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A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida de aproximação no Salto com Vara: Um estudo realizado com atletas de elite masculinos durante a época de Pista Coberta Susana Gonçalves Garrido de Lima Martins Porto, 2007

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A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida de aproximação no Salto com Vara: Um estudo realizado com atletas de elite masculinos durante a época de Pista

Coberta

Susana Gonçalves Garrido de Lima Martins

Porto, 2007

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A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida de aproximação no Salto com Vara: Um estudo realizado com atletas de elite

masculinos durante a época de Pista Coberta

Orientador: Prof. Doutor Filipe Conceição

Susana Gonçalves Garrido de Lima Martins

Porto, 2007

Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na área de Alto-Rendimento de Atletismo, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

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Monografia

Martins, S. (2007). A avaliação das estratégias de controlo visual na

corrida de aproximação no Salto com Vara. Um estudo realizado com atletas

de elite masculinos durante a época de Pista Coberta. Porto: S. Martins.

Dissertação de licenciatura. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-chave: SALTO COM VARA, CORRIDA DE APROXIMAÇÃO,

CONTROLO VISUAL.

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Agradecimentos

III

Um trabalho desta natureza só se torna possível através da intervenção e

colaboração de um conjunto de pessoas. Neste sentido, é minha intenção

expressar os meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que, de

diferentes formas estiveram envolvidos e contribuíram para que fosse possível

levar a cabo todo este processo que levou a conclusão desta tarefa.

Ao Professor Doutor Filipe Conceição, meu orientador, pela paciência,

disponibilidade e compreensão, mas sobretudo pela sabedoria e competência

com que conduziu este estudo.

Ao Mestre João Carvalho pela constante disponibilidade no desenrolar do

presente estudo, mas sobretudo pelos conselhos que se tornaram marcantes

para a conclusão do mesmo.

Ao Mestre Branco Dias pelo incentivo e conselhos prestados.

Aos professores que durante estes cinco anos me ajudaram a percorrer o

caminho, em especial aos docentes da opção de Atletismo.

Ao Pedro Novais e Eng. Pedro Gonçalves pelo apoio e disponibilidade.

Ao sector de saltos da Federação Portuguesa de Atletismo e aos atletas

que se disponibilizaram a participar no estudo, assim como, os atletas e

treinadores que constituem o Centro de Treino de Atletismo de Salto com Vara.

Ao Fixe pela ajuda, conselhos, companheirismo, …pela amizade.

À Gabi e ao João pela amizade e disponibilidade.

Ao André Carvalho por continuar a ser o eterno atleta.

Aos meus amigos pelo apoio aquando das inúmeras dificuldades,

momentos de incertezas e alguma angústia e que sem eles ultrapassá-las teria

sido mais difícil.

Aos meus pais pelo apoio, carinho e dedicação, assim como a restante

família.

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V

ÍNDICE GERAL

1. Introdução ............................................................................................ 1

2. Revisão da literatura ............................................................................ 3

2.1. Salto com Vara ............................................................................. 3

2.1.1. Fases do Salto com Vara....................................................... 4

2.2. A precisão na corrida de aproximação........................................ 15

3. Objectivos e hipóteses ....................................................................... 25

4. Material e métodos............................................................................. 27

4.1. Caracterização da amostra ......................................................... 27

4.2. Protocolo experimental ............................................................... 28

4.2.1. Procedimentos gerais para a recolha de dados................... 28

4.2.2. Tratamento dos dados cinemáticos provenientes do radar. 30

4.2.3. Tratamento estatístico dos dados........................................ 31

5. Apresentação e Discussão dos Resultados....................................... 33

5.1. Velocidade máxima na corrida de aproximação ......................... 33

5.2. Reprodutibilidade da corrida de aproximação............................. 34

5.3. Determinação de estratégias de controlo visual através da auto-

correlação .................................................................................................... 41

6. Conclusões ........................................................................................ 49

7. Bibliografia ......................................................................................... 51

8. Anexos .................................................................................................. I

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Índice Figuras

VII

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo técnico de Salto com Vara – a) Corrida de aproximação; b)

Apresentação da vara; c) Chamada; d) Fase aérea com apoio; e) Transposição

da fasquia; f) Queda (Adaptado de Sainz, 1994). .............................................. 4

Figura 3 – Apresentação da vara (Adaptado de Sainz, 1994)............................ 9

Figura 4 – Introdução da vara e chamada (adaptado de Sainz, 1994)............. 10

Figura 5 – Fase de penetração (Adaptado de Sainz, 1994). ............................ 11

Figura 6 – Fase de pêndulo largo (Adaptado de Sainz, 1994). ........................ 12

Figura 7 – Fase de engrupar (Adaptado de Sainz, 1994). ............................... 12

Figura 8 – Fase de extensão e rotação. Colocação dos membros superiores

nas posições “J” (b) e “I” (c) (Adaptação de Sainz, 1994). ............................... 14

Figura 9 – Transposição da fasquia, queda e recepção (Adaptado de Sainz,

1994). ............................................................................................................... 15

Figura 10 - Desvio padrão médio da distância dedo-tábua de chamada na

corrida de aproximação para não saltadores, principiantes e saltadores de elite.

Na figura salientam-se os valores obtidos no 5 passo antes da chamada (J)

(Adaptado de Scott et al. 1997)........................................................................ 18

Figura 11 – Representação esquemática do esquema do protocolo

experimental..................................................................................................... 29

Figura 12 – Exemplo gráfico da evolução da velocidade média (m/s) da corrida

de aproximação, da velocidade (m/s) em função da distância (m) e tempo (s)

do S5. ............................................................................................................... 36

Figura 13 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S1, onde

estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada

(m) e do tempo. ................................................................................................ 38

Figura 14 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S4, onde

estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada

(m) e do tempo. ................................................................................................ 39

Figura 15 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S2, onde

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Índice Figuras

VIII

estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada

(m) e do tempo. ................................................................................................ 40

Figura 16 - Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S6, onde

estão representadas a velocidade (m/s) e distância até à chamada (m). ........ 40

Figura 17 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S7, onde

estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada

(m) e do tempo. ................................................................................................ 41

Figura 18 – Exemplo gráfico de uma corrida de aproximação utilizando a auto-

correlação. Salienta-se o facto de existir um ponto de inflexão muito evidente.42

Figura 19 – Representação percentual do ponto onde ocorre uma alteração na

autocorrelação.................................................................................................. 45

Figura 20 – Exemplo de uma representação gráfica da corrida de aproximação

de um saltador em comprimento utilizando a auto-correlação. ........................ 47

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Índice Quadros

IX

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Classificações das fases do salto com vara segundo diversos

autores (Adaptado de Dias, 2006)...................................................................... 5

Quadro 2 – Caracterização geral da amostra – Idade (anos), peso (Kg), altura

(m), número de passadas e recorde pessoal no Salto com Vara (m). ............. 27

Quadro 3 – Instrumentos utilizados no estudo. ................................................ 28

Quadro 4 – Média das velocidades máximas (m/s) obtidas pelos sujeitos. ..... 34

Quadro 5 – Variações das velocidades (m/s) e distâncias (m), para Vx e Vt

obtidas pelos sujeitos. ...................................................................................... 35

Quadro 6 – Desvio padrão máximo de Vx (SdMax (Vx)) obtido nos momentos que

antecedem a chamada..................................................................................... 37

Quadro 7 - Desvio padrão máximo de Vt (SdMax (Vt)) obtido nos momentos que

antecedem a chamada..................................................................................... 37

Quadro 8 – Desvio padrão mínimo de Vx (Sdmin (Vx)) obtido nos momentos que

antecedem a chamada..................................................................................... 38

Quadro 9 – Desvio padrão mínimo de Vt (Sdmin (Vt)) obtido nos momentos que

antecedem a chamada..................................................................................... 38

Quadro 10 – Valores médios da covariância da distância (m) e do tempo (s). 43

Quadro 11 – Normalização dos pontos de inflexão da corrida de aproximação

de cada sujeito. ................................................................................................ 44

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Índice de equações

XI

ÍNDICE DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Equação da correlação cruzada................................................... 31

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Índice de Anexos

XIII

ÍNDICE DE ANEXOS

8.1. Velocidades médias da corrida de aproximação .................................. I

8.2. Gráficos referentes à auto-correlação ............................................... IV

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Resumo

XV

RESUMO

A corrida de aproximação tem um papel preponderante no resultado de

um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia

necessária para saltar, (i) sem que prejudique a execução dos gestos técnicos

e (ii) numa posição precisa e adequada. A literatura tem apresentado diversos

estudos que apontam para a adopção de estratégias de controlo visual por

parte dos atletas nos últimos passos de corrida, ao aproximarem-se da

chamada.

O objectivo deste trabalho consiste em verificar se os atletas portugueses

de Salto com Vara recorrem a estratégias de controlo visual para regular a

corrida de aproximação.

Para tal, recolhemos com o auxílio de um velocímetro doppler a

velocidade da corrida de aproximação de 9 varistas participantes no Torneio

Rio Largo Cidade de Espinho e no Campeonato de Portugal de Pista Coberta.

Para o tratamento estatístico dos dados foi realizada uma correlação

cruzada. Através desta técnica comparamos diferentes sinais tendo em

consideração a velocidade em função do tempo e da distância. Dada a

particularidade do Salto com Vara procedeu-se à comparação do sinal original

com ele próprio, que constitui uma variante da correlação cruzada, a auto-

correlação.

A análise dos resultados permitiu-nos concluir que: i) os atletas que

constituíram a amostra não adoptaram estratégias de controlo visual para

regular a corrida de aproximação; ii) a reprodutibilidade da corrida de

aproximação aumenta à medida que se aproxima da chamada; as alterações

observadas na corrida de aproximação devem-se à correcção da postura do

tronco no início desta, contrariando o escrito pela literatura.

Palavras-chave: ATLETISMO, SALTO COM VARA, CORRIDA DE

APROXIMAÇÃO, CONTROLO VISUAL.

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Abstract

XVII

ABSTRACT

The approach run plays a fundamental role on the result of the Pole Vault,

since that it is where the athlete produces the necessary energy to jump, i)

without harming the execution of technical movements and ii) in a precise and

adequate position. Several studies have been presented that athletes adopted

strategies of visual control in the last steps of the approach run before the take-

off.

The aim of this paper is to verify if the Portuguese athletes of Pole Vaulting

make use of visual control strategies to regulate the approach run.

To come to this conclusion we performed analyses of the approach run

velocity using a Doppler speedometer, applied in 9 participants on the Torneio

Rio Largo Cidade de Espinho and in the Indoor Portuguese Championship.

For the statistical data treatment we performed cross-correlation. Through

this technique, we have compared different signals taking into account the

velocity as function of time and distance. Considering Pole Vault specificity, we

compared the original signal with itself, which constitutes a variant of the cross-

correlation, the self-correlation.

The analysis of the results allowed us to conclude that: i) athletes from our

sample did not use visual control strategies to regulate the approach run; ii) the

reproducibility increased along the approach run particularly in its final part; iii)

the changes observed in the approach run are due to the posture adjustment of

the torso at beginning, which is not in accordance with literature.

Key words: ATHLETICS, POLE VAULT, APPROACH RUN, VISUAL

CONTROL.

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Résumé

XIX

RESUME

La course d’elan a un rôle prépondérant dans le résultat d’un Saut à la

Perche, étant donné que l’athlète y produit l’énergie nécessaire au saut (1) sans

préjudice de l’exécution des gestes techniques (2) en position correcte et

adéquate. Plusieurs études signalent l’adoption de stratégies de contrôle visuel

de la part des athlètes pendant les derniers pas de la course, dès qu’ils

approchent l’appel.

Le but de ce travail est de vérifier si les athlètes portugais de Saut à la

Perche ont recours à des stratégies de contrôle visuel pour régler (mettre au

point) la course d’elan.

Pour y parvenir, en nous aidant d’un vélocimètre doppler, nous avons

mesuré la vitesse de la course d’approche de 9 perchistes participants au

Tournoi Rio Largo Cidade de Espinho et au Championnat du Portugal de Piste

Couverte.

La procédure pour le traitement des donnés a compris une corrélation

croisée, au moyen de laquelle on a comparé plusieurs signes, en tenant compte

du temps et de la distance. Etant donné la spécificité du Saut à la Perche, le

signe original a été comparé avec lui-même, c’est à dire une variable de la

corrélation croisée, l’auto – corrélation.

L’analyse des résultats nous a permis de conclure que: i) les athlètes

constituant l’échantillon n’ont pas adopté des stratégies de contrôle visuel pour

régler la course d’approche; ii) la reproductibilité de la course d’elan augment a

à mesure qu’on s’approche l’appel; iii) les changements observés dans la

course d’approche sont dûs à la correction de la posture du tronc a sont début,

au contraire de ce qui est dit par la littérature.

Mots-clés: ATHLETISME, SAUT A LA PERCHE, COURSE D’ELAN,

CONTROLE VISUEL.

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Abreviaturas e símbolos

XXI

ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

X Média

Sd Desvio padrão

Vx Velocidade em função da distância

Vmax Velocidade máxima

Vt Velocidade em função do tempo

Sdmax (Vx) Desvio padrão máximo para a curva velocidade em função da

distância

Sdmax (Vt) Desvio padrão máximo para a curva velocidade em função do

tempo

Sdmin (Vx) Desvio padrão mínimo para a curva velocidade em função da

distância

Sdmin (Vt) Desvio padrão mínimo para a curva velocidade em função do

tempo

Sdmin Desvio padrão mínimo

SdMax Desvio padrão máximo

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Introdução

1

1. INTRODUÇÃO

O movimento humano é caracterizado pela sua mutabilidade. O ser

humano apresenta uma enorme capacidade de desenvolver diferentes formas

de locomoção, como caminhar, nadar, saltar e correr entre outros movimentos

que evidenciam uma fácil adaptação a distintas situações impostas pelo meio

ambiente (Conceição, 2004). Não é em vão que esta capacidade permitiu ao

Homem primitivo sobreviver aos ataques dos animais e caça-los para se

alimentar.

A modalidade que incorpora nas suas diferentes especialidades as formas

básicas de locomoção do Homem é o Atletismo. É nela que as habilidades

motoras básicas, correr, saltar e lançar se transformam em desporto num

processo evolutivo de regulamentação e sistematização de técnicas

específicas.

A ambição de superação ao saltar, correr ou lançar é tão velha como a

própria história do Atletismo. No entanto, apesar da aparente facilidade e

beleza exibida, durante as diferentes tarefas motoras estas apresentam uma

elevada complexidade de modo a obter uma estrutura técnica óptima

(Conceição, 2004)

Uma questão pertinente que tem preocupado muitos investigadores diz

respeito ao controlo da locomoção e à manipulação de objectos, sendo que o

controlo depende do meio ambiente e não do cérebro Gibson (1958, cit.

Warren, 1998)(Warren, 1998) .

O sistema sensorial que melhor se adapta ao controlo da locomoção é a

visão, sendo que, ela fornece (i) informação ambiental à distância. (ii)

informação global acerca do seu próprio movimento, através do ambiente (iii)

informação postural e do movimento de um segmento do corpo relativamente

aos restantes e ao ambiente (Patla, 1998).

A comunidade científica publicou ao longo destes últimos anos uma série

de estudos que apontam para o uso da imagem visual como estratégia utilizada

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Introdução

2

pelos atletas para melhorarem a precisão durante um salto precedido de uma

corrida de aproximação (Cornus & Roal, 2006; Glize & Laurent, 1997; Hay,

1988a, 1988b; Lee, Thomson, & Lishman, 1982). No caso do salto com vara a

precisão não se centra na validação do salto mas sim na correcta colocação

dos diferentes segmentos corporais no momento da chamada.

Seguindo esta linha de raciocínio, o problema central do nosso trabalho

será, então, encontrar respostas para duas questões fulcrais:

- Será que os saltadores com vara portugueses recorrem a estratégias de

controlo visual para regularem a corrida de aproximação?

O presente estudo encontrar-se-á dividido em seis partes distintas. Assim,

em primeiro lugar apresentamos a revisão bibliográfica centrada em aspectos

directamente relacionados com o tema em questão, para que alguns conceitos

fundamentais para a compreensão do estudo possam ser clarificados. A esta

revisão seguir-se-á a apresentação dos objectivos e hipóteses do nosso

trabalho. Posteriormente apresentamos a metodologia utilizada para a recolha

e tratamento dos dados, bem como a caracterização da amostra utilizada. Na

quarta surgem os resultados, seguida da discussão, no intuito de permitir uma

leitura mais fluida e encadeada do nosso trabalho. Por fim, procederemos à

apresentação das conclusões do nosso estudo, bem como toda a bibliografia

utilizada.

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Revisão da literatura

3

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Salto com Vara

O Salto com Vara por possuir diferentes exigências na sua execução é

considerada uma disciplina de elevada complexidade, pois nela estão

presentes quase todas as capacidades motoras, quer sejam condicionais,

como coordenativas básicas ou complexas (Dias, 2006). Pereira (2002),

citando Katsikas (2000) acrescenta que esta disciplina exige várias qualidades

bem equilibradas no mesmo individuo e que um varista bem sucedido deverá

ser muito talentoso e, simultaneamente, possuir uma boa organização

psicológica.

O Salto com Vara é também conhecido pelas suas habilidades gímnicas

(Linthorne, 2000). Esta característica pode ser constatada nos movimentos

gímnicos que ocorrem particularmente na fase aérea. De facto à primeira vista

verificamos similaridades com os aparelhos de suspensão da Ginástica (Dias,

2006). Semelhanças estas, que nos permitirão desenvolver a técnica no

espaço, pois são muito semelhante com esta modalidade (Goriot, 1989). Em

tempos, as Federações de Atletismo e de Ginástica envolveram-se numa

“batalha”, no sentido de definir quem administraria a competição da disciplina

de Salto com Vara. Esta decisão coube em 1929, ao Comité Olímpico

Internacional a favor da Federação Internacional de Atletismo. De entre muitos

argumentos, importa destacar a filosofia e essência de cada uma das

modalidades. Ao contrário da Ginástica, no Atletismo pretende-se saltar o mais

alto possível e não o mais correctamente possível. Se para a Ginástica os

objectivos da competição assentam-se num cariz qualitativo, no Atletismo

centram-se num cariz quantitativo. Portanto, o modelo técnico do Salto com

Vara a utilizar deve ser um meio e não um fim (Dias, 2006).

Tendo em conta o referido até então, o objectivo que se pretende com o

salto com vara consiste em transpor, após uma corrida de aproximação, uma

fasquia, o mais alto possível, com a ajuda de uma vara que se apoia numa

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Revisão da literatura

4

caixa de apresentação situada no fim do corredor da corrida de aproximação

(Houvion, 1986). Pode-se considerar que é a única especialidade do Atletismo,

onde o saltador deve alcançar a máxima altura possível, suspenso numa

alavanca que é a vara elevando-a com o seu próprio impulso, agarrando o mais

alto possível e realizando ao mesmo tempo uma perfeita sincronização de

movimentos técnicos pré estabelecidos e muitas vezes ensaiados nos treinos

(Giménez, 1992).

2.1.1. Fases do Salto com Vara

Todo o gesto técnico do Salto com Vara, desde o momento que começa a

corrida até ao momento em que entra em contacto com o colchão, considera-

se como um movimento único, contudo por razões didácticas dividem-se em

várias fases (Figura 1) (Sainz, 1994).

Figura 1 – Modelo técnico de Salto com Vara – a) Corrida de aproximação; b) Apresentação da vara; c) Chamada; d) Fase aérea com apoio; e) Transposição da fasquia; f) Queda (Adaptado de Sainz, 1994).

Embora pareçam bastante distintas, estas fases devem ser vistas como

uma “cadeia contínua” de movimento (Falk, 1995; cit. Pereira, 2002). No

a b c d e f

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Revisão da literatura

5

entanto, para maior facilidade e lógica, na análise do Salto com Vara realiza-se

uma divisão em fases parciais mais simples (Lundin, 1987; cit. Pereira, 2002).

Czingon (1999; cit. Pereira, 2002), acrescenta que o Salto com Vara é uma

disciplina com um grande número de parciais, mas com uma conexão muito

estreita entre si em que o encadeamento de movimentos parciais se produz

tanto de forma sucessiva como simultânea. É sob esta última forma que

podemos encontrar, por exemplo, a sub-fase de apresentação (Figura 1 – b) da

vara em coexistência com as fases de corrida (Figura 1 – a) e de chamada

(Figura 1 – c).

No Quadro 1, apresentamos as diferentes classificações das fases do

Salto com Vara que surgiram ao longo do tempo.

Quadro 1 – Classificações das fases do salto com vara segundo diversos autores (Adaptado de Dias, 2006).

Autor Fases do salto com vara

Houvion (1976) 1 – Corrida de aproximação e impulsão; 2 – Penetração e inversão; 3 – Rotação e transposição da fasquia.

Ecker (1985) 1 – Corrida de aproximação e apresentação da vara; 2 – Chamada e pêndulo; 3 – Puxar - rodar - repulsão da vara; 4 – Chamada; 5 – Balanço e rotação.

Petrov (1985) 1 – Agarre e transporte da vara; 2 – Corrida de aproximação e apresentação da vara; 3 – Introdução da vara; 4 – Chamada; 5 – Balanço e rotação.

Railsback (1987) 1 – Corrida de aproximação; 2 – Apresentação da vara; 3 – Chamada; 5 – Balanço e rotação.

Woicik (1988)

1 – Corrida de aproximação; 2 – Transição (Preparação para a apresentação da vara); 3 – Apresentação da vara; 4 – Chamada; 5 – Pêndulo longo; 6 – Pêndulo curto (engrupar); 7 – Extensão; 8 – Puxar e rodar; 9 – Repulsão da vara; 10 – Transposição da fasquia.

Tidow (1991)

1 – Corrida de aproximação; 2 – Preparação da apresentação e apresentação da vara; 3 – Apresentação da vara e chamada; 4 – Penetração e pêndulo; 5 – Puxar – rodar - repulsão da vara e transposição da fasquia

Giménez (1992)

1 – Agarre e transporte da vara; 2 – Corrida de aproximação e aferição; 3 – Apresentação e introdução da vara; 4 – Chamada; 5 – Penetração. Pêndulo e engrupar; 6 – Extensão; 7 – Transposição da fasquia.

Sainz (1994)

1ª Parte (realizada no solo): 1 – Agarre da vara; 2 – Corrida de aproximação; 3 - Transporte da vara; 4 – Apresentação da vara; 5 – Introdução da vara e chamada. 2ª Parte (fase aérea com apoio): 6 – penetração; 7 – Pêndulo largo; 8 – Engrupar; 9 – Extensão e rotação. 3ª Parte (fase aérea sem apoio): 10 – Transposição da fasquia, queda e recepção.

Kruber, Kruber e Adamczevski (1995)

1 – Corrida de aproximação; 1.1 – Transporte da vara; 1.2 – Ritmo da corrida; 2 – Apresentação - chamada; 3 – Chamada - pêndulo longo; 4 – Pêndulo longo - pêndulo curto e extensão da bacia para a posição I; 5 – Puxar e rodar para a transposição da fasquia.

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Revisão da literatura

6

A classificação de Sainz (1994) parece ser a que melhor descreve o salto

com vara. Este autor caracteriza o salto dividindo-o em três partes: (i) a

primeira parte, que diz respeito aos movimentos realizados no solo, (ii) a

segunda parte, que coincide com o início da fase aérea, mas que possui apoio

vara, (iii) e por fim a parte aérea realizada sem apoio. Para além disso, cada

uma das partes encontra-se sub-dividida num total de 10 fases.

De seguida apresentaremos as diferentes fases referidas por Sainz

(1994). Para tal consideraremos um saltador que realiza a pega superior com a

mão direita e a perna de chamada é a esquerda, transportando a vara do lado

direito do corpo durante a Corrida de Aproximação.

2.1.1.1. 1ª parte (realizada no solo):

2.1.1.1.1. Agarre da vara

A vara é agarrada do lado direito do corpo na extremidade superior com

ambas as mãos, de maneira que no momento da chamada, a mão direita

esteja acima da esquerda. Uma pega desadequada da vara irá dificultar as

fases seguintes do salto (Sainz, 1994), assim os atletas devem considerar os

efeitos que a pega poderá ter durante a fase de chamada do salto (Angulo-

Kinzler et al., 1994).

A distância entre as mãos varia segundo as características

antropométricas de cada atleta (estatura, largura dos ombros, comprimento dos

membros superiores, força, flexibilidade dos ombros, etc.) (Petrov, 2005; Sainz,

1994), sendo para um adulto entre 40 a 60 cm, como refere Dias (2006).

2.1.1.1.2. Corrida de aproximação

O objectivo desta fase do salto é desenvolver o máximo de velocidade

possível, sem que prejudique a execução dos gestos técnicos e de modo a

atingir a chamada numa posição precisa e adequada. Pode-se então deduzir

que a corrida de aproximação determina a qualidade de todo o salto (Sainz,

1994).

A corrida deve ser progressiva e harmoniosa com uma passada ampla e

uniforme. No fim da mesma, estas devem ser realizadas correctamente, isto é,

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Revisão da literatura

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com uma aceleração constante, para que a apresentação da vara e chamada

ocorram muito depressa, criando condições necessárias para um bom salto

(Petrov, 1985).

O facto da vara ao longo da corrida descer até à realização da chamada

provoca movimentações no centro de gravidade e pressões para a frente.

Estas pressões devem ser contrariadas e integradas positivamente na acção

de aceleração com elevação da bacia e dos joelhos e aumentando a frequência

de passadas (Sainz, 1994).

A similaridade entre a corrida de aproximação do Salto em Comprimento e

salto com vara fazem supor que os comportamentos adoptados no primeiro

evento poderão ocorrer também no segundo (Hay, 1988a).

Hay, no seu estudo de 1988, analisando a corrida de aproximação do

Salto em Comprimento, aponta o objectivo desta como o de conduzir o atleta

até à tábua de chamada (i) com a máxima velocidade que possa controlar, (ii)

de forma a colocar a zona limite frontal do pé de chamada o mais próximo

possível da linha de validade do salto, e (iii) com o corpo numa posição em que

se verifique uma grande velocidade vertical com a menor perda de velocidade

horizontal durante a chamada. P. McGinnis (comunicação pessoal, 28 de

Fevereiro de 2007) num estudo semelhante mas aplicado ao Salto com Vara,

apresenta o objectivo da corrida de aproximação desta disciplina com uma

diferença: a precisão da corrida, pois no Salto em Comprimento caso se pise a

tábua de chamada o salto deixa de ser válido, enquanto que no Salto com Vara

a validade do salto está dependente da queda da fasquia.

2.1.1.1.3. Transporte da vara

A corrida no salto com vara, mais precisamente a velocidade, é

condicionada pelo facto do o atleta ter de transportar consigo a vara que irá

utilizar nas fases seguintes (Pereira, 2002). O transporte desta depende de

vários factores, como o peso do aparelho, a velocidade de corrida de

aproximação e o agarre da vara (Petrov, 1985). O transporte também deve ser

cómodo, para que o saltador realize a corrida descontraidamente permitindo

movimentos rítmicos dos ombros e dos membros superiores próprios da

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Revisão da literatura

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corrida.

Na posição de partida, a vara encontra-se quase

na vertical, enquanto que no momento em que se inicia

a corrida se deva avançar um pouco a ponta desta de

forma a provocar um ligeiro desequilíbrio, auxiliando o

início da corrida (Petrov, 1985). O membro superior

direito deve estar junto ao tronco com a mão ao nível

da anca direita e o esquerdo deve estar flectido com a

mão à altura e à frente do lado esquerdo do peito

(Figura 2) (Petrov, 1985). Durante a descida da vara os

cotovelos encontram-se junto ao corpo com os membros superiores flectidos, a

mão direita é a mão mais atrasada e deve estar ao lado da anca direita, com a

palma da mão para a frente e o polegar a apontar para baixo. Por sua vez, a

mão esquerda agarra a vara com a palma da mão para baixo e polegar a

apontar para a frente (Sainz, 1994).

Embora no início, o peso da vara na posição vertical seja sustentado

principalmente pela mão direita, durante a corrida de aproximação e com o

abaixamento da parte inferior da vara o peso passa para a mão esquerda

(Petrov, 1985).

2.1.1.1.4. Apresentação da vara

Esta fase tem como principal objectivo preparar a chamada elevando a

extremidade proximal da vara para cima e para a frente do saltador e aumentar

a velocidade na chamada (Sainz, 1994). Uma boa apresentação é o resultado

de uma boa corrida de aproximação (Railsback, 1987; cit. Dias, 2006).

Normalmente esta fase realiza-se nas últimas duas passadas da corrida o

que é o mesmo que dizer durante os últimos três apoios (Figura 3). Neste

momento a vara encontra-se na posição horizontal, começando-se a elevar a

mão direita e a baixar a extremidade distal da vara. A mão esquerda não deve

baixar a posição adoptada na corrida de aproximação, mas sim mover-se para

cima e para a frente.

No penúltimo apoio com o pé direito (“perna livre”), a mão direita está ao

Figura 2 – Transporte da vara (Adaptado de Sainz, 1994).

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Revisão da literatura

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nível da cara (mas não muito afastada) e a extremidade distal da vara vai

descendo em direcção à caixa. No final do penúltimo passo, a mão direita deve

estar situada acima do ombro, formando uma linha imaginária com a bacia e o

pé direito (Pereira, 2002). Depois surge a fase mais delicada, em que a acção

da perna direita deve suportar duas importantes acções: ajudar a empurrar a

vara para a frente e para cima; manter a bacia elevada de forma a garantir que

a perna de chamada inicie o contacto já em extensão e consiga manter uma

elevada rigidez durante a actuação (Pereira, 2002).

É importante que o movimento de elevação da parte proximal da vara se

realize continuamente sem paragens (Sainz, 1994), assim como a velocidade

durante a fase de apresentação, que deve ter a menor perda possível

(Arampatzis, Brüggemann, & Metzler, 1999).

Figura 3 – Apresentação da vara (Adaptado de Sainz, 1994).

2.1.1.1.5. Introdução da vara e chamada

O objectivo é gerar um grande impulso final e colocar o corpo numa

posição apropriada, aumentando ao máximo o ângulo da vara com o solo para

transferir adequadamente para o salto, a energia cinética adquirida durante a

corrida de aproximação.

A chamada desenrola-se ao longo do último apoio, desde o instante de

recepção do pé esquerdo, até ao instante de saída sendo esta fase

considerada como a mais importante por diversos autores, tais como, Attig

(s/d), McGinnis (2000), Strawderman (s/d) e Yokoyama (s/d) (cits. Dias, 2006).

De forma a minimizar as perdas de transmissão de energia na ligação da

apresentação da vara com a chamada, esta é realizada debaixo da projecção

vertical da mão superior (direita) do saltador. Isto permite ao saltador alcançar

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Revisão da literatura

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com a pega superior a máxima altura (Tidow, 1991). De forma a manter a pega

durante a chamada, a mão direita deve deixar de se dirigir para cima e para a

frente, assim como a mão esquerda deve favorecer a penetração.

A chamada deve ser uma transmissão suave do peso do corpo para a

vara. Por isso a ponta da vara não deverá tocar o fundo da caixa até que se

inicie a fase activa da chamada, por outras palavras, quando o corpo estendido

do saltador passar a posição vertical do pé de chamada, dessa linha para a

frente (Figura 4). Só neste momento o varista começa suavemente a apoiar-se

na vara, e para não perder energia, o saltador deve ter uma atitude

caracterizada pela tonicidade muscular.

Figura 4 – Introdução da vara e chamada (adaptado de Sainz, 1994).

2.1.1.2. 2ª Parte (fase aérea com apoio)

A fase aérea com apoio tem como objectivo acumular a energia adquirida

durante a corrida de aproximação (flectindo a vara) e colocar o corpo na melhor

posição de modo a rentabilizar essa energia. Esta fase divide-se em duas

grandes partes, desde que o pé de chamada abandona o solo até à máxima

flexão da vara e da máxima flexão da vara até quando se larga a vara. Por sua

vez estas duas fases subdividem-se em mais duas: a primeira composta pela

penetração e pêndulo largo, e a segunda que possui o engrupar e a extensão e

rotação.

2.1.1.2.1. Penetração

O atleta através do impulso da chamada encontra-se suspenso pela sua

mão direita (alta e centrada) avançado com o seu corpo até que a vara pare a

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Revisão da literatura

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flexão. O pé da perna livre adianta-se à mão direita e ao pé de chamada para

que o atleta penetre no salto pelo peito e não pela bacia. Esta acção produz

uma tensão devido ao estiramento de toda a musculatura da parte anterior do

corpo e acumula energia potencial muito útil para o posterior movimento de

inversão. Por sua vez, o membro superior esquerdo deve estar direccionado

para a frente e para cima de forma a permitir uma melhor penetração (Figura 5)

(Sainz, 1994).

Figura 5 – Fase de penetração (Adaptado de Sainz, 1994).

2.1.1.2.2. Pêndulo largo

Após atingir a posição anterior o atleta deverá colocar a bacia ao nível da

cabeça, com os membros inferiores flectidos, quando a vara alcança a máxima

flexão (Figura 6).

Aproveitando a energia acumulada na penetração, o saltador balanceia-se

para a frente através de duas acções consecutivas:

1. Com o movimento para a frente e para cima os membros inferiores,

principalmente o membro inferior esquerdo deve estar o mais

estendido possível. O membro inferior direito (perna livre) permanece

flectido pelo joelho e pela bacia com o tronco

2. Com uma acção dos ombros para trás o mais afastado da vara com

uma completa extensão dos membros superiores. Durante esta fase a

cabeça mantém-se numa posição natural, no alinhamento do corpo.

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Revisão da literatura

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Figura 6 – Fase de pêndulo largo (Adaptado de Sainz, 1994).

2.1.1.2.3. Engrupar

A transição do pêndulo largo para o engrupar tem lugar quando o varista

se encontra para além da corda da flexão da vara (Tidow, 1991) e mantém um

ângulo entre os alinhamentos do membro superior direito com o membro

inferior esquerdo, o mais próximo possível dos 180º. O eixo do corpo neste

momento deve fazer um ângulo de 45º com a horizontal (Dias, 2006).

O atleta após a elevação da bacia e dos pés e o atraso dos ombros, flecte

o corpo pela bacia e pelos joelhos (engrupado) até as costas ficarem paralelas

ao solo. De acordo com (Tidow, 1991) a flexão máxima da vara acontece

quando o tronco do saltador está horizontal e paralelo com a extremidade da

vara por cima dele. Nesta fase os braços mantêm-se estirados para que os

ombros estejam o mais afastado da vara (Figura 7) (Dias, 2006).

A posição de engrupado não significa que se tenha de fazer uma paragem

no salto, mas passar por ela num só momento (Dias, 2006).

Figura 7 – Fase de engrupar (Adaptado de Sainz, 1994).

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Revisão da literatura

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2.1.1.2.4. Extensão e rotação

De acordo com Petrov (1985) no momento da máxima flexão da vara, as

forças de flexão e as forças elásticas alcançam um equilíbrio, mas como a

aceleração do centro de massa é negativa, a pressão sobre a vara diminui e

esta começa a endireitar-se. A tarefa principal do saltador com vara nesta fase

é levar o seu centro de massa o mais perto possível do eixo da vara, para que

o corpo se encontre na melhor posição para aproveitar a energia da vara de

forma a ser capultado para a frente.

A extensão do corpo dá-se com a “abertura” pela bacia e estendendo os

membros inferiores para cima não devendo o saltador ficar afastado da vara. A

cabeça por sua vez segue o prolongamento natural da coluna vertebral. Ao

mesmo tempo, o corpo passa por duas posições características: a posição J

(Sainz, 1994) ou L e a posição I (Figura 8) (Tidow, 1991). Nesta fase o membro

superior direito mantém-se estendido, ao contrário do membro superior

esquerdo que se flexiona.

O início da rotação coincide com um momento em que se chega à total

extensão do membro superior esquerdo, por uma acção de tracção dos

membros superiores para baixo, procurando que a bacia se mantenha próximo

da vara ou no seu prolongamento vertical, sendo assim o saltador encontra-se

numa posição a 90º em relação à direcção da corrida (Tidow, 1991).

Durante este movimento de rotação, o ombro direito também é levado

para junto da vara, de modo a que o braço superior flectido possa dar um

impulso residual ao corpo em aceleração ascendente ao executar a acção de

empurrar a vara para baixo. Nesta fase a acção dos membros superiores

conjuga-se com o impulso proporcionado com a extensão da vara. O membro

superior esquerdo empurra a vara até estar completamente estendido,

soltando-a (Tidow, 1991). O movimento ascendente continua com auxílio do

membro superior direito, empurrando a vara até à sua total extensão, enquanto

que os membros inferiores se dirigem estendidos para cima da fasquia (Sainz,

1994).

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Revisão da literatura

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Figura 8 – Fase de extensão e rotação. Colocação dos membros superiores nas posições “J” (b) e “I” (c) (Adaptação de Sainz, 1994).

2.1.1.3. 3ª Parte (fase aérea sem apoio)

2.1.1.3.1. Transposição da fasquia, queda e recepção

Esta fase inicia-se a partir do momento em que o atleta perde o contacto

com a vara e termina no momento em que entra em contacto com o colchão.

Os movimentos do atleta visam organizar o seu corpo de forma a evitar a

fasquia (Pereira, 2002).

Na transposição o atleta procura envolver a fasquia perpendicularmente,

arqueando o corpo, flexionando pela cintura e mantendo a cabeça baixa

(Sainz, 1994). Para Tidow (1991), a fase de transposição da fasquia é óptima

se, no ponto culminante da trajectória imediatamente acima da fasquia, o

saltador conseguir criar um arco com o corpo em forma de “ferradura” ou em

“v” invertido pela flexão rápida da bacia. Quando o peito está por cima da

fasquia, o atleta endireita-se e lança os braços para cima. Esta acção deve ser

rápida mas nunca brusca e descontrolada de forma a não tocar na fasquia com

o peito ou com os braços (Figura 9).

Na queda o corpo continua a rotação iniciada na transposição, para que a

recepção se faça com a parte superior das costas (Dias, 2006).

A recepção efectua-se sobre a parte superior posterior do tronco, devido à

acção de rotação que se cria durante a transposição da fasquia. Se a queda

fosse realizada de pé existia o perigo de lesionar os ligamentos dos pés ou dos

joelhos (Sainz, 1994).

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Revisão da literatura

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Figura 9 – Transposição da fasquia, queda e recepção (Adaptado de Sainz, 1994).

2.2. A precisão na corrida de aproximação

Perante a obrigação de alcançar uma boa prestação, o facto do atleta

realizar uma corrida de aproximação fluida, rápida e precisa parece ser crucial.

Mas muito frequentemente, nem sempre é fácil para o aluno gerir a sua fase de

aproximação para se aproximar suficientemente perto da tábua de chamada,

mantendo a velocidade (Cornus & Roal, 2006).

Segundo Dias (2006), a velocidade é uma consequência do aumento da

passada no início da aceleração e aumento da frequência no fim desta (Dias,

2006). Deste modo, durante a aproximação o saltador deve aumentar

gradualmente a velocidade até atingir a sua velocidade máxima no momento

da chamada (Falk, 1978; cit. Dias, 2006).

Para a maioria das tarefas, a precisão é afectada de uma forma

proporcionalmente inversa em relação à velocidade. Deste modo, à medida

que a velocidade aumenta a precisão diminui e o contrário também acontece.

Outro ponto que é importante analisar e que influencia o resultado final são as

componentes da velocidade da corrida de aproximação. Correr rápido é uma

consequência do produto da amplitude e frequência do passo da corrida (P.

McGinnis, comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007). Assim sendo, à

medida que a velocidade cresce, ambas as componentes aumentam e quando

ambas diminuem reflecte-se na velocidade de corrida.

Com o objectivo de atingir uma chamada rápida e precisa, o varista deve

desenvolver três habilidades. Em primeiro lugar, deve desenvolver um padrão

de corrida consistente, para que a primeira parte desta seja previsível e

repetitivel, de salto para salto. A segunda habilidade diz respeito à capacidade

para reconhecer que a corrida necessita de correcções. E por fim, o saltador

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Revisão da literatura

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deve desenvolver uma habilidade que lhe permita ajustar os restantes passos

da corrida de aproximação, para corrigir os erros, o mais cedo possível. Assim,

ao longo da corrida, tanto nos saltadores horizontais como verticais, a maioria

dos atletas, de modo a diminuir a imprecisão usam uma fase de aceleração na

corrida de aproximação e posteriormente uma fase de controlo visual (P.

McGinnis, comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007).

Outro modo utilizado pelos atletas, para corrigirem os erros acumulados

ao longo da corrida de aproximação, é o recurso da marca de controlo por

parte do treinador (P. McGinnis, comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de

2007). Alguns atletas localizam-na quatro passos antes da tábua de chamada.

Para determinar se a marca de saída foi ajustada apropriadamente, durante

uma tentativa de salto, a diferença observada entre a marca do treinador e a

posição do pé corresponderá aos ajustes que terão de ser efectuados no início

da corrida. Assim, se o pé que realiza o apoio estiver colocado um pouco à

frente da marca de controlo, a marca de partida é movida para trás; se pelo

contrário é colocado atrás da marca de controlo a marca de partida é movida

para a frente (Hay & Koh, 1988). Segundo estes autores, estes procedimentos

apoiam-se em duas suposições: primeiro, que a habilidade programada do

atleta é muito bem desenvolvida e segundo que a adopção de estratégias de

controlo visual ocorre no ponto em que a marca de controlo é localizada.

Nas estratégias de controlo que o atleta deve efectuar ao longo da corrida

de aproximação, Conceição (2004) menciona quatro pontos importantes: (a) o

comportamento da velocidade ao longo de toda a corrida de aproximação,

destacando o ponto onde se verifica o seu valor máximo, (b) o controlo visual,

(c) a precisão da corrida de aproximação e (d) a reprodutibilidade da corrida de

aproximação. P. McGinnis (comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007)

acrescenta que o varista deverá considerar duas tarefas a ter em conta durante

a corrida de aproximação, (i) a primeira, que será correr o mais rápido possível

e gerar velocidade vertical na chamada, (ii) e a segunda, correr o mais rápido

possível com precisão na chamada. Como expõe o mesmo autor, o padrão da

passada de corrida afecta ambas as tarefas, pois estas estão interrelacionadas.

Durante muito tempo admitiu-se que a corrida de aproximação permitiria

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Revisão da literatura

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reproduzir um padrão de deslocação estereotipada para chegar ao local de

chamada adequado, daí a importância das marcas para estabilizar o

deslocamento. Em 1982, Lee et al. põem em causa esta ideia reorientando-se

para paradigmas mais ecológicos onde as questões põem o sistema atleta-

meio envolvente no centro das preocupações (Cornus & Roal, 2006).

Neste estudo, utilizaram três saltadoras do sexo feminino durante duas

sessões normais de treino com uma semana de diferença. Os autores ao

analisarem a variabilidade existente entre as corridas constataram que as

atletas quando se aproximavam da tábua de chamada deixavam de utilizar

uma corrida estereotipada para começarem a usar estratégias de recurso da

percepção visual que as ajudavam a regular a corrida de aproximação. Quando

as atletas se apercebiam que estavam muito próximos da tábua encurtavam a

passada, enquanto que quando estavam longe da tábua de chamada,

alongavam a passada (Lee et al., 1982).

As pesquisas de Lee et al. (1982), mostraram que a corrida de

aproximação de três saltadoras em comprimento, apresentaram um padrão de

passada consistente até estarem a alguns passos da tábua de chamada, e

então elas mudavam de estratégia tentando reproduzir um padrão de corrida

estereotipado, de modo a regular a sua corrida de acordo com a percepção

visual relativamente à tábua de chamada. Mostraram também que o desvio

padrão dos atletas aumentava gradualmente até atingirem o quinto passo

anterior à chamada. A partir desse momento as atletas começavam a diminuir

esta variabilidade até chegar à chamada (Scott, Li, & Davids, 1997). Com base

na inflexão da variabilidade da curva os autores observaram, a existência de

duas fases na corrida de aproximação. A primeira, a fase de aceleração,

também chamada de fase programada (P. McGinnis, comunicação pessoal, 28

de Fevereiro de 2007), durante a qual os atletas produziam um padrão de

passada estereotipado, e a segunda, a fase de controlo visual (Hay, 1988b;

Lee et al., 1982), também designada de fase correctiva (P. McGinnis,

comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007). Esta última fase, corresponde

aos últimos passos até à chamada e onde os atletas ajustam a sua passada

para eliminar os erros espaciais, que se acumularam ao longo da primeira fase

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Revisão da literatura

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da corrida (Figura 10). Estes erros são acumulados devido a factores internos e

externos ao atleta, tais como o vento, o público, a adrenalina, etc. (P. McGinnis,

comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007; (IAF Biomechanics Research

Project Athens, 2002).

Figura 10 - Desvio padrão médio da distância dedo-tábua de chamada na corrida de aproximação para não saltadores, principiantes e saltadores de elite. Na figura salientam-se os valores obtidos no 5 passo antes da chamada (J) (Adaptado de Scott et al. 1997).

Como descreve P. McGinnis (comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de

2007), se um atleta realizasse uma corrida consistente de salto para salto, com

a mesma marca de partida e padrão de passada, ele estaria sempre a utilizar

uma corrida estereotipada e consequentemente a localização do pé de

chamada seria constante durante cada ensaio. Contudo, o mesmo não

acontece, devido aos factores já referidos. Desta forma, os atletas no decurso

da corrida de aproximação até à chamada vão acumulando erros de passo

para passo, que se irão reflectir na precisão da chamada, caso não ocorram

correcções no decorrer da mesma. Estas correcções surgem na fase que

antecede a chamada, a fase de controlo visual.

Ao controlo visual Lee et al. (1982; cit. Berg & Mark, 2005) também se

referiu como the inverse of the rate of dilation of the image of the board,

contudo Wlliams, Davids & Williams (1999; cit. Berg & Mark, 2005)

denominaram-no de tau local, ou controlo visual local. Este controlo refere-se à

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Revisão da literatura

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fonte de informação temporal do momento em que pode ser localizado um

objecto específico ou uma área de superfície dentro do fluxo global da

informação óptica. Em oposição, surge o tau global ou controlo visual global,

referindo-se a uma fonte de informação temporal que está disponível no meio

ambiente em vez do local, no campo de fluxo visual (Berg & Mark, 2005).

Para além dos dois tipos de controlo visual referidos, foram propostos

mais dois, que podem ser úteis na regulação do comprimento da passada.

Uma terceira versão chamada de tau compósito ou controlo visual compósito

foi idealizado por Bootsma e Graig (2002, Berg & Mark, 2005) e refere-se a

uma combinação do ângulo subjacente ao objecto, tal como o local ou a tábua

de chamada, no ponto de observação (i. e., o controlo visual local) e o ângulo

entre a direcção olho-objecto e uma linha imaginária que vai através do ponto

de observação (i. e., o controlo visual global). A quarta representação do

controlo visual consiste na combinação do ângulo formado pela vertical e a

direcção olho-objecto e a sua variação (de Rugy, Montagne, Buekers &

Laurent, 2000, cit. Berg & Mark, 2005).

De acordo com Hay (1988b), o estudo de Lee, et al. apresenta algumas

limitações importantes. O pequeno número de sujeitos utilizado no estudo

(n=3), o facto da amostra ser toda do sexo feminino, a homogeneidade em

relação à habilidade das saltadoras e o facto das conclusões terem sido

obtidas com base nos resultados destas três atletas. Porém, apesar das

limitações encontradas, este estudo apresentou descobertas importantes que

originou a necessidade de recriá-lo numa escala maior (Hay, 1988a).

Desta forma, Hay (1988b) conduziu dois estudos, de modo a replicar e

compreender o trabalho desenvolvido por Lee et al. (1982), embora desta vez

com uma amostra superior e incluindo atletas de ambos os sexos.

O primeiro desses dois estudos revelou que todos os sujeitos do estudo

(n=28 saltadores em comprimento de elite femininos e masculinos) usaram

estratégias de controlo visual durante as passadas finais da corrida de

aproximação, enquanto que no segundo os sujeitos (n=19 saltadores em

comprimento de elite femininos e masculinos) em média adoptaram estratégias

de controlo visual a cinco passos da tábua. Estes resultados corroboram o

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Revisão da literatura

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estudo de Lee et al. (1982) na medida em que se verificou uma tendência

ascendente e descendente na variabilidade da posição do pé ao longo da

corrida. Neste trabalho, o autor também verificou que a maioria dos ajustes

(67%) ocorrem principalmente nas últimas duas passadas (Hay, 1988b).

No entanto Hay & Koh (1988) demonstraram que nem todos os atletas de

elite apresentam um padrão similar na variabilidade, como comprovaram Lee,

et al. (1982) e (Hay, 1988b), nos seus estudos. Isto é, nem todos os sujeitos

apresentaram uma fase descendente na parte final da corrida. Dos 49 sujeitos

que participaram no estudo de Hay & Koh (1988), 32 apresentaram uma clara

tendência ascendeste e descendente, 4 sujeitos tinham um alto nível de

consistência da variabilidade de todas as fases de aproximação e 7 atletas

mostraram uma tendência ascendente da variabilidade até à chamada.

Apesar de Hay (1988b) ter solucionado uma lacuna nesta área da

investigação, ainda faltava estudar outros grupos, que abordassem as

estratégias de regulação da corrida de aproximação, em saltadores mais novos

relativamente, aos seus homólogos mais velhos, Assim, Berg et al. (1994, cit.

Scott et al., 1997) realizaram um estudo onde mostraram que atletas de nível

escolar superior desenvolviam uma tendência ascendente e descendente

similar aos dados encontrados por Lee et al. (1982) e (Hay, 1988b), assim

como os atletas principiantes. O autor (Scott et al., 1997) interpretou estes

resultados sugerindo ser uma característica do atleta em detrimento do facto de

poder ser treinável. Scott et al. (1997) com base no estudo apresentado

questionam o termo principiantes, porque os autores não são claros ao

especificar a prática e a aprendizagem relativamente ao Salto em

Comprimento, nestes elementos da amostra. Esta clarificação poderá justificar

o facto dos níveis apresentados serem tão semelhantes na variabilidade dos

padrões de erro em atletas de elite e saltadores iniciados. O citado autor

acrescenta ainda que apesar dos sujeitos no estudo de Berg et al. (1994 cit.

Scott et al., 1997) catalogados como principiantes terem obtido resultados

médios (5,42m) inferiores aos de Lee et al (1982) (entre 5,78 m e 6,54 m),

estes demonstraram ter uma habilidade em saltar, segundo os resultados

obtidos, que não os podem colocar num grupo denominado como

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Revisão da literatura

21

inexperientes, pois estes atletas já beneficiavam de uma pequena quantidade

de treino prévio. Desta forma, é pouco claro se a similaridade dos dados entre

a amostra de Hay (Hay, 1988b) e de Berg et al. (1994, cit. Scott, Li, & Davids,

1997) são resultado de um treino específico ou resultado de um mecanismo

fundamental da regulação da corrida em tarefas de aproximação.

Consequentemente, Scott et al. (1997) realizaram um estudo onde se

procurava verificar se uma amostra constituída por estudantes (n=11) sem

qualquer experiência ao nível dos saltos no Atletismo, apresentavam um

padrão de variabilidade de erro na corrida de aproximação semelhante aos

resultados obtidos por atletas da especialidade. Apoiando os restantes estudos

verificou-se uma tendência média ascendente e descendente similar com o que

foi observando em atletas de elite e principiantes. Porém, quando avaliados

individualmente verificou-se que nem todos os sujeitos apresentaram o mesmo

padrão ou quantidade de variabilidade. Um dos sujeitos apresentou um padrão

semelhante ao mostrado por quatro atletas do estudo de Hay & Koh (1988),

mostrando um baixo desvio padrão ao longo das passadas. Estes resultados

idênticos aos obtidos por Hay & Koh (1988) sugerem que uma segunda

estratégia poderá existir e que poderá não ser exclusiva dos saltadores (Scott

et al, 1997). Em relação aos ajustes efectuados durante a aproximação à tábua

de chamada, a amostra desta investigação apresentou 65% dos ajustes no

penúltimo e antepenúltimo passo, ao contrário dos atletas de elite (Hay, 1988b)

e principiantes (Scott et al, 1997).

Um aspecto relevante apontado por Scott et al (1997) que se tem de ter

em consideração quando se comparam os resultados de vários estudos é o

facto dos resultados não terem sido obtidos numa situação de competição

como aconteceu com Berg et al. (1994, cit. Scott et al. 1997) e Hay (1988b).

Um atleta em condições competitivas pode utilizar estratégias alternativas de

modo a obter um salto válido, pelo que, os erros e mesmo a velocidade

poderão ser afectados (Scott et al, 1997).

Como já foi referido anteriormente a fase programada é crucial para a

parte final da corrida de aproximação, sendo portanto de grande importância o

seu estudo. Deste modo, Glize & Laurent (1997), procuraram comparar o início

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Revisão da literatura

22

da corrida no Salto em Comprimento com a corrida de velocidade dos sprinters.

Os resultados permitiram verificar que os saltadores apresentaram ajustes no

início da corrida, os quais não eram observados nos velocistas durante a fase

de aceleração ou aqueles realizados pelos saltadores numa etapa posterior

próximo da tábua de chamada, que eram definitivamente feitos sob controlo

visual. Estes autores obtiveram duas consequências práticas para o treino dos

saltadores. A primeira, em que os resultados demonstram existir ajustes no

início da corrida, o que apoia a ideia de que os saltadores não produzem um

padrão constante de passada. E uma segunda, em que comparam a corrida de

velocistas e dos saltadores e verificando que ambas as tarefas são diferentes,

não só em relação ao objectivo, mas também na cinemática locomotora. Desta

forma, os autores concluíram que o desempenho da corrida sem salto final é de

baixo valor pedagógico, mesmo na fase inicial da corrida.

Montagne et al. (2000; cit. Cornus & Roal, 2006), procuraram analisar o

comportamento de um sujeito do início ao fim da corrida de aproximação,

assim como de uma prova para a outra utilizando uma análise intra-provas,

contrariamente a uma análise entre-provas, pois no primeiro caso avalia-se o

estado corrente do sistema atleta-meio envolvente, enquanto que no segundo

se avalia o comportamento médio realizado. Os autores verificaram que todos

os elementos da amostra adoptaram sistematicamente a mesma estratégia de

regulação de uma prova para a outra, alongando tão depressa a passada como

encurtando-a.

Para Montagne et al (2000, cit. Cornus & Royal, 2006), a regulação da

corrida solicita um mecanismo de controlo baseado numa ligação percepção-

movimento. Este controle contínuo supõe que o sujeito precisa de perceber

para agir mas também de agir para perceber. A sua própria deslocação

modifica o cenário (o local de acção) visual que modificando-se o obriga a

adaptar-se à nova situação. Esta relação circular entre a informação necessária

para estar no local certo no momento certo e a acção a realizar, obriga o

sistema atleta-meio envolvente a adaptar-se continuamente em função dos

constrangimentos do meio envolvente.

Num estudo realizado, para avaliar se os atletas eram capazes de adaptar

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Revisão da literatura

23

a sua regulação a condições ambientais diferentes, Cornus & Royal (2006),

utilizaram 7 estudantes em Sciences et Techniques des Activités Physiques et

Sportives (STAPS) de Strasbourg. Estes foram divididos em três grupos: dos

quais 4 foram considerados atletas experientes por possuírem treino e uma

corrida pré-definida, enquanto os restantes três atletas nunca tiveram contacto

com a modalidade. Todos os sujeitos efectuaram cada um 12 saltos (4 saltos

na distância preferencial, 4 a uma distância de partida avançada, a menos de

25 cm e 4 provas a uma distância mais curta, com mais de 25 cm). Os

resultados mostraram que todos os estudantes foram capazes de se adaptar

aos diferentes constrangimentos ambientais para manter uma certa

performance motora. Como sugere Berg et al. (1994; cit. Cornus & Royal,

2006) a capacidade de regular não é tanto o resultado de uma aprendizagem

mas uma emergência de um comportamento adaptado à situação. Cornus &

Royal (2006) completam, referindo que esta regulação parece ser regida por

uma ligação percepção-movimento baseada num controle contínuo, em que o

atleta necessita de perceber para agir, mas também de agir para perceber, isto

é, o atleta percebe a relação que existe entre ele e o seu meio: entre

deslocamento e a distância que o separa da tábua, adaptando-se à situação

em curso. As regulações produzidas ao longo da acção são resultado das

adaptações constantes fruto dos constrangimentos do meio envolvente.

Dada a similaridade existente na corrida de aproximação, entre o Salto em

Comprimento e Salto com Vara, será oportuno afirmar que no último, os atletas

também farão uso de controlo visual para se aproximarem da chamada (Hay,

1988a). Seguindo esta teoria, Hay (1988a) desenvolveu um estudo com

varistas para verificar se estes também realizavam controlo visual no final da

corrida de aproximação. Para tal, utilizou 12 finalistas dos Jogos Olímpicos de

Los Angeles, da prova de Salto com Vara, e constatou que estes atletas

apresentavam os valores médios do controlo visual no quarto passo, um passo

a menos comparativamente com o estudo realizado com saltadores em

comprimento. Hay (1988a), justificou com o facto dos varistas realizarem mais

corridas contínuas no treino e nelas procurarem exaustivamente colocarem-se

numa posição adequada para realizar a chamada.

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Revisão da literatura

24

O facto dos varistas recorrerem ao controlo visual depois dos saltadores

em comprimento, levaram os autores a sugerir que com menos erros

acumulados ao longo das passadas, os varistas não terão de efectuar

correcções tão cedo como farão os saltadores em comprimento (Hay, 1988b),

devendo-se isto à necessidade de precisão durante a chamada no SC, ao

contrário do SV. É a existência da tábua de chamada no SC que conduz a este

resultado.

P. McGinnis (comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007) realizou um

estudo idêntico ao de Hay (1988a) e constatou que a sua amostra também

possui duas fases de corrida, a primeira de aceleração e a segunda de controlo

visual. Porém, discordou ao nível do local onde essa transição ocorria, pois nos

seus estudos os valores médios ocorriam a 5 passos da chamada.

De acordo com Hay (1988a) há pouco suporte bibliográfico que refere que

o ponto onde ocorre a adopção de estratégias de controlo visual é condiciona a

maioria dos ajustes. Ainda assim, é oportuno questionar se o momento em que

ocorre o início da descida da vara não interfere na velocidade da corrida de

aproximação. Pois se assim se verificar, a precisão no momento da chamada

também será afectada. Caso estes factos ocorram será pertinente supor que os

varistas recorram a mais do que um controle visual ao longo da corrida Hay

(1988a).

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Objectivos e hipóteses

25

3. OBJECTIVOS E HIPÓTESES

O objectivo deste trabalho foi verificar se os atletas portugueses de Salto

com Vara recorrem a estratégias de controlo visual para regular a corrida de

aproximação.

Para isso pretendemos:

1. Verificar e comparar em que momento da corrida de aproximação os

atletas começam a utilizar estratégias de controlo visual;

2. Verificar a reprodutibilidade da corrida de aproximação no Salto com

Vara.

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Material e métodos

27

4. MATERIAL E MÉTODOS

Como referido na bibliografia, a corrida de aproximação tem um papel

preponderante no resultado de um Salto com Vara. Com o intuito de averiguar

se os saltadores com vara a nível nacional utilizam estratégias de controlo

visual durante a corrida de aproximação, criamos um protocolo experimental

que nos permitisse obter os valores referentes às velocidades na corrida de

aproximação. Posteriormente estes dados serão comparados com os referidos

na literatura.

4.1. Caracterização da amostra

A amostra deste estudo foi constituída por 9 atletas do sexo masculino,

especialistas do Salto com Vara, sendo um atleta do escalão Júnior e os

restantes Seniores. Os dados foram obtidos em dois momentos competitivos

diferentes, assim sendo, um atleta que participou na primeira competição (S1)

e repetiu as avaliações da segunda competição (S4).

As características gerais de cada elemento participante no estudo

encontram-se resumidas no Quadro 2.

Quadro 2 – Caracterização geral da amostra – Idade (anos), peso (Kg), altura (m), número de passadas e recorde pessoal no Salto com Vara (m).

Identificação Idade (anos)

Peso (Kg)

Altura (m) Nº de passos Recorde

pessoal (m)

Sujeito 1 (S1) 22 79 1.80 16 4.90

Sujeito 2 (S2) 19 69 1.72 14 4.34

Sujeito 3 (S3) 29 70 1.68 10 5.00

Sujeito 4 (S4) 22 79 1.80 16 4.90

Sujeito 5 (S5) 22 79 1.87 14 4.95

Sujeito 6 (S6) 30 79 1.86 14 5.13

Sujeito 7 (S7) 30 75 1.70 18 5.00

Sujeito 8 (S8) 29 73 1.78 12 4.60

Sujeito 9 (S9) 20 79 1.87 14 4.95

X 25.10 75.13 1.79 14.25 4.86

sd 4.79 4.09 0.08 2.49 0.26

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Material e métodos

28

É pertinente reforçar que os atletas incluídos no estudo pertencem à elite

nacional do Salto com Vara. Dos 10 atletas que compõem a amostra, todos

eles ficaram classificados nos 15 primeiros lugares do ranking nacional de pista

coberta da época de 2007.

4.2. Protocolo experimental

O nosso estudo é composto por três etapas distintas. A primeira onde se

procedeu à recolha dos dados com auxílio de um velocímetro doppler. A

segunda etapa onde se desenvolveu o tratamento dos dados obtidos através

do radar. Por fim realizou-se uma correlação cruzada onde se analisou a

variância de diferentes sinais, quer em função da distância como do tempo.

4.2.1. Procedimentos gerais para a recolha de dados

Os dados utilizados para o estudo foram recolhidos em dois momentos

diferentes: primeiro, no Torneio Rio Largo Cidade de Espinho e posteriormente,

no Campeonato de Portugal de Pista Coberta. Antes de se iniciarem as

competições procedeu-se à montagem do material o mais afastado do sector

de saltos, de forma a evitar constrangimentos por parte dos atletas durante as

provas. Durante o aquecimento foram efectuados diversas simulações, para

que no momento da competição tanto os avaliadores como os avaliados

estivessem ambientados com o material.

Na recolha de dados utilizou-se um sistema composto pelos instrumentos

apresentados no Quadro 3.

Quadro 3 – Instrumentos utilizados no estudo.

Instrumentos

1. Um velocímetro doppler – Stalker – Profissional sports Radar

2. Unidade de sincronização

3. Portátil

4. Células fotoeléctricas

5. Câmara de filmar digital

Estes instrumentos foram montados de acordo com a Figura 11.

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Material e métodos

29

Figura 11 – Representação esquemática do esquema do protocolo experimental.

Para a recolha dos dados cinemáticos, referentes à evolução da

velocidade de deslocamento dos atletas ao longo da corrida de aproximação

até ao momento em que realizam a chamada, colocou-se um velocímetro

doppler no extremo inicial da corrida de aproximação (Figura 11 - 1), a uma

distância que não perturbava a realização da competição. Este foi colocado

sobre um tripé fixo e nivelado orientado na direcção da corrida dos atletas.

O velocímetro estava ligado a um sistema de trigger, ou unidade de

sincronização, que recebia um sinal de 12 V (Figura 11 – 2), proveniente de um

par de células fotoeléctricas (Figura 11 – 4) que se encontravam sobre dois

tripés a uma altura de 50 cm na zona de chamada, de modo a cortar a linha de

recepção de dados, no momento em que o atleta cruzava o feixe das células

fotoeléctricas. Esta medida foi utilizada para que no momento de descida da

vara, esta não interceptasse o feixe.

A unidade de sincronização por sua vez estava ligada ao computador

portátil (Figura 11 – 3), onde se recebiam os dados referente à velocidade e

permitia deste modo transferi-los e guarda-los de imediato.

A partir do momento que se accionava manualmente o velocímetro,

instantes antes do atleta iniciar a corrida, este efectuava registos com

intervalos de 0,03 segundos. Estes registos forneceram-nos dados relativos ao

tempo, velocidade de deslocamento do atleta, distância do atleta em relação ao

momento em que realiza a chamada e a aceleração efectuada durante a

corrida de aproximação.

1

2 3

4

4

5

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Material e métodos

30

O velocímetro possui diversas configurações que se podem adoptar

consoante as características do objecto que se está a medir. Sendo o presente

estudo realizado com humanos, que se deslocam a velocidades até 11 m/s

(Conceição, 2004), a configuração usada foi:

− Setup Menu H: 225 e Lo=0, que diz respeito ao intervalo de

velocidades que são interceptadas pelo aparelho. Convertendo-se

para o Sistema Internacional (SI) as velocidades consideradas

situaram-se no intervalo de 0 a 100 m/s;

− Range = Low, que se refere à distância máxima numa linha recta que o

radar atinge, neste caso, 60m.

Além disso, colocamos uma câmara de filmar digital no plano sagital, que

seguia o atleta ao longo da corrida de aproximação (Figura 11 – 5).

4.2.2. Tratamento dos dados cinemáticos provenientes do radar.

Os dados cinemáticos obtidos através do radar diziam respeito à

velocidade de deslocamento dos atletas ao longo da corrida de aproximação. A

partir destes dados, o software Stalker ATS for Windows 95 integrou para obter

a distância. Ao utilizar este método a perda de precisão é menor

comparativamente com um instrumento que fornecesse a distância e a partir da

qual se derivasse numericamente para obtermos a velocidade.

Pelo facto do radar ser accionado antes do atleta iniciar a corrida, a parte

inicial dos registos provenientes deste equipamento eram irrelevantes para o

nosso trabalho na medida em que representam um período em que o atleta

estava parado, tendo sido eliminado este registo. Posteriormente, a sequencia

dos dados alusivos à corrida de aproximação foi invertida, isto é, os valores da

velocidade no momento da chamada coincidiam com a distância inicial

(distância inicial = 0m), desta forma no momento da partida o valor relativo à

distância tem o seu valor máximo.

Com o intuito de podermos comparar as diferentes curvas de velocidades

foi escrita uma rotina em Matlab. Nesta rotina procedeu-se inicialmente à

importação dos dados provenientes do radar, que previamente tinham sido

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Material e métodos

31

convertidos para uma extensão compatível com o programa.

Apesar dos dados obtidos pelo radar terem sido adquiridos sempre pelo

mesmo sistema no mesmo estado de configuração, apresentaram diferentes

espaçamentos de pontos. Como queríamos estudar a evolução velocidade em

função da distância (Vx) procedemos à reparametrização dos nossos dados,

isto é, eliminamos o tempo no vector da velocidade e no vector da distância.

Por outro lado, os dados provenientes do radar não possuíam pontos

igualmente espaçados. Este problema resolveu-se recorrendo a uma

normalização do sinal, interpolando os dados através de splines cúbicos, isto é,

utilizando equações do terceiro grau, que passam por cada par de pontos e são

contínuas até à segunda derivada em cada ponto.

4.2.3. Tratamento estatístico dos dados

A técnica à qual recorremos para averiguar a existência de controlo visual

foi a correlação cruzada que aparece descrita na equação 1:

Equação 1 - Equação da correlação cruzada.

( ) ( ) ( )∫ −=

D

dttVtVxcorr21

ττ

Onde,

V1 = velocidade do primeiro sinal;

V2 = velocidade do segundo sinal;

t = tempo;

τ = lag (desfasamento).

Através da correlação cruzada podemos comparar diferentes sinais tendo

em consideração o tempo e a distância. No entanto, no presente caso

procedeu-se à comparação do sinal original com ele próprio, que constitui uma

variante da correlação cruzada e que se denomina auto-correlação.

Posteriormente foram aplicadas técnicas de estatística descritiva, tais

como a média e o desvio padrão.

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Apresentação e Discussão dos Resultados

33

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo iremos apresentar e discutir os resultados obtidos durante o

nosso estudo.

O processo de análise dos dados foi dividida em três partes, uma primeira

referente às velocidades obtidas por parte de cada atleta, um segundo, onde se

procurou verificara a reprodutibilidade da corrida de aproximação. E por fim, um

terceiro, na qual analisamos a adopção de estratégias de controlo através da

utilização da auto-correlação.

5.1. Velocidade máxima na corrida de aproximação

A velocidade na corrida de aproximação tem vindo a ser referida ao longo

do trabalho como um factor importante, tanto na precisão da chamada, como

também no resultado do salto, sendo portanto, uma das componentes mais

importantes na performance do varista.

Tendo em conta o referido até então, no Quadro 4 estão expostas as

médias dos valores máximos de velocidade (Vmax), independentemente do

momento da corrida. A elite masculina de salto com vara apresenta uma

máxima velocidade de ( X =8.38; sd=0.27 m/s), sendo que o valor mais alto foi

obtido pelo S4 ( X =8.82; sd=0.54 m/s), enquanto que o S7 registou o valor mais

baixo ( X =7.86; sd=0.35 m/s), apresentando um intervalo de 0.96 m/s. Dos

valores obtidos salienta-se que apenas dois atletas apresentam valores abaixo

de 8 m/s (VmaxS2= 7.89; VmaxS8= 7.86).

No World Championships in Athletics in Helsinki 2005, os especialistas de

Salto com Vara apresentaram velocidades na corrida de aproximação entre

8.88 m/s e 9.43 m/s. No entanto, quando observadas as velocidades da

amostra feminina participante no mesmo evento, observamos valores

semelhantes aos registados pela elite nacional, sendo que o valor mais baixo

era 7.51 m/s e mais elevado 8.53 m/s (Schade, Brüggemann, Isolehto, Komi, &

Arampatzis, 2005). Analisando o nível de competição que decorria estes

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Apresentação e Discussão dos Resultados

34

atletas, deveriam apresentar velocidades superiores, de modo a aspirarem a

resultados de classe internacional, pois os resultados obtidos pela nossa

amostra são idênticos aos apresentados pela elite feminina mundial.

A velocidade assume um papel importância no desempenho do Salto com

Vara. Tal ocorre porque uma maior velocidade corresponde a uma

transferência de uma maior energia para a vara. Isto, leva-nos a supor que é

necessário realizar um trabalho profundo com estes atletas, para que estes

melhorem a velocidade e consequentemente o seu desempenho.

Quadro 4 – Média das velocidades máximas (m/s) obtidas pelos sujeitos.

Como referido anteriormente, o S1 e o S4 são o mesmo indivíduo, desta

forma podemos tecer comparações importantes. Note-se que a média das

velocidades máximas obtida por este indivíduo foram ligeiramente superiores

no Campeonato de Portugal de Pista Coberta ( X =8.82; sd=0.54 m/s)

comparativamente ao Torneio Rio Largo Cidade de Espinho ( X =8.77; sd=0.19

m/s). Este facto poderá dever-se ao planeamento realizado para a época

competitiva. O Campeonato de Portugal de Pista Coberta poderá ter assumido

um papel principal relativamente ao torneio, sendo este considerado uma das

competições secundárias. Destaque-se a emergência da velocidade como

factor determinante para os melhores resultados.

5.2. Reprodutibilidade da corrida de aproximação

A análise dos dados relativos à velocidade máxima obtida pelos atletas é

importante para verificar se esta acontece no momento da chamada ou se por

outro lado o atleta atinge o seu máximo antes da mesma. Este decréscimo na

velocidade poderá justificar uma má regulação da corrida ou um mau controlo

visual, pois desta forma o atleta teria de abrandar para efectuar a chamada de

uma forma precisa e adequada. Consequentemente, a transferência da

velocidade horizontal para a vertical vai ser influenciada e influenciará a

Média das velocidades máximas

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 Média

X 8.77 7.89 8.25 8.82 8.5 8.34 7.86 8.47 8.55 8.38

sd 0.19 0.38 0.09 0.54 0.25 0.32 0.35 0.32 0.23 0.27

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Apresentação e Discussão dos Resultados

35

performance do atleta.

No Quadro 5 estão apresentadas as variações das velocidades realizadas

instantes antes da chamada e a distância média a que ocorre a partir da

mesma.

O atleta que registou maior diminuição na velocidade final, isto é, aquele

que apresentou maior “travagem” foi o S6 ( X =0.21; sd=0.21 m/s). No entanto,

quando se observa a distância média a que ocorre a máxima velocidade é o S9

a 1.71 metros que apresenta o valor mais elevado. Como referido

anteriormente, a diminuição da velocidade poderá justificar o uso de controlo

visual. Por conseguinte, este atleta é o que apresenta a maior distância de

ajuste da corrida.

Quadro 5 – Variações das velocidades (m/s) e distâncias (m), para Vx e Vt obtidas pelos sujeitos.

No uso de estratégias de controlo visual torna-se fundamental situar o

local em que ocorre, em vez do momento. Este facto justifica-se pela

importância de caracterizar a corrida de aproximação e conhecer todos os

momentos que nela ocorrem e que poderão influenciar o desenrolar da mesma.

Pelos motivos apresentados ao longo do trabalho iremos dar primazia aos

valores referentes à distância em detrimento dos do tempo.

Na Figura 12, apresentamos um exemplo de um gráfico com os valores

médios e o respectivo desvio padrão da velocidade de corrida em função da

distância (Vx) e do tempo (Vt). De acordo com os resultados obtidos podemos

constatar que de um modo geral o inicio da corrida apresenta uma maior

variabilidade, especialmente ao nível da curva Vx, particularmente na corrida de

aproximação do S5 (Figura 12). No entanto, também se verifica uma alta

variabilidade no fim da mesma. Esta discrepância diz respeito à imprecisão que

Variações das velocidades realizadas antes da chamada

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9

X 0.06 0.03 0.05 0.03 0.03 0.21 0.11 0.16 0.10 Velocidade

Sd 0.17 0.04 0.09 0.03 0.05 0.21 0.14 0.20 0.11

X 0.58 0.23 0.66 0.74 0.26 1.46 1.50 0.84 1.71 Distância

Sd 0.99 0.33 1.15 0.95 0.52 1.99 1.24 0.99 2.36

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Apresentação e Discussão dos Resultados

36

ocorre durante a chamada. Tal como referimos na revisão literatura, no Salto

com Vara a precisão da chamada não coloca em causa a validação do salto, o

importante nesta especialidade é chegar a este momento com uma adequada

colocação dos diferentes segmentos (Hay, 1988a). No entanto, este factor

pode ser influenciado pela alteração da pega da vara.

-5 0 5 10 15 20 25 30-2

0

2

4

6

8

10médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-2

0

2

4

6

8

10

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

Figura 12 – Exemplo gráfico da evolução da velocidade média (m/s) da corrida de aproximação, da velocidade (m/s) em função da distância (m) e tempo (s) do S5.

Outro aspecto importante a realçar é o facto de se observar em

determinados momentos da corrida de aproximação, um aumento muito

pronunciado da dispersão. Tal facto poderia passar despercebido caso logo de

seguida não existisse uma diminuição brusca da mesma. Estes casos poderão

justificar-se pelo uso de estratégias de controlo visual por parte do atleta,

durante a corrida de aproximação, da mesma forma que ocorria com a

diminuição da velocidade no fim da corrida de aproximação.

No Quadro 6 e 7 podem-se observar os dados referentes ao desvio

padrão máximo de Vx (Sdmax (Vx)) e Vt (Sdmax (Vt)) nos momentos que

antecedem a chamada, enquanto que os registos do desvio padrão mínimo de

Vx (Sdmin(Vx)) e Vt (Sdmin(Vt), se encontram no Quadro e 9, respectivamente.

Para determinar estes valores consideraram-se os últimos 10 metros de

corrida, pois como refere (Fraley & Fraley, 1995), a velocidade de um varista

entre os 10 e 5 metros a partir da tábua de chamada é um importante indicador

do potencial do saltador. Portanto a menor discrepância observada durante

esta fase irá beneficiar o desempenho do atleta.

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Apresentação e Discussão dos Resultados

37

O Sdmax (Vx) da amostra é de 0.42 m/s e observa-se que é superior ao

Sdmax(Vt), onde se registou 0.39 m/s. O mesmo acontece quando se trata da

variabilidade do Sdmin para ambas as curvas. Na curva Vx observou-se 0.18 m/s

enquanto que na curva Vt se obteve 0.13 m/s.

Outro aspecto importante a salientar é que as velocidades médias

registadas para um Sdmin(Vx) é de 7.74 m/s, que se apresenta ligeiramente

superior quando comparado com um Sdmax(Vx) no mesmo gráfico (Vx=

7.73m/s).

Analisando caso a caso, constatamos que apenas quatro atletas

diminuíram a sua velocidade entre o Sdmax(Vx) e o Sdmin(Vx), sendo a maior

diminuição no S6 de 0.10 m/s. Pelo contrário, na curva Vt o oposto acontece,

verificando-se a velocidade no Sdmin inferior ao apresentado no primeiro

momento (Vt1= 7.66 m/s; Vt2= 7.65 m/s), no entanto analisando individualmente

constatamos que apenas dois atletas apresentaram valores inferiores,

verificando-se a maior diferença no S6 em que houve uma diminuição de 0.60

m/s.

Quadro 6 – Desvio padrão máximo de Vx (SdMax (Vx)) obtido nos momentos que antecedem a chamada.

Desvio padrão máximo (SdMax (Vx))

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 Média

Distância da chamada (m)

7.4 7.45 6.94 6.72 8.72 4.93 6.27 8.25 6.51 7.02

Velocidade (m/s) 7.93 6.96 7.68 8.14 7.66 7.95 7.67 7.51 8.08 7.73

Desvio padrão 0.31 0.68 0.23 0.32 0.49 0.37 0.57 0.49 0.31 0.42

Quadro 7 - Desvio padrão máximo de Vt (SdMax (Vt)) obtido nos momentos que antecedem a chamada.

Desvio padrão máximo (Sdmax (Vt))

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 Média

Tempo até à chamada (s) -1.66 -1.03 -0.64 -1.02 -0.93 -1.07 -1.05 -0.98 -0.79 -1.02

Velocidade (m/s) 7.25 6.99 7.85 8.12 7.7 7.82 7.4 7.69 8.14 7.66

sd 0.33 0.58 0.28 0.31 0.63 0.20 0.47 0.41 0.31 0.39

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Apresentação e Discussão dos Resultados

38

Quadro 8 – Desvio padrão mínimo de Vx (Sdmin (Vx)) obtido nos momentos que antecedem a chamada.

Desvio padrão mínimo (Sdmin (Vx))

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 Média

Distância da chamada (m)

6.21 5.39 6.34 5.87 7.58 3.55 3.76 7.22 5.48 5.71

Velocidade (m/s) 7.98 7.22 7.64 8.15 7.64 7.85 7.67 7.42 8.08 7.74

sd 0.16 0.14 0.05 0.15 0.11 0.11 0.57 0.21 0.09 0.18

Quadro 9 – Desvio padrão mínimo de Vt (Sdmin (Vt)) obtido nos momentos que antecedem a chamada.

Desvio padrão mínimo (Sdmax (Vt))

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 Média

Tempo até à chamada (s) -1.34 -0.75 -0.53 -0.09 -1.1 -0.86 -0.87 -0.88 -0.63 -0.78

Velocidade (m/s) 7.58 7.15 7.86 8.03 7.81 7.22 7.62 7.44 8.14 7.65

sd 0.11 0.09 0.02 0.09 0.28 0.08 0.24 0.12 0.14 0.13

O S1 (Figura 13) apresenta uma corrida de aproximação muito regular,

verificando-se um afunilamento ao nível dos valores do desvio padrão desde o

início da corrida até ao momento em que se realiza a chamada. Note-se que na

curva Vt, quando o atleta se encontra a 4s da chamada se observa um desvio

padrão elevado ao nível na velocidade de corrida (sd= 0.51 m/s), enquanto que

no momento imediatamente a seguir se verifica uma diminuição deste (sd=

0.20 m/s) justificando-se que o atleta fez uso de uma estratégia de controlo

visual.

-5 0 5 10 15 20 25 30 35-2

0

2

4

6

8

10

12médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-2

0

2

4

6

8

10

12

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

Figura 13 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S1, onde estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada (m) e do tempo.

Como referido anteriormente, o S4 (Figura 14) é o mesmo sujeito

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Apresentação e Discussão dos Resultados

39

representado por S1. Analisando ambas as competições podemos verificar

uma melhor reprodutibilidade na corrida de aproximação no Campeonato de

Portugal de Pista Coberta, verificando-se uma menor oscilação na mancha

gráfica, o que nos faz supor que apresentou maior precisão ao nível da

chamada o que se irá reflectir no desempenho final superior.

-5 0 5 10 15 20 25 30 35-2

0

2

4

6

8

10

12médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-2

0

2

4

6

8

10

12

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

Figura 14 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S4, onde estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada (m) e do tempo.

Na Figura 15, perto dos 7 m da chamada verificamos um aumento do

desvio padrão ao nível da velocidade média de corrida deste atleta, com um

valor máximo de 0.68 m/s, seguido de um decréscimo no desvio padrão da

velocidade média de corrida, 0.14 m/s. A diferença entre estes dois momentos

é bastante elevada comparativamente com os restantes atletas, 0.54 m/s, o

que nos faz supor que o atleta quando atinge este local da corrida apresenta

mais irregularidades tendo que ajustar a velocidade de corrida, para que no

momento da chamada o atleta se encontre numa posição correcta. Este facto

verifica-se não só quando se analisa a curva Vx, mas também na curva Vt,

apresentando uma diferença de 0.49 m/s.

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Apresentação e Discussão dos Resultados

40

-5 0 5 10 15 20 25-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

Figura 15 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S2, onde estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada (m) e do tempo.

O S6 foi o atleta que venceu o Campeonato de Portugal de Pista Coberta.

Através das médias das velocidades máximas de cada atleta (Figura 16)

podemos constatar que este não foi aquele que apresentou níveis a média da

velocidade máxima mais elevada. No entanto, quando se observa a curva Vx e

Vt podemos dizer que este possui uma corrida modelada, dado que as barras

de dispersão são muito pequenas e muito uniformes. Assim, afirmamos que o

facto de se ter uma corrida reprodutível mais eficiente poderá influenciar o

rendimento de uma forma significativa. Para além disso, é pertinente afirmar

que a sua experiência como atleta poderá ter ajudado na execução de

diferentes corridas com variações pouco notórias.

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

Figura 16 - Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S6, onde estão representadas a velocidade (m/s) e distância até à chamada (m).

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Apresentação e Discussão dos Resultados

41

O S7 relativamente aos restantes elementos da amostra foi o que

apresentou a maior imprecisão ao longo da corrida de aproximação, tanto para

Vx, como para Vt, sendo a primeira a mais notória. Contudo, é de observar que

só a 23 metros é que se começa a observar um decréscimo acentuado no

desvio padrão da velocidade média de corrida, diminuindo de 2.68 m/s para

1.03 m/s.

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40-2

0

2

4

6

8

10médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-2

0

2

4

6

8

10

12

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

Figura 17 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S7, onde estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada (m) e do tempo.

Na literatura consultada, diferentes autores observaram uma tendência

ascendente e descendente da corrida, sendo esta modificação gerada no

momento em que o atleta faz uso de estratégia de controlo visual (Hay, 1988b).

Scott et al. (1997) no seu estudo corroborou estes resultados, embora tivesse

verificado também que alguns atletas apresentaram uma tendência ascendente

ao longo da corrida e outro grupo apresentou uma evolução sem flutuações.

Observando os diferentes gráficos constatamos que nenhuma das situações

verificadas nos estudos referidos se observam no presente estudo uma vez

que se verificou uma tendência descendente até próximo da chamada, onde se

inverte a evolução da corrida, mudando de seguida para uma tendência

descendente, até à chamada.

5.3. Determinação de estratégias de controlo visual através da auto-

correlação

A recolha de dados utilizada em anteriores estudos centrava-se em duas

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Apresentação e Discussão dos Resultados

42

técnicas diferentes, uma obtida através de um radar que recolhia a velocidade

ao longo de corrida de aproximação e outra através da cinemetria, onde se

obtinham as variações ocorridas em cada apoio durante a corrida de

aproximação. Uma maior ou menor diminuição da variabilidade da colocação

dos apoios estava relacionado com a menor ou maior imprecisão da corrida

(Hay 1988b; Scott et al. 1997).

A rotina desenvolvida em Matlab procura determinar através de técnicas

estatísticas se ao longo de uma corrida de aproximação o atleta fazia uso de

estratégias de controlo visual. Esta técnica representa uma inovação

relativamente à apresentada pela literatura até então, pois as anteriores

baseavam-se na estatística descritiva e esta procura relacionar diferentes

sinais.

Através desta rotina obtivemos dois tipos de gráficos, um que diz respeito

à distância e outra ao tempo. Em ambos os tipos de curva verificou-se uma

alteração notória logo nos primeiros metros/segundos da corrida de

aproximação. A Figura 18 é um exemplo da concavidade obtida em todas as

corridas de aproximação utilizadas no estudo.

0 5 10 15 20 25-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

tempo(s)

cova

riânc

ia

Figura 18 – Exemplo gráfico de uma corrida de aproximação utilizando a auto-correlação. Salienta-se o facto de existir um ponto de inflexão muito evidente.

No entanto, algumas variações surgem de indivíduo para indivíduo, quer

ao nível do espaço como temporalmente. No Quadro 10, apresentamos para

cada sujeito, os valores médios e o respectivo desvio padrão tanto para a

distância, como para o tempo, no momento onde ocorre a alteração da

covariância. Para além disso, na tabela ainda estão presentes os mesmos

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Apresentação e Discussão dos Resultados

43

dados para a amostra total.

Em média o ponto de inflexão da curva, isto é, o momento onde o atleta

fez uso de estratégias de controlo visual foi a ( X =19.67; sd=1.56 m) da

chamada enquanto que a nível temporal acontece a ( X =3.34; sd=0.32 s).

Estes resultados corroboram os encontrados pela literatura (Cornus & Roal,

2006; Hay, 1988b; Hay & Koh, 1988; Lee et al. 1982) no que concerne à

adopção de estratégias de controlo visual por parte de todos os atletas.

Observando os dados individualmente averiguamos que o atleta que

apresenta em média o ponto de controlo visual mais distante é o S7 ( X =20.04;

sd=4.55 m). O mesmo acontece quando se analisam os dados relativamente

ao momento temporal ( X =3.34; ±0.76), apesar de esta componente não ser tão

evidente como nos dados referidos anteriormente. Pelo contrário, aquele que

regista uma menor distância é o atleta S2 com X =15.69 e sd=1.08 m.

Quadro 10 – Valores médios da covariância da distância (m) e do tempo (s).

Identificação Distância (m) Tempo (s)

X 21.34 -3.44 S1

Sd 0.35 0.14

X 14.69 -2.81 S2

Sd 1.08 0.26

X 17.06 -3.09 S3

Sd 0.61 0.37

X 22.15 -3.69 S4

Sd 0.95 0.26

X 19.81 -3.07 S5

Sd 1.58 0.32

X 26.61 -4.52 S6

Sd 1.68 0.14

X 20.04 -3.34 S7

Sd 4.55 0.76

X 16.52 -2.76 S8

Sd 2.01 0.17

X 18.81 -3.35 S9

Sd 1.25 0.42

X 19.67 -3.34 Total (n=9) Sd 1.56 0.32

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Apresentação e Discussão dos Resultados

44

Pelos resultados apresentados anteriormente procuramos verificar se os

diferentes pontos de inflexão de cada atleta ocorriam no mesmo local, tendo

em consideração a totalidade da corrida de aproximação, considerando-a

assim como 100%. Optamos por utilizar esta normalização dos dados, porque

assim estaríamos a utilizar um termo de comparação semelhante, mesmo que

os indivíduos apresentassem um número de passada diferente (Quadro 11).

A amostra do presente estudo em média apresentou uso de estratégia de

controlo visual a 72.37% (sd= 4.73 m/s) da corrida, sendo que este valor diz

respeito à distância que ainda falta deslocar até à chamada. Além disso,

verificamos que o atleta que inicia o uso de estratégia visual mais cedo é o S7,

a 75,16 % (sd= 4.85) da corrida, enquanto que o S2, a 69.14% (sd= 5.82), foi

aquele que iniciou mais tarde, apresentando um intervalo de 7.31%. Note-se

que numa corrida de 30 metros este intervalo corresponderia a 2.20 m.

Quadro 11 – Normalização dos pontos de inflexão da corrida de aproximação de cada sujeito.

Normalização dos pontos de inflexão (%)

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 Total

X 73.71 69.14 70.81 73.15 74.33 74.13 75.16 74.04 67.85 72.37

Sd 3.46 5.82 2.31 3.15 2.92 3.17 4.85 3.93 4.80 4.73

Estes dados não podem ser analisados sem ter em consideração

diferentes variáveis, tais como, a idade, número de passadas, nível desportivo,

etc., pois todas elas influenciam a postura do atleta em competição.

Relacionando os resultados com a idade do atleta podemos constatar que

os dois atletas mais jovens (S2 e S9) foram aqueles que obtiveram um ponto

de inflexão médio mais tarde (S2: X = 69.14; sd= 5.82%. S9: X =67.85;

sd=4.80%), considerando o inicio da corrida de aproximação. Contudo, existem

outros dois atletas que apresentam idades que os poderão agrupar neste grupo

etário, o S5 e o S4 ou S1, embora os resultados não se assemelharam aos

obtidos pelos atletas referidos anteriormente, sendo X =74.33; sd=2.92%,

X =73.15; sd=3.15% e X =73.71 sd=3.46%, respectivamente, concluindo deste

modo que a idade não influencia o momento em que ocorre esse ponto. Porém

quando se analisa o escalão etário que cada atleta se situa, verificamos que os

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Apresentação e Discussão dos Resultados

45

dois atletas referidos como os mais novos encontram-se em fase de transição

para o escalão sénior. Esta característica poderá justificar variação encontrada

nos resultados.

Para além da idade, foi observado se o momento de uso da estratégia

visual é influenciado pelo desempenho desportivo, observação esta que tal

como na situação anterior não foi conclusiva, pois o S9 foi 3º classificado e

atletas com pior desempenho apresentaram a adopção de estratégias de

controlo visual precocemente, comparativamente a ele.

Sendo assim, tendo em consideração as diferentes variáveis já referidas e

acrescentando o facto do nível técnico, fruto de anos de prática, ser um

aspecto importante nesta disciplina, podemos supor que a articulação das

mesmas é que poderá influir o momento de utilização de estratégias de

controlo visual.

Na Figura 19 estão representados os momentos onde ocorrem as

estratégias de controlo visual para cada sujeito e para a amostra do estudo.

Nela também está representado o intervalo que existe entre primeiro e o último

atleta que realiza uso de estratégia de controlo visual.

Figura 19 – Representação percentual do ponto onde ocorre uma alteração na autocorrelação.

Com o intuito de compreender o que acontecia no momento em que

ocorre o ponto de inflexão, observamos os filmes captados durante a

73.71

69.14

70.81

73.15

74.33

74.13

75.16

74.04

67.85

72.37

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

0 20 40 60 80 100(%)

(Atletas)

S1

S2

S3

S4

S5

S6

S7

S8

S9

Média

7.31% Início da corrida Chamada

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Apresentação e Discussão dos Resultados

46

competição. Com estes registos verificamos que o momento em que ocorre o

referido ponto coincide com a correcção da postura dos atletas, por outras

palavras, os atletas no momento em que iniciam a corrida de aproximação

realizam um desequilíbrio para a frente do tronco e a partir de um determinado

momento verticaliza-o. Este facto vem inviabilizar o referido na literatura no que

concerne ao controlo visual, na medida em que os atletas de salto com vara

portugueses não fizeram uso desta estratégia.

Tendo em conta tudo o que foi referido até então, estes resultados não

corroboram os encontrados na literatura descritos para o Salto em

Comprimento, pois todos apontam para o uso de estratégias de controlo visual

no fim da corrida de aproximação (Cornus & Roal, 2006; Hay, 1988b; Lee et al.

1982) na investigação desenvolvida com ambos os sexos verificou que em

média ambos os grupos adoptaram estratégias de controlo visual no 5º último

passo da corrida de aproximação. A distância média entre o dedo do pé de

apoio e o bordo da tábua de chamada para esta amostra foi de 9.70 m, para os

atletas do sexo feminino e 12.5 m para o sexo masculino. Por sua vez, Scott et

al. (1997), no seu estudo com não saltadores verificou que o uso de controlo

visual iniciava-se a 7.73 m, enquanto que no estudo de Berg et al. (1994; cit.

Scott et al, 1997) a sua amostra composta por principiantes 7.91 m.

Uma importante limitação dos estudos referidos anteriormente cinge-se à

zona de estudo da corrida de aproximação. Apenas um autor abordou esta

temática na totalidade da corrida de aproximação. Glize e Laurent (1997), ao

estudar a fase de aceleração dos saltadores em comprimento e dos velocistas

constatou a existência de uma regulação da corrida nos primeiros passos de

corrida, contudo não a denominou de controlo visual, ao contrário dos ajustes

que encontrou no fim da mesma. Este autor, refere que no início o controlo

visual deve-se essencialmente à aquisição de um programa motor.

No que concerne ao Salto com Vara, o nosso estudo não corrobora, os

resultados obtidos por P. McGinnis (comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de

2007) e Hay (1988a), na medida em que se não verificou uso de estratégias de

controlo visual durante a sua aproximação.

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Apresentação e Discussão dos Resultados

47

Envolvidos pela curiosidade de observar de que modo a corrida de

aproximação do Salto em Comprimento evoluiria aplicando o tratamento

estatístico do presente estudo utilizamos os dados de um atleta que foram

utilizados na tese de Conceição (2004).

Na Figura 20 apresentamos os gráficos de uma corrida de aproximação de

um saltador em comprimento. Neles podemos verificar que tal como no Salto

com Vara, nesta especialidade também existe a mesma concavidade inicial.

Mas, para além deste ponto, antes e depois também se observam dois pontos

que nos fazem supor ao contrário do Salto com Vara, nesta especialidade a

utilização de estratégias de controlo visual ocorre frequentemente. Estas

alterações que surgem ao longo da corrida de aproximação deste indivíduo

também foram observadas em corridas de aproximação de outros saltadores

em comprimento.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18-1500

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

distância(m)

cova

riânc

ia

-3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0

-200

-100

0

100

200

300

400

500

tempo(s)

cova

riânc

ia

Figura 20 – Exemplo de uma representação gráfica da corrida de aproximação de um saltador em comprimento utilizando a auto-correlação.

Estas variações ao longo da corrida de aproximação levam-nos a concluir

que dependendo da relevância do ponto a partir do qual é que o salto é

validado, ambiente envolvente no campo visual, entre outras variáveis, a

corrida de aproximação poderá diferir, quanto mais não seja a estrutura mental.

Assim, as semelhanças que Hay (1988a) referia existirem entre a corrida de

aproximação do Salto em Comprimento e salto com vara poderão não ser

assim tão evidentes.

Considerando o referido até então, diferentes estudos poderão ser

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Apresentação e Discussão dos Resultados

48

realizados aplicando a rotina desenvolvida para o presente estudo noutras

especialidade que envolvam corridas de aproximação, tais como triplo salto, no

Atletismo, ou salto de cavalo na Ginástica.

Para além disso poderá em projectos futuros ser aplicado em desporto

colectivos para que se possa compreender de que forma o controlo visual

poderá influenciar a aproximação à área do guarda-redes durante um contra-

ataque no Andebol ou durante um lançamento na passada no Basquetebol, por

exemplo.

As consequências práticas para os varistas que podemos retirar do

presente estudo prendem-se com o facto dos ajustes observados durante a

fase inicial da corrida de aproximação levam-nos a supor que os varistas não

utilizam um padrão de corrida estereotipado. Consequentemente o treinador

não deve procurar que o atleta realize uma regulação perfeita ao longo da

aproximação, mas deve realçar o contínuo controlo da passada. Uma solução

possível poderá ser a modificação sistemática, sem o conhecimento dos

atletas, da posição da marca inicial de corrida, alterando-a em alguns

centímetros no decorrer do treino. A corrida, neste caso, tornar-se-á uma tarefa

que claramente exigirá um controlo contínuo, para lidar com a pressão do

ambiente.

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Conclusões

49

6. CONCLUSÕES

A análise dos resultados permitiu-nos concluir que:

− Os atletas que constituíram a amostra não adoptaram estratégias de

controlo visual para regular a corrida de aproximação;

− A reprodutibilidade da corrida de aproximação aumenta à medida que

se aproxima da chamada, isto é, segue uma tendência descendente;

− As alterações observadas na corrida de aproximação devem-se à

correcção da postura do tronco no início desta, contrariando o escrito

pela literatura.

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51

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Page 78: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

54

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I

8. ANEXOS

8.1. Velocidades médias da corrida de aproximação

165

-5 0 5 10 15 20 25 30 35-2

0

2

4

6

8

10

12médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-2

0

2

4

6

8

10

12

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

284

-5 0 5 10 15 20 25-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

297

-5 0 5 10 15 20 25 30-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-2

0

2

4

6

8

10

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

Page 80: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

II

557

-5 0 5 10 15 20 25 30 35-2

0

2

4

6

8

10

12médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-2

0

2

4

6

8

10

12

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

686

-5 0 5 10 15 20 25 30-2

0

2

4

6

8

10médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-2

0

2

4

6

8

10

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

818

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

Page 81: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

III

853

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40-2

0

2

4

6

8

10médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-2

0

2

4

6

8

10

12

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

927

-5 0 5 10 15 20 25-2

0

2

4

6

8

10

12médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5-2

0

2

4

6

8

10

12

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

933

-5 0 5 10 15 20 25 30 35-2

0

2

4

6

8

10médias

distância à chamada (m)

velo

cida

de (m

/s)

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1-2

0

2

4

6

8

10

tempo até à chamada (s)

velo

cida

de (m

/s)

médias

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Anexos

IV

8.2. Gráficos referentes à auto-correlação

165

1

0 5 10 15 20 25 30-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia

2

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

distância(m)

cova

riânc

ia

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

tempo(s)

cova

riânc

ia

3

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

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Anexos

V

4

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

5

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

6

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

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Anexos

VI

7

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia

284

1

0 5 10 15 20 25-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia

3

0 5 10 15 20 25-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia

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Anexos

VII

4

0 5 10 15 20 25-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

tempo(s)

cova

riânc

ia

5

0 5 10 15 20 25-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

tempo(s)

cova

riânc

ia

6

0 5 10 15 20 25-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia

Page 86: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

Anexos

VIII

7

0 5 10 15 20 25-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-400

-200

0

200

400

600

800

1000

tempo(s)

cova

riânc

ia

297

1

0 5 10 15 20 25-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia

2

0 5 10 15 20 25 30-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

distância(m)

cova

riânc

ia

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

tempo(s)

cova

riânc

ia

Page 87: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

Anexos

IX

3

0 5 10 15 20 25-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

tempo(s)

cova

riânc

ia

557

1

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia

2

0 5 10 15 20 25 30 35-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

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Anexos

X

3

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

4

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

tempo(s)

cova

riânc

ia

0 5 10 15 20 25 30 35-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

5

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1500

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

tempo(s)

cova

riânc

ia

0 5 10 15 20 25 30 35-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

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Anexos

XI

6

0 5 10 15 20 25 30 35-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

7

0 5 10 15 20 25 30 35-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

8

0 5 10 15 20 25 30 35-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

tempo(s)

cova

riânc

ia

Page 90: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

Anexos

XII

686

1

0 5 10 15 20 25 30-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

2

0 5 10 15 20 25 30-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

tempo(s)

cova

riânc

ia

3

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

tempo(s)

cova

riânc

ia

Page 91: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

Anexos

XIII

4

0 5 10 15 20 25 30-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

tempo(s)

cova

riânc

ia

818

1

0 5 10 15 20 25 30 35-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1500

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

tempo(s)

cova

riânc

ia

2

0 5 10 15 20 25 30 35-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

tempo(s)

cova

riânc

ia

Page 92: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

Anexos

XIV

3

0 5 10 15 20 25 30 35-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

tempo(s)

cova

riânc

ia

5

0 5 10 15 20 25 30 35 40-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

distância(m)

cova

riânc

ia

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1500

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

tempo(s)

cova

riânc

ia

6

0 5 10 15 20 25 30 35 40-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

distância(m)

cova

riânc

ia

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

tempo(s)

cova

riânc

ia

Page 93: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

Anexos

XV

847

1

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

853

1

0 5 10 15 20 25-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

2

0 5 10 15 20 25 30 35-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

distância(m)

cova

riânc

ia

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1500

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

tempo(s)

cova

riânc

ia

Page 94: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

Anexos

XVI

3

0 5 10 15 20 25 30-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

tempo(s)

cova

riânc

ia

4

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

distância(m)

cova

riânc

ia

-4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-400

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

tempo(s)

cova

riânc

ia

5

0 5 10 15 20 25 30-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

distância(m)

cova

riânc

ia

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

Page 95: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

Anexos

XVII

6

0 5 10 15 20 25 30 35-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

tempo(s)

cova

riânc

ia

927

1

0 5 10 15 20 25-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

2

0 5 10 15 20 25-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia

Page 96: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

Anexos

XVIII

3

0 5 10 15 20 25-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia

4

0 5 10 15 20 25-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

distância(m)

cova

riânc

ia

-4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia

933

1

0 5 10 15 20 25 30-3000

-2000

-1000

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

Page 97: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

Anexos

XIX

2

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia

3

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

4

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

tempo(s)

cova

riânc

ia

Page 98: A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida ... · um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique

Anexos

XX

5

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

tempo(s)

cova

riânc

ia

6

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

distância(m)

cova

riânc

ia

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0-1500

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

tempo(s)

cova

riânc

ia

7

0 5 10 15 20 25 30-4000

-2000

0

2000

4000

6000

8000

distância(m)

cova

riânc

ia

-5 -4.5 -4 -3.5 -3 -2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

tempo(s)

cova

riânc

ia