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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POSSIBILIDADE PARA ESTRUTURAR CONTEÚDOS DE CIÊNCIAS Aloísio Alberto Schneider – Professor PDE, [email protected]; [email protected] Drª Irene Carniatto, UNIOESTE, [email protected] Palavras Chaves: Educação Ambiental; pesquisa ação; Aquecimento Global; Efeito Estufa; Resíduos Sólidos. RESUMO: Devido às necessidades de alimentação e abrigo, o ser humano começou e explorar os ecossistemas, exploração esta, que se tornou desordenada e predatória, culminando com a contaminação do solo, do ar, da água e a desenfreada devastação das florestas. Diante das constantes transformações sociais, econômicas, políticas e culturais o se humano não mudou sua relação predatória com o meio em que vive. Esta relação tem se agravado no decorrer do tempo, cada vez mais se observa agressões ao meio ambiente sem se preocupar com suas conseqüências. Nos últimos anos percebe-se a reação da natureza em relação a estas agressões como, por exemplo, as enchentes em Santa Catarina, em Minas Gerais, no Nordeste do Brasil, a seca no Sul do País. Assim, este projeto desenvolveu atividades visando à sensibilização dos alunos sobre o problema a nível mundial, enfatizando, no entanto, a preocupação com o que está mais próximo de nós, como a sala de aula, a escola, o entorno e o bairro, a mudarem certos hábitos em relação ao meio ambiente, desenvolvendo atitudes consideradas ambientalmente corretas, voltadas para a preservação ambiental. Com esta problemática posta, procurou-se sensibilizar diretamente, cerca de 30 alunos, da 8ª Série C, do turno vespertino, do Colégio Estadual Frentino Sackser, ensino Fundamental e Médio, localizado no Bairro Botafogo no Município de Marechal Cândido Rondon. Espera-se com este trabalho contribuir no sentido de compreender a relação de consumo entre a sociedade e o meio ambiente, com suas respectivas implicações e agravamentos proporcionados pelos resíduos sólidos, decorrentes desse modelo de produção.

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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POSSIBILIDADE PARA

ESTRUTURAR CONTEÚDOS DE CIÊNCIAS

Aloísio Alberto Schneider – Professor PDE, [email protected]; [email protected]

Drª Irene Carniatto, UNIOESTE, [email protected]

Palavras Chaves: Educação Ambiental; pesquisa ação; Aquecimento Global; Efeito Estufa; Resíduos Sólidos.

RESUMO: Devido às necessidades de alimentação e abrigo, o ser humano começou e explorar os ecossistemas, exploração esta, que se tornou desordenada e predatória, culminando com a contaminação do solo, do ar, da água e a desenfreada devastação das florestas. Diante das constantes transformações sociais, econômicas, políticas e culturais o se humano não mudou sua relação predatória com o meio em que vive. Esta relação tem se agravado no decorrer do tempo, cada vez mais se observa agressões ao meio ambiente sem se preocupar com suas conseqüências. Nos últimos anos percebe-se a reação da natureza em relação a estas agressões como, por exemplo, as enchentes em Santa Catarina, em Minas Gerais, no Nordeste do Brasil, a seca no Sul do País. Assim, este projeto desenvolveu atividades visando à sensibilização dos alunos sobre o problema a nível mundial, enfatizando, no entanto, a preocupação com o que está mais próximo de nós, como a sala de aula, a escola, o entorno e o bairro, a mudarem certos hábitos em relação ao meio ambiente, desenvolvendo atitudes consideradas ambientalmente corretas, voltadas para a preservação ambiental. Com esta problemática posta, procurou-se sensibilizar diretamente, cerca de 30 alunos, da 8ª Série C, do turno vespertino, do Colégio Estadual Frentino Sackser, ensino Fundamental e Médio, localizado no Bairro Botafogo no Município de Marechal Cândido Rondon. Espera-se com este trabalho contribuir no sentido de compreender a relação de consumo entre a sociedade e o meio ambiente, com suas respectivas implicações e agravamentos proporcionados pelos resíduos sólidos, decorrentes desse modelo de produção.

INTRODUÇÃO

A EA apresenta uma nova dimensão a ser agregada ao sistema de ensino,

trazendo novas discussões, envolvendo as questões ambientais, propiciando

alterações de condutas frente à realidade que ora se faz presente.

Uma nova realidade que queremos, para um mundo mais equilibrado, faz-se

necessário o envolvimento de todos para que as transformações efetivamente

aconteçam.

Nossa escola tem se preocupado em contemplar o tema EA como parte

integrante do processo ensino-aprendizagem, processo este em que o aluno está

inserido participando destas transformações. Precisamos estar cientes de que a

Educação Ambiental é um processo longo e contínuo, de resultados lentos, impondo

mudanças de conceitos, de compreensão, de sentimentos e de hábitos. Sendo

assim, faz-se necessário então uma implantação lenta e gradativa de atitudes

consideradas ambientalmente corretas.

Atualmente, a preocupação com a degradação dos recursos naturais, as

agressões ao planeta, preocupam autoridades locais e mundiais, sendo que a

escola também precisa se engajar na busca de soluções para preservar o meio

ambiente.

Desta forma, procurando contribuir para a melhoria da qualidade de vida,

neste trabalho está sendo disposto um roteiro o qual foi desenvolvido nos meses de

abril, maio e junho de 2009, como parte integrante do Projeto de Produção Didático-

Pedagógica: Unidade Didática. O trabalho tem como intuito orientar os alunos para

possíveis mudanças de atitudes, valores e procedimentos para o pleno exercício da

cidadania, ressaltando a participação no gerenciamento do meio ambiente, mediante

postura participativa.

Inicialmente, o projeto foi apresentado para a Direção da Escola, Equipe

Pedagógica e aos demais colegas professores. O primeiro tema desenvolvido foi

aquecimento global e efeito estufa. No desenvolvimento deste, a metodologia

utilizada foi da pesquisa ação com professores e alunos e desenvolvimento de

atividades educativas para a sensibilização dos envolvidos através de slides, vídeos,

textos entre outros.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No Brasil, a utilização do meio ambiente caracterizou-se pela exploração

desordenada e predatória. Após a independência, em 1882, tanto o governo Imperial

quanto a República preocupava-se em consolidar a ocupação do território brasileiro,

até então praticamente despovoado. Desde cedo, incorporou-se à cultura brasileira

a idéia de que a devastação da natureza e a poluição significavam progresso e

desenvolvimento. Na década de 30, o governo começa a controlar a utilização de

alguns recursos naturais, como o Código da Águas e da Mineração e o primeiro

Código Florestal em 1934, a proteção do patrimônio histórico em 1937 e o Código da

Pesca em 1938 (SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2002).

Desde 1970, pressionada por diferentes movimentos sociais organizados e

pelo esgotamento de recursos naturais, a sociedade capitalista mobilizou nações

para propor metas e efetivarem tratados que estabelecem o equilíbrio do planeta e o

uso sustentável dos recursos naturais. O surgimento dos movimentos sociais, a

globalização, as conferências mundiais, entre outros, possibilitaram que as

problemáticas ambientais tomassem proporções mais significativas, a ponto de se

tornarem foco de preocupação mundial, ainda que alguns países desenvolvidos

como os Estados Unidos, não ratificaram a assinatura de alguns protocolos que

visam a diminuição da agressão ao nosso Planeta.

Custódio (1998, p 243) em seu artigo destaca que:

”Da Conferência de Estocolmo (1972) até a ECO-92 (Rio de Janeiro) a

Educação Ambiental foi discutida sob várias perspectivas, quanto a sua implantação

nas escolas e na sociedade civil, nas diversas nações num movimento mundial.

Durante a década de 80, a EA foi apresentada várias vezes, sob uma perspectiva de

uma nova disciplina, mas na década seguinte, o conceito de transversalidade,

também apresentado nas conferências mundiais, começou a impregnar o cotidiano

dos educadores brasileiros, influenciada pela reforma educacional espanhola que já

se desenvolvia há aproximadamente dez anos”.

Segundo Guimarães (1995, p.9): “A EA apresenta uma nova dimensão a ser

incorporada ao processo educacional, trazendo toda uma recente discussão sobre

as questões ambientais e as conseqüentes transformações de conhecimentos,

valores e atitudes diante de uma nova realidade a ser construída”.

Ainda, segundo o mesmo autor, com a diminuição dos recursos naturais,

associados com o crescimento populacional, a crise de valores relacionados com os

modelos de produção e consumo, são temas para serem discutidos levando em

consideração a consciência individual, na qual os seres humanos deixam de estar

integrados com a natureza, assumindo como se fosse parte dela. O homem

desintegrado não percebe as relações de equilíbrio, agindo de forma desarmônica,

causando desequilíbrios ambientais significativos.

A conferência da ONU sobre mudanças climáticas, realizada na Indonésia,

mais precisamente na Ilha de Bali, chegou a um consenso após os Estados Unidos

acatarem as reivindicações dos países mais pobres. Abriu-se um novo caminho para

as negociações de um novo acordo, mais ambicioso, o qual deverá substituir o

protocolo de Kyoto. Todos os participantes aplaudiram quando o ministro do Meio

Ambiente da Indonésia, Rachmat Witaelar, bateu o martelo na mesa selando o

compromisso assumido pelos países participantes do evento. Neste encontro

estabeleceu-se um “Mapa de Caminho” para as negociações que serão feitas

durante os próximos dois anos, mantendo neste período as metas da redução dos

gases jogados na atmosfera, responsáveis pelo efeito estufa. A posição americana

foi mantida em suspense até o último minuto. Reuniram-se então todos os países aí

representados contra o mais forte. Neste encontro ficou definido que os países mais

ricos deverão repassar tecnologia para os países mais pobres e em

desenvolvimento, ficando responsável também pelo financiamento de projetos

voltados para a diminuição dos gases lançados na atmosfera (GLOBO. COM, 2008).

Na última década, as catástrofes naturais proporcionaram a morte de

aproximadamente 600 mil pessoas afetando em torno de 2,4 bilhões de indivíduos,

principalmente em países em desenvolvimento. Perdendo-se, assim, anos de

esforços no desenvolvimento desses países, aumentando a dificuldade de milhões

de pessoas deixando-os desta forma mais vulneráveis. Neste último ano, constatou-

se que nenhum lugar do planeta pode ser considerado seguro em relação às

catástrofes naturais. Acompanhamos pelos meios de comunicação, o terremoto na

China, o tsunami no Oceano Indico, a destruição pelos gafanhotos e pela seca na

África, as devastações nos Estados Unidos causados pelos furacões e os ciclones,

nas Caraíbas e no Pacífico, tal como as fortes inundações na Europa e na Ásia,

fizeram centenas de milhares de mortos e deixaram milhões de pessoas sem

recursos. Não podemos esquecer também do ciclone extratropical que atingiu a

região sul do Brasil, provocando grande devastação e prejuízos para os moradores

do litoral do Estado do Rio Grande do Sul e Santa Catariana (PORTAL NOSSO SÃO

PAULO, 2008).

Segundo Oliveira (2006), para entender o processo do conhecimento na

busca da realidade encontramos elementos para explicar os acontecimentos da

natureza: “A natureza é representada como parte da nossa realidade, na qual os

homens investem de acordo com suas necessidades, transformando assim o meio

ambiente, ou seja, a degradação da natureza acarreta conseqüências para a própria

vida humana”.

Ainda, segundo Oliveira (2006), o desenvolvimento da importância do

conhecimento sobre o ambiente, da natureza, data da época de Comenius (sua

Obra a Didática Magna data de 1630), para o qual a didática, é a arte de ensinar e

aprender. Não só o aluno, mas também os professores aprendem. A aprendizagem é

a ação para que o aluno possa aprender, apanhar, atar e ligar o conhecimento

adquirido. Já neste período, Comenius estava preocupado com a educação de tal

maneira que apontava para a necessidade da reforma do sistema educacional, que

iniciaria primeiro com a mudança nos métodos de ensino, de modo que o

aprendizado pudesse ser rápido, agradável e completo. O professor deveria

observar o que acontecia na natureza, ou seja, para ensinar era preciso prestar

atenção à mente das crianças e como estes estudantes aprendem.

Desta forma, propõe-se um pensamento voltado ao nosso Planeta,

apresentando-o como se fosse à casa de todos, onde está disponível todo o recurso

do qual necessitamos para a sobrevivência, como: água, solo fértil, alimentação e

medicina natural, extraídos diretamente da natureza, sendo que os mesmos estão

se tornando escassos pelo individualismo do consumo.

Este modelo de ensino fundamenta-se na preservação ambiental e no

estímulo da coletividade, principalmente nas séries iniciais. Por exemplo: qual é o

sentido de cada aluno ter seu próprio apontador? É o individualismo que se produz

desde pequeno. Propõe-se que, haja apenas um apontador para todos, que ficaria

na sala de aula perto de caixas de materiais recicláveis. Explicar a origem natural

das coisas, o espaço de onde se formam os elementos que fazem parte de um

apontador, de que lugares da natureza foram retirados, e qual seria o prejuízo se

fossem jogados 50 apontadores de volta a natureza, “a proposta central seria

formarmos cidadãos conscientes na importante tarefa de preservação ambiental do

espaço e consciente ecologicamente”. O envolvimento de todas as disciplinas seria

buscado em defesa de uma verdadeira racionalidade aberta e plural.

O objetivo é desenvolver um pensamento que sistematiza as idéias de

preservação do meio ambiente em que o aluno/cidadão está inserido, e que ele é

responsável não somente pelo local que ocupa como: sua casa, seu quintal, sua

carteira na escola.

Deve-se oportunizar ao aluno o conhecimento da complexidade da origem

das coisas que estão a sua volta. Dar liberdade a sua imaginação para que ele

possa ir além do seu espaço e liberdade para aprender e ensinar (OLIVEIRA, 2006).

Primavesi, Arzabe e Pedreira (2007, p 8) em seu livro sobre Aquecimento

Global nos relatam que:

Enquanto nos países de clima temperado a maior fonte de CO2 é a oxidação

de combustíveis fósseis (veículos, sistemas de aquecimento e de refrigeração,

indústrias), que geram os maiores volumes globais anuais de CO2, nas regiões

tropicais a maior fonte de CO2 são as queimadas. No Brasil, a queimada em

desmatamentos emite de 180 a 200 milhões de toneladas de carbono por ano (MtC/

ano), duas vezes mais do que o produzido pela queima de combustíveis fósseis no

País inteiro (70 a 90 MtC/ano) (SANTILLI et al., 2003). O teor de CO2 na atmosfera

terrestre estava em torno de 280 ppn, antes da era industrial (DANIELS et al., 1995);

subiu para 320 ppn nos meados do século 20; e atualmente está entre 360 ppn (sem

queimadas; University of Oregon, 2006) e 380 ppn (em condições de queimadas ou

de grandes emissões durante combustão de energia fóssil).

O elo casual entre o aquecimento global e a atividade humana já não é mais

uma simples hipótese.

No fim do ano de 2000, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas

(PIMC) – organização de grande autoridade em seu campo de atividades – publicou

a sua mais clara afirmação consensual de que a liberação de dióxido de carbono e

outros gases do “efeito estufa” na atmosfera por parte do ser humano “contribuiu

significativamente para o aquecimento observado nos últimos cinqüenta anos”.

Segundo a previsão do PIMC, ao final do século a temperatura poderá aumentar, em

média, quase 6ºC, o que representaria um aumento maior do que a mudança de

temperatura ocorrida entre a última era glacial e os nossos dias. Em virtude desse

fato, praticamente todos os sistemas naturais terrestres e todos os sistemas

econômicos humanos seriam ameaçados pela elevação do nível das águas, por

tempestades mais violentas e secas mais intensas (CAPRA, 2005, p 218).

Ainda, segundo o mesmo autor, apesar de a emissão de carbono ter tido uma

diminuição nos últimos tempos, este por sua vez não bastou para amenizar o ritmo

das mudanças climáticas no mundo. Muito pelo contrário, observações atuais nos

mostram que ela está se acelerando. Esses indícios nos são fornecidos por duas

observações diferentes, mas igualmente preocupantes – o rápido descongelamento

das geleiras e da capa de gelo do Mar Ártico, por um lado, e a derrocada dos recifes

de coral, por outro. O derretimento das geleiras num ritmo muito rápido pelo mundo

inteiro é um dos sinais mais desastrosos deste processo, causado principalmente

pela queima contínua e irresponsável de combustíveis fósseis, queimadas de

florestas e indústrias (CAPRA, 2005).

METODOLOGIA

Inicialmente foi elaborado um questionário, aplicado aos professores da Rede

Pública Estadual do Município de Marechal Cândido Rondon, com o intuito de obter

dados para fundamentar a pesquisa.

Após esta etapa, ficou definido então que a projeto seria aplicado na 8ª C, do

turno vespertino, no Colégio Estadual Frentino Sackser, ensino Fundamental e

Médio, situado do Bairro Botafogo, no Municio de Marechal Cândido Rondon – PR.

No início do projeto, encontrei várias dificuldades, uma delas foi a de ter que

organizar um Grupo de Apoio, na Escola, pelo fato de eu ser um professor

readaptado de forma definitiva e legalmente impedido de aplicar o projeto com os

alunos. Então na formação deste grupo de apoio, poucos professores se mostraram

interessados, uns por não possuir tempo disponível, outros por terem aulas naquele

horário, apesar de ser proposto no dia previsto para hora atividade do professor e

ainda muitos por não terem mais avanços em seu plano de cargos e salários.

Uma das atividades mais significativas desenvolvidas pelo professor PDE, ao

longo do programa é a implantação do projeto na Escola, elaborado sob a

orientação da IES, durante os dois primeiros períodos do programa. Este projeto

visa contemplar o desenvolvimento de estratégias pedagógicas objetivando atender

as dificuldades diagnosticadas pelo professor em seu espaço de trabalho – a escola.

A metodologia utilizada foi da pesquisa ação com professores e alunos e

desenvolvimento de atividades educativas, através de aulas expositivas, utilização

de sítios, documentários, atividades de campo, experimentos, jogos, filmes, TV

pendrive, projetor entre outros. O material foi repassado aos colegas do Grupo de

Apoio, e estes por sua vez, fizeram a aplicação na sala de aula. O primeiro encontro

do Grupo de Apoio foi no dia 06/04/2009 e o último em 15/06/2009, havendo neste

período um total de oito encontros de 4hs cada, conseqüentemente a aplicação do

projeto também ocorreu neste período.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ancorados na Filosofia do Colégio Estadual Frentino Sackser, ensino

Fundamental e Médio que enfoca que a sociedade contemporânea tem passado por

expressivas transformações de caráter social, político e econômico. Essas

transformações originaram-se nos pressupostos neoliberais e na globalização da

economia que tem norteado as políticas governamentais. E, que devemos ter uma

sociedade que possibilite uma vida conscientemente orientada, que pressupõe como

ideal a oportunidade de que os seus cidadãos formem uma vontade democrática

hegemônica, baseada em valores destinados a afirmar uma tendência à igualdade e

a solidariedade. Todos os impulsos culturais, psicológicos e políticos, que incidem

sobre a “práxis” dos indivíduos sociais, demonstram que a cidadania ativa, a nível

local e nacional, só se realizará a partir da sua inserção num mundo que será cada

vez mais um só.

Deste modo, parte-se da concepção da existência de vários mundos:

-mundo familiar;

-mundo escolar;

-mundo do trabalho;

-mundo religioso;

-mundo comunitário;

-mundo político/econômico /comunicações

Nossa sociedade, marcada por práticas sociais excludentes e por uma

educação tradicionalmente assentada na dominação e no controle do indivíduo,

qualquer intenção de formação humana voltada para a emancipação deve tomar

como objetivo uma formação cultural voltada para a “auto-reflexão crítica”

(Adorno,1995,1996).

Deve-se pensar, assim, na possibilidade de uma formação que leve em

consideração a capacidade do indivíduo tornar-se autônomo-intelectual e moral, e

que seja capaz de interpretar as condições históricas culturais da sociedade em que

vive de forma crítica e reflexiva, impondo autonomia às suas próprias ações.

Sabe-se que realizar pesquisas de campo, melhora em muito o interesse a

participação e a aprendizagem dos alunos, pelo fato de eles estarem vivenciando,

ou melhor, vendo na prática o tema a ser trabalhado, podendo desta forma,

expressar suas opiniões e possíveis soluções.

Apresentam-se a seguir alguns resultados da pesquisa realizada com dezoito

professores da Rede Pública Estadual no Município de Marechal Cândido Rondon

sobre o tema de Educação Ambiental, buscando conhecer as práticas cotidianas

destes professores e seus alunos ao trabalharem a educação ambiental em suas

escolas. Através de uma Investigação Narrativa, foi perguntado aos professores:

“Sua escola possui algum projeto de Educação Ambiental?”

De um universo de 17 professores participantes da pesquisa, constatou-se

que para 13 entrevistados, a escola tem algum projeto na área ambiental sendo

desenvolvido e para 4 professores, a escola não apresenta nenhum projeto nesta

área.

Portanto, como podemos perceber grande parte das escolas em nosso

Município, possuem projetos que estão sendo desenvolvidos pelos professores.

Percebe-se então, que o tema está fazendo parte das aulas, ficando praticamente a

cargo da disciplina de Ciências.

No entanto, acredita-se que este tema deveria ser trabalhado como um todo,

envolvendo o maior número de disciplinas para que ocorra um envolvimento efetivo

de todas as pessoas envolvidas no trabalho escolar.

Na figura 1, abaixo, podemos perceber a distribuição dos projetos que estão

sendo desenvolvidos pelos professores de Ciências.

SUA ESCOLA POSSUI ALGUM PROJETO EM EA

36%

27%

14%

9%

9%5%

Lixo

Recolhimentoóleo decozinha

Horta orgânica

Preservaçãobiodiversidade

Água, Ar eTerra

Plantio demudas nativase frutíferas

FIGURA 1: A sua escola possui algum projeto de Educação Ambiental

Também foi perguntado aos professores: “Quais as principais dificuldades

encontradas para trabalhar o tema: EA? Enumere em ordem de dificuldade”.

Suas respostas são representadas na figura 2.

Principais dificuldades encontradas para trabalhar o tema Educação Ambiental na Escola.

22%29%

16%

19%

14%

Falta de materialpara os alunos

Número elevadode alunos por sala

Falta de materialde apoio para oprofessor

Encontradificuldades porser um temapouco trabalhadoem sua graduação

Outros

FIGURA 2: Principais dificuldades encontradas para trabalhar o tema Educação Ambiental na Escola.

Pelos dados elencados, as principais dificuldades para trabalhar o tema EA

são:

O número elevado de alunos por turma, dificultando o trabalho do professor;A falta de material de apoio para o aluno, ou seja, existe pouco material sobre

este tema principalmente nos livros didáticos;Encontram-se dificuldades por ser um tema bastante recente e pouco

trabalhado em sua graduação;Além da falta de material para o aluno, existe também a falta de fontes de

pesquisa para o professor desenvolver suas aulas;Outros temas também foram elencados pelos professores como: falta de

tempo, apoio de colegas, transporte, horário entre outros.

Como podemos perceber nesta questão, existem muitos empecilhos que

prejudicam o desenvolvimento, de forma adequada, dos conteúdos de EA, mas nem

por isso o tema deixou de ser trabalhado. Muitos professores estão comprometidos

em melhorar a relação dos alunos com o espaço da escola, de sua casa e também

do entorno.

Precisamos sensibilizar nossas crianças de que muitas atitudes tomadas hoje

de forma incorreta, irão prejudicar não somente esta geração, mas as próximas

também.

Perguntados sobre, “Na sua escola, quais as disciplinas que mais trabalham

os conteúdos de EA? Por quê?”, pudemos observar na figura 3, que as disciplinas

de Ciências e Geografia são as que mais se ocupam em desenvolver a formação do

aluno nos temas ambientais. Porém, em menor escala os professores de Biologia,

português e outros, também estão preocupados e atuando nos conteúdos e

atividades de cunho ambiental.

Disciplinas que mais trabalham os conteúdos de Educação Ambiental.

37%

14%27%

11%

11%

Ciências

Biologia

Geografia

Português

Outras

FIGURA 3: Disciplinas que mais trabalham os conteúdos de Educação Ambiental.

Apesar de o tema EA, ser um assunto que pode ser trabalhado praticamente

em todas as disciplinas que fazem parte da grade curricular do ensino fundamental,

percebe-se que, segundo os professores a disciplina de que mais trabalha o tema é

ciências. Em seguida, aparecem outras como geografia, biologia, e por fim a

disciplina de português. Também formam citadas outras disciplinas como: Química,

matemática, Inglês.

A proposta dos documentos oficiais e a Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999

que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental estabelecem que a

Educação Ambiental deve ser trabalhada de forma interdisciplinar, em consonância

com as demais disciplinas, não ficando somente a cargo de uma delas, seja ela qual

for.

De certa forma os temas ambientais mais tratados não são tão atuais, mas

está sendo dada muita ênfase, principalmente pelo fato de nos últimos anos termos

presenciado muitas catástrofes, não só no Brasil, mas no Mundo, em conseqüência

disso, houve uma maior preocupação em relação à questão ambiental.

Diante disso, percebe-se que os professores têm a TV como principal fonte de

informação, seguido do rádio, dos livros didáticos, dos jornais impressos. Outros

meios também foram elencados pelos professores, entre eles a internet, artigos

científicos e as revistas.

MEIOS PELOS QUAIS O PROFESSOR TOMA CONHECIMENTO

DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS

30%

27%13%

17%

13%

TV

Rádio

Jornais

Livros Didáticos

Outros

FIGURA 4: Através de qual meio você toma conhecimento dos problemas ambientais. Enumere em ordem crescente.

Pelo fato de os livros didáticos trazerem pouca ou quase nenhuma informação

sobre o assunto, os professores na maioria das vezes, somente comentam o tema,

desta forma fica faltando muita informação principalmente pela falta de material de

apoio ao professor e aluno.

Educação Ambiental – da teoria para a intervenção na escola

Como parte da metodologia deste projeto, foram utilizados e disponibilizados

aos professores diversos materiais educativos, entre eles visitas, entrevistas, além

de palestras, slides, também fizeram parte deste projeto filmes como Os Simpsons –

o filme.

Neste exemplo, os Simpsons formam uma família muito engraçada, entre os

desenhos animados. Neste filme, Homer, o patriarca da família causa a poluição do

lago de Springfield, causando enormes danos à cidade, sendo que uma das

soluções encontradas para resolver o problema foi de colocar uma cápsula em volta

da cidade, isolando-a do mundo.

Nele, observam-se as conseqüências causadas por uma catástrofe ecológica,

causada por um derramamento de fezes de suínos no lago. Esta catástrofe pode ser

comparada com um ataque cruel da humanidade sobre a natureza e

conseqüentemente sua vingança. Lisa Simpson assume a defesa do meio ambiente,

as reações da população em relação à conscientização de Lisa, se assemelha a

posição tomada pelos EUA, no Protocolo de Kyoto: “to nem aí, não tenho nada com

isso”.

O filme tem como objetivo fazer uma crítica em relação ao estilo de vida da

sociedade atual, aprofundando uma abordagem irônica de assuntos relacionados à

moral e a atualidade. Num contexto, onde os cuidados com o meio ambiente

causam cada vez mais reflexões, o filme mostra a preocupação de Springfield com a

poluição do rio principal da cidade. Quando Homer Simpson polui o rio, toda a

população da cidade é penalizada e a Cidade é colocada sob isolamento e toda a

família é acusada pela catástrofe.

Os Simpsons nos passam uma reflexão de forma leve e objetiva, na questão

relacionada ao meio ambiente. Após a apresentação do filme aos alunos, foi

proporcionada uma discussão e questionamentos acerca do tema apresentado, em

grupos resolveram as seguintes questões.

a) Durante o filme, aconteceram agressões ao meio ambiente, quais são

elas?

b) Essas agressões causaram alguma conseqüência ao meio ambiente,

relacione.

c) O que aconteceu com Homer, após ter agredido o meio ambiente?

d) O que aconteceu com a família Simpsons?

e) Qual foi o final desta história? Qual a mensagem que o filme tentou

retratar?

f) Houve preocupação em recuperar o ambiente degradado?

Os alunos apontaram as agressões e também suas conseqüências das

atitudes tomadas, citaram a expulsão da família Simpsons da cidade e a revolta das

pessoas contra os mesmos, relataram também o arrependimento e o desejo de

concertar o estrago que o meio ambiente sofreu. Os alunos souberam fazer uma

análise crítica do acontecido, relacionaram com o local onde vivem e mostraram-se

sensibilizados, desejando tornar-se cidadãos do futuro, ou seja, cuidadores do meio

ambiente.

Também fez parte das aulas durante a aplicação do projeto a utilização dos

sítios, como por exemplo www.smartkids.com.br.

Além de ser lúdico, o jogo desenvolve a atenção e o raciocínio na resolução

das questões, além de ser atraente com respostas imediatas, também se torna

atraente pelo fato de estar sendo utilizada uma mídia que não é a convencional, ou

seja, a informática. Nele existem vários ícones possíveis de serem utilizados pelo

professor com os alunos para trabalhar o tema aquecimento global, através de

jogos, entre outros.

Considerando que os meios de comunicações mostram que na maioria das

cidades brasileiras, as questões sociais decorrentes dos lixões se tornam uma prova

viva da exclusão social e degradação humana. É comum encontrarmos nestes locais

centenas de pessoas que dia após dia vão em busca de materiais e objetos que

possam ser vendidos para o processo de reciclagem (ferro, alumínio, papel, vidro

entre muitos outros) e também restos de alimentos que muitas vezes já se

encontram de forma inadequada para o consumo humano e que mesmo assim são

consumidos. Estes locais refletem diretamente as desigualdades sociais existentes

em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, além de deixar visível a

degradação humana (MUNDO EDUCAÇÃO, 2008).

Também, nos municípios menores o grande número de papéis, sacolas

plásticas, embalagens PET entre outros, que encontramos, quer seja em terrenos

baldios, jogados nas ruas, nos quintais ou no pátio do colégio, são fatos indicadores

da necessidade de realização de uma Educação Ambiental que sensibilize e traga a

reflexão sobre nosso ambiente próximo.

Como sugestões de atividade foram elaborados alguns questionamentos em

relação ao tema RESÍDUOS SÓLIDOS, que foi aplicado aos alunos participantes

das atividades, como por exemplo:

1 - Em sua opinião, que problemas o lixo pode trazer para uma sociedade?

2 - Muitas pessoas vivem nos lixões, procurando material para ser vendido,

consumido e até mesmo usado por elas. Você acha que essas pessoas podem ser

consideradas como desocupadas ou estão aí por que são preguiçosos e não

querem trabalhar de verdade? Como você compreende este fenômeno, será que

estão aí por necessidade?

3 - O trabalho das pessoas que catam materiais nos lixões é muito

importante. Você concorda com essa frase? Se houvesse a coleta seletiva do lixo

em sua cidade, como esta coleta poderia melhorar as condições de vida dessas

pessoas?

Como resposta a estas indagações, concluímos que: O lixo pode acarretar os

seguintes problemas para a sociedade como: Contaminação das águas, do solo, do

ar, alagamentos em cidades, mau cheiro, multiplicação de insetos transmissores de

doenças causando problemas de saúde. Em relação à questão envolvendo as

pessoas que vivem nos lixões e dos lixões, procurando materiais para

comercialização, alimentos e até utensílios para serem usados por elas, os alunos

concluíram que na maioria das vezes é por não possuírem qualificação

(oportunidade) para o trabalho, levando em consideração que não tiveram chance

de estudar. A necessidade fez com que preferissem o trabalho para ajudar no

orçamento de casa, abrindo mão de lutar por uma melhor qualidade de vida através

de estudos, ou ainda por falta de vontade.

Em relação ao trabalho desenvolvido por essas pessoas nos lixões,

melhoraria sua qualidade de vida, se houvesse a separação dos resíduos sólidos e

coleta seletiva, oportunizando aos catadores um salário fixo, melhores condições de

trabalho e conseqüentemente a proteção do meio ambiente.

Após reflexão e debates, os alunos concluíram que: O ser humano é cúmplice

da degradação ambiental, havendo até a pouco tempo, pouca ou quase nenhuma

preocupação com o meio ambiente, segundo eles, nosso dever é diminuir a

quantidade de resíduos produzidos, reutilizando e reciclando o que for possível,

aumentando assim a vida útil dos lixões, diminuindo a quantidade de material

depositado nestes locais. As pessoas precisam ser sensibilizadas para minimizarem

a quantidade de produção de lixo. Existe também a necessidade da sensibilização

de nossos governantes para que haja um programa visando à diminuição da

produção de resíduos, dando destino adequado. Os Municípios precisam investir

mais nesta área, pois a maioria possui somente depósitos de lixo a céu aberto.

A coleta seletiva é um componente fundamental no processo da reciclagem.

Quando se oportuniza a reciclagem, preserva-se o meio ambiente, diminuindo o

custo da produção de outros materiais, originados de matéria prima virgem,

prolongando a vida útil dos aterros sanitários, diminuindo o desperdício e depósito

de lixo em lugares clandestinos. Portanto, a reciclagem não só proporciona uma

melhor qualidade de vida ao ser humano, como também gera muitos postos de

trabalho e renda para as pessoas que vivem nas camadas mais pobres da

sociedade.

Nos últimos 20 anos, a quantidade de lixo urbano tem aumentado sua

constituição tem-se alterado. Os resíduos nas residências são compostos por restos

de alimentos e materiais recicláveis (vidros, latas, papel e plásticos), dispondo

grande número de materiais que podem causar prejuízos aos ecossistemas e riscos

a saúde humana. Entre eles, podemos citar o alumínio (Al), utilizado na produção de

cosméticos e maquilagens; o níquel (Ni) e o cádmio (Cd), existente nas pilhas e

baterias; o mercúrio (Hg) é um metal que envenena as pessoas, presente nas

lâmpadas, e o amianto que entra na composição das pastilhas e lonas de freios,

caixas d’água e na fabricação de telhas podendo acumular-se nos pulmões. Além

destes, existem ainda os resíduos industriais e o lixo hospitalar (ANDRADE, 2006).

Como sugestão de atividade foi proposto o seguinte:

Uma pessoa produz em torno de 0,8 kg de lixo por dia. Procure saber qual a

população de sua cidade ou de seu município, e calcule a quantidade aproximada

de lixo produzida em:

- um dia.

- uma semana.

- um mês.

Esta mesma questão pode ser desenvolvida na escola, fazendo o cálculo

com a quantidade de pessoas envolvidas na atividade escolar, entre professores,

funcionários e alunos.

Nesta atividade, os alunos procuraram os dados sobre o número de

habitantes de nosso município e calcularam o volume de lixo que é produzido

diariamente, semanalmente e mensalmente. Segundo os dados apresentados o

número é de 47.000 habitantes. A produção diária é de 37.600 kg/dia, 263.200

kg/semana e de 1.128.000 kg de resíduos por mês.

Analisando os dados, os alunos concluíram que é uma quantidade muito

elevada de lixo produzida e descartada. Então a escola tem um papel fundamental

na formação do cidadão consciente de suas responsabilidades, procurando interagir

com os demais para adotarem medidas adequadas com os resíduos produzidos e

sua destinação final.

Outra atividade desenvolvida foi a de que eles deveriam anotar tudo o que

sua família joga no lixo, o material e a quantidade. Fazer este procedimento durante

uma semana. Ao final desse período, elabore um cartaz, mostrando, através de

desenhos ou figuras a composição do lixo em sua casa. Apresente seu cartaz de

modo a indicar a composição e o tipo de lixo que é jogado fora. Não se esqueça de

anotar o que você joga fora nas dependências da escola e em outros lugares.

Depois de terminar o trabalho, responda:

Qual a quantidade de lixo produzida pela sua família em uma semana?

Quais os materiais presentes nele?

Desses materiais, quais poderiam ser reutilizados?

E reciclados?

Quais poderiam ser transformados em adubo orgânico?

Quais são considerados tóxicos?

Quais deveriam ser recolhidos e enviados ao aterro sanitário?

Analisando os dados obtidos, os materiais destinados ao lixo é o mais

diverso, sendo composto por: papéis, vidros, plásticos, metais, isopor, borrachas,

madeira, materiais orgânicos, pilhas, remédios, embalagens de veneno, entre

outros.

Neste contexto, foram questionados com as devidas anotações, quais desses

materiais poderiam ser reutilizados, reciclados, transformados em adubo, quais são

considerados tóxicos e seu destino adequado e por final, quais deveriam ser

recolhidos e enviados ao aterro sanitário.

Os alunos compararam seus hábitos com os dos outros e refletiram sobre

suas atitudes frente ao que acontece em suas casas. Uma possível solução seria a

conscientização de todos os membros da família, diminuindo o volume de lixo

produzido, cobrando mudanças nos padrões de consumo, implantando o programa

coleta seletiva, incentivando a separação dos resíduos para que possam ser

recolhidos e reaproveitados na produção de novos materiais, contribuindo desta

forma na melhoria da qualidade de vida, ampliando a vida útil dos lixões.

Quando do início do projeto, foi solicitado aos alunos, para que separassem

em suas casas materiais que poderiam ser reutilizado como garrafas pet, jornais,

latas, bombonas entre outros, para a realização de oficinas. Nestas oficinas foram

confeccionadas vassouras, porta treco, porta panela, carros e também preparação e

pintura de bombonas (Figuras 5, 6 e 7).

Com esta atividade, os alunos perceberam o quanto é jogado fora e que

poderia ser aproveitado na confecção de outros produtos, diminuindo o desperdício.

Esta atividade foi muito importante, pois ficou evidente para eles o papel de cada um

na preservação do meio ambiente.

FIGURA 5: Vassoura confeccionada com garrafas pet

FIGURA 6: Brinquedo confeccionado com garrafas pet

FIGURA 7: Preparação e pintura de bombonas

Discutiu-se também, qual deveria se o local onde estes materiais deveriam

ser levados. Em nosso Município, existe apenas um local onde os resíduos são

separados, prensados e vendidos para as indústrias de reaproveitamento, havendo

então a necessidade de ampliação destes locais, mas principalmente na

conscientização das pessoas para que façam a separação do lixo em suas casas.

Em outra atividade desenvolvida com os alunos, eles foram questionados se

pensam em usar mais produtos que produzam lixo passível de ser decomposto na

natureza. Nas respostas apresentadas, dizem eles que adquirir produtos embalados

economiza tempo é mais cômodo e dá menos trabalho do que adquirir produtos in-

natura. Produtos frescos estragam mais rápido do que um alimento industrializado

optando desta forma então pelos alimentos embalados e conservados. Foram

questionados sobre as conseqüências de escolherem produtos industrializados, pois

além do aumento da obesidade, da hipertensão e outros agravos a nossa saúde,

degradam o ambiente, comprometem a capacidade de renovação dos recursos

naturais do planeta, diminuindo a qualidade de vida das pessoas.

Chegamos à conclusão de que precisamos mudar nossa forma de pensar

sobre nossa alimentação, devemos escolher produtos que possuam menos

embalagens, preferir alimentos que não contenham produtos químicos (o que é

muito difícil), caso haja condições, plantar suas próprias verduras, legumes e frutas,

optando por alimentos frescos e com poucas embalagens.

Foi sugerido também aos alunos para que fizessem uma pesquisa, com

pessoas de mais idade, para saber com eles quais os produtos que se consome nos

dias atuais e que cerca de 60 anos atrás não existiam. Como questionamento ficou

também estabelecido para que verificassem com essas pessoas, como o leite e a

carne eram embalados naquela época.

Segundo a pesquisa realizada com pessoas acima de 60 anos de idade,

pelos alunos envolvidos no projeto, podemos concluir que: a quantidade de produtos

ofertados nos dias atuais é bem maior. Atualmente temos produtos armazenados em

diversas embalagens, principalmente plásticos e isopores, enquanto que há 60 anos

os alimentos eram consumidos frescos e os de origem animal, guardados em latas

cobertos com banha para sua preservação.

Também fez parte da reflexão, as vantagens e desvantagens da utilização

destas embalagens. Entre as vantagens podemos destacar a de que produziam uma

menor quantidade de lixo, possuíam mais produtos frescos e sem agrotóxico. Uma

das principais desvantagens é oferta de produtos para o consumo. Nos dias atuais,

temos uma enorme gama de produtos que são ofertados nos supermercados, as

desvantagens é que produzimos mais lixo, pelo fato de elas virem embaladas, e

consumimos também uma quantidade bem maior de agrotóxicos contidos na

produção destes alimentos.

Realizamos também uma visita no pátio da escola, nos arredores e no bairro,

para observarmos os principais problemas relacionados ao tema resíduos sólidos.

Apesar de existir a coleta seletiva, os alunos constataram que havia uma enorme

quantidade de lixo jogado nas ruas e nos terrenos baldios. Precisamos sensibilizar

as pessoas para que evitem abandonar seus resíduos no meio ambiente.

Precisamos criar o hábito de separar o lixo seco do úmido para posterior destinação

adequada.

Foi realizada também uma palestra com um representante da cooperativa

COOPERAR e os alunos envolvidos no projeto sobre a importância da separação

dos resíduos e sua correta destinação. Esta cooperativa realiza um trabalho de

recolhimento dos materiais que podem ser reaproveitados, utilizando-se de um

caminhão baú o qual percorre o centro e também os bairros em determinados dias e

horários pré-estabelecidos para que a população possa colocar a disposição os

resíduos para serem coletados. Além disso, a cooperativa também possui um grupo

de catadores ambulantes que trabalham recolhendo materiais na cidade. Estes

materiais são entregues pelos catadores para a cooperativa que comercializa e no

final de cada mês, estes catadores recebem seu pagamento conforme a quantidade

de material comercializado pela cooperativa, valores estes divididos de forma igual

entre eles.

Em parceria com a Unioeste – Campus de Marechal Cândido Rondon, Itaipu

Binacional com o projeto Cultivando Água Boa, participamos do replantio da mata

ciliar as margens dos córregos de nosso Município, mitigando o processo de

degradação que ocorreu em anos anteriores.

Outra atividade desenvolvida foi o recolhimento do lixo nos arredores de

nossa escola, atividade esta em parceria com a Cooperativa Cooperar de nosso

Município, a qual ficará responsável pelo recolhimento destes resíduos coletados

dando destinação correta, evitando que fiquem jogados no meio ambiente.

Precisamos sensibilizar nossos alunos, para que possam reaproveitar o que é

possível, reciclar e principalmente reduzir o volume de resíduos, melhorando a

nossa qualidade de vida e também as próximas gerações.

CONCLUSÃO

Durante a execução do projeto com os alunos na sala de aula foram

possibilitadas oportunidades para que estes modifiquem atitudes e práticas pessoais

através do conhecimento com relação ao meio ambiente, adotando posturas na

escola, em casa e em sua comunidade, modificando comportamentos.

A partir do desenvolvimento do projeto observou-se que, os alunos

demonstraram grande interesse em melhorar suas atitudes em relação ao trato com

o meio ambiente. Os alunos demonstraram uma boa aceitação, no que se refere a

colaboração na coleta de materiais recicláveis para o trabalho utilizado nas oficinas.

Com este incentivo, muitos alunos que não faziam a separação dos materiais que

seriam descartados, passaram a fazê-lo com o objetivo de contribuir com a coleta

seletiva.

Com o desenvolvimento do projeto, percebeu-se a mudança de atitude em

relação a produção de lixo, na sala, em suas casas. Neste, procurou-se sensibilizar

os educandos, investindo na mudança de atitudes e comportamento como um elo

para trabalhar a consciência ambiental.

Os alunos visitaram, observaram e analisaram fatos e situações de diferentes

tipos. Em relação aos resíduos sólidos, do ponto de vista ambiental de modo crítico,

reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuarem de modo positivo, para

garantir uma melhor qualidade de vida.

Discutiu-se a realidade vivida pelos alunos e comunidade na busca de

soluções e tomada de posição frente aos problemas fundamentais sócio-ambientais.

Houve também um trabalho de sensibilização em relação a necessidade de

pensar o problema do lixo, nas formas de coleta e destino dos mesmos, na

reciclagem, no comportamento responsável de produção e destino dos resíduos

sólidos.

Apesar de ser um projeto a longo prazo, procurou-se desenvolver a

sensibilidade dos alunos, no sentido de fazer com que tenham uma visão macro da

atual situação que se encontra os níveis de poluição do meio ambiente,

proporcionando a adoção de atitudes consideradas ambientalmente corretas, capaz

de fazer a diferença, melhorando a qualidade de vida.

Conforme afirma Carniatto (2007) de que “é consenso que, dentre as

atribuições da Educação Ambiental está à necessidade de que as pessoas

envolvidas no processo educativo tornem-se agentes transformadores”. Assim é

necessário “contribuir para que os educandos descubram os efeitos e as causas

reais dos problemas ambientais; estabelecer uma relação entre a sensibilização pelo

ambiente, a aquisição de conhecimentos, a capacidade de resolver problemas;

privilegiando as atividades práticas e as experiências pessoais”.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Maria Hilda de Paiva, et al. Ciência e vida. 5ª série – Belo Horizonte, 2006.

CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: Ciência para uma vida sustentável, Ed. Cultrix, São Paulo, SP, 4ª edição, 2005.

CARNIATTO, IRENE. SUBSÍDIOS PARA UM PROCESSO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS SUB-BACIAS XAXIM E SANTA ROSA, BACIA HIDROGRAFICA PARANA III. Tese (Doutorado) - Doutorado em Ciências Florestais do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná. CURITIBA, 2005.

CUSTÓDIO, Maria Cristina. A Educação Ambiental como um tema transversal – Comunicações, ano 5, nº 2, novembro/1998. Universidade Metodista de Piracicaba – SP.

GLOBO.COM. Conferência de Bali chega a um acordo. 2008 .Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL220155-5603,00-CONFERENCIA+ DE+BALI+CHEGA+A+UM+ACORDO.html

GUIMARÃES, M. A Dimensão Ambiental na Educação. Campinas, SP: Papirus, 1995.

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PORTAL NOSSO SÃO PAULO. Mensagem do Secretário-Geral da ONU Kofi Annan, por ocasião do Dia Internacional para a redução das Catástrofes Naturais. Centro Regional de Informação da ONU em Bruxelas - RUNIC Disponível em: http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Barra_Escolha/ONU_ CatNaturais.htm . ACESSO EM: 14/junho/2008

PRIMAVESI, Odo; ARZABE, Cristina; PEDREIRA, Márcio dos Santos. Aquecimento Global e mudanças climáticas: uma visão integrada. Embrapa Pecuária Sudoeste, 2007.

SIQUEIRA, Joésio D. P.; SIQUEIRA, ÂNGELA D. Programa de treinamento:

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