A Ciencia Na Educacao Pre-escolar

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  • 8/10/2019 A Ciencia Na Educacao Pre-escolar

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    Maria Lcia Santos

    Maria Filomena Gaspar

    Sofia Saraiva Santos

    A C NCIANA EDUCAOPR-ESCOL R

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    Santos, Maria Lcia

    educadora de infncia, licenciada em Cincias

    da Educao e mestre em Cincias da Educao

    pela Faculdade de Psicologia e de Cincias

    da Educao da Universidade de Coimbra.

    responsvel pela rea de Educao de Infnciana Fundao Bissaya Barreto, onde trabalha,

    e presidente da direo da APEI, Associao

    de Profissionais de Educao de Infncia

    (www.apei.pt), atividade que desenvolve

    em regime de voluntariado.

    Gaspar, Maria Filomena

    licenciada em Psicologia, com mestrado

    e doutoramento em Psicologia da Educao.

    professora associada da Faculdadede Psicologia e de Cincias da Educao

    da Universidade de Coimbra e entre os

    seus domnios de investigao encontra-se

    a Educao de Infncia, designadamente

    a formao de educadores de infncia

    no programaAnos Incrveis Teacher Classroom

    Managemente a relao com a famlia.

    Santos, Sofia Saraiva

    Aluna da licenciatura em Educao Bsicapara prosseguimento para o mestrado

    em Educao Pr-Escolar e licenciada em

    Animao Socioeducativa, tendo realizado

    o estgio em contexto de jardim de infncia

    e desenvolvido o projeto Naturacia: Promoo

    da literacia na natureza.

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    Largo Monterroio Mascarenhas, n. 1, 8. piso1099-081 LisboaTelf: 21 001 58 [email protected]

    Fundao Francisco Manuel dos SantosOutubro de 2014

    Director de Publicaes: Antnio Arajo

    Ttulo: A Cincia na Educao Pr-escolar

    Autores: Maria Lcia SantosMaria Filomena GasparSofia Saraiva Santos

    Reviso de texto: Hlder Guegus

    Design: Ins Sena

    Paginao: Guidesign

    Impresso e acabamentos: Guide Artes Grficas, Lda.

    ISBN: 978-989-8662-82-8Depsito Legal 382 496/14

    As opinies expressas nesta edio so da exclusiva responsabilidadedos autores e no vinculam a Fundao Francisco Manuel dos Santos.Os autores optaram por seguir o novo Acordo Ortogrfico.

    A autorizao para reproduo total ou parcial dos contedos desta obra

    deve ser solicitada aos autores e ao editor.

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    A CINCIANA EDUCAO

    PR-ESCOLARA promoo da literacia cientficaem jardim de infncia em Portugal

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    A CINCIANA EDUCAO

    PR-ESCOLARA promoo da literacia cientficaem jardim de infncia em Portugal

    Maria Lcia Santos

    Maria Filomena Gaspar

    Sofia Saraiva Santos

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    A Cincia na Educao Pr-Escolar

    NDICEA Cincia na Educao Pr-Escolar

    Captulo 19 Introduo

    Captulo 2

    11 Procedimentos e Amostra

    Captulo 3

    13 Avaliao da Promoo da Literaciana Educao Pr-Escolar

    13 3.1. So as nossas salas de jardimde infncia amigas das Cincias?20 3.2. Os contedos cientficos das Orientaes

    Curriculares para a Educao Pr-escolar

    e as capacidades investigativas

    23 3.3. As narrativas sobre os objetivosda Educao Pr-Escolar

    24 3.4. Atividades, experincias ou projetos de exploraorealizados na rea das Cincias e os relatos de prticas

    Captulo 4

    27 Discusso dos Resultados e Direes para o Futuro

    31 Bibliografia

    Anexo 1

    33 Questionrio39 II. Escala Contedos Cientficos das Orientaes

    Curriculares para a Educao Pr-Escolare Capacidades Investigativas

    40 III. Escala Narrativas sobre os Objetivosda Educao Pr-Escolar

    41 IV. Atividades, experincias ou projetosde explorao realizados na rea das Cincias

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    Anexo 2

    43 Resultados

    44 2. A escala Cincias no Jardim de infncia47 3. A escala Matemtica no Jardim de infncia48 4. Correlaes entre as sub-escalas das escalas

    Cincia e Matemtica no Jardim de infncia

    Anexo 3

    49 Relatos de Prtica52 Observatrio de caracis58 Vamos fazer uma prenda para a me

    64 Viagem ao mundo da luz70 Descobrindo pequenos animais nossos vizinhos73 S chuva! s chuva! Estou farta!81 A luz e a cor89 A brincar tambm se aprende:

    Brincando com os Alimentos

    98 descoberta dos veados na Serra da Lous110 Crescemos como as plantas!

    121 Porque que aqui no cai neve?128 Materiais naturais e no naturais135 descoberta do montado144 Desafios matemticos com moedas

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    Captulo 1Introduo

    As Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar (DEB, 1997) consti-

    tuem o quadro de referncia para todos os educadores portugueses e destinam-

    -se organizao da componente letiva da Educao Pr-escolar. Enunciam eexplicitam os aspetos considerados mais importantes da interveno educativa

    do educador de infncia, que incluem a organizao do ambiente educativo,

    as reas de contedo, a continuidade e intencionalidade educativas.

    As reas de Contedo a enunciadas so: a rea de Formao Pessoal e

    Social (FPS); a rea de Expresso e Comunicao (EC), que compreende os

    domnios das expresses motora, dramtica, plstica e musical, da linguagem

    e abordagem escrita e da matemtica, que aqui encarada como outra forma

    de linguagem, e a rea de Conhecimento do Mundo (CM). Estas reas, queconstituem as referncias gerais a considerar no planeamento das situaes e

    oportunidades de aprendizagem, definem-se como mbitos de saber, com uma

    estrutura prpria e com pertinncia sociocultural, que incluem diferentes tipos

    de aprendizagem, no apenas conhecimentos, mas tambm atitudes e saber

    fazer (DEB, 1997, p. 47). A rea do Conhecimento do Mundo, aspeto sobre

    o qual este estudo se debrua, enraza-se na curiosidade natural da criana e

    no seu desejo de saber e compreender porqu (p. 79) e encarada como uma

    sensibilizao s cincias, que pode estar relacionada com a explorao do meio

    prximo mas que aponta para a introduo de aspetos relativos a diferentes

    domnios do conhecimento humano: a histria, a sociologia, a geografia, a

    fsica, a qumica e a biologia (p. 80). Cabe ao educador, partindo daquilo

    que a criana j sabe e da sua curiosidade natural, articular as diferentes reas

    de contedo e domnios e proporcionar oportunidades de aprendizagem que

    lhe permitam dar sentido ao mundo sua volta.

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    O estudo que agora se apresenta sobre a promoo da literacia cientfica

    em jardim de infncia foi realizado ao longo do ano 2013, com o objetivo de

    responder s seguintes questes:

    Que conhecimentos, atitudes e competncias so valorizados nos jar-dins de infncia portugueses na promoo da desejvel literacia cientfica de

    crianas antes da idade escolar?

    Partindo do pressuposto emprico de que existe uma relao positiva

    entre a qualidade do contexto de aprendizagem e a qualidade das aprendi-

    zagens realizadas pelas crianas, sero as nossas salas dos jardins de infncia

    amigas das cincias?

    Partindo destas questes, definimos os seguintes objetivos especficos:

    1. Identificar as caractersticas de uma sala amiga das cincias,2. Caracterizar as prticas no mbito das cincias nos jardins de infncia,

    3. Identificar necessidades de formao dos educadores no domnio das

    cincias,

    4. Identificar boas prticas de promoo da literacia cientfica.

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    Captulo 2Procedimentos e Amostra

    Com vista a atingir os objetivos explicitados, preparmos um questionrio

    (cf. Anexo 1) cuja verso final colocmos numa plataforma informtica e

    envimos o pedido de preenchimento aos associados e amigos (Facebook) daAssociao de Profissionais de Educao de Infncia (APEI) e aos jardins de

    infncia da rede pblica e privada.

    Acederam ao questionrio, atravs da plataforma, 595 educadores de

    infncia, tendo 297 respondido a um nmero suficiente de questes que

    permitiu inclu-los no presente estudo1. Destes, 46,0 % tinha menos de 40

    anos e 38,4 % mais de 45 anos. Em anos de servio, 53,1 % tinha at 19 anos

    de servio, tendo os restantes 46,9 % 20 anos ou mais. No que diz respeito

    formao inicial, 2,4 % (n=7) dos educadores da amostra so bacharis, 29,9 %(n=86) realizaram a licenciatura de quatro anos e 23,6 % (n=68) efetuaram

    Complementos de Formao (CF). Com mestrados integrados em Educao

    (ps-Bolonha), temos 13 educadores, sendo nove (3,1 %) em Educao de

    Infncia e quatro (1,4 %) em Educao de Infncia e Ensino Bsico. Quatro

    educadores tm o grau de doutor. Para efeitos de anlise de resultados, e

    no que se refere habilitao acadmica, foram criadas quatro categorias:

    1 = bacharelato; complemento de formao; diploma de estudos superiores

    especializados; 2 = licenciatura de 4 anos; 3 = mestrados integrados em edu-

    cao; 4 = ps-graduaes, mestrados e doutoramentos. Em cada categoria

    ficaram, respetivamente, os seguintes nmeros de educadores: 89; 86; 100; 13.

    Olhando para a rede em que se insere o jardim de infncia onde os

    educadores exerciam as suas funes 53,6 %; (n=153), encontrava-se na rede

    1 Cf. Anexo 2 para informaes mais especficas sobre as caractersticas da amostra deste estudo.

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    pblica, enquanto os restantes se distribuam pela rede particular solidria

    (25,0 %; n=70) e pela rede particular cooperativa (20,4 %; n=57).

    Numa segunda fase, e depois de analisadas as respostas dos educadores

    s perguntas abertas do questionrio em que se solicitava uma breve descri-o de atividades ou projetos de explorao realizadas, foram selecionadas

    24, a cujos autores pedimos relatos mais extensos. Nesta seleo procurmos

    obter relatos representativos da explorao de diferentes conceitos cient-

    ficos para ilustrar a abrangncia e diversidade de abordagens no trabalho

    desenvolvido pelos educadores de infncia. Recebemos 14 relatos, dos quais

    13 so apresentados em anexo.

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    Captulo 3Avaliao da Promoo da Literacia na Educao

    Pr-Escolar

    Conforme referido, para a avaliao da promoo da literacia cientfica na

    educao pr-escolar, por meio da caracterizao de uma sala amiga dascincias e de relatos de boas prticas, construmos um questionrio orga-

    nizado em quatro dimenses: I) escalas Cincias e Matemtica; II) escala

    Contedos Cientficos das Orientaes Curriculares para a Educao Pr-

    Escolar e Capacidades Investigativas; III) escala Narrativas sobre os Objetivos

    da Educao Pr-Escolar; IV) Atividades, experincias ou projetos de explo-

    rao realizados na rea das Cincias (cf. Anexo 1).

    3.1. So as nossas salas de jardim de infncia amigas das Cincias?

    A primeira parte do questionrio, constituda pelas escalas Cincias e

    Matemtica, foi elaborada com base nas duas subescalas Cincias e Matemtica

    da escala ECERS-E (Early Childhood Environment Rating Scale Extended; Sylva,

    Siraj-Blatchford & Taggart, 2003, 2006).

    A ECERS-E2constituiu uma extenso da ECERS-R (Early Childhood

    Environment Rating ScaleRevista) de Harms, Clifford e Cryer (1998), a qualpor sua vez resulta de uma reviso daEarly Childhood Environment Rating

    2 O original da ECERS, desenvolvida na dcada de 80, de Harms e Clifford. A verso inglesa daECERS-E foi construda por Kathy Silva, Professor of Educational Psychology at University of Oxford;

    Iram Siraj-Blatchford, Professor of Early Childhood Education at the Institute of Education, Universityof London;Brenda Taggart, Research, coordinator of the Effective Pre-School and Primary Education

    Project 3-11 (EPPE 3-11) at the Institute of Education, University of London . A verso portuguesa parainvestigao da ECERS-E de Maria Filomena Ribeiro da Fonseca Gaspar, Professora da Faculdade de

    Psicologia e de Cincias da Educao da Universidade de Coimbra, Maria Emlia Nabuco, Professora

    reformada da Escola Superior de Educao de Lisboa, e Silvrio Prates.

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    Scale(ECERS). A ECERS foi desenvolvida nos anos 80 em torno do conceito

    de DAP (Developmentally Appropriate Practice)3, com o objetivo de avaliar a

    qualidade de programas de educao de infncia em salas com crianas dos

    trs aos cinco anos. um instrumento de grande aceitao internacional,milhares de investigadores em todo o mundo, Estados Unidos da Amrica,

    Canad, Europa, Austrlia, etc., j usaram a ECERS ou uma das suas subes-

    calas, para avaliar a qualidade em educao pr-escolar. Nos EUA, e no Reino

    Unido sobretudo, so tambm utilizadas pelas autoridades locais para melho-

    rar a qualidade dos servios prestados s crianas e avaliar os seus efeitos.

    Em Portugal, alm de provavelmente algumas centenas de investigaes j

    realizadas, os estudos com maior aceitao e divulgao que utilizam este

    instrumento so os de Bairro Ruivo (1998). Estas escalas tm a grande van-tagem de estar em conformidade com os princpios gerais das Orientaes

    Curriculares para a Educao Pr-Escolar (DEB, 1997) e de terem em conta

    a investigao realizada em diferentes pases sobre a qualidade dos contextos

    e o desenvolvimento das crianas.

    O facto de a ECERS-R ser pouco complexa na avaliao das atividades

    concretizadas para promover o desenvolvimento da literacia emergente,

    numeracia e raciocnio cientfico, assim como no que diz respeito diversidade

    intelectual e cultural, conduziu uma equipa de investigadores do Reino Unidoa introduzirem quatro subescalas novas na ECERS-R: Literacia, Matemtica,

    Cincia e Diversidade (Sylva, Siraj-Blatchford & Taggart, 2003). O objetivo

    era avaliar a qualidade do currculo, incluindo a pedagogia, nesses domnios

    essenciais ao desenvolvimento acadmico das crianas, refletindo as orienta-

    es curriculares inglesas nacionais para oFoundation Stage4, assim como as

    mudanas na noo de DAP. Esta extenso da ECERS passou a ser designada

    por ECERS-E (Early Childhood Environment Rating Scale-Extended). A verso

    portuguesa para investigao foi adaptada por Gaspar, Nabuco e Prates em2003. Foi a partir das subescalas Cincia e Matemtica que elabormos as duas

    subescalas Cincia e Matemtica do questionrio utilizado no presente estudo.

    Sem falar nos EUA, onde foram realizados inmeros estudos, sendo o

    mais conhecido talvez oAbecedarian; na Europa, um dos projectos europeus

    3 DAP uma abordagem pedaggica que assenta na pesquisa sobre o modo como as crianas sedesenvolvem e aprendem.

    4 Foundation Stage a designao inglesa para a educao das crianas dos 3 aos 5 anos.

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    mais divulgados que utiliza a ECERS-R e a ECERS-E o estudo longitudinal

    Effective Provision of Pre-school Education Project(EPPE), feito com a colabora-

    o de vrias universidades do Reino Unido e que j dura h mais de dez anos.

    De acordo com a literatura, as propriedades psicomtricas da ECERS-Eincluem um acordo entre avaliadores com correlaes acima de 0,88, assim

    como um valor elevado de validade concorrente com a ECERS-R (0,78). O valor

    mdio global obtido na ECERS-E mostra associaes positivas estatistica-

    mente significativas com as competncias de literacia, raciocnio no verbal e

    numeracia das crianas (Brenneman, 2011). Quanto consistncia interna da

    escala, ao nvel das subescalas, os autores verificaram que os valores variavam

    entre 0,71 e 0,88, enquanto para a escala global o valor de consistncia interna

    era de 0,92 (Harms, Cryer & Clifford, 1998).Analismos igualmente a fidelidade ou consistncia interna5(alfa de

    Cronbach) das nossas escalas Cincia e Matemtica, com o objetivo de avaliar

    se possuam as caratersticas que permitem a sua utilizao na investigao

    da qualidade nestes domnios. Os valores de alfa de Cronbach para a nossa

    amostra variaram nas subescalas Cincias entre 0,81 e 0,92 e nas subescalas da

    Matemtica entre 0,86 e 0,91, revelando elevada consistncia interna, o que

    nos assegura que podemos ler com segurana estatstica os resultados obtidos

    e afirmar que quanto maior for a pontuao, maior ser a qualidade avaliadapor essa subescala. Ou seja, quanto maior for a pontuao nas subescalas

    Cincias, maior ser a probabilidade de estarmos perante uma sala amiga

    das Cincias, uma sala em que os educadores utilizam boas prticas de

    promoo da literacia cientfica, constituindo os seus itens (cf. Anexo 1)

    os indicadores destas prticas. Isto ,umasala amiga das cinciaster as

    caractersticas enunciadas nas subescalas e ser tanto mais amiga quanto

    maior for a pontuao obtida em cada uma delas.

    Passamos agora a analisar as respostas dos educadores para assim carac-terizarmos as prticas no mbito das Cincias nos jardins de infncia portu-

    gueses (cf. Anexo 2, Quadros 3 a 8).

    5 A fidelidade um indicador do grau de confiana que podemos ter na exatido da informao dada

    pelo instrumento (Almeida & Freire, 2007), sendo valores iguais ou superiores a 0,70 consideradosbons (DeVellis, 2011) e iguais ou acima de 0,90 classificveis no patamar de excelncia (Kline, 1998),

    sendo os inferiores a 0,60 classificados como pobres. Embora fidelidade (todos os itens medem o

    mesmo construto) e validade (o instrumento avalia o que se prope avaliar) sejam construtos dife-rentes, so construtos inter-relacionados, no podendo um instrumento ser vlido a no ser que

    apresente uma boa fidelidade (Tavakol & Dennick, 2011).

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    O valor mdio mais baixo obtido foi na subescala rea de Cincias /

    materiais de Cincias. Quando olhamos para os valores obtidos em cada

    uma das dez questes que constituem esta subescala, verificamos que h

    duas questes com valores mdios inferiores: Existem materiais de cinciasnoutras reas para alm da rea de cincias?; Existem colees de coisas

    com propriedades diferentes ou semelhantes (coisas que rolam, que esticam,

    que balanam, feitas de plstico, metal, etc.), nessa rea?. Saliente-se que

    este valor corresponde resposta de apenas 178 educadores, ou seja, 59,9 %

    da amostra, que foram os que indicaram ter na sua sala uma rea das Cincias

    (os restantes, 119 educadores (40,1 %) responderam que na sua sala no existe

    uma rea das Cincias).

    Segue-se, numa leitura em ordem crescente dos resultados obtidos, asubescala Atividades de Cincias: processos cientficos preparao de ali-

    mentos, na qual o valor mais baixo obtido se refere questo A preparao

    de alimentos feita pelos adultos na frente das crianas?.

    Continuando esta leitura dos resultados de forma crescente, chegamos

    subescala Materiais Naturais em que as duas questes com valores mais

    baixos so: Gosta de insetos, vermes, etc?; Existem na sala materiais natu-

    rais (exemplo, plantas, pinhas, rochas, conchas)?. Analismos a resposta dos

    educadores questo Manipula (mesmo que no goste) insetos e vermesquando os trabalha com as crianas e verificmos que o valor mdio obtido

    superior, o que nos indica que estes dois itens podero estar relacionados.

    Com esse objetivo, calculmos a correlao (Pearson), a qual se revelou posi-

    tiva (0,62) e estatisticamente significativa (p.

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    exemplo, Introduz palavras e conceitos cientficos (exemplo: flutuar, ir ao

    fundo, fundir, evaporar, temperatura, calor, presso, volume, flexibilidade,

    dureza, como/porque que as coisas se movem) nessas exploraes?; Encoraja

    as crianas a darem respostas s questes que se levantam sistematicamente?(Exemplo: como que os materiais mudam, o que que acontece quando se

    usam lupas, manes, materiais que mergulham e materiais que flutuam, etc.)?

    e onde a questo Chama a ateno para as caractersticas e mudanas dos

    materiais (exemplo: velas de anos que se liquefazem?) obteve o valor mais

    baixo e a questo Encoraja as crianas a envolver-se e a explorar aspetos do

    seu meio ambiente fsico? obteve o valor mais elevado.

    Interessava-nos tambm perceber se educadores com habilitaes aca-

    dmicas diferentes tm respostas diferentes no que se refere s Cincias.Com esse objetivo, efetumos uma anlise de varincia a um fator conside-

    rando para a varivel habilitaes os quatro grupos criados: 1) bacharelato,

    complemento de formao, diploma de estudos superiores especializados; 2)

    licenciatura de quatro anos; 3) mestrados integrados em educao de infn-

    cia; 4) ps-graduaes, mestrados e doutoramentos. Os resultados obtidos

    permitem-nos afirmar que existe uma equivalncia estatstica entre as respos-

    tas dos educadores dos quatro grupos nas duas subescalas rea das cincias

    e materiais de cincias e processos vivos e mundo nossa volta. Porm,quer na subescala processos cientficos gerais quer na subescala materiais

    naturais os educadores do segundo grupo (licenciatura) obtiveram um valor

    mdio inferior aos restantes. Essa diferena s significativamente estatstica

    na subescala processos cientficos gerais [F(3,284)=3,67; p

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    e a fazer perguntas e a dar respostas s perguntas que fazem e a participar em

    discusses acerca dos materiais e das suas caractersticas e a registar as suas

    concluses. So tambm os educadores com uma licenciatura de quatro anos,

    em comparao com os seus colegas do grupo com bacharelato, complementode formao ou diploma de estudos superiores especializados, os que tm

    salas com menos materiais naturais e que podem ser acedidos livremente pela

    criana, os que menos conversam com as crianas sobre as caractersticas desses

    materiais e os usam para ilustrar conceitos, os que gostam menos de insetos e

    vermes e os manipulam no trabalho com as crianas, os que conversam menos

    sobre fenmenos naturais e que encorajam menos as crianas a trazer de casa

    materiais naturais e tambm os que menos registam as descries das crianas

    da observao de fenmenos naturais, incluindo terem desenhos das crianascom a representao desses materiais.

    Estes resultados indicam-nos que necessrio criar oportunidades de

    formao contnua para estes educadores.

    A escala Matemtica do questionrio de Avaliao da Promoo da

    Literacia Cientfica na Educao Pr-Escolar constituda por quatro subes-

    calas cujos itens, semelhana da escala Cincias, so os indicadores de uma

    sala amiga da Matemtica e de prticas pedaggicas promotoras de literacia

    matemtica (cf. Anexo 2, Quadro 9). Na subescala Contagem e utilizao decontagem, temos os seguintes exemplos de questes: Existem recursos dis-

    posio das crianas que encorajam atividades de contagem (conchas, botes,

    etc.)?; As crianas so encorajadas a contar objetos e a associar os nomes

    dos nmeros a conceitos numricos (por exemplo, seis pacotes de leite para

    seis crianas; duas bolas para duas crianas)?. Na subescala Ler e escrever

    nmeros simples, temos questes como: Nmeros e a quantidade de objetos

    correspondente so mostrados um ao lado do outro (por exemplo, o nmero

    3 ao lado de trs mas)?; As crianas so encorajadas a escrever nmerosem materiais naturais (por exemplo, no exterior no cho de terra; no interior

    numa superfcie com areia]?. Quanto s Actividades matemticas: Formas

    e espao, so exemplos de itens as questes: dirigida a ateno das crian-

    as para as formas que existem no seu ambiente (e.g.,bolas redondas, janelas

    quadradas)?; Os adultos encorajam as crianas a compreenderem as proprie-

    dades de diferentes formas (por exemplo, os trs lados de um tringulo) e a

    utilizarem essa compreenso para resolverempuzzlesde formas e a aplicarem

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    o seu conhecimento a novas situaes?. E, por fim, na subescala Atividades

    matemticas: seriar, classificar e comparar, entre as questes contam-se:

    As crianas seriam e/ou agrupam pelo menos com base em um critrio (e.g.,

    pesado/leve ou apenas pela cor)?; As crianas so encorajadas a completaruma atividade de seriao, classificao ou comparao e depois a repetir

    utilizando um critrio diferente, incluindo o seu prprio critrio, como base

    para a atividade (e.g.,arranjar chapus pelo tamanho, depois pela forma)?.

    Quando consideramos os valores mdios obtidos, verificamos que, con-

    trariamente ao que aconteceu na escala de Cincias, nenhuma subescala de

    Matemtica tem um valor mdio inferior mdia possvel de obter. A subescala

    Ler e Escrever Nmeros foi a que apresentou um valor mdio mais baixo,

    sendo que este valor se aproxima do valor mdio mais elevado obtido nassubescalas de Cincias e sendo todos os outros valores mdios nas subescalas

    de Matemtica superiores aos das subescalas de Cincias.

    Podemos concluir da anlise dos resultados da escala de Cincias que

    as nossas salas apresentam uma qualidade mdia em todas as subescalas, no

    havendo, porm, nenhuma com um valor mdio indicador de elevada quali-

    dade. Os dados indicaram claramente que as nossas salas tm de melhorar no

    sentido de se caminhar para a existncia de uma rea de Cincias que 40,1 %

    dos respondentes indicou no possuir. Os dados mostraram ainda que, nassalas onde a rea de Cincias j existe, devero ser melhorados os seguintes

    aspetos: existncia de materiais de cincias tambm noutras reas alm da rea

    de cincias, e de colees de coisas com propriedades diferentes ou semelhantes

    (coisas que rolam, que esticam, que balanam, feitas de plstico, metal, etc.)

    nessa rea. Outros aspetos a melhorar nas nossas salas so a preparao de

    alimentos ser feita pelos adultos na frente das crianas e existirem na sala mais

    materiais naturais (por exemplo, plantas, pinhas, rochas, conchas). Tambm

    as atitudes dos educadores devero ser alvo de reflexo no que se refere a queem mdia indicam gostarem pouco de insetos e vermes, porque se correlacio-

    nam negativamente com manipularem esses seres vivos quando trabalham

    com as crianas. No que diz respeito aos processos cientficos avaliados, quer

    processos vivos e mundo nossa volta, quer processos cientficos gerais, as

    salas da nossa amostra indicaram apresentar qualidade mdia.

    Outro dado interessante do nosso estudo foi a indicao de que as nossas

    salas so mais amigas da Matemtica que das Cincias, o que nos permite

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    inferir que os nossos educadores tm mais prticas de promoo da litera-

    cia matemtica que cientfica. Este dado no surpreende tendo em conta o

    investimento poltico-educativo que tem sido feito ao nvel da formao

    em Matemtica e operacionalizao das orientaes curriculares na rea daMatemtica. Pe-se, porm, a questo: so as salas mais amigas das Cincias

    as mais amigas da Matemtica ou estas duas caractersticas no se relacio-

    nam de forma significativa? Para respondermos a esta questo, calculmos

    as correlaes (correlao de Pearson) entre os resultados de cada subescala

    das duas escalas. Os resultados obtidos (cf. Quadro 10 em Anexo 2) indicam-

    -nos que existe uma correlao positiva e significativamente estatstica entre

    todas as subescalas da escala de Matemtica com todas as subescalas da escala

    de Cincias, sendo as correlaes mais baixas, mas mesmo assim estatisti-camente significativas, as obtidas com a subescala Atividades de Cincias

    Processos Cientficos Preparao de Alimentos, e as mais altas com a

    subescala Atividades de Cincias Processos Cientficos Processos Vivos e

    Mundo nossa volta. Este resultado indica que quando as salas apresentam

    qualidade numa das dimenses, apresentam-na igualmente na outra.

    3.2. Os contedos cientficos das Orientaes Curricularespara a Educao Pr-escolar e as capacidades investigativas

    A escala II do questionrio elaborado (cf. Anexo 1) solicitava aos educadores

    que assinalassem quais os contedos cientficos, que integram a rea de

    Conhecimento do Mundo nas Orientaes Curriculares para a Educao

    Pr-escolar, que abordaram com as crianas nos ltimos seis meses, pedindo-

    -lhes que apontassem igualmente se essa abordagem tinha sido superficial

    ou se tinha feito parte de projetos de investigao mais longos e profundos.

    Adicionalmente, e para cada um desses contedos, foi ainda solicitado que

    classificassem a) o seu conhecimento em cada contedo relativamente sua

    preparao para o trabalhar com as crianas; b) a frequncia com que recorriam

    a websitespara aumentar o seu conhecimento nesses contedos cientficos.

    Os 12 contedos cientficos listados no questionrio so: o meio

    prximo/o ambiente natural; a descoberta de si; a fsica (luz/sombra, luz

    natural/artificial, ar, gua,); a qumica; a biologia; a meteorologia; a geologia;

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    a educao ambiental; a educao para a sade; a matemtica; a histria/

    sociologia; a geografia.

    Considerando os educadores que indicaram no abordar os contedos nos

    ltimos seis meses, quer em atividades de iniciativa da criana ou do educadorou de ambos, podemos afirmar que os contedos menos abordados foram a

    Geologia (51,2 %) e a Qumica (50,8 %). Seguem-se, em ordem decrescente, a

    Histria (40,1 %); a Biologia (39,4 %) e a Geografia (35,4 %).

    O contedo mais abordado foi o Meio Prximo/Ambiente Natural, com

    apenas 25,6 % dos educadores a indicar que no o abordou em atividades de

    iniciativa da criana ou do educador ou de ambos. Segue-se A Descoberta de

    Si (26,3 %), a Matemtica (28,0 %), a Fsica (29,6 %), a Meteorologia (29,3 %),a Educao para a Sade (30,0 %) e a Educao Ambiental (32,0 %).

    Considerando as respostas ao pedido que indicassem igualmente se esses

    contedos, no mesmo perodo temporal, foram abordados em projetos de

    investigao mais longos e profundos, em ordem decrescente (do contedo

    mais abordado para o menos) de resposta temos as seguintes percentagens

    de educadores a indicar que abordaram: Meio Prximo/Ambiente Natural =

    63,5 %; Matemtica = 60,1 %; Educao Ambiental = 59,5 %; Descoberta de

    Si = 57,4 %; Educao para a sade = 49,7 %; Meteorologia = 42,0 %; Fsica =31,1 %; Biologia = 27,0 %; Geografia = 20,9 %; Histria = 17,6 %; Qumica =

    8,1 % e Geologia = 6,4 %.

    Tendo como referncia os resultados das respostas dos educadores

    questo De 1 a 5 como classificava o seu conhecimento em cada contedo

    relativamente sua preparao para o trabalhar com as crianas (com 1 a

    indicar nenhuma e 5 a indicar muita preparao), podemos afirmar que

    as reas de contedo onde se sentem mais preparados, porque obtiveram

    valores mdios superiores a quatro pontos, so: Descoberta de Si (M = 4,41),Educao Ambiental (M = 4,25), Matemtica (M = 4,25), Educao para a Sade

    (M = 4,22), Meio Prximo/Ambiente Natural (M = 4,10). Seguem-se, com pon-

    tuaes mdias acima de 3, a Meteorologia (M = 3,83), a Biologia (M = 3,57),

    a Histria/Sociologia e a Geografia (M = 3,49) e a Fsica (M = 3,47). Os con-

    tedos em que os educadores se sentem menos preparados so a Geologia

    (M = 2,92) e a Qumica (M = 2,77).

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    Os educadores afirmam recorrer a websitespara aumentar os seus conhe-

    cimentos especialmente sobre Biologia (M = 3,59), Educao Ambiental

    (M = 3,58), Fsica (M = 3,57) Meio Prximo (M = 3,53), Educao para a Sade

    (M = 3,52) e Matemtica (M = 3,52). O mesmo acontece com as outras reas decontedo, sendo os valores mdios obtidos sempre superiores a 3: Geografia

    (M = 3,36), Qumica (M = 3,36), Meteorologia (M = 3,35), Descoberta de Si

    (M = 3,33), Histria (M = 3,28), Geologia (M = 3,16).

    Quisemos tambm saber que capacidades investigativas eram estimuladas

    pelos educadores e como classificavam a sua interveno para estimular essas

    capacidades (com 5 a indicar a estimulao mxima).

    As 11 capacidades investigativas includas no questionrio foram: obser-var (naturalmente e com lupas, binculos, microscpios); registar; comparar;

    prever; pr questes; formular hipteses; explorar e investigar; testar hip-

    teses; interpretar (analisar/explicar resultados); planear projectos simples/

    planear tarefas; tirar concluses/tomar decises. Com base nas respostas dos

    educadores, podemos afirmar que as capacidades investigativas estimuladas

    so, por ordem decrescente das mais estimuladas para as menos estimuladas:

    Observar (56,6 %); Comparar e Pr Questes (53,5 %); Registar (52,5 %); Tirar

    Concluses (52,2 %); Interpretar (47,5 %); Formular Hipteses e Explorar/Investigar (46,5 %); Planear Projetos (45,1 %); Prever (37,0 %); Testar Hipteses

    (34,3 %). De notar que no h nenhuma percentagem superior a 56,6 %, o que

    um dado muito importante a reter, uma vez que indica que quase metade

    dos educadores no estimula pelo menos uma capacidade investigativa bsica.

    No que se refere forma como os educadores autoavaliaram a sua inter-

    veno para estimular essas capacidades, numa escala de 1 a 5, com 5 a indicar

    a estimulao mxima, os dados mdios obtidos foram todos superiores a 3,5

    e com a seguinte ordenao decrescente: Observar (M = 4,17), Pr questes(M = 4,16), Registar (M = 4,07), Explorar/Investigar (M = 4,07), Interpretar

    (M = 3,99), Planear Projetos (M = 3,97), Formular Hipteses (M = 3,97),

    Comparar (M = 3,95), Prever (M = 3,64).

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    3.3.As narrativas sobre os objetivos da Educao Pr-Escolar

    Considerando que a promoo da desejvel literacia cientfica de crianas em

    educao pr-escolar se insere numa narrativa pessoal do educador sobre os

    objetivos desta etapa do sistema educativo, foram elaboradas trs narrativase solicitado aos educadores que assinalassem o seu grau de identificao a

    cada uma delas numa escala de resposta de trs opes: muito (3) , pouco (2),

    nada (1) (cf. Anexo 2, Escala III).

    As narrativas procuram ilustrar a diversidade existente e so as seguintes:

    Narrativa 1:A educao pr-escolar deve visar o desenvolvimento de uma

    personalidade equilibrada na criana. Mais que os contedos, a qualidade da relao

    com o educador o cerne da educao pr-escolar.

    Narrativa 2:A educao pr-escolar deve visar a apropriao, pela criana,

    de ferramentas de pensamento e, por isso, os processos e linguagem cientficos tm

    de ser apropriados pela criana.

    Narrativa 3:A educao pr-escolar deve visar o desenvolvimento global da

    criana e no a apropriao de contedos e processos de pensamento da rea das

    Cincias ou da Matemtica.

    Os dados mdios obtidos foram: Narrativa 1, M = 2,64 (n=141); Narrativa

    2, M = 2,85 (n = 160); Narrativa 3, M = 1,86 (n = 132), o que indica que nesta

    amostra a Narrativa 2 a que mais se aproxima das crenas dos 160 educado-

    res que responderam a esta questo, logo seguida pela Narrativa 1 com um

    valor muito prximo. A narrativa de que os educadores mais se afastam a

    terceira, a qual implica a crena de que a educao pr-escolar no deve visar a

    apropriao pela criana de contedos e processos de pensamento na rea das

    Cincias ou da Matemtica. Este resultado vem reforar que os educadores da

    nossa amostra tm atitudes positivas face promoo da literacia cientfica.

    Quando correlacionamos estas trs narrativas, os resultados indicam-nos

    que no h uma correlao significativa entre as narrativas 1 e 2, mas h entre

    a 3 e a 2 (negativa e estatisticamente significativa (r = -0.26, p

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    e linguagem cientficos tm de ser apropriados pela criana, menos concordam

    queA educao pr-escolar deve visar o desenvolvimento global da criana e no

    a apropriao de contedos e processos de pensamento da rea das Cincias ou

    da Matemtica.Adicionalmente, encontramos uma correlao positiva eestatisticamente significativa entre a 3 e a 1 (r = 0.36, p

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    de infncia conceberem as suas prprias prticas de promoo da literacia

    cientfica nas crianas com quem desenvolvem a sua atividade profissional.

    Os relatos de prticas foram solicitados por meio de uma carta enviada

    por e-mailaos educadores (cf. Anexo 3). Nesta, o educador era informado quea sua resposta questo Enuncie experincias concretas/atividades ou pro-

    jetos de explorao que realizou e descreva-as(os) em 10 linhas no mximo,

    havia sido identificada como podendo constituir um exemplo de uma boa

    prtica e que, por esse motivo, lhe estava a ser solicitada, mais uma vez, a sua

    colaborao escrevendo um texto, em formato de artigo, sobre a temtica

    identificada. Foram enviadas indicaes precisas sobre a estrutura que esse

    texto deveria ter, as normas a seguir, assim como o tamanho mximo.

    Os 13 relatos de prtica obtidos encontram-se em anexo (cf. Anexo 3).

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    Captulo 4Discusso dos Resultados e Direes para o Futuro

    Os valores de fidelidade obtidos para cada uma das cinco subescalas da escala

    Cincias que desenvolvemos permitem-nos afirmar que pontuaes elevadas

    so indicadoras de uma Sala amiga das Cincias, podendo estas ser utilizadaspelos educadores de infncia como um instrumento de auto-observao para

    a identificao das reas fortes a manter e das reas mais frgeis que neces-

    sitam de ser reforadas.

    Considerando os resultados do nosso estudo nesta escala, podemos afir-

    mar que as nossas salas apresentam uma qualidade mdia na promoo da

    literacia cientfica, mas tambm apontam para a necessidade de serem criadas

    reas das Cincias onde no existem e, quando essa rea j existir, importante

    que existam mais materiais de cincias tambm noutras reas alm da reade cincias, colees de coisas com propriedades diferentes ou semelhantes

    (coisas que rolam, que esticam, que balanam, feitas de plstico, metal, etc.) e

    mais materiais naturais (exemplo: plantas, pinhas, rochas, conchas) nessa rea.

    Outro aspeto a melhorar nas nossas salas, de acordo com os dados obtidos,

    a preparao de alimentos ser feita pelos adultos na frente das crianas.

    Este item obteve a mdia mais baixa na subescala a que pertence o que pode

    ser explicado por questes culturais e organizacionais, i.e.,a preparao dos

    alimentos feita em cozinhas mais ou menos afastadas da sala de atividades.

    Alerta-nos, no entanto, para a necessidade de introduzir no currculo opor-

    tunidades para as crianas manipularem e explorarem os alimentos. Tambm

    as atitudes dos educadores devero ser alvo de reflexo no que se refere ao

    modo como as suas preferncias pessoais influenciam o currculo, quando

    indicam gostarem pouco de insetos e vermes, sobretudo porque se correla-

    cionam negativamente com manipularem esses seres vivos quando trabalham

    com as crianas. Outro dado interessante do nosso estudo foi indicar que as

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    nossas salas so mais amigas da Matemtica que das Cincias, o que como

    j referimos no um resultado que nos surpreenda tendo em conta a enfse

    posta nos ltimos anos na disponibilizao de formao centrada nesta rea

    do conhecimento.Com base nos dados que acabmos de discutir, podemos afirmar que

    os nossos educadores beneficiariam de formao em Cincias, de modo a

    valorizarem a existncia de uma rea de cincias na sala de atividades, devi-

    damente equipada com os materiais e as oportunidades de aprendizagem

    identificadas pela escala. As habilitaes acadmicas dos educadores no

    indicaram estar relacionadas com diferenas nestas variveis especficas,

    apesar de terem indicado que os licenciados em Educao Pr-Escolar obtm

    resultados inferiores nas subescalas materiais naturais e processos cientfi-cos gerais, o que alerta para a necessidade de uma formao de proximidade

    e direcionada para a prtica, com especial nfase nestas duas reas e neste

    grupo de educadores. Adicionalmente, e considerando as respostas que os

    educadores deram sobre os diferentes domnios cientficos, expressos nas

    Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar, a Geologia e a Qumica

    so os contedos menos abordados pelos educadores (mais de 48,0 % indicou

    no abordar), juntando-se-lhes a Meteorologia, a Fsica, a Biologia e a Histria

    quando se trata de integrar esses contedos em projetos de investigao maislongos e profundos. Estamos assim perante um conjunto de contedos que

    ser necessrio reforar na formao dos educadores de infncia, tendo eles

    prprios indicado a Geologia e a Qumica como aqueles em que possuem

    menos conhecimento. Em todas estas matrias os educadores indicam recorrer

    a websitespara aumentar os seus conhecimentos.

    Quando nos centramos nas capacidades investigativas que os educado-

    res dizem estimular nas crianas, os resultados indicam que mais de 50,0 %

    dos educadores referem no estimular as seguintes: interpretar; formularhipteses; explorar/investigar; planear projetos; prever e testar hipteses,

    embora classifiquem a sua interveno como boa. Este aspeto refora, no nosso

    entender, a necessidade de uma formao em contexto, isto , diretamente

    relacionada com as prticas dos educadores, que valorize a integrao destas

    competncias, isto , seguir o processo de descoberta fundamentada que

    caracteriza a investigao cientifica e favorecendo a construo de conceitos

    mais rigorosos partindo dos saberes e interesses das crianas e mobilizando

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    as restantes reas de contedo para produzir aprendizagens com significado

    para as crianas. Por outro lado, este aspeto refora tambm a necessidade de

    que esta formao constitua um espao de partilha e que permita a reflexo

    sobre a interveno educativa e a divulgao e utilizao de instrumentos etcnicas que permitem aos educadores autoavaliarem a sua interveno de

    forma mais concreta (por exemplo, atravs do visionamento das suas prprias

    prticas ou observao das prticas de outros educadores ou a aplicao de

    instrumentos de reflexo e regulao da ao educativa como os disponi-

    bilizados no Manual Desenvolvendo a Qualidade em Parcerias (DGIDC6),

    a escala aqui utilizada e outros.

    A narrativa que os educadores tm sobre a misso da educao pr-

    -escolar no mostrou estar relacionada com as suas prticas de promoo daliteracia cientfica, tal como as avalimos. Refora, no entanto, a ideia de que

    os educadores da nossa amostra tm atitudes positivas face promoo da

    literacia cientfica (o maior afastamento verifica-se em relao narrativa 3),

    acreditando que a educao pr-escolar deve visar a apropriao, pela criana,

    de ferramentas de pensamento e, por isso, os processos e linguagem cient-

    ficos tm de ser apropriados pela criana (narrativa 2) com vista ao desenvol-

    vimento de uma personalidade equilibrada na criana (narrativa 1). Utilizando

    a expresso de Fiolhais (2011, p. 62), no teremos ainda um casamento daeducao pr-escolar com a cincia, ser efetivamente apenas um namoro,

    mas um namoro que parece ter algumas bases slidas para se fortalecer.

    Por fim, os relatos de prticas que se encontram em anexo podero servir

    de apoio ao educador que deseje ampliar e diversificar as suas experincias

    de promoo da literacia cientfica nas suas salas.

    Terminamos com a convico de que demos um contributo valioso para

    a caracterizao do estado de arte no que diz respeito promoo da literacia

    cientfica nas nossas salas de educao pr-escolar, elucidando as caractersticasde uma sala amiga das Cincias e identificando algumas das necessidades de

    formao dos educadores neste domnio e, partindo do pressuposto emprico

    que moveu este estudo de que existe uma relao positiva entre a qualidade

    6 Pascal, C., & Bertram, T., (2009). Desenvolvendo a Qualidade em Parcerias: Manual.Coleo Aprender em Companhia. Lisboa: Ministrio da Educao. Direo-Geral de

    Inovao e Desenvolvimento Curricular.

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    do contexto de aprendizagem e a qualidade das aprendizagens realizadas

    pelas crianas.

    De acordo com Boaventura Sousa-Santos, cada mtodo uma linguagem

    e a realidade responde na lngua em que perguntada (2010, p. 48). , porisso, necessrio que continuemos a interrogar-nos sobre o(s) caminho(s) para

    a promoo da literacia cientfica nas nossas salas de jardim de infncia, pois

    como as crianas, a realidade tambm se expressa e pode ser lida em mltiplas

    linguagens.

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    31

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    Anexo 1Questionrio

    I. Escalas de Cincias e Matemtica

    Escala de Cincias

    1.Sub-escala Materiais naturais Nada

    Pouco

    Bastante

    Muito

    Existem na sala materiais naturais (Ex: plantas, pinhas, rochas, conchas)?

    Existem na sala materiais naturais acessveis (que podem ser manipuladose acedidos de forma livre) s crianas?

    Existem no espao exterior materiais naturais ao alcance das crianas(ex: plantas)?

    Conversa com as crianas sobre as caractersticas dos materiais naturais?

    Os materiais naturais so usados para alm da simples decorao para ilustrarconceitos especficos (Ex: crescimento, ciclos de vida, etc)?

    Gosta de insectos, vermes, etc. ?

    Manipula (mesmo que no goste) insectos e vermes quando os trabalha comas crianas?

    Conversa com as crianas sobre fenmenos naturais (Ex: chuva, vento, calor)?

    As crianas podem trazer de casa objectos naturais?

    Encoraja as crianas a trazerem materiais naturais para o jardim de infncia?

    Tem registos de descries das crianas relativos a observaes de materiaisnaturais?

    Tem desenhos feitos pelas crianas com a representao de materiais naturais?

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    2.Sub-escala rea de Cincias/ Materiais de Cincias Sim

    No

    Existe na sala a rea das Cincias?

    Se assinalou Sim continue a responder. Se assinalou no passe para a questo 19.

    Nada

    Pouco

    Bastante

    Muito

    Existe variedade de materiais nessa rea?

    Existem coleces de coisas com propriedades diferentes ou semelhantes (coisasque rolam, que esticam, que balanam, feitas de plstico, metal, etc.) nessa rea?

    Existem livros de cincias ou outras publicaes contendo tpicos de cinciasnessa rea?

    Existem equipamentos de cincias ao dispor das crianas (ferramentas, espelhos,mans, lupas, etc.) nessa rea?

    Est disposio das crianas material de referncia incluindo livros, gravuras,grficos e fotografias nessa rea?

    A rea de cincias est organizada para as crianas usarem diariamente?

    Existem materiais de cincias noutras reas para alm da rea de cincias?

    Expe imagens/cartazes/fotografias de materiais ou fenmenos naturais?

    Muda as imagens que expe de materiais e fenmenos naturais?(p ex: de acordo com as estaes do ano)?

    As fotografias e cartazes que esto expostos so usados para provocar conversasacerca das cincias e do meio envolvente (por xemplo: cartazes do corpo humano,do ciclo de vida de uma borboleta)?

    3.Sub-escala Actividades de Cincias: processos cientficos gerais Nada

    Pouco

    Bastante

    Muito

    Encoraja as crianas a envolver-se e a explorar aspectos do seu meio ambientefsico?

    Encoraja as crianas a envolver-se e a usar palavras e conceitos cientficos?

    Introduz palavras e conceitos cientificos (por exemplo: flutuar, ir ao fundo, fundir,evaporar, temperatura, calor, presso, volume, flexibilidade, dureza, como/porque que as coisas se movem) nessas exploraes?

    Realiza exploraes de cincias ou experincias (incluindo manipulao como objectivo de observar os resultados, ex: cubos de gelo a derreter ao sol)?

    Chama a ateno para as caractersticas e mudanas dos materiais(Ex: velas de anos que se liquefazem)?

    As crianas manipulam os materiais?

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    3.Sub-escala Actividades de Cincias: processos cientficos gerais Nada

    Pouco

    Bastante

    Muito

    As crianas usam mais do que um sentido (por exemplo: saborear, cheirar, etc.)para explorar fenmenos e falar acerca da sua experincia?

    Encoraja as crianas a darem respostas s questes que se levantam sistematicamente?(Ex: como que os materiais mudam, o que que acontece quando se usam lupas,imanes, materiais que mergulham, e materiais que flutuam, etc.)?

    Envolve as crianas em discusso acerca dos materiais e das suas caractersticase encoraja-as a fazer perguntas e a registar os resultados (ex:a ma flutuae a batata vai ao fundo)?

    4.Sub-escala Actividades de Cincias: processos cientficos processos vivos e o mundo nossa volta Nada

    Pouco

    Bas

    tante

    Mu

    ito

    Existem seres vivos presentes dentro e fora do espao da instituio (plantas,peixes, caracis, etc.)?

    Conceitos cientficos referentes aos processos vivos so introduzidos e discutidosainda que de formas breve (ex: os vermes vivem na terra)?

    Os adultos chamam a ateno das crianas para as caractersticas e mudanasna natureza quando apropriado (por exemplo: as flores desabrocham, etc) ?

    As crianas so encorajadas a usar mais do que um sentido (ex: sentir, cheirar, etc)para explorar fenmenos vivos e falar sobre a experincia que tm deles?

    Os adultos envolvem as crianas em discusses sobre as caractersticas dasplantas e dos animais?

    Os adultos encorajam as crianas a fazer perguntas e a registar resultados sobreos processos vivos?

    Todas as crianas tm oportunidade de contactar com seres vivos quandoapropriado?

    5.Sub-escala Atividades de Cincias: processos cientficos

    preparao de alimentos N

    ada

    P

    ouco

    B

    astante

    M

    uito

    Existem atividades de preparao de alimentos (ou bebidas)?

    A preparao de alimentos feita pelos adultos na frente das crianas?

    A preparao de alimentos feita com o envolvimento das crianas?

    As crianas podem escolher participar na preparao de alimentos?

    A maior parte das crianas tem oportunidade de participar na confeode alimentos?

    providenciada uma variedade de atividades de culinria nas quais todasas crianas tm a oportunidade de tomar parte?

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    5.Sub-escala Atividades de Cincias: processos cientficos preparao de alimentos N

    ada

    Pouco

    Bastante

    Muito

    Os adultos, quando apropriado, dialogam com as crianas sobre como se preparamdeterminados alimentos que foram confecionados por adultos ex: biscoitos, oucomida trazida de casa pelas crianas para celebrar determinados acontecimentos?

    Os adultos lideram o dilogo acerca da preparao dos alimentos e usamterminologia adequada (ex: derreter, dissolver)?

    Os adultos chamam a ateno para as mudanas nos alimentos e interrogam ascrianas sobre esse assunto (por exemplo: o que que isto parecia antes, o que que aconteceu para que ficasse assim)?

    Os ingredientes utilizados na preparao dos alimentos com as crianas soatrativos?

    As crianas tm possibilidade de experimentar os alimentos confecionados(ex: comendo-os de imediato ou levando-os para casa para comer)?

    Escala de Matemtica

    6.Sub-escala Contagem e utilizao de contagem Nada

    Pouco

    Bastante

    Muito

    Existem recursos disposio das crianas que encorajam atividades de contagem(conchas, botes, etc.)?

    As crianas so envolvidas em rotinas onde a contagem usada (por exemplo:

    contar as crianas que esto presentes na sala) e outras rotinas do tipo numricotais como canes e rimas?

    Os nmeros so nomeados como parte das atividades de rotina?

    Existem cartazes que exibem nmeros ou livros com nmeros ou jogos de contagem?

    As crianas so encorajadas a contar objetos e a associar os nomes dos nmeros aconceitos numricos (e.g. seis pacotes de leite para seis crianas; duas bolas paraduas crianas)?

    Os adultos utilizam os nomes dos nmeros cardinais (1, 2, 3,) e ordinais (1., 2.,3.,) quando trabalham com as crianas?

    Todas as crianas so ativamente encorajadas a envolver-se na contagem deobjetos numa variedade de contextos, (por exemplo,, atividades faz de conta,lanche, partilha de legos, etc)?

    So planeadas atividades que encorajam a correspondncia um a um quer nointerior, quer no exterior?

    Os adultos incluem nas suas planificaes trabalhar com as crianas em atividadesnumricas especficas, (por exemplo, jogos com dados, domins, associar nmerosa nmeros ou nmeros a imagens)?

    Existe uma rea da matemtica bem-equipada com jogos, objetos e livrosnumricos?

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    7.Sub-escala Ler e escrever nmeros simples Nada

    Pouco

    Bastante

    Muito

    Nmeros e a quantidade de objetos correspondente so mostrados um ao ladodo outro (por exemplo,. o nmero 3 ao lado de trs mas)?

    As crianas leem e escrevem nmeros ocasionalmente?

    As crianas so encorajadas a ler e escrever nmeros simples rotineiramente?

    As crianas tm sua disposio materiais que as apoiam na escrita de nmeros(por exemplo, numerais em plstico ou outros materiais)?

    Existem atividades planeadas que envolvem nmeros e os adultos encorajama leitura e escrita de nmeros numa variedade de materiais?

    As crianas so encorajadas a escrever nmeros em materiais naturais (porexemplo, no exterior no cho de terra; no interior numa superfcie com areia)?

    Trabalho de escrita de nmeros associado a um objetivo prtico (por exemplo,.etiquetar produtos na rea/cantinho da casa no menu do caf ou colocar opreo nos produtos da rea da loja ou colocar o nmero dos anos num bolode aniversrio)?

    8.Sub-escala Atividades matemticas: Formas e espao Nada

    Pouco

    Bastante

    Muito

    dirigida a ateno das crianas para as formas que existem no seu ambiente(por exemplo,bolas redondas, janelas quadradas)?

    Uma ampla variedade de formas est disponvel e os adultos dirigem a atenodas crianas para o nome de formas especficas, (por exemplo,crculo, quadrado,tringulo, retngulo)?

    Os adultos dirigem a ateno das crianas para a forma nos prprios trabalhosdas crianas (por exemplo., desenhos, modelos)?

    Existem atividades e materiais disponveis que encorajam as crianas a generalizara forma atravs de uma variedade de contextos, (por exemplo,. atividades deexpresso plstica, atividades de construo, jogos de grupo, faz-de-conta)?

    Os adultos encorajam as crianas a compreenderem as propriedades dediferentes formas, (por exemplo, os trs lados de um tringulo) e a utilizarem

    essa compreenso para resolverem puzzles de formas e a aplicarem o seuconhecimento a novas situaes?

    Os adultos planificam atividades que demonstram um trabalho minuciosocom formas?

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    9.Sub-escala Atividades matemticas: seriar, classificar e comparar Nada

    Pouco

    Bastante

    Muito

    Existem materiais disponveis para seriar e classificar?

    As crianas seriam e/ou agrupam pelo menos com base em um critrio(por exemplo, pesado/leve ou apenas pela cor)?

    Os adultos conversam sobre e demonstram o seriar, ordenar e comparar epermitem s crianas participar?

    As caractersticas que constituem o critrio para ordenar e classificar so tornadasexplcitas pelos adultos (por exemplo, vrtices dos tringulos)?

    Os adultos encorajam as crianas a utilizarem linguagem comparativa quandoesto a classificar, comparar ou seriar, (e.g. grande, maior, enorme; pequeno/grande)?

    As crianas so encorajadas a identificar as caractersticas de conjuntos de

    objetos (por exemplo,explicar porque que um conjunto de formas semelhante,dizendo Elas so todos crculos)?

    Linguagem que explora o seriar, classificar ou comparar utilizada numavariedade de contextos e atravs de uma variedade de atividades (por exemplo,ordenar trs ursos pelo tamanho; este mais encaracolado, maior e mais pesadoetc que este)?

    As crianas so encorajadas a completar uma atividade de seriao, classificaoou comparao e depois a repetir utilizando um critrio diferente, incluindo o seuprprio critrio, como base para a atividade (por exemplo, arranjar chapus pelotamanho, depois pela forma)?

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    II. Escala Contedos Cientficos das Orientaes Curricularespara a Educao Pr-Escolar e Capacidades Investigativas

    Nos ltimos seis meses quecontedos cientficos foramabordados de forma superficial: O

    meioprximo/oambiente

    natural

    Adescobertadesi

    Afsica(luz/sombra,luznatural/

    artificial,ar,gua,

    )

    Qumica

    Biologia

    Meteorologia

    Geologia

    Educaoambiental

    Educaoparaasade

    Matemtica

    Histria/sociologia

    Geografia

    em actividades da iniciativa das crianas?

    em actividades da iniciativado educador?

    Nos ltimos 6 meses que contedoscientificos foram abordados emprojectos de investigao mais longose profundos?

    De 1 a 5 como classifica o seuconhecimento em cada contedorelativamente sua preparao para

    o trabalhar com as crianas (com 1 aindicar nenhuma e 5 a indicar muitapreparao)?

    De 1 a 5 classifique a frequncia comque recorre a websites para aumentaro seu conhecimento nesses contedoscientficos (com 1 a indicar nenhumae 5 a indicar muita frequncia)?

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    observar(natur

    almenteecom

    lupas,binculos,microscpios)

    registar

    comparar

    prever

    colocarqueste

    s

    formularhipteses

    explorareinvestigar

    testarhipteses

    interpretar(ana

    lisar/explicar

    resultados)

    planearprojectossimples/

    planeartarefas

    tirarconcluses/tomar

    decises

    Que capacidadesinvestigativas procuraestimular nas crianas?

    De 1 a 5 como classificaa sua interveno

    para estimular essascapacidades?

    Experincia 1 Experincia 2

    Enuncie experincias concretas/ atividades ou projetos deexplorao que realizou e descreva-as(os) em 10 linhas no mximo

    Que conceitos cientficos (vermes, flutuao, evaporao, calor,etc) introduziu nessas experincias?

    De 1 a 5 como classifica o sucesso dessas experincias em funode ter ou no atingido os seus objetivos iniciais?

    III. Escala Narrativas sobre os Objetivos da Educao Pr-Escolar

    Assinale o seu grau de identificao com as trs narrativas que apresentamos

    Muito

    Pouco

    Nada

    Narrativa 1:A educao pr-escolar deve visar o desenvolvimento de uma

    personalidade equilibrada na criana. Mais que os contedos, a qualidade da relaocom o educador o cerne da educao pr-escolar.

    Narrativa 2:A educao pr-escolar deve visar a apropriao, pela criana,de ferramentas de pensamento e, por isso, os processos e linguagem cientficos tmde ser apropriados pela criana.

    Narrativa 3:A educao pr-escolar deve visar o desenvolvimento global da crianae no a apropriao de contedos e processos de pensamento da rea das Cinciasou da Matemtica.

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    Indique por favor, caso se verifique, as fontes a que recorre para obter

    informao nas reas cientificas abordadas neste questionrio (livros, sites,)

    IV.Atividades, experincias ou projetos de exploraorealizados na rea das Cincias

    Solicitao de Relato de prtica contendo descrio da atividade/projeto (con-

    textualizao, descrio e objetivos) e registo(s)s de observaes das crianas.

    Desenhos com a representao das observaes das crianas e fotografias.

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    Anexo 2Resultados

    1.A amostra

    Quadro 1. Idade dos educadores: Frequncia e Percentagem

    Idade Frequncia PercentagemPercentagemCumulativa

    20-25 7 2,4 2,4

    26-30 44 15,2 17,6

    31-35 52 18,0 35,636-40 30 10,4 46,0

    41-45 45 15,6 61,6

    >45 111 38,4 100,0

    Total 297 100,0

    Grfico 1. Anos de servio: Percentagem

    Anos de Servio %

    0-4

    5-9

    10-14

    15-19

    20-24

    25-29

    >30

    12,85%

    20,83%

    9,03%

    10,42%

    14,58%

    19,10%

    13,19%

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    Quadro 2. Habilitaes acadmicas dos educadores: Frequncia e Percentagem

    Frequncia Percentagem Percentagem vlida

    Habilit. Bacharelato 7 2,4 2,4

    Licenciatura 86 29,0 29,9

    Complemento-Formao 68 22,9 23,6

    DESE 14 4,7 4,9

    Ps-graduao 46 15,5 16,0

    Mestrado 50 16,8 17,4

    Doutoramento 4 1,3 1,4

    Mestrado-EI 9 3,0 3,1

    Mestrado-EI-EB 4 1,3 1,4

    Total 288 97,0 100,0Sem Resp. 0 9 3,0

    Total 297 100,0

    2.A escala Cincias no Jardim de infncia

    Quadro 3. Escala Cincias no Jardim de Infncia: valores mnimo e mximo,mdia e desvio-padro por subescala por ordem crescente da mdia

    N Mnimo Mximo MdiaDesvioPadro

    Cincias: rea de cincias e materiaisde cincias

    178 1,80 4,00 2,7449 ,40784

    Cincias: preparao alimentos 297 1,00 4,00 2,8779 ,56286

    Cincias: materiais naturais 297 1,42 4,00 2,9293 ,42464

    Cincias: seres vivos e mundo 297 1,71 4,00 3,1337 ,43625

    Cincias: processos cientficos 297 1,78 4,00 3,2045 ,46658

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    Quadro 4. Subescala 1. Materiais Naturais da Escala Cincias no Jardim de Infncia:

    valores mnimo e mximo, mdia e desvio-padro por subescala

    Mnimo Mximo Mdia

    Desvio

    PadroGosta Insectos 1 4 2,42 ,794

    Materiais Naturais (N) 1 4 2,47 ,757

    Materiais N. Acessveis 1 4 2,53 ,797

    Registo Observaes Mat. N. 1 4 2,69 ,711

    Manipula Insectos 1 4 2,72 ,757

    Desenhos Representao Mat. N. 1 4 2,81 ,685

    Materiais N. no Exterior 1 4 2,90 ,787

    Mat. N. Usados 1 4 3,14 ,633Conversa Mat. N. 2 4 3,20 ,580

    Encoraja trazerem ob. N. 1 4 3,27 ,659

    Objectos N. de Casa 2 4 3,49 ,571

    Conversa Fenmenos 2 4 3,51 ,540

    Quadro 5. Subescala 2. rea das Cincias/Materiais das Cincias da Escala Cincias

    no Jardim de Infncia: valores mnimo e mximo, mdia e desvio-padro por subescala

    Mnimo Mximo MdiaDesvioPadro

    Mat. Cincias noutras reas 1 4 2,32 ,708

    Colees Coisas 1 4 2,48 ,607

    Variedade Materiais 1 4 2,63 ,603

    Livros Cincias 1 4 2,65 ,688

    Equipamentos Cincias 1 4 2,71 ,648

    Material Referncia 1 4 2,72 ,688

    Expe Imagens Naturais 1 4 2,87 ,656Muda Imagens 1 4 2,95 ,711

    Uso Dirio 1 4 2,96 ,712

    Provocar Conversas 1 4 3,10 ,647

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    Quadro 6. Subescala 3. Actividades de Cincias: Processos Cientficos Gerais da Escala

    Cincias no Jardim de Infncia: valores mnimo e mximo, mdia e desvio-padro

    por subescala

    Mnimo Mximo MdiaDesvioPadro

    Ateno Caract. e Mudanas Materiais 2 4 3,00 ,627

    Manipulam Materias 1 4 3,13 ,646

    Envolve Discusso, Perguntas e Registo 1 4 3,17 ,592

    Realiza Exploraes e Experincias 2 4 3,22 ,648

    Encoraja Darem Respostas 1 4 3,22 ,586

    Utiliza Palavras e Conceitos 2 4 3,24 ,575

    Usar Sentidos Explorar e Falar 1 4 3,26 ,617Introduz Palavras e Conceitos 2 4 3,27 ,613

    Explorar Meio Ambiente 2 4 3,32 ,529

    Quadro 7. Sub-escala 4 Actividades de Cincias: Processos Cientficos- Processos

    Vivos e Mundo nossa Volta da Escala Cincias no Jardim de Infncia: valores mnimo

    e mximo, mdia e desvio padro por sub-escala

    Mnimo Mximo Mdia DesvioPadro

    Seres Vivos Dentro e Fora 1 4 2,77 ,706

    Conceitos Cientficos Proc. Vivos 1 4 2,94 ,633

    Perguntam e Registam 2 4 3,09 ,619

    Contactar Seres Vivos 1 4 3,22 ,598

    Caractersticas Plantas e Animais 1 4 3,28 ,571

    Usar Sentidos Explorar e Falar 1 4 3,31 ,555

    Caract. e Mudanas Natureza 2 4 3,33 ,525

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    Quadro 8. Sub-escala 5. Actividades de Cincias: Processos Cientficos-Preparao

    de Alimentos da Escala Cincias no Jardim de Infncia: valores mnimo e mximo,

    mdia e desvio padro por sub-escala

    Mnimo Mximo MdiaDesvioPadro

    Preparao Alimentos Frente Crian. 2 4 2,45 ,834

    Preparao Alimentos (e bebidas) 1 4 2,71 ,719

    Participam Confeo Alimentos 1 4 2,77 ,910

    Escolher Participar Confeo Alimentos 1 4 2,78 ,879

    Preparao Alimentos com Crianc. 1 4 2,79 ,869

    Variedade Act. Culinria 1 4 2,90 ,818

    Ingredientes Utilizados Atrativos 1 4 2,97 ,571Adultos Lideram Dilogo e usam termos 1 4 2,97 ,634

    Ateno Mudana Alimentos 1 4 3,01 ,654

    Dialogam Preparao Alimentos 1 4 3,02 ,654

    Experimentar Alimentos Confecionadas 1 4 3,28 ,710

    3.A escala Matemtica no Jardim de infncia

    Quadro 9. Escala Matemtica: valores mnimo e mximo, mdia e desvio padro

    por sub-escala

    Mnimo Mximo MdiaDesvioPadro

    Matemtica: ler e escrever nmeros 1,00 4,00 3,1226 ,52513

    Matemtica: seriar, classif., compar. 2,00 4,00 3,2639 ,47380

    Matemtica: formas e espao 2,17 4,00 3,3483 ,45706Matemtica: contagem 2,60 4,00 3,4568 ,42164

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    4. Correlaes entre as sub-escalas das escalasCincia e Matemtica no Jardim de infncia

    Quadro 10. Correlaes de Pearson entre as sub-escalas das escalas Cincias e Matemtica

    Matemtica:contagem

    Matemtica:ler e escrever

    nmeros

    Matemtica:formas eespao

    Matemtica:seriar, classif.,

    compar.

    Cincias: Materiaisnaturais

    Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N

    ,391** ,408** ,330** ,386**

    ,000 ,000 ,000 ,000

    297 297 297 297

    Cincias: reas

    das cinc.; materiaisde cinc.

    Pearson Correlation

    Sig. (2-tailed)N

    ,367** ,420** ,326** ,395**

    ,000 ,000 ,000 ,000178 178 178 178

    Cincias: atividades Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N

    ,434** ,454** ,384** ,443**

    ,000 ,000 ,000 ,000

    297 297 297 297

    Cincias: serese vivos e mundo

    Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N

    ,472** ,417** ,464** ,433**

    ,000 ,000 ,000 ,000

    297 297 297 297

    Cincias:preparaoalimentos

    Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N

    ,300** ,198** ,294** ,262**,000 ,001 ,000 ,000

    297 297 297 297

    Matemtica:contagem

    Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N

    1 ,654 ,699 ,642

    ,000 ,000 ,000

    297 297 297 297

    Matemtica:ler escrevernmeros

    Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N

    ,654 1 ,541 ,631

    ,000 ,000 ,000

    297 297 297 297

    Matemtica:formas e espao

    Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N

    ,699 ,541 1 ,735

    ,000 ,000 ,000 ,000

    297 297 297 297

    Matemtica: serar,classif., compar.

    Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N

    ,642 ,631 ,735 1

    ,000 ,000 ,000

    297 1297 297 297

    **Correlao significativa ao nvel 0,01

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    Anexo 3Relatos de Prtica

    Carta enviada s educadoras

    Cara educadora

    Na sequncia da sua participao na investigao A Cincia na Educao

    Pr-escolar vimos informar que o projeto est agora a entrar na 2. fase, que,

    como se recorda, consiste na recolha de boas prticas identificadas a partir

    das respostas ao questionrio anterior, para posterior divulgao.

    As suas respostas questo: Enuncie experincias concretas/ ativida-des ou projetos de explorao que realizou e descreva-as(os) em 10 linhas

    no mximo, foram identificadas como podendo constituir exemplo de boas

    prtica.

    23. Helena Martinho

    Projeto Viagem ao mundo da luz no mbito do Concurso Cincia na Escola daFundao Ildio Pinho 6 meses a realizar experincias de Fsica sobre os fenmenos:reflexo, refrao da luz e sombra, entrecruzando esse lado experimental comatividades de educao artstica. Registo sistemtico do percurso do projeto, em

    desenho, texto, fotos, vdeo. Elaborao de exposio final com todo o materialcriado/explorado.

    Projeto de Biologia Descobrindo os pequenos animais nossos vizinhos Projetoem parceria com uma me formada em biologia e um pai Professor de Cincias.Incluindo: sadas de campo; Observao durante as sadas com lupas e copos--lupa; recolha, observao e registo de insetos e aracndeos, com utilizao de lupabinocular; desenho das observaes realizadas; sesso informativa com os referidospais para destrinar os conceitos e aprender terminologia a especfica dos seres vivosobservados.

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    Nesse contexto, vimos agora solicitar mais uma vez a sua disponibilidade

    para continuar a colaborar nesta investigao escrevendo um texto sobre cada

    uma das temticas que identificou.

    O texto, em formato de artigo, dever seguir as seguintes normas:

    Identificao da autora

    Endereo de e-mail

    Instituio que representa

    Ttulo

    Palavras-chave Identifique as palavras-chave que representam as

    ideias principais do trabalho

    Os textos no devero exceder 10 000 caracteres (sem espaos) ou 16

    000 (com espaos). A equipa que coordena o projeto poder pronunciar-se

    favoravelmente a um nmero de caracteres inferior ou superior a este se

    considerar que se justifica.

    O texto no dever conter imagens, mas apenas a indicao do stio onde

    a autora considera que devero ser inseridas.

    As imagens devero ser enviadas como anexo, no formato JPEG ou TIFF

    e no podero estar condensadas de forma a no perderem qualidade.

    A equipa reserva-se o direito de selecionar as imagens que sero inseridas,

    tendo por base critrios de adequao e pertinncia e atendendo ao espao

    disponvel. As imagens remetidas podero ser alvo de composio para adequa-

    o grfica e devero, sempre, possuir a devida autorizao para publicao.

    O texto dever ser digitado em fonte Times New Roman, corpo 12, com

    espaamento entre linhas de 1,5. As fontes e bibliografia seguem as mesmas

    normas mas em corpo 10.

    Norma para citaes bibliogrficas:

    Livro:Apelido, Nome. Ttulo do livro em itlico: subttulo. Edio. Cidade:

    Editora, ano, p. ou pp.

    Captulo de livro:Apelido/Sobrenome, Nome. Ttulo do captulo ou parte

    do livro. In: Ttulo do livro em itlico. Edio. Cidade: Editora, ano, p. x-y.

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    Revista:Apelido/Sobrenome, Nome. Ttulo do artigo. Ttulo do peridico

    em itlico. Cidade: Editora, vol., fascculo, p. x-y, ano.

    Os textos e as imagens devero ser enviados para o endereo:@ com pedido

    de comprovativo de leitura de modo a garantir que foi recebido.Os textos sero devidamente apreciados e podero ser sugeridas altera-

    es aos autores at se chegar verso para publicao.

    Prevemos que alguns textos podero no ser inseridos na publicao que

    ser feita sobre o projeto, nomeadamente por questes de espao disponvel.

    Se assim for, esses textos sero publicados na revista Cadernos de Educao

    de Infncia.

    Poder seguir como orientao a seguinte estrutura para o texto:Introduo (explicar de forma curta e abrangente o assunto sobre o que vai

    escrever de forma a que qualquer leitor perceba do que se trata);

    Desenvolvimento ou corpo do texto (a contextualizao ou identificao

    da situao inicial e descrio do seu projeto/atividade/experincia e a sua

    justificao terica; intenes pedaggicas e resultados alcanados);

    Concluso ou remate final reforando uma ideia central ou avaliao

    global da experincia/atividade/projeto narrado.

    Mas no se prenda! O objetivo termos o relato de uma experincia

    significativa, escrita de forma clara para que outros possam ler e no apenas

    se sentirem mais informados mas tambm mais inspirados.

    Data de entrega: 31 de Agosto.

    Bom trabalho e boas frias!

    Desde j aceite os nossos sinceros agradecimentos pela sua colaborao.

    A equipa do projeto

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    Observatrio de caracis

    Arminda Almeida ([email protected])A P R L G (EB/JI L . )

    Palavras chave: Educao Pr-Escolar Educao em Cincia

    Atividade experimental Caracis

    Este artigo apresenta o relato de um projeto de investigao sobre os caracis,

    realizado em contexto de jardim de infncia, com crianas de idades compreen-

    didas entre os trs e os seis anos de idade. No se refere a um ano especfico,

    dado que desde h cinco anos consecutivos se desenvolve, com os grupos de

    que tenho sido titular, com a evoluo natural, decorrente das aprendizagens

    anteriores realizadas pelas crianas que vo permanecendo no grupo.O ponto de partida deu-se numa incurso pelo espao exterior do jardim

    de infncia, procurando recolher folhas cadas das rvores para realizarmos

    atividades sobre o outono. Uma das crianas encontrou um par de caracoletas

    em estado de acasalamento, o que se revelou ser uma novidade para crianas

    e adultos e prontamente partilhada entre todos. Reconheci a motivao cole-

    tiva decorrente desta descoberta e a potencialidade que a mesma tinha para

    partirmos para um projeto de investigao que nos desse mais conhecimentos

    sobre esta espcie.

    consensual que desde cedo as crianas desenvolvem interesse pelos

    fenmenos naturais que observam e capacidade para pensar sobre eles e elabo-

    rar ideias. Pereira (2002) refere que a educao em cincia deve desenvolver-se

    desde cedo interligando conhecimentos tericos, procedimentos especficos

    e hbitos de pensamento.

    A conceo do projeto foi fruto da participao cooperada do grupo,

    desenhando-se um plano de investigao e produo, com tarefas definidas e

    instrumentos de apoio organizao, nomeadamente, mapa de tarefas, mapa

    de projetos, mapa concetual, mapa de atividades e mapa de comunicaes,

    tendo como instrumento central de toda a vida coletiva, o Dirio de grupo

    onde registamos o que j se realizou e o que desejamos ainda realizar, num

    processo dinmico de planeamento e de avaliao.

    No mapa conceptual do projeto, registmos o que j sabamos (ou pens-

    vamos saber) acerca dos caracis e o que gostaramos de saber. Fizemos tambm

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    o registo de possveis recursos existentes na sala, como livros informativos,

    ou trazidos de casa, em pesquisas efetuadas com ajuda dos pais.

    Levantmos hipteses, decorrentes de conhecimentos anteriores e das

    observaes diretas: O que comem os caracis?

    Como se deslocam?

    Porque no caem quando sobem a parede do terrrio ou quando ficam

    na tampa do terrrio?

    Como o seu corpo?

    Como vo nascer os filhos do caracol?

    Numa abordagem integrada das cincias, o grupo envolve-se em ativi-dades fsicas, sensoriais e emocionais, onde a observao e o questionamento

    emergem e do o mote para desafiar cognitivamente a criana e envolv-la

    no conhecimento cientfico. Segundo Pereira (2002) as questes so o ponto

    de partida para a construo do conhecimento e o educador assume um

    papel de mediador essencial neste processo de descoberta e de aprendizagem,

    aceitar as suas ideias (das crianas) e desafi-las com ideias novas, apoiando

    atravs de atividades diversificadas e provocando novos questionamentos e

    a estruturao de novos conceitos que, progressivamente, se aproximam dosconceitos cientficos e promovem a literacia cientfica.

    Na operacionalizao do trabalho em cincias procuro respeitar os procedi-

    mentos cientficos, no numa perspetiva de formar cientistas de palmo e meio,

    mas sim no sentido de permitir que as crianas se apropriem de competncias

    bsicas que iro funcionar como ferramentas futuras de apoio ao raciocnio

    os processos da cincia correspondem s formas de raciocnio e destrezas

    intelectuais usadas de forma sistemtica na atividade cientfica (Pereira, 2002).

    O grupo envolvido diariamente na observao e no registo do compor-tamento do caracol no terrrio e vo-se desenvolvendo momentos informais

    de interao natural de crianas curiosas, que so desafiadas a registar as

    suas observaes e momentos de trabalho com o adulto, em que as crianas

    esto atentas e envolvidas em atividades intencionalmente mais dirigidas.

    Trabalham-se conceitos matemticos (contagens, recolha de dados, represen-

    taes, comparaes, etc.), a par de atividades experimentais e de investigao

    sobre os caracis:

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    Observamos Criam-se situaes diversificadas de observao dos

    caracis, partilhando em grupo os nossos diferentes olhares e percees.

    Diariamente tm como tarefa alimentar, e introduzir novos alimentos pro-

    postos pelas crianas e verificando qual o alimento preferido, registar as alte-raes ocorridas ou seja, os alimentos utilizados e os que no foram utilizados

    e, dar chuva ao caracol, deitando gotas de gua sobre ele, que normalmente

    se encontra recolhido na concha e que por gostar da humidade fica mais ativo

    sempre que se molha o terrrio. o momento ideal para realizar observaes

    e registos. Utilizamos instrumentos auxiliares de observao (lupas, microsc-

    pio) com registo decorrente das observaes e das evidncias mais relevantes;

    Observao

    Classificamos Discute-se em grupo possveis critrios de classificao

    (por tamanhos da casca, do corpo em movimento, por cores da casca, por rapi-

    dez de locomoo, etc.) permitindo s crianas identificar as propriedades e

    caractersticas comuns espcie, organizando posteriormente os dados em

    tabelas, grficos ou diagramas. As formas de registo vo sendo diversificadas

    de ano para ano, tendo as crianas acesso aos registos realizados em anos ante-

    riores. Se, no ano anterior, registmos os tamanhos dos caracis em grfico de

    barras, usando fios de l para representar os tamanhos, podemos registar no

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    ano seguinte com imagens de fotos reais tiradas pelas crianas, com o registo

    individual da medida convencional, em milmetros;

    Classificao por tamanho da casa do caracol

    Medimos As crianas experimentam diferentes unidades de medida

    (no convencionais) e fazem comparaes dos resultados, representando-os

    de forma diversificada (atravs do desenho ou da modelagem) e refletindo

    sobre eles, dependendo do nvel de desenvolvimento ou do envolvimento do

    grupo nas atividades de medida, podemos chegar s medidas padronizadas;

    Inferimos Elaboramos hipteses explicativas do observado, tendo o

    adulto um papel essencial nesta fase pois vai apoiando as reflexes, ajudando

    a explicitar o pensamento e relembrando as evidncias recolhidas. Durante

    as comunicaes em grupo, vamos registando o pensamento emergente das

    crianas e atravs das questes colocadas pelos adultos do grupo, ou por outras

    crianas, vamos refletindo, recorrendo aos livros ou s informaes recolhi-

    das pelos pais, e verificando se se confirmam ou no as hipteses levantadas;

    Predizemos As crianas so convidadas a explicitar o que acham que

    vai acontecer, partindo das informaes recolhidas. Promovo a reflexo sobre

    a informao e a sua experincia anterior, retirando as suas concluses e

    reformulando as suas concees iniciais;

    Registamos As crianas elaboram os seus registos individuais e par-

    ticipam colaborativamente nos registos comuns ao grupo, organizando os

    dados recolhidos e deste modo facilitando a apropriao de novos conceitos;

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    Registos das observaes

    Comunicamos A comunicao um fator essencial ao longo de todo

    o processo, desde a descrio das observaes, a partilha das percees, a

    explicitao de argumentos explicativos, na realizao de registos e na apre-sentao das aprendizagens realizadas. No final da semana temos sempre um

    momento de partilha no grupo, dando conta do que andmos a fazer e do que

    ainda queremos fazer. Terminado o projeto vamos divulga-lo a outros grupos

    do jardim de infncia ou at a turmas do 1. ciclo. Esta apropriao cientfica

    realizada de forma dialgica tem a dupla funo de permitir uma compreen-

    so mais consistente dos processos desenvolvidos e d validao social aos

    novos conhecimentos acrescida da aquisio de um vocabulrio especfico

    a aquisio de uma literacia cientfica bsica implica que os alunos possam

    desenvolver destrezas comunicacionais falando uns para os outros durante

    uma actividade cientfica Pereira, 2002).

    Ao longo de todo o processo de investigao sobre os caracis as crianas

    foram recolhendo informaes e fazendo novas descobertas que partilhadas em

    grupo vo alimentando a curiosidade e o envolvimento de todos. Resultante

    das pesquisas efetuadas e dos conhecimentos prvios das crianas, foram-se

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    criando condies cada vez mais adequadas procriao dos caracis, cons-

    truindo terrrios mais funcionais e com os elementos naturais mais prximos

    do habitat natural da espcie. Com a experincia que fomos adquirindo,

    nasceu tambm uma maior segurana na comunicao e divulgao a outrosgrupos, sendo j de forma espontnea que se organiza um grupo de crianas

    para ir comunicar s outras salas o que sabem sobre o processo de postura

    dos ovos e das caratersticas dos bebs caracis, dos alimentos preferidos ou

    dos cuidados necessrios, assumindo uma atitude de predisposio para a

    aprendizagem, para a autonomia e para a responsabilidade social. Citando

    Martins et al. (2009) cada vez mais os cidados devem ser cientificamente

    cultos, de modo a serem capazes de interpretar e reagir a decises tomadas por

    outros, de se pronunciarem sobre elas, de tomar decises informadas sobreassuntos que afectam as suas vidas e as dos outros. A formao de cidados

    capazes de exercer uma cidadania activa e responsvel uma das finalidades

    da educao em cincias.

    Pelo interesse que desperta e pelas aprendizagens que proporciona, o

    observatrio de caracis um projeto que faz parte do currculo, ano aps

    ano. Considero que como educadores temos a responsabilidade de proporcio-

    nar situaes de aprendizagem e de desenvolvimento que se efetivem atravs

    de um ensino experimental e reflexivo das cincias. Partindo das experinciasanteriores e das oportunidades de explorao do contexto quotidiano das crian-

    as, o educador dever proporcionar vivncias de processos e procedimentos

    cientficos que permitam criana uma atitude intelectual e emocional que

    a levem a construir saberes especficos, que a ajudem a interpretar e a agir

    enquanto ser social ativo e interventivo.

    Bibliografia

    Chauvel,D., Michel, V.,. Brincar com as cincias no Jardim de Infncia. Porto. PortoEditora. (2006)

    Martins, I. P., Veiga, M. L., Teixeira, F., Tenreiro-Vieira, C., Vieira, R. M.,

    Rodrigues, A. V., et al.. Despertar para a Cincia Actividades dos 3 aos 6. Lisboa:

    Ministrio da Educao. (2009).

    Pereira,A.. Educao para a Cincia. Lisboa: Universidade Aberta. (2002).

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    Vamos fazer uma prenda para a me

    Helena Faria ([email protected])J I A, A E M

    M C

    Palavras-chave: luz dar luz/alumiar vela temperatura

    matria/estado da matria transformao.

    Este o relato de uma experincia cientfica realizada com o grupo de crian-

    as da sala 1 do Jardim de Infncia de An, constitudo por 17 crianas dos

    trs aos seis anos.

    Esta experincia foi p