A Animação - Manual

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  • Manual de Animao Sociocultural CR 2010

    EDUCAO E FORMAO DE ADULTOS

    Centro de Formao Profissional do Sector Tercirio do Porto

  • Manual de Animao Sociocultural CR 2010

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    INDICE

    Um Toque

    0. A Animao....................................................................................................2

    1. Origens da Animao......................................................................................4

    2. Causas apontadas ao surgimento da ASC......................................................9

    3. A actualidade da ASC....................................................................................11

    3.1. Modalidades da Animao...............................................................12

    3.2. Campos da Animao......................................................................13

    4. Definies de Animao................................................................................14

    5. Funes da ASC............................................................................................21

    Em Misso

    6. O Animador....................................................................................................24

    6.1. Perfil do Animador............................................................................26

    6.2. Competncias do Animador.............................................................29

    6.3. Funes do Animador......................................................................30

    7. A ASC como factor de desenvolvimento local...............................................33

    8. A ASC como factor de educao informal.....................................................35

    9. Bibliografia.....................................................................................................37

    Um Toque

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    Olhou-me fixamente nos olhos

    E abriu um sorriso inocente.

    Tinha pouco mais de um

    metro,

    Olhos vivos e expressivos,

    Cabelo desalinhado,

    Estava cansado das corridas

    Mas uma alegria extrema

    transparecia

    No olhar, na face rosada, na

    camisa por fora dos cales.

    Tocou-me na perna e foi-se.

    Ainda hoje no sei porque

    parou.

    Algo lhe despertou o interesse.

    Talvez a quietude ou o olhar

    triste e vazio.

    Sei apenas que passou por

    mim e parou.

    No falou.

    No fez qualquer pergunta.

    Mas disse tudo o que

    precisava de ouvir:

    Que havia alegria,

    Que havia esperana,

    Que o mundo tem futuro.

    Que possvel comunicar

    Sem fazer grandes discursos,

    sem tirar muitos diplomas.

    Simplesmente acreditar

    E viver e sorrir

    E amar.

    Madalena Rubalinho,

    ( O Mtodo da Animao. Manual

    do Formador)

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    0. A Animao

    Nesta viagem pelo mundo da Animao gostaria de comear por apresentar

    a histria de As Sementes de Antnio de Melo:

    Uma mulher sonhou que entrava numa loja recm inaugurada na praa do

    mercado e, com grande surpresa, descobriu que Deus se encontrava por

    detrs da banca. A mulher perguntou-Lhe: Que vendes aqui? Deus respondeu-

    lhe: Tudo o que o teu corao deseje.

    Sem quase se atrever a acreditar no que estava a ouvir, a mulher decidiu

    pedir o melhor que um ser humano pode desejar. Disse ento: Desejo paz de

    esprito, amor, felicidade, sabedoria, e ausncia de todo o temor. E, depois de

    alguns momentos de hesitao, acrescentou: No s para mim mas para todas

    as pessoas.

    Deus sorriu e disse: Penso que me compreendes. Aqui no vendo frutos,

    mas somente sementes.

    Digamos que as sementes j esto presentes no interior de todo o ser

    humano. O desafio est em faze-las crescer e dar frutos. Mas a satisfao e

    plenitude decorre em fazer germinar somente aquelas que promovam alegria,

    esperana e sentido e repelir tudo o que suscite desorientao, morte e

    desespero.

    1. Origens da Animao

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    A palavra Animao, no seu sentido etimolgico, significa acto ou efeito de

    animar, dar vida, infundir nimo, valor e energia e tem origem na palavra latina

    anima, que significa princpio vital, sopro, alma.

    Numa perspectiva pessoal, a animao parte do interior do indivduo e

    exprime-se nas atitude, nos gestos nos comportamentos, nas palavras e nas

    interaces.

    Numa perspectiva de grupo, significa a aco de estmulo e mobilizao de

    indivduos, grupos e colectividades.

    Inicialmente, a expresso foi utilizada na Europa desde meados dos anos

    60, particularmente na Frana e na Blgica, para designar um conjunto de

    aces destinadas a gerar processos de dinamizao da vida social. Surgiu de

    forma a promover actividades destinadas a preencher criativamente o tempo

    livre, a combater a despersonalizao verificada nos grandes centros urbanos,

    a facilitar a comunicao interpessoal mediante a criao de espaos e

    momentos de encontro, a promover formas de educao permanente, a criar

    as condies para a expresso, a iniciativa e a criatividade.

    Precisamente uma das conquistas mais importantes da histria europeia do

    passado sculo especialmente a segunda metade foi a sua progressiva

    convergncia democrtica e sociocultural.

    A ASC, longe de ser alheia a este processo, constitui um dos seus frutos

    genunos. No em vo, os seus incios mais slidos situam-se no impulso dado

    pelo Conselho da Europa, atravs do seu Conselho de Cooperao Cultural,

    pela criao do chamado Projecto de Animao Sociocultural, nos anos 70

    (Ventosa, 1993). Um projecto que serviu para inventar experincias, confrontar

    perspectivas, acertar definies, delimitar mbitos, difundir resultados e

    implementar nos pases membros uma revolucionria maneira de conceber a

    Cultura e o desenvolvimento das polticas socioculturais a partir de uma nova

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    estratgia de interveno: a ASC. Esta estratgia caracterizada por dois

    traos fundamentais:

    - o desenvolvimento progressivo da democracia como sistema comum a

    todos os pases europeus;

    - a busca de uma entidade cultural europeia como base fundamental para

    a convergncia desses pases para uma unidade poltica, social e

    econmica.

    A primeira definio histrica pertence ao socilogo J.P. Imhof que

    remonta a 1966 e acentuava o pendor instrumental e adaptativo da Animao:

    designa-se por animao toda a aco exercida sobre um grupo, uma

    colectividade ou um meio, visando desenvolver a comunicao e estruturar a

    vida social, recorrendo a mtodos semi-directivos; um mtodo de integrao

    e de participao ( ... ) a funo de animao define-se como uma funo de

    adaptao s novas formas de vida social

    Uma segunda definio, proposta por Raymond Labourie, em 1972,

    acentua a vertente criativa e auto gestionria da animao, apresentando uma

    perspectiva mais globalizadora e consoante com o (ento emergente)

    movimento de educao permanente:

    s aces geridas por pessoas que se juntam e que determinam, elas

    prprias, o contedo destas aces em funo de objectivos sociais e culturais

    ( ... ) actividades educativas fora do tempo de trabalho: vida familiar, vida

    urbana e rural, actividades de tempos livres, actividades desportivas, etc. Este

    , essencialmente o domnio das associaes voluntrias, ou de instituies

    semi-pblicas. Foi a que nasceu o conceito de animao sociocultural cuja

    semntica exprime uma inteno de retirar a cultura de um enclave ligando-a

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    aos fenmenos da vida colectiva, de alargar o campo da vida cultural aos

    problemas da vida quotidiana.

    A ASC, segundo Marzo e Figuers (1990, pp. 102-104), marcada por trs

    grandes etapas:

    Na primeira, da cultura patrimonial democratizao da cultura,

    encarando a cultura como um patrimnio herdado do passado, ao qual h um

    acesso muito desigual, prope-se o desenvolvimento de um conjunto de

    aces que permitam facilitar o acesso cultura por parte da generalidade dos

    cidados. Est em causa promover a aproximao entre o povo e a cultura.

    Esta poltica de democratizao do acesso cultura, caracterstica dos anos 50

    e 60 apresenta, como exemplo paradigmtico, a criao, em Frana, das

    casas de cultura, concebidas por Malraux como catederais da cultura numa

    civilizao laica.

    A segunda etapa, da democratizao da cultura democracia cultural,

    aparece, nos anos 70, como tributria dos ventos de Maio de 68, exprimindo

    os limites e a crise dos ideais de promoo do acesso cultura, sem

    questionar os seus contedos e os seus modos de produo e de insero

    social. Numa perspectiva complementar da democratizao da cultura, a

    animao deixa de ser encarada como uma metodologia destinada,

    fundamentalmente, a dinamizar a relao dos cidados com o conhecimento

    do seu patrimnio cultural. Animar passa a significar, sobretudo, a capacidade

    de promover a interaco entre as pessoas e entre comunidades com a grande

    finalidade de potenciar a sua capacidade expressiva.

    A terceira etapa, da democracia cultural ao consumo cultural meditico,

    posterior aos anos 70, marcada pela emergncia dos meios de comunicao

    de massa que vieram introduzir e/ou acentuar mecanismos de apropriao

    social baseados no consumo individual, domstico, de produtos difundidos em

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    massa e tornados extremamente acessveis, mas correspondendo, de facto, a

    uma gama de variedade e de possibilidade de escolha bastante limitada.

    2. Causas apontadas ao surgimento da ASC

    A emergncia da ASC como um to importante campo de prticas sociais e

    educativas s se torna compreensvel no contexto de mutaes sociais que

    marcaram a segunda metade do sculo passado. Assim a ASC surge como

    resposta a problemas sociais que se fizeram sentir em algumas sociedades a

    vrios nveis. No ps guerra (2 Guerra Mundial) nos pases destrudos da

    Europa, nos Estados Unidos onde se aglomeram populaes estrangeiras de

    todo o mundo dando origem a todo o tipo de problemas e tenses sociais. E

    nos pases Latino Americanos como resposta degradao social e humana

    existente.

    Deste conjunto de mutaes, Pierre Besnard enuncia como principais:

    Um rpido crescimento econmico, correspondendo ao perodo dos trinta

    anos gloriosos, que acelera mudanas sociais estruturais, engendrando o

    fenmeno da urbanizao (o xodo para as grandes cidades e a emigrao

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    para pases industrializados como a Fraa e os E.U.A.), exigindo a criao

    de poderosos aparelhos educativos e culturais.

    O fenmeno de massificao que decorre dos efeitos combinados da

    industrializao, do crescimento demogrfico e da urbanizao, criando

    fenmenos de inadaptao ou desvios que so necessrios prevenir.

    Fenmenos de natureza demogrfica como o caso do envelhecimento

    da populao no mundo industrializado ou da inveno de novas

    categorias sociais (mulheres, jovens, reformados, imigrantes, minorias

    tnicas) a exigir atenes e respostas especficas, nos planos cultural e

    social.

    Tendncias de normalizao social, atravs de grandes aparelhos de

    massas, cujo o efeito de condicionamento e despersonalizao pode ser

    acentuado ou contrariado pela ASC conforme as funes que lhe so

    atribudas. Refiram-se as indstrias culturais que massificam e uniformizam

    a cultura, baixando o nvel cultural para atingir milhes de pessoas com o

    mesmo produto - interesses comerciais da cultura. Veja-se a ttulo

    exemplificativo a interiorizao de culturas estrangeiras dominantes como o

    cinema e centros comerciais.

    O aumento generalizado do tempo livre resultante da mecanizao das

    tarefas, das reformas antecipadas e do desemprego que poria s pessoas

    um conjunto de problemas relacionados com a sua ocupao, instituindo-se

    a ASC como uma resposta civilizao dos prazeres.

    Necessidades de educao permanente (toda a vida) de forma a uma

    actualizao tecnolgica e cientfica em constante mutao.

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    Por forma a conseguir ultrapassar estes e outros problemas adoptam-se

    formas de combate que envolvam as populaes de uma forma activa e

    interventiva - ANIMAO

    3. A actualidade da ASC

    A ASC constitui, hoje, um campo fundamental da aco educativa que

    abrange pblicos muito diversos (em idade, estatuto social, nvel de instruo),

    est presente em reas de actividade social muito diversificadas (empresas,

    servios sociais, vida escolar, administrao pblica, organizaes de sade,

    etc.), que conta j com instituies especializadas nesta matria e com um

    corpo de agentes em acelerado processo de profissionalizao.

    Actualmente, a aco e o dinamismo que se podem gerar atravs da

    animao no esto tanto orientadas para a transformao da realidade social,

    mas incidem mais sobre as relaes sociais. Manifestam-se sobretudo em trs

    perspectivas: como metodologia de interveno social, como uma das formas

    de aco poltica cultural e como uma funo educativa.

    A ASC como metodologia de interveno social serve-se de

    instrumentos que indicam como fazer determinadas aces para se atingir

    metas e objectivos especficos. de notar que a metodologia da animao

    se baseia numa pedagogia participativa.

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    A ASC como uma forma de aco poltica cultural manifesta-se atravs

    de um conjunto de aces dos poderes pblicos (poltica cultural) com o

    objectivo de promover a cultura de uma forma abrangente.

    A ASC sob um ponto de vista educativa podemos considerar que se

    trata de uma actividade educativa-formativa, pois promove, encoraja,

    desperta inquietaes, motiva para a aco, suscita potencialidades

    latentes em indivduos, grupos e comunidades.

    3.1. Modalidades da Animao

    Presentemente existem muitas formas de animar. Podemos apresentar

    algumas modalidades mais evidentes na prtica actual de animao, nas suas

    diferentes formas e segundo alguns critrios de classificao, como no quadro

    abaixo apresentado proposto por Jacinto Jardim (2002), mas de forma alguma

    exaustivas mas sim meramente exemplificativas.

    Se

    cto

    res

    Caractersticas

    Cultural

    Promove actividades que, na linguagem corrente, se

    deniminam culturais e que so essencialmente artsticas,

    como literatura, cinema, pintura, dana ou teatro.

    Social

    Promove e apoia associaes de base que tm como

    objectivo resolver problemas sociais de um grupo ou de uma

    sociedade.

    Educativo

    Promove formas de educao permanente no

    institucionalizadas, a fim de melhorar o nvel formativo dos

    destinatrios.

    Co

    nte

    xt

    os

    Exemplos de Actividades

    Poltico Reivindicao, aco, manifestao.

    Cultural Exposio, teatro, debate, visita guiada.

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    Desportivo Torneios de futebol, voleibol, andebol, natao.

    Educativo Campanhas de sensibilizao ao nvel da sade, da ecologia,

    da leitura.

    Recreativo Passeios, viagens tursticas.

    Scio-

    caritativo

    Campanhas de solidariedade, aces com doentes, idosos,

    presos e desempregados, intervenes em bairros

    desfavorecidos.

    Religioso Catequese, grupo de jovens, liturgia, grupo coral, festas

    paroquiais.

    As modalidades da animao so diversas, assim como os seus campos,

    uma vez que a animao pode aplicar-se a todos os indivduos. No entanto,

    podemos diferenci-los em determinadas categorias que nos podem ajudar a

    melhor orientar a nossa aco.

    3.2. Campos da Animao

    Podemos enunciar os diferentes campos de aco relativamente aos:

    Tipos de destinatrios das actividades

    Infncia

    Co

    nte

    d

    os

    Exemplos de Actividades

    Artsticos Teatro, cinema, msica, pintura, escultura, literatura.

    Intelectuais Conferncias, estudos, mesas redondas, livros, exposies.

    Sociais Festas, reunies, promoo de associaes.

    Prticos Bricolage, decorao, jardinagem.

    Fsicos Desporto, naturismo, passeio, ginstica.

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    Adolescncia

    Jovens

    Adultos

    Terceira idade

    Homens/mulheres

    Emigrantes

    Doentes mentais

    Reclusos

    Tipos de actividades de animao

    Actividades de formao/pedaggicas

    Actividades de difuso cultural

    Actividades sociais

    Actividades artsticas

    Actividades ldicas

    Tipos de instituies que promovem a animao

    Organismos governamentais

    Ministrios

    Secretarias de estado

    Governo Civil

    Cmaras Municipais

    Juntas de Freguesias

    Organismos no governamentais

    Associaes culturais ou outras

    IPSS

    Sindicatos

    Grupos espontneos (associaes de pais, voluntrios,

    etc.)

    Bibliotecas, museus, casas da cultura

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    Centros sociais, casas da juventude

    Hotis, hospitais, centros comerciais, etc

    No entanto, a essncia da animao no assenta nesta estipulao

    apresentada, mas antes na forma de actuar. A atitude com que se assume um

    projecto e o modo como se realiza mais importante do que o contedo

    material dos mesmos. Trata-se de promover actividades que gerem vida nova,

    sentido e esperana atravs da participao consciente, plena e activa.

    4. Definies de Animao

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    A animao mais do que um conceito um instrumento ao dispor de uma

    comunidade que proporciona a tomada de conscincia do meio envolvente,

    desperta uma atitude atenta e possibilita a cada indivduo ter uma voz activa na

    resoluo dos problemas sociais comuns. Por isso, a animao uma aco

    de estmulo e de mobilizao no s dos indivduos, mas tambm dos grupos e

    das colectividades e, consequentemente, infunde dinamismo e entusiasmo e

    insufla o nimo. Ou seja, a animao no mais do que uma maneira de

    arquitectar.

    A verdade que se esta uma opinio relativamente animao, muitas

    outras so consideradas. E quanto mais se pesquisa a propsito de animao

    sociocultural, sobre o que animar, mais chegamos concluso de que tudo

    ainda muito vago. Os vrios autores que at agora se debruaram sobre estas

    temticas, tem opinies to diferentes quanto eles prprios o so.

    A animao um novo tipo de interveno social, que tende a favorecer

    e desenvolver a comunicao, a socializao e a criatividade, atravs dos

    meios e de uma linguagem que estimula a fantasia e o prazer de participar.

    (Centro de Formacin Animatore do CentroMilanese per lo sport e Recriazione)

    Conjunto de esforo que tende a estimular a participao activa nas

    actividades culturais e o movimento geral de inovao e de expresso pessoal

    e colectivas.

    (H. De Varine)

    A animao sociocultural distingue-se menos pelas suas actividades

    especficas que pela maneira de as praticar. A diversidade dos suportes da

    animao , em efeito, extraordinria: museus, servios sociais, emisses de

    rdio ou T.V., urbanizao, teatros, proteco do meio ambiente, lares juvenis,

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    bibliotecas, etc. Nenhuma actividade parece excluir-se priori... Uma poltica

    de animao no se manifesta priori em actividades particulares seno mais

    bem na maneira de levar a cabo uma actividade qualquer, a animao mais

    uma atitude que uma aco especfica. Uma mesma actividade pode estar ou

    no orientada para a animao e uma mesma preocupao pela animao

    pode manifestar-se em actividades mltiplas

    (E. Gosjean e H. Ingberg)

    Animar ... dar alma e vida a um grupo hmano

    (P. Grger)

    Conjunto de prticas sociais que tm como finalidade a participao da

    comunidade no seu prprio desenvolvimento, entendido esdte aos seus

    diferentes nveis

    (P. L. Cebalos e M. Salas)

    Designa-se por animao toda a aco, exercida sobre um grupo, uma

    colectividade ou meio, visando desenvolvera comunicao e estruturar a vida

    social ... um mtodo de integrao e de participao.

    (J. P. Imhof)

    A animao diz respeito a actividades educativas que ocorrem fora do

    tempo de trabalho: vida familiar, vida urbana e rural, actividades de cio, etc.

    (R. Labourie)

    A animao sociocultural implica uma poltica de cultura baseada na

    vontade de democracia cultural. Supem a aceitao desta perspectiva a todos

    os nveis e a vontade de se aproximar, cada vez mais, os lugares onde se

    tomam as decises s pessoas e grupos a cuja qualidade e significao de

    vida concernem.

    (Simpsio de So Remo)

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    Podamos continuar a citar definies indefinidamente. Todas elas so

    diferentes e centram a animao quer no social (como uma das metodologias

    de interveno social), quer no cultural (como uma das formas de aco dentro

    da poltica cultural). No entanto, h alguns conceitos que se repetem nas vrias

    definies: promover a participao dos grupos, promover a cultura, incentivar

    a aco, actividades, colectividade, resoluo, mediador entre colectividades e

    as instituies... Talvez sejam estas as funes ou as palavras chave da

    animao.

    Algumas das expresses evidenciadas remontam-nos s causas da

    apario da animao - um mtodo de integrao e de participao; ajudar

    os indivduos a tomar conscincia dos seus problemas apontando os

    objectivos da animao: integrar e levar os indivduos a participar na resoluo

    dos seus prprios problemas.

    mas sem dvida a ltima definio que melhor encerra a alma da animao

    sociocultural ... distinguem-se menos pelas suas actividades especficas que

    pela maneira de as praticar. Esta coloca a nfase da animao na capacidade

    do animador, ou seja, o sucesso do animador e, consequentemente, da

    animao no se deve quilo que se faz, mas a forma como se faz. Uma

    qualquer actividade pode ou no ser orientada para a animao dependendo

    da forma como concretizada.

    Podemos ento traar um conjunto de caractersticas que percorre a ASC:

    Procura desenvolver processos de participao em todos aqueles que

    esto envolvidos.

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    Os seus mtodos e tcnicas de actuao apoiam-se numa pedagogia de

    participao.

    O animador ao mesmo tempo catalisador/dinamizador; assistente e

    tcnico; mediador e transmissor.

    Adequa a sua metodologia prtica dos intervenientes, sua forma de

    actuao e sua situao contextual.

    Carcter voluntrio e aberto da participao das pessoas nas actividades

    prprias da animao.

    Respeita a autonomia cultural de cada indivduo e aceita o pluralismo

    cultural.

    um instrumento pedaggico que ajuda afirmao da identidade

    cultural e demonstra os mecanismos de domnio cultural.

    5. Funes da ASC

    O conjunto de mutaes sociais verificadas anteriormente so susceptveis

    de leituras muito diversas. Facilmente depreende-se que a diversidade de

    funes que incumbe ASC. Besnard enuncia e sintetiza em cinco grandes

    funes:

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    Uma funo de adaptao e de integrao, tendo como principal

    finalidade promover a socializao dos indivduos, numa perspectiva de

    conformidade com as mutaes prprias da sociedade industrial.

    Uma funo recreativa ligada ao tempo de lazer. A sociedade industrial

    no tolera a desorganizao nem a preguia, mesmo nos tempos livres e

    por isso trata de organizar a sua ocupao, encarregando-se dos

    divertimentos e actividades ldicas dos indivduos.

    Uma funo educativa em que a ASC entendida como uma escola

    paralela que permite complementar as formaes anteriores e, ao mesmo

    tempo, aprofundar interesses culturais especficos.

    Uma funo ortopdica, visando promover o reequilbrio de uma

    sociedade marcada por perturbaes permanentes, contribuindo, assim,

    para uma regulao da vida social.

    Uma funo crtica: em contraponto sua vertente de normalizao

    social, a ASC pode exercer um importante contributo para a construo e

    exerccio de um pensamento crtico que possa garantir o pleno exerccio da

    democracia.

    Em Misso

    Olha o horizonte, amigo

    E v o mundo que passa.

    Todos esperam por ti,

    Por esse dom, por essa graa.

    Tens em ti o compromisso,

    O testemunho de uma misso.

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    D um passo em frente e

    segue.

    Vai ao encontro do irmo.

    J todos esperam por ti,

    Buscam um animador.

    Escuta o chamamento:

    Servio, respeito e amor.

    Tens f e formao

    Conheces a realidade

    E depois deste curso,

    Sers especialista em

    humanidade.

    Dinamizas e orientas,

    Acompanhas e escutas.

    Na partilha e no dialogo,

    Sabes que tambm educas.

    Prudente e assertivo,

    Sabes como incentivar.

    Todos confiam em ti

    Para os poderes animar.

    Madalena Rubalinho

    O Mtodo da Animao. Manual do

    Formador

    .

    6. O Animador

    J no sculo IV a.C., Scrates, no se cansava de repetir.

    A minha arte de ajudar a nascer em tudo semelhante das

    parceiras. (...)

    Eu de facto, nunca fui mestre de ningum.

  • Manual de Animao Sociocultural CR 2010

    2

    Alguns dos que me acompanham, no incio pareciam totalmente

    ignorantes mas, ao longo da nossa convivncia, fizeram admirveis

    progressos, no s aos seus olhos como tambm aos olhos dos outros.

    claro que de mim nunca aprenderam nada. Foram eles, por si

    mesmos, que encontraram e geraram coisas maravilhosas. certo, em

    contrapartida, que a causa do seu parto somos Deus e eu.

    O animador mais do que um mediador de conhecimentos, deve ser

    um organizador de saberes e um facilitador da aprendizagem. Ajudar os

    indivduos a manifestarem-se e suscitar-lhes as potencialidades

    escondidas e talvez meias adormecidas a misso do animador.

    Questionar, agitar as mentes, despertar o entendimento crtico da

    realidade envolvente so intenes do animador mais preocupado em

    fazer pensar as pessoas do que em transmitir-lhes saberes, limita-se a

    plantar e a semear, sempre consciente que o trabalho de florescimento

    e amadurecimento j no lhe pertence.

    Ao animador compete dar um passo em frente, por vezes decisivo,

    mas sempre a partir das etapas percorridas pelo grupo.

    S reconhecendo e valorizando o capital dos saberes e experincias

    possvel incutir novos projectos.

    A prpria definio de animao traa o propsito do animador, pois

    animar dar vida, dar alma, imprimir movimento, transmitir fora, dar

    impulso a um empreendimento.

  • Manual de Animao Sociocultural CR 2010

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    Depreende-se, ento, facilmente que o animador assume um papel fulcral,

    como no podia deixar de ser. Como a animao tem um campo de

    interveno to vasto, tambm podemos encontrar animadores to

    diversificados quanto a nossa imaginao conseguir. Temos animadores

    sociais, culturais, desportivos, educativos, comunitrios, infantis, juvenis,

    tursticos, etc.

    Dado que o campo de aco do animador to alargado, definir animador

    no s difcil como limitador. No entanto, ter que ser uma pessoa capaz de

    estimular a participao activa dos indivduos e instigar um maior dinamismo

    scio-cultural, tanto a nvel individual como no colectivo. O animador dever ser

    um catalisador que desencadeie e anime processos, cujo o protagonismo se

    procura que corresponda fundamentalmente a iniciativas das prprias pessoas.

    Ao animador compete proporcionar assessoria tcnica, organizar e

    conduzir as suas prprias actividades de forma a que o grupo encontre as

    respostas s necessidades ou problemas sentidos; contribuir para o aumento

    de autonomia e de protagonismo dos indivduos envolvidos, sendo capazes de

    avaliar e implementar as suas prprias prticas scio-culturais; e,finalmente,

    animar, vitalizar e dinamizar as energias e potencialidades existentes.

    6.1. Perfil do Animador

    impossvel definir exaustivamente o perfil do animador e circunscrev-lo

    a balizas imutveis, apenas esboar-se- alguns dos seus traos. Nenhum

    deles deve ser analisado isoladamente, conferindo a quem quer que seja, s

    por si, o estatuto de animador. so apenas indicativo de um potencial em

    constante desenvolvimento.

    Vejamos como alguns autores definem o animador:

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    O animador ser sempre o sujeito ou pessoa cuja funo consiste em

    impulsionar, desenvolver, animar, criar mais vida no bairro, na fbrica, no

    desporto em qualquer comunidade ou colectivo humano.

    (Gervilha, E. 1992)

    Animador profissional de animao scio-educativa um trabalhador

    social. Tem por funo criar e desenvolver actividades com fins educativos,

    culturais e desportivos. Estas actividades so direccionadas a todos e tendem

    para uma educao global e permanente.

    (S. Estado da Juventude e Desporto)

    O animador cultural no um organizador de actividades culturais. Se ele

    um mediador entre obras de arte e o pblico para facilitar o contacto com o

    seu interior... o animador cultural no um fabricante de pblico nem um

    especialista, nem um professor mas um descobridor de segredos dos outros

    (Pierre Moulinier)

    Perante estas definies podemos concluir que muitos so os propsitos

    que o animador enverga. Mas a definio com que mais identifica o animador

    a de Quintana, J. M. de 1985.

    O animador... deve possuir um apurado sentido de contactos humanos,

    capacidade para mandar sem dirigir, alta resistncia frustrao, dinamismo,

    responsabilidade, entrega, compreenso, capacidade de comunicao e

    esprito democrtico.

    Perante o exposto podemos definir, ainda que hipoteticamente, o perfil do

    animador:

    Ter uma mente clara, imaginao e criatividade, que lhe permita ver com

    claridade as possibilidades e surpreender constantemente.

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    Olhos em alerta, perspicazes e crticos, por forma a conseguir ver cada

    elemento individualmente e a todos no grupo.

    Ouvidos receptivos, para ouvir o que dito, mas principalmente o que

    no dito.

    Olfacto para detectar situaes de risco, apercbendo-se dos problemas

    ainda antes de eles se concretizarem.

    Sempre pronto para por mos obra nas dificuldades. Em animao h

    sempre dificuldades humanas, financeiras, logsticas e o animador tem de

    estar sempre pronto a apontar alternativas e contornar problemas. O facto

    de se gostar daquilo que se faz uma mais valia para superar essas

    dificuldades.

    Saber utilizar adequadamente as ferramentas de que dispe,

    principalmente quando so escassas deve saber tirar o melhor partido

    delas.

    Sorriso comunicativo, que convide os outros a falar e confiar.

    Preparao tcnica, metodolgica e ideolgica, porque facilita o

    cumprimento das tarefas e dos objectivos a que se prope.

    Seguro de si mesmo, com os ps assentes na realidade, a hesitao

    sente-se e transmite-se aos que nos rodeiam.

    Preparado para enfrentar eventualidades e imprevistos. A surpresa faz

    parte da animao, as boas e as ms, h que saber vivenci-las.

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    Qualidades humanas:

    Entusiasta

    Dinmico

    Optimista/realista

    Cordial, etc.

    Outras qualidades a apontar:

    Capacidade de incutir vida aos/noas outros

    Capacidade de se relacionar e comunicar com os outros

    Convico e confiana de que as pessoas tm

    potencialidades e que libertadas se podem realizar

    enquanto pessoas humanas.

    Maturidade humana

    Fora e teimosia para enfrentar as dificuldades

    Carisma e vocao para o servio

    6.2. Competncias do Animador

    Inevitavelmente, qualquer que seja o perfil do animador traado, pressupe

    que ele seja portador de um conjunto de competncias, como prope Paulo da

    Trindade Ferreira:

    O saber: capacidade para investigar e seleccionar os conhecimentos

    gerais e especficos necessrios actividade de animador

    O saber-fazer: capacidade para aplicar na prtica as tcnicas e os

    saberes adquiridos. a passagem do pensamento aco, testando assim,

    o resultado da investigao.

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    O saber-ser: capacidade para assumir a globalidade do que se a nvel

    biolgico e psicolgico. S a partir da sua aceitao possvel ao homem

    mudar ou renovar algumas das suas maneiras de ser e de estar na vida.

    O saber-relacionar-se: capacidade para saber sentir os outros, isto ,

    situar-se no seu mundo emocional e mental.

    O saber-aprender: capacidade para actualizar continuamente os saberes

    adquiridos, tendo em conta a rapidez da sua evoluo e a limitao do seu

    prazo de validade.

    O saber-fazer-aprender: capacidade para estimular os outros pelo gosto

    da investigao, anlise e sentido crtico, com vista ao desenvolvimento

    gradual da sua autonomia.

    6.3. Funes do Animador

    Animar uma actividade no o mesmo que animar um teatro, uma

    excurso, um desafio de futebol ou uma emisso radiofnica ou televisiva.

    As funes de animador, ainda que interactivas e complementares, situam-

    se umas mais a nvel das pessoas e outras mais a nvel do grupo. Tanto nas

    primeiras como nas segundas torna-se importante, se no mesmo

    indispensvel, realar e valorizar a componente relacional e afectiva.

    Ainda na linha de raciocnio de Paulo Ferreira, este enuncia algumas

    funes que compete ao animador:

    Funo de produo

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    Preparar as actividades, definir os seus objectivos e garantir o

    seu desenvolvimento.

    Ajudar o grupo a centrar-se nos objectivos previamente fixados.

    Sugerir e reformulao das ideias menos claras.

    Sublinhar as convergncias e as divergncias.

    Gerir adequadamente o tempo.

    Funo de facilitao

    Criar um clima humano favorvel.

    Despertar o envolvimento e o interesse pelas actividades.

    Estimular a troca de experincias, valorizando os diferentes

    pontos de vista.

    Elaborar snteses e concluses.

    Fomentar a participao, a comunicao e a criatividade.

    Funo de regulao

    Evitar presses que condicionem ou impeam a livre expresso.

    Enfrentar as tenses e conflitos que possam surgir, identificando

    as suas causas.

    Reduzir sentimentos de dependncia em relao ao animador.

    Envolver os menos participativos nos objectivos das actividades.

    Impedir a monopolizao das intervenes por parte de alguns.

    Funes ao nvel do grupo

    Tornar o grupo mais lcido, reensinando-o a identificar as

    causas e consequncias das situaes e problemas.

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    Tornar o grupo mais objectivo, reensinando-o a enfrentar as

    realidades tais como so e no como se desejaria que fossem.

    Tornar o grupo mais crtico, reensinando-o a desenvolver as

    suas capacidades de observao, anlise e entendimento

    crtico das situaes que vo surgindo.

    Tornar o grupo mais tolerante, reensinando-o a compreender e

    admitir as diversas formas de pensar, sentir e agir, ainda que

    diferentes e opostas s suas.

    Tornar o grupo mais criativo, reesinando-o a minimizar

    preconceitos e rotinas sem sentido, e a procurar o que novo e

    diferente.

    Tornar o grupo mais sensvel mudana, reensinando-o a ler e

    a entender um mundo em acelerada e profunda transformao.

    Tornar o grupo mais cooperativo e solidrio, reensinanmdo-o a

    estar em conjunto, a pensar em conjunto, agir em conjunto e a

    pr a sua individualidade, sempre que necessrio, ao servio da

    colectividade.

    Tornar o grupo mais interactivo, reensinando-o a identificar as

    suas capacidades de iniciativa, deciso e participao.

    Tornar o grupo mais realista, reensinandfo-o a articular o

    pensamento com a aco, o abstrato com o concreto e a teoria

    com a prtica.

    A nvel das funes do animador preciso estar-se consciente que animar

    mais do que trabalhar para as pessoas, trabalhar com as pessoas e, por isso,

    a autenticidade do animador fundamental para que se desencadeie a

    autenticidade dos indivduos para com o animador.

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    7. A ASC como factor de desenvolvimento local

    A ASC assume um papel estruturante na criao de uma cultura de

    desenvolvimento, porque um elemento fundamental nos processos de

    mudana social ao promover dinmicas locais de desenvolvimento integrado. A

    sua aco suscita e orienta iniciativas, promove a optimizao de recursos

    (nomeadamente endgenos), favorece a participao dos indivduos, organiza

    a vida dos grupos, favorece a autonomia dos indivduos e dos colectivos, cria

    condies favorveis comunicao entre indivduos, grupos e instituies.

    Por outro lado, nas etapas fundamentais do projecto de desenvolvimento

    local, a dimenso da animao est sempre presente, como refere Rui

    Azevedo: quer na fase de definio da estratgia, em que o animador

    assegura a informao comunidade local no sentido de promover a sua

    participao na elaborao da estratgia (p. 208); quer na fase de

    planeamento de actividades, em que ao animador compete promover a

    animao das comunidades locais com vista promoo de projectos de

    desenvolvimento (p. 209); quer na fase de avaliao e regulao, em que se

    espera do animador que organize e estimule a participao dos principais

    representantes da comunidade no processo de avaliao e, consequentemente

    na prpria dinmica de desenvolvimento (p.210).

    Compete ao animador introduzir uma dinmica participativa de

    desenvolvimento e repulsar sentimentos de impotncia, inferioridade ou

    desespero. Como refere Paulo Freire:

    Por isso, o trabalho de animao cultural e social to importante quando

    se pretende lanar e apoiar um processo de desenvolvimento rural: elevando a

    auto-estima colectiva, testando a capacidade local para traduzir as ideias em

    projectos, para trabalhar como uma equipa, para relacionar objectivos com

    meios, etc (1991, p.153).

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    8. A ASC como factor de educao informal

    Educao informal corresponde todas as situaes potencialmente

    educativas, mesmo que no conscientes, nem intencionais, por parte dos

    destinatrios, correspondendo a situaes pouco ou nada estruturadas e

    organizadas.

    Ora a ASC privilegia mais os efeitos do que as intenes, enfatizando mais

    as situaes de auto e heteroformao (no contexto familiar, escolar, de

    trabalho, de lazer, cvico, etc.).

    A educao informal correspondeu, at um passado recente, a uma face

    no visvel do icebergue educativo.

    Araham Pain (1990) em estudos levados a cabo concluiu que os sujeitos

    realizam aprendizagens a partir de um contacto directo com a realidade social

    que os envolve.

    Segundo Ph. Coombs, em 1985, a educao informal :

    (...) o processo ao longo da vida atravs do qual cada pessoa adquire e

    acumula conhecimentos, capacidades, atitudes; a partir das experincias

    quotidianas e da interaco com o meio ambiente em casa, no trabalho, no

    lazer; a partir do exemplo e das atitudes da famlia e dos amigos; das viagens,

    lendo jornais e livros, ou escutando rdio, vendo filmes e televiso. Em geral, a

    educao informal no organizada, nem sistematizada, nem sequer, muitas

    vezes, intencional, mas constitui at ao presente a maior fatia da aprendizagem

    total durante a vida de uma pessoa mesmo para aquelas que so altamente

    escolarizadas

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    O papel, a importncia e a especificidade da ASC podem tambm ser mais

    claramente compreendida se esta for entendida como um conjunto de

    processos que permitem potenciar, em termos educativos, as situaes sociais

    quotidianamente vividas. Deste ponto de vista estaria reservado animao

    sociocultural o papel de capital importncia de organizar o informal.

    9. Bibliografia

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