8º Encontro da ABCP 01 a 04/08/2012, Gramado, RS Área ... · Centro Universitário Internacional...

26
8º Encontro da ABCP 01 a 04/08/2012, Gramado, RS Área Temática 04: Ensino e Pesquisa em Ciência Política e Relações Internacionais Os Cursos de Bacharelado em Ciência Política no Brasil: a perspectiva do mercado de trabalho Luiz Fernando Nunes Moraes Universidade Federal do Paraná UFPR Audren Marlei Azolin Centro Universitário Internacional Uninter

Transcript of 8º Encontro da ABCP 01 a 04/08/2012, Gramado, RS Área ... · Centro Universitário Internacional...

8º Encontro da ABCP

01 a 04/08/2012, Gramado, RS

Área Temática 04: Ensino e Pesquisa em Ciência Política e Relações Internacionais

Os Cursos de Bacharelado em Ciência Política no Brasil: a perspectiva do mercado de

trabalho

Luiz Fernando Nunes Moraes

Universidade Federal do Paraná – UFPR

Audren Marlei Azolin

Centro Universitário Internacional – Uninter

INTRODUÇÃO

Em 1989 criou-se no Brasil o primeiro curso de bacharelado em Ciência Política, na

Universidade de Brasília. Desde então, outros cursos surgiram com a proposta de formar

cientistas políticos para o mercado de trabalho, além da academia. No país são 11 os

cursos com essa proposta e muitos deles, em universidades públicas.

As perguntas que movem este artigo são: a partir da perspectiva dos próprios

cursos, quais atividades profissionais do cientista político justificariam cursos dessa

natureza? Existem de fato estas atividades do cientista político no mercado de trabalho,

fora da academia? A proposta é apresentar o resultado de uma pesquisa a respeito

dessas atividades a partir dos sites dos cursos e de documentos de empresas que atuam

na área política (consultoria) e de editais do governo que exigem cientistas políticos para

contratação.

O primeiro problema que enfrentamos durante a pesquisa foi a inexistência de uma

bibliografia que tratasse desse tema. Diante deste fato, nos restou pesquisar, inicialmente,

as causas que possibilitaram a criação de cursos de bacharelado em Ciência Política com

vistas ao mercado de trabalho, também, fora da academia.

Resolvemos iniciar a pesquisa focando no processo de institucionalização e

autonomização da Ciência Política no Brasil. Partimos do pressuposto, enquanto hipótese

de pesquisa, que esses dois elementos foram fundamentais pata criação de cursos de

bacharelado em Ciência Política no Brasil que preparassem também para um até então

suposto mercado de trabalho além da atividade acadêmica.

Segundo Nascimento,

Do lado da Ciência Política, pelo menos a curto prazo, não há chances de serem criadas graduações em Ciência Política nas universidades públicas – com o objetivo de inverter o padrão de dependência herdade em relação a Sociologia –, dada a forte presença dos cursos de Direito e de Administração como fornecedores de quadros para a burocracia estatal. [...], parece ser um padrão sem chances de mudança em horizonte próximo (NASCIMENTO, 2008, p. 26)

Na opinião de Schwartzman, os Cursos de Ciência Política, enquanto disciplina

acadêmica, “[...] não gera uma tecnologia social própria, nem dá base a uma profissão”

(SCHWARTZMAN, 1977). Schwartzman fez essa análise em 1977 e Nascimento em

2008, são trinta e um anos entre uma afirmação e outra. Neste período diversos cursos de

bacharelado em ciência política foram criados no Brasil apostando na qualificação para o

mercado.

Diante a afirmação dos autores acima referidos, o presente trabalho veio para

preencher uma lacuna deixada: por que se criou, então, no país cursos de bacharelado

em ciência política para um mercado de atividade profissional do politólogo fora da

academia?

No sentido de viabilizar a pesquisa, metodologicamente utilizamos o

Neoinstitucionalismo Histórico, mais especificamente naquilo que Peter Hall e Rosemary

Taylor disseram ser uma das principais perguntas dessa vertente: “[...] como explicar o

processo pelo qual as instituições surgem ou se modificam” (HALL & TAYLOR, 2003, p.

194). Posto isso, é importante para esta vertente institucional, o desenvolvimento

institucional privilegiando a sua trajetória e a resposta das instituições a contextos

políticos e sociais ((HALL & TAYLOR, 2003, p. 195).

O Neoinstitucionalismo histórico nos permite compreender o processo de

institucionalização e autonomização da ciência política no Brasil.

No sentido de responder as perguntas propostas neste trabalho é necessário

estabelecer de forma geral as nossas fontes. 1) a pesquisa realizada sobre a perspectiva

do mercado de trabalho do cientista político no Brasil (MOREIRA, 2010)1; 2) os sites e os

documentos de entidades que contratam cientistas políticos e utilizam os conhecimentos

da ciência política na prática de suas atividades e 3) por fim, os editais de concursos

públicos para contratação de cientistas políticos ou que nos programas de prova os

conhecimentos de ciência política sejam importantes. Estes compõem o corpus de análise

da presente pesquisa.

Como nosso corpus de análise é textual, outra metodologia utilizada é a Análise de

Conteúdo, pois “A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos

relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que

recorre a indicadores (quantitativos ou não)” (BARDIN, 1994, p. 38).

Instrumentalmente, a Análise de Conteúdo permite-nos transformar textos em

dados quantitativos, isto é, nos permite analisar quantitativa e qualitativamente um texto.

Outra importância dessa metodologia é que ela nos permite analisar o contexto de

produção do texto, convergindo assim com o Neoinstitucionalismo histórico.

A INSTITUCIONALIZAÇÃO E A AUTONOMIZAÇÃO DA CIÊNCIA POLÍTICA NO

BRASIL

Para explicar a institucionalização e autonomização da ciência política no Brasil, enquanto

campo científico, foi importante a existência de uma reflexão a respeito dos aspectos

processuais de ordem política, isto é, a tradição da reflexão e do pensamento sobre

1 A pesquisa realizada pela até então graduanda Luciamara Aparecida Moreia do curso de bacharelado em ciência

política da Faculdade Internacional de Curitiba – Facinter, foi orientada pelos professores e cientistas políticos Audren

Marlei Azolin e Luiz Fernando Nunes Moraes (co-orientador). Para apresentação da pesquisa sobre a perspectiva dos

cursos a respeito do mercado de trabalho do cientista político no Brasil, utilizaremos os dados tabulados pela graduanda

acima referida para sua monografia Ofício de Politólogo: Uma Análise da Perspectiva dos Cursos de Bacharelado em

Ciência Política no Brasil.

política no país que data do final do século XIX e início do século XX, preocupada com a

construção e viabilidade de um Estado nacional brasileiro (LESSA, 2011; LAMOUNIER,

1982; KEINERT & SILVA, 2010).

Estamos nos referindo aqui ao que Lessa chamou de “[...] uma narrativa genética a

respeito da constituição do campo da ciência política no Brasil [...]” (LESSA, 2011, p. 6).

Essa narrativa genética consiste no resgate também de autores ensaísticos do

início do século XX como Oliveira Vianna, Alberto Torres, Azevedo Amaral, dentre outros,

que se preocuparam com perspectivas e dilemas políticos brasileiros, definidas como

interpretações do Brasil (LESSA, 2011, p. 12), isto é, obras de cunho não científico.

Entretanto, essa tradição do pensamento político brasileiro não foi suficiente para o

processo de institucionalização e autonomização da ciência política no Brasil. É

necessário identificarmos o momento em que a ciência política inicia seu processo de

institucionalização e autonomização frente às outras ciências sociais (sociologia e

antropologia).

O processo de autonomização da ciência política brasileira foi possível devido a

três fatores: 1) à rejeição das referências acadêmicas da escola paulista de sociologia, 2)

à criação de uma nova modalidade de intervenção baseada num novo parâmetro de

cientificidade e 3) à expansão das pós-graduações e outras formas institucionais a partir

da década de 1960.

Para aqueles que lutaram pela autonomização da ciência política no Brasil, em

especial para Wanderley Guilherme dos Santos, foi importante a crítica ao mito fundador

da escola paulista, descaracterizando como sendo o marco do desenvolvimento das

ciências sociais no país, saindo de um estágio pré-científico para o científico, a criação da

Escola Livre de Sociologia e Política e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da

Universidade de São Paulo na década de 1930, que muito interessava à escola paulista

de sociologia (KEINERT & SILVA, 2010, p. 81).

O processo de autonomização da ciência política inicia-se no Brasil quando foi

travada a luta entre a escola paulista de sociologia e o que se denominou chamar de

grupo geracional2 da ciência política no Brasil, em meados da década de 1960.

A ciência política no Brasil foi fomentada pela Fundação Ford. Assim, para

entendermos a institucionalização e autonomização da ciência política no país, torna-se

fundamental entendermos a perspectiva de ciência política dessa Fundação: 1) ciência

aplicada mediante perfil de uma disciplina especializada, 2) potencialmente capaz de

pautar e elaborar políticas públicas devido a sua aproximação com a agenda política

2 Servem de exemplo de nomes desse grupo, Fábio Wanderley Reis e Wanderley Guilherme dos Santos.

nacional, 3) metodologicamente, uma ciência centrada em survey (KEINERT & SILVA,

2010, p. 82). Essa perspectiva de ciência da Fundação Ford não encontrava na escola

paulista de sociologia um ambiente propício.

Na verdade, a Fundação Ford trouxe aos estudos políticos no Brasil, através do

grupo geracional da ciência política brasileira, o seu caráter de cientificidade, sustentado

pela teoria comportamentalista (Behaviorismo) e pela vertente do Neoinstitucionalismo da

Escolha Racional.

Sempre nos pareceu estranho as nomenclaturas dadas aos saberes sobre política

antes do grupo geracional: Escola Livre de Sociologia e Política e, em relações às

distintas Ciências Sociais, Antropologia, Sociologia e Política. Por que não se denominou

Escola Livre de Sociologia e Politologia? E por que não Antropologia, Sociologia e

Politologia? Keinert & Silva nos traz uma possível chave explicativa:

A adoção da nomenclatura “Ciência Política” para designar o campo disciplinar é um dos sinais mais expressivos da lógica que redefiniu os traços identitários de uma área de estudos, cuja designação mais habitual era dada até então pelo termo “Política”. O sintagma que se cria com a incorporação do termo “Ciência” revela um dos componentes centrais da afirmação de certo perfil intelectual construído em consonância com os novos parâmetros de cientificidade, formulados especialmente no âmbito das ciências sociais praticadas nos Estados Unidos. (KEINERT & SILVA, 2010, p. 81).

Esse novo parâmetro de cientificidade trazido pela Fundação Ford encontrou

espaço na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (KEINERT & SILVA, 2010, p.

83) e no Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro – IUPERJ.

Percebe-se que a autonomização da ciência política no país buscou a

especialização em relação às demais ciências sociais, em especial à sociologia,

apresentando outra característica: ser uma ciência aplicada, profissionalizante, uma

ciência preocupada com a formação de profissionais para atuarem na burocracia estatal,

em especial profissional capacitado para lidar com as atividades da gestão pública

(KEINERT & SILVA, 2010, p. 83).

A ciência política fomentada pela Fundação Ford buscava capacitar pessoal para

atuar na esfera governamental dialogando com o direto, com a economia, com a

estatística e com a administração, que passaram a fazer parte da grade curricular dos

cursos de ciência política, diferenciando-se assim da formação humanista clássica da

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP (KEINERT & SILVA, 2010, p. 83).

Temos, assim, dois perfis de estudo sobre a política: o primeiro de socialização

humanista, com base na filosofia e na sociologia e outro com base em ciências aplicadas

(economia e administração). É importante destacar que, enquanto a ciência política se

especializava em relação à sociologia, se tornava generalista em relação a outras áreas

do conhecimento (direito, economia, administração), o que trazia para ciência política sua

característica de ciência aplicada e generalista. Havia, assim, duas escolas em luta pela

legitimidade dos estudos políticos: a paulista e a escola mineiro-carioca.

O grupo geracional da ciência política estava apresentando a comunidade científica

o objeto de pesquisa e as variáveis explicativas da ciência política. Se tal objeto e

variáveis fossem legitimados, a ciência política poderia se constituir enquanto campo

científico. Segundo Keinert e Silva,

O postulado da autonomia relativa do sistema político servia como justificativa à introdução de um repertório específico de técnicas de análise que superasse a tendência então dominante de interpretar a vida política como subproduto das constrições ligadas à estrutura socioeconômica (KEINERT & SILVA, 2010, p. 87)

A grande contribuição para a institucionalização autônoma da ciência política no

Brasil do grupo geracional foi basear seus estudos sobre política apostando na autonomia

do Estado frente aos condicionantes sociais, própria da sociologia (SEGATTO, 2010, p.

594). Isso significou uma mudança epistemológica nos estudos políticos. A ciência política

foi criada com base na autonomia do político.

Desenvolver estudos políticos que analisasse a política enquanto objeto autônomo

só foi possível devido ao contexto social e político daquele período, pois,

O autoritarismo, a falência da democracia na periferia capitalista, o “Estado Burocrático-Autoritário”, a ascensão dos militares ao poder na América Latina e alguns países europeus provocam a reflexão política e abrem novos espaços e exigências intelectuais para o ramo até então menos desenvolvido das ciências sociais. As explicações predominantemente economicistas ou “sociologizantes” não dão mais conta da nova realidade histórica e é preciso fundar a “autonomia da política” (FORJAZ, 1997, Apud SEGATTO, 2010, p. 594).

Outro ponto importante a destacar para a autonomziação da ciência política no

Brasil, além do autoritarismo, foi os ideais modernizantes do regime militar no país. A

ditadura militar brasileira criou um sistema nacional de pós-graduação. Neste contexto, os

cursos de pós-graduação de ciência política se institucionalizaram e autonomizaram das

demais ciências sociais (KEINERT & SILVA, 2010, p. 95).

Podemos classificar três dimensões do processo de institucionalização e

autonomização da ciência política brasileira: 1) a dimensão do financiamento era de

responsabilidade da Fundação Ford, 2) a dimensão da avaliação e expansão da ciência

política eram de responsabilidade da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior - Capes e 3) construção da comunidade de cientistas políticos de

responsabilidade da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências

Sociais - Anpocs e a Associação Brasileira de Ciência Política – ABCP (NASCIMENTO,

2008, p. 22).

O grupo geracional da ciência política conseguiu construir no Brasil uma ciência

política autônoma à Sociologia a partir desse novo parâmetro de cientificidade, pois,

[...] algo semelhante ao que se apresenta na operação ordinária dos campos de conhecimento. Eles estabelecem condições de existência de objetos – i.e., suas características distintivas e os padrões de causalidade que os envolvem [...] além dos procedimentos adequados de investigação e de validação (LESSA, 2011, p. 4).

Para se tornar um campo científico legítimo (reconhecido pelo Outro), o grupo

geracional da ciência política brasileira teve que apresentar um novo modo de analisar a

política. Este novo modo se constituiu no novo parâmetro de cientificidade. Estes fatores

foram necessários, mas não suficiente, para explicar as condições de surgimento dos

cursos de bacharelado em ciência política no Brasil a partir final do século XX.

O SURGIMENTO DOS CURSOS DE BACHARELADO EM CIÊNCIA POLÍTICA NO

BRASIL: O CONTEXTO DA REDEMOCRATIZAÇÃO

Para compreendermos o surgimento dos cursos de bacharelado em ciência política nas

Instituições de Ensino Superior - IES no Brasil, a partir do final da década de 1980, é

necessário compreendermos primeiro o contexto social e político das décadas de 1970,

1980 e 1990. Entretanto, seria extrapolar as dimensões deste artigo, em vista da

amplitude daquele contexto. Assim, partiremos a nossa análise da principal temática

política daquele período e que esteve presente na agenda política das décadas de 1980 e

1990: a reforma do Estado.

A natureza dessa agenda colocou no centro do debate a transformação

institucional do Estado brasileiro (logo de suas instituições), variável explicativa e objeto

por excelência de pesquisa da recente ciência política no Brasil.

Mas por que reformar o Estado? E o que precisava ser reformado? Para Bresser-

Pereira, “[...] reformar o Estado significa dar uma resposta positiva ao problema

fundamental do último quartel deste século: a crise do Estado” (BRESSER-PEREIRA,

1995, p. 1). A segunda crise do petróleo em 1979 desencadeou a crise do Estado que

consistiu na estagnação da renda per capita e de alta inflação sem precedentes. A crise

do Estado foi a crise de um determinado modelo de Estado: o Estado de Bem-estar

Social.

Percebe-se que a resposta à crise não era essencialmente econômica, mas sim

essencialmente política. Eis aqui outro aspecto fundamental para o vigoroso processo de

institucionalização e autonomização da ciência política enquanto campo científico no

Brasil: o contexto social e político do final do século XX. Assim, é importante definir o que

é crise de Estado e seus elementos constitutivos:

Crise fiscal (político-econômica): o Estado apresenta perda de crédito público

paralelamente com poupança pública negativa. Posto isso, superar a crise fiscal se traduz

em retomada do crédito, aumento da poupança para que o Estado possa ter capacidade

de investimentos para estabilizar preços e financiar os investimentos sociais e

infraestrutura.

Crise do modelo de intervenção do Estado na economia e na sociedade:

diminuição do Estado enquanto Estado produtor de serviços para uma nova visão de

Estado regulador, o que resultou nas privatizações e na criação de agênciais reguladoras

(BRESSER-PEREIRA, 1995, p. 1).

Crise da eficiência administrativa do Estado (político-administrativo): consistiu

numa administração pública central ineficiente e péssima prestação de serviços sociais

pelo Estado (BRESSER-PEREIRA, 1995, p. 2). A resposta a esta crise significava uma

crítica ao aparato burocrático estatal de suas velhas práticas patrimonialista e clientelista,

seguida da crítica do modelo burocrático clássico (weberiano) (BRESSER-PEREIRA,

1995, p. 1).

Crise política (político-institucional): perda, em meados dos anos de 1970, de

legitimidade do regime autoritário (BRESSER-PEREIRA, 1995, p. 2), que culminou com o

fim do regime ditatorial em 1985.

A ciência política introduzida pelo grupo geracional dialogava com a economia, com

a administração e com o direito, acumulando assim conhecimento nas áreas político-

econômica, político-administrativo e político-jurídico importante para ser uma área do

conhecimento legitimada a analisar aquele contexto social e político. Havia uma

legitimidade naquele período dos profissionais das áreas das ciências sociais, pois,

A participação de antropólogos, cientistas políticos e sociólogos [...] na mídia visava atender demandas de um público interessado em compreender temas como, os movimentos sociais, as instituições políticas, a questão agrária, os movimentos culturais [...] (BISPO DOS SANTOS, 2002, p.53)

Essa relação generalista da ciência política, associada a sua perspectiva

intervencionista, parece ter sido a causa de sua legitimidade acadêmica, social e política

para analisar a crise de Estado e propor, de forma descritiva e normativa, soluções para

tal crise.

Outro fator importante para o processo de consolidação da ciência política no Brasil

foi o contexto social e político da redemocratização em meados da década de 1980. Este

contexto fortaleceu as prerrogativas do Congresso Nacional, isto é, diferente do período

ditatorial, o Congresso Nacional passou ser um ator político importante. O Congresso

Nacional passou a ser, como nos ensinou Mancuso,

[...] o alvo de pressões políticas fortíssimas. É o que ocorreu, por exemplo, durante a elaboração da nova constituição, promulgada em 1988, assim como durante a formulação das leis e reformas constitucionais que viabilizaram a inflexão liberal no modelo de estabilização e de desenvolvimento do país [...] (MANCUSO, 2007, p. 78).

O período de redemocratização no Brasil fortaleceu outro campo de pesquisa na

ciência política: a relação entre os poderes Executivo, Legislativo e judiciário, bem como a

relação desses poderes com a sociedade civil.

O contexto da redemocratização do Brasil reforçou outro objeto de pesquisa da

ciência política: o comportamento do eleitor. Este objeto sugere pesquisas a respeito do

processo decisório do voto e a utilização das novas tecnologias de informação e

propagação do pensamento político (VEIGA & GONDIM, 2001, p. 2). A eleição direta para

presidente da república em 1989 foi fundamental para o desenvolvimento de pesquisas

dessa natureza.

O contexto social e político do final do século XX, associado ao processo de

institucionalização da ciência política no Brasil, construiu o ambiente favorável às

atividades do cientista político na academia e no mercado de trabalho fora da academia.

Eis aqui a condição necessária e suficiente para o surgimento dos cursos de bacharelado

em ciência política no Brasil. Podemos assim, arbitrariamente, distinguir, para efeito

analítico, Ciência Política Acadêmica de Ciência Política Aplicada.

São 11 os cursos de bacharelado em ciência política no Brasil: a Universidade de

Fortaleza – UniFor, a Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, a Universidade

Federal do Piauí – UFPI, a Universidade do Distrito Federal – UNIDF, a Universidade de

Brasília – UnB, a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UniRio, Faculdade

Serravix, a Faculdade Paraíso, a Centro Universitário Internacional – Grupo Uninter, a

Universidade Luterana do Brasil - Ulbra, a Universidade do Pampa - Unipampa. Para

efeito deste trabalho, classificaremos as Instituições de Ensino Superior - IES que

ministram cursos de bacharelado em ciência política em públicas e particulares.

A questão fundamental para esta pesquisa é: como os cursos de bacharelado de

ciência política no Brasil enxergam o mercado de trabalho? No sentido de responder a

essa pergunta apresentaremos os dados de nossa pesquisa3 realizada em 20104.

Para melhor compreensão da perspectiva dos Cursos de Ciência Política no Brasil

a respeito de suas manifestações em relação às atividades/ocupações do cientista

Político, utilizamos a tabela de Estrutura dos Cursos5. Esta tabela encontra-se estruturada

em três grandes Áreas: Eleições (estratégia de campanha eleitoral), Administração

3 O curso de bacharelado em ciência política do UFPI não existia no período analisado e o site do curso de ciência

política da Unipampa estava em construção. Assim, estes dois cursos não foram analsiados em nossa pesquisa. 4 Estes dados encontram-se na monografia da Lucimara Aparecida Moreira, Ofício de Politólogo: Uma Análise da

Perspectiva dos Cursos de Bacharelado em Ciência Política no Brasil 5 Apresentada pelo cientista político Fernando Moraes, quando o mesmo apresentou para os graduandos do Curso de

Ciência Política da Facinter na data de 29 de Junho de 2010

Pública (Analista de Políticas Publicas e Gestor Governamental) e Assessoria/Consultoria

Política.

Considerando o conjunto das IES, a pesquisa mostra que a ênfase dos Cursos de

Bacharel em Ciência Política no Brasil encontra-se nas atividades/ocupações de

Assessoria/Consultoria, cujo percentual é de 74,14% das atividades manifestas. Na área

Eleições apenas 8,06% e na Administração Pública 8,62%. Inicialmente acreditávamos

que a Área Eleições teria a maior ênfase, fato este que nos causou grande surpresa. Isso

é indicativo que as atividades do politólogo, segundo a perspectiva dos cursos, não se

restringem apenas aos momentos eleitorais.

Considerando as IES públicas, a pesquisa nos mostra que os Cursos de

bacharelado em Ciência Política apresentam ênfase na formação profissional (fora da

academia) na ordem de 94,44% e apenas 5,56% na formação para academia. Em relação

às Áreas, as IES públicas apresentam ênfase na Área Assessoria/Consultoria com

77,77%, que apresenta 66,66 pontos percentuais de diferença em relação à Área Eleições

que está com 11,11%. A menor ênfase é na Área Administração Pública com 5,6%.

Nas IES particulares, por sua vez, a pesquisa nos mostra que a ênfase está na

formação profissional (fora da academia) na ordem de 95%; já as atividades/ocupações

acadêmicas são da ordem de 5%.

Quando a classificação é por Área, os dados das IES particulares mostram as

seguintes ênfases: assessoria/consultoria 72,5%, administração pública 10% e Eleições,

sendo a menor ênfase, 12,5%.

A questão que se levanta é: as perspectivas do mercado de trabalho do politólogo

na visão dos cursos de bacharelado em ciência política no Brasil correspondem à

realidade dessas atividades no mercado de trabalho? Para efeito, buscamos verificar se

havia alguma relação entre a classificação que elaboramos a partir da perspectiva dos

cursos e do mercado de trabalho.

A PERSPETIVA DO MERCADO DE TRABALHO: A CONSTITUIÇÃO DAS QUATRO

ÁREAS DE ATIVIDADE DO POLITÓLOGO NO BRASIL

A análise das atividades do cientista político no mercado de trabalho nos reservou

algumas surpresas. Para efeito6, apresentamos o nosso primeiro corpus de análise: trinta

e nove editais de dezessete entidades nos quais os conhecimentos de ciência política são

6 Assim como nos dados apresentados na análise sobre a perspectiva dos cursos, não consideramos os

editais de concurso para professores de ciência política, pois na própria perspectiva dos cursos identificamos manifestações nos sites para área acadêmica algo em torno de apenas 5%.

importantes. Para efeito, os editais estão divididos em duas categoriais: Consultoria7 e

Emprego8.

Analisamos os editais considerando a teoria tradicional de políticas públicas

apresentada por Klaus Frey (2000), que divide a política pública em três etapas:

Formulação, Implementação e Avaliação de Resultados. Entendemos ser importante tal

análise, pois todos os editais visam analisar e produzir políticas públicas.

Assim, usaremos como parâmetro os termos mais usuais em políticas públicas

dentro do marco do gerencialismo (BRESSER-PEREIRA, 2001): planejamento,

elaboração de metas e diretrizes (Formulação); execução (Implementação), elaboração

de índices e variáveis, monitoramento e acompanhamento (Avaliação de Resultados).

Três aspectos dos editais para consultoria nos interessam: os Objetivos para contratação,

a exigência de Experiência Profissional e a Titulação Acadêmica exigida. A partir desses

aspectos poderemos identificar e analisar a importância do cientista político para o

mercado de trabalho.

Analisamos primeiramente os objetivos dos editais para contratação de

consultores. Os editais selecionam cientistas políticos para as etapas de formulação e

avaliação de resultados, em detrimento da etapa de implementação. A ênfase é

majoritariamente na etapa de avaliação de resultados de políticas públicas. Quando

analisamos os editais a partir das exigências de experiência profissional dos consultores,

embora tenham surgidos exigências de experiência em implementação de políticas

públicas, a ênfase é majoritariamente na formulação e avaliação de resultados de

políticas públicas.

O aspecto que nos causou grande surpresa foi que mesmo diante de nossa

separação arbitrária, para efeito de análise, entre Ciência Política Acadêmica e Ciência

Política Aplicada, nos editais para o mercado de trabalho, percebemos que buscam em

grande medida cientistas políticos com perfil acadêmico, em especial devido às

metodologias de pesquisas e também porque querem politólogos para atuarem nas

etapas de formulação e com conhecimentos de metodologia de avaliação de resultados.

7 Na categoria Consultoria estão os editais das seguintes entidades: a Organização das Nações Unidas para

Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República - SEDH, o Ministério da Justiça, o Ministério da Educação - MEC, a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura - OEI, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República - SAE, a Controladoria Geral da União - CGU, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o Ministério do Desenvolvimento Social – MDS, a Frente Nacional de Prefeitos - FNP e a Confederação Nacional de Municípios - CNM. 8 Na categoria Emprego estão as seguintes entidades: Escola de Administração Fazendária – ESAF, a

Câmara dos Deputados, a Câmara Municipal de Belo Horizonte – CMBH, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI e a Secretaria de Ciência e Tecnologia do estado de Goiás - SECTEC.

Quando analisamos nos editais a exigência da titulação acadêmica, confirmamos a

nossa surpresa de que mesmo para o mercado de trabalho do cientista político fora da

academia, o perfil exigido é acadêmico9.

Na nossa distinção entre Ciência Política Acadêmica e Aplicada, colocamos

enquanto aspecto intrínseco a primeira os profissionais que seguem em seus estudos

acadêmicos fazendo mestrado e doutorado. Assim, se somarmos as exigências de

mestrado e doutorado temos 27 contra 16 na soma de especialização e graduação, o que

nos permite afirmar que para os editais para consultoria, o perfil acadêmico é importante.

Analisamos também se os editais para consultoria refletiam a autonomia da ciência

política frente às demais ciências sociais. Para efeito desta análise só consideramos as

exigências de titulação acadêmica na modalidade graduação, pois nas pós-graduações a

autonomização entre as três ciências sociais existe desde a década de 1960 no Brasil.

Analisamos os editais que exigiam graduações específicas para os consultores.

Percebemos que em todos os casos em que a formação em ciência política foi uma

exigência, a mesma era entendida enquanto ciência autônoma às demais ciências sociais

(sociologia e antropologia). Algumas vezes até autônoma em relação às ciências sociais

stricto sensu.

Analisamos os editais também segundo a classificação que fizemos a partir das

perspectivas dos cursos: Área Eleições, Administração Pública e Assessoria / Consultoria.

Logo percebemos a ineficácia dessa classificação para analisar o mercado, já que grande

parte dos editais é de consultoria. Assim, entendemos que consultoria / assessoria não é

uma Área, mas uma modalidade, pois podemos ter assessoria / consultoria em eleições e

administração pública.

Posto isso, levantamos a seguinte questão: qual a importância da ciência política

para o principal cargo da administração pública brasileira: o Especialista em Política

Pública e Gestão Governamental – EPPGG? Para efeito, analisamos 6 editais para

preenchimento de vagas para esse cargo, que faz parte da análise de editais na categoria

Emprego.

Em todos os editais da Escola de Administração Fazendária – ESAF analisados

fica claro que é um cargo de grande importância para administração pública brasileira.

Sua principal atividade é a de direção, coordenação e de assessoramento de análise de

9 Para efeito desta análise, a pesquisa dividiu a exigência da titulação acadêmica em Graduação,

Especialização, Mestrado e Doutorado. Nos editais para consultores, 14 vezes apareceram as exigências de graduados em ciência política, 2 vezes exigências de especialistas em ciência política, 19 vezes

mestrado em ciência política e 8 vezes doutorado.

políticas públicas. Este profissional está em todas as etapas das políticas públicas

(formulação, implementação e avaliação). Como dentre suas atividades estão as de

implementação, daí sua característica de gestão governamental, pois esse profissional

não só formula e avalia políticas públicas, mas também implementa (executa), coordena a

aplicação da política formulada.

A questão é: o que esse importante cargo da administração pública brasileira tem a

ver com a ciência política? Frederico de Morais Andrade Coutinho e Renata Anício

Bernardo destacam que em Minas Gerais10,

O curso é concebido, na verdade, como um ramo aplicado da ciência política, interagindo, conversando, dialogando com os instrumentos da administração pública, tendo em vista o objetivo de permitir que os egressos tenham uma boa capacidade de interpretação das instituições políticas na vivência do dia-a-dia na máquina estatal e também que tenham percepção da importância que se conquistem os objetivos das políticas de Estado que necessitam ser implementadas numa perspectiva técnica (COELHO, 2006, Apud COUTINHO & BERNARDO, 2010, p. 12).

Isso explica a forte presença da ciência política no conteúdo programático da prova

do ESAF junto com outras áreas do conhecimento (economia e direito constitucional e

administrativo). Dos 6 editais analisados, em quatro a ciência política aparece de forma

clara nos conteúdos da prova. Nos outros dois editais no lugar de ciência política figuram

as seguintes palavras: teoria política aplicada, teoria política e Estado e gestão.

Políticas públicas, entendida enquanto governo em ação, surgiu como subárea da

ciência política (SOUZA, 2006). A relação entre políticas públicas e ciência política se

revela tanto nos editais para o cargo de EPPGG quanto nos editais para consultoria,

estabelecendo relação entre ciência política e as etapas de Formulação, Implementação e

Avaliação.

Continuando nossa análise sobre editais na categoria Emprego, analisamos 4

editais para os concursos públicos para preenchimento de vagas, que consideram os

conhecimentos de ciência política fundamental. O primeiro foi o concurso público para

Consultor Legislativo na Área Ciências Sociais e Políticas da Câmara Municipal de Belo

Horizonte. Dentre as atividades inerentes à natureza específica do cargo encontram-se

também: “[...] auxiliar na análise da elaboração, implantação e avaliação de políticas

públicas; [...] Auxiliar na produção e análise de indicadores sociais, econômicos e

políticos” (BELO HORIZONTE. CÂMARA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE, 2008, p.

5).

10

Em Minas Gerais exige-se que se faça uma graduação de quatro anos em gestão pública para ocupar o cargo de EPPGG, diferente do preenchimento de vaga deste mesmo cargo no governo federal, que se faz uma especialização.

O segundo edital analisado foi o de abertura de vaga para Analista Legislativo da

Câmara dos Deputados. O que nos interessa é a Área XIX que é a de Ciência Política,

que apresenta, além das semelhanças nas atribuições do Consultor Legislativo da

Câmara de Belo Horizonte, as seguintes atribuições: “[...] elaboração de proposições em

geral, pareceres, estudos, relatórios, pesquisas, análises e pronunciamentos

parlamentares” (BRASIL. CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2002, p. 1).

Outro edital de nossa análise é o de preenchimento de vaga para o cargo de

Analista Técnico – Cientista Político da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de

Goiás. Quando analisamos as atribuições do cargo conjuntamente com o conteúdo do

programa, observa-se a exigência de dois conhecimentos específicos: processo decisório

e análise de políticas públicas. Entretanto, surge outra atividade do cientista político:

relações intergovernamentais (GOIÁS. SECRETACIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA,

2010, p. 1). A área de relações governamentais11 é promissora para ciência política tanto

no setor público quanto no privado.

Tanto é promissora que no edital para o preenchimento de vaga do cargo de

Agente de Desenvolvimento Industrial – Relações Institucionais da Agência Brasileira de

Desenvolvimento Industrial – ABDI exigiu pessoas com formação em nível de graduação

em economia, administração ou ciência política. Na ABDI, as atribuições desse cargo são

as seguintes:

1.Facilitar e viabilizar a participação efetiva da ABDI em todos os Conselhos e Comitês em que a ABDI tem representação. 2.Organizar os temas e facilitar a definição da tomada de posição estratégica da Agência com relação à pauta de deliberação das reuniões. 3.Colaborar na formulação de estratégia de atuação da Agência na proposição de pautas e controle de resultados. 4.Promover reuniões com coordenadores e consultores das áreas técnicas e operacionais da ABDI, a fim de colher subsídios para atuação das representações da ABDI nos Conselhos e instâncias colegiadas. 5.Facilitar o mapeamento da posição das diversas instituições participantes dos conselhos [,,,] (AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, 2008, p. 25).

A partir da análise desses 2 últimos editais acreditamos que a Área Assessoria /

Consultoria12, não serve como forma de compreender a atividade do cientista político no

Brasil na perspectiva do mercado, deve ser substituída pela Área de Relações

Governamentais e Institucionais13.

11

Muitas vezes também denominada de relações intergovernamentais, relações institucionais, assessoria parlamentar. Na verdade, é o setor de lobby, não na conotação negativa, mas sim de um corpo técnico especializado de defesa dos interesses legítimos de empresas ou de outros segmentos sociais. 12

Entendemos que não descreve uma área, mas sim uma modalidade. 13 A terceira Área de atividade do cientista político juntamente com Gestão de Campanha Eleitoral e

Políticas Públicas e Gestão Governamental.

Duas pesquisas nos ajudam a consolidar as Relações Governamentais e

Institucionais enquanto Área de atividade do cientista político no Brasil. No artigo Como

implantar uma assessoria parlamentar em agências reguladoras, Renato Lima de Oliveira

afirmou o seguinte: “[...] deve ser, de fato, um profissional com formação abrangente, se

possível relacionada às áreas de Comunicação, Ciência Política, Direito ou

Administração” (OLIVEIRA, S/D, p 10).

A tese de doutorado da Andréa Cristina Jesus de Oliveira, Lobby e Representação

de Interesses: lobista e seu impacto sobre a representação de interesses no Brasil, nos

ajuda a consolidar a Área Relações Governamentais e Institucionais enquanto terceira

Área de atividade do cientista político no Brasil:

Há um número expressivo de lobistas com formação acadêmica em nível superior. A maioria é formada em Direito, mas há também lobistas formados em administração de empresas, economia, jornalismo, relações públicas e ciência política. Como não há cursos de formação específicos para a área, os lobistas apresentam as mais diversas formações acadêmicas (OLIVEIRA, 2004, p. 66).

A pesquisadora chamou atenção para um fato importante: não há uma formação

acadêmica específica para ser um lobista. Entretanto, Oliveira expressa em sua tese a

tendência de profissionalização na atividade lobista. A pesquisadora acredita que o fato

de os lobistas estarem procurando pós-graduações lato sensu para aprimorar

academicamente sua atividade é um fator da profissionalização da atividade lobista no

Brasil. Os lobistas procuram as pós-graduações da Universidade de Brasília – UnB para

esse aporte acadêmico (OLIVEIRA, 2004, p. 70). Destaca a pesquisadora que a

especializações mais procuradas pelos lobistas são a de Assessoria Parlamentar e a de

Ciência Política e Políticas Públicas da UnB (OLIVEIRA, 2004, p. 69).

Fica evidente que o Departamento de Ciência Política da UnB deu um passo

importante na criação de especializações no sentido de preparar profissionais de relações

governamentais (assessores parlamentares). A origem nessa tradição deu-se da seguinte

forma:

Em 1985, o Departamento de Ciência Política da UNB foi procurado pelo Embaixador Gerônimo Moscardo, que exercia o cargo de Chefe da Sub-Secretaria da Casa Civil para Assuntos Parlamentares (SUPAR), durante o governo José Sarney. O curso teve como objetivo preparar os Assessores Parlamentares dos Ministérios, autarquias e outros órgãos estatais a se relacionar com o Congresso Nacional, adaptando-se assim às mudanças que a redemocratização do país trouxera para o processo de tomada de decisões (OLIVEIRA, 2004, p. 70).

No sentido de compreender melhor a relação entre atividade de Assessoria

Parlamentar / Relações Governamentais e Institucionais e os conhecimentos de ciência

política analisamos algumas entidades que atuam nesse setor: a Patri, a Olympo, a

Strategos, a Arko Advice e o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar –

DIAP. Selecionamos 4 documentos que compõem o nosso segundo corpus de análise:

Elite Parlamentar no Congresso Nacional, Radiografia do Novo Congresso, Os “Cabeças”

do Congresso Nacional e Sondagem de Opinião Parlamentar: a Reforma Política. No

documento Elite Parlamentar no Congresso Nacional (2007-2001) encontramos a

seguinte relação:

No Brasil, estudos sobre lideranças no Congresso Nacional foram realizados nos últimos anos por cientistas políticos e pesquisadores [...] buscou estabelecer critérios para o reconhecimento das principais lideranças políticas no Congresso. Antônio Augusto Queiroz, diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), elaborou 14 edições do conhecido “Cabeças do Congresso Nacional” [...] Laura Frade fez uma interessante dissertação de mestrado em Ciência Política sobre as bancadas suprapartidárias no Congresso Nacional. [...]. Todos os trabalhos foram de grande utilidade para identificar a organização dos interesses, bem como as características das lideranças no Parlamento (ARAGÇAO, 2007, p. 5)

Percebe-se nessa citação a importância de cientistas políticos para uma

fundamental questão da atividade do lobista: identificar os atores políticos que realmente

tem poder de decisão.

O segundo documento que analisamos foi Os “cabeças” do Congresso Nacional.

Este visa também identificar a elite parlamentar. Segundo o próprio documento,

O DIAP, após exaustivo levantamento, mapeou os 100 parlamentares que, em sua opinião, constituem a elite do Congresso. Os parlamentares mais influentes foram identificados a partir de critérios quantitativos e qualitativos, apurados segundo a metodologia convencional da Ciência Política, que leva em consideração aspectos institucionais, reputacionais e de tomada de decisão (DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ASSESSORIA PARLAMENTAR, 2009, p. 17).

Percebe-se, mais uma vez, a importância da ciência política e de seus referenciais

metodológicos para a atividade de relações governamentais e institucionais.

O terceiro documento analisado é a Radiografia do Novo Congresso. Este estudo

do DIAP não deixou claro sua filiação à ciência política, porém, deixa bem claro os seus

objetos de estudo, que são objetos da ciência política:

A partir de informações qualitativas e quantitativas, a equipe do DIAP oferece à sociedade em geral e às lideranças sindicais em particular um verdadeiro mapa do Poder Legislativo. Neste número da série estudos políticos, o leitor encontrará informações sobre os índices de renovação das duas Casas do Congresso, conhecerá a dança das cadeiras, saberá quem ganhou e quem perdeu em termos partidários, identificará os parlamentares mais influentes que chegam ao Parlamento brasileiro, terá informações sobre os parlamentares eleitos com seus próprios votos, além da agenda prioritária do governo que depende do Congresso (DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ASSESSORIA PARLAMENTAR, 2006, p. 5).

Analisamos, também, outro importante documento de análise em ciência política

para Área de relações governamentais e institucionais: Sondagem de Opinião

Parlamentar: a Reforma Política. Esta pesquisa foi elaborada pela parceria entre o DIAP,

a Strategos14 e o Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC. Segundo o documento,

a proposta foi a seguinte:

14

Empresa Júnior do curso de bacharelado em ciência política da UnB.

[...] realizar um consulta com os parlamentares acerca de suas posições sobre os temas centrais da proposta de reforma política, onde os dados obtidos têm a finalidade de acrescentar mais informações ao debate e diagnosticar tendências gerais sobre o tema no país (STRATEGOS, 2008, p. 2).

Entretanto, qual o objetivo maior desta pesquisa de opinião parlamentar? A

resposta do documento é enfática: “[...] conhecer a posição destes atores no processo de

tomada de decisões” (INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS – INESC, 2009,

p. 2)

Buscamos compreender nos sites das entidades anteriormente citadas quais são

seus serviços e produtos oferecidos e, por fim, se têm em suas equipes cientistas

políticos. A Patri faz distinção entre Relações Governamentais e Relações Institucionais,

que é importante para presente pesquisa. A diferença é que Relações Governamentais

ocorre quando os poderes públicos fazem parte da relação. Entretanto, quando a relação

é entre atores da sociedade civil, sem a presença dos poderes públicos, temos relações

institucionais. Enquanto a primeira a atividade está centrada no processo de decisão

política, a segunda, por sua vez, centra-se nos formadores de opinião.

A Patri conta com 12 assessores em sua equipe, dos quais 2 são cientistas

políticos. A atividade desenvolvida pelos 2 cientistas políticos consiste no monitoramento

de Projetos de Lei que tramitam nas casas legislativas (Câmara e Senado).

A Arko Advice é uma empresa de consultoria de análise política e análise de

políticas públicas. A empresa presta 5 serviços, dos quais 4 nos interessa. O primeiro é a

análise de conjuntura política, isto é, “Elaboração de cenários prospectivos. Fornecimento

de estudos, boletins e relatórios [...]” (ARKO ADVICE, 2012).

O segundo serviço consiste na análise de políticas públicas, isto é, “Monitoramento

e análise de decisões do Congresso Nacional e do Poder Executivo com relação a

políticas públicas específicas [...]” (ARKO ADVICE, 2012). O terceiro serviço é a análise

de risco legislativo a partir da “Emissão de parecer sobre a possibilidade de aprovação de

matérias legislativas em suas várias etapas” (ARKO ADVICE, 2012).

Por fim, o quarto serviço é monitoramento regulatório e parlamentar:

Acompanhamento de temas de natureza regulatória (decisões, decretos, portarias, resoluções e regulamentos) e de natureza legislativa (projetos de lei, propostas de emendas constitucionais, audiências públicas, medidas provisórias e vetos presidenciais) (ARKO ADVICE, 2012).

É importante destacar que a Arko Advice tem em sua equipe 9 consultores, dos

quais 3 tem formação em ciência política.

Outra consultoria que analisamos foi a Olympo. Destaca a empresa que é formada

por cientistas políticos com experiência no relacionamento com as instituições políticas.

De forma geral, oferece serviços no sentido de defender os interesses dos seus clientes

junto ao processo de decisão política. De forma específica, a empresa oferece 5 serviços.

O primeiro é de relações institucionais, cujas atividades são as seguintes:

Avaliação, interpretação e elaboração de cenários, análises conjunturais e tendências institucionais e sociais, subsidiando decisões e a formulação de políticas de interesse do cliente junto ao poder público. Representação, assessoria e desenvolvimento de comunicação política/institucional para empresas, municípios e entidades (OLYMPO, 2012)

A Olympo, assim como a Patri, descreve diferentemente as atividades de relações

governamentais da atividade de relações institucionais. Posto isso, o segundo serviço é

de relações governamentais:

[...] acompanhamento e monitoramento dos poderes Executivo e Legislativo federal e distrital. Compreensão das práticas do processo Executivo e Legislativo, fomentando e agregando mais planejamento as decisões do cliente frente as decisões tomadas por ambos poderes, inserindo o cliente nos debates, políticas e decisões tomadas (OLYMPO, 2012)

O terceiro serviço prestado pela Olympo é de consultoria municipal:

[...] acompanhamento e monitoramento executivo e de políticas públicas do governo federal. Elaboração de projetos e políticas baseadas nas diversidades locais e focadas no desenvolvimento da gestão municipal. Assessoramento da captação de recursos, projetos e programas do Governo Federal. Treinamento, qualificação e desenvolvimento de equipes técnicas de gestão (OLYMPO, 2012).

Este serviço é de capacitação da gestão pública municipal. Este serviço vem ao

encontro de algumas necessidades de municípios pequenos: superar a incapacidade

gerencial desses municípios, o seu isolamento do governo federal no tocante a falta de

representação desses municípios na Câmara e no Senado, bem como ao Executivo

federal e, por fim, a incapacidade de grande parte dos pequenos municípios brasileiros de

elaborar projeto para obter recursos federais.

O quarto serviço ofertado pela Olympo é de formulação, avaliação e análise de

políticas públicas. Este serviço aparece nos editais de consultoria anteriormente

analisados. Segundo a Olympo, as atividades referentes a esse serviço são:

[...] desenvolvimento de pesquisas e análise das tendências presentes na sociedade que subsidiam a formulação, a implementação e a avaliação das políticas públicas, ou seja, das diversas ações que o governo implementa. Análise, avaliação e reestruturação das políticas propostas ou implementadas pelo cliente (OLYMPO, 2012).

O último serviço ofertado se assemelha muito ao terceiro: a capacitação e

desenvolvimento institucional/profissional. Segundo a Olympo, esta oferta de serviço

consiste na “[...] elaboração de projetos e cursos de gestão gerencial de políticas públicas,

de gestão pública e de projetos” (OLYMPO, 2012). A diferença é que o terceiro serviço

oferecido o foco está na capacitação de funcionários de pequenas prefeituras para

determinados projetos de políticas públicas. Por sua vez, o último serviço o foco é a

elaboração de cursos para qualificação de funcionários públicos na gestão da máquina

pública, dentro do marco do gerencialismo.

Analisamos o DIAP, constatamos que esta entidade busca identificar os interesses

comuns dos sindicatos da classe operária que são associados, para defendê-los junto às

casas legislativas, isto é, transformar seus interesses em leis. Este é o serviço oferecido

pelo DIAP, serviço de relações governamentais e institucionais.

O contexto social e político do final do século XX, associado ao processo de

institucionalização da ciência política no Brasil, fizeram surgir três Áreas que podemos

chamar de Ciência Política Aplicada: Administração Pública (atividade do especialista em

políticas públicas e gestão governamental), Articulação Política (atividade de relações

governamentais) e Eleições (com a atividade do gestor de campanha eleitoral). Esta

última é a mais complicada, pois pelo que percebemos nas manifestações dos cursos de

bacharelado em ciência política no Brasil em seus sites, confunde-se com o marketing

político.

Segundo Veiga e Gondim (2001), existe uma oposição bem clara entre ciência

política e marketing político: o marketing político preocupa-se com a construção da

imagem do candidato, a partir de uma perspectiva estética e psicológica. A ciência

política, por sua vez, entende o processo eleitoral enquanto fenômeno político a partir de

uma perspectiva racional (VEIGA & GONDIM, 2001, p. 2). Em suma, a grande diferença

aqui é a dicotomia razão e emoção.

Outra diferença importante entre ciência política e marketing político é o ponto de

partida: para ciência política, o momento eleitoral é importante enquanto fenômeno

político a ser descrito, explicado, compreendido e que, para tal, é necessário discutir as

melhores metodologias científicas, como se pode observar nos próprios títulos da

pesquisa de Veiga e Gondim (2001), A Utilização de Métodos Qualitativos na Ciência

Política e no Marketing Político, e no artigo de Panke & Cervi (2011), Análise da

comunicação eleitoral uma proposta metodológica para os estudos do HGPE: ponto de

partida acadêmico.

Por sua vez, o marketing político parte do ponto de partida mercadológico, pois,

A abordagem mercadológica dentro do contexto político brasileiro surge a partir das primeiras eleições diretas, ou seja, a utilização das estratégias de marketing político surge com o restabelecimento da democracia e, por conseguinte, da concorrência eleitoral, onde os candidatos a cargos públicos começam a buscar nas estratégias mercadológicas uma melhor performance nas campanhas eleitorais. (ZUCCOLOTTO, SILVA, GARCIA, 2004, p. 2).

Tudo indica que os cursos de bacharelado em ciência política no Brasil estão

confusos em relação ao seu papel no mercado político-eleitoral. Nesse sentido, o

marketing político parece ter seu papel bem definido. Entretanto, tais cursos podem seguir

no caminho correto desde que não confundam cientista político com marketeiro. Segundo

Veiga e Gondim,

[...] a Ciência Política e o Marketing Político não são antagônicos. Pelo contrário, defende que ambos podem contribuir para o aperfeiçoamento mútuo [...]. Desta forma, acredita-se que uma maior integração entre Ciência Política e Marketing Político resultará em significativos avanços para o mundo acadêmico e para o mercado (VEIGA & GONDIM, 2001, p. 2).

Assim, o avanço da ciência política na área eleições necessita dialogar com o

marketing político e eleitoral em busca de um mercado de trabalho para o politólogo no

Brasil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A criação de cursos de bacharelado em ciência política no Brasil somente foi possível

devido a três fatores: o primeiro foi o processo de institucionalização e autonomização da

ciência política no Brasil, a partir do grupo geracional da ciência política fomentado pela

Fundação Ford que, por sua vez, possibilitou um ambiente acadêmico para qualificação

de profissionais formados nesta ciência para trabalhar na burocracia estatal.

O segundo fator foi a modernização acadêmica das pós-graduações no Brasil

implementada no contexto do regime militar em meados da década de 1960, que

propiciou, também, o processo de autonomização e institucionalização acadêmica da

ciência política no Brasil.

O terceiro foi as condições sociais e políticas do final do século XX, originadas pela

redemocratização do Brasil, fizeram surgir um ambiente favorável ao surgimento do

campo de atividade do cientista político tanto na burocracia estatal quanto na iniciativa

privada.

Fica para a reflexão a seguinte questão: a ciência política está, ainda, em vigoroso

processo de institucionalização e autonomização? Ou podemos afirmar que devido à sua

institucionalização e autonomização científica (novo parâmetro de cientificidade),

acadêmica (pós-graduações e cursos de graduações) e no mercado de trabalho conforme

mostrado nos editais, já podemos falar em consolidação da autonomização e da

institucionalização da ciência política no Brasil?

A partir da pesquisa aqui apresentada, podemos concluir que os cursos de

bacharelado em ciência política no Brasil surgidos a partir de 1989, manifestam a intenção

de mesclar conhecimentos acadêmicos de ciência política com outras áreas do

conhecimento, objetivando a sua aplicação no mercado. A nossa pesquisa identificou,

assim, quatro grandes Áreas de atividade do cientista político: Magistério Superior,

Gestão de Campanha Eleitoral, Especialista em Políticas Públicas e Gestão

Governamental e Relações Governamentais e Institucionais.

FONTES

AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL – ABDI. EDITAL ABDI

Nº 001, DE 13 DE JUNHO 2008. (2008). Disponível em <http://www.ibfc.org.br/concurso/abdi-

0814/docs/edital_abdi_001.pdf> Acessado em 03 out. 2010.

ARAGÃO, Murilo. Introdução. In: Arko Advice. Elite Parlamentar no Congresso Nacional: Os

parlamentares mais influentes do Congresso Nacional 2007-2011- estudo realizado pela Arko

Advice, 5ª Ed. Brasília: Arko Advice, 2007, p. 5.

ARKO ADVICE – ANÁLISES ESTRATÉGICAS. Home. (2012). Disponível em

<http://www.arkoadvice.com.br/> Acessado em 12 mar. 2012.

BRASIL. CÂMARA DOS DEPUTADOS. EDITAL N.º 1/2002. (2002). Disponível em

<http://www.cespe.unb.br/concursos/_antigos/2003/CAMARADOSDEPUTADOS/Arquivos/ED20

02_CD1.pdf> Acessado em 15 jan. 2010.

BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. EDITAL CNE Nº 02/2006.

(2006). Disponível em < http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/edital02_06.pdf> Acessado em

15 jan. 2010.

BRASIL. CÂMARA DOS DEPUTADOS. EDITAL N.º 1/2002. (2002). Disponível em

<http://www.cespe.unb.br/concursos/_antigos/2003/CAMARADOSDEPUTADOS/Arquivos/ED20

02_CD1.pdf> Acessado em 15 jan. 2010.

BRASIL. SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS. EDITAL Nº 010/2009

PROJETO DE ORGANISMO INTERNACIONAL – BRA/07/019. (2009). Disponível em

<http://www.direitoshumanos.gov.br/clientes/sedh/sedh/noticias-1/id_Editais_2009> Acessado em

07 ago. 2010.

BRASIL. SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS – SAE. EDITAL 035/2010 -

PROJETO BRA/06/032. (2010). Disponível em <http://www.sae.gov.br/site/wp-

content/uploads/Edital-035-TOR-Quest%C3%B5es-Institucionais.pdf> Acessado em 03 set. 2010.

BRASIL. MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. Edital 001/2010

ATN/OC – 9736-BR. (2010). Disponível em

<http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/licitacoes/consultoria/2010/10_LICI

_Consultoria01_edital.pdf> Acessado em 05 set. 2011.

BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Projeto BRA/07/004. (2010). Disponível em

<https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:BBC6OnTBG-IJ:portal.mj.gov.br/> Acessado em

05 set. 2011.

BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Código

BRA/04/046. (2011). Disponível em <https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:VUo3-

Y_z3XcJ:www.mds.gov.br/ > Acessado em jan. 2012.

BRASIL. CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO – CGU. PROJETO 914BRZ5009 EDITAL

Nº 02/2011. (2011). Disponível em

<http://www.cgu.gov.br/licitacoes/Contratacoes/arquivos/914BRZ5009_edital_02-2011.pdf>

Acessado em 10 jan. 2012,

BRASIL. SECRETARIA DOS DIREITOS HUMANOS. PROJETO BRA/3G/102 TERMO DE

REFERÊNCIA 004/2011 (2011). Disponível em

<http://www.unfpa.org.br/Arquivos/tor_004_2011_avaliacao.pdf> Acessado em 17 jan. 2012.

BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. PROJETO BRA/04/029. (2011). Disponível em

<http://xa.yimg.com/kq/groups/14053339/310237343/name/TOR2012edital_ConsultorSinesp_PM.

pdf> Acessado em 15 jan. 2012.

BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. PROJETO BRA/04/029 (2011). Disponível em

<http://www.pnud.org.br/recrutamento/arquivos/201109261620.pdf> Acessado em 17 jan. 2012.

BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. PROJETO BRA/04/029. (2012). Disponível em

<http://www.sinpolgo.org.br/v2/images/Imagens%202012/Arquivos/edital%20-

%20indicadores%20de%20educa%E7%E3o%20em%20seg.%20p%FAblica.pdf> Acessado em 20

mar. 2012.

BRASIL. MINISTÉRIO DA FAZENDA. EDITAL ESAF Nº 28, DE 23 DE NOVEMBRO DE

2000. (2000). Disponível em <http://www.anesp.org.br/files/Edital%20EPPGG%202005.pdf>

Acessado em 10 jun. 2011.

BRASIL. MINISTÉRIO DA FAZENDA. EDITAL ESAF Nº 087, DE 18 DE DEZEMBRO DE

2001. (2011). Disponível em <http://www.anesp.org.br/files/Edital%20EPPGG%202008.pdf>

Acessado em 10 jun. 2011.

BRASIL. MINISTÉRIO DA FAZENDA. EDITAL ESAF Nº 20, DE 4 DE JULHO DE 2003.

(2003). Disponível em <http://www.anesp.org.br/files/Edital%20EPPGG%202003.pdf> Acessado

em 10 jun. 2011.

BRASIL. MINISTÉRIO DA FAZENDA. EDITAL ESAF Nº 46, DE 15 DE JULHO DE 2005.

(2005). Disponível em <http://www.esaf.fazenda.gov.br/concursos/concursos_selecoes/EPPGG-

2009/Edital46_2009_abertura_com_retificacao_EPPGG.pdf> Acessado em 10 jun. 2011.

BRASIL. MINISTÉRIO DA FAZENDA. EDITAL ESAF Nº 12, DE 26 DE MARÇO DE 2008.

(2008). Disponível em <http://www.anesp.org.br/files/Edital%20EPPGG%202002.pdf> Acessado

em 10 jun. 2011.

BRASIL. MINISTÉRIO DA FAZENDA. EDITAL ESAF Nº 46, DE 19 DE JUNHO DE 2009.

(2009). Disponível em

<http://homservidor.serpro.gov.br/arq_editaveis/pdf/concursos/2000/edital_especialista_pol_pub_2

000.PDF> Acessado em 10 jun. 2011.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS – CNM. CONVITE N.º 03/2011. TIPO:

MENOR PREÇO. PROCESSO DE SELEÇÃO N.º: 03/2011. (2011). Disponível em

<https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:vcVwAVVkJ10J:www.cnm.org.br/> Acessado em

16 jan. 2012.

DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ASSESSORIA PARLAMENTAR – DIAP. Home.

(2012). Disponível em <http://www.diap.org.br/> Acessado em 20 mar. 2012.

DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ASSESSORIA PARLAMENTAR – DIAP.

Radiografia do Novo Congresso: legislatura 2007-2011 (série estudos políticos – ano IV). 4ª Ed.

Brasília: Diap, 2006.

DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ASSESSORIA PARLAMENTAR – DIAP. Os

“Cabeças” do Congresso Nacional (Uma pesquisa sobre os 100 parlamentares mais influentes).

Edição n. 16, ano XVI. Brasília: Diap, 2009.

FRENTE NACIONAL DE PREFEITOS – FNP. EDITAL 01/2011. (2011). Disponível em

<http://www.pnud.org.br/recrutamento/arquivos/201107251626.pdf> Acessado em 16 jan. 2011.

GOIÁS. SECRETÁRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DE GOIÁS. EDITAL DE

CONCURSO PÚBLICO/ESTADO DE GOIÁS n.º 001/2010 - SECTEC, de 24 de fevereiro de

2010. (2010) Disponível em <http://www.sectec.go.gov.br/portal/wp-

content/uploads/2010/02/edital-publicaaao-agehab-2010.pdf> Acessado em 05 set. 2011

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA. BRA/01/021

Edital 018/2008. (2008). Disponível em

<http://www.direitoshumanos.gov.br/clientes/sedh/sedh/noticias-1/id_Editais> Acessado em 20 jan.

2010.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA. BRA/01/021

Edital 019/2008. (2008). Disponível em

<http://www.direitoshumanos.gov.br/clientes/sedh/sedh/noticias-1/id_Editais> Acessado em 20 jan.

2010.

INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIOECONÔMICOS – INESC. A reforma política: opinião

parlamentar. (2008). Disponível em <www.inesc.org.br> Acessado em 05 fev. 2011.

INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS - INESC. Sondagem de Opinião

Parlamentar: Reforma Política (abril a maio de 2009). (2009). Disponível em

<http://www.inesc.org.br/biblioteca/publicacoes/textos/cartilhas-e-manuais-1/reforma-politica-a-

opiniao-do-parlamento> Acessado em 19 ago. 2010.

MINAS GERAIS. CÂMARA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE – CMBH. EDITAL DE

CONCURSO PÚBLICO Nº 01/2008. (2008). Disponível em

<http://www.cmbh.mg.gov.br/sites/default/files/anexos/3_1999-03-_licenciamento_ambiental.pdf>

Acessado em 05 jun. 2011.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS IBERO-AMERICANOS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA

E A CULTURA – OEI. PROJETO BRA/05/003 EDITAL 01/DF/07. (2007). Disponível em

<http://www.oei.org.br/pagina_velha/edital_consultor_fev2007.pdf> acessado em 15 jan. 2010.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS IBERO-AMERICANOS – OEI. EDITAL Nº 32/2008

PROJETO BRA/06/005. (2008). Disponível em

<http://www.oei.org.br/pagina_velha/pdf/aviso_32_Edital_2008_BRA_06_005_Ed_Ambiental_Me

todologia.pdf> Acessado em 20 jan. 2010.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS IBERO-AMERICANOS PARA A

EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA – OEI. EDITAL DE SELEÇÃO 055/2010

PROJETO OEI/BRA/09/004. (2010). Disponível em

<https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:nRBm-G0LaR8J:portal.mec.gov.br/> Acessado em

05 set. 2011.

OLYMPO – ASSESSORIA E CONSULTORIA POLÍTICA. Home. (2012). Disponível em

<http://www.olympoconsultoria.com.br/index.php> Acessado em 20 mar. 2012.

PATRI – POLÍTICAS PÚBLICAS. Home. (2012). Disponível em <http://www.patri.com.br/>

Acessado em 12 mar. 2012.

STRATEGOS. Home. (2012). Disponível em <http://www.strategos.org.br/strategosinstitucional/>

Acessado em 20 mar. 2012.

UNESCO. PROJETO 914BRZ4012 EDITAL Nº 006/2010. (2010). Disponível em

<http://www.unesco.org/fileadmin/MULTIMEDIA/FIELD/Brasilia/pdf/914BRA4012%20Edital%2

006.2010.pdf> Acessado em 03 set. 2010.

UNESCO. PROJETO 914BRZ5009 EDITAL Nº 03/2010. (2010). Disponível em

<http://www.cgu.gov.br/acessoainformacao/destaques/projeto-cgu-unesco/Edital2010-

3Consultoresgruposfocais/914bra5009%20edital%2003.2010.pdf> Acessado em 03 set. 2010.

UNESCO. PROJETO 914BRZ5009 EDITAL Nº 02/2010. (2010). Disponível em

<http://www.cgu.gov.br/licitacoes/Contratacoes/arquivos/914BRZ5009_Edital_02-2010.pdf>

Acessado em 05 set. 2011.

UNESCO. PROJETO 914BRA3034 EDITAL Nº 012/2011 (2011). Disponível em

<http://portal.mj.gov.br/sedh/editais/2011/lpo/914BRA3034%20Edital%2012.2011.pdf> Acessado

em 12 jan. 2011.

UNESCO. PROJETO 914BRZ4013 EDITAL Nº 12/2011. (2011). Disponível em

<http://xa.yimg.com/kq/groups/22367740/1294308287/name/914bra4013> Acessado em 15 jan.

2012.

UNESCO. PROJETO 914BRZ1001.4. (2011). Disponível em

https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:iAC0pSbGsE0J:portal.mec.gov.br Acessado em 15

jan. 2012.

UNESCO. PROJETO 914BRZ5009EDITAL Nº 08/2012. (2012). Disponível em

<http://www.cgu.gov.br/Licitacoes/Contratacoes/arquivos/914brz5009_edital_08-2012.pdf>

Acessado em 12 abr. 2012.

UNESCO. PROJETO 914BRA3034 EDITAL Nº 006/2012 (2012). Disponível em

<http://www.direitoshumanos.gov.br/clientes/sedh/sedh/noticias-1/id_Editais> Acessado em 9 abr.

2012.

REFERÊNCIAS

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1994.

BISPO DOS SANTOS, Mário. A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO: O QUE PENSAM OS

PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL. (dissertação de mestrado –

Universidade de Brasília), 2002.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. A REFORMA DO APARELHO DO ESTADO E A

CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA. ESAF, Brasília, janeiro de1995 (Conferência realizada nos

seminários patrocinados pela Presidência da República). Disponível em

<http://www.bresserpereira.org.br/listar.asp?cat=49> Acessado em mai. 2009.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. DO ESTADO PATRIMONIAL AO GERENCIAL. In

Pinheiro, Wilheim e Sachs (orgs.), Brasil: UmSéculo de Transformações. São Paulo: Cia. Das

Letras, 2001: 222-259.

COUTINHO, Frederico de Morais Andrade; BERNARDO, Renata Anício. A CARREIRA DE

ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO

GOVERNAMENTAL (EPPGG) COMO INSTRUMENTO TRANSFORMADOR DA

REALIDADE ESTATAL: A EXPERIÊNCIA DE MINAS GERAIS. III Congresso Consad de

Gestão Pública, 2010, p. 3-20.

FREY, Klaus. Políticas Públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à prática da

análise de políticas públicas no Brasil. PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS n. 21 -

JUN DE 2000, p. 211-259.

HALL, Peter A., TAYLOR, Rosemary C. R. AS TRÊS VERSÕES DO

NEO-INSTITUCIONALISMO. LUA NOVA Nº 58, 2003, p. 193-224.

KEINERT, Fábio Cardoso; SILVA, Dimitri Pinheiro. A gênese da ciência política Brasileira.

Tempo soc., São Paulo, v. 22, n. 1, jun. 2010.

LESSA, Renato. O Campo da Ciência Política no Brasil: uma aproximação construtivista.

(2011). Disponível em <http://revista.estudoshumeanos.com/wp-

content/uploads/2011/06/2011011.pdf> Acessado em 02 fev. 2011.

LAMOUNIER, Bolivar. A Ciência Política no Brasil: roteiro para um balanço crítico, in

Bolivar Lamounier (org.). A Ciência Política nos anos 80. Brasília: Editora da UnB, 1982, p. 407-

433.

MANCUSO, Wagner Pralon. O lobby da indústria no Congresso Nacional: empresariado e

política no Brasil contemporâneo. São Paulo: Humanitas / Edusp, 2007.

MOREIRA, Lucimara Aparecida. Ofício de Politólogo: Uma Análise da Perspectiva dos Cursos de

Bacharelado em Ciência Política no Brasil (monografia – Faculdade Internacional de Curitiba),

2010.

NASCIMENTO, Afonso. A Política entre a Ciência Política e a História Política no Brasil.

Uma Análise Comparada dos dois Campos Científicos. Revista da Fapese, v.4, n. 1, jan./jun.

2008, p. 15-32.

OLIVEIRA, Renato Lima de. COMO IMPLANTAR UMA ASSESSORIA PARLAMENTAR

EM AGÊNCIAS REGULADORAS. (S/D). Disponível em <

http://www.sinagencias.org.br/conteudo_arquivo/290906_FA9442.pdf> Acessado em 03 nov. 2010.

OLIVEIRA, Andréa Cristina de Jesus. Lobby e Representação de Interesse: lobistas e seu

impacto sobre a representação de interesses no Brasil. (tese de doutora – Unicamp), 2004.

PANKE, Luciana; CERVI, Emerson Urizi. ANÁLISE DA COMUNICAÇÃO ELEITORAL

UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA OS ESTUDOS DO HGPE. Contemporânea |

comunicação e cultura - vol.09 – n.03 – setembro-dezembro 2011, p. 390-404.

SEGATTO, Catarina Ianni,. Ciência Política e Políticas Públicas no Brasil: Simon

Schwartzman. Estud. sociol., Araraquara, v.15, n.29, p.593-600, 2010

SOUZA, Celina. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Alegre, ano 8,

nº 16, jul/dez 2006, p. 20-45

SCHWARTZMAN, Simon. AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS DA ÁREA DE CIÊNCIA

POLÍTICA. (1977). Disponível em <http://www.schwartzman.org.br/simon/cpolitica.htm>

Acessado em 10 dez. 2009

VEIGA, Luciana, GONDIM, Sônia Maria Guedes. A Utilização de Métodos Qualitativos na

Ciência Política e no Marketing Político. OPINIÂO PÚBLICA, Campinas, Vol. VII, nº1, 2001,

pp. 1-15.

ZUCCOLOTTO, Rodrigo; SILVA, Dirceu da,; GARCIA, Mauro Neves. CORRELAÇÃO DAS

ESTRATÉGIAS DE MARKETING POLÍTICO COM O PROCESSO DE DECISÃO DO

ELEITOR. Revista Administração On Line – FECAP - Volume 5 Nº 3, p 1-10 jul/ago/set 2004.

Disponível em < http://www.fecap.br/adm_online/art0503/art5031.pdf> Acessado em jul. 2009.