6882406 Apostila Dinamica de Grupo

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DINÂMICA DE GRUPO DINÂMICA DE GRUPO HISTÓRICO E EVOLUÇÃO HISTÓRICO E EVOLUÇÃO Por Diva Nereida M. Machado Maranhão, Ângela Fátima Saraiva Freitas e Antonio Carlos Carvalho Maia Prof. Fernando Arduini Coordenação Geral www.vezdomestre.com.br UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU PROJETO "A VEZ DO MESTRE"

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DINÂMICA DE GRUPODINÂMICA DE GRUPO

MÓDULO IMÓDULO I

HISTÓRICO E EVOLUÇÃOHISTÓRICO E EVOLUÇÃO

Por Diva Nereida M. Machado Maranhão,Ângela Fátima Saraiva Freitas eAntonio Carlos Carvalho Maia

Prof. Fernando Arduini Coordenação Geral

www.vezdomestre.com.br

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDESPRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAISCURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU

PROJETO "A VEZ DO MESTRE"

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APRESENTAÇÃO

Seja bem vindo(a),

Neste primeiro módulo, nossa proposta é a de iniciarmos juntos nossos

estudos, abordando os seguintes tópicos:

• visão histórica das relações humanas e dinâmica de grupo;

• características dos diversos tipos de grupo;

• a evolução dos grupos e suas fases.

Durante a leitura deste módulo você encontrará sugestões para leituras e

algumas questões para você refletir. Também encontra-se anexada, ao final do

mesmo, a sua avaliação. Não esqueça de, durante seus estudos, marcar os pontos

principais e anotar suas observações. Elas serão úteis para a realização da sua

avaliação e para a continuidade dos seus estudos.

Não esqueça, estamos juntos nessa caminhada!

SUMÁRIO

Apresentação 02

Introdução 03

Histórico da Dinâmica de Grupo 09

Conceitos Básicos em Dinâmica de Grupo 12

Descoberta do Grupo “T” 13

Tipos de Grupos 15

Aprendendo a Trabalhar em Grupo 17

Bibliografia 23

Auto-avaliação 24

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INTRODUÇÃO

O mundo hoje avança rapidamente em todos os sentidos, principalmente no

que diz respeito aos avanços científicos e tecnológicos. Poderíamos indagar, então,

qual a relação destes avanços com as relações humanas? Quais as conseqüências

destes avanços para a vida do indivíduo na sociedade? Precisamos estar convictos de

que ele, ao contrário das demais espécies animais, necessita da interação para existir

e, por isso, a maior condição para a sobrevivência do ser humano está na vida em

grupo. A tecnologia influi diretamente na vida do homem e principalmente na sua forma

de conviver.

Diante destes questionamentos, iniciaremos nossos estudos sobre as

Relações Humanas e a Dinâmica dos Grupos. Certamente você deve estar refletindo

sobre o significado da expressão “Dinâmica de Grupo”. Elucidaremos esta questão a

seguir.

Na medida em que nos propomos a estudar as dinâmicas dos grupos,

iremos nos deparar com sua estrutura, suas origens, bem como as suas necessidades

e as relações entre seus componentes. O estudo das relações humanas vem a ser

exatamente o estudo das relações entre os componentes dos mais variados grupos,

sua atuação e a troca que existe entre estes membros. Estes conceitos serão tratados

detalhadamente no decorrer deste módulo.

De modo geral, participamos, a todo momento, de algum grupo e cada

grupo do qual fazemos parte tem sua dinâmica própria. Estes grupos se compõem de

variáveis, ou melhor dizendo, de um conjunto de variáveis, que provocam energia e

geram ações diversas que, por sua vez, dão origem a situações e comportamentos

entre seus membros, que irão definir a personalidade destes grupos.

Precisamos entender esses fenômenos, os agentes, a atmosfera e o

comportamento grupal, pois só desta forma poderemos atuar e interagir neles. Para

alcançar esses objetivos, estudamos a Dinâmica dos Grupos com o fim de provocar

estas mudanças consideradas necessárias, reforçando as atitudes grupais, de modo

que possamos nos relacionar, inclusive profissionalmente.

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Para trabalhar e coordenar a participação das pessoas nos grupos, sejam

eles educacionais ou organizacionais, estudaremos as técnicas de Dinâmica de Grupo.

É muito importante que cada ser humano tenha ciência de sua real

importância para o outro tanto quanto tenha para si próprio. O estudo das relações

interpessoais se constitui como fundamental na busca de práticas que viabilizem um

melhor convívio entre as pessoas, permitindo uma maior harmonia entre as mesmas.

Esta visão fica bem clara no texto, a seguir, citado por Serrão e Baleeiro

(1999), destacado do texto de Joyce em Finnegan´s Wake e que bem ilustra a

dinâmica nos grupos.

“Quando olhamos por alto as pessoas, ressaltam suas diferenças: negros e brancos, homens e mulheres, seres agressivos e passivos, intelectuais e emocionais, alegres e tristes, radicais e reacionários. Mas, à medida que compreendemos os demais as diferenças desaparecem e em seu lugar surge a unicidade humana: as mesmas necessidades, os mesmos temores, as mesmas lutas e desejos. Todos somos um”.

(Baleeiro, 1999: 15)

Em função desta unicidade, que aproxima as pessoas, é que hoje dedica-se

grande parte das pesquisas ao estudo das relações humanas e ao estudo do indivíduo

nos grupos, em seus ambientes de trabalho e em outras formas grupais. As

organizações falam em “gestão de pessoas” – estudar os motivos que as levam a

atuar de determinada forma e a reagir de maneiras diversas - o que se constitui no

foco das atenções de muitos estudiosos desta área.

Com as inúmeras mudanças trazidas pelos avanços da ciência e do

processo de globalização, o ambiente de trabalho, a família e outros grupos dos quais

fazemos parte, transformam-se também. Os profissionais precisam estar atentos à

crescente complexidade com que essas transformações se refletem na área das

Relações Humanas.

Uma das condições para a sobrevivência harmônica do ser humano está na

convivência social. A própria concepção biológica do homem é feita em grupo – por um

casal. A satisfação das necessidades básicas de um bebê, dá-se no seio de um grupo

– a família. O processo de socialização e de aprendizado, também ocorre em grupo –

a escola. Essas são algumas das razões para compreendermos a importância que o

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grupo tem na vida do ser humano e para percebermos que o profissional que lida com

ele tem, por obrigação e por necessidade, que se esforçar para compreender melhor a

dinâmica relacional, complexa, que ocorre nos grupos; daí, a importância do estudo

das Relações Humanas e da Dinâmica de Grupo.

Se, neste momento, você pegar um papel e uma caneta e listar todas as

coisas, desde as mais simples até aquelas mais complexas, que você realiza durante

um dia de sua vida, certamente você irá perceber que a maior parte delas você realiza

em grupos, seja participando efetivamente de uma tarefa ou simplesmente estando no

convívio dos mesmos. Experimente!

E que grupos seriam esses? Como poderíamos defini-los?

Assim como Ferrão e Baleeiro (1999) nos apontam que “um grupo é como

um rio que tem força e vida próprias”, pois sabemos que por mais que nos

mergulhemos em suas águas, aproveitando “suas correntes e possibilitando a

descoberta de suas riquezas submersas,” não se pode “esgotar seus mistérios” (id.

p.35), assim também sabemos que todos os grupos, dos quais participamos,

possuem uma dinâmica própria, composta por um conjunto de variáveis que dão

energia e sinergia, provocando a ocorrência de ações. São essas variáveis e

fenômenos, que dão aos grupos uma atmosfera grupal e os comportamentos

diferenciados dos membros do grupo.

Conhecer bem os agentes, fenômenos, processos, a atmosfera e

comportamento grupal é de fundamental importância para o profissional que trabalha

com Dinâmica de Grupo, em qualquer contexto. Este conhecimento é essencial para

que você esteja apto a aceitar esse desafio, que foi muito bem descrito por Áurea

Castilho,

“Só aqueles que têm a coragem de correr o risco de se expor é que estão preparados para trabalhar em grupos. Diferentemente do processo individual, a interface grupal exige sem dúvida muito mais do facilitador que um nível de percepção, intuição e visão gestáltica, e estas são postas à prova a cada instante pelo grupo, através do seu julgamento, pressões, resistência, coesão e normas, com as quais o facilitador terá que saber lidar a cada momento. Mas é preciso que aqueles que lideram o grupo se sintam internamente bastante preparados para compreender o que se passa com ele e analisar as relações desse fenômeno com sua condição e realidade pessoal, criando para si um

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nível de consciência exata de sua posição e situação existencial, dentro do contexto do grupo, ante o momento vivido. Em outras palavras, [que se tenha uma visão teórica e real do movimento do grupo”.

(Áurea Castilho, 1997)

E a que essas colocações de Castilho nos levam? O que é importante se

ter, a priori, para se (con)viver em grupo? Como os sujeitos, que compõem um grupo,

se vêem e são vistos dentro do mesmo? Quais as condições necessárias para se viver

de forma harmônica num grupo, buscando alcançar um objetivo comum?

Para responder essas perguntas, deveremos analisar alguns princípios que

embasam as relações grupais, tais como:

• a própria construção identitária dos sujeitos;

• as questões de relações entre os diferentes parceiros;

• a existência de valores e atitudes para o reconhecimento satisfatório

entre os diferentes elementos que formam o grupo.

Utilizamos a Fábula dos Gansos para propor uma reflexão, procurando

extrair questões pertinentes aos assuntos aqui desenvolvidos e outros mais a serem

pensados, que você poderá destacar, compondo idéias que o levem a busca de maior

aprofundamento sobre os seus próprios conceitos e valores, ao mesmo tempo que,

sem a pretensão de desgastar todas as possibilidades de análise que ele sugere,

poderemos utilizá-lo, posteriormente, para iluminar outras reflexões.

Para melhor compreender o que queremos dizer, leia o texto e os

comentários sobre cada parágrafo, abaixo.

O SENTIDO DOS GANSOS

No outono, quando se vê bando de gansos voando rumo ao Sul, formando

um grande V no céu, indaga-se o que a ciência já descobriu sobre o porquê de voarem

desta forma. Sabe-se que quando cada ave bate as asas, move o ar para cima,

ajudando a sustentar a ave imediatamente de trás. Ao voar em forma de V, o bando se

beneficia de pelo menos 71% a mais de força de vôo do que uma ave voando sozinha.

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6Comentário:

Pessoas que têm a mesma direção e sentido de comunidade podem atingir seus objetivos de forma mais rápida e fácil, pois viajam se beneficiando de um impulso mútuo.

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Sempre que um ganso sai do seu bando, sente subitamente o esforço e a

resistência necessários para continuar voando sozinho. Rapidamente, ele entra em

outra formação para aproveitar o deslocamento de ar provocado pela ave que voa

imediatamente à sua frente.

Quando o ganso líder se cansa, ele muda de posição dentro da formação e

outro ganso assume a liderança.

Os gansos de trás gritam, encorajando os da frente para que mantenham a

velocidade.

Finalmente, quando um ganso fica doente ou ferido por um tiro e cai, dois

gansos saem da formação e o acompanham para ajudá-lo e protegê-lo. Ficam com ele

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Comentário:

Se tivéssemos o mesmo sentido dos gansos, manter-nos-íamos em formação com os que lideram o caminho para onde também desejamos seguir.

Comentário:

Vale a pena nos revezarmos em tarefas difíceis, e isto serve tanto para as pessoas quanto para os gansos que voam rumo ao Sul.

Comentário:

Que mensagens passamos quando gritamos de trás?

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até que consigam voar novamente ou até que morra. Só então levantam vôo sozinhos

ou em outra formação, a fim de alcançar seu bando.

Na história dos gansos, aprendemos com a própria natureza sobre a

importância de se pertencer a um grupo, onde cada um faz a sua parte para contribuir

para o sucesso e a sobrevivência do grupo como um todo.

Até o momento, falamos muito sobre os grupos e as suas relações, mas

você saberia dizer a partir de que momento o grupo e, particularmente suas dinâmicas,

passaram a ser objeto de estudos, como uma preocupação do ser humano, buscando

melhorar as relações sociais, em geral?

Na tentativa de compor um perfil do estudo de grupos e suas relações,

tentaremos aqui fazer uma breve recomposição histórica da dinâmica de grupo,

buscando contextualizá-la no espaço e no tempo, em termos de seu aparecimento,

desenvolvimento e principais expoentes na área.

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Comentário:

Se tivéssemos o sentido dos gansos também ficaríamos um ao lado do outro.

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HISTÓRICO DA DINÂMICA DE GRUPO

Podemos iniciar nossa viagem no tempo, no século XIX, quando a

Psicologia tornara-se objetiva e experimental com a criação dos seus primeiros

laboratórios, entre 1880 e 1890, voltando-se para a compreensão da personalidade

individual, enquanto que a Sociologia, criada oficialmente no século XIX, por Augusto

Comte, orientara-se para o estudo das instituições políticas, dos fenômenos coletivos

dos grandes grupos humanos e das mentalidades sócio-culturais.

Nessa época, percebe-se que a evolução dessas duas ciências caminhava

para um meio tempo, voltando-se para o estudo dos pequenos grupos, onde a

Psicologia interessava-se pelos problemas do comportamento em grupos, enquanto a

Sociologia identificava as subculturas, nas culturas, acabando por definir, assim, as

competências de atuação entre as duas ciências irmãs a partir do enfoque de seus

interesses, para explorar esse novo campo.

É, então, em Comte (1793-1857), que vemos surgir a denominação

Psicologia Social, destinada a estudar problemas do comportamento dos pequenos

grupos, enquanto a Sociologia se ocupava dos estudos dos grandes grupos humanos

e de suas culturas. Ele dizia que o homem é, ao mesmo tempo, conseqüência e causa

da sociedade.

Dürkheim, dedicado principalmente a pesquisa científica, procurou definir a

autonomia da Sociologia, mostrando que ela deveria testar hipóteses, reformular

teorias, analisar os problemas de comunicação, verificar interações, devendo ocupar-

se dos macrogrupos.

Em contrapartida, Kurt Lewin afirmava que somente através do estudo dos

pequenos grupos poderíamos compreender o macrogrupo. Foi Lewin quem abriu

novos caminhos para a Psicologia Social, transformando-a em uma ciência

experimental autônoma, diferenciando-a, desta forma, da Sociologia e da Psicologia.

Nessa época, a Psicologia Social estava inserida na Sociologia e na

Biologia, uma vez que o social deveria absorver o psíquico, segundo as tendências,

então, dominantes. Com a criação dos seus primeiros laboratórios, no final desse

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C = i x a

século, a Psicologia torna-se experimental, voltando seus interesses para a

compreensão da personalidade individual.

Vejamos, então, quem foi Kurt Lewin.

Lewin era psicólogo prussiano que, por ser judeu, imigrou para os Estados

Unidos, desde 1933, saindo da Alemanha devido ao fato desta estar sob o regime

nazista, em ascensão. O próprio fato de pertencer a um grupo minoritário dentro da

sociedade alemã, sendo perseguido ideologicamente dentro da mesma, segundo o

anti-semitismo nazista, utilizou essa experiência como fonte de movimentação,

constituindo-se num tema de estudos importantes em sua obra.

Através de seus estudos foi possível compreender melhor como o indivíduo

vive ligado, inevitavelmente, a grupos. Grupos estes que podem ser classificados

quanto ao número de pessoas como menores (a família, os grupos de vizinhos, dos

colegas da escola, de religiosos) ou maiores (as classes sociais, as sociedades) dos

quais faz parte. O indivíduo estará, na maioria das vezes, com seu destino interligado

com os outros indivíduos pertencentes aos grupos que convive. Ele irá atuar de acordo

com a sua própria personalidade, desenvolvendo papéis, tendo seu “status” próprio,

suas motivações, seus interesses, seus preconceitos e opiniões, em constante

interação com os outras indivíduos.

De modo geral, as pessoas são dotadas de sua historicidade, escritas por

suas vivências pessoais e profissionais, bem como por suas características de

personalidade e, ao se encontrarem numa situação de interação grupal, terão não

apenas ações e reações individuais como, também, serão influenciadas pelo grupo.

Lewin é reconhecido principalmente pelo desenvolvimento da teoria de

campo, cuja proposição básica é que o comportamento humano é função do indivíduo

e do seu ambiente. Isto significa que o comportamento de uma pessoa está

relacionado tanto às características pessoais quanto à situação social na qual está

inserida.

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Sua teoria de campo consistiu na observação e manipulação de variáveis

em situações complexas, envolvendo grupos de pessoas. Utilizavam a pesquisa social

empírica, a ação social e a avaliação controlada das situações grupais. Lewin partiu da

premissa que, cientificamente, não havia, naquela ocasião, técnicas de exploração e

instrumental conceitual que possibilitassem fazer experiências que envolvesse a

sociedade de forma global, como também, os grandes conjuntos sociais. Segundo ele,

seria mais válido fazê-lo por etapas, provavelmente longas, desmontando

psicologicamente os mecanismos de integração e de crescimento dos diferentes tipos

de micro grupos, explorando toda a problemática presente no psicológico social,

elencadas aos poucos através da observação dos fatos, buscando-se evidenciar

certos comportamentos constantes na formação e evolução dos grupamentos dos

seres humanos.

Ele foi o principal responsável pelo avanço dos estudos da Dinâmica de

Grupo. Sua atuação, a partir da década de 30, foi determinante para a Psicologia

Social e, conseqüentemente, para o estudo da mesma. Atualmente, ainda podemos

notar suas influências nas pesquisas e publicações sobre o assunto. A partir de 1944,

ele iniciou suas pesquisas, buscando caracterizar os domínios da Dinâmica de Grupo,

consagrando esta expressão até os dias de hoje.

A Dinâmica de Grupo surge da GESTALT da Psicologia Topológica de Kurt

Lewin, insistindo na interdependência das forças existentes dentro do grupo,

estabelecendo uma teoria dinâmica da personalidade. Parte dos princípios da teoria de

campo para criar uma nova ciência de interação humana – a Dinâmica de Grupo –

tomando-se por base o conceito de dinâmica dado pela física, em oposição a estática.

E qual é o conceito de Dinâmica de Grupo? Será ela uma metodologia de

ensino?

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CONCEITOS BÁSICOS EM DINÂMICA DE GRUPO

• Estuda as interações (influências mútuas) entre as pessoas que estão

juntas para divertir-se ou para trabalhar. Pode ser chamada de

Microssociologia (Lauro de Oliveira Lima, em Por que Dinâmica de

Grupo)

• A dinâmica de grupo constitui um campo de pesquisa voltado ao estudo

da natureza do grupo, às leis que regem o seu desenvolvimento e às

relações indivíduo-grupo e grupo-instituições (Minicucci,1977).

TÉCNICA DE ENSINO / METODOLOGIA

• Conjunto de técnicas e metodologias que tratam do fenômeno do

comportamento humano em grupos. Sua orientação é busca de

mudanças de comportamento, tendo em vista a afetividade do

desempenho grupal. É muito utilizada em seções de treinamento, em

razão de sua flexibilidade e valor como agente de mudanças. (Flávio de

Toledo e B. Milione – Dicionário de Recursos Humanos)

• A autêntica dinâmica de grupo, que deveria ser a “dinâmica do futuro,

segundo Lima, deve superar aquilo que Paulo Freire considera o “caráter

essencialmente narrativo” da relação professor-aluno, que supõe um

sujeito narrador: o professor, e supõe objetos pacientes que estudam: os

alunos. Na verdadeira dinâmica de grupo não há “interlocutores” e

“ouvintes”, mas apenas “interlocutores, cada qual em condições iguais

de dizer a sua palavra.” No mundo agitado em que vivemos, marcado

pela massificação, é urgente que se criem espaços para que a pessoa

humana possa desabrochar, a caminho de sua plenitude; espaços onde

se busque ultrapassar as formas de relacionamento marcadas pela

máscara, pelos mecanismos inconscientes, pela agressividade, pela

competição e pela denominação. Isto só poderá acontecer através da

experiência do outro através da vivência grupal, num clima de liberdade,

de aceitação, de diálogo, de encontro, de comunicação, de comunhão.

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Este é o sentido da dinâmica de grupo. (Balduíno A . Andreola –

Dinâmica da Vida e Didática do Futuro).

DESCOBERTA DO GRUPO “T”

Texto original: Sociedade Brasileira de Psicoterapia, Dinâmica de Grupo e Psicodrama

No verão de 1946, em Nova Bretanha (Connecticut), mais especificamente

na escola estadual para formação de professores primários, foi realizado uma sessão

sob os auspícios da comissão interética de Connecticut, do Ministério da Educação e

do Centro de Pesquisas sobre a Dinâmica de Grupo. O objetivo era formar animadores

no seio de organismos locais criados pela comissão.

As finalidades “pessoais” dos representantes do centro ( Kurt Lewin e

Ronald Lippitt), responsáveis técnicos da sessão, eram testar diversas hipóteses

concernentes aos efeitos comparados das conferências e dos estudos de casos sobre

os comportamentos e suas mudanças.

Os participantes, em número de 30, eram divididos em grupos de 10,

empregando seu tempo entre estudos de casos com jogos de papéis e exposições

magistrais. Um observador do centro era indicado para cada grupo e preenchia as

folhas de observação das interações e da dinâmica, que destinadas às próprias

pesquisas da equipe Kurt Lewin, não deveriam ser retransmitidas aos participantes.

Desde o início, Lewin organizara sessões matinais de trabalho, que reuniam

os animadores oficiais e os observadores para verificar as observações e discuti-las.

Alguns participantes que moravam na escola pediram para assistir a essas

reuniões de trabalho e, após discussões, foram admitidos. Kenneth Benne afirmou:

“A equipe dos animadores não previra os efeitos sobre os participantes da descrição de seus comportamentos nem a maneira pela qual seria preciso orientar as relações entre nossa equipe e os ouvintes voluntários. Aberta a discussão, o efeito foi elétrico. Primeiramente, foi-nos preciso inexoravelmente abrir essas reuniões às pessoas interessadas e logo todas as passaram a comparecer. As reuniões prolongaram-se durante três horas. Os participantes declararam que elas eram

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essenciais e ninguém mais se preocupou de esquecer o programa previsto, os casos que preparamos, aqueles trazidos pelos membros, os jogos de papéis etc.”.

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Pareceu aos animadores que haviam descoberto, fortuitamente, um

poderoso meio de formação e de mudança que pode ser assim formulado: quando os

integrantes de um grupo são confrontados objetivamente com dados concernentes a

seu próprio comportamento e seus efeitos e quando participam, de uma maneira não

defensiva, de uma reflexão comum sobre esses dados, podem completar mui

significativamente sua formação sobre o conhecimento de si, sobre as atitudes de

respostas dos outros a seu respeito, sobre o comportamento do grupo e o

desenvolvimento dos grupos em geral.

Então nasceu a idéia de substituir o conteúdo “um outro lugar e um outro

dia” (que caracteriza “os casos” ou “os exemplos” que ilustram as exposições) pela

análise do “aqui e agora” concernente ao comportamento dos próprios membros do

grupo.

A partir de 1947, proliferaram os estudos e pesquisas sobre a dinâmica dos

pequenos grupos, surgindo várias vertentes de pensamentos, que consideravam

diferentes aspectos. Daí o aparecimento de diversas denominações, sem que se

possa discriminar qualquer critério diferenciador estável que justifique a diversidade,

como por exemplo, os diferentes objetivos de intervenção do coordenador.

As denominações mais empregadas são:

• treinamento em Laboratório;

• treinamento de Sensibilidade;

• treinamento em Relações Humanas;

• grupo de Encontro;

• grupo de Treinamento;

• grupo de Desenvolvimento Interpessoal.

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TIPOS DE GRUPOS

GRUPO SOCIAL

• Conjunto de indivíduos permanentemente associados em processo de

interação social.

GRUPO PRIMÁRIO

• A família, o grupo de brinquedos, a aldeia, a vila, os grupos de amizades,

são exemplos de grupos primários. Neles as relações sociais são íntimas

e pessoais, os contatos são primários (diretos, intensos). Os indivíduos

se conhecem de modo íntimo e pessoal e entre eles se desenvolvem

fortes laços sentimentais (M.B.L. Della Torre - O homem e a Sociedade,

1990)

• São aqueles que se caracterizam pela aceitação e colaboração íntima de

homem para homem. São primários em vários sentidos, mas sobretudo

no sentido de que são fundamentais para formar a natureza e os ideais

sociais do indivíduo. A associação psicológica íntima desperta certo grau

de fusão das individualidades, num conjunto, de tal forma que o

“eu, pelo menos até certo ponto, reside na vida comum e nos objetivos comuns do grupo. Talvez a forma mais simples de descrever esse sentimento de totalidade seja dizer que o grupo é um “nós.”

(Charles Cooley)

GRUPO SECUNDÁRIO

• Neste as relações não são pessoais e nem há entre os indivíduos laços

sentimentais fortes, pois os contatos são secundários. Muitas vezes

também as relações são estabelecidas por contatos indiretos (cartas,

telefone, telegrama etc.) ou diretos, mas sem intimidade, como os que

ocorrem entre os passageiros e o motorista de um ônibus. As relações

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são formais, impessoais e distantes, já que se trata de meios para

alcançar os fins em vista.

Podemos citar, como exemplos de grupos secundários, as organizações

burocráticas e as associações voluntárias (associações de classe, grêmios etc). O

funcionário ideal é aquele que desempenha seu cargo sem paixão ou ódio, portanto de

modo mecânico e técnico. Porém, dentro dos grupos secundários formam-se

estruturas informais com características dos grupos primários.

GRUPO PSICOLÓGICO OU PSICOGRUPO

Integrado por pessoas que se conhecem, que procuram objetivos

comuns, possuem ideologias semelhantes e interagem com freqüência.

A associação e interação entre os membros constituem a finalidade

principal de seus membros.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL OU SOCIOGRUPO

• Sistema integrado de pessoas e grupos que visam um mesmo fim último,

podendo, no entanto, dispensar as características do grupo psicológico.

As relações entre os membros existem principalmente em função de os

membros trabalharem juntos em vista a alcançar algum objetivo.

EQUIPE

“Pode-se considerar equipe um conjunto que compreende seus objetivos e está engajado em alcançá-los, de forma compartilhada. A comunicação entre os membros é verdadeira e opiniões divergentes são estimuladas. A confiança é grande, assumem-se riscos. As habilidades complementares dos membros possibilitam alcançar resultados, os objetivos compartilhados determinam seu propósito e direção. Respeito, mente aberta e cooperação são elevados. O grupo investe constantemente em seu próprio crescimento”.

(Fela Moscovici)

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APRENDENDO A TRABALHAR EM GRUPO

O QUE É UM GRUPO?

Segundo Pichon-Riviére,

“pode-se falar em grupo quando um conjunto de pessoas movidas por necessidades semelhantes se reúnem em torno de uma tarefa específica”.

No cumprimento e desenvolvimento das tarefas, deixam de ser um

amontoado de indivíduos para cada um assumir-se enquanto participante de um

grupo, com um objetivo mútuo.

Isto significa também, que cada participante exercitou sua fala, sua opinião,

seu silêncio, defendendo seus pontos de vista. Portanto, descobrindo que, mesmo

tendo um objetivo mútuo, cada participante é diferente. Tem sua identidade. Neste

exercício de diferenciação - cada indivíduo vai introjetando o outro dentro de si. Isto

significa que cada pessoa, quando longe da presença do outro, pode “chamá-lo” em

pensamento, a cada um deles e a todos em conjunto. Este fato assinala o início da

construção do grupo enquanto composição de indivíduos diferenciados. O que Pichon

denomina de “grupo interno”.

“O indivíduo é um ser “geneticamente social”.(Wallon)

A identidade do sujeito é um produto das relações com os outros. Neste

sentido todo indivíduo está povoado de outros grupos internos na sua história. Assim

como, também, povoado de pessoas que o acompanham na sua solidão. Deste modo

estamos sempre acompanhados de um grupo de pessoas que vivem conosco

permanentemente.

A influência deste grupo interno permanece inconsciente. Algumas vezes no

que chamamos de pré-consciente, não nos damos conta que estamos repetindo,

reproduzindo estilos, papéis, que têm que vir com vínculos arcaicos onde outros

personagens jogam por nós.

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Todos estes integrantes do nosso mundo interno estão presentes na hora de

qualquer ação, na realização de uma tarefa. Por isso, nosso ser individual nada mais é

que um reflexo, onde a imagem de um espelho que nos devolvem a de um “eu” que

aparenta unicidade mas que está composto por inumeráveis marcos de falas,

presença de modelos de outros.

COMO SE FORMA ESTA ESTRUTURA?

Segundo Pichón-Riviere, a estrutura dos grupos se compõe pela dinâmica

dos 3D.

• depositado

• depositário

• depositante

• depositado é algo que o grupo, ou um indivíduo, não pode assumir no

seu conjunto e o coloca em alguém, que por suas características permite

e aceita.

• depositário é aquele que recebe nossos depósitos, que recebem os

conteúdos dos quais nos desembaraçamos.

• depositante somos nós mesmos.

Podemos observar em qualquer grupo (secundário) de adultos como

distribuem-se estes papéis e tarefas implícitas:

• há os que se encarregam sempre de romper os silêncios embaraçosos;

• os que, com uma piada ou uma saída criativa, desfazem uma tensão;

• os que sempre estão contra ou fazem o “advogado do diabo”;

• os que se encarregam de carregar as culpas e, ao mesmo tempo

reclamando, aceitam o depósito de “bode expiatório”;

• os que chegam sistematicamente atrasados;

• os que interrompem para sair;

• os que sempre discordam de algo, nunca estão de acordo;

• aqueles a quem tudo lhes parece ótimo e encarregam-se das tarefas de

que os demais se omitem.

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Page 20: 6882406 Apostila Dinamica de Grupo

Este movimento de depósito começa na família, com o projeto inconsciente

dos pais.

Através do mecanismo de projeção nos livramos de aspectos nossos que

nos desagradam, pois não admitimos que também fazem parte de nós. Se estou com

medo, em lugar de admitir, reconhecer MEU medo, digo: “tu me dás medo” ou “tua

proposta é atemorizante”. Caso esta afirmação coincida (encontre) um sujeito a quem

sempre lhe é dado esse papel (atemorizante) nosso mecanismo projetivo se verá

inteiramente satisfeito. O depositário recebeu e se encarregará de “viver” o meu medo.

Meu medo não estará mais no meu interior e será produto, culpa daquele que me

atemoriza.

OS COMPONENTES DO GRUPO

São cinco os papéis que constituem um grupo, segundo a denominação de

Pichón-Riviere:

Líder de mudança – aquele que se encarrega de levar adiante as tarefas,

enfrentando conflitos, buscando soluções, arriscando-se sempre diante do novo.

Líder de resistência – aquele que sempre “puxa” o grupo para trás, freia

avanços, depois de uma intensa discussão ele coloca uma pergunta que remete o

grupo ao início do já discutido. Sabota as tarefas, levantando sempre as melhores

intenções de desenvolvê-las, mas poucas vezes as cumpre, assume sempre o papel

de “advogado do diabo”.

O Bode Expiatório – é quem assume as culpas do grupo. Serve-se de

depositário a esses conteúdos livrando o grupo do que lhe provoca o mal-estar, medo,

ansiedade, etc.

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IMPORTANTE:

O líder de mudança e o líder de resistência não podem existir um sem o outro. Os dois são necessários para o equilíbrio do grupo. Para cada maior acelerada do líder de mudança, maior o freio do líder de resistência. Para produzir assim o contrapeso às propostas do outro.

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Os Silenciosos – são aqueles que assumem as dificuldades dos demais

para estabelecer a comunicação, fazendo com que o resto do grupo se sinta obrigado

a falar. Num grupo falante, se “queima” quem menos pode sobreviver ao silêncio...

Aqueles que calam representam essa parte nossa que desejaria calar mas não pode.

IMPORTANTE:

Em algumas situações os silenciosos suscitam críticas por parte de elementos do grupo, porque estes se permitem o ocultamento. Ocultamento que poderá ser aparente, pois o uso da palavra pode, também ocultar um enorme silêncio.

No trabalho da coordenação, sua facilidade ou dificuldade em coordenar os

silenciosos dependerá de seu grau de escuta do silêncio do outro e do seu próprio.

É necessário um exercício apurado de observação e leitura sobre o que os

silenciosos falam para poder possibilitar, assim, a ruptura do papel de “ocultamento”,

de omissão. A coordenação deverá estar atenta para não permitir uma relação hostil

que obriga os silenciosos a falarem, pois deste modo não estará respeitando sua

“fala”, mas também não cair na armadilha da marginalização: “eles nunca falam

mesmo”, o que favorece a omissão.

O Porta-voz- é quem se responsabiliza em ser a “chaminé” por onde

emergem as ansiedades do grupo. Através da sensibilidade apurada do porta-voz, ele

consegue expressar, verbalizar, dar forma aos sentimentos, conflitos que, muitas

vezes, estão latentes no discurso do grupo. O porta-voz é como uma antena que capta

de longe o que está por vir. Em muitas situações, o porta-voz pode coincidir com uma

das expressões de liderança.

GRUPO É ...

Esta trama grupal onde se joga com papéis precisos, às vezes

estereotipados, outras inabaláveis, não é um amontoado de indivíduos.

Mais complexo que isso.

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Page 22: 6882406 Apostila Dinamica de Grupo

Grupo é o resultado da dialética entre a história do grupo (movimento

horizontal) e a história dos indivíduos com seus mundos internos, suas projeções e

transferências (movimento vertical) no suceder da história da sociedade em que estão

inseridos.

APRENDENDO A TRABALHAR EM GRUPO

• Como desenvolver a capacidade de obtenção de um melhor

desempenho nas atividades de grupo?

• Como se modifica o comportamento do indivíduo na situação grupal?

Sem dúvida, em uma reformulação de comportamento grupal é necessário

descongelar atitudes, desaprender normas de agir, enfim reeducar-se.

Sabe-se que toda mudança é difícil, pois existem barreiras à aquisição de

novos comportamentos e ao abandono de atitudes congeladas.

Na aquisição de um comportamento grupal mais eficiente, sem dúvida

algumas tarefas ou etapas intermediárias se fazem necessárias como:

• desenvolvimento da percepção do outro;

• papéis desempenhados;

• atitudes grupais;

• mecanismos de resistência à atração efetiva;

• desenvolvimento de comportamentos de liderança;

• compreensão dos problemas de comunicação.

Quando se fala em aprender a trabalhar em grupo, fala-se em educação,

isto é: “educação não significa ensinar as pessoas a saberem o que não sabem...

significa ensiná-las a procederem como elas não procedem.”

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Atitudes congeladas AprendizagemNovos

Comportamentos

Page 23: 6882406 Apostila Dinamica de Grupo

O aprendizado do trabalho social de grupo é a primeira meta do trabalho

grupal, pois só assim terá sua eficácia e seu rendimento aumentados. Em termos de

conceitos estamos colocando o termo educação no sentido de desenvolvimento de

habilidades.

O aprendizado da pessoa total abrange idéias, valores, princípios, atitudes,

sentimentos e comportamentos concretos. É necessário descobrir que os chamados

problemas de relações humanas não são apenas provocados pelo comportamento de

outras pessoas, mas que as ações de um indivíduo constituem também parte da

situação do problema, sendo que talvez, seja seu próprio desempenho que esteja

causando distorções.

Para maiores aprofundamentos sobre o que conversamos, sugerimos que

você escolha alguns dos livros citados na bibliografia ou ainda os artigos do site

anteriormente citado. Procure já ir pensando no tema de sua monografia e no que

estes poderão auxiliá-lo servindo de apoio para a elaboração da mesma.

MÓDULO I ver 1.0 – DINÂMICA DE GRUPO Projeto “A Vez do Mestre”

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Page 24: 6882406 Apostila Dinamica de Grupo

BIBLIOGRAFIA

MINICUCCI, Agostinho. Dinâmica de grupo: manual de técnicas. São Paulo: Atlas,

1977.

PICHÓN-RIVIERE, Enrique. El processo grupal – del psicoanálisis a la psicologia

social. Buenos Aires: Ediciones Nueva Vision, 1975.

SCULTZ, William C. O prazer. Rio Janeiro: Imago, 1974.

_______________ . Psicoterapia pelo encontro. São Paulo: Atlas, 1978.

SERRÃO, Margarida e BALEEIRO, M. C. Aprendendo a ser e a conviver. São Paulo:

FTD, 1999.

SOUZA, Edela L. P. Desenvolvimento organizacional. São Paulo: Edgar Blucher,

1976.

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Page 25: 6882406 Apostila Dinamica de Grupo

AUTO-AVALIAÇÃO

Responda às questões abaixo, marcando apenas uma das alternativas.

1. Assinale a única alternativa incorreta:

“Um grupo é como um rio, tem vida e força próprias.”

O que não caracteriza um grupo é a ...

( a )dinâmica interna própria;

( b )construção de identidades;

( c )inexistência de valores;

( d )sinergia;

( e )energia.

2. Assinale a alternativa correta:

Os grupos são divididos em três espécies. São considerados exemplos de grupos primários,

apenas ...

( a )família e grupos sociais;

( b )grupo de relacionamentos sociais;

( c )grupo de trabalho e familiar;

( d )grupo de trabalho e religião;

( e )“amigos da internet e grupo da escola”.

3. O tipo de grupo que se preocupa com um trabalho a realizar e a ele consagra a totalidade de seu

tempo, em busca do objetivo comum e compartilhando riscos e sucessos, é chamado de grupo de:

( a )amizade;

( b )trabalho;

( c )relacionamentos;

( d )treinamento;

( e )equipe.

4. O tipo de grupo que se preocupa com o funcionamento do mesmo, cujos membros se colocam numa

situação de laboratório para analisar o processo de discussão e das relações interpessoais, é

denominado de:

( a )psicogrupo;

( b )sociogrupo;

( c )misto;

( d )equipe;

( e )formação.

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Page 26: 6882406 Apostila Dinamica de Grupo

5. Assinale a única alternativa incorreta:

( a )conhecer bem os agentes, fenômenos e processos de comportamento grupal é essencial para o

profissional que trabalha com Dinâmica de Grupo;

( b )os estudos de Lewin a partir da década de 30 foram fundamentais para o desenvolvimento da

Dinâmica de Grupo;

( c )a família, o grupo de brinquedos, a aldeia, a vila são exemplos de grupos secundários;

( d )a denominação Psicologia Social foi cunhada por Augusto Comte;

( e )um conjunto de pessoas que compreende seus objetivos e está engajada em alcançá-los de forma

compartilhada é chamada de equipe.

6. Assinale a alternativa correta:

Segundo a Dinâmica dos Três D’s elaborada por Pichon Riviére, é possível entender a figura do

Depositário como ...

( a )todos os que compõem o grupo;

( b )aquilo que o grupo não pode assumir como grupo e coloca em alguém;

( c )os que recebem os conteúdos do grupo/ alvos do seu depósito;

( d )todos os que depositam algo em alguém;

( e )tudo o que não é assumido pelo grupo e desaparece ao longo do tempo.

7. Assinale a alternativa correta:

Conforme distingue Pichón-Riviére os cinco papéis que os sujeitos retratam e que ajudam a constituir

um grupo são ...

( a )líder de mudança, líder alternativo, líder de resistência, bode expiatório e porta-voz;

( b )líder de mudança, silencioso, líder de resistência, bode expiatório e porta-voz;

( c )silencioso, líder de resistência, bode expiatório, confrontador e porta-voz;

( d )confrontador, barulhento, silencioso, bode expiatório e líder de mudança;

( e )bode expiatório, bode silencioso, líder de mudança, porta-voz e conselheiro.

8. Assinale a única alternativa correta:

( a )Dinâmica de Grupo e Gestalt terapia são palavras sinônimas;

( b )a Dinâmica de Grupo nada tem a ver com a Gestalt terapia;

( c )o grupo não é um amontoado de indivíduos;

( d )o trabalho em grupo independe da atmosfera psicológica criada;

( e )a Dinâmica dos Três D’s formulada por Kurt Lewin, é estruturada através do depositário, o

depositante e a conta.

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9. Assinale a alternativa correta:

Segundo Lauro de Oliveira Lima, a “autêntica” dinâmica de grupo valorizadora do diálogo entre

interlocutores, deveria se chamar de ...

( a )anti-dinâmica;

( b )dinâmica do futuro;

( c )dinâmica dialógica;

( d )dinâmica alternativa;

( e )dinâmica narrativa.

10. Assinale a alternativa correta:

O conceito de Dinâmica de Grupo enquanto ciência é ...

( a )conjunto de pessoas permanentemente associado em processos de interação social;

( b )estudo das interações entre as pessoas, e as leis que regem o desenvolvimento e às relações

indivíduo-grupo e grupo-instituições;

( c )são as técnicas e metodologias que tratam do fenômeno do comportamento humano voltadas

para a mudança do comportamento;

( d )é um conjunto de técnicas usadas em treinamento e que se constituem em poderoso veículo de

mudanças;

( e )são espaços em que o indivíduo pode se desabrochar e abrir caminhos para a plenitude.

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