A aplicação da agricultura de precisão no olival

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Introdução A aplicação da agricultura de precisão no olival A aplicação da agricultura de precisão no olival Manuel Patanita José Penacho Workshop “Boas práticas agroambientais na fileira do azeite” IPBeja, 14 de Outubro de 2014

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Introdução

A aplicação da agricultura de precisão no olival

A aplicação da agricultura de precisão no olival Manuel Patanita

José Penacho

Workshop “Boas práticas agroambientais na fileira do azeite”

IPBeja, 14 de Outubro de 2014

Nos Estados Unidos e em alguns países da Europa surgiu nos anos oitenta do século passado um novo conceito de gestão, assente basicamente na aplicação de novas tecnologias que permitem ao agricultor:

- 1. um conhecimento preciso das potencialidades e das limitações dos seus campos agrícolas;

- 2. a tomada de consciência de que, numa mesma parcela de terreno, as características dos solos são variáveis e que esta variabilidade se reflecte na produção.

Introdução

Ponto de partida para a Agricultura de Precisão

Tanto a monitorização como a aplicação diferenciada, ou à medida, exigem a utilização de tecnologias recentes:

- sistemas de posicionamento a partir de satélites (GPS - «Global Positioning System»);

- sistemas de informação geográfica (SIG);

- sensores electrónicos, associados quer a medidores de fluxo nas máquinas de colheita, quer a reguladores automáticos de débito nas máquinas de distribuição;

- aplicação dos factores de produção de forma variável, utilizando tecnologia VRT, “Variable Rate Technology”).

Conceitos e Objectivos

Conceitos e Objectivos

AP – sistema de cultura que visa a gestão da variabilidade temporal e espacial das parcelas . Objectivos genéricos:

1. O aumento do rendimento dos agricultores, alcançado por duas vias distintas, mas complementares: a) a redução dos custos de produção; b) o aumento da produtividade (e, por vezes, também da qualidade) das culturas. 2. A redução do impacte ambiental resultante da actividade agrícola, relacionado com o rigor do controlo da aplicação dos factores de produção que deverá ser feita, tanto quanto possível, na justa medida das necessidades das plantas.

No olival os assuntos mais investigados Braga et al. (2010) têm sido:

Aplicações

Utilização da detecção remota e cartas de índices de vegetação, nomeadamente, o NDVI (Normalized Difference Vegetation Index - Índice de Vegetação de Diferença Normalizada), para identificação de zonas de gestão diferenciada, zonas de maior ou menor incidência de pragas e doenças, ou zonas de melhor ou pior qualidade da azeitona/azeite

Amostragem espacial do solo e plantas para caracterização da variabilidade espacial da cultura e cobertura do solo, com vista à criação de cartas de prescrição de factores de produção. Ex: condutividade eléctrica aparente, análises do solo e de plantas, sondas para avaliar o teor de água no solo

VR

T e

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T e

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roc

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nto

N-sensor

Sensor de

vegetação

Fertilização azotada diferenciada

Aplicação diferenciada de

fitofármacos

GPS

Análises de solo

GPS

Fertilização diferenciada

Tratamento da

informação

georreferenciada;

SIG; tomada de

decisão

Mapas de

fertilização

Sensor-Algoritmo-Actuador Sensor-Conhecimento+SIG-Actuador

Tecnologias VRT (“Variable Rate Technology”)

(Serrano, 2014)

González (2007)

Casos Estudo

1. Olival com 16 ha em Portugal (Elvas), regado, com variedade Cobrançosa e Picual - variabilidade espacial da produtividade através da avaliação de diversas variáveis que a podem influenciar:

Características da cultura, do solo e do terreno (topografia)

Produtividade média de 2,4 t/ha, variações entre 0,5 e 4,7 t/ha

CV para o teor de MO, K e P, respectivamente , 20, 30 e 44%

CV do declive e escoamento, respectivamente, 50 e 493%

Com as ferramentas tecnológicas associadas à AP (GPS e SIG) foi possível concluir que as variáveis de fertilização e vigor da planta, adicionando a altura, o declive, a orientação e alguns índices topográficos, conseguiram explicar 37,4% da variabilidade da produtividade

(Grave, 2013)

Casos Estudo

2. Olival com 16 ha em Portugal (Elvas), regado, com variedade Cobrançosa e Picual – a) avaliar a magnitude da variabilidade espacial da produtividade e qualidade da azeitona e azeite; b) avaliar a capacidade dos índices vegetativos resultantes da detecção remota para caracterizar a variabilidade espacial;

Grande variabilidade espacial da produtividade (kg/ha de azeitona e de azeite), da percentagem de frutos picados, de frutos gafados e de frutos insanos, atingindo CV superiores a 55% (frutos gafados CV de 91,7%)

O índice de maturação médio e a percentagem de acidez média das azeitonas com variabilidade significativa, atingindo valores de coeficiente de variação, respetivamente, de 21,9% e 35,9%.

2. Olival com 16 ha em Portugal (Elvas) (Grave, 2013)

Casos Estudo

Os dados que caracterizaram o tamanho da copa, (área da copa, perímetro da copa, raio da copa com base na área, e raio da copa com base no perímetro), influenciaram a produtividade de forma negativa. Dentro do espectro de tamanho de copa encontrado, quando a área e perímetro da copa aumentaram houve tendência para que a diminuição da produtividade (-0.31 <r <-0.28)

A relação com o NDVI também foi negativa: quanto maior o vigor da planta, menor foi a sua produtividade (r=-0.28);

A utilização de deteção remota através do cálculo de índices pode ser uma tecnologia importante no que respeita à caracterização da variabilidade espacial de importantes variáveis como a produtividade, a qualidade do azeite e da azeitona e a incidência do ataque de pragas e doenças.

Casos Estudo

Carta de índice de vegetação (NDVI)

2. Olival com 16 ha em Portugal (Elvas) (Grave, 2013)

Através das cartas e dos modelos dos índices de vegetação e geométricos, o agricultor pode:

prever de forma atempada a variabilidade espacial do índice de maturação ou a variabilidade espacial da produtividade, podendo atuar para que a colheita seja iniciada na data certa e corrigir as zonas da parcela que não produzem acima do custo de oportunidade;

conhecer a variabilidade espacial da acidez da azeitona/azeite, podendo efetuar uma colheita segmentada para obter azeites de lotes diferentes.

Considerações Finais

GPS

Vantagens

Melhoria da competitividade.

Diferenciação da produção.

Aplicação atempada e racionada dos factores de produção

Obstáculos

Reduzida dimensão das explorações.

Fraco poder associativo dos empresários agrícolas, nível educacional/formação, conhecimentos informáticos, recursos humanos, aversão ao risco.

Elevado custo destas tecnologias, imprecisão das mesmas, reduzida divulgação e acompanhamento pouco qualificado.

Consideráveis períodos de tempo para plena implementação e retorno do investimento