A Aplicação do MDF em Peças Mobiliárias e Decorativas

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A Aplicação do MDF em Peças Mobiliárias e Decorativas The MDF aplication in furnitures and decoration pieces Grabowski, Flávia Fagá; Graduanda; Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected] Okabaiasse, Alexandre Kenji; Graduando; Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected] Oliveira, Gustavo Felipe; Graduando; Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected] Spanhol, Giovana Isabela; Graduanda; Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected] Teixeira, Joselena de Almeida; Doutora; Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected] Resumo Este artigo tem como objetivo apresentar as características e a utilização da madeira de MDF (Medium Density Fiberboard) em peças mobiliárias e decorativas com foco em criações de designers curitibanos. O trabalho será desenvolvido por levantamento de informações obtidas a partir de livros, artigos, notas de aula, sites, visitas técnicas e pesquisas de campo. O conteúdo tem como finalidade expor as possibilidades do uso do MDF colaborando com designers e profissionais da área de criação na escolha do material para desenvolvimento de projetos. Palavras Chave: MDF; design; móveis. Abstract This paper aims to present the characteristics and use of wood MDF (Medium Density Fiberboard) in movable and decorative pieces with a focus on the creations of designers Curitiba. The work will be undertaken by survey information gathered from books, papers, lecture notes, site visits and field surveys. The content is intended to expose the possibilities of using MDF collaborating with designers and creative professionals the choice of material for project development. Keywords: MDF; design; furniture.

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Este artigo tem como objetivo apresentar as características e a utilização da madeira de MDF (Medium Density Fiberboard) em peças mobiliárias e decorativas com foco em criações de designers curitibanos. O trabalho será desenvolvido por levantamento de informações obtidas a partir de livros, artigos, notas de aula, sites, visitas técnicas e pesquisas de campo. O conteúdo tem como finalidade expor as possibilidades do uso do MDF colaborando com designers e profissionais da área de criação na escolha do material para desenvolvimento de projetos.

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A Aplicação do MDF em Peças Mobiliárias e Decorativas The MDF aplication in furnitures and decoration pieces Grabowski, Flávia Fagá; Graduanda; Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected] Okabaiasse, Alexandre Kenji; Graduando; Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected] Oliveira, Gustavo Felipe; Graduando; Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected] Spanhol, Giovana Isabela; Graduanda; Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected] Teixeira, Joselena de Almeida; Doutora; Universidade Tecnológica Federal do Paraná [email protected]

Resumo Este artigo tem como objetivo apresentar as características e a utilização da madeira de MDF (Medium Density Fiberboard) em peças mobiliárias e decorativas com foco em criações de designers curitibanos. O trabalho será desenvolvido por levantamento de informações obtidas a partir de livros, artigos, notas de aula, sites, visitas técnicas e pesquisas de campo. O conteúdo tem como finalidade expor as possibilidades do uso do MDF colaborando com designers e profissionais da área de criação na escolha do material para desenvolvimento de projetos. Palavras Chave: MDF; design; móveis.

Abstract

This paper aims to present the characteristics and use of wood MDF (Medium Density

Fiberboard) in movable and decorative pieces with a focus on the creations of designers

Curitiba. The work will be undertaken by survey information gathered from books, papers,

lecture notes, site visits and field surveys. The content is intended to expose the possibilities of

using MDF collaborating with designers and creative professionals the choice of material for

project development.

Keywords: MDF; design; furniture.

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Introdução Para o designer, escolha dos materiais é etapa fundamental do projeto, pois influencia

em praticamente todo seu desenvolvimento. Porém, com a grande gama de materiais sendo produzidos hoje, é essencial uma boa pesquisa para sua escolha. Com a grande indústria de consumo, onde as matérias-primas estão ficando escassas para algumas indústrias, novas alternativas estão se tornando necessárias para satisfazer a demanda do mercado.

O MDF (Fibras de Média Densidade) entra como uma nova alternativa para o uso da madeira maciça, que apresenta desvantagens e problemas para a grande produção, devido a sua demanda ter tornado-se inviável por questões ambientais. Através de pesquisas embasadas em livros, sites, artigos, pesquisas de campo e entrevistas concedidas em visitas técnicas, a principal finalidade deste artigo é demonstrar o uso do MDF como alternativa para suprir as desvantagens da madeira maciça. Exemplificando seu e uso e sua trabalhabilidade através da análise dessa madeira transformada, em criações na indústria moveleira curitibana, faz-se deste artigo um material de pesquisa e estudo, contribuindo na escolha ideal do material para projetos a serem desenvolvidos por designers.

Escolha do material Uma das principais etapas do projeto, a escolha de materiais, influencia em quase tudo

no produto e, com essa grande evolução tecnológica que estamos vivendo, é preciso ficar sempre atento ao mundo dos materiais. “As operações básicas para transformar matérias não mudaram muito ao longo do tempo, o que foi modernizado é a capacidade do homem para aplicá-las a escalas cada vez maiores e menores, com alta precisão e uma intervenção humana mínima para eliminar o erro” (ESCOBAR, 2006, p. 1). Ao estar inteirado sobre o assunto, a escolha dos materiais pode significar o sucesso do projeto.

A escolha dos materiais com os quais será confeccionado um produto é atividade extremamente complexa. Os materiais escolhidos irão influenciar, pelo menos, os seguintes fatores: produtivos, ergonômicos e de segurança, econômicos, ecológicos mercadológicos e estéticos (FERROLI; LIBRELOTTO, 2006, p. 2).

A escolha correta do material e sua aplicação é uma qualidade a mais para designers

valorizando o trabalho. A visão que o consumidor tem de tal produto pode ser mudada completamente a partir do material utilizado. Devido ao grande volume de opções disponíveis, existe a possibilidade de que produtos existentes estejam sendo produzidos com material adequado (determinado durante seu projeto, através da aplicação de metodologias e ferramentas projetuais), mas não ideal, diz Manzini (1993).

Fatores que devem ser levados em consideração para a seleção de materiais (FERRANTE, 1996 apud TEIXEIRA, 2000, p.10):

a) Resistência dos materiais • dimensionais, de forma e de peso; • resistência de durabilidade; • resistência mecânica e ao desgaste;

b) conhecimento dos processos de transformação • facilidade de fabricação; • número de unidades produzidas; • otimização de custos; • racionalização de processos;

c) disponibilidade do material

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• existência de especificações e códigos; • fonte renovável de matéria-prima;

d) viabilidade de reciclagem • compatibilidade ecológica do material com o meio ambiente; • possíveis prejuízos a terceiros, danos ecológicos, etc.

A seleção e especificação dos materiais é uma etapa fundamental do projeto de design, na qual devem ser considerados todos os fatores éticos e sociais que possam estar envolvidos. O designer não pode esquecer que o seu projeto será realizado e operado por pessoas e que sua finalidade é atender a uma necessidade especial (TEIXEIRA, 1999, p. 11)

Na indústria moveleira tal procura pode não ter tal grande variedade de materiais, mas

é de suma importância, pois o material influi em toda a produção da peça. A utilização de recursos naturais pelas necessidades humanas decorre do maior entendimento da natureza dos materiais, sua estrutura e composição, das formas de processamento e da destreza em transpor esses conhecimentos, com capacidade criativa, ao projeto de Design e, por conseguinte, ao produto final (TEIXEIRA, 2000, p. 29).

Se o material escolhido for madeira maciça, por exemplo, é necessário verificar todo o

processo que a madeira passa até chegar no setor de produção mobiliária, os processos podem variar, e vão influenciar tanto no preço, quanto na qualidade do produto. O selo FSC (Forest

Stewardship Council) é um selo de controle de qualidade de todo o processo de produção da madeira, supervisionando desde o corte da árvore até a produção final. (KLAUS, 2010)

A utilização das madeiras maciças e suas conseqüências

ambientais A madeira, vista como principal matéria-prima para a indústria moveleira, citado por

Teixeira (1999):

Um dos materiais mais antigos utilizados pelo homem vem acompanhando o progresso da humanidade. A presença desse material é sentida de forma direta e indireta, abrangendo aplicações que vão desde a engenharia estrutural, como nas construções, no mobiliário, até roupas de raion e os diversos tipos de papéis (TEIXEIRA, 1999, p. 15).

Por ser um material renovável era bem visto pela indústria em relação a outros

materiais como o petróleo necessário para a produção de polímero. As matérias-primas renováveis são produzidas pela natureza e transformadas pelo homem. Seu tempo de renovação é inferior ou igual ao de uma vida humana. Trata-se de materiais de origem vegetal ou animal, como a madeira, o algodão ou a lã. Uma boa gestão de sua exploração assegura sua regeneração (KAZAZIAN, 2005, p. 42).

Porém, no Brasil, com a grande extração ilegal da madeira, tal remanejo não foi

utilizado e o material começou a ser escasso em algumas regiões. Porém a utilização da madeira continuava apenas crescendo sem nenhuma solução

aparente, e todo este processo não tinha impacto só ambiental, porém também influenciava a sociedade que estava envolta a esta indústria.

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O desenvolvimento crescente da sociedade urbana e industrial surgiu rapidamente e sem muito planejamento, isso gerou conseqüências que estão comprometendo a qualidade de vida, principalmente nos grandes centros. Para reverter alguns desses problemas e prevenir o aparecimento de outros, faz-se necessária a implantação de sistemas de controle ambiental (LIMA, 2005, p. 5).

Mesmo com todos os problemas ambientais, outros fatores tiveram um maior peso

para a procura de novos materiais, pois a madeira tinha como característica problemas em sua estrutura, e sua fragilidade contra organismos xilófagos, a indústria viu nos novos materiais uma maneira de lucrar mais de uma maneira mais rápida e com menos problemas, além de ser uma solução para os problemas ambientais.

O MDF como nova alternativa Com a necessidade evidente de controlar o uso da madeira, a indústria foi obrigada a

repensar alguns conceitos.

As necessidades do Brasil em madeira só poderão crescer. Calcula-se que o país terá precisão, em 1970, de 136 500 000 m³ e, em 1985, de 161 300 000 m³ de madeira de lei – senão mais. Percebe-se do antecedente o quanto importa conhecer cientificamente as nossas árvores, cuidar da sua preservação, e exploração racional, sem os usuais e imensos desperdícios (RIZZINI, 2005, p. 13).

A escassez da própria devido ao desmatamento acelerado pode resultar na perda de um dos principais elementos da natureza necessários para a vida.

A preocupação com a devastação das florestas de madeiras nativas e suas conseqüências no equilíbrio da biodiversidade levou alguns mercados à restrição ou uso parcimonioso da utilização de madeiras nobres como matéria-prima para o fabrico de móveis. Positivamente, essa imposição ecológica remeteu o setor moveleiro para emprego de novos materiais como o MDF (Medium Density Fiberboard) e novas matérias-primas como as madeiras reflorestadas (TEIXEIRA, 2000, p. 30).

O MDF vinha como um material ecologicamente correto e barato, pois sua fabricação

era facilitada em grande produção e com mão-de-obra barata, além de apresentar características semelhantes a madeiras maciças. O uso do MDF foi benéfico à evolução da indústria, pois possibilitava uma nova gama de utilizações, dando assim o que era necessário para novas criações, impulsionando assim não só a indústria moveleira, como também a de design.

Essa nova gama de materiais tinha como característica a sua vasta utilização e também a combinação com outros materiais, isso é citado por Teixeira exemplificando bem o movimento ocorrido na indústria:

O emprego de novas matérias-primas estimulou a utilização combinada de materiais, ou seja, a conjugação de diferentes materiais na confecção do mesmo móvel. Entre os materiais mais comuns utilizados de 'forma combinada" num móvel destacam-se, além da madeira maciça e dos painéis de madeira (lâminas, compensados, aglomerados, chapas de fibras e MDF) , o metal, o couro reconstituído, os polímeros e as borrachas, o vidro, a pedra (mármore ou granito), o vime e o junco (TEIXEIRA, 2000, p. 30).

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Aglomerado de Fibras de Madeira de Média Densidade - MDF O MDF é uma madeira transformada produzida a partir de fibras extraídas da madeira maciça.

MDF é a sigla internacionalmente utilizada para referir “Medium Density

Fiberboard”, que podemos traduzir como “Placa de fibras de Madeira de Média Densidade”. Trata-se de um produto derivado da madeira, produzido a partir das fibras de madeira maciça, aglutinadas por uma resina sintética UF (uréia-formaldeído). Comparativamente a outros produtos derivados da madeira, a distribuição uniforme da fibra em toda a sua espessura permite operações de maquinação precisa, sem prejuízo na qualidade da superfície daí resultante. (TEIXEIRA, 1999, p. 52)

As madeiras maciças das quais se extraem as fibras para produção do MDF são,

geralmente, pinus (Pinus ellioti) ou eucalipto (Eucaliptus grandis), provenientes, na maioria das vezes, de áreas de reflorestamento.

O MDF apresenta elevada resistência e boa maquinabilidade. Sua camada interna resistente permite que se faça usinagem em suas laterais com grande eficácia.

Com o MDF é possível realizar acabamentos de usinagem que não se consegue com outros tipos de chapas de madeira transformada, como o MDP (Medium Density

Particleboards) ou compensados laminados e sarrafeados. Sua camada interna é uniforme e, por não ter sentido único das fibras, permite-se realizar cortes em todos os sentidos obtendo grande resultado. (KLAUS, 2010)

A boa resistência do MDF à tração dificulta que a placa se abra e possibilita que se arranquem parafusos tanto das faces quanto das laterais. Outras grandes características dessa madeira transformada, segundo Teixeira (1999), é que sua estabilidade dimensional é razoavelmente boa se comparada com a madeira maciça, que se movimenta muito no sentido perpendicular do veio, apresenta boa resistência à flexão, resistência estática e módulo de elasticidade.

A chapa de fibras de madeira de alta densidade pode ser utilizada crua ou natural, porém, é excelente para receber uma série de tipos de acabamento como pintura, finish foil – folha decorativa para laminação em painéis à base de madeira – BP (baixa pressão) – decalque prensado a quente que une o protetor melamínico à chapa – revestimento de folhas de madeira natural, fórmica, envernizamento e laca. Em entrevista concedida aos articulistas o Sr. Walter, da indústria Madeiras Eulide (KOOT, 2010), afirma que a utilização do revestimento de lâminas naturais de madeira, apesar de ter um custo um pouco elevado em relação ao BP, valoriza muito o produto que recebe o acabamento, devido à sua alta qualidade e a textura exclusiva que se obtém.

As chapas de MDF são fabricadas com diferentes características, que variam em função de sua utilização final. Como exemplo Teixeira (2010) cita, além das chapas “standard”, as chapas “FR” - resistentes ao fogo – e as chapas “MR” – resistentes à umidade – que são usadas em ambientes externos. Existem também chapas de maior resistência mecânica “HD” (High Density), fabricadas com maior quantidade de fibras e resinas e submetidas à maior pressão obtendo chapas mais densas, o que lhes permite aplicações que requeiram maior resistência à flexão ou ao impacto, como a fabricação de pisos laminados

O MDF é comercializado nas seguintes espessuras: fina (entre 1,8 e 6 mm), média (entre 7 e 35 mm) e grossa (até 60 mm). Esse material é utilizado como alternativa à madeira maciça em painéis de portas, tampos de mesa, frentes de gavetas com topos moldados ou superfícies perfiladas. É utilizado na produção de móveis em geral e em trabalhos de

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decoração, como arranjo de lojas, expositores, painéis de revestimento de paredes, maquetes, jogos, brinquedos entre outros (TEIXEIRA, 2010).

É importante ressaltar as vantagens econômicas do menor custo de painéis aglomerados em comparação aos painéis compensados, decorrentes de fatores como a tecnologia de produção automatizada, maior escala de produção e menor exigência em termos de qualidade das toras. “A produção diária da indústria de MDF é cerca de cem vezes maior do que a produção de compensados, devido ao seu processo ser praticamente todo automático, exigindo assim uma pequena quantidade de mão de obra e reduzindo seu custo extraordinariamente”, diz Walter da indústria Madeiras Eulide (KOOT, 2010).

Decoração em MDF Para decoração são utilizados diversos materiais, entre eles MDP (Partículas de Média Densidade), MDF, aglomerados e compensados. Porém, os que apresentam maiores vantagens para o uso são o MDP e o MDF. O MDP se destaca na produção de móveis de linhas retas, que não necessitem de entalhos, cortes e trabalhos na madeira, devido ao seu baixo custo. É mais indicado para móveis em ambientes que possuem maior umidade, já que retém a água por menos tempo em relação a outros materiais. Já o MDF tem vantagens até sobre madeiras maciças, como peças em maiores dimensões, estabilidade dimensional, uniformidade, boa resistência a variação de temperatura, e ótima trabalhabilidade. Possibilita todos os tipos de revestimentos, como pinturas, impressões e colagens, além de permitir cortes em todos os sentidos. Outras vantagens são o bom acabamento, e a produção ecologicamente correta, “Queremos nos apropriar de processos materiais passíveis de larga industrialização sem abandonar a postura de experimentação.” (CAMPANA, 2009, p. 91-92)

O Uso do MDF na indústria moveleira é bem acentuado em lojas de móveis planejados, essas fazem uso de módulos prontos, pela fabrica, onde a principal matéria prima é o MDF e o MDP, o MDF é bem mais valorizado, mais caro e mais procurado do que o MDP “Os clientes sentem mais segurança no uso do MDF, eles pagam mais caro pelo material” (OLIVEIRA, 2010), geralmente empregado no acabamento externo, o interno em alguns móveis é o MDP. É vendida toda a mobília com esses dois materiais, desde estantes a camas, como a loja só vende módulos, o cliente é atendido, geralmente, por profissionais qualificados para executar o planejamento da peça que pretende mobiliar, onde a praticidade, o conforto e a estética são os principais fatores.

O MDF, porém, não apresenta essa exclusividade em lojas que visam o design e a menor escala de produção daquele móvel. É utilizado principalmente em armários, cômodas, estantes e raques para sala e quartos, pois possui menos umidade, também sendo empregado nos armários da cozinha em menor escala, perdendo para o MDP que possui a qualidade de reter por menor tempo a umidade. Em mesas, o tampo quando não de vidro é de MDF, mas na estrutura restante é feito de Pinus Eliotti (madeira reflorestada), também foi bastante encontrado o Pinus na estrutura de sofás, cadeiras e camas. Ha muito mais cadeiras de polímeros e metais (liga de Alumínio), assim como em utensílios decorativos. Na decoração, o MDF é bem presente em painéis, luminárias, molduras para quadros e caixas decorativas, além de biombos.

O MDF é um material muito usado pelos designers da T&S Design, pois origina um bom produto final, sua estética agrada os clientes, principalmente as mulheres, pois é mais leve e bonito que o Pinus envernizado (MOURA, 2010).

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O design em Curitiba Curitiba é um importante foco de crescimento de design, tanto que sediou em 2010 a

Bienal Brasileira de Design. Muito divulgada, o país e o mundo tiveram a atenção voltada para a capital do Paraná. Houve mobilização geral da população, a qual proporcionou o comparecimento maior que o esperado devido à tamanha divulgação. O conhecimento de leigos sobre o design e profissionais de renome e o intercâmbio de idéias, foram os resultados obtidos.

Ullmann (2010) comenta sobre as amostras abertas ao publico, com ênfase no design sustentável. Uma delas, a mostra Reinvenção da Matéria, mostrou um panorama sobre os materiais (naturais e artificiais) que podem ser utilizados de maneira ecológica, incluindo-se aí a questão do reuso e da reciclagem.

O estilo curitibano de design de interiores exposto por Castro em CASACOM (2010), com foco em móveis, teve grande destaque no cenário brasileiro. É muito utilizado o MDF em racks (fig. 02), tampos (fig. 03), camas (fig. 04), e painéis (fig. 07), escrivaninhas (fig. 06), estantes (fig. 08), criados-mudo (fig. 09), biombos e balcões (fig. 10). Decoradores e designers preferem o MDF pela praticidade e qualidade reconhecida principalmente por ser um material ecológico. O design curitibano também se destaca em concursos segundo a matéria de FIGUEIRA (2010). Daniel Mazer, ganhador do projeto Box Doodle na Europa e Diogo Slzler Bettega, participou do concurso opções mais criativas em design e comunicação, da YUP Brasil e venceu entre 22 concorrentes de diversos estados (CASACOM, 2010).

O design Daniel Mazer possui uma linha onde uma de suas matérias-primas é o MDF, ele projeta objetos decorativos para uma loja de decoração, como luminárias (fig. 01), painéis, móbile, moldura de porta retrato (fig. 05), entre outros.

Nomes paranaenses reconhecidos participaram da Bienal Brasileira de Design em Curitiba 2010 entre eles Guilherme Bender, Jorge de Menezes, Ronaldo Rego Leão, Manoel Coelho e Rubens de Palma Sanchotene destaca BASTIAN (2010).

Guilherme Bender: um dos grandes nomes do design curitibano. Guilherme foi designer da Móveis Cimo, gerenciou o departamento de desenvolvimento de produtos da Vogue, fez parte do grupo “pioneiros do Paraná”. Alguns de seus trabalhos foram premiados na MovelSul e foi um dos autores do projeto “memórias do design no Paraná”. Seu conceito de design é sempre inovar, com qualidade e consciência.

Jorge de Menezes: um dos primeiros designers no sul do Brasil desde 1964 contabilizando 45 anos de trabalho. Com a CEO produz pesquisa, comunicação de produto, embalagem, publicação de projetos, design gráfico ambiental, e projetos de móveis.

Manoel Coelho: o escritório MCA Manoel Coelho Arquitetura & Design Ltda., há 40 anos atua como Designer, Arquiteto e Urbanista, trabalhando em projetos para a cidade de Curitiba, arquitetura de interiores, gerenciamento de obras, design de produto e móveis. Participou do processo de Planejamento Urbano de Curitiba com vários projetos para a cidade e recebeu várias premiações destacando-se o Prêmio pelo Conjunto da Obra no XV Congresso Brasileiro de Arquitetos Oscar Niemeyer; Prêmio pelo Projeto de Sinalização e Mobiliário Urbano de Curitiba na 3ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo; Prêmio de Excelência na 2ª Bienal Brasileira de Design; além de participações na Bienal de Arquitetura de Buenos Aires, e Bienal Mundial de Arquitetura de Sofia, Bulgária.

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Figura 1: Luminária em MDF Fonte: Articulistas

Figura 2: Rack em MDF e MDP Fonte: Articulistas

Figura 3: Mesa com tampo em MDF Fonte: Articulistas

Figura 4: Conjunto de cama em MDF Fonte: Articulistas

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Figura 5: Porta-retratos em MDF Fonte: Articulistas

Figura 6: Estante e escrivaninha em MDF Fonte: Articulistas

Figura 7: Painel decorativo em MDF Fonte: Articulistas

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Figura 8: Estante em MDF Fonte: Articulistas

Figura 9: Criado em MDF

Fonte: Articulistas

Figura 10: Biombo e balcão em MDF Fonte: Articulistas

Conclusão Em meio aos problemas ocasionados pela utilização da madeira maciça, foi necessário buscar uma solução de material que demonstrasse características iguais ou superiores. O MDF, devido à sua excelente usinabilidade e alta resistência a organismos xilófagos, tornou-

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se indispensável à indústria moveleira. Essa matéria-prima recente é, principalmente, de grande importância para o meio ambiente, uma vez que utiliza em sua composição fibras de madeira de reflorestamento e de manejo sustentável. O conteúdo apresentado ressalta as inúmeras características que comprovam a grande vantagem desse novo recurso e mostra que, a partir dele, podem-se produzir quaisquer objetos ou peças de decoração para o lar. Logo, o artigo mostra-se como material de referência a designers e outros profissionais que buscam novas alternativas para desenvolvimento de projetos em madeira, especialmente móveis e peças decorativas.

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Disponível em: http://www.flickr.com/photos/casacombr/3596040676/in/photostream/ Acesso em: 04 nov 2010. ESCOBAR, Andrés Hernando Valencia. Materiales y procesos de manufactura en Innovación. Metodología para innovar desde nuevas perspectivas. Buenos Aires: In: ENCUENTRO LATINOAMERICANO DE DISEÑO, 1, 2006, Buenos Aires. Actas de Diseño do I Encuentro Latinoamericano de Diseño. Buenos Aires: Facultad de Diseño y Comunicación. Universidad de Palermo, 2006 (agosto, Año 1, nº1). FERROLI, Paulo Cesar Machado; LIBRELOTTO, Lisiane Ilha; MAEM-6F – Método Auxiliar para Escolha de Materiais em Seis Fatores: Apresentação. In: CONGRESSO BRASILEIRO EM PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN, 7, 2006. Anais do 7º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Curitiba: UFPR, 2006 FIGUEIRA, Gustavo. Design curitibano é selecionado em mostra de design na Europa, Paran@Shop, Disponível em: http://www.paranashop.com.br/colunas/colunas_n.php?id=12889&op=gente&PHPSESSID=e3f819779cac5e21be4fe438471898e0. Acesso em: 04 nov 2010. KAZAZIAN, Thierry. Design e desenvolvimento sustentável: haverá a idade das coisas leves. São Paulo: SENAC, 2005. KLAUS, Cristiane. Entrevista cedida aos alunos do curso de Bacharelado em Design da UTFPR em visita técnica à Comporta LTDA na disciplina de Materiais e Processos de Fabricação 1. Curitiba: segundo semestre de 2010. LIMA, Elaine Garcia de. Diagnóstico ambiental de empresas de móveis em madeira situadas no pólo moveleiro de Arapongas-Pr. Curitiba, 2005. Dissertação (mestrado me Engenharia Florestal) – setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná.

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MANZINI, Ezio. A Matéria da Invenção. Porto (Portugal): Ed. Porto, 1993. MOURA, Ana. Entrevista concedida aos alunos do curso de Bacharelado em Design da UTFPR em visita técnica à loja Tok & Stok. Curitiba: segundo semestre de 2010. OLIVEIRA, Andreo. Entrevista concedida aos alunos do curso de Bacharelado em Design da UTFPR em visita técnica à loja DellAnno. Curitiba: segundo semestre de 2010. RIZZINI, Carlos Toledo. Árvores e madeiras úteis do Brasil: manual de dendrologia brasileira. São Paulo: Edgar Blücher, 2005 TEIXEIRA, Joselena de Almeida. A utilização dos materiais no design e a competitividade da indústria moveleira da região metropolitana de Curitiba: um estudo de caso. Florianópolis, 2000. 133 f. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. TEIXEIRA, Joselena de Almeida. Design & Materiais. Curitiba: CEFET-PR, 1999. TEIXEIRA, Joselena de Almeida. Notas de aula da disciplina de Materiais e Processos de Fabricação 1, do Curso de Design da UTFPR – Campus Curitiba, 2º semestre de 2010. KOOT, Walter. Entrevista cedida aos alunos do curso de Bacharelado em Design da UTFPR em visita técnica à Madeiras Eulides na disciplina de Materiais e Processos de Fabricação 1. Curitiba: segundo semestre de 2010. ULLMANN, Christian. A capital do estado de Paraná é o grande destaque - Bienal do design brasileiro, Design Brasil. Disponível em: http://www.designbrasil.org.br/artigo/capital-do-estado-de-parana-e-o-grande-destaque-bienal-do-design-brasileiro. Acesso em: 04 nov 2010 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ - UTFPR. Normas para elaboração de trabalhos acadêmicos. Curitiba: Sistemas de Bibliotecas. Reitoria, UTFPR, 2008.