A conceituação do processo saúde

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2. Desenvolvimento A conceituação do processo saúde-doença sempre esteve presente na história da humanidade. Durante a pré- história estar são ou não, estava sempre ligado às forças da natureza. A primeira concepção do processo saúde-doença é denominada de Cosmocêntrica. De acordo com essa concepção o corpo era receptáculo de causas externas que independiam da ação humana, portanto as desarmonias cósmicas causavam as doenças. Essas desarmonias poderiam ser naturais ou sobrenaturais. O processo de cura estava nas mãos do feiticeiros ou xamãs, que utilizavam desde recursos naturais a religiosos.Um exemplo dessa concepção estava presente nas grandes civilizações orientais onde o processo saúde-doença era orientado a partir de determinações religiosas, ou seja, ligada ao poder dos deuses. Diferentemente da Grécia que relacionava o homem e o equilíbrio com o meio no qual ele vivia. Para Hipócrates os quatro elementos naturais - ar, água, terra e fogo - determinavam o equilíbrio, que seria a saúde e o desequilíbrio, causaria a doença. Após esse período houve pouca evolução ou quase nenhuma. Os anos negros da saúde foram durante a Idade Média. A conceituação do processo esteve estritamente relacionada a um castigo ou uma benção divina. Essa concepção é denominada de Teocêntrica. A Igreja detinha o controle da ciência, logo esta não sofreu grandes

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2. DesenvolvimentoA conceituao do processo sade-doena sempre esteve presente na histria da humanidade. Durante a pr-histria estar so ou no, estava sempre ligado s foras da natureza.A primeira concepo do processo sade-doena denominada de Cosmocntrica. De acordo com essa concepo o corpo era receptculo de causas externas que independiam da ao humana, portanto as desarmonias csmicas causavam as doenas. Essas desarmonias poderiam ser naturais ou sobrenaturais. O processo de cura estava nas mos do feiticeiros ou xams, que utilizavam desde recursos naturais a religiosos.Um exemplo dessa concepo estava presente nas grandes civilizaes orientais onde o processo sade-doena era orientado a partir de determinaes religiosas, ou seja, ligada ao poder dos deuses. Diferentemente da Grcia que relacionava o homem e o equilbrio com o meio no qual ele vivia. Para Hipcrates os quatro elementos naturais - ar, gua, terra e fogo - determinavam o equilbrio, que seria a sade e o desequilbrio, causaria a doena.Aps esse perodo houve pouca evoluo ou quase nenhuma. Os anos negros da sade foram durante a Idade Mdia. A conceituao do processo esteve estritamente relacionada a um castigo ou uma beno divina. Essa concepo denominada de Teocntrica. A Igreja detinha o controle da cincia, logo esta no sofreu grandes evolues. A obedincia e o temor a Deus geravam sade; a doena era vista como praga dada pelo mesmo Deus. Nessa mesma poca foi criada a teoria do contgio, a qual pregava que um doente poderia contaminar toda uma populao. Por essa razo muitos doentes eram socialmente excludos at serem curados.Com o advento da microbiologia, em meados do sculo XIX, com os trabalhos de Louis Pasteur, a viso do processo sade-doena passa a ser conceituada sobretudo na presena ou ausncia de um microorganismo. Esse modelo denominado Antropocntrico, onde o homem tem um papel ativo no processo sade-doena sendo ele o principal elemento. Essa metodologia se subdivide em teorias. So elas a Teoria Miasmtica, Teoria Unicausal, Teoria Multicausal e a Teoria Social da Determinao das Doenas.A Teoria Miasmtica aborda a formao de partculas contagiosa originadas por inexplicveis alteraes na Terra como promotoras de doenas. A Teoria Unicausal concentra sua abordagem somente nos microorganismos, onde esses seriam os nicos responsveis pelas doenas, ou seja, cada patologia apresenta um agente etiolgico. A Teoria Multicausal d nfase a natureza, colocando o meio-ambiente como fator determinante causador de doenas, porm o carter social no relevante. Em contraposio a Teoria Multicausal, na dcada de 60, surgiu a Teoria Social da Determinao das Doenas que incorporou a condio social como um princpio patolgico.Apesar de todas as teorias desenvolvidas, o Modelo Biomdico vigorou durante esse perodo, devido a concepo do corpo como uma mquina. A diviso entre corpo e mente leva os mdicos a negligenciarem os fatores psicolgicos e socioambientais.A partir da necessidade de uma viso mais holstica, a concepo do processo sade-doena encontrou um novo modelo, o Sistmico. Esse caracterizado pela reunio de alguns conceitos advindos dos outros modelos. No apenas o fsico ou espiritual, mas os aspectos mental, ambiental, social, familiar, entres outros so explorados. Se faz necessrio conhecer todos os meios que cercam o indivduo para ento, diagnosticar uma doena ou iniciar um processo de cura. O equilbrio entre todos os componentes que cercam o paciente que faz dele um ser saudvel.Dentro das entrevistas realizadas reconhecemos alguns modelos supracitados. So eles o Modelo Antropocntrico e Sistmico.No trecho do entrevistado "A" percebemos afinidade com a Teoria Unicausal do Modelo Antropocntrico: "A doena est relacionada a um microorganismo que prejudica o organismo". J o entrevistado "B" conceituou sade de acordo com o Teoria Ecolgico Multicausal: "Sade ter as funes fsicas, sociais e psicolgicas equilibradas".Para o entrevistado "C", um profissional de sade: "Sade quando se est bem em vrios setores da sua vida, a grosso modo, inclusive espiritual e financeiramente"; assim como os entrevistados "D" e "E",que afirmaram: "Ter sade ter felicidade: estar bem fisicamente , com Deus, amigos, com a famlia, com os vizinhos..." encontramos a semelhana com o conceito expostos pelo Modelo Sistmico.2.1. A viso da Odontologia diante o saber popular.Ainda em conversa com os entrevistados podemos perceber que a maioria deles entendem a Odontologia como uma cincia completamente atrelada Medicina: "A odontologia a rea da medicina que cuida dos dentes."Apesar dessa viso limitada, todos afirmaram conhecer a importncia da boa higiene e sade bucal e do papel essencial do Dentista na manuteno desses aspectos, tendo em vista que todos tambm afirmaram a ida peridica ao profissional.2.2. Promoo e Preveno de Sade Durante o sculo XX muitos estudiosos tentaram classificar a promoo e a preveno de sade. O modelo hegemnico dessa poca foi proposto por Leavell e Clark com a teoria natural da doena - Histria Natural da Doena.Eles usavam a trade ecolgica, no qual indivduo, agente etiolgico e meio-ambiente mantinham ntima relao. Dividindo a preveno em trs nveis - primria, secundria e terciria. A promoo da sade, nesse caso est presente na preveno primria, no perodo pr-patolgico - antes da manifestao da doena.Entretanto essa teoria falha devido a desconsiderar os determinantes sociais no processo sade-doena.Antes das Conferncias Internacionais que discutiram o novo conceito da promoo de sade e preveno de doenas, Lalonde, ministro canadense, questionou os gastos com a sade pblica. Constatou que mais de 80% das causas da doena so causadas pelos estilos de vida, contrariando a viso de Leavell e Clark - Modelo Campo da Sade.O conceito atual de promoo de sade foi proposto na Carta de Ottawa, na qual determinava-se cinco estratgias para promoo da sade: elaborar polticas saudveis; reforar a ao comunitria; criao de espaos saudveis que apiem a promoo da sade; desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientao dos servios de sade.A partir desse novo conceito elaboraram-se princpios norteadores da promoo de sade. So eles: participao social, equidade, intersetorialidade, sustentabilidade, empoderamento, concepo holstica da sade e aes multi-estratgicas.Ento conceitua-se promoo de sade como o conjunto de mecanismos socioambientais, fsicos, psicolgicos e polticos que possibilitam ao indivduo apoderar-se e cuidar de sua sade e bem estar.Dentro do que foi citado nas entrevistas realizadas, identificamos como mecanismos de promoo de sade: a educao em sade bucal, a escovao diria e a percepo bucal.Ao contrrio da promoo de sade, a preveno um processo especfico podendo ser definida como o conjunto de medidas estratgicas e profilticas que, unidas atuam no combate e na erradicao de doenas.Nas entrevistas podemos reconhecer procedimentos de preveno em sade como aplicao de flor e limpeza bucal.

3. ConclusoDado o exposto, percebemos que as pessoas reconhecem que a sade relevante para uma boa qualidade de vida e o desenvolvimento pleno de suas atividades cotidianas. Tambm foi perceptvel que, apesar de formuladas h muito tempo, algumas das teorias apresentadas continuam presentes no conceito popular de sade. Em relao Odontologia, reconhecemos que os entrevistados se importam com a sade bucal e buscam mtodos corretos de higiene e de preveno de potenciais doenas. Contudo, eles ainda no compreendem completamente que essa cincia autnoma e abrange mais cuidados que simplesmente a regio oral em si.