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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POSSIBILIDADE PARA
ESTRUTURAR CONTEÚDOS DE CIÊNCIAS
Aloísio Alberto Schneider – Professor PDE, [email protected]; [email protected]
Drª Irene Carniatto, UNIOESTE, [email protected]
Palavras Chaves: Educação Ambiental; pesquisa ação; Aquecimento Global; Efeito Estufa; Resíduos Sólidos.
RESUMO: Devido às necessidades de alimentação e abrigo, o ser humano começou e explorar os ecossistemas, exploração esta, que se tornou desordenada e predatória, culminando com a contaminação do solo, do ar, da água e a desenfreada devastação das florestas. Diante das constantes transformações sociais, econômicas, políticas e culturais o se humano não mudou sua relação predatória com o meio em que vive. Esta relação tem se agravado no decorrer do tempo, cada vez mais se observa agressões ao meio ambiente sem se preocupar com suas conseqüências. Nos últimos anos percebe-se a reação da natureza em relação a estas agressões como, por exemplo, as enchentes em Santa Catarina, em Minas Gerais, no Nordeste do Brasil, a seca no Sul do País. Assim, este projeto desenvolveu atividades visando à sensibilização dos alunos sobre o problema a nível mundial, enfatizando, no entanto, a preocupação com o que está mais próximo de nós, como a sala de aula, a escola, o entorno e o bairro, a mudarem certos hábitos em relação ao meio ambiente, desenvolvendo atitudes consideradas ambientalmente corretas, voltadas para a preservação ambiental. Com esta problemática posta, procurou-se sensibilizar diretamente, cerca de 30 alunos, da 8ª Série C, do turno vespertino, do Colégio Estadual Frentino Sackser, ensino Fundamental e Médio, localizado no Bairro Botafogo no Município de Marechal Cândido Rondon. Espera-se com este trabalho contribuir no sentido de compreender a relação de consumo entre a sociedade e o meio ambiente, com suas respectivas implicações e agravamentos proporcionados pelos resíduos sólidos, decorrentes desse modelo de produção.
INTRODUÇÃO
A EA apresenta uma nova dimensão a ser agregada ao sistema de ensino,
trazendo novas discussões, envolvendo as questões ambientais, propiciando
alterações de condutas frente à realidade que ora se faz presente.
Uma nova realidade que queremos, para um mundo mais equilibrado, faz-se
necessário o envolvimento de todos para que as transformações efetivamente
aconteçam.
Nossa escola tem se preocupado em contemplar o tema EA como parte
integrante do processo ensino-aprendizagem, processo este em que o aluno está
inserido participando destas transformações. Precisamos estar cientes de que a
Educação Ambiental é um processo longo e contínuo, de resultados lentos, impondo
mudanças de conceitos, de compreensão, de sentimentos e de hábitos. Sendo
assim, faz-se necessário então uma implantação lenta e gradativa de atitudes
consideradas ambientalmente corretas.
Atualmente, a preocupação com a degradação dos recursos naturais, as
agressões ao planeta, preocupam autoridades locais e mundiais, sendo que a
escola também precisa se engajar na busca de soluções para preservar o meio
ambiente.
Desta forma, procurando contribuir para a melhoria da qualidade de vida,
neste trabalho está sendo disposto um roteiro o qual foi desenvolvido nos meses de
abril, maio e junho de 2009, como parte integrante do Projeto de Produção Didático-
Pedagógica: Unidade Didática. O trabalho tem como intuito orientar os alunos para
possíveis mudanças de atitudes, valores e procedimentos para o pleno exercício da
cidadania, ressaltando a participação no gerenciamento do meio ambiente, mediante
postura participativa.
Inicialmente, o projeto foi apresentado para a Direção da Escola, Equipe
Pedagógica e aos demais colegas professores. O primeiro tema desenvolvido foi
aquecimento global e efeito estufa. No desenvolvimento deste, a metodologia
utilizada foi da pesquisa ação com professores e alunos e desenvolvimento de
atividades educativas para a sensibilização dos envolvidos através de slides, vídeos,
textos entre outros.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No Brasil, a utilização do meio ambiente caracterizou-se pela exploração
desordenada e predatória. Após a independência, em 1882, tanto o governo Imperial
quanto a República preocupava-se em consolidar a ocupação do território brasileiro,
até então praticamente despovoado. Desde cedo, incorporou-se à cultura brasileira
a idéia de que a devastação da natureza e a poluição significavam progresso e
desenvolvimento. Na década de 30, o governo começa a controlar a utilização de
alguns recursos naturais, como o Código da Águas e da Mineração e o primeiro
Código Florestal em 1934, a proteção do patrimônio histórico em 1937 e o Código da
Pesca em 1938 (SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2002).
Desde 1970, pressionada por diferentes movimentos sociais organizados e
pelo esgotamento de recursos naturais, a sociedade capitalista mobilizou nações
para propor metas e efetivarem tratados que estabelecem o equilíbrio do planeta e o
uso sustentável dos recursos naturais. O surgimento dos movimentos sociais, a
globalização, as conferências mundiais, entre outros, possibilitaram que as
problemáticas ambientais tomassem proporções mais significativas, a ponto de se
tornarem foco de preocupação mundial, ainda que alguns países desenvolvidos
como os Estados Unidos, não ratificaram a assinatura de alguns protocolos que
visam a diminuição da agressão ao nosso Planeta.
Custódio (1998, p 243) em seu artigo destaca que:
”Da Conferência de Estocolmo (1972) até a ECO-92 (Rio de Janeiro) a
Educação Ambiental foi discutida sob várias perspectivas, quanto a sua implantação
nas escolas e na sociedade civil, nas diversas nações num movimento mundial.
Durante a década de 80, a EA foi apresentada várias vezes, sob uma perspectiva de
uma nova disciplina, mas na década seguinte, o conceito de transversalidade,
também apresentado nas conferências mundiais, começou a impregnar o cotidiano
dos educadores brasileiros, influenciada pela reforma educacional espanhola que já
se desenvolvia há aproximadamente dez anos”.
Segundo Guimarães (1995, p.9): “A EA apresenta uma nova dimensão a ser
incorporada ao processo educacional, trazendo toda uma recente discussão sobre
as questões ambientais e as conseqüentes transformações de conhecimentos,
valores e atitudes diante de uma nova realidade a ser construída”.
Ainda, segundo o mesmo autor, com a diminuição dos recursos naturais,
associados com o crescimento populacional, a crise de valores relacionados com os
modelos de produção e consumo, são temas para serem discutidos levando em
consideração a consciência individual, na qual os seres humanos deixam de estar
integrados com a natureza, assumindo como se fosse parte dela. O homem
desintegrado não percebe as relações de equilíbrio, agindo de forma desarmônica,
causando desequilíbrios ambientais significativos.
A conferência da ONU sobre mudanças climáticas, realizada na Indonésia,
mais precisamente na Ilha de Bali, chegou a um consenso após os Estados Unidos
acatarem as reivindicações dos países mais pobres. Abriu-se um novo caminho para
as negociações de um novo acordo, mais ambicioso, o qual deverá substituir o
protocolo de Kyoto. Todos os participantes aplaudiram quando o ministro do Meio
Ambiente da Indonésia, Rachmat Witaelar, bateu o martelo na mesa selando o
compromisso assumido pelos países participantes do evento. Neste encontro
estabeleceu-se um “Mapa de Caminho” para as negociações que serão feitas
durante os próximos dois anos, mantendo neste período as metas da redução dos
gases jogados na atmosfera, responsáveis pelo efeito estufa. A posição americana
foi mantida em suspense até o último minuto. Reuniram-se então todos os países aí
representados contra o mais forte. Neste encontro ficou definido que os países mais
ricos deverão repassar tecnologia para os países mais pobres e em
desenvolvimento, ficando responsável também pelo financiamento de projetos
voltados para a diminuição dos gases lançados na atmosfera (GLOBO. COM, 2008).
Na última década, as catástrofes naturais proporcionaram a morte de
aproximadamente 600 mil pessoas afetando em torno de 2,4 bilhões de indivíduos,
principalmente em países em desenvolvimento. Perdendo-se, assim, anos de
esforços no desenvolvimento desses países, aumentando a dificuldade de milhões
de pessoas deixando-os desta forma mais vulneráveis. Neste último ano, constatou-
se que nenhum lugar do planeta pode ser considerado seguro em relação às
catástrofes naturais. Acompanhamos pelos meios de comunicação, o terremoto na
China, o tsunami no Oceano Indico, a destruição pelos gafanhotos e pela seca na
África, as devastações nos Estados Unidos causados pelos furacões e os ciclones,
nas Caraíbas e no Pacífico, tal como as fortes inundações na Europa e na Ásia,
fizeram centenas de milhares de mortos e deixaram milhões de pessoas sem
recursos. Não podemos esquecer também do ciclone extratropical que atingiu a
região sul do Brasil, provocando grande devastação e prejuízos para os moradores
do litoral do Estado do Rio Grande do Sul e Santa Catariana (PORTAL NOSSO SÃO
PAULO, 2008).
Segundo Oliveira (2006), para entender o processo do conhecimento na
busca da realidade encontramos elementos para explicar os acontecimentos da
natureza: “A natureza é representada como parte da nossa realidade, na qual os
homens investem de acordo com suas necessidades, transformando assim o meio
ambiente, ou seja, a degradação da natureza acarreta conseqüências para a própria
vida humana”.
Ainda, segundo Oliveira (2006), o desenvolvimento da importância do
conhecimento sobre o ambiente, da natureza, data da época de Comenius (sua
Obra a Didática Magna data de 1630), para o qual a didática, é a arte de ensinar e
aprender. Não só o aluno, mas também os professores aprendem. A aprendizagem é
a ação para que o aluno possa aprender, apanhar, atar e ligar o conhecimento
adquirido. Já neste período, Comenius estava preocupado com a educação de tal
maneira que apontava para a necessidade da reforma do sistema educacional, que
iniciaria primeiro com a mudança nos métodos de ensino, de modo que o
aprendizado pudesse ser rápido, agradável e completo. O professor deveria
observar o que acontecia na natureza, ou seja, para ensinar era preciso prestar
atenção à mente das crianças e como estes estudantes aprendem.
Desta forma, propõe-se um pensamento voltado ao nosso Planeta,
apresentando-o como se fosse à casa de todos, onde está disponível todo o recurso
do qual necessitamos para a sobrevivência, como: água, solo fértil, alimentação e
medicina natural, extraídos diretamente da natureza, sendo que os mesmos estão
se tornando escassos pelo individualismo do consumo.
Este modelo de ensino fundamenta-se na preservação ambiental e no
estímulo da coletividade, principalmente nas séries iniciais. Por exemplo: qual é o
sentido de cada aluno ter seu próprio apontador? É o individualismo que se produz
desde pequeno. Propõe-se que, haja apenas um apontador para todos, que ficaria
na sala de aula perto de caixas de materiais recicláveis. Explicar a origem natural
das coisas, o espaço de onde se formam os elementos que fazem parte de um
apontador, de que lugares da natureza foram retirados, e qual seria o prejuízo se
fossem jogados 50 apontadores de volta a natureza, “a proposta central seria
formarmos cidadãos conscientes na importante tarefa de preservação ambiental do
espaço e consciente ecologicamente”. O envolvimento de todas as disciplinas seria
buscado em defesa de uma verdadeira racionalidade aberta e plural.
O objetivo é desenvolver um pensamento que sistematiza as idéias de
preservação do meio ambiente em que o aluno/cidadão está inserido, e que ele é
responsável não somente pelo local que ocupa como: sua casa, seu quintal, sua
carteira na escola.
Deve-se oportunizar ao aluno o conhecimento da complexidade da origem
das coisas que estão a sua volta. Dar liberdade a sua imaginação para que ele
possa ir além do seu espaço e liberdade para aprender e ensinar (OLIVEIRA, 2006).
Primavesi, Arzabe e Pedreira (2007, p 8) em seu livro sobre Aquecimento
Global nos relatam que:
Enquanto nos países de clima temperado a maior fonte de CO2 é a oxidação
de combustíveis fósseis (veículos, sistemas de aquecimento e de refrigeração,
indústrias), que geram os maiores volumes globais anuais de CO2, nas regiões
tropicais a maior fonte de CO2 são as queimadas. No Brasil, a queimada em
desmatamentos emite de 180 a 200 milhões de toneladas de carbono por ano (MtC/
ano), duas vezes mais do que o produzido pela queima de combustíveis fósseis no
País inteiro (70 a 90 MtC/ano) (SANTILLI et al., 2003). O teor de CO2 na atmosfera
terrestre estava em torno de 280 ppn, antes da era industrial (DANIELS et al., 1995);
subiu para 320 ppn nos meados do século 20; e atualmente está entre 360 ppn (sem
queimadas; University of Oregon, 2006) e 380 ppn (em condições de queimadas ou
de grandes emissões durante combustão de energia fóssil).
O elo casual entre o aquecimento global e a atividade humana já não é mais
uma simples hipótese.
No fim do ano de 2000, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(PIMC) – organização de grande autoridade em seu campo de atividades – publicou
a sua mais clara afirmação consensual de que a liberação de dióxido de carbono e
outros gases do “efeito estufa” na atmosfera por parte do ser humano “contribuiu
significativamente para o aquecimento observado nos últimos cinqüenta anos”.
Segundo a previsão do PIMC, ao final do século a temperatura poderá aumentar, em
média, quase 6ºC, o que representaria um aumento maior do que a mudança de
temperatura ocorrida entre a última era glacial e os nossos dias. Em virtude desse
fato, praticamente todos os sistemas naturais terrestres e todos os sistemas
econômicos humanos seriam ameaçados pela elevação do nível das águas, por
tempestades mais violentas e secas mais intensas (CAPRA, 2005, p 218).
Ainda, segundo o mesmo autor, apesar de a emissão de carbono ter tido uma
diminuição nos últimos tempos, este por sua vez não bastou para amenizar o ritmo
das mudanças climáticas no mundo. Muito pelo contrário, observações atuais nos
mostram que ela está se acelerando. Esses indícios nos são fornecidos por duas
observações diferentes, mas igualmente preocupantes – o rápido descongelamento
das geleiras e da capa de gelo do Mar Ártico, por um lado, e a derrocada dos recifes
de coral, por outro. O derretimento das geleiras num ritmo muito rápido pelo mundo
inteiro é um dos sinais mais desastrosos deste processo, causado principalmente
pela queima contínua e irresponsável de combustíveis fósseis, queimadas de
florestas e indústrias (CAPRA, 2005).
METODOLOGIA
Inicialmente foi elaborado um questionário, aplicado aos professores da Rede
Pública Estadual do Município de Marechal Cândido Rondon, com o intuito de obter
dados para fundamentar a pesquisa.
Após esta etapa, ficou definido então que a projeto seria aplicado na 8ª C, do
turno vespertino, no Colégio Estadual Frentino Sackser, ensino Fundamental e
Médio, situado do Bairro Botafogo, no Municio de Marechal Cândido Rondon – PR.
No início do projeto, encontrei várias dificuldades, uma delas foi a de ter que
organizar um Grupo de Apoio, na Escola, pelo fato de eu ser um professor
readaptado de forma definitiva e legalmente impedido de aplicar o projeto com os
alunos. Então na formação deste grupo de apoio, poucos professores se mostraram
interessados, uns por não possuir tempo disponível, outros por terem aulas naquele
horário, apesar de ser proposto no dia previsto para hora atividade do professor e
ainda muitos por não terem mais avanços em seu plano de cargos e salários.
Uma das atividades mais significativas desenvolvidas pelo professor PDE, ao
longo do programa é a implantação do projeto na Escola, elaborado sob a
orientação da IES, durante os dois primeiros períodos do programa. Este projeto
visa contemplar o desenvolvimento de estratégias pedagógicas objetivando atender
as dificuldades diagnosticadas pelo professor em seu espaço de trabalho – a escola.
A metodologia utilizada foi da pesquisa ação com professores e alunos e
desenvolvimento de atividades educativas, através de aulas expositivas, utilização
de sítios, documentários, atividades de campo, experimentos, jogos, filmes, TV
pendrive, projetor entre outros. O material foi repassado aos colegas do Grupo de
Apoio, e estes por sua vez, fizeram a aplicação na sala de aula. O primeiro encontro
do Grupo de Apoio foi no dia 06/04/2009 e o último em 15/06/2009, havendo neste
período um total de oito encontros de 4hs cada, conseqüentemente a aplicação do
projeto também ocorreu neste período.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ancorados na Filosofia do Colégio Estadual Frentino Sackser, ensino
Fundamental e Médio que enfoca que a sociedade contemporânea tem passado por
expressivas transformações de caráter social, político e econômico. Essas
transformações originaram-se nos pressupostos neoliberais e na globalização da
economia que tem norteado as políticas governamentais. E, que devemos ter uma
sociedade que possibilite uma vida conscientemente orientada, que pressupõe como
ideal a oportunidade de que os seus cidadãos formem uma vontade democrática
hegemônica, baseada em valores destinados a afirmar uma tendência à igualdade e
a solidariedade. Todos os impulsos culturais, psicológicos e políticos, que incidem
sobre a “práxis” dos indivíduos sociais, demonstram que a cidadania ativa, a nível
local e nacional, só se realizará a partir da sua inserção num mundo que será cada
vez mais um só.
Deste modo, parte-se da concepção da existência de vários mundos:
-mundo familiar;
-mundo escolar;
-mundo do trabalho;
-mundo religioso;
-mundo comunitário;
-mundo político/econômico /comunicações
Nossa sociedade, marcada por práticas sociais excludentes e por uma
educação tradicionalmente assentada na dominação e no controle do indivíduo,
qualquer intenção de formação humana voltada para a emancipação deve tomar
como objetivo uma formação cultural voltada para a “auto-reflexão crítica”
(Adorno,1995,1996).
Deve-se pensar, assim, na possibilidade de uma formação que leve em
consideração a capacidade do indivíduo tornar-se autônomo-intelectual e moral, e
que seja capaz de interpretar as condições históricas culturais da sociedade em que
vive de forma crítica e reflexiva, impondo autonomia às suas próprias ações.
Sabe-se que realizar pesquisas de campo, melhora em muito o interesse a
participação e a aprendizagem dos alunos, pelo fato de eles estarem vivenciando,
ou melhor, vendo na prática o tema a ser trabalhado, podendo desta forma,
expressar suas opiniões e possíveis soluções.
Apresentam-se a seguir alguns resultados da pesquisa realizada com dezoito
professores da Rede Pública Estadual no Município de Marechal Cândido Rondon
sobre o tema de Educação Ambiental, buscando conhecer as práticas cotidianas
destes professores e seus alunos ao trabalharem a educação ambiental em suas
escolas. Através de uma Investigação Narrativa, foi perguntado aos professores:
“Sua escola possui algum projeto de Educação Ambiental?”
De um universo de 17 professores participantes da pesquisa, constatou-se
que para 13 entrevistados, a escola tem algum projeto na área ambiental sendo
desenvolvido e para 4 professores, a escola não apresenta nenhum projeto nesta
área.
Portanto, como podemos perceber grande parte das escolas em nosso
Município, possuem projetos que estão sendo desenvolvidos pelos professores.
Percebe-se então, que o tema está fazendo parte das aulas, ficando praticamente a
cargo da disciplina de Ciências.
No entanto, acredita-se que este tema deveria ser trabalhado como um todo,
envolvendo o maior número de disciplinas para que ocorra um envolvimento efetivo
de todas as pessoas envolvidas no trabalho escolar.
Na figura 1, abaixo, podemos perceber a distribuição dos projetos que estão
sendo desenvolvidos pelos professores de Ciências.
SUA ESCOLA POSSUI ALGUM PROJETO EM EA
36%
27%
14%
9%
9%5%
Lixo
Recolhimentoóleo decozinha
Horta orgânica
Preservaçãobiodiversidade
Água, Ar eTerra
Plantio demudas nativase frutíferas
FIGURA 1: A sua escola possui algum projeto de Educação Ambiental
Também foi perguntado aos professores: “Quais as principais dificuldades
encontradas para trabalhar o tema: EA? Enumere em ordem de dificuldade”.
Suas respostas são representadas na figura 2.
Principais dificuldades encontradas para trabalhar o tema Educação Ambiental na Escola.
22%29%
16%
19%
14%
Falta de materialpara os alunos
Número elevadode alunos por sala
Falta de materialde apoio para oprofessor
Encontradificuldades porser um temapouco trabalhadoem sua graduação
Outros
FIGURA 2: Principais dificuldades encontradas para trabalhar o tema Educação Ambiental na Escola.
Pelos dados elencados, as principais dificuldades para trabalhar o tema EA
são:
O número elevado de alunos por turma, dificultando o trabalho do professor;A falta de material de apoio para o aluno, ou seja, existe pouco material sobre
este tema principalmente nos livros didáticos;Encontram-se dificuldades por ser um tema bastante recente e pouco
trabalhado em sua graduação;Além da falta de material para o aluno, existe também a falta de fontes de
pesquisa para o professor desenvolver suas aulas;Outros temas também foram elencados pelos professores como: falta de
tempo, apoio de colegas, transporte, horário entre outros.
Como podemos perceber nesta questão, existem muitos empecilhos que
prejudicam o desenvolvimento, de forma adequada, dos conteúdos de EA, mas nem
por isso o tema deixou de ser trabalhado. Muitos professores estão comprometidos
em melhorar a relação dos alunos com o espaço da escola, de sua casa e também
do entorno.
Precisamos sensibilizar nossas crianças de que muitas atitudes tomadas hoje
de forma incorreta, irão prejudicar não somente esta geração, mas as próximas
também.
Perguntados sobre, “Na sua escola, quais as disciplinas que mais trabalham
os conteúdos de EA? Por quê?”, pudemos observar na figura 3, que as disciplinas
de Ciências e Geografia são as que mais se ocupam em desenvolver a formação do
aluno nos temas ambientais. Porém, em menor escala os professores de Biologia,
português e outros, também estão preocupados e atuando nos conteúdos e
atividades de cunho ambiental.
Disciplinas que mais trabalham os conteúdos de Educação Ambiental.
37%
14%27%
11%
11%
Ciências
Biologia
Geografia
Português
Outras
FIGURA 3: Disciplinas que mais trabalham os conteúdos de Educação Ambiental.
Apesar de o tema EA, ser um assunto que pode ser trabalhado praticamente
em todas as disciplinas que fazem parte da grade curricular do ensino fundamental,
percebe-se que, segundo os professores a disciplina de que mais trabalha o tema é
ciências. Em seguida, aparecem outras como geografia, biologia, e por fim a
disciplina de português. Também formam citadas outras disciplinas como: Química,
matemática, Inglês.
A proposta dos documentos oficiais e a Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999
que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental estabelecem que a
Educação Ambiental deve ser trabalhada de forma interdisciplinar, em consonância
com as demais disciplinas, não ficando somente a cargo de uma delas, seja ela qual
for.
De certa forma os temas ambientais mais tratados não são tão atuais, mas
está sendo dada muita ênfase, principalmente pelo fato de nos últimos anos termos
presenciado muitas catástrofes, não só no Brasil, mas no Mundo, em conseqüência
disso, houve uma maior preocupação em relação à questão ambiental.
Diante disso, percebe-se que os professores têm a TV como principal fonte de
informação, seguido do rádio, dos livros didáticos, dos jornais impressos. Outros
meios também foram elencados pelos professores, entre eles a internet, artigos
científicos e as revistas.
MEIOS PELOS QUAIS O PROFESSOR TOMA CONHECIMENTO
DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS
30%
27%13%
17%
13%
TV
Rádio
Jornais
Livros Didáticos
Outros
FIGURA 4: Através de qual meio você toma conhecimento dos problemas ambientais. Enumere em ordem crescente.
Pelo fato de os livros didáticos trazerem pouca ou quase nenhuma informação
sobre o assunto, os professores na maioria das vezes, somente comentam o tema,
desta forma fica faltando muita informação principalmente pela falta de material de
apoio ao professor e aluno.
Educação Ambiental – da teoria para a intervenção na escola
Como parte da metodologia deste projeto, foram utilizados e disponibilizados
aos professores diversos materiais educativos, entre eles visitas, entrevistas, além
de palestras, slides, também fizeram parte deste projeto filmes como Os Simpsons –
o filme.
Neste exemplo, os Simpsons formam uma família muito engraçada, entre os
desenhos animados. Neste filme, Homer, o patriarca da família causa a poluição do
lago de Springfield, causando enormes danos à cidade, sendo que uma das
soluções encontradas para resolver o problema foi de colocar uma cápsula em volta
da cidade, isolando-a do mundo.
Nele, observam-se as conseqüências causadas por uma catástrofe ecológica,
causada por um derramamento de fezes de suínos no lago. Esta catástrofe pode ser
comparada com um ataque cruel da humanidade sobre a natureza e
conseqüentemente sua vingança. Lisa Simpson assume a defesa do meio ambiente,
as reações da população em relação à conscientização de Lisa, se assemelha a
posição tomada pelos EUA, no Protocolo de Kyoto: “to nem aí, não tenho nada com
isso”.
O filme tem como objetivo fazer uma crítica em relação ao estilo de vida da
sociedade atual, aprofundando uma abordagem irônica de assuntos relacionados à
moral e a atualidade. Num contexto, onde os cuidados com o meio ambiente
causam cada vez mais reflexões, o filme mostra a preocupação de Springfield com a
poluição do rio principal da cidade. Quando Homer Simpson polui o rio, toda a
população da cidade é penalizada e a Cidade é colocada sob isolamento e toda a
família é acusada pela catástrofe.
Os Simpsons nos passam uma reflexão de forma leve e objetiva, na questão
relacionada ao meio ambiente. Após a apresentação do filme aos alunos, foi
proporcionada uma discussão e questionamentos acerca do tema apresentado, em
grupos resolveram as seguintes questões.
a) Durante o filme, aconteceram agressões ao meio ambiente, quais são
elas?
b) Essas agressões causaram alguma conseqüência ao meio ambiente,
relacione.
c) O que aconteceu com Homer, após ter agredido o meio ambiente?
d) O que aconteceu com a família Simpsons?
e) Qual foi o final desta história? Qual a mensagem que o filme tentou
retratar?
f) Houve preocupação em recuperar o ambiente degradado?
Os alunos apontaram as agressões e também suas conseqüências das
atitudes tomadas, citaram a expulsão da família Simpsons da cidade e a revolta das
pessoas contra os mesmos, relataram também o arrependimento e o desejo de
concertar o estrago que o meio ambiente sofreu. Os alunos souberam fazer uma
análise crítica do acontecido, relacionaram com o local onde vivem e mostraram-se
sensibilizados, desejando tornar-se cidadãos do futuro, ou seja, cuidadores do meio
ambiente.
Também fez parte das aulas durante a aplicação do projeto a utilização dos
sítios, como por exemplo www.smartkids.com.br.
Além de ser lúdico, o jogo desenvolve a atenção e o raciocínio na resolução
das questões, além de ser atraente com respostas imediatas, também se torna
atraente pelo fato de estar sendo utilizada uma mídia que não é a convencional, ou
seja, a informática. Nele existem vários ícones possíveis de serem utilizados pelo
professor com os alunos para trabalhar o tema aquecimento global, através de
jogos, entre outros.
Considerando que os meios de comunicações mostram que na maioria das
cidades brasileiras, as questões sociais decorrentes dos lixões se tornam uma prova
viva da exclusão social e degradação humana. É comum encontrarmos nestes locais
centenas de pessoas que dia após dia vão em busca de materiais e objetos que
possam ser vendidos para o processo de reciclagem (ferro, alumínio, papel, vidro
entre muitos outros) e também restos de alimentos que muitas vezes já se
encontram de forma inadequada para o consumo humano e que mesmo assim são
consumidos. Estes locais refletem diretamente as desigualdades sociais existentes
em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, além de deixar visível a
degradação humana (MUNDO EDUCAÇÃO, 2008).
Também, nos municípios menores o grande número de papéis, sacolas
plásticas, embalagens PET entre outros, que encontramos, quer seja em terrenos
baldios, jogados nas ruas, nos quintais ou no pátio do colégio, são fatos indicadores
da necessidade de realização de uma Educação Ambiental que sensibilize e traga a
reflexão sobre nosso ambiente próximo.
Como sugestões de atividade foram elaborados alguns questionamentos em
relação ao tema RESÍDUOS SÓLIDOS, que foi aplicado aos alunos participantes
das atividades, como por exemplo:
1 - Em sua opinião, que problemas o lixo pode trazer para uma sociedade?
2 - Muitas pessoas vivem nos lixões, procurando material para ser vendido,
consumido e até mesmo usado por elas. Você acha que essas pessoas podem ser
consideradas como desocupadas ou estão aí por que são preguiçosos e não
querem trabalhar de verdade? Como você compreende este fenômeno, será que
estão aí por necessidade?
3 - O trabalho das pessoas que catam materiais nos lixões é muito
importante. Você concorda com essa frase? Se houvesse a coleta seletiva do lixo
em sua cidade, como esta coleta poderia melhorar as condições de vida dessas
pessoas?
Como resposta a estas indagações, concluímos que: O lixo pode acarretar os
seguintes problemas para a sociedade como: Contaminação das águas, do solo, do
ar, alagamentos em cidades, mau cheiro, multiplicação de insetos transmissores de
doenças causando problemas de saúde. Em relação à questão envolvendo as
pessoas que vivem nos lixões e dos lixões, procurando materiais para
comercialização, alimentos e até utensílios para serem usados por elas, os alunos
concluíram que na maioria das vezes é por não possuírem qualificação
(oportunidade) para o trabalho, levando em consideração que não tiveram chance
de estudar. A necessidade fez com que preferissem o trabalho para ajudar no
orçamento de casa, abrindo mão de lutar por uma melhor qualidade de vida através
de estudos, ou ainda por falta de vontade.
Em relação ao trabalho desenvolvido por essas pessoas nos lixões,
melhoraria sua qualidade de vida, se houvesse a separação dos resíduos sólidos e
coleta seletiva, oportunizando aos catadores um salário fixo, melhores condições de
trabalho e conseqüentemente a proteção do meio ambiente.
Após reflexão e debates, os alunos concluíram que: O ser humano é cúmplice
da degradação ambiental, havendo até a pouco tempo, pouca ou quase nenhuma
preocupação com o meio ambiente, segundo eles, nosso dever é diminuir a
quantidade de resíduos produzidos, reutilizando e reciclando o que for possível,
aumentando assim a vida útil dos lixões, diminuindo a quantidade de material
depositado nestes locais. As pessoas precisam ser sensibilizadas para minimizarem
a quantidade de produção de lixo. Existe também a necessidade da sensibilização
de nossos governantes para que haja um programa visando à diminuição da
produção de resíduos, dando destino adequado. Os Municípios precisam investir
mais nesta área, pois a maioria possui somente depósitos de lixo a céu aberto.
A coleta seletiva é um componente fundamental no processo da reciclagem.
Quando se oportuniza a reciclagem, preserva-se o meio ambiente, diminuindo o
custo da produção de outros materiais, originados de matéria prima virgem,
prolongando a vida útil dos aterros sanitários, diminuindo o desperdício e depósito
de lixo em lugares clandestinos. Portanto, a reciclagem não só proporciona uma
melhor qualidade de vida ao ser humano, como também gera muitos postos de
trabalho e renda para as pessoas que vivem nas camadas mais pobres da
sociedade.
Nos últimos 20 anos, a quantidade de lixo urbano tem aumentado sua
constituição tem-se alterado. Os resíduos nas residências são compostos por restos
de alimentos e materiais recicláveis (vidros, latas, papel e plásticos), dispondo
grande número de materiais que podem causar prejuízos aos ecossistemas e riscos
a saúde humana. Entre eles, podemos citar o alumínio (Al), utilizado na produção de
cosméticos e maquilagens; o níquel (Ni) e o cádmio (Cd), existente nas pilhas e
baterias; o mercúrio (Hg) é um metal que envenena as pessoas, presente nas
lâmpadas, e o amianto que entra na composição das pastilhas e lonas de freios,
caixas d’água e na fabricação de telhas podendo acumular-se nos pulmões. Além
destes, existem ainda os resíduos industriais e o lixo hospitalar (ANDRADE, 2006).
Como sugestão de atividade foi proposto o seguinte:
Uma pessoa produz em torno de 0,8 kg de lixo por dia. Procure saber qual a
população de sua cidade ou de seu município, e calcule a quantidade aproximada
de lixo produzida em:
- um dia.
- uma semana.
- um mês.
Esta mesma questão pode ser desenvolvida na escola, fazendo o cálculo
com a quantidade de pessoas envolvidas na atividade escolar, entre professores,
funcionários e alunos.
Nesta atividade, os alunos procuraram os dados sobre o número de
habitantes de nosso município e calcularam o volume de lixo que é produzido
diariamente, semanalmente e mensalmente. Segundo os dados apresentados o
número é de 47.000 habitantes. A produção diária é de 37.600 kg/dia, 263.200
kg/semana e de 1.128.000 kg de resíduos por mês.
Analisando os dados, os alunos concluíram que é uma quantidade muito
elevada de lixo produzida e descartada. Então a escola tem um papel fundamental
na formação do cidadão consciente de suas responsabilidades, procurando interagir
com os demais para adotarem medidas adequadas com os resíduos produzidos e
sua destinação final.
Outra atividade desenvolvida foi a de que eles deveriam anotar tudo o que
sua família joga no lixo, o material e a quantidade. Fazer este procedimento durante
uma semana. Ao final desse período, elabore um cartaz, mostrando, através de
desenhos ou figuras a composição do lixo em sua casa. Apresente seu cartaz de
modo a indicar a composição e o tipo de lixo que é jogado fora. Não se esqueça de
anotar o que você joga fora nas dependências da escola e em outros lugares.
Depois de terminar o trabalho, responda:
Qual a quantidade de lixo produzida pela sua família em uma semana?
Quais os materiais presentes nele?
Desses materiais, quais poderiam ser reutilizados?
E reciclados?
Quais poderiam ser transformados em adubo orgânico?
Quais são considerados tóxicos?
Quais deveriam ser recolhidos e enviados ao aterro sanitário?
Analisando os dados obtidos, os materiais destinados ao lixo é o mais
diverso, sendo composto por: papéis, vidros, plásticos, metais, isopor, borrachas,
madeira, materiais orgânicos, pilhas, remédios, embalagens de veneno, entre
outros.
Neste contexto, foram questionados com as devidas anotações, quais desses
materiais poderiam ser reutilizados, reciclados, transformados em adubo, quais são
considerados tóxicos e seu destino adequado e por final, quais deveriam ser
recolhidos e enviados ao aterro sanitário.
Os alunos compararam seus hábitos com os dos outros e refletiram sobre
suas atitudes frente ao que acontece em suas casas. Uma possível solução seria a
conscientização de todos os membros da família, diminuindo o volume de lixo
produzido, cobrando mudanças nos padrões de consumo, implantando o programa
coleta seletiva, incentivando a separação dos resíduos para que possam ser
recolhidos e reaproveitados na produção de novos materiais, contribuindo desta
forma na melhoria da qualidade de vida, ampliando a vida útil dos lixões.
Quando do início do projeto, foi solicitado aos alunos, para que separassem
em suas casas materiais que poderiam ser reutilizado como garrafas pet, jornais,
latas, bombonas entre outros, para a realização de oficinas. Nestas oficinas foram
confeccionadas vassouras, porta treco, porta panela, carros e também preparação e
pintura de bombonas (Figuras 5, 6 e 7).
Com esta atividade, os alunos perceberam o quanto é jogado fora e que
poderia ser aproveitado na confecção de outros produtos, diminuindo o desperdício.
Esta atividade foi muito importante, pois ficou evidente para eles o papel de cada um
na preservação do meio ambiente.
FIGURA 5: Vassoura confeccionada com garrafas pet
FIGURA 6: Brinquedo confeccionado com garrafas pet
FIGURA 7: Preparação e pintura de bombonas
Discutiu-se também, qual deveria se o local onde estes materiais deveriam
ser levados. Em nosso Município, existe apenas um local onde os resíduos são
separados, prensados e vendidos para as indústrias de reaproveitamento, havendo
então a necessidade de ampliação destes locais, mas principalmente na
conscientização das pessoas para que façam a separação do lixo em suas casas.
Em outra atividade desenvolvida com os alunos, eles foram questionados se
pensam em usar mais produtos que produzam lixo passível de ser decomposto na
natureza. Nas respostas apresentadas, dizem eles que adquirir produtos embalados
economiza tempo é mais cômodo e dá menos trabalho do que adquirir produtos in-
natura. Produtos frescos estragam mais rápido do que um alimento industrializado
optando desta forma então pelos alimentos embalados e conservados. Foram
questionados sobre as conseqüências de escolherem produtos industrializados, pois
além do aumento da obesidade, da hipertensão e outros agravos a nossa saúde,
degradam o ambiente, comprometem a capacidade de renovação dos recursos
naturais do planeta, diminuindo a qualidade de vida das pessoas.
Chegamos à conclusão de que precisamos mudar nossa forma de pensar
sobre nossa alimentação, devemos escolher produtos que possuam menos
embalagens, preferir alimentos que não contenham produtos químicos (o que é
muito difícil), caso haja condições, plantar suas próprias verduras, legumes e frutas,
optando por alimentos frescos e com poucas embalagens.
Foi sugerido também aos alunos para que fizessem uma pesquisa, com
pessoas de mais idade, para saber com eles quais os produtos que se consome nos
dias atuais e que cerca de 60 anos atrás não existiam. Como questionamento ficou
também estabelecido para que verificassem com essas pessoas, como o leite e a
carne eram embalados naquela época.
Segundo a pesquisa realizada com pessoas acima de 60 anos de idade,
pelos alunos envolvidos no projeto, podemos concluir que: a quantidade de produtos
ofertados nos dias atuais é bem maior. Atualmente temos produtos armazenados em
diversas embalagens, principalmente plásticos e isopores, enquanto que há 60 anos
os alimentos eram consumidos frescos e os de origem animal, guardados em latas
cobertos com banha para sua preservação.
Também fez parte da reflexão, as vantagens e desvantagens da utilização
destas embalagens. Entre as vantagens podemos destacar a de que produziam uma
menor quantidade de lixo, possuíam mais produtos frescos e sem agrotóxico. Uma
das principais desvantagens é oferta de produtos para o consumo. Nos dias atuais,
temos uma enorme gama de produtos que são ofertados nos supermercados, as
desvantagens é que produzimos mais lixo, pelo fato de elas virem embaladas, e
consumimos também uma quantidade bem maior de agrotóxicos contidos na
produção destes alimentos.
Realizamos também uma visita no pátio da escola, nos arredores e no bairro,
para observarmos os principais problemas relacionados ao tema resíduos sólidos.
Apesar de existir a coleta seletiva, os alunos constataram que havia uma enorme
quantidade de lixo jogado nas ruas e nos terrenos baldios. Precisamos sensibilizar
as pessoas para que evitem abandonar seus resíduos no meio ambiente.
Precisamos criar o hábito de separar o lixo seco do úmido para posterior destinação
adequada.
Foi realizada também uma palestra com um representante da cooperativa
COOPERAR e os alunos envolvidos no projeto sobre a importância da separação
dos resíduos e sua correta destinação. Esta cooperativa realiza um trabalho de
recolhimento dos materiais que podem ser reaproveitados, utilizando-se de um
caminhão baú o qual percorre o centro e também os bairros em determinados dias e
horários pré-estabelecidos para que a população possa colocar a disposição os
resíduos para serem coletados. Além disso, a cooperativa também possui um grupo
de catadores ambulantes que trabalham recolhendo materiais na cidade. Estes
materiais são entregues pelos catadores para a cooperativa que comercializa e no
final de cada mês, estes catadores recebem seu pagamento conforme a quantidade
de material comercializado pela cooperativa, valores estes divididos de forma igual
entre eles.
Em parceria com a Unioeste – Campus de Marechal Cândido Rondon, Itaipu
Binacional com o projeto Cultivando Água Boa, participamos do replantio da mata
ciliar as margens dos córregos de nosso Município, mitigando o processo de
degradação que ocorreu em anos anteriores.
Outra atividade desenvolvida foi o recolhimento do lixo nos arredores de
nossa escola, atividade esta em parceria com a Cooperativa Cooperar de nosso
Município, a qual ficará responsável pelo recolhimento destes resíduos coletados
dando destinação correta, evitando que fiquem jogados no meio ambiente.
Precisamos sensibilizar nossos alunos, para que possam reaproveitar o que é
possível, reciclar e principalmente reduzir o volume de resíduos, melhorando a
nossa qualidade de vida e também as próximas gerações.
CONCLUSÃO
Durante a execução do projeto com os alunos na sala de aula foram
possibilitadas oportunidades para que estes modifiquem atitudes e práticas pessoais
através do conhecimento com relação ao meio ambiente, adotando posturas na
escola, em casa e em sua comunidade, modificando comportamentos.
A partir do desenvolvimento do projeto observou-se que, os alunos
demonstraram grande interesse em melhorar suas atitudes em relação ao trato com
o meio ambiente. Os alunos demonstraram uma boa aceitação, no que se refere a
colaboração na coleta de materiais recicláveis para o trabalho utilizado nas oficinas.
Com este incentivo, muitos alunos que não faziam a separação dos materiais que
seriam descartados, passaram a fazê-lo com o objetivo de contribuir com a coleta
seletiva.
Com o desenvolvimento do projeto, percebeu-se a mudança de atitude em
relação a produção de lixo, na sala, em suas casas. Neste, procurou-se sensibilizar
os educandos, investindo na mudança de atitudes e comportamento como um elo
para trabalhar a consciência ambiental.
Os alunos visitaram, observaram e analisaram fatos e situações de diferentes
tipos. Em relação aos resíduos sólidos, do ponto de vista ambiental de modo crítico,
reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuarem de modo positivo, para
garantir uma melhor qualidade de vida.
Discutiu-se a realidade vivida pelos alunos e comunidade na busca de
soluções e tomada de posição frente aos problemas fundamentais sócio-ambientais.
Houve também um trabalho de sensibilização em relação a necessidade de
pensar o problema do lixo, nas formas de coleta e destino dos mesmos, na
reciclagem, no comportamento responsável de produção e destino dos resíduos
sólidos.
Apesar de ser um projeto a longo prazo, procurou-se desenvolver a
sensibilidade dos alunos, no sentido de fazer com que tenham uma visão macro da
atual situação que se encontra os níveis de poluição do meio ambiente,
proporcionando a adoção de atitudes consideradas ambientalmente corretas, capaz
de fazer a diferença, melhorando a qualidade de vida.
Conforme afirma Carniatto (2007) de que “é consenso que, dentre as
atribuições da Educação Ambiental está à necessidade de que as pessoas
envolvidas no processo educativo tornem-se agentes transformadores”. Assim é
necessário “contribuir para que os educandos descubram os efeitos e as causas
reais dos problemas ambientais; estabelecer uma relação entre a sensibilização pelo
ambiente, a aquisição de conhecimentos, a capacidade de resolver problemas;
privilegiando as atividades práticas e as experiências pessoais”.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Maria Hilda de Paiva, et al. Ciência e vida. 5ª série – Belo Horizonte, 2006.
CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: Ciência para uma vida sustentável, Ed. Cultrix, São Paulo, SP, 4ª edição, 2005.
CARNIATTO, IRENE. SUBSÍDIOS PARA UM PROCESSO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS SUB-BACIAS XAXIM E SANTA ROSA, BACIA HIDROGRAFICA PARANA III. Tese (Doutorado) - Doutorado em Ciências Florestais do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná. CURITIBA, 2005.
CUSTÓDIO, Maria Cristina. A Educação Ambiental como um tema transversal – Comunicações, ano 5, nº 2, novembro/1998. Universidade Metodista de Piracicaba – SP.
GLOBO.COM. Conferência de Bali chega a um acordo. 2008 .Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL220155-5603,00-CONFERENCIA+ DE+BALI+CHEGA+A+UM+ACORDO.html
GUIMARÃES, M. A Dimensão Ambiental na Educação. Campinas, SP: Papirus, 1995.
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PORTAL NOSSO SÃO PAULO. Mensagem do Secretário-Geral da ONU Kofi Annan, por ocasião do Dia Internacional para a redução das Catástrofes Naturais. Centro Regional de Informação da ONU em Bruxelas - RUNIC Disponível em: http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Barra_Escolha/ONU_ CatNaturais.htm . ACESSO EM: 14/junho/2008
PRIMAVESI, Odo; ARZABE, Cristina; PEDREIRA, Márcio dos Santos. Aquecimento Global e mudanças climáticas: uma visão integrada. Embrapa Pecuária Sudoeste, 2007.
SIQUEIRA, Joésio D. P.; SIQUEIRA, ÂNGELA D. Programa de treinamento: