A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO ATENDIMENTO...
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
ALZENI VIEIRA DA SILVA RODRIGUES
A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO ATENDIMENTO PEDAGÓGICO
DOMICILIAR NA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE CURITIBA
CURITIBA
2016
ALZENI VIEIRA DA SILVA RODRIGUES
A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NO ATENDIMENTO PEDAGÓGICO
DOMICILIAR NA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE CURITIBA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de Seminário de Produção Científica da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Pedagoga. Orientadora: Profª: Maria Iolanda Fontana
CURITIBA
2016
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho aos meus pais que me deram a vida, ao meu marido e
filhos amados e a todos os professores que estiveram presentes durante minha
trajetória na Universidade.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me oferecido a oportunidade de
obter essa conquista. Agradeço em especial a minha família por estarem sempre ao
meu lado, principalmente nesta etapa tão importante de minha vida e que, com
todas as dificuldades sempre foram pacientes, me apoiaram e me acompanharam
durante o meu percurso no ensino superior. E a minha querida orientadora Profª
Maria Iolanda Fontana, que me conduziu na realização deste trabalho com
dedicação, seu apoio e sugestões apresentadas.
Deixo aqui meu agradecimento, a todas as pessoas que de uma maneira ou
de outra, contribuíram para que eu chegasse até aqui. A equipe de professores que
foram a base dos meus conhecimentos.
Sou grata a todos vocês...
RESUMO
Esse trabalho vem apresentar uma análise e reflexão no que diz respeito à atuação do pedagogo no Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD) voltado as crianças/ adolescentes que se encontram impossibilitados de frequentar a escola por algum problema de saúde. Problematiza-se quais são os objetivos do atendimento pedagógico domiciliar e quais são os saberes necessários para o profissional desenvolver esse trabalho? De acordo com o documento “Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar - estratégias e orientações” (MEC/SEESP, 2002), APD é o atendimento educacional que ocorre em ambiente domiciliar, decorrente de problema de saúde que impossibilite o educando de frequentar a escola ou esteja ele em casas de passagem, casas de apoio, casas-lar e/ou outras estruturas de apoio da sociedade. A pesquisa teve como objetivo investigar os saberes necessários à atuação do pedagogo na concretização dos objetivos do atendimento pedagógico domiciliar para crianças e adolescentes no Município de Curitiba, identificando as atribuições e a prática pedagógica nesse atendimento. O método de pesquisa deste projeto é de abordagem qualitativa, com base em estudo bibliográfico, documental e pesquisa de campo. Para auxiliar nesta construção, utilizou-se os seguintes autores, sobre a Pedagogia Hospitalar Matos e Mugiatti (2001) e (2012), Fontes (2005) e (2008), sobre o Atendimento Pedagógico Domiciliar Fontana e Salamunes (2009), Neves (2011). Além desses autores, também foram utilizados documentos oficiais sobre o assunto: Decreto Lei nº 1.044/69; Constituição Federal/88; Lei nº 8.069/90 (ECA) Estatuto da Criança e do Adolescente; Lei nº 9.394/96 – (LDB) Lei de Diretrizes e Bases da Educação; Resolução nº02/2001 - CNE/CEB e o documento Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações (MEC/SEESP, 2002). Os resultados da pesquisa revelam que o APD realizado pela Secretaria Municipal de Curitiba tem o objetivo da aprendizagem do aluno, evitando defasagem na aprendizagem. Conforme a entrevistada, o professor deve realizar esse trabalho com ética profissional, planejar as atividades de acordo com as necessidades de cada aluno, orientar a família e avaliá-los de forma contínua e processual, o que contempla o que está disposto nas Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia.
Palavras chave: Atendimento Pedagógico Domiciliar; saberes do Pedagogo; prática pedagógica.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................9
2 METODOLOGIA..................................................................................................11
3 POLÍTICAS DE INCLUSÃO: O DIREITO AO ATENDIMENTO
PEDAGÓGICO DOMICILIAR..............................................................................13
3.1 A EDUCAÇÃO HOSPITALAR NO CONTEXTO BRASILEIRO E SUAS
ESPECIFICIDADES.............................................................................................18
4 A ESCOLARIZAÇÃO HOSPITALAR E O ATENDIMENTO PEDAGÓGICO
DOMICILIAR NO MUNICÍPIO DE CURITIBA.....................................................23
4.1 A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL QUE ATUA NA ESCOLARIZAÇÃO
HOSPITALAR NO MUNICÍPIO DE CURITIBA....................................................27
5 O ATENDIMENTO PEDAGÓGICO DOMICILIAR NA SME DE CURITIBA:
PRÁTICAS E DESAFIOS....................................................................................31
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................40
REFERÊNCIAS..........................................................................................................42
APÊNDICE - ROTEIRO DE ENTREVISTA................................................................44
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1 INTRODUÇÃO
O interesse em pesquisar sobre a temática Pedagogia Hospitalar despertou
durante o primeiro período do curso, na disciplina de Metodologia da Pesquisa em
Educação. Pois até então não sabia que dentro dos hospitais o pedagogo poderia
desenvolver uma ação pedagógica e que crianças e adolescentes poderiam dar
continuidade aos seus estudos estando hospitalizados e ou em seu domicílio.
O tema é recente e ainda pouco explorado no meio acadêmico, por tal
razão, entende-se ser relevante o estudo do assunto apresentado com o propósito
de conhecer a atuação do pedagogo no Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD),
onde se faz necessário o exercício de sua profissão junto a crianças afastadas do
ambiente formal da escola por motivos de saúde.
A escolarização hospitalar consiste em atender a criança/adolescente
hospitalizado, a um atendimento pedagógico específico, de acordo com seu
problema de saúde e sua situação escolar. Já o APD consiste no atendimento
pedagógico na casa da criança/adolescente que não necessita de internação ou que
já teve alta hospitalar, mas que ainda está impossibilitado de frequentar a escola por
alguma limitação na sua saúde.
O trabalho pedagógico seja ele dentro dos hospitais ou no atendimento
domiciliar visa dar continuidade ao processo ensino-aprendizagem, fazendo com
que o aluno ao retornar à sua escola de origem, não venha se sentir em
desvantagem aos demais colegas, ocasionando o fracasso escolar. Também
possibilita a permanência do vínculo com sua escola e com seu cotidiano.
A proposta da classe hospitalar brasileira é a de dar continuidade às
atividades escolares das crianças e adolescentes hospitalizados, cuidando para que
haja uma interação harmoniosa entre as ações educativas a serem realizadas para a
inclusão dessa criança e a realidade hospitalar. Neste sentido, o trabalho
pedagógico a estes alunos impossibilitados de frequentar a sua escola de origem, é
visto como uma prática que humaniza.
No Brasil, a oferta de atendimento pedagógico às crianças e adolescentes
hospitalizados ou que esteja em casa em tratamento de saúde, apesar de estar
prevista na legislação como direito, ainda é desconhecida do meio educacional e
hospitalar. São encontradas poucas publicações e estudos referentes à temática, e
também as políticas não são claras em relação a esse atendimento.
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A Pedagogia Hospitalar nos dias atuais é vista como um conhecimento a
mais dentro da área da educação, por meio dela se leva e transmite conhecimento,
não importando o espaço em que está sendo trabalhado, mas sim o aluno que
necessita deste apoio fora do espaço escolar.
Sendo assim se torna fundamental a formação específica do profissional que
vai desenvolver o trabalho de ensino-aprendizagem com alunos hospitalizados ou
enfermos, tendo em vista que se trata de alunos especiais, com necessidades
específicas.
Entende-se que o elo construído por meio do acompanhamento pedagógico
hospitalar ou domiciliar será um diferencial na vida desses alunos, pois possibilita a
continuidade de seus estudos, e ao seu retorno à escola sem a perda das atividades
e estudos decorrente deste período.
Neste sentido, levantam-se as seguintes problemáticas norteadoras desta
pesquisa: Quais são os objetivos do Atendimento Pedagógico Domiciliar e quais são
os saberes necessários para o profissional desenvolver esse trabalho? Para
responder a problematização define-se como objetivo geral: Investigar os saberes
necessários à atuação do pedagogo na concretização dos objetivos do atendimento
pedagógico domiciliar para crianças e adolescentes no Município de Curitiba. Os
objetivos específicos são:
Verificar as orientações da legislação sobre o Atendimento Pedagógico Domiciliar;
Investigar a produção teórica sobre a Pedagogia Hospitalar e Domiciliar e o trabalho
pedagógico nestes contextos;
Descrever a importância e as contribuições da Pedagogia Hospitalar para a
educação de crianças e adolescentes no ambiente domiciliar;
Verificar as atribuições do pedagogo no atendimento pedagógico domiciliar;
Compreender quais são os objetivos e saberes necessários à atuação pedagogo no
contexto domiciliar.
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2 METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa é de abordagem
qualitativa, considerando que tem como elemento de análise a realidade na qual o
Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD) é realizado, ou seja, a Secretaria
Municipal de Educação de Curitiba (SMEC) com o profissional que é responsável
por coordenar esse trabalho com crianças e adolescentes, que por algum problema
de saúde estão impossibilitados de frequentar a escola. Para Lüdke e André (2013,
p.12-14) a pesquisa qualitativa se caracteriza como:
1.Tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como principal instrumento; 2. Os dados coletados são predominantemente descritivos; 3. A preocupação com o processo é muito maior que com o produto; 4. O significado que as pessoas dão as coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador; 5. A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo.
Para realizar esta pesquisa utilizou-se como fontes de dados a legislação
que fundamenta o APD e os documentos oficiais que regulamentam esse
atendimento na SME. Também foi utilizada como fonte de dados a pesquisa
empírica, que foi realizada no dia 26 de outubro com o profissional responsável pelo
planejamento do APD na Rede Municipal de Ensino de Curitiba. A pesquisa
documental teve como fundamento, fornecer dados das leis vigentes que amparam
legalmente o Atendimento Pedagógico Domiciliar a crianças/adolescentes realizado
pela SMEC.
O procedimento adotado para a realização da pesquisa foi a entrevista, com
5 (cinco) questões voltadas para a proposta do APD e outras 6 (seis) questões
voltadas para a prática pedagógica do pedagogo no APD, todas elas
semiestruturadas, preestabelecidas feitas anteriormente pelo entrevistador. Os
dados coletados serão analisados e embasados no diálogo com a literatura e
legislação existente referente ao tema em questão.
Definiu-se pela entrevista, como explica Ribeiro (2008, p.13) por representar
uma técnica de coleta de dados mais pertinente quando o pesquisador quer obter
informações a respeito de seu objeto, podendo ir além das descrições das ações,
“incorporando novas fontes para a interpretação dos resultados pelos próprios
entrevistadores”.
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O objetivo da pesquisa de campo se deu pelo fato de procurar compreender
quais são os objetivos do APD e também quais são os saberes necessários que o
profissional deve ter para a prática pedagógica junto aos alunos que estão em sua
residência impossibilitados de ir a escola por questões de saúde, ou ainda, aqueles
alunos que pelo mesmo motivo nunca chegaram a frequentar a escola.
Para contemplar os objetivos propostos, este trabalho está organizado em
três capítulos:
O primeiro capítulo, Políticas de inclusão: o direito ao atendimento
pedagógico domiciliar aborda os parâmetros legais e a contextualização das
políticas públicas de inclusão de crianças com necessidades especiais no contexto
do Atendimento Pedagógico Domiciliar, promovendo desta forma o seu direito a
educação e a formação para a cidadania.
O segundo capítulo, A escolarização hospitalar e o atendimento pedagógico
domiciliar no Município de Curitiba discute a partir da pesquisa bibliográfica sobre a
Pedagogia Hospitalar e o Atendimento Pedagógico Domiciliar a sua contribuição
para alunos que se encontram afastados da sala de aula.
No terceiro e último capítulo, O Atendimento Pedagógico Domiciliar na SME
de Curitiba: práticas pedagógicas e desafios, será apresentada a análise da
pesquisa empírica que constará da entrevista com o profissional da Secretaria
Municipal de Educação de Curitiba (SMEC) que coordena o Atendimento
Pedagógico Domiciliar (APD) de crianças e adolescentes impossibilitados
temporariamente de frequentar a escola.
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3 POLÍTICAS DE INCLUSÃO: O DIREITO AO ATENDIMENTO PEDAGÓGICO
DOMICILIAR
A universalização do acesso às escolas por meio da inclusão é uma ação
política, cultural, social e pedagógica iniciada como uma forma de garantir o direito
de todos os educandos de participarem de atividades escolares e aprenderem
juntos, sem que haja qualquer tipo de discriminação.
Esse direito ao acesso à educação para todos, têm gerado a necessidade de
uma educação em diferentes contextos, ultrapassando os muros das escolas. A
necessidade de criação de escolas nos hospitais e o atendimento em domicílio já
são reconhecidos pela legislação brasileira como um direito às crianças e
adolescentes.
No Brasil, este serviço de atendimento escolar ao aluno com restrições
atribuídas por motivo de saúde, que lhe impossibilita de frequentar as aulas em sala,
está amparado nas seguintes leis: Decreto Lei nº 1.044/69, art. 1°, que dispõe sobre
tratamento excepcional para alunos portadores de afecções; Constituição
Federal/88, art.205; Lei nº 8.069/90 – (ECA) Estatuto da Criança e do Adolescente;
Lei nº 9.394/96 – (LDB) Lei de Diretrizes e Bases da Educação; Resolução
nº02/2001 – CNE/CEB – institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
na Educação Básica; documento intitulado Classe Hospitalar e Atendimento
Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações, editado pelo MEC em 2002.
A inclusão educacional abrange o reconhecimento e o atendimento às
diferenças de qualquer aluno que possua dificuldades de aprendizagem, sejam elas
causadas por fatores internos ou externos, temporárias ou permanentes.
O Decreto Lei nº 1.044 de 21 de outubro de 1969 que dispõe sobre
tratamento excepcional para os alunos portadores das afecções, em seus artigo 1° e
2° estabelece o tratamento excepcional para alunos portadores de afecções
congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismos ou outras condições mórbidas. A
esses estudantes são propostos “exercícios domiciliares com acompanhamento da
escola, compatíveis com seu estado de saúde e as possibilidades do
estabelecimento”, como compensação da sua ausência nas aulas. (BRASIL, 1969,
p.1). Portanto observa-se neste documento a possibilidade do atendimento em
domicílio para crianças e adolescentes.
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O direito à educação ganhou força de lei em todo território brasileiro com a
promulgação da Constituição da República Federal do Brasil, em 05 de outubro de
1988. O Cap. III Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I Da Educação trata
em seu artigo 205 que:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988).
O artigo 214 da Constituição Federal do Brasil, afirma ainda que as ações do
poder público devem conduzir à universalização do atendimento escolar. Entretanto,
diversas circunstâncias podem interferir na permanência escolar ou nas condições
de construção do conhecimento ou, ainda, impedir a frequência escolar, temporária
ou permanentemente.
Dessa maneira entende-se, que quando se fala do direito de todos à
educação, inclui também a criança e o adolescente hospitalizado ou que se encontra
em casa impossibilitado de frequentar a escola regular.
A partir da Constituição Federal do Brasil em 1988, outros fundamentos
legais foram surgindo como forma de garantir e amparar este direito à educação.
No início da década de 90 foi aprovada a Lei n. 8.069/90 (ECA) Estatuto da
Criança e do Adolescente trata os direitos fundamentais à saúde, educação, dentre
outros. Em seu artigo 4º confirma e reforça o direito constitucional da criança a
educação:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 1990, p.1).
No artigo 5°, complementa garantindo que:
Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. (BRASIL, 1990, p. 2).
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Compreende-se deste modo, que há o respaldo legal e, por isso, a
necessidade de discussão em torno do direito à educação em contexto hospitalar.
Em âmbito internacional acontecia nos dias 5 a 9 de março de 1990 um
marco muito importante para a educação inclusiva, quando foi aprovada na cidade
de Jomtien na Tailândia, a Declaração Mundial de Educação para Todos/UNESCO,
com o intuito de impulsionar os esforços para oferecer a educação adequada para
toda a população em seus diferentes níveis de ensino. Esta declaração serve de
referência para governos, organizações internacionais, ONGs e todos que de uma
maneira ou outra estão envolvidos com uma educação para todos.
Outro marco importante aconteceu entre 7 a 10 de junho de 1994, quando
foi elaborada pela UNESCO a Declaração de Salamanca, na Espanha. É um
documento das Nações Unidas que reafirma que a educação de pessoas com
necessidades especiais seja parte integrante do sistema educacional.
A Declaração de Salamanca ampliou o conceito de necessidades
educacionais especiais, incluindo todas as crianças que não estejam conseguindo
se beneficiar com a escola, seja por qual motivo for. Desta maneira, a ideia de
"necessidades educacionais especiais" passou a incluir, além das crianças com
deficiências, aquelas que estejam experimentando dificuldades temporárias ou
permanentes, as que estejam repetindo continuamente os anos escolares, as que
sejam forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas, as que moram distantes de
quaisquer escolas, as que vivem em condições de extrema pobreza ou que sejam
desnutridas, as que sejam vítimas de guerra ou conflitos armados, as que sofrem de
abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais, ou as que simplesmente estão fora
da escola, por qualquer motivo que seja.
A Lei n. 9.394 de 1996 LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional), que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, em seu artigo
58, esclarece que educação especial é modalidade da educação escolar oferecida
na rede regular de ensino para educandos com necessidades especiais. No
parágrafo segundo deste artigo, fica assegurado que este serviço poderá se dar em
outros ambientes caso não for possível sua integração nas classes comuns do
ensino regular, a saber:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do
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desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. (BRASIL, 1996, p.19).
A importância de crianças e adolescentes frequentarem formas alternativas
de oferta e organização de ensino, de modo a terem garantidos os direitos à
educação e a saúde durante o período de internamento e/ou tratamento domiciliar,
estão prescritos em lei e demandados como uma ação inclusiva muito importante,
pois os alunos não perdem o vínculo com sua escola de origem. Nesse sentido, é
uma ação contra a evasão escolar, pois oportuniza ao aluno a continuidade do
atendimento educacional adequado de acordo com sua escola de origem, promove
o acesso e permanência na escola, a democratização da educação e o respeito pela
pessoa humana e pelas suas necessidades especiais.
A Resolução nº 2, de 11 de setembro de 2001, da Câmara de Educação
Básica do Conselho Nacional de Educação, que instituiu as Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica, prevê, em seu artigo 13, que:
Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio. § 1° As classes hospitalares e o atendimento em ambiente domiciliar devem dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de alunos matriculados em escolas da Educação Básica, contribuindo para seu retorno e reintegração ao grupo escolar, e desenvolver currículo flexibilizado com crianças, jovens e adultos não matriculados no sistema educacional local, facilitando seu posterior acesso à escola regular. (BRASIL, 2001, p.4).
Segundo a Resolução, as classes hospitalares e o atendimento em ambiente
domiciliar devem dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo
de aprendizagem de alunos matriculados em escolas da Educação Básica,
contribuindo para seu retorno e reintegração ao grupo escolar, e desenvolver
currículo flexibilizado com crianças, jovens e adultos não matriculados no sistema
educacional local, facilitando seu posterior acesso à escola regular.
Em dezembro de 2002, com base na legislação vigente, a Secretaria de
Educação Especial do MEC edita o documento intitulado Classe hospitalar e
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Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações, em que se
encontram os princípios, os objetivos e as formas de organização e funcionamento
administrativo e pedagógico das classes hospitalares e do atendimento pedagógico
domiciliar.
O atendimento educacional hospitalar e o atendimento pedagógico domiciliar devem estar vinculados aos sistemas de educação como uma unidade de trabalho pedagógico das Secretarias Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Educação, como também às direções clínicas dos sistemas e serviços de saúde em que se localizam. (MEC, SEESP, 2002 p.15).
Este documento tem como objetivo estimular a criação do atendimento
pedagógico hospitalar e domiciliar, garantindo a educação aos alunos das escolas
regulares que estejam hospitalizados assim indicando:
Cumpre às classes hospitalares e ao atendimento pedagógico domiciliar elaborar estratégias e orientações para possibilitar o acompanhamento pedagógico-educacional do processo de desenvolvimento e construção do conhecimento de crianças, jovens e adultos matriculados ou não nos sistemas de ensino regular, no âmbito da educação básica e que se encontram impossibilitados de frequentar escola, temporária ou permanentemente e, garantir a manutenção do vínculo com as escolas por meio de um currículo flexibilizado e/ou adaptado, favorecendo seu ingresso, retorno ou adequada integração ao seu grupo escolar correspondente, como parte do direito de atenção integral. (MEC, SEESP, 2002 p.13)
O mesmo documento define o Atendimento Pedagógico Domiciliar, como
sendo:
Atendimento que ocorre em ambiente domiciliar, quando o estudante encontra-se com problemas de saúde que o impossibilita de frequentar regularmente os espaços escolares, ou esteja em casa de apoio/recuperação de saúde ou em outras estruturas de apoio da sociedade. Estes estudantes devem receber respaldo da família e da unidade escolar a qual estão matriculados, tendo apoio didático pedagógico e adaptações físicas necessárias que lhe garantam igualdade de condições para o acesso ao conhecimento e continuidade de seus estudos de acordo com currículo escolar vigente. (MEC, SEESP, 2002 p.13).
Ele aborda que compete às Secretarias de Educação, atender à solicitação
dos hospitais para o serviço de atendimento pedagógico hospitalar e domiciliar, a
contratação e capacitação dos professores, a provisão de recursos financeiros e
materiais para os referidos atendimentos.
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A LDB nº 9.394/96 em seu artigo 11 prevê que os municípios se incumbirão
de organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus
sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos
estados.
Compreende-se que a dignidade humana é construída pela integração e
pela participação direta no respeito aos direitos humanos, na igualdade de
oportunidades e no compromisso que a sociedade estabelece com os indivíduos que
a compõem. Portanto, deve-se haver convicção para se construir uma sociedade
inclusiva, norteada por princípios que acolham as necessidades de todos,
propiciando a superação das diferenças e das desigualdades.
A formação das classes hospitalares é resultado do reconhecimento formal
das necessidades educativas e dos direitos de cidadania das crianças
hospitalizadas, em que se abrange a escolarização. Uma sociedade para todos, em
que as diferenças são consideradas e respeitadas, passa pela educação de
qualidade e acessível a todos.
3.1 A EDUCAÇÃO HOSPITALAR NO CONTEXTO BRASILEIRO E SUAS
ESPECIFICIDADES
No Brasil segundo Fonseca (2001) citado por Fontes (2005, p.22) o
processo de ensino-aprendizagem no contexto hospitalar teve início na década de
50 no Estado do Rio de Janeiro, no Hospital Jesus, sendo a classe mais antiga em
funcionamento. O objetivo era que as crianças hospitalizadas pudessem dar
continuidade aos seus estudos sem danos quando retornassem as suas escolas
regulares.
Esse atendimento era destinado às crianças com paralisa infantil que
permaneciam internadas por muito tempo. Segundo Fontes (2005, p.22), “esse
trabalho não era exatamente o de Pedagogia Hospitalar, mas a escolarização da
criança hospitalizada” e complementa dizendo:
O objetivo predominante não era levar a criança a compreender aquele universo, mas levá-la a não perder o ano letivo, acompanhando o conteúdo curricular dentro do hospital. (FONTES, 2005, p. 22).
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No contexto brasileiro, a escolarização hospitalar foi denominada de Classe
Hospitalar em 1994, com a publicação da Política Nacional de Educação Especial
(MEC/SEESP, 1994). É compreendida na modalidade de Educação Especial por
atender crianças/adolescentes, considerados com necessidades educativas
especiais, em decorrência de apresentarem dificuldades no acompanhamento das
atividades curriculares por condições de limitações específicas de saúde. Tem por
objetivo propiciar o acompanhamento curricular do aluno quando este estiver
hospitalizado ou em tratamento médico domiciliar garantindo a manutenção do
vínculo com as escolas por meio de um currículo flexibilizado (MEC/SEESP, 2002,
p.13) e com o passar do tempo se fortalecendo no foco da luta pelo direito à
educação e pela humanização no atendimento hospitalar.
A implantação das classes hospitalares nos hospitais pretende integrar a
criança acometida por algum problema de saúde no seu novo modo de vida tão
rápido quanto possível pelo processo de inclusão, dando continuidade ao sua
aprendizagem dentro de um ambiente acolhedor e humanizado, favorecendo as
suas relações sociais e familiares, fatores que estimulam a autoestima e o
desenvolvimento da criança e do adolescente, logo é um vínculo que a criança
mantém com seu mundo exterior.
Matos e Mugiatti (2012, p.27) defendem que essa atenção à criança
contribui não somente para o aprendizado, mas também aos fatores sociais e
psicológicos.
A vivência prática tem demonstrado que a privação da escola do convívio salutar com seus companheiros pode acarretar ilimitados prejuízos à criança (adolescente) hospitalizada, traduzidos em traumas e, muitas vezes, até de alteração de conduta, diante das limitações impostas pelo ambiente hospitalar. É obvia, portanto, a existência de ressentimentos pela falta da família e de seu meio social, em especial da escola. (MATOS e MUGIATTI, 2012, p. 27).
No Brasil o campo de atuação do atendimento das classes hospitalares seja
dentro dos hospitais ou na modalidade do atendimento domiciliar ainda é pequeno.
Embora o objetivo da proposta das classes hospitalares é garantir às crianças e
adolescentes o direito a esse atendimento que está previsto pela Constituição
Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB) e em outras legislações afins, porém muitas pessoas ainda
desconhecem esse direito.
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De acordo com Matos e Mugiatti (2012, p. 48) “no Brasil, a grande maioria
dos hospitais não possui atendimento ao escolar hospitalizado. Ainda não há um
reconhecimento satisfatório no sentido de que as crianças e os jovens hospitalizados
têm o direito à educação”.
Nesse sentido, explicam as autoras Matos e Mugiatti (2012, p. 68) que
escolarização hospitalar nasceu da ideia de que crianças/adolescentes
hospitalizados, não devem descontinuar o seu processo de ensino aprendizagem,
evitando dessa forma que venham passar por uma repetência ou interrupção da sua
aprendizagem, sendo que estes fatores também interferem na recuperação da sua
saúde.
Ainda segundo as autoras, a justificativa da Pedagogia Hospitalar se deu
pelo fato da “necessidade da existência de uma práxis e uma técnica pedagógica
nos hospitais”, ou seja, “um saber voltado à criança/adolescente no contexto
hospitalar envolvido no processo ensino-aprendizagem”. (Matos e Mugiatti, 2012,
p.85).
De acordo com o documento elaborado pelo Ministério da Educação e
Cultura (MEC) e pela Secretaria de Educação Especial (SEESP) em 2002, Classe
Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações é neste
cenário que entra o pedagogo, ou o licenciado que irão realizar o serviço da
pedagogia hospitalar como modalidade de ensino. Eles serão os responsáveis por
organizar essas ações educativas dentro do hospital de forma a contemplar a
continuidade da aprendizagem do aluno, diante de uma abordagem humanizada,
contribuir para que esse momento doloroso na vida da criança se torne mais leve.
O professor deverá ter a formação pedagógica preferencialmente em Educação Especial ou em cursos de Pedagogia ou licenciaturas, ter noções sobre as doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos educandos e as características delas decorrentes, sejam do ponto de vista clínico, sejam do ponto de vista afetivo. Compete ao professor adequar e adaptar o ambiente às atividades e os materiais, planejar o dia-a-dia da turma, registrar e avaliar o trabalho pedagógico desenvolvido (MEC/SEESP, 2002, P. 22).
Matos e Mugiatti (2012, p.118) discutem sobre a importância da formação de
pedagogos que desenvolvam um trabalho que atenda tal demanda específica.
Por isso a necessidade da formação de pedagogos que construam propostas criativas, comprometidas e competentes para o atendimento da
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criança e do adolescente hospitalizados, isto é, uma habilitação específica para este preparo docente e esta prática de ensino que possibilite atender tal nível de exigência (MATOS e MUGIATTI, 2012, p.118).
Nessa perspectiva do atendimento das classes hospitalares, o pedagogo
tem um papel primordial no auxílio da recuperação da criança hospitalizada, pois ele
atua como um elo entre a escola de origem e o hospital, auxiliando no seu
desenvolvimento e na sua aprendizagem, dando apoio para que esse aluno não se
sinta excluído da sua vida anterior ao adoecimento, mas também deve estar
preparado para superar os desafios, uma vez que, o aspecto cognitivo se relaciona o
tempo todo com o emocional e a sua saúde.
Esses profissionais precisam estar preparados para atuar em espaços
diferenciados, a fim de desenvolver ações efetivas que tornem produtivo o tempo da
hospitalização, favorecendo o desenvolvimento da criança/adolescente, que não
deve ser interrompido em função de uma hospitalização, mas também saber lidar
com as diversidades que já existentes do ambiente e as que possam aparecer
inesperadamente. Fontes (2008, p. 80) discute que este profissional deve estar
preparado para lidar com o imprevisto e também ser sensível para viver cada
momento com intensidade.
[...] a atuação do professor exigirá o desenvolvimento de habilidades que nenhum curso ensina. Refiro-me à disposição para saber trabalhar com o imprevisto (uma criança repentinamente começa a ter convulsões, uma outra teve uma recaída aparentemente inexplicável ou, ainda, aquela que foi tirada da atividade para tomar medicação intravenosa). É preciso estar atento à pluralidade de aspectos sutis que atravessam o cotidiano hospitalar e compõem a diversidade do grupo de crianças hospitalizadas. Os professores sabem que cada momento no contexto hospitalar deve e precisa ser vivido em toda sua intensidade. Para isso, é fundamental que o professor hospitalar saiba escutar, compreender a criança enferma. A sensibilidade é, assim, uma habilidade que nenhum curso ensina, mas que todos que almejam esta prática devem desenvolver. (FONTES, 2008, p.80).
Entende-se a relevância da formação do professor, pois ele deve ter boa
formação prática e teórica, e também saber como lidar com essas diversidades tão
comuns encontradas dentro de um hospital.
As classes hospitalares existentes ou que venham a ser criadas deverão
estar em conformidade com o preconizado pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação e pelas Diretrizes Nacionais da Educação Especial na Educação Básica.
O Poder Público deve identificar todos os estabelecimentos hospitalares ou
22
instituições similares que ofereçam atendimento educacional para criança, jovem e
adulto, visando orientá-los quanto às determinações legais. (MEC/SEEP, 2002,
p.25). Uma grande parcela das classes hospitalares é vinculada à Secretaria de
Educação Especial estadual ou municipal, para garantir a legitimação do
atendimento pedagógico educacional no âmbito hospitalar.
No próximo capítulo será abordada a escolarização hospitalar e o
Atendimento Pedagógico Domiciliar no Município de Curitiba e a formação do
profissional que realiza esse trabalho junto as crianças e adolescentes.
23
4 A ESCOLARIZAÇÃO HOSPITALAR E O ATENDIMENTO PEDAGÓGICO
DOMICILIAR NO MUNICÍPIO DE CURITIBA
A escolarização hospitalar no Município de Curitiba teve início no ano de
1988 segundo as autoras Fontana e Salamunes (2009, p.233) em seu artigo
intitulado “Política Municipal de Atendimento a Criança e ao Adolescente em Classes
Hospitalares de Curitiba”, o qual traz dados de pesquisa documental realizada a
partir de 2004 por uma equipe de professores da RMEC e por profissionais
responsáveis pela coordenação da proposta de Classes Hospitalares da SMEC.
Ainda de acordo com as autoras, os documentos apontam que o início do
atendimento pedagógico-educacional na RMEC condiz com um fato histórico no
Brasil:
Os registros consultados indicam que o poder público de Curitiba inicia o atendimento pedagógico-educacional à criança hospitalizada em 1988, no contexto da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, a qual atribui ao Estado, entre outros deveres, o de garantir o direito à educação escolar a todos os brasileiros. (FONTANA e SALAMUNES, 2009, p.234).
As autoras relatam que a primeira ação constou da parceria entre a
Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC) e o Hospital Pequeno Príncipe (HPP) para
que cedesse uma professora do quadro efetivo da RMEC, para que realizasse o
apoio escolar individualizado a criança hospitalizada. Isso aconteceu quando a
assistente social do HPP, Margarida M. T. Freitas Mugiatti apresentou a sua
pesquisa de mestrado que revelava os prejuízos à escolarização de crianças
submetidas a prolongados internamentos nesse hospital.
O projeto implantado no HPP, e denominado pela autora de “Hospitalização Escolarizada”, teve a participação de mais uma professora cedida pela Secretaria do Estado do Paraná. O trabalho pedagógico das professoras tinha como base as orientações recebidas das escolas de origem dos estudantes, com o propósito de adequar os encaminhamentos pedagógicos no hospital e favorecer a continuidade dos estudos, quando do retorno da criança ao ambiente escolar. (FONTANA e SALAMUNES, 2009, p.234).
E desde então, o trabalho dos professores da SMEC permanece de maneira
contínua neste hospital, prestando atendimento pedagógico as crianças internadas.
24
Ainda segundo as autoras no mesmo ano de 1988, a PMC e a SMEC firmou
convênio com a Liga Paranaense de Combate ao Câncer (LPCC) do Hospital Erasto
Gaertner (HEG), quando cedeu uma professora para coordenar as atividades
recreativas para as crianças e adolescentes hospitalizadas.
Esse projeto, denominado “Recreação Hospitalar”, contava, também, com o apoio de estagiários de Educação Física e voluntários da comunidade, o qual perdurou até o final de 1990. Um novo formato de convênio é firmado em 1991, com esta Instituição, ficando definido em suas cláusulas, que a cessão de professoras se destina ao atendimento escolar de crianças e adolescentes hospitalizados. (FONTANA e SALAMUNES, 2009, p. 234).
E também neste mesmo ano a PMC e a SMEC atendeu ao pedido de
convênio do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná, com o
mesmo objetivo do atendimento escolar de crianças e adolescentes hospitalizados.
Segundo Fontana e Salamunes (2009, p.234) que em defesa da inclusão
escolar e do direito da criança e do adolescente com necessidades educativas
especiais, a ampliação desses convênios firmados entre a PMC e a SMEC absorveu
o movimento nacional de profissionais da área da saúde, educação e serviço social.
As autoras Neves e Pacheco (2011) no artigo intitulado “A escolarização
hospitalar na rede municipal de ensino de Curitiba: retomada histórica (1988-2010)”
fazem uma retrospectiva das questões históricas do atendimento pedagógico
realizado em alguns hospitais de Curitiba desde o ano da sua implantação até o ano
de 2010.
Elas relatam que o convênio do Hospital Universitário Evangélico de
Curitiba/HUEC com o município de Curitiba foi firmado em 2002, o qual a SMEC
cedeu uma professora para o desenvolvimento do trabalho pedagógico e até
dezembro de 2010 totalizaram três vagas disponíveis para o trabalho pedagógico
dentro do hospital.
A Associação Paranaense dos Hemofílicos/APH de acordo com Neves e
Pacheco (2011, p.14182) por muitos anos a instituição manteve um trabalho
pedagógico com professores voluntários e estagiários do magistério e que em 2001
a Associação estabeleceu um convênio com a SMEC, que disponibilizou uma
professora para atuar 40 horas semanais. Mas, em 2006 este atendimento foi
suspenso temporariamente devido a falta de estudantes dos anos iniciais do Ensino
Fundamental I.
25
Ainda de acordo com Neves e Pacheco (2011, p. 14183), desde que teve
início os convênios em 1988, as cláusulas previstas entre as partes sofreram
mudanças, mas de modo geral, nos convênios firmados entre as partes cabe ao
Município de Curitiba ceder os professores para o atendimento pedagógico, material
pedagógico e formação continuada:
A cedência de profissionais do magistério para exercerem suas funções nas dependências da instituição; o fornecimento de atendimento pedagógico multidisciplinar, orientações periódicas, aperfeiçoamento profissional aos professores cedidos; a contribuição com material didático pedagógico para a realização dos trabalhos; a orientação na construção do plano de trabalho; e supervisão da execução do trabalho pedagógico efetivado. (NEVES e PACHECO, 2011, p.14183).
Já para a instituição conveniada cabe:
A viabilização dos espaços e recursos adequados que possibilitem o trabalho do professor com as crianças/adolescentes; a informação diária aos professores dos internamentos de estudantes/pacientes que podem receber esta forma de atendimento; o encaminhamento à Secretaria Municipal da Educação – Núcleo de Recursos Humanos, a frequência mensal dos professores; a recepção aos técnicos do município a título de fiscalização da execução do objeto do Convênio; e a prestação de contas das atividades desenvolvidas pelos professores cedidos, em forma de relatório trimestral, anexando relação de estudantes atendidos. (NEVES e PACHECO, 2011, p. 14183).
Ao analisar o contexto da Pedagogia Hospitalar no Município de Curitiba,
observa-se que desde o ano de 1988, é efetivada a garantia dos direitos da criança
que até então era excluída do atendimento pedagógico educacional enquanto
permanecia hospitalizada. Porém, havia ainda, uma outra demanda de atendimento
pedagógico educacional: as crianças e adolescentes que encontravam em domicílio
para a plena recuperação da saúde após a alta hospitalar ou que por alguma doença
não podiam frequentar a escola regular.
Fontana e Barbosa (2009, p.1) no artigo “Política de Atendimento
Pedagógico Domiciliar à Criança e ao Adolescente: alfabetização, letramento e
direitos”, afirmam que a Política para o Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD) no
município de Curitiba foi implantada em 2008, sendo uma ação realizada pela
Secretaria Municipal de Curitiba. Segundo as autoras essa Política constitui no
direito a educação da criança e do adolescente, que se encontra em casa,
impossibilitados de frequentar a escola, seja temporariamente ou permanentemente
26
por motivos de saúde, dessa forma, esse atendimento propicia a continuidade dos
estudos contribuindo para evitar a evasão e reprovação escolar.
O termo Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD), segundo o documento
criado pelo Ministério de Educação por meio da Secretaria de Educação Especial,
intitulado Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e
orientações (BRASIL, 2002), a expressão refere-se:
Atendimento educacional que ocorre em ambiente domiciliar, decorrente de problema de saúde que impossibilite o educando de frequentar regularmente os espaços escolares, ou esteja em casas de passagem, casas de apoio, casas-lar e/ou outras estruturas de apoio da sociedade. (BRASIL, 2002, p.13).
Segundo o Parecer CNE/CEB 17/2001, que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, o APD é definido como:
Serviço destinado a viabilizar, mediante atendimento especializado, a educação escolar de alunos que estejam impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique permanência prolongada em domicílio. (MEC/CNE, 2001, p.24).
De acordo com Fontana e Neves (2009, p.2), o APD ofertado pela SMEC é
de grande relevância, tendo em vista que oportuniza ao estudante a sua inclusão no
sistema regular de ensino:
O Atendimento Pedagógico Domiciliar aos estudantes impossibilitados de frequentar a escola, em cumprimento à legislação vigente e ao compromisso da SMEC com a democratização das oportunidades de educação para todos, constitui-se em uma ação inclusiva de grande relevância. Isso se deve, principalmente, por atender alunos que vivem processos permanentes de internação e reinternação em hospitais e em tratamentos prolongados de recuperação de saúde na própria casa, muitas vezes com prejuízos para seu desenvolvimento e aprendizagem. (2009, p.2).
Nessa perspectiva a criança que tem a condição de continuar estudando
paralelamente ao internamento no hospital, ou em casa, recebe um estímulo
motivacional, que contribui para a aprendizagem e recuperação, conforme explicam
Matos e Mugiatti:
[...] a continuidade dos estudos, paralelamente ao internamento, traz maior vigor às forças vitais do enfermo, como estímulo motivacional, induzindo-o a
27
se tornar mais participativo e produtivo, com vistas a uma efetiva recuperação. Tal fato, além de gerar uma integração e participação ativa que entusiasmam o enfermo, pelo efeito da continuidade da realidade externa, contribui, ainda de forma subconsciente, para o desencadeamento da vontade premente de necessidade de cura, ou seja, nasce uma predisposição que facilita sua cura e abrevia o seu retorno ao meio a que estava integrado. (2001, p.39).
O objetivo desse atendimento é o de garantir a continuidade dos estudos
escolares para que as crianças não sofram prejuízos na sua aprendizagem, além
disso, em muito colabora para que a criança não se sinta presa, contribuindo para o
restabelecimento de sua saúde. Neste sentido, ressaltam Matos e Mugiatti:
Nesta perspectiva, a atenção pedagógica, mediante a comunicação e diálogo, é essencial para o ato educativo se propõe a ajudar a criança (ou adolescente) hospitalizada para que, imerso na situação negativa que atravessa no momento, possa se desenvolver em suas dimensões possíveis de educação continuada, como uma proposta de enriquecimento pessoal. (2009, p. 69).
Diante dessa realidade, educação e saúde se unem para melhorar a
qualidade de vida, pois se a educação motivar o desejo de conhecer e aprender, a
criança terá mais forças para buscar a recuperação da sua saúde.
4.1 A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL QUE ATUA NA ESCOLARIZAÇÃO
HOSPITALAR NO MUNICÍPIO DE CURITIBA
Neves e Pacheco (2011, p.14184) relatam que desde 1988, quando teve
início a escolarização hospitalar na SMEC, foram muitas as reinvindicações dos
profissionais que estão envolvidos nesse trabalho, devido ao fato de que, os
profissionais cedidos por convênio, muitas vezes acabavam tendo acesso restrito a
cursos e capacitações ofertados aos profissionais da educação da SMEC. Segundo
as autoras, perante registros informais consultados, no ano de 2004 esse serviço
ficou sob a responsabilidade da coordenação da Gerência de Educação Especial e
que no ano de 2005, por mudanças de cunho político, esse serviço passou a ser
administrado pelo Departamento do Ensino Fundamental até o ano de 2010.
28
Atualmente este serviço está sob a responsabilidade da Coordenadoria de
Atendimento às Necessidades Especiais (CANE), que tem como finalidade
coordenar processos referentes à orientação e ao atendimento de educandos da
Rede Municipal de Ensino que apresentam deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, transtorno de conduta e
necessidades educacionais específicas, com base nos fundamentos da educação
inclusiva e dos eixos norteadores das diretrizes da Secretaria Municipal da
Educação do Município de Curitiba.
De acordo com as mesmas autoras, a partir de 2005 os professores que
fazem o trabalho de escolarização hospitalar passaram a receber formação
continuada por meio de cursos ofertados pela SMEC, que eram disponibilizados no
Portal do Conhecimento que envolve todas as áreas do conhecimento; participação
na Semana de Estudos Pedagógicos, envolvendo temas destinados relacionados e
contextualizados a prática docente; assessoramentos quinzenais ou mensais, que
tratavam das particularidades de cada instituição de saúde e reuniões bimestrais
pedagógico-administrativo com o grupo de trabalho.
De acordo com Fontana e Salamunes (2009, p.236), as ações voltadas para
aprimorar a qualidade da escolarização das Classes Hospitalares na SMEC
compreendem em:
Ceder profissionais do magistério para o exercício da docência nas dependências de instituições conveniadas; fornecer material didático para a realização dos trabalhos no ambiente hospitalar, oferecer qualificação continuada e promover assessoria pedagógica multidisciplinar aos professores. (2009, p.236).
Segundo as autoras citadas acima, para contribuir com o “perfil investigativo”
dos profissionais que atuam na escolarização hospitalar, a SMEC disponibiliza
cursos e eventos que são previstos no plano de formação e qualificação profissional,
sendo ainda oportunizada a participação em seminários de pesquisa e encontros
locais e nacionais da área. (FONTANA e SALAMUNES, 2009, p.237).
No que se refere à formação desses profissionais que atuam no contexto
hospitalar, as Diretrizes Curriculares para o curso de Graduação em Pedagogia,
licenciatura, aprovada pelo parecer do CNE/CP 5/2005, inclui a formação para atuar
em “outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos” (Art. 2°),
ou seja, atuar em outros contextos não escolares.
29
Matos e Mugiatti (2012, p.122) desde que iniciaram o trabalho da Pedagogia
Hospitalar no Hospital Pequeno Príncipe, já discutiam a importância da formação
específica, tanto para o atendimento hospitalar, quanto o domiciliar.
Tal demanda emergente de conhecimento, de preparo, principalmente do pedagogo, para esse específico atendimento, desafia os profissionais envolvidos, em especial do curso de Pedagogia. Acredita-se haver necessidade de específica habilitação para o atendimento não só ao escolar doente/hospitalizado em tempo de internação, mas também em situação de recuperação em ambiente domiciliar, o qual a própria lei do CNE/2001 já alerta a essa necessidade. (MATOS e MUGIATTI, 2012, p.122).
As autoras ainda complementam que os profissionais que venham se
envolver nos projetos de atendimento hospitalar ou domiciliar devem ter uma aliança
multidisciplinar, que exija dos envolvidos “uma formação que contemple o homem
como um todo”, em especial o pedagogo, para superar a visão fragmentada, “em
favor da percepção global, no atendimento pedagógico”. (Matos e Mugiatti, 2012,
p.123).
Paula (2015, p. 12857) no artigo intitulado “Formação de professores para
atuação na pedagogia hospitalar: reflexões e perspectivas” faz um relato sobre os
cursos de Pedagogia oferecidos no Brasil para formação dos professores que atuam
na Pedagogia Hospitalar, tanto na graduação, pós-graduação, mestrado e
doutorado. Segundo a autora que o estudo da Pedagogia Hospitalar pelos
professores universitários tem ocorrido por meio de pesquisas, projetos de extensão,
disciplinas ministradas, orientação de alunos com trabalhos referentes ao assunto e
os discentes por meio de estágios, projetos de extensão, trabalhos de conclusão de
cursos e disciplinas e que na pós-graduação, há várias produções acadêmicas sobre
o tema, tanto nos cursos de especialização em Educação Especial ou de Pedagogia
Hospitalar. A autora relata também que os mestrandos, doutorandos e outros
profissionais que atuam na Pedagogia Hospitalar têm realizado trabalhos em
diferentes linhas e pontos de vista teóricos.
O que se pode observar é que a formação do professor seja para ministrar
disciplinas na área da Pedagogia Hospitalar ou para formar o pedagogo que vai
atuar na Classe Hospitalar, não é específica na modalidade de atendimento
especial, mas que apesar de discreto, o assunto vem sendo discutido em trabalhos
de pesquisa referentes ao tema. Entende-se que essas pesquisas trazem dados que
30
são relevantes para se traçar políticas públicas para a definição da formação
específica do profissional para atuar na área.
Conclui-se que no município de Curitiba, a formação do profissional que vai
desenvolver o trabalho de escolarização hospitalar é ofertada nos cursos de
Pedagogia, sendo esta uma orientação da legislação nacional. No entanto, são
necessários cursos de formação continuada, oferecidos pelos sistemas de ensino
para que este profissional torne-se mais preparado para atuar com as situações
específicas e adversas do hospital e das limitações de saúde das crianças e
adolescentes.
No capítulo seguinte apresenta-se a pesquisa de campo realizada na SMEC
com a profissional responsável da Coordenadoria de Atendimento às Necessidades
Especiais (CANE), com o objetivo de destacar as competências e saberes
necessários à atuação do pedagogo na APD.
31
5 O ATENDIMENTO PEDAGÓGICO DOMICILIAR NA SME DE CURITIBA:
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E DESAFIOS
Neste capítulo apresentam-se os dados da pesquisa empírica realizada junto
a profissional da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba (SMEC) que
coordena o Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD) de crianças e adolescentes
impossibilitados temporariamente de frequentar a escola, com o objetivo de
compreender quais são os objetivos do APD e também quais são os saberes
necessários que o profissional deve ter para a prática pedagógica junto aos alunos
que estão em sua residência impossibilitados de ir à escola por questões de saúde,
ou ainda, aqueles alunos que pelo mesmo motivo nunca chegaram a frequentar a
escola.
Definiu-se como procedimento de pesquisa a entrevista que segundo Ribeiro
(2008, p.13) por representar uma técnica que favorece o levantamento de dados
quando o pesquisador quer obter informações a respeito de seu objeto, podendo ir
além das descrições das ações, “incorporando novas fontes para a interpretação dos
resultados pelos próprios entrevistadores”.
A partir da autorização junto a CANE da SMEC, realizou-se a entrevista
semiestruturada na data de 26 de outubro com o profissional responsável pelo
planejamento do APD na Rede Municipal de Ensino de Curitiba. A entrevista é
composta de 5 (cinco) questões voltadas para a proposta do APD e outras 6 (seis)
questões voltadas para a prática pedagógica do pedagogo no APD. Os dados
coletados serão analisados e embasados no diálogo com a literatura e legislação
existente referente ao tema em questão.
A seguir faz-se a análise dos dados obtidos na pesquisa.
A) Dados sobre o funcionamento do APD
Na questão 1 (um) a entrevistada foi questionada quanto aos procedimentos
adotados pela SMEC para atender o aluno que necessita do APD. A entrevistada
disse que primeiramente é preciso o atestado médico de sessenta dias, uma ficha
de cadastro com informações pessoais e escolares do estudante e um termo de
consentimento, “que a família tem que assinar permitindo a visita do professor na
casa dela”. (entrevistada, 2016). Em seguida a professora que foi selecionada pela
32
Coordenadoria de Atendimento às Necessidades Especiais (CANE) para fazer esse
atendimento, faz uma visita inicial agendada na escola com a pedagoga e o
professora da sala de aula do estudante, para verificar um planejamento que atenda
as necessidades da escola e que esteja dentro das condições de saúde do
estudante. Após todos esses procedimentos a professora que vai fazer esse
atendimento liga para a família e marca um horário para iniciar o atendimento.
Estes procedimentos adotados pela SMEC para atender a essa demanda de
alunos que estão em casa impossibilitados de frequentar a escola por questões de
saúde, visam atender o direito à educação, estabelecido nas legislações vigentes, e
também o respeito à cidadania para uma sociedade mais equitativa e que atenda a
todos sem distinção.
As condições de saúde da criança/adolescente que exige escolarização
hospitalar fazem parte, as dificuldades de locomoção; a imobilização parcial ou total;
a imposição de horários para administração de medicamentos; os efeitos colaterais
de determinados fármacos; as restrições alimentares; os procedimentos invasivos; o
efeito de dores localizadas ou generalizadas e a indisposição geral decorrente de
determinado quadro de adoecimento. E as condições individuais estão o repouso
relativo ou absoluto; a necessidade de estar acamado ou requerer a utilização
constante de equipamentos de suporte à vida. (MEC/SEESP, 2002, p.18).
Nesse sentido Matos e Mugiatti (2012, p.79-80) abordam que cabe ao
cidadão reformular a sociedade sob novos aspectos de bem-estar e promoção
social.
Destacando a questão do respeito à cidadania, cada vez mais voltada às necessidades de uma sociedade mais humana, cabe ao cidadão reformulá-la sob novos aspectos de bem-estar e promoção social. É onde se evidenciam novos deveres, no que tange ao respeito a espaços diferenciados e decorrentes apoios, como contribuição a uma melhor qualidade de vida. (MATOS e MUGIATTI, 2012, p.79-80).
A questão 2 (dois) indagou a entrevistada sobre a formação do professor
que atua no APD. Ela disse que a formação para atender no APD é a formação do
professor que atende a Educação Infantil e do 1° ao 5° ano do Ensino Fundamental,
ou seja, formação em Pedagogia ou Magistério Superior, mas que se pretende após
a legalização do serviço, exigir formação na modalidade de atendimento especial. A
entrevistada comenta:
33
“Existe uma cobrança das professoras que atuam nesse atendimento que
façam uma pós-graduação em Educação especial, sendo algo bem importante
porque as professoras lidam com deficiências mesmo que sejam temporárias, mas
vai exigir do professor habilidades para atender essas necessidades que o
estudante vai ter nesse período”. (entrevistada, 2016).
A formação do professor que atua no contexto da Pedagogia Hospitalar na
RMEC atende o que está especificado no documento orientador publicado pelo MEC
em 2002, Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e
orientações. De acordo com o documento o professor que irá atuar no atendimento
pedagógico hospitalar e domiciliar deve “ter formação preferencialmente em
Educação Especial ou em cursos de Pedagogia ou licenciaturas”. (MEC/SEESP,
2002). Porém o mesmo documento acrescenta que o professor deve ter noções
sobre as doenças, das condições psicossociais vivenciadas pelo aluno que
necessita do atendimento, deixando visível a importância do professor que faz esse
atendimento ter formação específica na área para saber lidar com as diversidades
que o aluno possa apresentar.
Na questão 3 (três) questionou-se a entrevistada sobre os objetivos do APD.
Segundo ela os objetivos do atendimento é manter a aprendizagem do estudante, e
evitar a defasagem na aprendizagem pela ausência da frequência a escola, segundo
a entrevistada:
“pois quando o estudante não pode frequentar a escola, se deixá-lo parado ele vai
ter uma defasagem mesmo que seja por um período de dois meses ele não vai
acompanhar os demais”. (entrevistada, 2016).
A continuação dos estudos das crianças/adolescentes em tratamento de
saúde deve permanecer no ambiente que se fizer necessário, para que não haja
prejuízo e defasagem na aprendizagem, evitando a repetência ou até mesmo a sua
evasão.
A educação que se processa, por meio da Pedagogia Hospitalar, não pode ser identificada como simples instrução (transmissão de alguns conhecimentos formalizados). É muito mais que isto. É um suporte psico-
34
sóciopedagógico dos mais importantes, porque não isola o escolar na condição pura de doente, mas, sim o mantém integrado em suas atividades da escola e da família e apoiado pedagogicamente na sua condição de doente. (MATOS e MUGIATTI, 2012, p.47).
A questão 4 (quatro) foi referente a média de alunos atendidos por mês. A
entrevistada disse que a média não é feita por mês e sim por semana, cada
professora atende quatro crianças por semana, cada criança tem direito adquirido de
quatro horas de ADP por semana, sendo isto instituído pelo MEC. Cada professor
atende de segunda a quinta-feira um estudante, as sextas são reservadas para
permanência, cursos de formação, visitas as escolas, participar de reuniões
destinadas aos estudantes, buscar material, entregar portfólio, etc. A professora
deixa para os outros dias da semana, exceto para as sextas-feiras que é de folga
para o aluno, atividades estabelecendo com a família um contrato verbal de cobrar
uma rotina daquela criança nos dias seguintes. Conforme explica:
“A professora busca fazer uma rotina parecida com a da escola, chegam se
organizam, fazem o planejamento da rotina do dia, o intervalo para o recreio”.
(entrevistada, 2016).
Barbosa (2011, p.14206), comenta os resultados de atendimentos
correspondentes ao 1º bimestre do ano de 2010, apuraram que 25 estudantes das
escolas municipais de Curitiba foram atendidos, num total de 152 atendimentos.
A autora destaca sobre o momento do professor na casa do estudante:
Nesse momento de reabilitação, entre idas e vindas do hospital, surge o professor na casa do estudante, [...] A expectativa é grande frente a esse atendimento, um ou dois encontros semanais parecem não dar conta do tempo vivido fora da escola. Partindo dessa perspectiva os conteúdos abordados devem ser contextualizados, significativos mediante a clareza da funcionalidade para o cotidiano. Privilegiar a construção de estratégias, a busca de soluções, o dialogar e interpretar informações e a construção do saber por intermédio da pesquisa, sãos ações que efetivam o APD. (BARBOSA, 2011, p. 14201).
Na questão 5 (cinco) a entrevistada respondeu como é feita a verificação da
aprendizagem do aluno para a continuidade dos estudos na escola. A entrevistada
respondeu que a verificação da aprendizagem é feita no dia a dia, com avaliação
contínua e processual. Quando a criança volta para a escola, junto vai um relatório e
35
um portfólio e a professora domiciliar vai passar para a escola o que ela achar de
relevante sobre a aprendizagem, além de alguns aspectos pessoais daquela
criança. Esclarece que:
“E no caso de crianças que frequentaram quase que o ano inteiro de escola
e tiveram sessenta dias de atestado, por exemplo, a professora do APD vai
participar do conselho de classe, ela se põe a disposição para que a escola a chame
para que a avaliação do estudante seja feita juntamente com a professora da escola.
No caso de o estudante nunca tenha frequentado a escola só é considerado a
avaliação do professor do APD”. (entrevistada, 2016).
Assis (2009, p.93) citando Luckesi (2006, p.180) destaca que a “avaliação se
destina ao diagnóstico e, por isso mesmo, à inclusão; destina-se à melhoria do ciclo
da vida”. Para a autora a avaliação pedagógica deve permitir ao professor o
fornecimento de dados importantes, para a tomada de decisões adequadas a esse
contexto hospitalar para o aluno dar continuidade ao ensino aprendizagem.
B) Dados sobre a prática pedagógica do Pedagogo no APD.
A questão 1 (um) é relativa à formação da entrevistada, que tem formação
em Magistério Superior, Especialização em Educação Especial, Ensino Fundamental
em series iniciais e educação infantil, Tecnologias educacionais e Mestrado em
Educação.
A entrevistada buscou especialização para trabalhar na escolarização
hospitalar, mas pelo que se pode observar os cursos de graduação não mudaram
muito sua perspectiva. O profissional que se interessar pela área da Pedagogia
Hospitalar deverá buscar especialização. Porém a mesma ainda não é ofertada na
maioria das instituições restringindo assim o acesso aos cursos. A autora (Assis,
2009, p.102) faz uma observação sobre a formação do professor que atua em
classes hospitalares:
Em primeiro lugar ele é um profissional da educação que, além de sua experiência anterior, precisa adquirir competências específicas – sempre aliadas a um olhar diferenciado e uma escuta sensível – para o exercício responsável da docência em classe hospitalar. (ASSIS, 2009, p.102).
36
Conforme a Resolução 1/2006, que institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, cabe ao profissional
licenciado o planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação
de projetos e experiências educativas não-escolares; a produção e difusão do
conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares
e não-escolares.
No Art. 5º O egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto a: inciso IV -
"trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem
de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e
modalidades do processo educativo" ( BRASIL, 2006).
Portanto, o currículo dos cursos de Pedagogia devem, segundo o art. 6º
promover entre outros estudos, a análise, planejamento, implementação e avaliação
de processos educativos e de experiências educacionais, em ambientes escolares e
não-escolares., como também, a atenção às questões atinentes à ética, à estética e
à ludicidade, no contexto do exercício profissional, em âmbitos escolares e não-
escolares, articulando o saber acadêmico, a pesquisa, a extensão e a prática
educativa.
Na questão 2 (dois) a entrevistada foi interrogada sobre o tempo que
trabalha na área. Ela respondeu que trabalha na área da educação há vinte cinco
anos e quinze anos na escolarização hospitalar.
De acordo com o documento elaborado pelo MEC/SEESP o professor que é
responsável pela coordenação da escolarização hospitalar ou domiciliar deve
conhecer a dinâmica e o funcionamento dessas modalidades e também “as técnicas
e terapêuticas que dela fazem parte ou as rotinas da enfermaria ou dos serviços
ambulatoriais e das estruturas de assistência social citadas anteriormente, quando
for o caso”. (2002, p.21).
Ainda o mesmo documento aborda que em termos administrativos, o
professor coordenador deve juntar-se a equipe de saúde do hospital, com a
Secretaria de educação e a escola de origem da criança/adolescente, também
orientar os professores que atuam na escolarização hospitalar nas atividades, definir
a aquisição de bens de consumo e manutenção e renovação de bens permanentes.
(MEC/SEESP, 2002, p.21).
37
Nota-se que a profissional da SMEC que coordena a escolarização
hospitalar, possui experiência para desenvolver um bom trabalho de acordo ao que
é proposto pelo documento.
A questão 3 (três) trata dos conhecimentos necessários para o pedagogo
atuar no Atendimento Pedagógico Domiciliar. A entrevistada disse que o
comportamento ético, a clareza desse professor do seu papel social na casa do
aluno vai fazer toda diferença e que não podem ser perdidos por desvios de atenção
da família, sendo que, uma vez esse papel social quebrado, pode por todo o
trabalho a perder.
A entrevistada acrescentou que na SMEC o Pedagogo não atua, e quem
orienta o trabalho do professor domiciliar junto ao estudante é o pedagogo da escola
do aluno:
“nós do município não temos o pedagogo nos hospitais somente o professor,
este serviço do pedagogo só o estado oferece (SAREH), no APD é o pedagogo da
SMEC, ou seja, da coordenação do trabalho que vai orientar na formação, capacitar,
elencar os temas que são relevantes para trabalhar neste contexto e não de fato o
trabalho junto ao estudante, é um trabalho colaborativo, porém é o pedagogo da
escola que vai ser capacitado para entender o que é o APD e a realidade vivida pelo
estudante que necessita desse atendimento para adequar as orientações dele”.
(entrevistada, 2016).
Na questão 4 (quatro) a entrevistada foi interrogada de como é feito o
planejamento das atividades curriculares para o APD. De acordo com ela esse
planejamento é feito pela professora que atua no APD, orientada pelo pedagogo das
escolas e pela própria professora da sala de aula do estudante, sendo preciso
estabelecer um vínculo com essa criança, “e para se estabelecer esse vínculo é
preciso partir do que essa criança gosta e fazer um planejamento tendo em vista as
necessidades que ele tem para evitar a defasagem na sua volta à escola”.
(entrevistada, 2016).
De acordo com o documento elaborado pelo MEC/SEESP (2002. p. 17) em
relação aos aspectos pedagógicos aos alunos que se encontra em tratamento
hospitalar ou domiciliar, o currículo deve ser flexibilizado, de forma que venha
contribuir para a melhora da saúde e ao seu retorno/ou continuidade dos estudos.
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Segundo Assis (2009, p.92-93) o planejamento das atividades para alunos
que se já eram matriculados na escola regular, antes do adoecimento, devem ser
elaboradas conforme as habilidades, condições emocionais e físicas do aluno, o
conteúdo planejado pela escola de origem e as informações trazidas pela família. Já
as atividades para crianças/adolescentes que nunca frequentaram a escola antes do
adoecimento devem ser elaboradas, depois de uma observação cuidadosa, que
permitirá analisar e avaliar como a ação educativa pode ser iniciada, levando em
conta sua experiência de vida.
Evidencia que o trabalho desenvolvido com crianças/adolescentes na
escolarização hospitalar é muito mais abrangente, ele tem não somente o foco
cognitivo, mas o físico, o emocional e também o afetivo. O professor hospitalar ou
domiciliar é a ligação da criança/adolescente com a realidade que vivia antes de
estar com limitações de saúde, ele deve buscar o bem estar da criança/adolescente,
elevar sua autoestima, pois o papel do professor que atua na escolarização
hospitalar deve ir muito além dos conteúdos.
A questão 5 (cinco) é sobre a relação do professor com a família do aluno.
Nesse sentido a entrevistada relatou que a relação com a família deve ser feita
estabelecendo uma parceria, que essa família deve ser sensibilizada sobre a
importância da continuidade da escolarização do filho, cobrar as atividades e
horários para serem realizadas:
“pois acreditamos num círculo, é a escola, a família, o professor que está lá no
hospital, o professor que está ali”. (entrevistada, 2016).
Nota-se que o papel da família é imprescindível para garantir a inserção e o
sucesso desse aluno no processo de escolarização, motivando-o, preparando o
ambiente adequado para os atendimentos e auxiliando-o nas atividades para casa.
Neste sentido, Matos e Mugiatti (2012, p.125) defendem a importância do
vínculo e contribuição dos familiares do aluno. “Cumpre, portanto, estimulá-los à
valorização do tratamento e da escola, com fim de obter uma visão mais dinâmica
do futuro da criança/adolescente”. E também motivá-los a se envolver de maneira
crítica e consciente nas relações deles com a escola e esta com o hospital.
A parceria da família com esse momento especial na vida da criança/
adolescente possibilita ao professor, desempenhar o seu papel de educador com
39
mais segurança e certeza de que está contribuindo para que esses alunos, que
necessitam do atendimento diferenciado possam continuar sua aprendizagem da
melhor maneira possível.
A última questão a entrevistada é solicitada a dar sua opinião a respeito da
contribuição do APD para as crianças e adolescentes impossibilitados de ir à escola.
Ela disse que o APD:
“é uma oportunidade, a legislação garante, mas antes de tudo é uma oportunidade
de fazer com que essas crianças que estão doentes e afastadas da escola, sejam
valorizadas, aumente a autoestima e, além disso, que a gente alcance o objetivo
principal do APD, que é a aprendizagem mesmo, que é manter essas crianças
aprendendo, isso só traz benefícios pra criança e vejo que a contribuição não é só
pedagógica, até pra cura essa contribuição existe, o vínculo, o compromisso, o se
sentir útil. E se essa criança ficar 60 dias afastada das atividades escolares, sem
sair pra brincar, existe a ruptura do convívio social, das amizades, por isso acredito
que é bem importante, os resultados que temos pelos trabalhos prestados pelos
professores é muito válido e reforça as ações da gente”.(entrevistada, 2016).
Na visão da profissional que cedeu a entrevista, o trabalho de APD
desenvolvido com crianças/adolescentes na SMEC é de suma importância,
reconhece que a escolarização hospitalar é um direito do aluno que deve ser
respeitado, tendo como objetivo principal a continuação da aprendizagem da
criança/adolescente, mas que também contribui na melhor qualidade de vida e que
recupera a autoestima que se encontra muitas vezes debilitada devido à condição
que a criança/adolescente se encontra.
Matos e Mugiatti (2012, 80) fazem uma observação, que ao buscar por uma
sociedade que seja mais humana, que ampare os menos favorecidos, para que
possam desfrutar de um convívio social comum a todos, iniciativas criativas e
viáveis, juntamente com ações integradas, planejadas e conscientes, são fatores
muito importantes no compromisso de contribuir com a sociedade.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma parcela da sociedade ainda acredita que a ação educativa realizada
pelo Pedagogo se limita aos muros da escola. Durante o percurso dessa pesquisa,
pude reconhecer a relevância do Atendimento Pedagógico Domiciliar, que é
respaldado pelas Políticas Públicas que garantem o direito de crianças/adolescentes
de terem a escolarização enquanto estão hospitalizados ou enfermos em suas
casas.
As bases legais que garantem o APD no Município de Curitiba abordam a
execução do atendimento de modo geral e destaca sua importância e o retorno que
ele oferece para as crianças/adolescentes enfermas. Sendo assim, a sociedade
deve ter conhecimento desse atendimento, para se eventualmente necessitar, possa
usufruir desse benefício.
O APD realizado pela SME no Município de Curitiba tem como objetivo a
aprendizagem do aluno, evitando sua defasagem e consequentemente sua evasão
escolar. Mas contribui também, para a inserção desse aluno ao convívio social,
fazendo com que ele se sinta importante, colaborando para elevação da sua
autoestima e recuperação.
Mediante a pesquisa foi possível perceber que o professor que realiza esse
trabalho deve ser um profissional ético, conhecer sobre as deficiências do aluno e
desenvolver a prática pedagógica que se enquadre nas necessidades de cada um.
Sendo a avaliação desses alunos realizada de maneira conjunta, entre a professora
do APD e a professora da escola onde o aluno está matriculado, ou ainda só pela
professora do APD, quando o aluno nunca tenha frequentado a escola.
A SMEC atende toda a demanda de alunos que necessitam de atendimento
domiciliar com atividades planejadas pela professora do APD, orientada pelo
Pedagogo ou pela professora da escola de origem do aluno.
A relação do professor do APD com a família é vista como essencial nesse
processo e para o sucesso desse trabalho, porque depende da família organizar o
espaço para as aulas, cobrar e dar continuidade as atividades nos outros dias da
semana que a professor não realiza as visitas.
Por meio dos dados levantados na pesquisa, foi possível compreender a
grandeza da presença do Pedagogo, seja dentro dos hospitais ou no atendimento
domiciliar, iniciando ou dando continuidade ao processo de ensino aprendizagem.
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No entanto, constata-se com base na entrevista e autores pesquisados, que a
formação do profissional, no curso de Pedagogia, para atuar nesta área é limitada,
por se tratar de uma demanda tão especial. São necessários conhecimentos de
técnicas e terapêuticas, dos mobiliários e recursos adequados as limitações físicas
dos pacientes, de adaptações curriculares, que são abordadas nos cursos de pós-
graduação na área de educação especial ou em Pedagogia Hospitalar.
Portanto, cabe ao pedagogo desenvolver um trabalho que contemple as
especificidades de cada aluno, pois se trata de alunos especiais, com necessidades
específicas, em ambiente diferenciado que requer desse profissional habilidade que
assegure a ação educativa proposta, mas também que, ao mesmo tempo venha
contribuir na melhora da autoestima dessas crianças/adolescentes, que muitas
vezes se encontra fragilizada pelo adoecimento. A partir da realização da pesquisa
bibliográfica e da pesquisa de campo, foi possível verificar as possíveis funções do
Pedagogo na escolarização hospitalar, esclarecendo as dúvidas sobre os objetivos
do Atendimento Pedagógico Domiciliar e os saberes necessários para este
profissional desenvolver o seu trabalho.
Assim, acredita-se que foram dadas as respostas ao problema inicial da
pesquisa: Quais são os objetivos do APD e quais são os saberes necessários para o
profissional desenvolver esse trabalho?
Com isso, acredito que os meus objetivos foram todos alcançados. Fica com
esse trabalho o desejo de ir além, à procura de outras respostas relacionadas aos
saberes do pedagogo.
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REFERÊNCIAS
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43
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PAULA, Ercília Maria Angeli Teixeira de. Formação de professores para atuação na Pedagogia Hospitalar: reflexões e perspectivas. XII Congresso Nacional de Educação. Curitiba: PUC/PR, Out, 2015. Disponível em: http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/17321_8562.pdf Acesso em: 28/10/2016. RIBEIRO. Elisa Antonia. A perspectiva da entrevista na investigação qualitativa.
Evidencia /Araxá, 2008 - Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/maio2013/sociologia_artigos/tecnica_coleta_dados.pdf - acesso em: 11/09/2016.
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APÊNDICE
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA
ALUNA: ALZENI VIEIRA DA SILVA RODRIGUES
DATA: 14/10/2016
ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI ESTRUTURADA
A) SOBRE A PROPOSTA DO ATENDIMENTO PEDAGÓGICO DOMICILIAR
1.Quais são os procedimentos adotados pela Secretaria Municipal de educação para
atender o aluno que se encontra em domicílio, impossibilitado de ir à escola?
2. Qual a formação do professor que atua nesse atendimento?
3. Quais são os objetivos do Atendimento Pedagógico Domiciliar?
4. Qual a média de crianças atendidas por mês, ano?
5. Como é feito a verificação da aprendizagem para a continuidade dos estudos na
escola?
B) SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PEDAGOGO NO ATENDIMENTO
PEDAGÓGICO DOMICILIAR
1.Qual a sua formação?
2. Há quanto tempo trabalha nessa área?
3. Quais são os conhecimentos necessários para o pedagogo atuar no Atendimento
Pedagógico Domiciliar?
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4. Como é feito o planejamento das atividades curriculares para o Atendimento
Pedagógico Domiciliar?
5. Como acontece a relação do professor com a família do aluno?
6. Qual a sua opinião a respeito da contribuição do Atendimento Pedagógico
Domiciliar para as crianças e adolescentes impossibilitados de ir à escola?