A Evolução do Espaço Teatral ao Longo da Antiguidade Clássica

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ESTC - 2008/2009 – História da Arte I - Prof. Paulo Morais A Evolução do Espaço Teatral ao Longo da Antiguidade Clássica Mafalda Matos, 840 - Ricardo Sousa, 822 - Tiago Lameiras

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ESTC - 2008/2009 – História da Arte I - Prof. Paulo Morais

A Evolução do Espaço Teatral ao Longo da Antiguidade Clássica

Mafalda Matos, 840 - Ricardo Sousa, 822 - Tiago Lameiras, 797

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ÍNDICE

• Introdução;

• Contextualização Histórica e Sociocultural;

• Características gerais da Arquitectura Clássica;

• Os Teatros Clássicos enquanto espaços arquitectónicos (diferenças e semelhanças entre os teatros dos diferentes períodos):

• Grego:

- Período Primitivo (1650 – 650 a.C.);- Período Arcaico (650 – 480 a.C.);- Período Clássico (480 – 323 a.C.);- Período Greco-helenístico (323 – 31 a.C.);

• Tabela Comparativa entre as Várias Tipologias Teatrais;

• Romano (509 – 27 a.C.)

• Bibliografia.

• Factores que influenciam a escolha do local de construção dos Teatros Clássicos;

- Teatro de Epidauros

- Teatro de Pompeu- Teatro de Mérida

• Conclusão;

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Procurando conciliar o nosso curso com os objectivos da disciplina de História da Arte I, aproveitamos este trabalho para abordar a evolução do teatro, enquanto espaço arquitectónico, ao longo da Antiguidade Clássica, espaço esse onde a arte da representação toma forma, e que é considerado como os primórdios do teatro ocidental.

INTRODUÇÃO / CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E SOCIOCULTURAL

A partir do ano 2000 a.C., os povos Indo-Europeus que se vieram infiltrar no Mediterrâneo acabaram por destruir as civilizações a que se vieram unir. Os Aqueus tiveram como base cultural o povo Cretense. Lentamente, implantou-se a essência da cultura grega.

Começaram a fundar-se cidades-estado, como Atenas, divididas em duas áreas principais: a praça pública (ágora) e a acrópole, zona mais elevada dedicada ao culto dos deuses, onde se localizavam os templos. As riquezas culturais que servem de base ao mundo actual partiram da Grécia, que atingiu o seu apogeu entre os séculos VII a.C. e VI a.C.

Ao contrário de outras civilizações, na Grécia, foi o Homem que modelou o divino à sua imagem e não o inverso. Tal é visível no Panteão Grego, que reúne as faculdades e os atributos do Homem, conferidos pelos deuses, o que apresenta já uma sociedade de religião politeísta.

Antes de a Civilização Romana ter surgido, apareceram duas civilizações diferentes, sendo a mais importante a dos Etruscos, de origem oriental. A arte etrusca baseia-se na grega, embora revele alguma originalidade. Os Etruscos reuniam-se em cidades independentes, tal como os Gregos.

A época republicana de Roma foi influenciada pela estética grega, que se sobrepôs à arte etrusca. A aristocracia romana, na fase final da República, disputou tanto originais como cópias de obras de arte gregas, da Grécia conquistada.

O Teatro nasce das festas em honra de Dionísio, as chamadas “Grandes Dionisíacas”. Estes festivais, erigidos em torno deste deus, eram competições entre dramaturgos, que encenavam as suas peças para serem representadas para um público, bem como para um júri, que no final do festival declararia a peça vencedora. Neste festival, eram representadas tragédias e dramas satíricos.

Os preparativos para este festival começavam com dez meses de antecedência. Os poetas competiam com três tragédias e um drama satírico. A competição foi abrangendo, para além dos dramaturgos, o desempenho dos actores, que eram reconhecidos com a construção de estátuas à sua imagem no interior do Teatro.

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A arte romana sofreu duas fortes influências: a da arte etrusca popular e voltada para a expressão da realidade vivida, e a da greco-helenística, orientada para a expressão de um ideal de beleza. Um dos legados culturais mais importantes que os etruscos deixaram aos romanos foi o uso do arco e da abóbada nas construções.

A arte grega baseou-se num elemento que também os Egípcios tiveram em conta, mas não com a mesma profundidade: o Homem. As obras de arte eram construídas por homens livres e assalariados, à escala de uma cidade, cuja grandeza é procurada na proporção e não nas dimensões. As convenções não permitiam a livre expressão da arte, pelo que deixaram de existir.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ARQUITECTURA CLÁSSICA

Características gerais da arquitectura grega:- grandeza procurada na proporção e não nas dimensões;- definição da geometria plana e do espaço, a três dimensões;- definição de noções de proporção, medida, composição e ritmo, definindo os cânones;- o dórico e o jónico (masculino e feminino) são dominantes;Construções de acordo com as funções:- Religião: Templos;- Mercado e Convívio Social: Ágora;- Municipal: Pórticos e Salas de Reuniões;- Cultura: Bibliotecas e Museus.

Características gerais da arquitectura romana:- busca do útil imediato, senso de realismo;- grandeza material, realçando a ideia de força;- energia e sentimento;- predomínio do carácter sobre a beleza.

Construções de acordo com as funções:- Religião: Templos e o Panteão;- Comércio e Civismo: Fórum; Basílicas;- Higiene: Termas;- Monumentos Decorativos: Arco do Triunfo e Coluna Triunfal;- Urbana: Estradas; Pontes e Aquedutos; - Moradia: Casas (Domus; Insula; Villa);- Divertimento: Circos; Anfiteatros e Teatros.

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PERÍODO PRIMITIVO (1650 a 650 a.C.)

Durante o período primitivo, eram realizadas homenagens ao Deus Dionísio, em Atenas, denominadas como as “Grandes Dionisíacas”. Estas celebrações realizavam-se junto do Santuário de Dionísio, situado a sul da acrópole, num espaço denominado por Orchestra - um campo circular pavimentado com areia e delineado por pedras - tendo no centro o Altar dos Sacrifícios (Thumelê).

(Aproximadamente 20mde Diâmetro)

Estas celebrações duravam seis dias, tinham início com uma procissão, seguia-se um concurso de coros e os últimos três dias eram dedicados a representações teatrais. O primeiro acto destas representações era realizado sobre um carro naval - “Carro Festivo do Deus” – onde “viajava” a estátua do Deus Dionísio. Era puxado por sátiros e acompanhado por dançarinas e músicos.

Todos os cidadãos intervinham nestas celebrações, não só como espectadores, mas também como participantes. Alguns historiadores, baseados em recentes descobertas, sugerem que as primeiras orchestras eram de forma rectangular.

Reconstituição do Santuário de Dionísio

Altar dos Sacrfícios(Thumelê) Orchestra

Público

Imagem do “Carro Festivo do Deus”

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Existem historiadores que argumentam que o elemento de transição entre a Skené e a Orchestra, entre o espaço dos actores e o espaço do coro, respectivamente, consistia numa plataforma baixa, ou simplesmente num lance de escadas, localizado em frente da Skené.

PERÍODO ARCAICO (650 a 480 a.C.)

Este período distingue-se do anterior (Período Primitivo), através da criação e construção de dois grandes elementos espaciais: a Skené e as Bancadas – elemento com forma poligonal, que irá dar origem ao Theatrón. Ambas as estruturas eram feitas em madeira e eram destruídas após as cerimónias.

A Skené era um espaço de arrumação de adereços e camarins para os actores.

Bancadas

Skené

Orchestra

Thumelê

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PERÍODO CLÁSSICO (480 a 323 a.C.)

À medida que as festas ficaram mais populares, as bancadas de madeira tornaram-se inapropriadas para corresponder às necessidades. Para resolver essa situação, a madeira foi substituída por bancadas de pedra, mais sólidas e com capacidade de suportar mais peso. Eram construídas em colinas naturais ou vales, que possuíam a pedra com a qual estas eram erigidas e que, em conjunto com a disposição natural dos espaços, permitiam resolver os problemas acústicos que as dimensões dos mesmos começavam a assumir.

O Theatrón assumia uma forma semi-circular, que se articulava à forma circular da Orchestra. Era dividido verticalmente por escadarias contínuas designadas de Diazomatos. A Skené possuía uma forma rectangular e a sua fachada era lisa, despojada de ornamentação.

Skené

Orchestra

Thumelê Skené

Diazomatos

TheatrónDiazomatos

Theatrón

Skené

Orchestra

Poedrios - reservadas aos sacerdotes de Dionísio, aos aristocratas, aos convidados de honra, aos autores das peças e aos elementos do júri

Mulheres e escravos

Adolescentes (do sexo masculino)

Diazomatos

Thumelê

Propagação do Som

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PERÍODO GRECO-HELENÍSTICO (323 a 31 a.C.)

Ao longo do séc. IV, a Skené torna-se mais complexa. Em vez de um simples edifício rectangular, com uma fachada lisa, surge uma Skené mais ornamentada (com colunas) e um novo espaço, o Proskenión, destinado aos actores, onde se desenrolava a acção. O coro permanecia na Orchestra, que assumia dimensões inferiores às do período anterior.

Skené

Orchestra

Proskenión

Thumelê

Inicialmente, a Skené possuía um telhado, que posteriormente se converteu numa espécie de terraço (Theologeiom), local onde se colocavam as personagens divinas. A Skené era ainda constituída por dois espaços, localizados nos extremos, denominados por Paraskenia, utilizados para ocultar a maquinaria (“deus ex machina”) que fazia descer os deuses ou os heróis, situados no terraço, para a Proskenión.

Proskenión

Skené

TheologeiomParaskenia

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O Theatrón (anfiteatro – espaço destinado ao público) era um espaço semi-circular, com bancadas onde se sentavam os espectadores. Estas estavam divididas horizontalmente por corredores (denominados Kerkides) e, verticalmente, por escadas (denominadas Diazomatos). A forma do Theatrón adaptava-se à forma circular da Orchestra.

PERÍODO GRECO-HELENÍSTICO (323 a 31 a.C.)

As bancadas laterais inferiores (denominadas por Poedrios) estavam reservadas aos sacerdotes de Dionísio, aos aristocratas, aos convidados de honra, aos autores das peças e ao júri. Os adolescentes dispunham de localizações centrais, especiais, e as mulheres sentavam-se nas filas superiores, juntamente com os escravos.

Lugar da Skené

Orchestra

Diazomatos

Kerkides

Theatrón (bancadas)

Thumelê

Poedrios

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PERÍODO GRECO-HELENÍSTICO (323 a 31 a.C.)

- Espaço destinado ao público;- Semicircular situado à volta da Orchestra;- Capacidade para 14000 / 20000 espectadores

- Dimensões aproximadas: Diâmetro: 20 a 30 metros.

- Espaço circular, onde actuava o coro;- Acesso por corredores laterais denominados por Paradoi.

- Dimensões aproximadas: Altura: 3 a 5 metros; Comprimento: 30 a 40 metros; Profundidade: 4 a 7 metros.

- 2 Pisos;- Fachada representativa de um palácio ou templo;- Zona de Camarins e de Arrecadação;

- Três entradas: Meio: palácio; Esquerda: campo ou estrangeiro (local distante); Direita: cidade (local próximo).

- Espaço de representação dos actores;- Situado entre a Skené e a Orchestra;- Ligeiramente elevado da Orchestra;- Ligação com a Orchestra por escadas;

- Procura boas condições acústicas e de visibilidade: - Construção em pedra; - Sobreposição de bancadas criado desníveis.

Theatrón

Orchestra

Proskenión

Skené

Mulheres e escravos

Adolescentes (do sexo masculino)

Poedrios

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TEATRO DE EPIDAUROS

A orchestra, de terra batida e limites em pedra, possui o mesmo aspecto de há 2000 anos atrás, mas relativamente à skené helenística de dois andares, restam apenas os alicerces, com um baixo proskenión, alto logeion, três thyromata e rampas laterais conectadas aos paradoi.

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TEATRO DE EPIDAUROS

Nas cidades Greco-Helenísticas das costas egeia e mediterrânica da Ásia Menor, encontram-se teatros cuja construção foi influenciada por métodos de construção do Este. Os fundadores destas cidades emigraram da Grécia e consigo levaram a arte teatral, mas a arquitectura do teatro enquanto espaço arquitectónico não se priva tanto em pormenores.

A disposição dos lugares, ao contrário de Argos, envolve aproximadamente dois terços da orchestra na sua profundidade, possuindo pormenores refinados nos assentos. O sistema de lugares (bancadas e degraus), produzidos em série em pedra calcária local e colocada a seco num enchimento de areia grossa, mostra marcas de cinzel removidas e uma superfície delicadamente trabalhada. Existe um corte na bancada para a retracção das pernas do espectador sentado, permitindo a sua mobilidade, uma vez que ficariam dormentes por estarem na mesma posição durante muito tempo, servindo também para dar espaço a outros que quisessem dirigir-se a um lugar da mesma fila. A colocação vertical de degraus nos corredores (klimakes) está em relação com os degraus que serviam de assento. Ainda que mantivessem uma proporção de 2:1, os degraus de corredor terminavam a cerca de dois centímetros abaixo da parte frontal da bancada, que consistia em duas superfícies articuladas. Estas diferenciam-se entre a parte elevada da bancada, que tem por objectivo um melhor escoamento e que serve para a pessoa se sentar, e entre a parte baixa, para apoio dos pés das pessoas da fila de trás. O efeito destes cortes como auditório vazio é uma progressão rígida e rectilínea de sombras revezadas pelas filas terminais de assentos com costas, terminando no corredor com um pedestal esculpido.

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PERÍODO ROMANO (509 a 27 a.C.)

O teatro romano é uma construção, generalizada por todas as províncias do Império Romano, com a finalidade de servir a apresentação e interpretação de peças teatrais do período clássico. O teatro romano recebeu influências do teatro grego, uma vez que a própria arquitectura romana deriva directamente da arquitectura grega, mais precisamente do período Greco-Helenístico – as formas, os materiais, a estética – são uma continuação das utilizadas pelos gregos.

Em muitos teatros, a orchestra remodelou-se, convertendo-se em várias formas, consoante o tipo de espectáculo. Para festivais aquáticos, transformava-se em piscina. Noutros casos, o cenário ocultava-se por detrás de estátuas, e a orquestra ficava rodeada de muros, convertendo-se numa arena bélica.

Até ao séc. I a.C., os teatros eram construídos em madeira, amovíveis, e consistiam num palco quadrado, com um metro de altura, no qual se apoiava um pequeno lanço de escadas lateral. O fundo era coberto por um pano.

Esta versão primitiva do teatro romano foi evoluindo com o passar do tempo. O pano de fundo transformou-se numa barraca de madeira que servia de bastidores. O frontão apresentava três portas, que se viria a transformar na frons scaenae, equivalente à proskéne grega. Mais tarde, em adição às três portas já existentes, apareceram portas laterais.

Pano de Fundo

Escadas LateraisEstrado/Palco

FrontãoPortas Laterais

Orchestra Aquática

Bastidores

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Circo romano de Mérida Anfiteatro romano de Mérida Teatro romano de Mérida

Os circos, anfiteatros e teatros da Roma Antiga tinham a finalidade de atender ao ócio e à diversão dos cidadãos, por meio de espectáculos, e eram construídos com os mesmos materiais: pedra e argamassa.

Cada um deles tinha formas e funções diferentes, dentro do divertimento:Circo - era usado para corridas de cavalos e quadrigas (utilizados nos jogos olímpicos antigos).Anfiteatro - era usado para as lutas entre gladiadores, entre animais e naumachia.Teatro - para as encenações de peças gregas e romanas.

PERÍODO ROMANO (509 a 27 a.C.)

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Teatro de Mérida – Espanha

Teatro de Khamissa – Argélia

O modelo arquitectónico proposto por Marco Vitrúvio, que os teatros romanos acabaram por seguir, era constituído por:

1. Frons Scaenae (frente do cenário, do palco), normalmente composto por uma dupla linha de colunas, por pórticos e por esculturas;

4

1

25

3

Ao contrário dos gregos, os romanos construíam os teatros em terrenos planos, enquadrados na malha urbana, e não em encostas, fora das cidades. Os teatros possuíam uma grande fachada profusamente decorada, que ostentava monumentalidade, poder e riqueza. Muitos deles mantinham pequenos templos anexos à sua estrutura.

Teatro de Volterra – ItáliaTeatro de Cartagena – Espanha

6 7

PERÍODO ROMANO (509 a 27 a.C.)

2. Orchestra, semi-círculo diante do proscénio, onde se sentavam as autoridades;3. Aditus, corredores laterais para entrada na orchestra; 4. Cavea, estrutura semi-circular onde, segundo a escala social, se sentavam os espectadores. Era subdividido em: ima cavea, media cavea e summa cavea; 5. Pulpitum;6. Proscaenium (proscénio), espaço diante da frons scaenae onde se desenrolava a acção dramática; 7. Itinera Versurarum, corredores laterais para entrada no proscaenium.

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Em 55 a.C., Pompeu conseguiu persuadir o senado a construiu um teatro em pedra, com um templo dedicado a Vénus.

Este teatro é uma edificação com forma semi-circular, que estabeleceu o padrão dos teatros romanos que se seguiram e que passaram a ser protegidos por toldos. No exterior, havia uma galeria repleta de estátuas. As decorações pintadas nos bastidores ou nos periaktoi conviviam com a realista cenografia arquitectónica que aparecia na frons scaenae.

TEATRO DE POMPEU

Recriação do interior do Teatro de Pompeu

Maqueta do Teatro de Pompeu

Scaenae

Frons Scaenae

Galeria de Estátuas

Vomitorium

Cavea

PeriaktoiPinturas

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TEATRO DE MÉRIDA

Implantação do Teatro de Mérida Maqueta do Teatro e do Anfiteatro de Mérida Reconstituição 3D do Teatro de Mérida

Teatro de Mérida

Frons Scaenae do Teatro de Mérida

O Teatro Romano de Mérida, situa-se na capital da Estremadura, em Espanha, foi mandado construir pelo cônsul Marco Vipsânio Agripa e inaugurado entre os anos 16 e 15 a.C.

Summa Cavea

Media Cavea

Ima Cavea

Poedria

Orchestra

Pulpitum

Proscaenium

Frons Scaenae

Postcaenium

Esquema dos distintos Espaçosdo Teatro de Mérida:

Porticus

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Factores que influenciam a escolha do local de construção dos Teatros Clássicos:

- Iluminação: Procura de locais salubres; construção da Skené (teatro grego) e da Scaenae (teatro romano) viradas para Nascente, de modo a possibilitar a realização de manifestações teatrais em diferentes alturas do dia.

- Orientação dos Ventos: Construção do Theatrón (teatro grego) e da Cavea (teatro romano), viradas para Poente, no sentido contrário ao do vento, para que a voz dos actores e do coro que representavam, respectivamente, na Skené e na Orchestra, se propagasse até à última fila.

Skené

Theatrón

Nascente

Poente

Nascente

Poente

Scaenae

Cavea

Factores Naturais nos Teatros Romanos - EsquemaFactores Naturais nos Teatros Gregos - Esquema

- Geografia do Terreno: Teatros Gregos: inicialmente eram construídos em terrenos planos, próximos do Templo de Dionísio; a partir do período Clássico, foram construídos em colinas naturais ou vales, pois ofereciam mais espaço e possuíam boas condições acústicas. Teatros Romanos: construídos preferencialmente em terrenos planos, inseridos na malha urbana.

Orientação do VentoOrientação do Vento

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Período Primitivo Arcaico Clássico Greco-Helenístico Romano

Local de Implantação Terreno plano Terreno plano Colina ou vale Colina ou vale Terreno plano

Aspecto formal

Materiais utilizados na construção

-Pedra (para delimitar o espaço);- Areia (para preencher)

Madeira Pedra PedraInicialmente madeira, depois

pedra

Métodos construtivosPedra (para delimitar o

espaço)

Construções em madeira,

posteriormente demolidas

Pedra talhada na própria colina

Pedra talhada em blocos

Construções em madeira posteriormente demolidas;

Depois, pedra talhada em blocos

PreocupaçõesAcústicas

Inexistentes, porque as condições do espaço

não o exigiam

Inexistentes, porque as

condições do espaço não o

exigiam

Relativas à localização do

espaço, orientação dos ventos e

materiais utilizados

Relativas à localização do

espaço, orientação dos ventos e

materiais utilizados

Amplificadorde som inserido

Preocupações Cenográficas

-Poucas, e as

existentes eram rudimentares

Reveladas na construção da

skené

Mais elaboradas na construção da

skené;Deus ex machina

Tornar o cenário o mais realista possível, recorrendo a elementos naturais como a

vegetação

Preocupaçõeshumanas

Cidadãos enquanto espectadores/

participantes nas celebrações

Bancadas para uma maior

comodidade

Distinção de zonas para as classes

sociais

Distinção de zonas para as classes

sociais

Distinção de zonas para as classes sociais

TABELA COMPARATIVA ENTRE AS VÁRIAS TIPOLOGIAS TEATRAIS

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A evolução da tipologia teatral passou por várias fases, desde terra batida a um espaço edificado por vários pisos, construído a partir de pedra. A importância do conforto do espectador foi evidenciada com as infra-estruturas para isso construídas, criando um espaço soberbo para assistir a manifestações teatrais com qualidade, gradualmente aumentando a sua capacidade de receber o maior número de pessoas. O som que era reproduzido no sítio privilegiado onde decorria a acção, era também audível na última fila. Não só os espectadores, mas também os actores, obtiveram a exclusividade espacial desejada. A orchestra, onde um conjunto corista actuava, passou a ser um espaço de enredo entre personagens singulares. De um espaço destinado a celebrações rituais, obtemos um espaço teatral com preocupações construtivas excepcionalmente bem resolvidas, que perduram como exemplo até aos nossos dias.

CONCLUSÃO

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BIBLIOGRAFIA