A Esfera Pública cada vez mais pública

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A Esfera Pública cada vez mais pública Eloy Santos Vieira* “A Internet é uma rede de pessoas, não de computadores”, defendeu Marcelo Branco durante o I Seminário de Mídias Digitais e Transformação Social, realizado em maio deste ano pelo Governo do Estado. Tendo em vista esta premissa, podemos perceber que a Web se tornou uma grande “praça” onde pessoas, independentemente de suas origens, credos ou etnias encontram-se para discutir sobre qualquer assunto, desde questões diplomáticas a coisas do cotidiano de cada um. Até o início do século XX, os jornais impressos traziam à tona os assuntos que eram eventualmente discutidos pelas pessoas comuns em ambientes públicos como praças, cafés e outros estabelecimentos que propiciavam a conversa. Mais tarde o cinema, o rádio e a tevê passaram a pautar esses assuntos em maior escala, mas, só a popularização da Internet no final do mesmo século propiciou que esses assuntos tomassem projeção global. Essa dimensão mundial das diversas opiniões que vêm a formar a opinião pública só é possível graças às Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, pelo menos é o que defende o professor de Direito da Harvard, Yochai Benkler com seu conceito reformulado em relação ao conceito do filósofo da Escola de Frankfurt, Habermas, sobre Esfera Pública: A Esfera Pública Interconectada (Networked Public Sphere). A partir daí, percebe-se que, apesar de não ter o mesmo alcance dos meios de comunicação de massa, a Internet possibilita que grupos de pessoas se organizem e se articulem podendo impactar na formação da opinião pública que se renova a cada momento que qualquer um interfere na infinita narrativa da Internet. Essa intervenção que pode vir de qualquer um, é justamente um dos pontos questionados quando o quesito é a qualidade da informação. As novas mídias fortaleceram a idéia do Jornalismo Cidadão e/ou do Jornalismo Participatório. A pesquisadora na área do Jornalismo Digital, Pollyana Ferrari acredita que a essa mudança de comportamento do leitor/internauta, impacta direto no jeito que conhecemos a Democracia. Segundo ela, o uso das mídias sociais na Internet permite que o cidadão participe cada vez mais ativamente da informação e consequentemente da Democracia ao seu redor.

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“A Internet é uma rede de pessoas, não de computadores”, defendeu Marcelo Branco durante o I Seminário de Mídias Digitais e Transformação Social, realizado em maio deste ano pelo Governo do Estado. Tendo em vista esta premissa, podemos perceber que a Web se tornou uma grande “praça” onde pessoas, independentemente de suas origens, credos ou etnias encontram-se para discutir sobre qualquer assunto, desde questões diplomáticas a coisas do cotidiano de cada um.

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A Esfera Pública cada vez mais pública

Eloy Santos Vieira*

“A Internet é uma rede de pessoas, não de computadores”, defendeu Marcelo Branco durante o I Seminário de Mídias Digitais e Transformação Social, realizado em maio deste ano pelo Governo do Estado. Tendo em vista esta premissa, podemos perceber que a Web se tornou uma grande “praça” onde pessoas, independentemente de suas origens, credos ou etnias encontram-se para discutir sobre qualquer assunto, desde questões diplomáticas a coisas do cotidiano de cada um.

Até o início do século XX, os jornais impressos traziam à tona os assuntos que eram eventualmente discutidos pelas pessoas comuns em ambientes públicos como praças, cafés e outros estabelecimentos que propiciavam a conversa. Mais tarde o cinema, o rádio e a tevê passaram a pautar esses assuntos em maior escala, mas, só a popularização da Internet no final do mesmo século propiciou que esses assuntos tomassem projeção global.

Essa dimensão mundial das diversas opiniões que vêm a formar a opinião pública só é possível graças às Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, pelo menos é o que defende o professor de Direito da Harvard, Yochai Benkler com seu conceito reformulado em relação ao conceito do filósofo da Escola de Frankfurt, Habermas, sobre Esfera Pública: A Esfera Pública Interconectada (Networked Public Sphere). A partir daí, percebe-se que, apesar de não ter o mesmo alcance dos meios de comunicação de massa, a Internet possibilita que grupos de pessoas se organizem e se articulem podendo impactar na formação da opinião pública que se renova a cada momento que qualquer um interfere na infinita narrativa da Internet.

Essa intervenção que pode vir de qualquer um, é justamente um dos pontos questionados quando o quesito é a qualidade da informação. As novas mídias fortaleceram a idéia do Jornalismo Cidadão e/ou do Jornalismo Participatório. A pesquisadora na área do Jornalismo Digital, Pollyana Ferrari acredita que a essa mudança de comportamento do leitor/internauta, impacta direto no jeito que conhecemos a Democracia. Segundo ela, o uso das mídias sociais na Internet permite que o cidadão participe cada vez mais ativamente da informação e consequentemente da Democracia ao seu redor.

Além de poder participar da informação, o leitor de notícias prefere navegar na Internet à procura das notícias que lhe interessem e assim partilhá-las com sua rede sócio-virtual através de variadas plataformas (blogs, Orkut, Facebook, Twitter). O leitor digital não espera mais que as notícias cheguem até ele através dos meios tradicionais como a tevê ou os impressos, ele preza pela instantaneidade, quer saber do fato no exato momento em que acontece.

Ainda pode-se destacar que o processo de produção e divulgação da notícia vem ficando cada vez mais próximo do que prevê a Web 2.0 (termo que designa a segunda geração da Web). Todo mundo constrói tudo, ou seja, a formação da opinião pública não cabe mais ao jornalista ou ao meio de comunicação. Graças à interatividade da rede, a teoria da Inteligência Coletiva proposta por Pierre Lévy vem sendo cada vez mais colocada em prática e logo assimilada pelos internautas.

Daqui em diante, a tecnologia tende a evoluir cada vez mais rapidamente e, nós, brasileiros, apesar do destaque que temos quando o assunto é o consumo de novas tecnologias, precisamos melhorar muito para não ficarmos para trás em mais uma época de transição e de evolução dos processos comunicativos. Projetos do governo federal como a distribuição de netbooks a alunos de escolas públicas e outros como o de banda larga que pretende atingir todo o território nacional são apenas um dos passos a se vencer as desigualdades que podem deixar o Brasil para trás.

* Estudante do 3º período de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal

de Sergipe.