A febredo futebol

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A febre do futebol A duas semanas do começo do Mundial de Futebol 2010, multiplicam-se as declarações, os favoritismos e a devoção. Como nenhuma outra manifestação desportiva, o futebol atrai multidões à escala planetária. O que move estes adeptos? E porque razão a sua paixão se mostra de forma tão exuberante? Entram os aumentos de impostos e as medidas de austeridade; o descontentamento e as razões de protesto. Agitem-se os fantasmas do FMI, da dívida externa e da redução de ordenados. É preciso muito para que, mesmo assim, o povo desça às ruasA não ser que estejamos a falar de futebol ainda há poucas semanas, dezenas de milhares de pessoas invadiram o centro de Lisboa para uma manifestação espontânea de alegria em torno da vitória de um só clube no campeonato nacional.

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A febre do futebol

A duas semanas do começo do Mundial de Futebol 2010, multiplicam-se as declarações, os favoritismos e a devoção. Como nenhuma outra manifestação desportiva, o futebol atrai multidões à escala planetária. O que move estes adeptos? E porque razão a sua paixão se mostra de forma tão exuberante?

Entram os aumentos de impostos e as medidas de austeridade; o descontentamento e as razões de protesto. Agitem-se os fantasmas do FMI, da dívida externa e da redução de

ordenados. É preciso muito para que, mesmo assim, o povo desça às ruas… A não ser que estejamos a falar de futebol – ainda há poucas semanas, dezenas de milhares de pessoas invadiram o centro de Lisboa para uma manifestação espontânea de alegria em torno da

vitória de um só clube no campeonato nacional.

hOJE Junho 2010 O futebol é assim mesmo: goste-se ou não, temos de lhe reconhecer que tem aquela “mola” que faz saltar da cadeira, que faz sair de casa famílias inteiras para a celebração. Não é, por isso, de estranhar que esta “febre do futebol” tenha sido alvo de análises recorrentes, por partem de sociólogos e psicólogos, no mundo inteir, desenvolveram um estudo que se estendeu a 18 países europeus, no qual conclui que o futebol proporciona aos seus fãs a oportunidade deexteriorizarem as emoções e libertarem as frustrações do quotidiano. O que, em bom rigor, se ajusta perfeitamente aos dias difíceis que vivemos. Em Portugal, a tradição do futebol resistiu a tudo, mesmo a desígnios e a conotações políticas. Se, no Estado Novo e os

Ao contrário dos trajes académicos ou do fado, o futebol resistiu aos conturbados tempos do PREC… O futebol desempenha o papel de elemento unificador entre membros de uma mesma família e de diferentes gerações. Segundo o SIRC, na Europa fazer parte de um mesmo clube de futebol fomenta um sentimento de pertença a uma espécie de continuidade de uma tradição familiar que começa com a inscrição de um recém-nascido num determinado clube idolatrado pelo pai ou avô... No caso de uma competição de selecções, esse espírito acaba por se transpor para os valores nacionais. O Euro 2004, em Portugal, foi sintomático disso mesmo: nunca como até aí se tinha visto tantas bandeiras nacionais à janela das casas portuguesas. “Foi uma altura que nos fez pensar a

todos na defesa dos símbolos nacionais e isso via-se nas salas de aula”, comentou à hOJE uma professora do ensino básico em Lisboa. “Conseguimos fazer várias aulas em que explicámos às crianças os símbolos da bandeira e o significado do hino”, prosseguiu, para concluir: “A verdade é que tínhamos os alunos interessados graças ao Euro… depois, nunca mais foi a mesma coisa”.

seus três “F” (Futebol,

Fátima e Fado) este desporto

era o“ópio do povo” que o mantinha

“entretido” e distante das

questões políticas, a verdade é que

resistiu aos excessos

revolucionários do pós-25 de Abril.

Frazes que se ouvem muito no nosso dia-a-dia:

“O futebol resiste a tudo: a sua capacidade de mobilizar multidões e de despertar as paixões mais exuberantes faz dele um fenómeno

único e alvo predilecto de estudos e análises psicológicas e sociais.”

Praticamente todas as agências de viagens construiram programas para aproveitar a paixão dos portugueses pelo

futebol e pelo turismo... e eles respondem de forma assinalável: “bilhetes esgotados para os jogos e cerca de

quatro mil presentes nas bancadas do Mundial. As precauções de segurança a observar por um turista são as mesmas de sempre

quando se viaja para a África do Sul.”

Nome:Alona Stepanova Nº1 10ºF