, químico e físico moderado, enquanto que no banheiro, o risco existente é biológico de grau médio. No jardim, encontramos risco biológico e físico moderados. A linha de montagem é o setor que apresenta o maior número de riscos e em maior grau, sendo relatado risco mecânico, físico, químico e ergonômico elevados. No refeitório observamos os riscos biológico e ergonômico leve.

Veja no anexo deste livro

a imagem em formato

colorido.

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Na figura 2.7, podemos observar o Mapa de Risco de Febre Amarela Silvestre, onde são exibidas as áreas de circulação viral. Observe que neste caso a legenda foi criada de maneira a satisfazer as necessidades da mensagem que deve ser transmitida.

Mapas de riscos podem ser traçados para diferentes situações, como mapa de risco de queimada florestal, mapa de risco de precipitação, mapa de risco temperatura, mapa de risco de doenças.

Área Endêmica

Área de Transição

Área Índene

Área de Risco Potencial

Área de risco para FA

Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde MS

Área de Risco de Febre Amarela Silvestre Redefinidas.Brasil, 2003.

Figura 2.7 - Mapa de risco de Febre Amarela Silvestre Fonte: Disponível em <http://www.guaiba.rs.gov.br/saude/noticias/febre-amarela%2025012008>.

Acesso em: 23 mar 2009.

Uma vez os riscos analisados, pode-se passar às outras fases do processo, deixando claro que todo ele deve ser revisto periodicamente a cada seis ou 12 meses.

Veja no anexo deste livro

a imagem em formato

colorido.

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c) Avaliação de riscos

A quantificação dos riscos está, normalmente, sujeita a grande margem de incerteza.

A fase de avaliação é a mais delicada, por envolver julgamento e necessitar, geralmente, da participação do público na tomada de decisão.

De um modo geral, o critério “tão baixo quanto possível” é amplamente reconhecido como adequado para o controle de riscos. (VALE; LAGE, 2004).

Mas o que é tão baixo quanto possível?

A resposta pode ser número de fatalidade, então, no nosso entendimento deve ser igual a ZERO. O parâmetro fatalidade é muito usado como sistema de aceitação de risco, principalmente nas empresas que utilizam técnicas quantitativas, por meio das quais os riscos são calculados e traçados em um gráfico de risco social (gráfico F x N, ou seja, frequência de ocorrência de determinado acidente e o número de fatalidades). Os números obtidos são geralmente comparados com normas internacionais, como os padrões holandeses, dinamarqueses ou de Hong Kong (VALE; LAGE, 2004).

Muitos autores consideram que um risco ambiental não pode ser aceito pelo parâmetro fatalidade. Você aceitaria perder um familiar? Quando consideramos o parâmetro fatalidade estamos considerando que acidentes ambientais são situações de risco aceitável.

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Considere como exemplo o acidente ocorrido no dia 18 de fevereiro de 2000 na Baía de Guanabara, onde milhões de litros de óleo vazaram de um oleoduto da Refinaria de Duque de Caxias, e contaminando toda a baía, sendo que a fauna e a flora marítima foram quase dizimadas. Este acidente seria uma situação de risco aceitável, pois não ocorreu fatalidade. Mas teve um impacto negativo sobre o meio ambiente e na vida de pessoas e das organizações envolvidas. Será que uma situação dessas pode ser aceitável?

Por este exemplo, observe que devemos tomar muito cuidado para considerar um risco aceitável.Além de fatalidade, que sem dúvida é o parâmetro mais importante, devemos considerar impacto ambiental, continuidade do negócio, posicionamento da mídia e das autoridades, entre outros.

Avaliação de riscos é um exercício orientado para a quantificação da perda máxima provável que dele possa decorrer.

Cálculos de frequência que utilizam bancos de dados antigos e que não têm nada a ver com a atual realidade da empresa em avaliação,merecem cuidados, pois podem não separar questões como funcionários motivados e não motivados ou, ainda, problemas pessoais. Também são úteis os cálculos estatísticos, desde que bem analisados, pois se um evento pode ocorrer nos próximos 50 anos, devemos lembrar que o ano seguinte faz parte.

Qualquer série estatística, principalmente de riscos, passa a ser confiável, a partir de um período histórico de cinco anos; antes desse período o grau de incerteza é grande e as informações devem ser encaradas como orientadoras dos melhores parâmetros disponíveis para determinados ramos de atividade, setores econômicos, estados, países, continentes.

As metodologias de análise de risco utilizam-se de matrizes de tomada de decisão vinculadas a frequência, severidade e ocorrência.

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Gestão de Riscos

Unidade 2

A avaliação dos riscos é definida pelo grupo:

� Índices de Severidade (S)

� Índices de Frequência (F)

� Índices de Detecção (D)

Onde calcula-se o coeficiente de Risco (R)

R = S x F x D

Tabela 2.4 - Índices de severidade para metodologias de análise de risco

SEVERIDADE

Índice Severidade Critério

1 MínimaSem danos ou com danos insignificantes aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio ambiente.

2

3Pequena

Com danos leves/ou controláveis aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio ambiente.

4

5

6

ModeradaCom danos aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio ambiente. Exige ações corretivas. Lesões de gravidade moderada em funcionários e/ou terceiros.

7

8Alta

Danos severos aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio ambiente. Exige ações corretivas imediatas para evitar seu desdobramento em catástrofe. Lesões de gravidade moderada em funcionários e/ou terceiros, possibilidade de morte.

9

10Muito alta

Danos irreparáveis aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio ambiente. Lesões graves ou provoca a morte em funcionários e/ou terceiros.

Fonte: Do autor.

Os índices de severidade,

ocorrência e detecção

frequentemente são

apresentados na forma de

tabelas, como exibido nas

tabelas 2.4, 2.5 e 2.6.

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Tabela 2.5 - Índices de frequência para metodologias de análise de risco

FREQUÊNCIA

Índice Frequência Critério

1 Remota 1:1.000.000

2

3Pequena

1:20.000

1:4.000

4

5

6

Moderada

1:1.000

1:400

1:80

7

8Alta

1:40

1:20

9

10Muito alta

1:8

1:2

Fonte: Do autor.

Tabela 2.6 - Índices de detecção para metodologias de análise de risco

DETECÇÃO

Índice Detecção Critério

1 Muito grande Certamente será detectado

2

3Grande Grande probabilidade de ser detectado

4

5

6Moderada

Provavelmente será detectado

7

8Pequena

Provavelmente não será detectado

9

10Muito pequena

Certamente não será detectado

Fonte: Do autor.

Com as tabelas 2.4, 2.5 e 2.6, é possível atribuir valores aos riscos existentes devido à sua frequência, severidade e capacidade de detecção.

Podemos considerar risco mínimo ou aceitável quando a situação em análise atende todas as leis e regulamentações aplicáveis e/ou quando utiliza da melhor tecnologia disponível. (VALE; LAGE, 2004). Considere como exemplo o exposto a seguir.

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Gestão de Riscos

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A água de abastecimento de uma cidade possui risco aceitável quando obedece à legislação, Portaria n˚ 518 do Ministério da Saúde, de 25 de março de 2004. A Portaria n˚ 518 trata do controle e da vigilância da qualidade da água, preconiza que a água para consumo humano deve se enquadrar em determinados requisitos, dentre eles verifica-se turbidez, cor, odor, pH, cloretos, coliformes termotolerantes, entre outros.

A estocagem de resíduos perigosos classe 1 é uma atitude que envolve riscos, será considerado risco aceitável se a instalação para estocagem atender à norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 12235 - NBR. 12235. Não existe uma lei especifica para a estocagem de produtos químicos em tanques, ou seja, não é obrigatório a construção de diques de contenção no entorno dos tanques. No entanto, a prática mostra que a construção de diques diminui o risco em caso de acidente, sendo esta uma boa prática e, quando realizada, torna o risco aceitável.

Deve existir bom senso quando se determina risco aceitável para atividades que não dispõem de legislação ou que esta é antiga.

d) Tratamento e controle de riscos

O conhecimento adquirido sobre a vulnerabilidade de um local ou empresa depois dos riscos terem sido identificados, analisados, avaliados e classificados será grande. Pode-se propor um tratamento para cada um dos riscos (GALANTE, 2006).

As formas possíveis de se tratar um risco são as seguintes:

� evitar a consumação do risco;

� reduzir as possibilidades de que o risco se consuma;

� assumir o risco por autoadoção;

� assumir o risco por autosseguro;

� transferir o risco a terceiros;

� contratar seguros.

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Assumir um risco por autoadoção é quando uma empresa resolve correr riscos sem sequer constituir um fundo ou uma provisão para se assegurar dessa eventual perda.

Assumir o risco por autosseguro é um processo idêntico, exceto que, nesse caso, a empresa constitui um fundo, normalmente com valores correspondentes às parcelas de prêmio que resultariam de uma contratação de seguro. Reside aqui um problema fiscal, que é o não reconhecimento pela legislação do imposto de renda dessa provisão como sendo uma despesa dedutível (GALANTE, 2006).

O objetivo é agir fisicamente sobre os elementos que geram o risco de modo a reduzir sua probabilidade de materialização ou seu impacto ou ambos.

O controle de riscos ingressa em áreas tais como segurança no trabalho, ergonometria, saúde funcional e higiene industrial, segurança da propriedade e do indivíduo, planejamento contra forças da natureza, etc.

Instalação de detectores de gás natural e splinker.

Construção de almoxarifado com entrada auxiliar.

Como resultado do programa de gestão de riscos terá uma série de benefícios, sendo que os mais facilmente observados são:

� preservação de vidas e de recursos naturais. As empresas estão procurando cada vez mais evitar danos que possam causar aos funcionários, ao meio ambiente ou à sociedade em geral, seja por uma sincera preocupação social ou pelo receio de se verem envolvidos em um processo de responsabilidade civil ou criminal.

� redução da probabilidade de ocorrência de um acidente. Com um adequado programa de gerenciamento de riscos, o número de horas perdidas com acidentes de trabalho em uma fábrica tende a cair.

� redução no custo do seguro. Com um programa de gerenciamento de riscos entende-se melhor a necessidade de cobertura do seguro, além de adquirir descontos por parte das seguradoras.

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Gestão de Riscos

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� redução na incerteza associada a investimentos. Um bom programa de gerenciamento de riscos é um argumento a mais para convencer investidores em potencial a apoiar um projeto, pois está nele patente os cuidados tomados para evitar que sua lucratividade seja comprometida pela ocorrência de um evento acidental.

� aumento da produtividade. Nota-se, por vezes, uma melhoria na produtividade das empresas que adotam um programa de gerenciamento de riscos, seja pelo melhor uso de seus recursos ou pela motivação de seus funcionários. Acidentes acontecem, porém, o potencial de acidentes industriais causados pelo homem tem crescido com o desenvolvimento tecnológico.

- Nesta seção, você estudou que a previsão e a prevenção por meio de planejamento, implantação e manutenção de um eficiente programa de gerenciamento de riscos podem reduzir ou evitar riscos. Para entender melhor sobre o que foi aqui tratado, estude na próxima seção um estudo de caso relacionado a este assunto.

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Seção 2 – Estudo de caso

Esta seção é dedicada ao estudo de cinco acidentes ambientais que tiveram relevância, seja de impacto global, social e/ou individual.

Caso 1 - Mar de Aral

A diminuição do volume de água no Mar de Aral é considerada um dos maiores desastres ambientais e humanos da história. O Mar de Aral é um mar interior da Ásia, compartilhado entre o Cazaquistão ao norte e o Uzbequistão ao sul, ele cobria cerca 68.000 km² (VALE; LAGE, 2004).

Na década de 1960, um grande projeto de irrigação foi implantado pelo governo soviético. Os dois principais rios que contribuem para formar este mar, o Amu Dária e o Sir Dária, tiveram em toda sua extensão sucessivas drenagens feitas pelo governo soviético. Os fluxos acumulados em anos normais dos dois rios passaram de 60 km³, na década de 1950, a 38,5 km³em 1970; 10 km³ em 1975; e 1,3 km³ em 1986.

Passados 40 anos, o Mar de Aral apresentava sua superfície dividida em dois lagos menores (Figura 2.8), separados por um istmo de areia.

Figura 2.8 - Imagens do Mar de Aral Fonte: Disponível em <http://www.feriadelagua.com/mar.html>. Acesso em: 24 mar 2009.

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Unidade 2

O desastre vai alem da redução do lago, alguns cientistas estimam que estará seco por volta de 2010. A salinização das terras de cultivo provocou redução de produtividade das culturas irrigadas. O ar salino provocou doenças pulmonares, juntamente com a presença de fertilizantes e agrotóxicos. Levou também ao fim da pesca (VALE; LAGE, 2004).

Pode ser considerado como um erro de avaliação da hidrologia e da meteorologia locais, aliado a uma decisão de um governo, levando a um desastre ambiental. Esse desastre pode ser classificado como um acidente social, pois levou a fome a uma população e doenças.

Caso 2 - Clorofluorcarbonetos (CFC)

Os CFCs que vocês estudaram na disciplina de Química Ambiental e Saúde Ambiental se difundiram mundialmente devido a sua aplicação em sistemas de refrigeração, gás propelente para aerossóis, solventes, esterilizantes e aditivos em isolantes térmicos.

A exemplo de outras substâncias sintéticas relatadas em Química Ambiental e Saúde Ambiental, foram bem recebidos como produtos eficazes. Essa trajetória de sucesso foi interrompida pela descoberta de efeitos nocivos, também estudados nestas disciplinas.

Os esforços de substituição dos CFCs é regido pelo Protocolo de Montreal (1987), que tem provido recursos necessários para descontinuar a produção e o uso dessas substâncias em países desenvolvidos. Os efeitos delas pode ser classificado como um acidente ambiental de caráter global, cuja reversão – recomposição da camada de ozônio – somente será possível por meio de grande esforço mundial (VALE; LAGE, 2004)

A exemplo de outras

substâncias sintéticas

relatadas em Química

Ambiental e Saúde

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sucesso foi interrompida

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estudados nestas

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Caso 3 - Amianto

Conhecido desde a Antiguidade como uma substância que não se corrompia, o amianto existe na natureza sob seis formas de minerais distintos, cinco (actinolita, amosita, antrofilita, crocidolita e tremolita) sendo mais nocivas que a crisotila.

O principal emprego do amianto ocorreu na década de 1970, devido as sua propriedade de isolante termoacústico. As principais utilizações foram em tecidos incombustíveis, indústria automobilística (aditivo em pastilhas e lonas de freio), na construção civil na confecção de peças de fibrocimento (telhas, caixas d’água e tubulações), aditivos em pasta dental e material cirúrgico (VALE; LAGE, 2004).

A proibição do uso de amianto ocorreu quando constatado que suas fibras causavam fibrose dos pulmões em pessoas submetidas a um contato prolongado com a substância, podendo desenvolver mesoteliomas (tipo de câncer). O amianto é classificado como resíduo não inerte (Classe II) pela norma brasileira NBR 10004 de resíduos sólidos.

As indústrias automobilísticas já baniram sua utilização, a cada dia o amianto torna-se menos empregado, permanecendo em obras de construção civil, as quais devem ser cercadas de cuidados em caso de demolição ou reforma. O uso do amianto leva prejuízos aos indivíduos que o manipulem, sendo então um risco de caráter individual (Figura 2.9).

Caso 4 - Determinação de íons Cu++ em produtos de tomates industrializados

Para o combate aos fungos em plantações de tomates, são usados como princípio ativo dos fungicidas comercializados sais de cobres, como sulfato de cobre II, oxicloreto de cobre II e também óxido de cobre II e hidróxido de cobre II. Conforme liberação para comercialização do Ministério da Agricultura,

Figura 2.9 - Utilização de EPI na manipulação de telhas de amianto Fonte: Disponível em: <http://159.213.40.2:8000/immaginicontenuti/amianto1.jpg>. Acesso em: 23 mar 2009.

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esses fungicidas não são considerados sistêmicos, podendo, então, ser eliminados como uso de tensoativos. Foram analisadas amostras de tomates “in natura” e as concentrações de íons Cu++ nas cascas foi de 2,0 a 39,15 ppm por grama de amostra, em polpa de 1,3 a 15,72 ppm por grama de amostra e em sementes no intervalo de 2,1 a 38,15 ppm por grama de amostra.

Na análise de produtos industrializados de várias espécies, marcas e embalagens, comercializados na região de Goiânia – GO foi encontrado de 8,8 a 12,4 ppm de Cu++ por grama de reserva.

Esses resultados mostram que os íons Cu++ encontrados nos tomates “in natura” permanecem, mesmo após o processamento industrial, o que requer mais cuidado e cautela no uso dos defensores agrícolas. O risco, aqui, é individual, no caso de ingestão contínua do produto, podendo levar a risco social (ANDRADE; GOETZ, 1992).

Caso 5 - Acidentes em alto mar

Acidentes em alto mar, envolvendo plataformas exploradoras das riquezas marinhas, entre elas o petróleo, marcaram a história das empresas petrolíferas do mundo, a partir da segunda metade do século XX. A maior dessas tragédias aconteceu em março de 1980, no campo petrolífero de Ekofisk, no Mar do Norte: a plataforma Alexander Kielland, da Noruega, afundou durante uma tempestade, quando uma das peças metálicas de sua base rachou. Morreram mais de 120 pessoas e cerca de cem foram dadas como desaparecidas.

Dois anos depois, a maior plataforma submarina de exploração de petróleo do mundo na época, a Ocean Ranger, afundou na costa gelada da ilha de Terra Nova, no Canadá. A força das ondas de trinta metros de altura e dos ventos de 130 quilômetros — um furacão! — causou o acidente que matou os 84 tripulantes da embarcação.

Em 1988, uma outra plataforma tombou no Atlântico, quando estava sendo rebocada de Halifax, no Canadá, para o Mar do Norte. Novamente o mau tempo foi o provocador do acidente: uma

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tempestade rompeu o cabo que ligava a plataforma ao rebocador. A tripulação — 25 canadenses — teve de abandonar a embarcação.

Na década de 1970, o mundo assistiu a diversos acidentes. Em 1976, o petroleiro liberiano Sansinena explodiu no cais de uma companhia de petróleo na baía de Los Angeles. Cinco pessoas morreram, três desapareceram e cinquenta ficaram feridas. A explosão foi sentida a 65 quilômetros de distância.

As décadas de 1960 e 1970 foram palco de grandes vazamentos de óleo do século. Em 1967, o petroleiro Torrey Canyon encalhou no Canal da Mancha, lançando cem mil toneladas de óleo cru na água. Mais de cinquenta mil aves morreram no acidente, que foi considerado o maior de todos os tempos. Em 1973, a Baía de Guanabara recebeu um grande despejo de óleo dísel que poluiu toda a extensão da praia do Flamengo. Na época, a Capitania dos Portos aplicou uma pesada multa ao navio liberiano responsável pelo vazamento.

Em março de 2001, aconteceu no Brasil a tragédia mais recente: a plataforma P-36 afundou, seis dias após terem acontecido três explosões em uma de suas colunas, causando a morte de dez pessoas. A respeito desse episódio, em entrevista coletiva à imprensa, o presidente da PETROBRAS, Henri Philippe Reichstul, se disse transtornado com as perdas: “Esse é um momento triste e frustrante. Agora nossa maior preocupação é supervisionar os trabalhos ambientais e dar toda assistência às famílias dos mortos”. (Adaptado de JORNAL DO BRASIL, 21/3/2001, “Cidade”, p. 20).

Os riscos concentrados nessas unidades, especialmente nas de produção, têm causado acidentes de grande vulto, com muitas perdas de vida humana, principalmente devido aos produtos inflamáveis. O transporte dessas substâncias seja por dutos (submarinos e/ou terrestres) ou navios pode ser a causa de acidentes ambientais relevantes, levando a perdas da fauna e flora, devido ao derramamento de petróleo e seus derivados.

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Unidade 2

Síntese

Nesta unidade, você conheceu os elementos que compões um programa de gestão de riscos, sendo que seu estudo focou a compreensão e identificação das análises qualitativa e quantitativa. A análise qualitativa depende de observações, participação de pessoas, enquanto que a análise quantitativa é realizada com instrumentos.

Conheceu, também, as metodologias de análise de risco, sendo que as estudadas foram: análise preliminar de risco (APR), estudo de perigos e operabilidade (Hazop), mapa de risco (MR), série de riscos (SR), análise por árvore de eventos, análise de modos e efeitos de falhas (FMEA) e técnica de incidentes críticos.

Você analisou cinco casos de acidentes ambientais, que foram Mar do Aral, CFC, Amianto, Determinação de íons Cu++ em produtos de tomates industrializados e Acidentes em alto-mar, sendo que estes apresentaram risco individual, social e global.

Atividades de autoavaliação

Ao final de cada unidade, você realizará atividades de autoavaliação. O gabarito está disponível no final do livro didático. Mas esforce-se para resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois assim você estará promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.

1) Cite os métodos de análise de risco e faça um comentário curto (duas linhas) a respeito da sua utilização.

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2) Leia o texto a seguir.

Análise de água fl uoretada no município de Bauru-SP

Considera-se como água mineral aquela que conseguiu atingir profundidades maiores e, dessa forma, se enriqueceu em sais, adquirindo novas características físico-químicas. A presença de sais e a quantidade destes será diferente dependendo do ponto de capitação. A fl uoretação da água é um método reconhecido na prevenção da cárie dentária, quando utilizada na concentração ideal para cada região, segundo a temperatura média local. Considerando a água como importante fonte de ingestão de fl úor, o aumento da prevalência de fl uorose dentária e do consumo de água mineral, o estudo realizado teve como objetivo avaliar o consumo de água mineral e sua concentração de fl úor. A pesquisa foi realizada nos bairros do município de Bauru, SP. Foram visitadas mil residências que compunham uma amostra estratifi cada, obtida por conglomerados. Cada conglomerado correspondia a um quarteirão. Para efeito de sorteio os quarteirões foram numerados dentro das 17 regiões estabelecidas no plano diretor do município. Para coleta das amostras de água mineral foram usados frascos plásticos de 50 ml, previamente identifi cados. Na análise de fl úor utilizou-se eletrodo íon sensível (Orion 9609) após tamponamento com TISAB II. Informações a respeito do consumo de água mineral foram obtidas com a aplicação de um questionário. Constatou-se que cerca de 29,7% da população do município consome água mineral. Nas 260 amostras analisadas, das 29 diferentes águas, a concentração de fl úor variou de 0,045 a 1,515 mg/l. Com referência ao total das amostras analisadas (260), verifi cou-se que 62,3% das águas minerais apresentavam concentrações de fl úor, de 0,045 a 0,100 mg/l (não fl uoretada), 24,6% de 0,100 a 0,600 mg/l (subfl uoretada), e, apenas 3,9%, de 0,600 a 0,800 mg/l (fl uoretadas). Constatou-se ainda que 9,2% das amostras apresentaram uma concentração de fl úor de 0,800 a 1,515 mg/l (superfl uoretada). Além disso, algumas águas não traziam especifi cado a concentração de fl úor; e, na análise constataram-se valores variando entre 0,049 e 0,924 mg/l. Os resultados mostraram uma grande variação na concentração de fl úor e reforçam a importância do controle dessas águas por parte da vigilância sanitária.

Fonte: Ramires et al, 2004.

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Gestão de Riscos

Unidade 2

Após a leitura do texto, responda às seguintes questões:

a) Quais são os possíveis riscos causados pela ingestão de água mineral que apresenta concentração de flúor fora do padrão estabelecido?

b) Como foi confirmada a existência dos riscos? Mostre por meio dos dados estatísticos apresentados no texto.

c) Foram empregados quais métodos para o levantamento dos riscos? Como foi realizado o levantamento de risco?

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3) Considere uma residência de dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Desenhe um mapa de risco para essa residência sobre a planta baixa da figura 2.10.

Figura 2.10 - Planta baixa de uma casa de dois quartos, sala, cozinha e banheiro Fonte: Do autor.

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4) Leia o texto a seguir, Avaliação Quimiométrica da Distribuição de Metais Pesados na Compostagem do Lixo Domiciliar Urbano.

A compostagem da fração orgânica do lixo urbano, associada à reciclagem da parte inorgânica tem se destacado como o método mais adequado aos princípios ecológicos, no sentido de solucionar o grave problema do lixo. Entretanto, a presença de metais pesados no “composto”, devido à inefi ciência da separação da fração compostavel do lixo, tem limitado o uso de tais produtos na agricultura.

Estudou-se por métodos estatísticos multivariados, a distribuição dos metais Cu, PB, Zn e Mn no “composto” do lixo urbano, em três granulometrias diferentes. O conjunto de dados constituído por 4 amostras em 3 granulometrias diferentes resultou em um total de 12 classes, para as quais foram determinados os teores de Cu, Pb, Zn e Mn.

Os resultados obtidos pelo Método dos Componentes Principais, após o auto-escalonamento das variáveis e classifi cação das amostras em 12 categorias foram confi rmados através dos programas SIMCA e KNN. O primeiro levou a um percentual de classifi cação correta de 94,4%, enquanto o KNN apresentou 83,3% de acerto para o 1° vizinho mais próximo.

A fração mais fi na (¢ < 1,18 mm) apresentou maiores teores de todos os metais. Esta maior contaminação foi atribuída à presença de elementos no estado fundamental, sob a forma de partículas metálicas, confi rmada por métodos de especiação química. Consideram-se os resultados obtidos de extrema importância para a avaliação do risco de disseminação dos metais no ambiente via “composto”, bem como, para obter métodos que minimizem a contaminação deste.

Fonte: Reis et al, 1992.

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Após a leitura do texto, responda:

a) O estudo realizado foi qualitativo ou quantitativo? Justifique sua resposta.

b) Qual método de avaliação de risco você utilizaria para avaliar a situação em estudo?

c) Trace um programa de gerenciamento de risco para com postagem de lixo domiciliar.

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Gestão de Riscos

Unidade 2

Saiba mais

Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade ao consultar as seguintes referências:

DE CASTRO, Antônio Luiz Coimbra. Manual de desastres: desastres humanos. Parte I. Brasília, 2007.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS – IPT/ Ministério das Cidades (Brasil) (Org.). Mapeamento de risco em encostas e margem de rios. Brasília: Ministério das Cidades, 2007.

VALE, Cyro Eyer do; LAGE, Henrique. Meio ambiente: acidentes, lições, soluções. 2. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2004.

GALANTE, Erick Braga Ferrão. Gestão de riscos e perigos. Rio de Janeiro: Curso de Pós-graduação Latu Sensu, 2006.

BRASIL Portaria nº 25, de 29.12.94, do Secretário de Segurança e Saúde no Trabalho DOU de 30.12.94, Republicada no de 15.02.95

REIS, Efraim L. et al. Avaliação quimiométrica da distribuição de metais pesados na compostagem do lixo domiciliar urbano. In: SOCIEDADE, 15., 1992, Caxambu. Sociedade Brasileira de Química. São Paulo: Sbq, 1993. p. 21.

ANDRADE, Renata Leal Martins de; GOETZ, Carolina Maria. Determinação de fons Cu++ em produtos de tomates industrializados. In: SOCIEDADE, 15, 1992, Caxambu. Sociedade Brasileira de Química. São Paulo: Sbq, 1993. p. 15.

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3UNIDADE 3

Agentes de riscos

Objetivos de aprendizagem

� Conhecer as vias de penetração e absorção de agentes de riscos no organismo humano.

� Identificar e caracterizar os tipos de agentes de riscos.

� Conhecer, compreender e identificar agentes de riscos químicos.

� Conhecer, compreender e identificar agentes de riscos físicos.

� Conhecer, compreender e identificar agentes de riscos biológicos.

Seções de estudo

Seção 1 Vias de absorção dos agentes de risco

Seção 2 Agente de risco químico

Seção 3 Agente de risco físico

Seção 4 Agente de risco biológico

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Para início de estudo

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação do programa, visando à preservação da saúde e da integridade das pessoas, por meio de antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente interno ou externo, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

São considerados como “Riscos Ambientais”, nos termos da NR-09, os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do indivíduo. (MANUAL NR).

Nesta unidade de estudo, você vai conhecer os tipos de agentes de riscos ambientais e como atingem as pessoas e o meio ambiente. Você vai estudar os agentes de risco químico, risco físico e risco biológico, seus mecanismos de formação e alguns efeitos decorrentes deles sobre os seres vivos ou sobre a matéria. Bons estudos!

Seção 1 – Vias de absorção dos agentes de risco

Devido às propriedades físico-químicas apresentadas por um agente de risco químico, físico ou biológico, esse agente vai apresentar uma ou mais vias de penetração e absorção no organismo.

Observe que as substâncias químicas são encontradas na natureza nos estados físicos sólido, líquido e gasoso e que as propriedades químicas das substâncias envolvidas são a polaridade, o grau de ionização, a reatividade, entre outras.

As principais vias de penetração e absorção de um agente de risco no receptor são através das vias cutânea, inalatória e digestiva. Conheça-as a seguir.

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Gestão de Riscos

Unidade 3

a) Via inalatória

A via respiratória é de grande importância, pois a maioria das intoxicações ocorre pela aspiração de substâncias contidas no meio ambiente. Na figura 3.1 pode ser observado o sistema respiratório, que compreende cavidade nasal, cavidade oral, laringe, traqueia, brônquios e pulmões. Este conjunto compõe a via inalatória de agentes de risco, principalmente, os agentes de risco químico e biológico.

Figura 3.1 - Sistema respiratório. Fonte: Adaptado de: <http://www.netxplica.com/Verifica/9_sistema_respiratorio1.html>. Acesso em: 22 jun 2009.

b) Via cutânea

Esta via compreende toda a superfície da pele, ou seja, superfície epitelial e córnea.

Segundo Santos (2008), a pele é uma barreira efetiva contra a entrada de substâncias químicas. No entanto, pode absorver alguns xenobióticos, devido à sua interação e propriedades físicas da pele em si e propriedades físico-químicas dos agentes químicos, físicos e biológicos.

Figura 3.2 - Superfície epitelial e córnea. Fonte: Disponível em: <http://salaecozinha.blogspot.

com/2006_08_01_archive.html>. Acesso em: 08 abr 2009.

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Podemos citar também como exemplos:

� Absorção de solventes. Os solventes, geralmente, são compostos por misturas de hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, que são substâncias apolares e lipossolúveis.

� Absorção de radiações UVA, UVB e UVC.

c) Via digestiva

Na figura 3.3 você pode verificar a via digestiva de penetração e absorção de agentes de risco, sendo que ela é composta por boca, esôfago, fígado, estômago, pâncreas, vesícula biliar, cólon e intestino delgado.

Figura 3.3 - Sistema digestivo. Fonte: Disponível em: <http://www.educacao.uol.com.br/ciencias/ult1686u25.jhtm>. Acesso em: 08 abr 2009.

Segundo Ferreira (1987), a via digestiva tem papel secundário na penetração e absorção de agentes de risco, sendo importante que sejam seguidas as boas práticas de higiene, como a de não comer, beber ou fumar nos ambientes de trabalho; fazer higiene de mãos e rosto antes de tomar as refeições durante o contato com substâncias; não alimentar-se usando as mesmas roupas de contato com o agente contaminante; entre outros.

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Unidade 3

De acordo com Ferreira (1987), os fatores que determinam a absorção pela via digestiva estão ligados a propriedades de uma substância específica, quais sejam: a lipossolubilidade da substância, seu grau de dissociação iônica, sua capacidade em produzir irritação e, consequentemente, vômitos; sua facilidade em sofrer transformações pelos sucos digestivos e também o estado de plenitude ou de esvaziamento gástrico no momento da deglutição da substância tóxica.

- Nesta seção você, estudou como os agentes de risco penetram no organismo humano. Nas próximas seções, você vai estudar os agentes de risco ambiental, que são os agentes químico, físico e biológico.

Seção 2 – Agente de risco químico

Você estudou na seção 1 as vias de penetração e absorção de agentes de riscos químicos, físicos ou biológicos. Nesta seção, você vai estudar de que forma os elementos ou substâncias químicas podem trazer riscos às pessoas e ao meio ambiente.

Conforme o item 9.1.5.2 da NR-9 da Portaria Ministerial 3214/78:

[...] Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeira, fumos, névoas, neblina, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam tem contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. (MANUAL NR).

O risco químico é produzido por todo elemento ou substância química nociva a um receptor (organismo humano ou meio ambiente).

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Na figura 3.4 representa-se de maneira lúdica a contaminação de uma pessoa e um ambiente por substância química armazenada e transportada de maneira incorreta.

Na toxicologia, as substâncias químicas são classificadas nos seguintes grupos: gases e vapores, solventes, metais pesados e praguicidas, de acordo com suas características e semelhanças (SANTOS, 2008).

Quais são as formas de se encontrar um elemento ou substância química?

As formas comuns de você encontrar elemento ou substância química na natureza são as que seguem.

1. Poeiras - são produzidas mecanicamente pela ruptura de partículas maiores. O ato de lixar, serrar, polir materiais, tais como amianto, sílica, carvão, poliuretano (polímeros), fibra de vidro, madeira, entre outros.

2. Fumos - são partículas sólidas produzidas pela condensação de vapores metálicos. Segundo Vilarinho (2008), fumos podem ser definidos como sendo substâncias finas diluídas no ar, não necessariamente vistas a olho nu, normalmente inodoras. São, principalmente, óxidos inorgânicos e silicatos metálicos que se volatilizam.

Os fumos podem ser subdivididos em grossos (maiores que 5 microns), intermediários (0,5 a 5 microns) e finos (menores que 0,5 microns). Nas atividades de fusão de metais, soldagem (ZnO2) de materiais metálicos, extração de ouro (Au), metalurgia (Cu, Pb, Zn, Al)

ocorre a formação de fumos.

3. Fumaça - produzida pela combustão (completa ou incompleta), causada por cigarro (Pd, CO), termelétricas (CO, NOx, SOx), automóveis, incêndios etc.

Figura 3.4 - Representação lúdica da contaminação de uma pessoa e um ambiente por substância química armazenada e transportada de maneira incorreta Fonte: Disponível em: <http://produtosqumicos.blogspot.com/2009_02_01_archive.html>. Acesso em: 08 abr 2009.

Figura 3.5 – Poeira no centro da cidade de Ji-Paraná Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.br>. Acesso em: 08 abr 2009.

Figura 3.6 – Fumos no processo metalúrgico Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.br>. Acesso em: 08 abr 2009.

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Unidade 3

3.7 – Formação de fumaça no processo de combustão industrial Fonte: Disponíveis em <http://ricardofigueiredo.blogs.sapo.pt/.../2005_09.html> e <http://abrangente.blogspot.com/2005/06/vida-est-dificil.html>. Acesso em: 20 jun 2009

4. Neblina - são partículas líquidas produzidas pela condensação de vapores. Substâncias corrosivas, gás clorídrico, ácido sulfúrico, ácido cianídrico, dentre outros.

5. Gases - são dispersões de moléculas que se misturam com o ar, tornando-o tóxico. Tem-se o GLP - gás liquefeito de petróleo - uso doméstico ou industrial, gás clorídrico, sulfúrico, cianídrico, monóxido de carbono, dentre outros.

6. Vapores - são dispersões de moléculas no ar que podem se condensar para formar líquidos ou sólidos em condições normais de temperatura e pressão. Vapores de benzol, dissulfito de carbono etc.

Figura 3.8 – Neblina no centro de grandes cidadesFonte: Disponível em: <http://www.secco.com.br/

valeo.asp?id=991>. Acesso em: 20 jun 2009.

Figura 3.9 – Balas de armazenagem de gases Fonte: Disponível em: <http://blogdoprofessorcarlao.

blogspot.com/2009_01_01_archive.html>. Acesso em: 08 abr 2009.

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Figura 3.10 – Vapores de substância química Fonte: Disponível em: <http://www.janelanaweb.com/viagens/imagens/top-50.gif>. Acesso em: 08 abr 2009.

A absorção dos agentes químicos pela pele possui uma velocidade limitada pela região da epiderme, dependendo da solubilidade entre os filamentos da queratina, e proporcional à viscosidade e volatilidade do agente (SANTOS, 2008).

A maioria das substâncias químicas é mal absorvida através da pele, principalmente sem ruptura, porque sua lipossolubilidade é muito pequena.

As substâncias que são absorvidas pela pele acumulam-se nos tecidos gordurosos, resultando em danos em nervos e causando a diminuição das células brancas do sangue.

Os hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos (solventes em geral) e alguns inseticidas tais como DDT (organofosforado) e pesticidas (clorados) são exemplos de substâncias químicas absorvidas pela pele.

Em 1932, um rapaz de 35 anos sentou-se em uma cadeira sobre cujo assento havia sido respingado um pouco de líquido Nico-Fume (uma solução de nicotina 40%). Trabalhou no local por 50 minutos, quando foi subitamente surpreendido por náuseas e tontura, suor, perdeu a consciência. Ao receber alta foram dadas a ele as mesmas roupas que usava quando foi trazido para o hospital. Elas haviam sido guardadas num saco plástico e permaneciam molhadas; ao vestir sentiu os sintomas novamente.

Os agentes químicos podem ser absorvidos rapidamente pelos pulmões, devido à ação do fluxo sanguíneo contínuo. A superfície pulmonar total é de aproximadamente 90 m2, a superfície

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Unidade 3

alveolar, de 50 a 100 m2, e o total de área capilar é de cerca de 140 m2. Os agentes que sofrem absorção pulmonar são os gases e vapores e os aerodispersoides (SANTOS, 2008).

A penetração e absorção dos agentes químicos pela via digestiva ocorrem principalmente por acidente, devido a contaminação de alimentos, má higienização de mãos, entre outros.

Classificação dos produtos químicos perigosos

Os produtos perigosos estão classificados em nove classes de risco, envolvendo uma grande quantidade de produtos, sendo que a medida de segurança mais importante é ter acesso às Fichas de Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ ) para cada uma das substâncias manuseadas, independente da quantidade (ARAUJO, 2007).

Segundo a ONU, os produtos químicos são agrupados nas seguintes categorias:

� Classe 1: Explosivos;

� Classe 2: Gases (gases comprimidos);

� Classe 3: Líquidos;

� Classe 4: Sólidos inflamáveis e substâncias autorreagentes;

� Classe 5: Substâncias oxidantes;

� Classe 6: Substâncias tóxicas;

� Classe 7: Materiais radioativos;

� Classe 8: Substâncias corrosivas;

� Classe 9: Substâncias e artigos diversos.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Na figura 3.11, você pode observar os rótulos de risco correspondentes à classificação da ONU.

Figura 3.11 - Rótulos químicos. Fonte: Manual da ABQUIM.

Os produtos químicos são agrupados nas seguintes categorias gerais:

a) Inflamáveis;

b) Tóxicos;

c) Explosivos;

d) Agentes oxidantes;

e) Corrosivos;

f) Gases comprimidos;

g) Produtos sensíveis à água;

h) Produtos incompatíveis.

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Gestão de Riscos

Unidade 3

A seguir, você vai estudar as categorias dos produtos químicos e suas características.

a) Inflamáveis

Segundo a National Fire Protection Association (NFPA-USA), são considerados líquidos inflamáveis os que nas condições normais de temperatura e pressão têm ponto de fulgor abaixo de 93oC.

Tabela 3.1 - Ponto de fulgor de alguns líquidos inflamáveis

Substância Ponto de Fulgor (oC) Substância

Ponto de Fulgor (oC)

Acetato de etila - 4,4 Ciclohexano -20

Acetato de metila - 9,0 1,2 dicloroetano 13

Acetona -38 Dissulfeto de carbono -30

Álcool etílico 12 Éter de petróleo -57

Álcool isopropílico 12 Éter etílico -45

Álcool metílico 23 Hexano 23

Benzeno 11 Trieltilamina -7,0

Fonte: Handbook of Physical and Chemical Constants e/ou The Merck Index, 2005.

Os líquidos inflamáveis podem ser inalados devido à formação de vapores e liberados no ambiente ou ainda levar a incêndio e explosão, sendo que atingem o receptor pelas vias cutânea e respiratória.

O tipo de recipiente adequado para líquidos inflamáveis depende em parte do volume estocado e da frequência com que é manipulado. A quantidade de líquido inflamável em estoque deve ser a mínima necessária, sendo que grandes quantidades de inflamáveis devem ser estocadas em almoxarifados especiais.

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No almoxarifado devem existir dois locais em que se estocam solventes: um para solventes em frascos de 1-5 L e pequenas bombonas e outro para os tambores. Lotes de tambores de líquidos infl amáveis com alta pressão de vapor devem ser protegidos do sol ou borrifados com água. Alta pressão de vapor pode ser defi nida como 2kgf/cm3 a 40oC. Deve haver no local de estocagem um sistema de drenagem para evitar, no caso de acidente, que o líquido infl amável escoe por baixo ou entre os outros tambores. Todos os drenos devem ser descarregados em um local seguro. Uma rede de hidrantes deve ser localizada de tal forma que todos os tambores possam ser atingidos com jatos. Quando for necessária a estocagem de grandes quantidades de infl amáveis em laboratórios, é necessário um sistema automático de sprinklers.

Os sprinklers são constituídos, basicamente, de um corpo, um ampola e um defl etor. O elemento sensível dos sprinklers é a ampola de vidro transparente, caracterizado pela sua resistência e rigidez. A ampola de vidro é hermeticamente fechada e selada e contém um líquido altamente expansível ao calor, capaz de exercer uma força de rompimento elevada. No caso de a temperatura se elevar acima de um limite pré-determinado, a pressão criada pela expansão do líquido rompe a ampola, dando saída à água, que se espalha.

Uma ventilação adequada para remoção dos vapores deve ser providenciada, além de um sistema de drenagem de líquidos derramados, com descarga em local seguro.

b) Tóxicos

Grande parte dos produtos químicos é considerada tóxica. Para uma avaliação adequada do risco envolvido na manipulação de um produto químico, devem ser conhecidas as relações entre toxicidade, frequência de manipulação e concentração durante a exposição.

As substâncias tóxicas podem entrar no corpo por inalação, ingestão, absorção através da pele ou pela combinação desses caminhos. Alguns compostos químicos se decompõem gerando

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Unidade 3

material tóxico quando submetidos ao calor, à umidade ou à presença de outros produtos químicos. Tais informações são importantes para que se determine o tipo de EPI (Equipamento de Proteção Individual) contra a exposição e o tratamento médico adequado adotado no caso de exposição.

A quantidade de produtos tóxicos estocada deve ser mantida no mínimo necessário. Se possível, grandes quantidades de material tóxico devem ser estocadas fora dos prédios onde circulem pessoas ou ainda não devem ser armazenadas.

Com relação aos danos à saúde, dependendo do efeito no organismo, as substâncias químicas podem ser classificadas como descrito a seguir.

� Corrosivas - são aquelas substâncias que destroem os tecidos com os quais entram em contato, sejam eles superficiais como a pele, internos (dentro do corpo) ou dos olhos. Exemplos: ácidos concentrados (ácido muriático - HCl), bases concentradas (soda cáustica - NaOH), entre outros.

Mendes (1980) afirma que os efeitos biológicos do contato continuado com hidrocarbonetos são notados pelo seu efeito agressivo principalmente na pele, alterando a sua estrutura fundamentalmente em termos de capacidade de retenção da umidade dos tecidos e da perda da elasticidade, bem como dos tecidos subcutâneos.

� Irritantes - são as substâncias que podem provocar inflamação da pele, dos olhos ou de membranas mucosas. Esse efeito pode aparecer tanto após um breve período de tempo como também após um período prolongado. Ex.: solventes (hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos).

� Causadoras de efeitos dermatológicos - são as que podem provocar os diferentes tipos de dermatites na pele, como, por exemplo, o cromo.

� Asfixiantes - são as substâncias que impedem o aproveitamento do oxigênio pelas células dos organismos vivos. Os agentes asfixiantes podem ser classificados em:

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Universidade do Sul de Santa Catarina

1. Simples. São aqueles que por se acumularem no ambiente devido, por exemplo, a um vazamento, provocam a diminuição da concentração ambiental de oxigênio, e como consequência sua pressão parcial no ambiente. É o que pode ocorrer, por exemplo, quando há vazamento de nitrogênio proveniente de um cilindro armazenado em um laboratório. Quando o técnico entra no recinto pode vir a sofrer uma asfixia não propriamente devido à concentração do nitrogênio, mas devido à falta de oxigênio no ar.

2. Químicos. São aqueles que atuam no organismo, impedindo o fornecimento de oxigênio aos tecidos. Exemplo é o gás monóxido de carbono, que tem uma afinidade química pela hemoglobina do sangue maior do que a do oxigênio. Desta forma, esse gás impede o transporte do oxigênio até as células.

� Anestésicos - são substâncias que atuam no sistema nervoso central, fundamentalmente no cérebro. As substâncias que exercem essa ação são lipossolúveis, isto é, dissolvem-se em gorduras, tais como os solventes orgânicos.

� Tóxicas sistêmicas - quando a ação da substância se desenvolve em órgão ou tecidos do organismo, após a sua absorção, elas recebem esta classificação. Pode ser:

1. Hepatotóxica. Exerce ação sobre o fígado. Exemplos: tetracloreto de carbono, que pode produzir necrose; bem como o etanol e o metanol etc.

2. Nefrotóxica. Exerce ação sobre os rins. Exemplo: cloreto de mercúrio.

3. Neurotóxica. Ação sobre alguma parte do sistema nervoso. Exemplo: n-hexano, que provoca neuropatia periférica.

4. Hematotóxicas. Exerce ação sobre o sangue e o sistema hematopoiético (formador de sangue). Exemplos: arsina, que produz hemólise ou destruição das células vermelhas do sangue com derramamento da hemoglobina nela contida; benzeno, que atua na medula óssea, afetando todo o sistema formador de sangue, podendo provocar

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Gestão de Riscos

Unidade 3

vários tipos de danos tais como leucopenia (diminuição das células brancas), anemia (diminuição de células vermelhas), plaquetopenia (diminuição de plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue), leucemia (câncer do sangue) etc.

5. Ototóxicas. Exercem ação sobre a audição. Exemplos: os solventes e alguns metais, como o mercúrio e o chumbo, podem provocar perdas auditivas. Vários estudos mostram que a exposição ocupacional a solventes e ao ruído ao mesmo tempo provoca perda auditiva muito maior do que a exposição a qualquer um desses agentes isoladamente. Há, nesses casos, uma ação sinergética, isto é, um dano maior do que a simples soma dos danos individuais de cada agente.

� Causadoras de danos pulmonares - segundo o efeito que ela pode provocar no pulmão, pode se classificar ainda em:

1. Pneumoconióticas. Produz enfermidades crônicas pulmonares, caracterizadas por um endurecimento do parênquima devido à ação irritativa prolongada causada por inalação crônica de pós de ação danosa, como fibrótica ou não fibrótica. Exemplos de substâncias: sílica, amianto etc.

2. b-Incômoda. Não produz pneumoconiose.

� Genotóxicas - são aquelas substâncias químicas que podem provocar danos ao material genético.

� Mutagênicas - quando uma substância é capaz de causar qualquer modificação relativamente estável no material genético, DNA, ela é considerada mutagênica. Muitas delas podem ser também cancerígenas. Ex.: talidomida, benzeno.

� Cancerígenas - são substâncias capazes de produzir câncer. Esta doença é resultante do desenvolvimento de um tumor maligno, isto é, de um tumor que é composto de células que se dividem e se dispersam pelo organismo.

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� Alergizantes - substância capaz de produzir reação alérgica. Esta é resultante de uma sensibilização do organismo produzida por contatos anteriores com a substância, que gera uma resposta imunológica, manifestada por meio de erupções de pele, asma química, dermatites diversas etc. Após a sensibilização do organismo, uma quantidade mínima do agente pode desencadear a reação alérgica. Exemplos: dermatites de contato produzidas pelo cromo, níquel etc.

� Disruptores endócrinos - comportam-se no organismo como hormônios sexuais, principalmente o estrógeno, hormônio feminino. Podem provocar características femininas em seres do sexo masculino, inclusive o homem, e em mulheres aumentam a probabilidade de câncer de mama, por exemplo.

c) Explosivos

Estes materiais expostos a choques, impactos e calor podem liberar instantaneamente energia sob a forma de calor ou uma explosão. Geralmente, atingem o corpo do receptor por contato com a pele.

Veja alguns exemplos de substâncias explosivas: peróxido de benzoíla, dissulfeto de carbono (1), éter di-isipropílico (2), éter etílico (2), ácido pícrico (3), ácido perclórico (4), potássio metálico (2).

No entanto, é importante observar alguns cuidados, como os citados a seguir. Considere as seguintes observações.

1) O ponto de fulgor do dissulfeto de carbono (-30oC) é bem abaixo da temperatura ambiente, e pequenas quantidades de vapor no ar podem ser explosivas.

2) Essas substâncias tornam-se perigosas pelo envelhecimento durante o armazenamento. Os éteres e o potássio metálico podem formar peróxidos explosivos, sob exposição ao ar. Recipientes abertos e antigos de éter devem ser tratados com muito cuidado, assim como os de potássio metálico, quando o metal não está imerso em querosene.

3) O ácido pícrico deve conter 10-20% de água e os frascos devem ser rejeitados depois de dois anos. O ácido pícrico seco é explosivo.

4) Embora a mistura de 70% ácido/ água não seja explosiva, o uso do ácido perclórico leva frequentemente à formação de percloratos, que são altamente explosivos.

Os distúrbios endócrinos são

mostrados no vídeo de “Uma

verdade inconveniente”.

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Gestão de Riscos

Unidade 3

É necessário um sério controle de estocagem desses reagentes e severas medidas de segurança. A área de explosivos deve ser bem identificada e isolada das outras áreas. O tipo de área de estocagem requerida dependerá do tipo de produto e da quantidade estocada. É frequente o uso de blindagem na estocagem de explosivos.

A melhor fonte de informação para seleção e projeto da área de estocagem de explosivos é o próprio fornecedor do produto. Existem tabelas contendo as distâncias necessárias para a estocagem dos produtos classificados como altamente explosivos.

Os materiais explosivos são classificados em cinco categorias, que são:

1. rápida detonação, ou de composição explosiva ou reação a temperaturas ou pressões normais;

2. produzir detonação, ou reação explosiva, mas necessitando de uma fonte de ignição, ou que reagem explosivamente em contato com água;

3. normalmente instáveis, e prontamente sofrem transformação química violenta, mas não detonam. Também, materiais que podem reagir violentamente em contato com a água ou que podem produzir misturas potencialmente explosivas com a água;

4. normalmente estáveis, mas que podem tornar-se instáveis a temperaturas e pressões elevadas ou que podem reagir, em contato com a água com alguma liberação de energia, mas não violentamente;

5. normalmente estáveis, mesmo em situações de exposição ao fogo, não reagem em contato com a água.

d) Agentes oxidantes

Oxidam outros materiais; geralmente, são reações violentas.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Os agentes oxidantes não devem ser estocados na mesma área que combustíveis, tais como inflamáveis, substâncias orgânicas, agentes desidratantes ou agentes redutores. Qualquer vazamento de material deve ser imediatamente removido, pois a limpeza da área é essencial para a segurança.

Conheça algumas substâncias oxidantes: bromatos, bromo, cloratos, percloratos, cromatos, bicromatos, iodados, nitratos, perbromatos, periodatos, permanganatos e peróxidos.

e) Corrosivos

Muitos ácidos e bases corroem materiais de embalagem ou outros materiais em estoque na área, bem como a pele do corpo humano. As substâncias corrosivas podem entrar no corpo através da pele e por ingestão, ou pela combinação desses caminhos.

Os ácidos reagem com muitos metais formando hidrogênio e os álcalis podem formar hidrogênio quando em contato com alumínio. Como o gás hidrogênio forma uma mistura explosiva com o ar, a acumulação de hidrogênio nas áreas de estocagem de materiais corrosivos deve ser prevenida.

Os líquidos corrosivos devem ser estocados em uma área fresca, porém, mantidos em temperatura superior ao de seu ponto de congelamento. Essa área deve ser seca e bem ventilada com ralos que possibilitem a remoção de qualquer vazamento, além da necessidade de verificar vazamentos e pressão em tambores.

Com alguns líquidos corrosivos, como o ácido sulfúrico, é necessário que os tambores sejam periodicamente aliviados da pressão causada pelo hidrogênio gerado pela ação do corrosivo com o tambor metálico.

f) Gases comprimidos

Os gases comprimidos podem ser classificados como gases liquefeitos, gases não liquefeitos e gases em solução. Todos apresentam um risco potencial no laboratório, devido à pressão dentro dos cilindros e ainda sua flamabilidade e toxicidez. A via respiratória é de principal penetração dessas substâncias no organismo humano.

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Gestão de Riscos

Unidade 3

Os gases comprimidos são fornecidos aos laboratórios em cilindros de diversas capacidades. Exemplo: acetileno, monóxido de carbono, hidrogênio e sulfeto de hidrogênio.

Os cilindros de gases comprimidos devem ser estocados na posição vertical e garantidos contra eventuais quedas. Os cilindros cheios devem ficar separados dos cilindros vazios. Se o espaço para estocagem exigir que os cilindros contendo gases de diferentes tipos sejam estocados juntos, deve-se ao menos agrupá-los por tipo de gás. Os gases inflamáveis devem ser separados dos gases oxidantes usando os cilindros dos gases não combustíveis. Sendo possível, os cilindros de gases inflamáveis e oxigênio devem ser mantidos fora dos prédios e distribuídos por sistemas de tubulação até os locais de uso.

Na tabela 3.2, você pode verificar as misturas inflamáveis de diferentes gases com ar.

Tabela 3.2 - Limites de inflamabilidade com o ar % de gás na mistura ar-gás

Substância

% de gás na mistura ar-gás0....10....20....30....40....50....60....70....80....90....100

Acetileno _________________________________Amônia ________Butano _____Isobutano ____Butenos _____Propano ____Monóxido de carbono ________________________Ciclopropano ____Etano ________Etileno _____________

Óxido de Etileno _______________________________________

Hidrogênio ______________________________Sulfeto de Hidrogênio __________________Metano ______Cloreto de metila ________Metilamina ____________

Fonte: Handbook of Physical and Chemical Constants ou The Merck Index, 2005.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

g) Produtos sensíveis à água

Alguns produtos químicos reagem com a água com evolução de calor e de gases inflamáveis ou explosivos. O potássio e o sódio metálico e hidretos metálicos reagem em contato com a água produzindo hidrogênio com calor suficiente para uma ignição com explosiva violência.

Áreas de estocagem para produtos químicos sensíveis à água devem ser projetadas para evitar qualquer contato com ela, e isto é feito da melhor forma mantendo todas as possíveis fontes de água fora da área.

h) Produtos incompatíveis

São substâncias químicas que quando em contato reagem e criam uma condição de perigo devido a essa reação. As áreas de estocagem desses produtos químicos incompatíveis devem ser separadas. Exemplos de substâncias incompatíveis é o carvão ativado e hipoclorito de cálcio.

- Nesta seção, você estudou o agente de risco ambiental químico e alguns tipos de substâncias, como são seus mecanismos de ação e alguns efeitos decorrentes delas sobre os seres vivos ou sobre a matéria. Na próxima seção, você vai estudar o agente de risco ambiental físico.

Seção 3 – Agente de riscos físicos

Nesta seção, você vai estudar as formas de energia que podem trazer riscos às pessoas e ao meio ambiente.

Conforme o item 9.1.5.1 da NR-9 da Portaria Ministerial 3214/78:

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Unidade 3

[...] consideram-se agentes físicos diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas externas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como infra-som e ultra-som. (EQUIPE ATLAS, 2005).

São considerados riscos físicos as diversas formas de energia, tais como o ruído e o calor que atuam sobre o organismo humano ou meio ambiente.

Na figura 3.12, você pode observar alguns tipos de riscos físicos representados de maneira lúdica.

Figura 3.12 - Representação dos riscos físicos - pressões anormais, radiações ultravioleta (UVA, UVB e UVC), infravermelho, ruído, vibração e iluminação. Fonte: Disponível em: <http://produtosqumicos.blogspot.com/2009_02_01_archive.html>. Acesso em: 08 abr 2009.

Os riscos físicos representados da figura 3.12 são pressões anormais, radiações ultravioleta (UVA, UVB e UVC), infravermelho, ruído, vibração e iluminação. Grande parte dos riscos físicos pertence ao espectro eletromagnético (figura 3.13) e você convive com esses riscos devido as suas aplicações. Antes de tratarmos dos riscos propriamente, vamos ver como os agentes de risco podem ser formados a partir de fontes naturais e artificiais e que as radiações fazer parte do espectro eletromagnético.

Para relembrar, espectro

eletromagnético é a

distribuição das radiações

eletromagnéticas em

função do comprimento e

longitude de onda.

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Figura 3.13 - Espectro eletromagnético.

Figura 3.13 - Espectro Eletromagnético. Fonte: Disponível em <http://ciencia.hsw.uol.com.br/radiacao.htm>. Acesso em: 08 abr 2009.

Radiação ionizante

Segundo Silva (2009), a radiação pode ser caracterizada como ionizante e não ionizante, sendo a principal diferença entre elas a energia. A radiação não ionizante (parte do espectro eletromagnético – Figura 3.13) é caracterizada por não possuir energia suficiente para arrancar elétrons dos átomos do meio por onde está se deslocando, mas tem o poder de quebrar moléculas e ligações químicas. Dessa radiação fazem parte os tipos: radiofrequência, infravermelho e luz visível.

Radiação ionizante

A radiação ionizante é definida como aquela que tem energia suficiente para interagir com os átomos neutros do meio por onde ela se propaga (parte do espectro eletromagnético – Figura 3.13).

Em outras palavras: essa radiação tem energia para arrancar pelo menos um elétron de um dos níveis de energia de um átomo do meio, por onde ela está se deslocando. Assim, esse átomo deixa de ser neutro e passa a ter uma carga positiva, devido ao fato de que o número de prótons se torna maior que o de elétrons. O átomo neutro se torna um íon positivo.

Onde consta Microondas

lê-se micro-ondas.

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Gestão de Riscos

Unidade 3

A radiação ionizante pode ser classifi cada em dois grupos: aquela que tem carga elétrica associada e a neutra. Alguns tipos de radiação corpuscular, como partículas alfa e beta, elétrons e prótons, possuem carga, assim, referem-se ao primeiro grupo, já o nêutron é uma partícula sem carga e por este motivo se enquadra no segundo. Alguns tipos de radiação eletromagnética também são ionizantes, como os raios UV, X e gama, mas como não possuem carga também fazem parte da segunda categoria.

Defi nições

Partículas Alfa (�) - têm dois prótons e dois nêutrons (» He). Baixo poder de penetração, são bloqueados pela pele.

Partículas Beta (�) - são elétrons separadas do núcleo de um átomo. Estas têm maior penetração que as partículas alfa e os efeitos são ainda muito mais extensos se o emissor beta for ingerido, como nos casos de diagnóstico e terapêutica.

Radiações Gama (�) - são ondas de energia. Poder de penetração muito grande (maior que partículas beta).

As diferenças entre cada tipo de radiação estão no método de produção, no poder de penetração e na interação com a matéria, veja a fi gura 3.14.

Alfa

Beta

Gama e X

Plástico Alumínio Chumbo

Figura 3.14 - Tipos de radiação e poder de penetração.Fonte: Adaptado de: CNEN, 2005.

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Na figura 3.14, você pode observar que as radiações alfa, beta, gama e X penetram no homem, mas são bloqueadas por alguns materiais. A radiação alfa é bloqueada pelo plástico, a beta é bloqueada pelo alumínio e as radiações gama e X são bloqueadas pelo chumbo.

A partícula alfa possui duas cargas positivas, dessa forma ela perde energia para os átomos do meio muito rapidamente e isto implica em um alcance bem pequeno (no ar não ultrapassa alguns centímetros e no corpo humano chega somente à superfície da pele). Essa partícula também pode ser considerada pesada em comparação às demais, assim, movimenta-se em linha reta e tem alto poder de ionização, ou seja, deposita grande quantidade de energia por centímetro que percorre (grande densidade de ionização). A partícula beta tem apenas uma carga positiva e massa pequena, assim, não se movimenta em linha reta e sua interação com a matéria é menor que a da alfa, resultando num alcance de aproximadamente 1 metro no ar. O poder de ionização da partícula beta é mais baixo do que o da alfa e sua densidade de ionização é baixa.

As partículas carregadas sempre vão interagir e perder energia gradativamente. O poder de penetração da radiação ionizante está diretamente relacionado com a energia inicial que ela tem e com a interação que ela sofre durante seu movimento. Pode acontecer de partículas não carregadas e ondas eletromagnéticas não interagirem com nenhum átomo do meio por onde se propagam.

Os nêutrons são partículas eletricamente neutras. Com isso, seu poder de ionização é pequeno e mesmo ionizando o meio por onde estão se propagando seu poder de penetração é muito grande. O nêutron indiretamente provoca a ionização do material. Dessa forma, ele pode ser considerado uma partícula ionizante. Por meio da força elétrica isso pode ocorrer mais facilmente, mas no caso dos nêutrons essa força não age, pois eles são neutros. Sendo assim, a única forma de transmitirem sua energia é por meio de colisões. Materiais ricos em hidrogênio como a água e a parafina servem como blindagem para os nêutrons.

Se a colisão for elástica, um nêutron consegue transferir parte de (ou toda) sua energia para um átomo e assim diminuir seu alcance.

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Unidade 3

Como e de onde as radiações são formadas?

A partir de agora, você vai estudar como e de onde as radiações são formadas, bem como a sua classificação.

As fontes de radiações podem ser naturais ou artificiais.

a) Radiação natural - solos (minerais – urânio, césio); contaminam plantas, água e ar. Moagem de minério de urânio.

b) Radiação artificial - produtos de fissão e produtos de ativação (materiais irradiados involuntariamente durante operação em reator e produção de isótopos), aparelhos de televisão, monitores de computadores, dials luminosos, diagnósticos de tratamentos (raios X, gama e beta).

Conheça um pouco mais sobre cada uma dessas fontes.

Radiação natural

As radiações naturais compreendem radiações cósmicas, infravermelho e ultravioleta.

Radiação cósmica

Segundo Silva (2009), a radiação cósmica possui caráter corpuscular e alta energia, assim, pode-se concluir que ela é formada de partículas extremamente penetrantes (chamadas de radiação cósmica primária (geralmente, constituída de prótons)), que ao atingir os núcleos dos átomos da atmosfera dão origem a outras partículas com menor energia, sendo chamadas de radiação cósmica secundária (geralmente constituídas de mésos pi).

A origem da radiação cósmica primária ainda não é bem conhecida, sendo apenas uma pequena parte dela proveniente do Sol e de outras estrelas.

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Este tipo de radiação é responsável pela produção de núcleos instáveis em nossa atmosfera, como o carbono 14. Isso faz com que a quantidade desse elemento se mantenha constante, ajudando na datação de rochas, achados fósseis etc. Essa radiação pode ser perigosa para astronautas e suas instrumentações eletrônicas quando se encontram no espaço.

Radiação infravermelha

Silva (2009) cita outro tipo de radiação natural e de caráter eletromagnético que é a infravermelha, a qual pode ser produzida por qualquer tipo de corpo que apresente calor.

Como ela não necessita de um meio para se propagar, pode chegar até nós vinda do espaço. O Sol é a maior fonte de radiação infravermelha de nosso sistema. Ela também pode ser produzida de forma natural em nosso planeta por seres vivos ou por matéria inorgânica.

Essa radiação é não ionizante, mas, ao interagir com algum corpo, fornece energia às suas moléculas, que começam a vibrar, ocasionando uma elevação na temperatura do corpo. Por provocar transmissão de calor, é a radiação mais utilizada pela humanidade.

Radiação ultravioleta

Os raios ultravioleta (UV), segundo Silva (2009), têm caráter eletromagnético e são produzidos principalmente pelo Sol, mas o homem pode obter esse tipo de radiação (será tratada no tópico radiação artificial).

Os raios UV, procedentes do Sol, ao penetrar em nosso planeta são atenuados pela camada de ozônio existente na atmosfera terrestre. O processo de criação da radiação UV é o mesmo da criação da luz visível, diferindo apenas na energia do fóton que é emitido do átomo. Essa radiação é essencial para o desenvolvimento das plantas, pois provoca a fotossíntese e, no caso dos animais e seres humanos, tem um fator muito importante na fixação do cálcio e na síntese da vitamina D, mas seu excesso pode ser muito prejudicial.

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Gestão de Riscos

Unidade 3

A radiação UV é dividida em três partes: UVA, UVB e UVC, que são classificadas de acordo com o malefício que provocam à saúde dos seres vivos. Os raios UVC (radiação germicida) são os mais perigosos para a saúde, mas são quase que totalmente absorvidos pela camada de ozônio quando entram na atmosfera.

Os raios UVB atingem a superfície terrestre numa quantidade um pouco maior e a radiação UVA é a que chega até nós em maior quantidade.A radiação ultravioleta tipo C penetra muito pouco na pele. A radiação UVB penetra um pouco mais, chegando até a epiderme, e pode ser responsável pelas queimaduras na pele, geradas quando o tempo de exposição ao sol é maior. O raio UVA é o mais penetrante, pois consegue atingir a derme, sendo responsável pelo bronzeamento. Você pode ter uma idéia na figura 3.15 o quanto a radiação UVA e UVB penetram na pele.

Figura 3.15 - Radiação UVA penetra na camada derme da pele e a radiação UVB penetra na camada epiderme da pele. Fonte: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/saladeaula/150306/p_04.html>. Acesso em: 08 abr 2009.

Os três tipos de UV podem provocar vários malefícios à pele de pessoas que se expõem ao sol, devido ao trabalho ou só por lazer, entre os quais estão: formação de catarata e de câncer de pele, aparecimento de rugas, envelhecimento precoce da pele, reações fotoalérgicas, entre outros.

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- Neste tópico vimos alguns tipos de radiação que são produzidas pela natureza, como são seus mecanismos de formação e alguns efeitos decorrentes delas sobre os seres vivos ou sobre a matéria. No próximo tópico você vai estudar as radiações que são produzidas pelo homem.

Radiação artificial

Silva (2009) sugeriu que para entender como funciona cada radiação produzida de forma artificial deve-se fazer um breve passeio pela história do homem na descrição de cada tipo de radiação.

As radiações infravermelha e luminosa

A necessidade fez com que os seres humanos fossem obrigados a produzir alguns tipos de radiação. Tudo começou com o homem primitivo, que conseguiu produzir fogo. Este era uma fonte de radiação térmica e luminosa (infravermelha e luz visível) que ajudou o homem a sobreviver e desenvolver suas habilidades. A era industrial fez com que esses dois tipos de radiação fossem muito desenvolvidos.

A radiação infravermelha hoje é usada para diversos fins. Em nossos lares, por exemplo, na secagem de objetos, na preparação de alimentos, no aquecimento ambiente etc. A construção de dispositivos que transformam radiação infravermelha em luz visível possibilitou grandes avanços nas áreas de segurança e de pesquisa, uma vez que com câmeras ou lentes de infravermelho qualquer ser que emita calor pode ser localizado, mesmo que não haja luz no local que ele se encontra.

A radiação luminosa também teve grande desenvolvimento depois da descoberta da eletricidade, e a partir daí a vida humana modificou-se, pois as horas de trabalho puderam se estender.

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Unidade 3

Você sabia?

A lâmpada, que é um dispositivo capaz de emitir luz visível, era inicialmente incandescente, mas hoje é possível encontrar lâmpadas com princípios de funcionamento, tamanhos e formatos muito diferentes e com vários propósitos de utilização. Hoje nos parece impossível viver sem uma boa fonte de luz!

Como se obtém a luz visível?

A luz visível é obtida por meio da transição de um elétron de um átomo. Esse elétron, que se encontra em um nível de energia maior, decai para nível de energia menor. Para fazer essa mudança de níveis, o elétron deve perder energia, que corresponde exatamente à diferença de energia desses dois níveis. Ele perde essa energia emitindo um fóton, cuja energia está na região da luz visível.

O laser é um dispositivo que controla as propriedades da luz que foi produzida por ele. Para o caso específi co deste dispositivo podemos dizer que a luz gerada ali tem características muito específi cas, por isso o feixe de luz produzido por um laser pode ser usado em inúmeras áreas. Provavelmente, esse é o tipo de radiação eletromagnética mais difundido e diversifi cado. Dentre as aplicações mais usadas pode-se citar o apontador laser (“caneta” usada para apontar detalhes em apresentações), leitores de CD e DVD, impressoras a laser, além disso, há ainda importantes aplicações na medicina, na indústria, na estética, no comércio etc.

Radiação ultravioleta (UV) produzida pelo homem

A radiação UV é produzida exatamente da mesma forma que a radiação luminosa, apenas com a diferença de que a energia do fóton de UV emitido é maior que a energia do fóton de luz visível. Assim, é possível construir alguns dispositivos que emitam radiação UV.

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O primeiro deles é a lâmpada de luz negra. Essa luz, geralmente, é usada para entretenimento, pois dá um efeito fluorescente em roupas brancas. A luz negra corresponde à radiação tipo UVA. As lâmpadas fluorescentes comuns também emitem uma pequena quantidade de radiação UV, uma vez que elas possuem um pouco de mercúrio dentro do tubo. Assim, quando se passa algum tempo sob uma luz fluorescente, deve-se tomar o cuidado de proteger nossa pele. Uma fonte de radiação UVC são as lâmpadas de descarga de mercúrio, que são utilizadas em hospitais para a esterilização de objetos.

Observe também que outra fonte de radiação ultravioleta dos tipos A e B são as câmaras de bronzeamento artificial, sendo que as quantidades de UVA dessas máquinas são maiores do que aquelas que chegam à Terra, provenientes do Sol. Assim, todos os malefícios (citados anteriormente) que os raios UVA e UVB provocam são válidos para quem se bronzeia artificialmente.

Radiação X

A primeira forma de radiação eletromagnética produzida artificialmente foi o raio X. Isto ocorreu em 1895, quando Roentgen (engenheiro mecânico e professor de física na Universidade de Würzburg, na Alemanha) estudava o que ocorria com um feixe de raios catódicos ao atingir um alvo sólido. O raio X, por ter um comprimento de onda bastante pequeno, é uma radiação muito penetrante, pouco ionizante e pode atravessar, sem grande absorção, meios materiais com espessura razoável. Assim, ele se tornou uma ferramenta muito importante na investigação diagnóstica. Este tipo de radiação também é usado hoje na indústria, em aeroportos e no meio bélico, por meio de scanners de raio X.

Aceleradores de partículas

É possível obter elementos radioativos não naturais por meio do bombardeio de partículas subatômicas sobre átomos não radioativos. Os primeiros a fazerem isso foram Irène Joliot-Curie e seu marido Frédéric Joliot, o que lhes valeu o Prêmio Nobel de Química de 1935.

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Unidade 3

Você sabia?

Eles utilizaram uma fonte natural de partículas alfa que ao incidir sobre alumínio e boro produziu fósforo-30 e nitrogênio-13 (na natureza, os nuclídeos estáveis desses elementos são fósforo-31, nitrogênio-14 e nitrogênio-15, este último com apenas 0,37% de probabilidade).

Hoje, radionuclídeos artifi ciais são usados em inúmeras áreas, sendo algumas delas: conservação de alimentos, esterilização de materiais cirúrgicos, produção de novas variedades de plantas, medicina etc. Aqui cabe ressaltar que a radioatividade artifi cial também pode ocorrer em aceleradores de partículas mesmo quando ela não é desejada.

Um feixe de prótons, ao colidir com materiais com ferro, podem criar elementos radioativos nos núcleos de ferro. Nesse caso, é criada uma “fonte radioativa” que possui uma longa duração (aproximadamente 270 dias). Por outro lado, de forma geral, colisões de partículas do feixe com as paredes do tubo do acelerador podem gerar radiação que desaparece assim que o feixe é interrompido.

Ondas de rádio

Graças à necessidade que o homem tem de se comunicar, este tipo de radiação se tornou essencial na vida moderna. No século 19, começaram a ser estudados os meios para que as ondas de rádio fossem compreendidas e utilizadas, mas essa radiação tornou-se tão difundida graças a várias invenções que foram aprimoradas ao longo dos anos, entre elas estão o microfone, o alto-falante, o circuito elétrico, o transmissor e o receptor dessas ondas etc.

As ondas de rádio abrangem uma região de comprimento de onda extensa, sendo que os valores desses comprimentos de onda são bastante grandes quando comparados aos das outras ondas eletromagnéticas, assim, seu poder de penetração não é grande.

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No caso de radiações eletromagnéticas como raios X, raios gama, luz visível, radiação ultravioleta, as fontes têm tamanhos nucleares ou atômicos, mas no caso das ondas de rádio a fonte possui dimensões macroscópicas.

Depois da radiação luminosa, esta é a radiação mais usada e difundida em nossos dias.

Exemplos de instrumentos que utilizam essa radiação: babás eletrônicas, telefones sem fio e celulares, controles remotos de portões automáticos de garagem, radioamador, colares para a localização de animais selvagens, controles remotos de brinquedos, receptores GPS, transmissores de TV, radares, fornos de micro-ondas etc. O interessante nesse tipo de radiação é que cada tecnologia possui uma banda de comprimento de onda (ou como se usa nessa área, de frequência).

Os riscos físicos são gerados pelos agentes que têm capacidade de modificar as características físicas do meio ambiente. Por exemplo, a existência de um tear numa tecelagem introduz no ambiente um risco do tipo físico, já que tal máquina gera ruídos, isto é, ondas sonoras desagradáveis que irão alterar a pressão acústica que incide sobre os ouvidos das pessoas que estão no local.

O mesmo ocorre no setor de lixa de uma fábrica de laminação de pranchas de surfe, onde o ruído produzido pela lixadeira elétrica afeta diretamente no conforto acústico das pessoas que estão no local. Ou, ainda, as radiações UV (UVA, UVB e UVC) que atingem de maneira nociva os indivíduos que morram em regiões na área do buraco da camada de ozônio.

Os agentes físicos, presentes nos ambientes internos ou externos, podem ser de diversas naturezas e, entre eles, destacam-se o ruído, o calor, o frio, as vibrações, as pressões anormais, as radiações ionizantes e as radiações não ionizantes (LÓPEZ, 2007).

Quais as características dos riscos físicos?

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Unidade 3

As características mais importantes dos riscos físicos são:

� necessitarem de um meio de transmissão (em geral, o ar) para que a sua nocividade se propague;

� agirem sobre as pessoas mesmo que elas não tenham contato direto com a fonte do risco;

� darem origem a diversas lesões crônicas e não imediatas (a não ser em caso de acidente grave).

- Agora vamos tratar dos riscos físicos e reconhecer como eles atingem e prejudicam as pessoas.

a) Calor e frio

Segundo Ruas (1999), conforto térmico num determinado ambiente é definido como a sensação de bem-estar experimentada por uma pessoa, como resultado da combinação satisfatória, nesse ambiente, da temperatura radiante média (trm), umidade relativa (UR), temperatura do ambiente (ta) e velocidade relativa do ar (vr) com a atividade lá desenvolvida e com a vestimenta usada pelas pessoas.

As sensações são subjetivas, isto é, dependem das pessoas, portanto, um certo ambiente confortável termicamente para uma pessoa pode ser frio ou quente para outra.

Entende-se como condições ambientais de conforto aquelas que propiciam bem-estar ao maior número possível de pessoas.

Rocha (apud COX, 1979) afirma que no organismo humano existe um centro termorregulador, localizado no hipotálamo, sensível às variações da temperatura do ambiente; esse centro é responsável por uma série de alterações fisiológicas cuja finalidade é manter a temperatura do corpo constante. Quando o organismo fica sujeito a uma sobrecarga térmica, várias reações de adaptação podem então ser verificadas. Uma delas é a vasodilatação

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periférica, que tem a finalidade de aumentar a circulação sanguínea na superfície do corpo, por meio da qual se fazem as trocas de calor com o ambiente.

Assim, graças a um aumento da vazão de sangue, maior quantidade de calor do núcleo do corpo é conduzido para a superfície, onde será dissipado, o que, por outro lado, imporá um adicional no trabalho do sistema cardiocirculatório. Outra reação termorreguladora importante é o acréscimo que se verifica na atividade das glândulas sudoríparas.

Conforme as condições ambientais, como a temperatura e a umidade do ar, ventilação, existência de calor radiante, e também o tipo de atividade executado, pode o organismo sofrer alterações mais ou menos sérias. Mesmo que não se manifestem estados patológicos de imediato nos indivíduos, estando estes submetidos continuamente a uma sobrecarga térmica excessiva, a longo prazo poderão vir a sofrer danos à saúde (GARDNER et al, 1996).

A transmissão de calor entre o corpo e o ambiente engloba os seguintes processos.

a) Condução é o processo pelo qual o calor se transmite de um corpo a outro por contato direto. A quantidade de calor transmitida por condução depende do material, ou seja, se é bom ou não condutor. A condução é descartada nos processos de transmissão de calor para o ambiente, sendo, no entanto, de grande importância e predominante em processos realizados embaixo d’água ou quando o corpo se encontra em contato com objetos sob altas temperaturas.

b) Radiação é a transmissão do calor por meio de ondas. Todo corpo quente emite radiação em todas as direções, que irá atingir os corpos frios. O calor do Sol é transmitido por esse processo.

c) Convecção é a transmissão de calor por meio de correntes circulatórias originadas da fonte. Correntes ascendentes e descendentes de líquidos e gases. É a forma característica de transmissão de calor nos líquidos e gases, que, pelo aquecimento, nas partes quentes tendem a subir (corrente ascendente) e nas partes frias tendem a descer (corrente descendente). Isso ocorre, por exemplo,

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num incêndio localizado nos andares baixos de um edifício, os gases aquecidos sobem pela abertura vertical (elevadores, tubulações de ar) e atingem combustíveis dos locais elevados do prédio, provocando focos de calor.

Mendes (1980) apresenta resumidamente as características marcantes das principais doenças do calor.

a) Insolação. Deve-se a um distúrbio no centro termorregulador, sendo que a pele do indivíduo apresenta-se seca, quente e avermelhada. Entre os sintomas incluem-se vertigens, tremores, convulsões e delírios. É um estado patológico gravíssimo que pode levar à morte ou deixar sequela e deve, portanto, receber tratamento médico imediato.

Figura 3.16 - Pessoas que são alvo de insolação solar. Fonte: Disponível em: <http://www.klickeducacao.com.br/2006/enciclo/encicloverb/0,5977,POR-5738,00.html> e <http://www.saoluis.ma.gov.br/fazenda/conteudo.aspx?idConteudo=1523>. Acesso em: 05 abr 2009.

b) Prostração térmica. Deve-se a um distúrbio circulatório, resultante da impossibilidade desse sistema compensar a solicitação excessiva a que fica submetido. Os sintomas variam desde dor de cabeça, tontura, mal-estar, fraqueza até inconsciência. O aspecto da pele é pálida úmida, com temperatura variando entre o sub-normal e levemente aumentada.

c) Câimbras de calor. São devidas à perda excessiva de cloreto de sódio pelos músculos em consequência de sudorese intensa. Caracterizam-se por espasmos

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dolorosos violentos nos músculos mais solicitados durante o esforço físico. Bastante comum em atletas ou pessoas que realizam atividades físicas expostas ao sol.

d) Catarata. É uma doença ocular irreversível causada por exposições prolongadas (anos) à radiação infravermelha intensa (calor radiante), e cujo tratamento requer cirurgia.

b) Ruído

Almeida et al (1995) relata que, em 1978, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) definiu ruído como sendo um fenômeno acústico dissonante ou anárquico, aperiódico e indesejável; mistura de sons cujas frequências diferem entre si por valor inferior à discriminação em frequências da orelha.

Conforme Costa & Cruz (1994), o ruído é um incômodo que, em grande quantidade e de forma constante, torna-se mais que um incômodo, passando a ser agente causador de doenças.

Lacerda (1976) aponta que no ruído podem-se distinguir dois fatores principais. O primeiro diz respeito à frequência, que consiste no número de vibrações por segundo emitidas pela fonte sonora, medida em Hz, atribuindo aos ruídos a seguinte classificação: de baixa frequência (graves) entre 20 a 300 Hz; frequências médias de 30 a 6.000 Hz; altas frequências (agudas) as de 6.000 a 20.000 Hz. Os sons abaixo de 20 Hz são denominados de infrassons e, acima de 20.000 Hz, de ultrassons.

Os sons de alta frequência são mais nocivos à orelha humana e os ruídos de baixa frequência, mesmo sendo suportáveis pela orelha, produzem efeitos orgânicos mais acentuados. O segundo fator ligado ao ruído é a intensidade, medida em decibel (dB), considerando que os ruídos inferiores a 40 dB são apenas desagradáveis, enquanto os ruídos entre 40 - 90 dB são capazes de favorecer distúrbios nervosos e os superiores a 90 dB agem de forma traumatizante na orelha.

Russo (1993, 1997) conceituou o ruído segundo diferentes critérios de classificação:

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Subjetivamente, o ruído é um som desagradável e indesejável. Objetivamente, o ruído é um “Sinal acústico aperiódico, originado da superposição de vários movimentos de vibração com diferentes frequências, as quais não apresentam relação entre si”. (FELDMAN & GRIMES, 1985 apud RUSSO 1993, p. 123). Quantitativamente, o ruído é definido pelos atributos físicos indispensáveis para o processo de determinação da sua nocividade – sua duração em tempo, espectro de frequência em Hertz (Hz) e intensidade sonora (nível de pressão sonora) em dB (deciBel). (FELDMAN & GRIMES, 1985 apud RUSSO 1993, p. 125). Qualitativamente, de acordo com a Norma ISO 2204/1973 (International Standard Organization), os ruídos podem ser classificados segundo a variação de seu nível de intensidade com o tempo em: contínuos, intermitentes e de impacto. (FELDMAN & GRIMES, 1985 apud RUSSO 1993, p. 127).

Trindade (1989) apresenta os efeitos da exposição continuada a ambientes com elevado nível de ruído. Os indivíduos imersos em ambientes com elevado nível de ruído apresentam uma tendência elevada para stress, perdem consideravelmente seu poder de concentração e tolerância aos fatores adversos da sociedade. E, em função disso, desenvolvem anomalias psicossomáticas das mais variadas, podendo oscilar entre dermatoses a úlceras gástricas, além de se tornarem paulatinamente, em função da perda de concentração, mais predispostos a acidentes do trabalho e menor capacidade de execução de tarefas, principalmente as que requeiram concentração ou persistência na execução.

Você deve se lembrar que a perda da audição é um processo irreversível. Exposições a altos níveis de ruído por períodos prolongados podem causar a perda total ou parcial da audição, além de provocar irritação e estresse. Existem níveis de ruídos permitidos pela legislação de cada país. No Brasil, o nível de ruído máximo para exposição por oito horas diárias é de 85 dB(A), porém, não existe garantia nenhuma de que a exposição nesses níveis não causa nenhuma perda auditiva (MONTEIRO, 2000).

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Pesquise a respeito da sensibilidade auditiva de animais, tais como o cachorro e o cavalo.

c) Iluminação

A luz é um dos elementos mais comuns em nossa vida, mas mesmo assim merece uma atenção especial quanto a sua correta aplicação, uma vez que tanto o seu excesso (ofuscamento) quanto a sua escassez podem provocar efeitos nocivos à saúde do ser humano. Uma iluminação incorreta aumenta os riscos de acidente de trabalho, provoca doenças no órgão da visão, além de ser causa de doenças inespecíficas (DUL & WEERDMEESTER, 1998).

Um bom sistema de iluminação deve garantir um nível que mantenha o conforto visual de quem está exercendo uma tarefa, levando-se em conta as sombras, o ofuscamento e o ambiente, que são determinantes para a visualização dos objetos. Toda atividade deve respeitar um nível médio de iluminação na zona de trabalho que depende dos seguintes fatores: distância entre o olho e o objeto; fator de reflexão do objeto; contraste entre o objeto e o fundo sobre o qual se destaca; rapidez do movimento do objeto e a idade do observador (IIDA, 1995).

A iluminação adequada pode reduzir a possibilidade de erros, aumentando a produtividade dos serviços prestados pela empresa. Uma boa iluminação pode diminuir o cansaço visual, dores de cabeça, dores na região do pescoço e reduzir 30% a 60% dos erros (DUL & WEERDMEESTER, 1998).

Em todos os locais deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade desenvolvida.

d) Vibrações

A utilização de instrumentos vibrantes, como marteletes pneumáticos, lixadeiras, motosserras etc. pode causar, depois de alguns anos de trabalho, lesões deformantes nas articulações

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das mãos e dos punhos, em maior ou menor grau. A vibração também provoca uma doença na circulação arterial da mão, que atinge principalmente os dedos do indivíduo, e que se caracteriza por bloqueio da circulação local quando a mão é exposta ao frio (LÓPEZ, 2007).

e) Pressões anormais

O trabalhador pode sofrer problemas durante a compressão e a descompressão. Na compressão,

há risco de barotrauma, ou

seja, trauma de ouvido, seios paranasais e até de dentes. Para prevenir essas ocorrências devem ser feitos exames médicos diários, evitando-se, por exemplo, que um indivíduo resfriado seja comprimido, pois, nesse caso, poderá ocorrer barotrauma de ouvido e de seios paranasais, o que acarreta muita dor, além de rompimento do tímpano.

Já a descompressão pode causar uma grande embolia gasosa que, em geral, leva à morte rapidamente, ou, então, um quadro mais brando, chamado de doença descompressiva ou mal dos caixões, que é caracterizado por dor violenta nas grandes articulações (joelho, ombro, quadril) (LÓPEZ, 2007).

f) Radiações ionizantes

São basicamente os raios-X, raios-Y e as partículas alfa e beta. A exposição a essas radiações, principalmente as mais penetrantes (raios-X e Y), pode causar doenças graves como o câncer, além de alterações genéticas,

ou seja, que podem aparecer nos

descendentes do indivíduo, não só na primeira geração, como também nas subsequentes. Em uma exposição maciça, a radiação ionizante ocasiona uma síndrome, com anemia, vômitos, perda de apetite, fraqueza intensa e sangramentos, podendo, ainda, ocasionar a morte poucos dias após a exposição do indivíduo (LÓPEZ, 2007).

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Usos de radiação ionizante

Como a radiação ionizante tem o poder de interagir com a matéria por onde passa, pode ser utilizada em diversas áreas, entre elas (SILVA, 2009):

� na conservação de alimentos – hoje muitos alimentos são conservados por meio da incidência de radiação ionizante sobre eles. A conservação dos alimentos, com este método, depende da intensidade da radiação. Quanto maior a intensidade, maior o tempo de duração do produto e menores os cuidados adicionais de conservação que devem ser tomados. Como exemplo, pode-se citar experiências em que produtos cárneos irradiados e devidamente acondicionados passam a ter prazo de validade indeterminado, mesmo sendo conservados em temperatura ambiente. Incidindo-se um valor menor de radiação sobre um alimento é possível reduzir sensivelmente o número de bactérias patogênicas. No caso de alimentos frescos, a dose usada pode ser ainda menor, mesmo assim aumenta o tempo de maturação de frutas e verduras, auxiliando na sua distribuição;

� na medicina nuclear – em tratamentos terapêuticos, como a radioterapia, e na esterilização de materiais cirúrgicos (como luvas, seringas etc.), eliminando bactérias por meio de radiação. Este método pode ser prejudicial para alguns materiais como o plástico, pois quando irradiado pode ter sua estrutura molecular modificada de modo que se torna quebradiço;

� em exames diagnósticos – como o raio X, o PET e os traçadores radioativos;

� na agricultura – onde algumas técnicas conseguem obter novas variedades de plantas, pela irradiação de semente e plantas. Também no controle e eliminação de insetos, esterilizando os machos por meio da irradiação;

� na indústria do petróleo – usando a radiografia e a gamagrafia para detectar descontinuidade em chapas e tubulações;

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� no estudo da poluição atmosférica – isto é feito utilizando-se o método PIXE (Particle Induced X ray Emission), que consiste em irradiar com prótons ou partículas alfa uma amostra de ar coletado;

� na medição da espessura e densidade de materiais, na medição de nível de líquidos e na detecção de fumaça – a primeira baseia-se no fato de que a radiação que atravessa o material pode perder energia ou sofrer espalhamento antes de ser detectada. Assim, a quantidade de radiação que chega ao detector pode fornecer informações sobre a espessura e a densidade do material. A medição do nível de um líquido também utiliza radiação ionizante e um detector. Nos detectores de fumaça o princípio utilizado é parecido com o da determinação da espessura;

� na geração de energia – por meio de reatores nucleares.

Infelizmente, quando se trata de radiação ionizante muitos são os perigos envolvidos e muita atenção este tipo de radiação merece.

O século XX (a partir da década de 1950) foi marcado por inúmeros acidentes radioativos que tiveram consequências fatais ou não. Muitos deles ocorreram em usinas nucleares - e em vários a opinião pública teve pouca informação. Mas dois deles foram bem marcantes para os brasileiros: o primeiro, conhecido como o pior acidente nuclear da história, ocorreu em Chernobyl (Ucrânia) em 26 de abril de 1986. O segundo foi o acidente de Goiânia (capital do estado de Goiás) em 13 de setembro de 1987, em que houve a violação de uma fonte de césio 137, que tinha atividade de 50,875 x 1012 Bq ou 1.375 Ci.

O acidente de Chernobyl foi decorrente da explosão do núcleo do reator que existia a 18 km da cidade, sendo que houve liberação de produtos radioativos por duas semanas. Os principais agentes de irradiação foram a chuva, a água e verduras contaminadas. Nesse acidente, centenas de pessoas foram direta ou indiretamente contaminadas, sendo que 115 pessoas sofreram síndrome aguda da radiação. Ao final de oito meses, 31 pessoas haviam morrido.

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Na época, devido à alta contaminação de certos locais (raio maior que 30 km), o governo soviético evacuou cerca de 50.000 pessoas e alguns lugares próximos à usina não foram novamente ocupados. O acidente ensinou muito sobre cuidados adequados com vítimas contaminadas. Esses conhecimentos foram de extrema importância para que o número de vítimas fatais do acidente de Goiânia fosse diminuído.

Na figura 3.17, você pode observar a destruição causada no reator número 4 da usina nuclear de Chernobyl após a explosão e o sarcófago construído no reator, em dezembro de 1995.

Figura 3.17 – O reator número 4 da usina nuclear de Chernobyl após a explosão e o sarcófago do reator, em dezembro de 1995 Fonte: Disponível em: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/radiacao1.htm>. Acesso em: 20 mar 2009.

Um ano e meio após o desastre de Chenobyl, aconteceu o acidente de Goiânia, onde um equipamento de chumbo contendo césio 137 foi removido, por dois homens, do Instituto Goiano de Radioterapia. As pessoas não tinham conhecimento nenhum sobre os malefícios do conteúdo. Assim, houve vários agentes de contaminação, entre eles, o contato pessoal com a fonte, a circulação de animais e ferramentas contaminados, além da ação ambiental como o vento e a chuva.

A fim de descobrir o número de pessoas contaminadas, os técnicos da CNEN fizeram uma triagem com aproximadamente 13.000 habitantes da cidade. Desse total, eles perceberam que 249 pessoas sofreram algum tipo de contaminação (interna e/ou externa) e 49 foram internadas (dessas, morreram quatro: duas por hemorragia e duas por infecção), e uma teve o antebraço

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amputado. Além do cuidado com os moradores, houve medidas defensivas para a descontaminação dos locais atingidos, além do monitoramento do suprimento de água. Para isso, 85 casas sofreram descontaminação significativa, sete foram demolidas e tudo que foi de alguma forma contaminado foi devidamente acondicionado, transportado e armazenado perto de Goiânia entre concreto.

Com esses dois acidentes, é possível perceber que a radiação ionizante pode ser muito perigosa, principalmente se levarmos em conta que tanto no caso russo quanto no brasileiro a primeira finalidade dessas radiações era o uso pacífico, mas nos dois casos o descaso humano foi responsável pela morte, mutilação e incapacitação de inúmeras pessoas.

g) Radiações não ionizantes

As mais comuns são a infravermelha e a ultravioleta. A radiação ultravioleta provém principalmente da operação de solda elétrica e causa queimaduras na pele e irritação nos olhos. A infravermelha é proveniente do aquecimento intenso de metais ou vidros fundentes ou semi-fundentes. A exposição durante anos a esse agente provoca catarata, doença ocular do cristalino que pode levar à cegueira. A catarata por infravermelho é de longa data chamada “catarata dos vidreiros” (LÓPEZ, 2007).

- Nesta seção, você estudou o agente de risco ambiental físico, alguns tipos de radiações, como são seus mecanismos de ação e alguns efeitos decorrentes delas sobre os seres vivos ou sobre a matéria. Na próxima seção, você vai estudar o agente de risco ambiental biológico.

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Seção 4 – Agente de risco biológico

Nesta seção você vai estudar os agentes de riscos biológicos que podem trazer riscos às pessoas e ao meio ambiente.

A NR 9 considera agentes biológicos bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. A NR 32 considera agentes biológicos os micro-organismos, geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons. Há, ainda, alguns casos não previstos, que devem ser considerados como o do indivíduo que vai a uma região onde é grande a incidência de uma determinada espécie - parasitose, por exemplo. Como é a malária, no Norte do Brasil (LÓPEZ, 2007).

De maneira mais ampla, você pode considerar que agentes de risco biológico são espécies biológicas que colocam em risco a vida do homem (ou outro animal), quando se dá o contato entre eles.

1. Animais Peçonhentos

2. Vírus

3. Bactérias

4. Fungos

5. Bacilos

6. Parasitas

7. Protozoários

8. Insetos

Conheça um pouco sobre cada um desses agentes de risco biológico.

1) Animais peçonhentos

Estes são aqueles que possuem veneno para se defender (alguns apresentam ferrões) e que podem atacar qualquer ser que se aproxime do seu território. Ex.: cobra, escorpião, aranha, abelha, lagarta (taturana).

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Gestão de Riscos

Unidade 3

As jararacas são 19 espécies espalhadas por todo o território brasileiro, que podem ser chamadas de jararaca, jararacuçu, cotiara, urutu-cruzeiro etc. Esses animais possuem características de alimentar-se de pequenos roedores e anfíbios. Possuem uma poderosa ação da peçonha, que é proteolítica e coagulante.

� Proteolítica: reação inflamatória no local da picada, com inchaço, calor e extrema dor, além de sangramento.

� Coagulante: tendendo a complicações após 6h, como necrose e gangrena.

Atualmente, com a redução das matas, pela substituição da mata nativa por plantações e cidades, modifica-se significativamente a distribuição de algumas espécies de serpentes, bem como de aranhas, escorpiões, entre outros animais, levando esses animais a se encontrarem em áreas habitadas.

Outro fator que deve ser considerado é que a indefinição das estações do ano e a confusão climática estão alterando o comportamento das espécies, que se regulam pela temperatura do ambiente.

2. Vírus

São agentes infecciosos invisíveis a olho nu, que se caracterizam por não ter metabolismo independente, ou seja, são parasitas intracelulares obrigatórios. São capazes de se reproduzir apenas no interior de células hospedeiras vivas.

Exemplos de doenças transmitidas por vírus: Gripe, AIDS, Hepatite B, Sarampo, Herpes, Febre Amarela.

3. Bactérias

São organismos unicelulares, não visíveis ao olho nu (apenas com auxílio de microscópio) e que se multiplicam mediante simples divisão celular (bipartição ou cissiparidade). Nem todas as bactérias são perigosas.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Exemplos: Echerichea coli, Coliformes termotolerantes, Cianobacterias (algas).

Entre as doenças transmitidas por bactérias, podemos citar: Tétano, Botulismo, Meningite, Tuberculose, Cólera, Salmonela, Gonorréia.

4. Fungos

São organismos vegetais heterotróficos, saprófitos ou parasitas. Desenvolvem-se sempre em meio úmido, tais como, dejetos de animais, plantas mortas e materiais em decomposição.

Exemplos de doenças transmitidas por fungos: cândida, micose, frieira, pé de atleta.

Os agentes de risco biológico são encontrados em atividades ligadas a serviço em esgotos, túneis ou locais de transporte de água contaminada, obras de saneamento, minas subterrâneas e serviços de assistência à saúde humana e animal. Esses agentes de risco fazem-se presentes em atividades ligadas à área médica, odontológica, laboratorial, farmacêutica, em biotérios, veterinárias, cemitérios e instituições de ensino.

As vias de transmissão podem ser cutânea, respiratória e digestiva ou a combinação destas. Por exemplo, por contato ou inalação de aerodispersóides líquidos ou sólidos, mordida de algum bicho (aranha, rato, cobra), vetores biológicos (mosca, mosquito e barata) e ingestão de água ou alimento contaminado.

Em alguns casos, um ferimento causado por um agente de risco químico pode ser transformado em porta de entrada para agente biológico. O ressecamento da pele é das condições  mais importantes da sua perda de resistência, a qual é agravada pelo contato com materiais pulverulentos e alcalinos (agente de risco químico).  Persistindo muito tempo, a pele torna-se  áspera e é possível desenvolver-se ceratose, disto resultando facilmente fissuras que possibilitarão a penetração de   agentes irritantes ou sensibilizantes,  bem como agentes microbianos e fúngicos. 

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125

Gestão de Riscos

Unidade 3

Em consequência facilita-se o aparecimento de dermites, eczemas, piodermites  ou outros processos infecciosos ou micoses (FONSECA, 1985).

É importante ressaltar que os agentes biológicos podem ou não causar danos às pessoas, dependendo principalmente do fator: a imunidade, que é a resistência natural ou adquirida durante nossa vida pelo nosso corpo a um micróbio causador de doenças ou venenoso. É o principal meio de defesa do nosso corpo contra as doenças. Ela é realizada por meio dos chamados anticorpos que temos no sangue. Nosso corpo é um composto de células, bilhões delas, arrumadas e distribuídas de acordo com cada ponto, órgão e função. Sendo assim, nosso sangue também contém alguns bilhões de células e entre elas estão os anticorpos, que são células que formam as nossas chamadas defesas biológicas. Muitos anticorpos são adquiridos da mãe ou por intermédio de vacinação. Outros são posteriores a uma doença.

Síntese

Nesta unidade, você estudou as vias de absorção dos agentes de risco no organismo humano, que são sistema digestivo, sistema respiratório e superfície epitelial. Você estudou os agentes de riscos químico, físico e biológico, seus mecanismos de ação e efeito sobre o homem e meio ambiente.

Na seção de agente de risco químico foi estudado que os produtos químicos são agrupados em categorias gerais: inflamáveis, tóxicos, explosivos, agentes oxidantes, corrosivos, gases comprimidos, produtos sensíveis à água e produtos incompatíveis.

Na seção de agente de risco físico foram estudadas as formas de energia a que possam estar expostos as pessoas, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas externas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes.

Na seção de agentes de risco biológico você estudou as espécies biológicas que colocam em risco a vida do homem quando se dá o contato entre eles. Estas espécies são principalmente: animais peçonhentos, vírus, bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e insetos.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de autoavaliação

Ao fi nal de cada unidade, você realizará atividades de autoavaliação. O gabarito está disponível no fi nal do livro didático. Mas esforce-se para resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois assim você estará promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.

1) Cite e conceitue as formas que se encontram os agentes de risco químico.

2) Depois da leitura de texto extraído do original Contaminação de águas subterrâneas por derramamentos de gasolina: o problema é grave?, de Corseuil e Marins (1997) responda às questões.

Em um derramamento de gasolina, uma das principais preocupações é a contaminação de aquíferos que sejam usados como fonte de abastecimento de água para consumo humano. Por ser muito pouco solúvel em água, a gasolina derramada, contendo mais de uma centena de componentes, inicialmente estará presente no subsolo como líquido de fase não aquosa (NAPL). Em contato com a água subterrânea a gasolina se dissolverá parcialmente. Os hidrocarbonetos monoaromáticos, benzeno, tolueno, etilbenzeno e os três xilenos orto, meta e para, chamados compostos BTEX, são os constituintes da gasolina que têm maior solubilidade em água e, portanto, são os contaminantes que primeiro irão atingir o lençol freático (CORSEUIL, 1992).

Estes contaminantes são considerados substâncias perigosas por serem depressores do sistema nervoso central e por causarem leucemia em exposições crônicas. Dentre os BTEX, o benzeno

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127

Gestão de Riscos

Unidade 3

é considerado o mais tóxico com padrão de potabilidade de 10 μg/l, segundo as normas do Ministério da Saúde.

A gasolina comercializada no Brasil é bastante diferenciada de outros países pois é misturada com 22% de etanol. Deste modo, as interações entre o etanol e os compostos BTEX podem causar um comportamento completamente diferente no deslocamento da pluma do que aquele observado em países que utilizam gasolina pura. Os três aspectos principais que podem afetar o comportamento dos hidrocarbonetos monoaromáticos benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno em sistemas subsuperfi ciais em presença de etanol são (FERNANDES E CORSEUIL, 1996; SANTOS ET AL., 1996):

a possibilidade do aumento da solubilidade dos BTEX em água;

a possibilidade do aumento da mobilidade dos BTEX dissolvidos na água subterrânea;

a possibilidade de que a presença do etanol possa difi cultar a biodegradação natural dos BTEX aumentando a persistência destes compostos na água subterrânea.

Uma vez que o etanol é completamente solúvel em água, a sua concentração deverá ser maior que a dos compostos BTEX em águas subterrâneas contaminadas com misturas de etanol e gasolina. Como compostos altamente solúveis tem um menor potencial de sorção, o etanol terá uma mobilidade maior que a dos compostos BTEX na água subterrânea. O etanol, quando presente em altas concentrações, pode diminuir o retardo no deslocamento dos BTEX na água subterrânea causado pela sorção no solo. O etanol pode também ser biodegradado em preferência aos BTEX e consumir todo o oxigênio necessário para a degradação dos hidrocarbonetos monoaromáticos. Além disso, o etanol pode ser tóxico ou inibitório para os microorganismos degradadores de BTEX.

Após a leitura do texto, responda:

a) Qual é o agente de risco presente no vazamento de combustível?

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Universidade do Sul de Santa Catarina

b) Quais são os compostos presentes na gasolina que apresentam maior toxicidade?

c) De que forma física esse agente se apresenta e se difunde?

d) Quais as vias de absorção do BTEX e que danos ele pode trazer para a saúde humana?

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Gestão de Riscos

Unidade 3

3) Considerando a atividade de transporte rodoviário de produtos perigosos, pesquise e relate os principais riscos para a pessoa que dirige o caminhão e para o meio ambiente.

Saiba mais

Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade ao consultar as seguintes referências:

SANTOS, Cláudia Regina. Toxicologia. Florianópolis, 2008. Apostila da Disciplina de Toxicologia do Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho.

VILARINHO, L. O. Entender para prevenir. Revista Proteção. São Paulo. ano XXI, ed. 202, outubro de 2008.

BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria n° 3214 de 8 de junho de 1978: Normas Regulamentadoras relativas à segurança e medicina do trabalho. NR 17 - Ergonomia. In: BRASIL. Manual de Legislação Atlas de Segurança e Medicina do Trabalho. 62. ed. São Paulo: Atlas, 2008c.

EQUIPE ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. 57. ed. São Paulo: ATLAS, 2005. 795p.

COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. Diretoria Técnico-científica do Departamento de Polícia Federal. 1º Seminário sobre Radioproteção e Segurança Nuclear. Brasília, 20 a 24 de Junho de 2005.

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4UNIDADE 4

Desastres naturais e humanos

Objetivos de aprendizagem

� Conhecer os conceitos de desastres naturais e humanos.

� Diferenciar desastres naturais e humanos.

� Conhecer sistemas de defesa civil relacionados aos desastres.

Seções de estudo

Seção 1 Classificação dos desastres

Seção 2 Desastres naturais no mundo

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo

Os desastres naturais estão diretamente vinculados à história do homem. São provocados por fenômenos ou desequilíbrios da natureza, de origem externa e que atuam independentemente da ação humana.

No entanto, a ação do homem pode gerar ou intensificar os desastres naturais, sendo estes conhecidos como desastres mistos, pois ocorrem quando ações e omissões humanas contribuem para intensificar, complicar e agravar fenômenos naturais.

Tais desastres mistos caracterizam-se também quando fenômenos adversos de origem natural provocam desastres, por atuarem em ambientes alterados e degradados pelo homem (MARCELINO, 2008).

No Brasil e em outras partes do globo, verifica-se o aumento de registros de desastres naturais (IPCC, 2007). Um aumento que pode ser atribuído ao modo de apropriação e uso dos recursos naturais, o que tem gerado duros impactos à sociedade, ou devido à falta de registro desses acontecimentos.

Diante disso, nesta unidade você vai estudar os conceitos de desastres naturais e humanos, com o objetivo de diferenciá-los e vai acompanhar um breve histórico de desastres naturais, além de conhecer a importância de sistemas de alerta para desastres.

Seção 1 – Classificação dos desastres

No Brasil, verifica-se a cada ano um aumento no número de desastres naturais em virtude da ocupação desordenada do território e pela omissão do poder público na execução de uma política ambiental que viesse a reduzir a ocorrência de novas catástrofes.

Mas como definir desastre?

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Gestão de Riscos

Unidade 4

Desastre é definido, segundo Castro (2007), como o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, que pode causar danos humanos, materiais e ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais.

Os desastres têm sua origem ou causa primária classificados como naturais, humanos ou antropogênicos e mistos. Conheça, a seguir, um pouco mais sobre essa classificação.

Desastres naturais

São aqueles provocados por fenômenos ou desequilíbrios da natureza, de origem externa e que atuam independentemente da ação humana.

Os desastres naturais podem ser classificados da seguinte forma:

� de origem sideral, provocados pelo impacto de corpos siderais ou meteoritos sobre a superfície da Terra;

� relacionados com a geodinâmica terrestre externa, ou seja, os provocados por fenômenos atmosféricos, como vendavais, inundações, secas e outros;

� relacionados com a geodinâmica terrestre interna, ou seja, os provocados por vulcanismo, tectonismo (terremotos) e pela erosão e o intemperismo (escorregamentos de solos);

� relacionados com desequilíbrios na biocenose, como pragas animais e vegetais.

Desastres humanos ou antropogênicos

São aqueles provocados por ações ou omissões humanas. Relacionam-se com o próprio homem, enquanto agente e autor.

Fonte: Disponível em: <htt://cleberagenda.blogspot.com/2008/12/as-maiores>

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134

Universidade do Sul de Santa Catarina

Esses desastres podem ser classificados em desastres humanos de natureza:

� tecnológica, consequências indesejáveis do desenvolvimento tecnológico e industrial, sem preocupações com a segurança contra sinistros. Também relacionam-se com o intenso incremento demográfico das cidades, sem o correspondente desenvolvimento de uma infraestrutura compatível de serviços básicos e essenciais, como desastres com meios de transporte, com produtos perigosos, incêndios e explosões;

� social, consequências de desequilíbrios no inter-relacionamento humano e de um relacionamento desarmônico com os ecossistemas naturais e os modificados pelo homem, como fome e desnutrição;

� biológica, consequências de deficiências nos órgãos promotores da saúde pública, muitas vezes agravadas pelo pauperismo e pelo subdesenvolvimento, como malária, cólera, SIDA/AIDS e outras.

Desastres mistos

São os que ocorrem quando ações e omissões humanas contribuem para intensificar, complicar e agravar fenômenos naturais. Caracterizam-se, também, quando fenômenos adversos de origem natural provocam desastres, por atuarem em ambientes alterados e degradados pelo homem.

Esses desastres podem ser classificados em desastres mistos relacionados com a:

� geodinâmica terrestre externa, como a redução da camada de ozônio, o efeito estufa, a chuva ácida e a intensificação da poluição do ar relacionada com as camadas de inversão térmica;

� geodinâmica terrestre interna, como a desertificação e a salinização do solo.

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Gestão de Riscos

Unidade 4

Os desastres mistos ainda podem ser classificados quanto à intensidade, à evolução e à origem.

A intensidade de um desastre natural é frequentemente utilizada pela Defesa Civil para comunicar e alertar a população. No que se referem à intensidade, eles são classificados em quatro níveis:

� Nível I, desastres de pequena intensidade ou acidente;

� Nível II, desastres de média intensidade;

� Nível III, desastres de grande intensidade;

� Nível IV, desastres de muito grande intensidade.

- Nesta seção, você conheceu a classificação dos desastres

Seção 2 - Desastres naturais no mundo

Os fenômenos naturais que desencadeiam os desastres naturais, como as tempestades, os terremotos e os vulcões, encontram-se em diversos continentes. Por este motivo, esses desastres podem acontecer em qualquer parte do globo terrestre. Mas fatores como o elevado adensamento populacional nas áreas de risco, a falta de planejamento urbano e de investimentos na saúde e educação, aumentam consideravelmente a vulnerabilidade das comunidades expostas aos perigos naturais.

Na figura 4.1 pode ser analisada a distribuição por continente dos desastres naturais ocorridos no globo (1900-2006). Em todo o mundo, os tipos de desastres que mais ocorreram foram as inundações (35%) e as tempestades (31%), que é a soma dos eventos associados a furacões, tornados e vendavais. Aproximadamente 66% dos desastres naturais ocorridos no mundo estão vinculados às instabilidades atmosféricas severas (MARCELINO, 2008).

A evolução e a origem

dos desastres mistos são

estudos que devem ser

aprofundados na área de

Geologia.

No Brasil, os desastres de

nível IV são muito pouco

frequentes.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Figura 4.1 - Distribuição por continente dos desastres naturais ocorridos no globo (1900-2006)Fonte: Marcelino, 2008

O continente da Ásia é o mais atingido por desastres naturais seguido pela América, África, Europa e Oceania. Na América, as ocorrências de maior importância são correspondentes a inundações e tempestades.

A tabela 4.1 apresenta os tipos de desastres naturais, área de risco, designações, efeito antropogênico e origem.

Legenda: IN – Inundação,

ES – Escorregamento,

TE – Tempestade,

SE – Seca,

TX – Temperatura

Extrema,

IF – Incêndio Florestal,

VU – Vulcanismo,

TR – Terremoto e

RE – Ressaca.

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137

Gestão de Riscos

Unidade 4

Tabela 4.1 - Tipos de desastres naturais, área de risco, designações, efeito antropogênico e origem

Risco Área de risco Tipos/ Designações Formas de Prevenção Agravamento pelo

Homem Origem

Fura

cões

litoral dos

oceanos tropicais

- furacões

- tufões

- ciclones

- willie-willies

- observação por satélites

meteorológicos

- sistemas de alerta

- impedir construção nas áreas

de risco

- alterações climáticas

- construção nas áreas de risco

- elevado gradiente

térmico atmosférico e

oceânico

- elevada temperatura

da água oceânica

Inun

daçõ

es planícies aluviais;

áreas baixas do

litoral

- cheias rápidas

(Flash Floods)

- cheias regionais

- inundações

costeiras

- construção de diques

- ereção de barragens

- limpeza do leito dos rios

- proibir construção nas

planícies de inundação

- construção nas áreas de risco

- obstáculos no leito dos rios

- desmatamento

- impermeabilização do solo

- precipitação intensa

- precipitação

duradoura

Seca

s/ In

cênd

ios/

Va

gas

de C

alor

- áreas tropicais e

subtropicais, em

menor escala nas

áreas temperadas

- áreas de floresta

de coníferas

(Taiga)

- secas

- incêndios

- vagas de calor

- redução do consumo de água

na agricultura

- construção de lagoas e

açudes

- limpeza das matas

- evitar fazer fogo e queimadas

- transvases

- destruição da vegetação

- sobre pastorícia

- sobre-exploração dos

aquíferos

-plantação de espécies

inadequadas

- alterações climáticas

- longos períodos sem

precipitação

- temperaturas

demasiado elevadas

durante um longo

período de tempo

Mov

imen

tos

de T

erre

no

(Lan

dslid

es) - áreas de

grande declive

(montanhas)

- desabamentos

- deslizamentos

- fluxões

- avalanches

- impedir construção nas áreas

de declive acentuado

- construção de muros de

suporte

- construção de barreiras de

drenagem

- construção de estradas e

edifícios nas vertentes

- impermeabilização do solo

- desmatamento das vertentes

- sismos

- erupções vulcânicas

- precipitação intensa

- galeria lateral pelos

rios

Sism

os

limites das placas

tectônicas

- superficiais

- profundos

- marítimos

- terrestre

- estudos geológicos sobre o

interior da Terra

-sistemas de alerta baseados

nos estudos de sismógrafos

- construção nas áreas de risco

- construção de barragens nas

áreas assísmicas

- movimentos da

crosta terrestre

- explosões nucleares

Vulc

ões

limites das placas

tectônicas

- efusio (Hawaiiano)

- explosivo

(Stromboliano)

- misto (Vulcaniano)

- gasoso (Peleeano)

- estudos geológicos sobre o

interior da Terra

- evitar construções nas áreas

de risco

- sistemas de alerta baseados

nos estudos de erupções

anteriores

- construção nas áreas de risco

- ignorar alertas de erupção

- fragilidade na crosta

terrestre

- grande aumento da

pressão das câmeras

magmáticas

Tsun

amis

Litoral dos

grandes mares e

dos Oceanos

- derivados de

maremotos

- derivados de

erupções vulcânicas

- derivados de queda

de meteoros

- derivados de

deslizamentos de

terremotos

- evitar construções nas áreas

de risco

- sistemas de alerta

coordenados

- construção na faixa do litoral

a 10m de altitude

- sismos no leito

oceânico

- queda de meteoritos

- grandes

deslizamentos de

Arribas ou de Canhões

submarinos

- erupções vulcânicas

submarinas

Fonte: Disponível em <http://www.scribd.com/doc/3155628/Riscos-e-Catastrofes-naturais-quadro-resumo>. Acesso em: 08 abr 2009.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

E no Brasil, como podemos avaliar os desastres naturais?

O Brasil não apresenta grandes e graves desastres súbitos de evolução aguda, como terremotos, furacões, erupções vulcânicas e tsunamis, mas sofre, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, inúmeros outros tipos de desastres súbitos como vendavais, chuvas de granizo, enxurradas, secas e até tornados.

� Na região Norte acontecem as enchentes das áreas ribeirinhas do rio Amazonas, que chegam a alcançar vários quilômetros de distância desde a margem.

� Na região Nordeste são inúmeros os rios que sofrem enchentes, destacando-se o rio São Francisco, o vale do rio Jaguaribe, no Ceará, o Parnaíba, no Piauí, e os rios de Contas e Paraguaçu, na Bahia.

� Na região Sul, o estado mais afetado é o de Santa Catarina. Em 1983, o rio Itajaí-açu sofreu uma enchente tão violenta que chegou a subir 17 metros acima do nível normal. Neste estado, ocorrem também, frequentemente, enchentes nos rios Uruguai, do Peixe e Tubarão. Os estados do Rio Grande do Sul e do Paraná também sofrem com as enchentes dos rios Paraná, Uruguai, Iguaçu, Jacuí, Taquari e Guaíba.

� Na região Centro-Oeste ocorrem os dois fenômenos: enchentes em todos os estados da região e inundações (no pantanal) de evolução lenta e gradual, cobrindo uma imensa extensão territorial. É um fenômeno cíclico anual, que comanda o equilíbrio biológico da fauna, flora, água e do solo.

� Na região Sudeste, todos os estados são afetados por enchentes nos seguintes rios: Paraná, em Minas Gerais e São Paulo; o rio Tietê, em São Paulo; o Paraibuna, em Minas Gerais; o rio Doce, no Espírito Santo, e muitos outros, causando danos à população. Mas há dois tipos de problemas bem caracterizados nesta região: as enxurradas, que alagam em minutos as cidades de São Paulo, do Rio de Janeiro e outras, com mortos, pânico e danos econômicos, e também os grandes e sérios alagamentos dos municípios da Baixada Fluminense, no estado do Rio de Janeiro.

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Gestão de Riscos

Unidade 4

As enchentes, inundações, enxurradas e os alagamentos afetam todos os estados, nas cinco regiões do país, praticamente, pouquíssimos municípios não são afetados.

Os desastres de evolução súbita, como os deslizamentos de terra, são mais frequentes nas cidades de Salvador, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis (CALHEIROS, 2007).

De acordo com Marcelino (2008), no Brasil ocorreram 150 registros de desastres no período 1900-2006, sendo que 84% foram computados a partir dos anos 1970, o que demonstra um aumento considerável de desastres nas últimas décadas. As consequências desses desastres foram 8.183 vítimas fatais e um prejuízo de aproximadamente dez bilhões de dólares.

A maioria dos desastres no Brasil, mais de 80%, está associada às instabilidades atmosféricas severas, que são responsáveis pelo desencadeamento de inundações, vendavais, tornados, granizos e escorregamentos. Com exceção das inundações graduais, esses fenômenos são súbitos e violentos, responsáveis por grande mortandade e destruição. Em virtude da velocidade, não há tempo para as pessoas procurarem abrigos ou salvarem parte dos bens existentes em suas casas (MARCELINO, 2008).

Na figura 4.2 você pode observar os principais tipos de desastres naturais ocorridos no Brasil no período de 1900 a 2006, sendo que as inundações mostram-se em maior número de ocorrências.

Figura 4.2 – Tipos de desastres naturais ocorridos no Brasil (1900-2006). Fonte: Marcelino, 2008.

Legenda da imagem: IN – Inundação,

ES – Escorregamento,

TE – Tempestades,

SE – Seca,

TX – Temperatura Extrema,

IF – Incêndio Florestal e

TR – Terremoto.

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140

Universidade do Sul de Santa Catarina

Os tipos de desastres naturais que você vai estudar são: inundação gradual, inundação brusca, escorregamento, estiagem, granizo, vendaval, tornado, maré de tempestade. As informações foram extraídas do Atlas de Desastres Naturais de Santa Catarina, seguindo Herrmann e colaboradores (2008).

Inundação gradual

Comumente, os termos inundação fluvial e enchente são utilizados como sinônimos, mas eles diferem entre si quanto à fenomenologia. A enchente ou cheia refere-se ao aumento da vazão do rio por um determinado período de tempo. Entretanto, quando a vazão supera a capacidade de descarga do canal fluvial, indo extravasar para as áreas marginais (várzea e planície aluvial), dá-se a inundação fluvial.

Na figura 4.3, você pode observar que a problemática de inundações atinge uma área urbana, levando a inúmeros problemas públicos.

A precipitação intensa é a principal causa das inundações fluviais, comportando-se como chuvas sazonais sobre amplas áreas geográficas, o que resulta nas inundações graduais; ou sob a forma de chuvas convectivas intensas sobre uma pequena bacia

hidrográfica, o que resulta nas inundações bruscas (PENNING-ROWSELL, 1999; SMITH, 2000). Ou seja, as inundações graduais estão mais associadas às chuvas contínuas e prolongadas do que às chuvas intensas e concentradas (CASTRO, 2003).

Para a Defesa Civil, a inundação gradual ocorre quando “... as águas elevam-se de forma paulatina e previsível; mantêm-se em situação de cheia durante algum tempo, e, a seguir escoam-se gradualmente.” (CASTRO, 2003).

Figura 4.3 - Inundação atinge área urbana Fonte: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_glyLfBk9Cic/R84AYe6Ck0I/AAAAAAAAAOI/X8RAd_la1mI/s400/enchente-centro2.jpg>. Acesso em: 08 abr 2009.

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141

Gestão de Riscos

Unidade 4

Assim, na inundação gradual a elevação e o fluxo d’água são lentos e, normalmente, também o rebaixamento, o que permite a adoção de algumas medidas preventivas e emergenciais. Por isso, alguns pesquisadores acreditam que a inundação brusca é mais problemática devido a sua rápida velocidade e violência (GEORGAKAKOS, 1986; MONTZ e GRUNTFEST, 2002).

Dentre as áreas mais suscetíveis, destacam-se as regiões costeiras em virtude do relevo plano (planície de inundação) e do adensamento populacional (WOODROFFE, 1995).

Tucci et al (2003) comentam que a inundação gradual também está fortemente associada ao processo de urbanização em função da impermeabilização do solo. Essa impermeabilização aumenta o escoamento fazendo com que grande quantidade de água chegue no sistema de drenagem gerando inundações mais frequentes do que as que existiam quando a superfície apresentava condições naturais.

Na figura 4.4 pode ser observado o mapa de frequência de inundação gradual por município em Santa Catarina (1980 – 2003), sendo que a intensidade das inundações foi classificada em muito alta, alta, média e baixa/nula (HERRMANN, 2008).

Figura 4.4 - Mapa de frequência de inundação gradual por município em Santa Catarina (1980 – 2003) Fonte: Herrmann et al, 2008.

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A inundação é o tipo de desastre natural que mais ocorre em todo o Brasil, causando sérios impactos socioeconômicos. A frequência de eventos mais severos está diretamente associada aos anos de El Niño, que atua com mais intensidade no inverno na Região Sul do Brasil, provocando episódios pluviais intensos, sendo que os mais severos ocorreram em julho de 1983 e agosto de 1984. Ambas deixaram milhares de desabrigados, dezenas de mortos e causaram significativos prejuízos aos municípios afetados.

Outro fator importante a considerar é que a urbanização intensa e o uso indiscriminado do solo reduzem a capacidade de infiltração da água da chuva, contribuindo para o aumento dos episódios de inundações.

Inundação brusca

A inundação brusca, popularmente conhecida como enxurrada, está associada a chuvas convectivas intensas e concentradas, que ocasionam o aumentando súbito e violento do nível das águas (GEORGAKAKOS, 1986; KÖMÜSÇÜ et al, 1998; GAUME et al, 2004). A Defesa Civil conceitua inundações bruscas como sendo súbitas e violentas elevações do nível dos rios, provocando o transbordamento das águas, as quais escoam de forma rápida e violenta (CASTRO, 2003).

Segundo Montz e Gruntfest (2002), as inundações bruscas diferem-se das inundações graduais em função das seguintes características: ocorrem de forma inesperada; movem-se rapidamente, quando associadas a um curso d’água; são geralmente violentas, com elevado potencial destrutivo; e apresentam uma área de impacto relativamente pequena.

Esse fenômeno, conforme Georgakakos (1986) e Doswell (1994), é o resultado da interação de diversos processos atmosféricos e terrestres como: precipitações extremas, umidade no solo (precipitação antecedente), forma das encostas, relevos íngremes, superfícies impermeáveis (calçamentos, arruamentos etc.) e repentina descarga d’água (rompimento de barragens, açudes etc.). Em alguns casos, todos estes pressupostos podem estar presentes, o que eleva ao máximo o poder de destruição do fenômeno.

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Na figura 4.5, você pode visualizar os danos causados pelos escorregamentos e inundações na região nordeste do Rio Grande do Sul (RS). Na fotografia (a) da figura 4.5 você pode observar um escorregamento na rodovia BR-486 que interditou a Rota do Sol; na fotografia (b), a ponte destruída em Morrinhos do Sul; na fotografia (c), inundação na zona rural; e na fotografia (d), casa seriamente danificada em Mampituba.

Figura 4.5 - Danos causados por escorregamentos e inundações na região nordeste do Rio Grande do Sul (RS): a) escorregamento na rodovia BR-486 que interditou a Rota do Sol, (b) ponte destruída em Morrinhos do Sul, (c) inundação na zona rural e (d) casa seriamente danificada em Mampituba. Fotos: Defesa Civil/Agência RBS/Palácio Piratini, 2007 Fonte: Disponível em: <http://www.inpe.br/crs/geodesastres/desastre1.php>. Acesso em: 08 abr 2009.

Monteiro (2001) cita que, nas áreas mais próximas às encostas das montanhas, as precipitações são mais abundantes devido à elevação do ar quente e úmido, que favorece a formação de nuvens cumuliformes, resultando em precipitações intensas e de curta duração (chuvas orográficas).

A maior frequência de inundações bruscas está associada principalmente às fortes e concentradas chuvas e aos relevos montanhosos.

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Escorregamento

Os escorregamentos representam a classe mais importante dentre todas as formas de movimento de massa, comumente denominados de deslizamentos, desmoronamentos, quedas de barreira e desbarrancamentos, os quais referem-se ao rápido movimento descendente de material inconsolidado ou intemperizado sobre um embasamento saturado de água, podendo ainda incluir as corridas de terra e de lama e fluxo de detritos. No que se refere às quedas de blocos, os escorregamentos são movimentos rápidos de blocos e lascas de rochas que são removidos por queda livre, pela ação da gravidade sem a presença de uma superfície de movimentação (BIGARELLA, 2003). Ocorrem nas encostas íngremes de paredes rochosas que contribuem para a formação dos depósitos de tálus (FERNANDES e AMARAL, 1996).

Na figura 4.6 você pode observar um evento de deslizamento que ocorreu no estado de Santa Catarina, acompanhado de corrida de terra e de lama e fluxo de detritos.

Os escorregamentos, segundo Guidicini e Nieble (1996), caracterizam-se como movimentos rápidos de curta duração, com plano de ruptura bem definido, permitindo a distinção entre material deslizado e o que não sofreu movimento. A forma de ruptura permite subdividir o escorregamento em translacionais (planares), rotacionais (cunha) e circulares.

A Defesa Civil adota como conceito para escorregamentos “fenômenos provocados pelo escorregamento de materiais sólidos, como solos, rochas, vegetação e/ou material de construção ao longo de terrenos inclinados, denominados

encostas, pendentes ou escarpas” (CASTRO, 2003, p. 108).

Os fatores condicionantes aos escorregamentos estão relacionados, principalmente, a estrutura geológica, declividade da vertente, forma topográfica, regime de chuvas e atividade

É o fenômeno relacionado com

o processo natural de evolução

das vertentes.

Figura 4.6 - Deslizamento no estado de Santa Catarina, corrida de terra e de lama e fluxo de detritos Fonte: Disponível em: <http://www.adjorisc.com.br/jornais/obarrigaverde/noticias/index.phtml?id_conteudo=178031>. Acesso em: 08 abr 2009.

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antrópica. Dentre os fatores citados, certamente o último constitui-se como um dos maiores potencializadores dos escorregamentos. Destacam-se o uso irracional das áreas declivosas, desmatamentos, cortes e aterros mal executados para construção de casas e estradas, lançamento direto de águas servidas, vazamento da rede de abastecimento de água, fossas sépticas e acúmulo de lixo.

Os registros de escorregamentos são, geralmente, os que causaram danos materiais e humanos, os demais, quando mencionados, referem-se às ocorrências secundárias diante das inundações. Ou seja, o número de ocorrências, normalmente, é maior do que o registrado. Nos municípios em que existe a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (COMDEC) bem estruturada, há registros de escorregamentos. Em Blumenau, no estado de Santa Catarina, por exemplo, foram registrados, durante o período de 1997 a 2001, 1954 escorregamentos em toda a extensão do município (VIEIRA, 2004).

Estiagem

A estiagem é considerada, atualmente, como um dos desastres naturais de maior ocorrência e impacto no mundo. Isto se deve ao fato de que ela ocorre durante longos períodos de tempo, afetando grandes extensões territoriais. Basicamente, o conceito de estiagem refere-se a um período prolongado de baixa pluviosidade ou sua ausência, em que a perda de umidade do solo é superior à sua reposição (CASTRO, 2003).

Segundo o glossário de meteorologia da Associação Americana de Meteorologia (AMS, 2004), estiagem refere-se a um período anormal de tempo seco, suficientemente longo para causar um sério desequilíbrio hidrológico, enquanto que o National Drought Mitigation Center (NDMC, 2004) considera estiagem como um fenômeno que ocorre em todas as zonas climáticas do globo, mas suas características variam significativamente de uma região para a outra. Este instituto considera estiagem como uma anomalia temporária originada pela deficiência na precipitação durante um longo período de tempo, geralmente por uma estação do ano ou mais. Essa anomalia é caracterizada por afetar atividades econômicas, grupos sociais e ecossistemas.

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Para o NDMC (2004), estiagem não pode ser vista como um fenômeno estritamente físico ou como um evento natural, seus impactos na sociedade resultam da relação entre os eventos naturais (déficit pluviométrico) e as atividades socioeconômicas desenvolvidas. Na figura 4.7 pode-se observar a região mais castigada pela estiagem em Minas Gerais que provoca a morte de animais, devido à fome e sede. Além de lavouras e pastagens destruídas, rios, córregos e tanques completamente secos.

Figura 4.7 - Estiagem em Minas Gerais provoca a morte de animais, devido à fome e sede Fonte: Disponível em: <http://doisdedosdeprosa.wordpress.com/2007/09/27/estiagem-castiga-lavouras-e-gado-no-norte-de-minas/>. Acesso em: 08 abr 2009.

Em anos de La Niña, ocorre o enfraquecimento das frentes frias e dos demais sistemas produtores de chuva, ativando-se os bloqueios atmosféricos e o domínio da Massa Tropical Continental. Esses bloqueios estão associados aos sistemas estáveis representados pelos centros de alta pressão das massas de ar tropical continental e marítima. Nesses centros há subsidência ou afundamento do ar, que é comprimido e aquecido, dificultando a formação de nuvens e precipitação. Esses bloqueios variam de acordo com as estações do ano (MONTEIRO, 2001).

As influências de fenômenos como La Niña e El Niño ocorrem por longos períodos e podem ser sentidas durante toda a atuação desses eventos. Por esse motivo torna-se difícil, no caso da estiagem, de se determinar a data de início da ocorrência desse evento. Portanto, qualquer variação ou desequilíbrio mais acentuado no regime hidrometeorológico local gera um impacto significativo sobre as atividades agropecuárias, resultando em uma diminuição da produção.

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As atividades econômicas exercidas em uma determinada área podem ser também caracterizadas como condicionantes para a ocorrência de danos frente às anomalias climáticas. Municípios com economias totalmente apoiadas na produção agrícola, por exemplo, podem sofrer prejuízos econômicos proporcionalmente grandes. Esses prejuízos também podem variar em função do porte e tipo de cultura, da necessidade de irrigação e da importância da cultura para a economia do município (GONÇALVES et al, 2004).

O modo como é estruturada a rede de drenagem urbana, as formas de armazenamento, distribuição e utilização da água; e os modelos de planejamento e gestão adotados nas bacias hidrográficas influenciam no agravamento do impacto que a deficiência de chuvas irá causar no município ou na região afetada.

A estiagem não é unicamente resultado da ocorrência de fenômenos climáticos globais como La Niña, mas o resultado da influência de um conjunto de elementos antrópicos e naturais.

As causas das ocorrências desses desastres não estão relacionadas exclusivamente a adversidades climáticas. A crescente intervenção humana no meio ambiente é um importante fator para o agravamento do evento de estiagem. Assim, a possibilidade de ocorrência desse tipo de desastre natural é, também, condicionada pelas formas de utilização e manejo dos recursos hídricos na região.

Granizo

De acordo com o glossário de meteorologia da MAS (American Meteorological Society) granizo é definido como precipitação em forma de esfera ou pedaços irregulares de gelo, que possui, convencionalmente, um diâmetro mínimo de 5 mm (GLICKMAN, 2000).

A figura 4.8 mostra a ocorrência de Granizo que atingiu a cidade de Barueri, na Grande São Paulo, em setembro de 2007.

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O granizo origina-se na parte superior das nuvens convectivas (cumulonimbus), que possuem elevado desenvolvimento vertical e temperaturas muito baixas no seu topo. Essas condições são propícias para transformar as gotículas de água em partículas de gelo. As gotas congeladas quando crescem, em função da união com outras menores (processo de coalecência), movimentam-se com as correntes subsidentes e quando se chocam com gotas d’águas mais frias crescem rapidamente até alcançarem dimensões de queda (KULICOV e RUDNEV, 1980; KNIGHT e KNIGHT, 2001).

A precipitação de granizo ocorre quando as pedras de gelo tornam-se demasiadamente pesadas para serem suportadas pelas correntes ascendentes. A duração da precipitação de granizo é determinada pela

extensão vertical da zona de água no interior da nuvem. Essa zona normalmente possui uma extensão vertical maior que 3 km, contendo gotas de dimensões diferentes. Caso essa zona não possua desenvolvimento vertical suficiente e contenha gotas de dimensões semelhantes, a chuva de granizo terá curta duração (KULICOV e RUDNEV, 1980).

A variação anual de ocorrências de granizo também pode estar relacionada com fenômenos que causam interferências na circulação da atmosfera global, como o fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS). Comparando-se a frequência anual de granizo com a ocorrência do ENOS, verificou-se que em anos de El Niño ocorre um maior número de registros, enquanto que na maioria dos anos de La Niña os registros foram mais baixos. Destacam-se os episódios de El Niño de 1987/1988 e 2002/2003, nos quais foram registrados o maior número de eventos de granizos.

Figura 4.8 - Granizo atingiu a cidade de Barueri, na Grande São Paulo, 2007 Fonte: Disponível em: <http://zonaderisco.blogspot.com/2007/09/chuva-de-granizo-cobre-de-gelo-ruas-de.html>. Acesso em: 08 abr 2009.

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Vendaval

Os vendavais são conceituados como deslocamentos violentos de ar, na forma de rajadas, de uma área de alta pressão para outra de baixa pressão, associados a tempestades severas (CASTRO, 2003). De acordo com a escala Beaufort, os ventos com potencial destrutivo correspondem principalmente aos classificados como força 10, cujas velocidades variam de 89 a 102 km/h (SPARKS, 2003).

Na figura 4.9 você pode observar uma moradia que foi atingida pelo vendaval em Chapecó, Santa Catarina, que ocorreu em maio de 2009.

Nascimento (2005) comenta que uma tempestade severa está associada a intensos sistemas convectivos, caracterizados por nuvens com grande desenvolvimento vertical (aproximadamente 15 km), também chamadas de cumulonimbus. Essas nuvens estendem-se lateralmente no topo, assumindo a configuração de uma bigorna (nuvem cogumelo).

Quando essas tempestades ocorrem de forma isolada, apresentam diâmetros inferiores a 25km e duração de uma a duas horas, podendo gerar precipitações intensas, granizo, vendavais e tornados (AYOADE, 2002). Os vendavais podem gerar sérios danos e prejuízos, como destelhamentos e destruição de edificações, quedas de árvores e postes de energia elétrica, destruição de plantações e, ocasionalmente, feridos e mortos (CASTRO, 2003).

Além disso, esses fenômenos também podem ocorrer associados a outros sistemas atmosféricos, como sistemas frontais, sistemas convectivos de mesoescala, ciclones extratropicais e tropicais (furacões) (VIANELLO e ALVES, 1991; AYOADE, 2002). Os ciclones extratropicais mais severos geralmente apresentam ventos com intensidade que variam entre 89 a 117 km/h. A partir dessa intensidade, independente do tipo de fenômeno atmosférico, os ventos adquirem intensidade e poder de destruição semelhante aos de furacões (COCH, 1994; SPARKS, 2003).

Figura 4.9 - Vendaval em Chapeco, Santa Catarina, maio de 2009

Fonte: Disponível em: <http://www.chapeco.sc.gov.br/prefeitura/

noticias/?n=1565>. Acesso em: 08 abr 2009.

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Tornado

O tornado é considerado uma das mais violentas perturbações atmosféricas. Esse fenômeno é definido pelo glossário de meteorologia da AMS (American Meteorologial Society) como uma intensa coluna de ar giratória em contato com a superfície terrestre, pendente de uma nuvem cumuliforme e frequentemente (mas não sempre) visível como uma nuvem funil (GLICKMAN, 2000).

É importante ressaltar que é o ar em movimento e não a nuvem funil que forma o tornado e este deve ter força suficiente para causar danos à superfície terrestre (DOSWELL, 1997). Os tornados podem ser classificados segundo o local de ocorrência, sendo denominado de tromba d’água, quando ocorrem em superfície aquosa, como lagos, rios e oceanos; e de tornados, quando ocorrem na superfície terrestre (GLICKMAN, 2000).

As trombas d’águas geralmente são menos intensas, mais frequentes e comuns do que os tornados (LUDLAM, 1980). Os tornados são divididos de acordo com o tipo de instabilidade que os originam: se surgem de tempestades supercélulas (grande instabilidade atmosférica) são denominados de tornados supercélula; se surgem de nuvens com instabilidades menos intensas são denominados de tornados não supercélula (GLICKMAN, 2000).

Esses fenômenos também são classificados de acordo com sua intensidade. Segundo Fujita (1981), várias são as escalas existentes para determinar a intensidade dos tornados, sendo que a maioria são baseadas nos danos. Devido à extrema dificuldade de inserir equipamentos de medição no interior dos tornados, há uma ampla utilização da estimativa da intensidade do fenômeno de acordo com os seus danos. A escala Fujita adota essa estimativa, sendo uma das mais aceitas atualmente (Tabela 4.2).

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Tabela 4.2 – Escala de intensidade de tornados Fujita – Pearson

Classificação Velocidade do vento (Km/h) Danos provocados

F0 65 – 115 Leves

F1 115 – 180 Moderados

F2 180 – 250 Fortes

F3 250 – 330 Severos

F4 330 – 420 Devastadores

F5 420 – 530 Catastróficos

Fonte: Adaptado de Fujita, 1981 e Demillo, 1998.

A figura 4.10 mostra uma tromba d’água na Amazônia, em Belém. O tornado pode ser chamado de tromba d’água por ter ficado principalmente sobre o Rio Tapajós, com classificação F0 na escala Fujita, em julho de 2008.

Figura 4.10 - Tromba d’água em Belém, classificação F0 na escala Fujita, 2008 Fonte: Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL596037-5598,00-TORNADO+ASSUSTA+MORADORES+DE+SANTAREM.html>. Acesso em: 08 abr 2009.

Por se tratarem de um fenômeno desconhecido para a maior parte da população, o tornado é, muitas vezes, registrado erroneamente como um vendaval. Os registros de tornados com câmeras fotográficas e filmadoras tem sido cada vez mais frequentes, contribuindo para a confirmação das ocorrências desses fenômenos nos últimos anos (OLIVEIRA, 2000a; 2000b).

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Os tornados ocorrem em ambientes atmosféricos também capazes de gerar chuvas intensas, granizos e vendavais. Segundo Doswell e Bosart (2000), algumas evidências atmosférias podem auxiliar na previsão desse tipo de situação, com base em três ingredientes básicos: umidade elevada, instabilidade atmosférica e movimentos verticais ascendentes do ar. Brooks et al (2003), analisando os locais no mundo mais propícios para ocorrerem tempestades tornádicas (tempestades capazes de gerarem tornados) estimou que a Região Sul do Brasil é a segunda mais favorável, ficando atrás somente dos Estados Unidos.

Maré de tempestade

A maré de tempestade, que relaciona-se ao fenômeno conhecido popularmente por ressaca, é um tipo de inundação costeira causada pela sobre-elevação do nível do mar durante eventos de tempestade. Ela resulta do empilhamento da água oceânica induzido pelo cisalhamento do vento e pela presença de gradientes de pressão atmosférica (CARTER, 1988).

Observe, a seguir, a figura 4.11, que mostra a ressaca de julho de 1921 que causou estragos em toda a orla do Rio e de Niterói.

Em geral, a maré de tempestade é mais intensa quanto maior for a pista (extensão da superfície aquosa sobre a qual há atuação do vento), a duração e a intensidade do vento. A direção do vento também é importante, uma vez que, no Hemisfério Sul, o empilhamento ocorre à esquerda do sentido em que o vento está soprando, em função do transporte de Ekman.

Apesar de ser a principal forçante, o vento não é o único a determinar a elevação causada por uma maré de tempestade. O nível do mar é controlado pela complexa interação de ventos, pressão atmosférica, ondas, topografia local, como também a velocidade da

trajetória, proximidade, duração e intensidade da tempestade na costa (CARTER, 1988). Estudos apontam que o nível do mar se eleva ou rebaixa em um centímetro a cada milibar de mudança na pressão atmosférica (HASLETT, 2000).

Figura 4.11 - A ressaca de julho de 1921 causou estragos em toda a orla do Rio e de Niterói Fonte: Disponível em: <http://www.flaviorio.globolog.com.br/archive_2006_08_06_4.html>. Acesso em: 08 abr 2009.

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Sobre as elevações excepcionais, ocorrem durante tempestades intensas associadas a marés de sizígia (presentes em condição de lua nova ou cheia, induzindo marés astronômicas mais intensas). Durante tais eventos, a elevação do nível do mar causada pela maré de tempestade (maré meteorológica), somada aos níveis extremos de maré de sizígia (maré astronômica), pode causar inundações severas nas comunidades costeiras (WHITEHOUSE e BURTON, 1999).

Desta forma, a sobre-elevação do nível do mar causada pela maré de tempestade, além de poder provocar inundações costeiras, aumenta o nível de base de ataque das ondas oceânicas combinadas com as ondas geradas pela própria tempestade (BASCOM, 1980). Como resultado, há forte fluxo de água e transporte de sedimentos nas áreas suscetíveis à erosão, resultando em danos e destruição de construções e infraestruturas localizadas na orla marítima. Além disso, o empilhamento da água na costa dificulta o escoamento das águas fluviais, intensificando as inundações à montante durante eventos pluviais intensos.

Algumas previsões relacionadas aos efeitos das mudanças climáticas globais indicam que a intensidade das tempestades costeiras deverá aumentar nos próximos anos (EISMA, 1995). Além disso, todos os cenários projetados pelo Painel Intergovernamental em Mudanças Climáticas (IPCC) apontam para um aumento do nível do mar neste século (MCCARTY et al, 2001).

Neste contexto, em virtude do aumento da concentração populacional na zona costeira, espera-se também um aumento da vulnerabilidade dessas comunidades às marés de tempestade. Desta forma, o gerenciamento costeiro integrado deve exercer um papel fundamental no ordenamento da ocupação desse espaço, principalmente nas comunidades mais vulneráveis à ocorrência de marés de tempestade.

A partir da definição de áreas de suscetibilidade ou ainda de áreas de riscos, devem-se tomar algumas medidas, tais como:

� ações preventivas;

� planos de emergência;

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� estabelecimento de relações conjuntas entre a comunidade e o poder público visando sempre a diminuir ao máximo a quantidade de pessoas afetadas nessas ocorrências.

Medidas de redução das inundações, como sistema de alerta empregado em Blumenau (SC), devem ser adotadas com urgência a fim de se evitar os contínuos danos materiais e humanos. Também são importantes plantões metrológicos como os realizados na EPAGRI/CIRAM e a implantação de sistemas de alerta para eventos potencialmente danosos com o intuito de informar as populações e a Defesa Civil, com antecedência, para que desocupem as áreas sujeitas a inundações, estabelecidas através de um zoneamento, e estabeleçam ações de preparação e resposta frente ao desastre.

Pode-se citar como exemplo o sistema de alerta para a bacia do rio Itajaí, cuja Central de Operações (CEOPS) está localizada na Universidade Regional de Blumenau (FURB). A bacia é monitorada por diversas estações telemétricas, que coletam dados sobre o nível do rio e a precipitação ocorrida. Com base nessas informações, são realizadas as previsões hidrológicas com até horas de antecedência (FRANK et al, 2000).

Quanto aos escorregamentos, embora o número total desses eventos computado nos AVADANs não represente a realidade, pode-se considerar que eles são frequentes e que ocorrem em maior número. Ressalta-se a importância de estudos de casos, para a análise da relação entre ocupação e ocorrência de escorregamentos (VIEIRA, 2004), a cartografia de riscos potenciais de inundação de diferentes magnitudes e dos mapas de suscetibilidade a escorregamentos e inundações graduais em áreas com histórico de escorregamento.

É necessário complementar o presente estudo levando-se em consideração os registros dos meios de comunicação, dos arquivos do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), bem como da fotointerpretação das áreas realmente afetadas. A compilação de tais informações poderá melhorar a análise da frequência das ocorrências, bem como ajudar a verificar a intensidade das destruições ocasionadas pelos desastres.

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Unidade 4

SínteseNesta unidade você estudou os conceitos de desastres naturais e humanos, com o objetivo de diferenciar desastres naturais e humanos, acompanhou um breve histórico de desastres naturais e verificou a importância de sistemas de alerta para desastres.

No mundo, as inundações (gradual e brusca) e as tempestades são os desastres que mais afetam as pessoas. No Brasil, esses fenômenos também são impactantes, sendo que devemos destacar as inundações em primeiro lugar, os escorregamentos em segundo lugar e, em terceiro, as tempestades.

Os tipos de desastres naturais que você estudou foram: inundação gradual, inundação brusca, escorregamento, estiagem, granizo, vendaval, tornado, maré de tempestade, com base em material extraído do Atlas de Desastres Naturais do estado de Santa Catarina, seguindo Herrmann e colaboradores (2008).

Atividades de autoavaliação

Ao final de cada unidade, você realizará atividades de autoavaliação. O gabarito está disponível no final do livro didático. Mas esforce-se para resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois assim você estará promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.

1) Diferencie os desastres naturais, humanos e mistos.

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2) Comente sobre os fatos que podem levar aos desmoronamentos em serras, por exemplo, os múltiplos desmoronamentos na Serra das Araras em 1967, no Estado Rio de Janeiro. Escreva um texto de no mínimo 10 linhas.

3) De acordo com o que você estudou na unidade, relacione as colunas a seguir.

( 1 ) Inundação gradual

( 2 ) Inundação brusca

( 3 ) Escorregamento

( 4 ) Maré de tempestade

a) ( ) Refere-se ao rápido movimento descendente de material inconsolidado ou intemperizado sobre um embasamento saturado de água.

b) ( ) Quando a vazão supera a capacidade de descarga do canal fluvial, indo extravasar para as áreas marginais (várzea e planície aluvial).

c) ( ) Resulta do empilhamento da água oceânica induzido pelo cisalhamento do vento e pela presença de gradientes de pressão atmosférica.

d) ( ) Quando ocorre a chuvas convectivas intensas e concentradas, que ocasionam o aumentando súbito e violento do nível das águas.

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Unidade 4

Saiba mais

Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade ao consultar as seguintes referências:

MARCELINO, Emerson Vieira. Desastres naturais e geoteconologias: conceitos básicos. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE): Rio Grande do Sul, 2008.

HERRMANN, Maria Lucia de Paula. Levantamento dos desastres naturais ocorridos em Santa Catarina no período de 1980 a 2000. Florianópolis: IOESC, 2001. 89 p.

HERRMANN, M. L. P.; MARIMON, M. P. C.; LOPES, P. S.; MACHADO, S. M.; ZABOT, C.; CEREW, T. H.; CRISTO, S. S. V. Desastres naturais no Estado de Santa Catarina – BR associados ao fenômeno climático global El Niño durante o período 1980-2000. In: ENCUENTRO DE GEOGRAFOS DE AMERICA LATINA, 8., 2001, Santiago de Chile. Anais... Santiago de Chile: Universidad de Chile / Facultad de Arquitectura y Urbanismo, 2001.

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Para concluir o estudo

Durante esta disciplina, a principal atividade vislumbrada foi demonstrar a importância do equilíbrio existente no meio ambiente, estabelecendo ou não ligação com atividades antropogênicas.

Existem muitos conceitos que devem ser compreendidos e seguidos para que se desenvolva uma atividade segura, com menor impacto ambiental. As atividades industriais e rurais, o crescimento demográfico de cidades, o inter-relacionamento, entre outras, levam a desequilíbrios na natureza e para o homem. Podemos citar os riscos químicos como o CFC; o risco físico provocado pela redução da camada de ozônio; risco biológico gerando biocenose, os quais devem ser gerenciados e controlados. A conclusão que se chega é a de que toda a atividade realizada pelo homem contribui de forma determinante para uma boa qualidade de vida, presente e futura, sendo assim, temos que desenvolver atividades que menos impacto causem.

A finalização desta disciplina só estará completa se você aplicar esses conceitos na prática, desenvolvendo de forma responsável todo o conhecimento adquirido durante o seu estudo.

Fica aqui registrado o desafio. Agora é com você!

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Referências

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Sobre a professora conteudista

Rachel Faverzani Magnago é doutora em Química Orgânica (2002) pelo Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Catarina. Professora da Unisul desde 2000 em disciplinas oferecidas nos cursos de graduação em Engenharia Ambiental, Engenharia de Produção, Engenharia Civil, Farmácia e nos cursos de pós-graduação em Engenharia do Controle da Poluição Ambiental e Engenharia de Segurança do Trabalho. Está ligada à pesquisa e ao ensino nos cursos de Engenharias, com ênfase em energias renováveis, atuando principalmente nos seguintes temas: síntese de cristais líquidos, biodiesel e eliminação de resíduos em processos produtivos. Desenvolve pesquisa em síntese de cristais líquidos para aplicação em células combustíveis, placas fotoeletrovoltaicas, polímeros condutores, entre outras.

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Respostas e comentários das atividades de autoavaliação

UNIDADE 1

1) A sequência correta é: e, g, a, b, d, f, c.

2)

a) Podemos observar no mapa que atingiu diferentes cidades, sendo assim, um risco social. O risco social abrange um número ou grupamento de pessoas presente na zona de influência do cenário da enchente.

b) O risco é natural, ou seja, decorrente de distúrbios da natureza. A inundação foi de origem brusca, mas agravada pelas chuvas graduais que estavam ocorrendo na região. Mas vale destacar que as atividades antropogênicas, como desmatamento ou não manutenção da mata ciliar, a construção nas margens dos rios e nas encostas, liberação de gases (CH4, CO2, SF6) responsáveis pelo superaquecimento do planeta, contribuem para intensificar os riscos naturais.

c) O cenário de risco agudo teve a morte e destruição pela enchente e pelos desmoronamentos, e os riscos crônicos, as doenças de vinculação hídrica, como diarréias e leptospirose.

d) Inundações bruscas são súbitas e violentas elevações do nível dos rios, provocando o transbordamento das águas, as quais escoam de forma rápida e violenta.

Inundações graduais ocorrem quando as águas elevam-se de forma paulatina e previsível; mantêm-se em situação de cheia durante algum tempo e, a seguir, escoam-se gradualmente.

3) As condições são: existência da fonte (perigo), um receptor sensível e uma via plausível de ligação entre fonte e receptor (pode ser atual ou futura), desde que possível. Exemplo: pessoas utilizam a água de uma residência que possui a fossa séptica a dois metros de distância da captação da água.

Fonte de perigo: os coliformes fecais presentes na fossa.

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Via de ligação: percolação no solo, que vai depender da inclinação do terreno e do tipo de solo.

Receptor: pessoas e animais que frequentem na residência.

4) Curvas de iso-risco são conjuntos de pontos que possuem o mesmo valor do risco. Essas curvas possibilitam visualizar a distribuição geográfica do risco em diferentes pontos nas vizinhanças da instalação.

UNIDADE 2

1) Os métodos de análise de risco são os seguintes:

� Análise preliminar de risco (APR). Esta análise tem por objetivo determinar os riscos e as medidas preventivas antes da fase operacional. Útil em revisão geral, podendo ser utilizada na fase de projeto.

� Estudo de perigos e operabilidade (HAZOP). O método foi desenvolvido no final dos anos 1960 pela empresa inglesa ICI. É um dos melhores métodos para área de atividade de processamentos químicos e, em especial, nos processos contínuos.

� Série de riscos (SR). Esta técnica objetiva determinar qual foi o risco diretamente responsável, levantando todos os riscos capazes de contribuir na série.

� Análise de modos e efeitos de falhas (FMEA). Trata-se de uma técnica para ser aplicada principalmente a componentes e/ou sistemas mecânicos.

� Análise por árvore de eventos. Estruturada a sucessão do todas as causas prováveis, é calculada a probabilidade de cada causa acontecer isoladamente, e por meio de análise matemática, calcula-se a probabilidade de o evento destacado ocorrer.

� Técnica de incidentes críticos. Identifica os erros e condições inseguras que contribuem para os acidentes com lesão, tanto reais como potenciais, por meio de uma amostra aleatória estratificada de observadores/participantes, selecionados dentro de uma população.

� O mapa de riscos mostra a avaliação qualitativa (e/ou quantitativa) dos riscos existentes nos locais de trabalho.

2)

a) A água fluoretada em concentração adequada é um método reconhecido de prevenção à cárie e não causa fluorose. Quando a concentração de flúor for inferior à descrita na legislação em vigor, a prevenção de cárie se torna ineficiente. Quando ocorre uma superconcentração de flúor pode levar a fluorose dentária.

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b) Risco de cárie quando: 62,3% das amostras não eram fluoretadas e 24,6% eram subfluoretadas. Risco de fluorose dentária quando: 9,2% superfluoretadas.

c) A existência de risco foi verificada pelos métodos qualitativos e quantitativos. Pelo método qualitativo foram aplicados questionários, verificado o rótulo das embalagens de águas. Pelo método quantitativo foram coletadas amostras de água, analisadas as dosagens de flúor e comparadas com a legislação vigente da época.

3) Você deve considerar:

a) indicar por meio de círculos o grupo a que pertence o risco de acordo com a cor padronizada;

b) fazer um tabela especificando o agente agressivo dentro do círculo;

c) indicar a intensidade do risco de acordo com o tamanho do círculo.

4)

a) O estudo foi quantitativo. Foi determinada a porcentagem de metais (Cu, PB, Zn e Mn) em amostra de tomate.

b) Deve ser realizado um programa de gerenciamento de risco, contendo uma análise preliminar de riscos.

c) Deve conter as seguintes etapas: identificação, avaliação, eliminação e controle de riscos; normas e procedimentos; manutenção de equipamentos críticos; dados de segurança de produtos; investigação de acidentes/incidentes; controle de modificações de processo/equipamento; gerenciamento de emergências; comunicação; seguro e auditoria.

UNIDADE 3

1) Eis as formas em que os agentes de risco químico são encontrados:

a) Poeiras: são produzidas mecanicamente pela ruptura de partículas maiores.

b) Fumos: são partículas sólidas produzidas pela condensação de vapores metálicos. Segundo Vilarinho (2008), fumos podem ser definidos como sendo substâncias finas diluídas no ar, não necessariamente vistas a olho nu, normalmente inodoras.

c) Fumaça: produzida pela combustão completa e/ou incompleta.

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d) Neblinas: são partículas líquidas produzidas pela condensação de vapores.

e) Gases: são dispersões de moléculas que se misturam com o ar, tornando-o tóxico.

f) Vapores: são dispersões de moléculas no ar que podem se condensar para formar líquidos ou sólidos em condições normais de temperatura e pressão.

2)

a) O agente de risco é o agente químico

b) Os principais compostos contaminantes são o BTEX, benzeno, tolueno, etilbenzeno e os xilenos (orto, meta e para).

c) Todos os constituintes da gasolina encontram-se na forma física líquida, apresentando-se na forma física líquida não solúvel em água (fase não aquosa). Os BTEX são os constituintes da gasolina que possuem maior solubilidade em água e, portanto, são os que primeiro irão atingir o lençol freático, contaminando-o.

d) A contaminação se dá por via oral (ingestão de água contaminada), via nasal (inalação por exposição ao ar contaminado) ou via cutânea (absorção pela pele) ocasionando depressões no sistema nervoso central e leucemia em exposições crônicas, mas seus danos podem ser evitados ou diminuídos se consumida água com concentração dos contaminantes abaixo da Concentração Máxima de Contaminação, conforme normas do Ministério da Saúde.

3) O motorista estando exposto a níveis de ruído acima de 85 dB(A) para uma jornada de 8 horas, resultará em doses de exposição acima dos limites de tolerância estabelecidos pela NR-15, tornando-se uma atividade nociva a sua saúde. (MANUAL NR). A fonte de ruído pode ser proveniente do veículo (motor, transmissão e pneus) ou dos sistemas de transferência de produtos químicos, como as bombas ou compressores de gases. A vibração do veículo é conhecida por causar alterações degenerativas à coluna vertebral dos motoristas e agravar lesões pré-existentes nas costas. As vibrações nos braços e mãos, e no resto do corpo, são mencionadas como causas de várias doenças entre os motoristas: “dedos brancos” ou a Síndrome de Raynaud (ARAUJO, 2007).

A temperatura e a ventilação devem estar de acordo com o bem-estar e conforto do condutor, podendo ele mesmo regular essas condições, já que os caminhões desse segmento, geralmente, contam com sistemas de ar-condicionado.

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O PPRA (NR-9) é uma das ferramentas preventivas utilizadas para identificar e sugerir formas de controle para a exposição aos agentes ambientais nocivos, como, por exemplo, os agentes físicos.

Quanto aos impactos ambientais, alguns trechos das rodovias merecem preocupações especiais, no que se refere ao transporte de cargas perigosas, por apresentarem situações que podem provocar repercussões ambientais ou maior probabilidade de ocorrência de acidentes.

Os trechos que transpõem mananciais de núcleos urbanos, cursos de água, lagoas, banhados e mangues; que atravessam ou tangenciam áreas de proteção ambiental; que atravessam áreas urbanizadas; com trechos sinuosos e encostas íngremes; e ainda as características meteorológicas prejudiciais ao tráfego são pontos que merecem cuidados especiais por apresentarem maiores riscos de danos em caso de acidentes. Contaminantes em corpos hídricos disseminam e propagam poluentes, levando a infiltrações que contaminam, além de corpos hídricos, o solo e lençol freático, estes podendo desaguar no mar.

As áreas de proteção ambiental, transpostas por trechos da rodovia, são ameaçadas por acidentes envolvendo produtos perigosos, uma vez que tais situações geralmente resultam em derramamentos, incêndios ou explosões.

UNIDADE 4

1)

Podemos assim definir:

Desastres naturais - são aqueles provocados por fenômenos ou desequilíbrios da natureza, de origem externa que atuam independentemente da ação humana. Podem ser de origem sideral, geodinâmica terrestre externa ou interna, desequilíbrios na biocenose.

Desastres humanos ou antropogênicos - são aqueles provocados por ações ou omissões humanas. Esses desastres podem ser tecnológicos, sociais e biológico.

Desastres mistos - são os que ocorrem quando ações e omissões humanas contribuem para intensificar, complicar e agravar fenômenos naturais. Esses desastres podem ser devidos à geodinâmica terrestre externa ou interna.

2) Sem exceções, as serras quentes, úmidas e cobertas por florestas densas têm suas encostas caracterizadas por uma grande suscetibilidade a escorregamentos (movimentos de massa) envolvendo

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solos e rochas. Sem dúvida, essa suscetibilidade será tanto maior quanto maior a pluviosidade local, quanto mais acidentado o relevo e maior o grau de inclinação das encostas, bem como quanto mais atuantes e dinâmicos forem ainda os processos geomorfológicos de formação do relevo. A suscetibilidade a escorregamentos, às vezes, chega a ser tão acentuada que, ainda que esporadicamente, tais fenômenos ocorrem naturalmente, sem nenhum tipo de interferência humana, como acontece na Serra do Mar. Em outras serras, a suscetibilidade a escorregamentos se revela quando ocorre alguma forma de interferência humana, seja por mutilações do terreno por meio de cortes (na implantação de uma obra viária, por exemplo, ou em uma desordenada expansão urbana), seja por desmatamento, seja ainda por sobrecarregamentos promovidos por aterros ou algum tipo de instalação, como edificações, torres de energia ou telecomunicações etc.

3) A ordem correta é a seguinte: 3, 1, 4 e 2.

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