A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning,...

47
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL BRASILEIRO Por: Júlio Toste da Silva Orientador: Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro 2010

Transcript of A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning,...

Page 1: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL

BRASILEIRO

Por: Júlio Toste da Silva

Orientador:

Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

Rio de Janeiro

2010

Page 2: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

2

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL

BRASILEIRO

Apresentação de monografia à

Universidade Cândido Mendes como

condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Gestão de Projetos.

Por Júlio Toste da Silva

Page 3: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, aquele que me constrange

com um amor inenarrável e a minha

mãe, que incansavelmente se dedicou

em fazer o melhor.

Page 4: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

4

DEDICATÓRIA

A todos aqueles que desejam uma

renovação de mente e que acreditam

na transformação das pessoas.

Page 5: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

5

RESUMO

A grande mudança e crescimento tecnológico mundial, o surgimento do

e-learning, a difusão da tecnologia em internet e sua disponibilidade contribui

para a diversificação e melhoria no modelo de educação do país. Com a

tecnologia da internet e os meios de comunicação já existentes, as instituições

educacionais podem interagir com as famílias agregando valores a um custo

relativamente baixo, e ainda, vencer os limites socioculturais, econômicos e as

barreiras tecnológicas, garantindo um bom futuro a toda família brasileira.

Para demonstrar a viabilidade e sucesso da mudança no modelo de

educação é preciso ter uma boa gestão de projetos associada às ferramentas

disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia

comportamental.

Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas e ferramentas,

temos condição de desenvolver um novo modelo que possibilite as famílias

ultrapassarem seus limites e envolverem em novas alternativas de

ensino/aprendizado.

Tendo em vista as oportunidades oferecidas web e a sua relevância

para educação brasileira, vamos analisar a gestão de projetos como forma de

gerir as mudanças no modelo educacional.

Page 6: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

6

METODOLOGIA

Para demonstrar a relevância da gestão de projetos na mudança do

modelo educacional e suas agregações tecnológicas, juntamente com e-

learning e suas ferramentas, o hábito comportamental das pessoas e as

mudanças tecnológicas. Os especialistas em educação perceberam a

necessidade de uma boa gestão de mudança garantindo um bom futuro para

os alunos, educadores e instituições de ensino do país.

Este estudo bibliográfico e exploratório será realizado por meio de livros,

internet, pesquisas com especialistas da área de educação, jornais, revistas,

sites especializados em projetos, e-learning e tecnologia no período de 2009 e

2010. O objetivo é apresentar a relevância da gestão de projetos para o modelo

de educação brasileira.

Page 7: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Avaliação dos Sistemas Educacionais no Brasil 10

CAPÍTULO II - A Configuração da Sociedade nos dias atuais 24

CAPÍTULO III - Projeto – Definição e Características 39

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRÁFIA 44

ÍNDICE 47

Page 8: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

8

INTRODUÇÃO

Sem sombra de dúvidas uma das mais importantes contribuições dos

filósofos da educação do século XX foi a ideia da construção de um

conhecimento que faça parte do dia a dia das pessoas (PIAGET, 1970;

FREIRE, 1987).

Por muito tempo os profissionais em educação vêm buscando e

experimentando formas de equacionar essas teorias com o dia a dia em sala

de aula. A informática ou o uso do computador vem a ser mais uma ponte no

estreitamento da relação teoria-prática. A versatilidade na manipulação do

computador permite que o indivíduo possa vivenciar e realizar experimentos ou

produzir textos, ou realizar pesquisas sobre temas aos quais nunca poderia ter

acesso através de meios reais ou mesmo cuja realização demandaria uma

infra-estrutura inviável à maioria das escolas. Além disso, o computador

permite tanto a realização de operações individuais, onde o educando vai

navegando por assuntos do seu interesse quanto uma socialização através do

relacionamento com pessoas distantes tanto geograficamente como muitas

vezes culturalmente. Para que isso tudo aconteça é necessário um

conhecimento mínimo no uso do computador, conhecimento esse facilitado

pelo uso de interfaces cada vez mais simbióticas com o usuário.

Dentre as variáveis envolvidas no uso do computador em educação

podemos distinguir: o modelo existente, o aluno, o professor, o computador,

meio ambiente e as formas. Usar o computador implica em gerar um grande

processo.

Podemos enxergar a interação professor-computador-aluno tanto em

uma forma linear, onde a presença do professor temporal ou fisicamente não é

necessária, como por exemplo, no ensino a distância, ou de uma forma

triangular onde o professor esta presente no ambiente de aprendizagem, o que

é o comum na educação básica. Nesse esquema os três agentes envolvidos

têm importância vital na condução do processo educativo, sendo que o

professor não poderá deixar de ser o condutor desse processo. Assim, o

professor deve assumir um papel de condutor ativo da educação auxiliada pela

informática se encaixado num grande modelo organizado através de uma

gestão eficaz.

Page 9: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

9

A gestão de projetos é compatível com as filosofias educacionais

existentes, como gerenciamento com o foco no aluno, levando em

consideração as diversidades culturais, socioeconômicas e políticas que

perpetuam no Brasil. A aplicação de gerenciamento de projetos aumenta a

velocidade dos processos existentes e garante a ação contínua e bem

sucedida na agregação da educação, a tecnologia, os alunos e o futuro.

Page 10: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

10

CAPÍTULO I

AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCACIONAIS NO

BRASIL

1.1 - Uma análise do sistema educacional

A Avaliação Educacional, hoje, é um campo de estudos com teorias,

processos e métodos específicos, mas também, um campo abrangente que

comporta sub-áreas, com características diferentes, por exemplo, avaliação de

sistemas educacionais, avaliação de desempenho escolar em nível de sala de

aula, avaliação institucional, avaliação de programas, auto-avaliação.

Comporta, também, diferentes abordagens teóricas como a sistêmica, a

iluminativa ou compreensiva, a avaliação participativa, etc. No Brasil este

campo de conhecimento só veio a merecer maior atenção, estudos e análises

críticas mais fundamentadas, há relativamente pouco tempo. As questões

ligadas à avaliação educacional tendo adentrado muito tardiamente nas

discussões no campo da educação, também sofreu aqui, em sua valorização e

desenvolvimento como campo teórico, dos efeitos relativos à quase ausência

de formação nos cursos de educação de profissionais especializados. Esta

formação vem se dando por outros caminhos. Campo sujeito ainda a fortes

críticas ideológicas, conta com massa crítica intelectual relativamente pequena,

a qual está em crescimento em função de programas avaliativos postos em

prática em vários níveis do sistema educacional brasileiro, com abrangência

nacional ou regional. Isto implicou em preparação especial de funcionários nos

diferentes níveis de administração do sistema escolar brasileiro, e na formação

de pessoal universitário no exterior.

Alguns grupos de especialistas foram se constituindo em universidades

e centros de pesquisa, e, com os estímulos de formação no exterior pelas

políticas nacionais de capacitação de pessoal, vem aumentando o número de

pesquisadores na área. Com isso, tem se tornado possível melhor qualificar os

processos avaliativos de amplo espectro, relativos ao desempenho de alunos

da educação básica (ensino fundamental e médio), ou do nível superior, e, de

instituições de ensino. Neste capítulo poderemos compreender melhor os

processos avaliativos, os de maior porte, no Brasil, observando sua trajetória

no tempo. Sendo o Brasil uma federação, lembramos que o sistema

Page 11: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

11

educacional comporta a rede pública de ensino — com gestão federal, estadual

ou municipal — e, a rede de escolas privadas, autorizadas e supervisionadas

por um dos três níveis federativos. Cada nível federativo tem seu grau de

responsabilidade definido pela Constituição de 1988, e, no referente às redes

de ensino, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada no

ano de 1996.

1.2 - Avaliações em larga escala na educação básica: ensino

fundamental e médio

Dada a constituição tríplice das redes de ensino no Brasil, a abordagem

se refere ora a avaliações nacionais, ora a estaduais, ora a municipais.

Para traçar a trajetória das avaliações de desempenho de redes de

ensino será tomado como ponto de partida os anos mil novecentos e sessenta,

porque foi nessa década que surgiu fortemente a preocupação específica com

processos avaliativos escolares, baseados em critérios mais claramente

enunciados e instrumentos que poderiam garantir, até certo ponto, que a

avaliação do nível de realização obtido estivesse mais objetivamente garantida.

Nessa década e na subseqüente, profissionais receberam formação mais

aprofundada na área de avaliação de rendimento escolar, alguns no exterior.

Na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro criou-se em 1966 o CETPP,

Centro de Estudos de Testes e Pesquisas Psicológicas, onde testes

educacionais passam a ser desenvolvidos e estudados (Fundação Getúlio

Vargas, 1970). A equipe do CETPP elaborou um conjunto de provas objetivas

para as últimas séries do ensino médio, nas áreas de Linguagem, Matemática,

Ciências Físicas e Naturais e Estudos Sociais. Realizou-se, então, pesquisa

com conjuntos de alunos do ensino médio, a qual incluía um questionário sobre

características socioeconômicas dos alunos e suas aspirações. Esta pode ser

considerada a primeira iniciativa relativamente ampla, no Brasil, para verifi-

cação da aquisição de conhecimentos e sua relação com diferentes variáveis,

como sexo, nível socioeconômico, e outras. Nesse Centro desenvolveram-se,

ainda, cursos sobre elaboração de provas objetivas, com especialistas

estrangeiros, e fizeram-se várias publicações sobre temas ligados à avaliação

educacional. Simultaneamente, na Fundação Carlos Chagas especialistas em

testes e medidas também estavam sendo formados. No entanto, a expertise

Page 12: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

12

conseguida não teve nesse momento aplicação em avaliações de redes de

ensino, tendo sido utilizada em processos seletivos para universidades, cursos

superiores e cargos públicos.

Em meados dos anos 1970 desenvolveu-se, pela iniciativa do ECIEL

(Programa de Estudos Conjuntos de Integração Econômica Latino-americana),

um estudo avaliativo de porte, no Brasil e outros países da América Latina,

sobre os determinantes dos níveis de escolaridade e do rendimento escolar

obtidos por alunos com diferentes características pessoais e socioeconômicas.

Aos alunos foi aplicado questionário para levantamento de dados sobre

situação socioeconômica, atitudes com relação ao processo escolar e

aspirações, e, um exame de compreensão de leitura e de ciências. Foram

coletados dados de diretores, professores e escolas (Castro & Sanguinetti,

1977). Realizou-se estudo, nesse mesmo período, com a finalidade de chegar

a um instrumento de medida que permitisse verificar a situação do

desempenho dos alunos nas 1as séries do ensino fundamental. Amostras

foram utilizadas para testar o instrumento, em duas formas paralelas, com

crianças de todas as regiões geográficas do país, abrangendo Leitura, Escrita e

Matemática. Este projeto derivou da experiência com outros estudos durante a

década de setenta no então estado da Guanabara (hoje cidade do Rio de

Janeiro), e, outros pequenos estudos, feitos em convênio com o Centro

Brasileiro de Pesquisas Educacionais/INEP/Ministério da Educação, desde a

década de 1960.

Não houve, no entanto, nos anos imediatamente subsequentes outras

iniciativas com a intenção de avaliações mais abrangentes, embora alguns

ensaios localizados tenham sido desenvolvidos. Não se observa, nesse

período, preocupação de administrações públicas com uma avaliação

sistemática do rendimento escolar dos alunos das redes de ensino. Em nível

nacional essa preocupação vai aparecer a partir de 1988, com alguns estudos

exploratórios, ocorrendo a implementação de um sistema nacional de avaliação

da educação básica apenas em 1990. Houve apenas uma municipalidade — a

da cidade de São Paulo — que se constituiu em exceção e preocupou-se no

início dos anos 1980 com essa questão, tendo realizado o primeiro estudo

avaliativo de uma rede de ensino. A avaliação foi conduzida pelo Departamento

de Planejamento da Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São

Page 13: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

13

Paulo, com o objetivo de verificação do nível de escolaridade dos alunos da

Rede Municipal de Ensino, abrangendo, além das séries iniciais do ensino

fundamental, também o terceiro estágio da educação infantil. Foram avaliadas

todas as crianças do terceiro estágio de educação infantil, as de 1a, 3a, 5a, 7a

séries do ensino fundamental e, os alunos do primeiro ano do ensino médio. As

provas abrangeram Língua Portuguesa, Matemática e Ciências. Foi construída

uma bateria de testes específicos, baseada no currículo escolar definido pela

Secretaria Municipal de Educação para suas escolas, à época. A ideia era

poder utilizar esses dados para planejamento das atividades escolares e

extra-escolares. Porém, tendo havido mudança de administração em 1982, o

estudo ficou com seus resultados sem utilização, uma vez que os novos

dirigentes não se interessaram em utilizar os resultados obtidos e levar adiante

o processo iniciado dois anos antes.

Numa outra vertente, a da avaliação de políticas educacionais e

avaliação de programas, entre 1978 e 1982, encontramos alguns estudos que

se propõem avaliar a política nacional de educação, enfocando a seletividade

da educação, utilizando-se desde dados demográficos até estudos de caso

(Fundação Carlos Chagas, 1981, 4v.). Estes estudos abrem outro leque de

possibilidades em avaliação numa direção diferente da avaliação de

desempenho por testes.

Como se observa, lenta e esparsamente, algumas competências vinham

se formando na área de avaliação, sobretudo envolvendo a questão da medida

de rendimento escolar. Algumas administrações públicas da educação

mostraram interesse nesses estudos, mas, sem continuidade, nem em relação

a equipes que se formavam, nem em relação aos estudos. A descontinuidade

em políticas tem sido uma marca nas gestões públicas no Brasil, aliás, não só

em relação aos estudos avaliativos, como a todos os aspectos de iniciativas de

administrações anteriores. Também, nesse mesmo período — inícios dos

oitenta — o pensamento educacional volta-se à crítica dos empirismos, dos

tecnicismos, das operacionalizações burocráticas e a área de avaliação, que

mal começara a formar quadros, sofre uma retração grande no seio das

universidades.

Page 14: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

14

Durante a década de 1980, uma experiência que pode ser colocada

como um marco na história de desenvolvimento de estudos de avaliação de po-

líticas e programas envolvendo não só estudos de rendimento escolar, mas de

variados fatores, foi a da avaliação do Projeto EDURURAL — um projeto de

educação desenvolvido em todos os estados do Nordeste brasileiro. A

avaliação acompanhou a implementação e desenvolvimento do projeto, sob

vários aspectos, de 1982 a 1986. Avaliaram-se as formas de gerenciamento

geral do projeto e, por amostra, o gerenciamento local, analisando-se o sistema

de monitoria, os professores, as Organizações Municipais de Ensino, os

alunos, as famílias. Desenvolveram-se testes para avaliar crianças em nível de

segundas e quartas séries do ensino fundamental, considerando sua

pertinência à zona rural em classes, em geral, multisseriadas. Estas provas

foram desenvolvidas a partir de amostras de exercícios e trabalhos colhidos

nas escolas dos três estados onde a avaliação se desenvolvia, Piauí, Ceará e

Pernambuco. Coletou-se materiais de alunos, trabalhou-se com o pessoal da

região, e, depois é que se deu a forma final das provas. O que se tentava era

construir um conjunto de provas tanto quanto possível adequado àquela

realidade, buscando maior validade para os dados de rendimento escolar. As

crianças foram avaliadas em 1982, 1984 e 1986. Nesses mesmos anos, os de-

mais dados sobre o programa, seu gerenciamento, as características das

escolas, o pessoal docente, as famílias, etc., também eram coletados e

análises integradas e multivariadas foram feitas procurando encontrar traços

característicos relevantes para verificar-se a contribuição sócio-educacional do

programa, como também os impasses. Análises qualitativas dos dados

levantados foram desenvolvidas, tendo sido agregados estudos de caso ao

modelo avaliativo, para análise e compreensão em maior profundidade de

situações mais específicas (Universidade Federal do Ceará, 1988, 7v.).

Seminários foram realizados sobre seus resultados, durante o processo e

depois. Esses resultados tiveram várias consequências sobre as políticas

vigentes. Além disso, muitas outras análises derivaram destes dados, desde

análises com enfoque em políticas públicas, até análises do que acontece com

a escola que se situava na própria casa da professora; ou, qual o problema das

escolas que estavam junto a assentamentos de pessoal sem terra; etc. Com

metodologia clara e bem definida, com os cuidados de coleta e análise,

Page 15: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

15

representou um exemplo do que se poderia fazer com estudos dessa natureza

na direção de se propugnar por uma escola mais condizente com as

necessidades das populações menos favorecidas socialmente. O cuidado com

as interpretações, com a clareza dos limites de significação dos dados, tendo

presente os pressupostos sobre os quais se assentava o modelo avaliativo,

ofereceu uma oportunidade para se formar pessoas e pensar a área

criticamente a partir de uma ação direta.

1.3 - Implantação do Sistema Nacional de Avaliação da

Educação Básica

Ao final dos anos 1980 discussão sobre vários problemas que ocorriam

nos sistemas educacionais, apontados pelos pesquisadores da área de

educação, chega ao auge com o debate público sobre os indicadores que

mostravam o alto índice de fracasso escolar (repetência e evasão escolar) na

escola básica, no país. Uma das questões que se colocava é que não se

possuíam dados sobre o rendimento escolar dos alunos em nível de sistema e

os fatores a ele associados. Nesse momento, promoveu-se no MEC (Ministério

da Educação) uma oficina de trabalho com um grupo de educadores para

discutir a questão. Colocava-se então que, com a mudança da nossa Constitui-

ção, poderia haver uma nova estrutura política e que isto sinalizava a

necessidade de uma mudança na atuação do Ministério da Educação em

relação ao ensino fundamental e médio, levando-o a ter um papel orientador e

um papel avaliador como referência para políticas e avanços na área da

educação básica. Ao final de 1987, foi proposto que se fizesse uma avaliação

de rendimento escolar em 10 capitais de estados do país, para se aquilatar se

um processo de avaliação mais amplo por parte do Ministério seria viável e

traria resultados relevantes. A avaliação foi feita nas 1as, 3as, 5as e 7as séries

de escolas públicas em 10 capitais de Estados, com provas em Língua Portu-

guesa (com redação), matemática e ciências. Foi um estudo piloto para

verificar a viabilidade do processo, como as administrações e as escolas

receberiam esse tipo de avaliação, se as provas seriam adequadas, etc.

Utilizou-se a teoria clássica em avaliação e o grande desafio foi mesmo a

construção de provas que tivessem validade para as realidades dos diferentes

estados envolvidos (não se dispunha de um currículo nacional). Isto se tornou

Page 16: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

16

possível a partir de parcerias locais. Com esta etapa tendo sido relativamente

bem sucedida, com as discussões sobre os resultados das provas e fatores a

eles associados havidas em alguns estados, e discussões em seminários

nacionais ou locais, expandiu-se o estudo avaliativo para mais 20 capitais e,

depois mais 39 cidades distribuídas em 14 estados e, à época, um território

(Vianna, 1988, 1989a, 1989b). Paralelamente, com apoio da Secretaria de

Ensino de Segundo Grau do Ministério da Educação, realizou-se uma

avaliação de rendimento escolar de alunos do 3º ano do ensino médio,

abrangendo todas as modalidades existentes (geral, normal, técnico industrial,

comercial, etc.).

Também no ano de 1988, como extensão à iniciativa do MEC, a

Secretaria de Estado da Educação do Paraná realizou uma avaliação dos

alunos de 2ª e 4ª séries nas escolas desse estado. Provas específicas de

Língua Portuguesa, Matemática, Ciências e Estudos Sociais foram elaboradas,

a partir de itens produzidos por professores locais, com base nos guias

curriculares vigentes no Paraná (Vianna & Gatti, 1988). Em 1991 completando

o ciclo de avaliações exploradoras proposto pelo MEC realizou-se o mesmo

tipo de avaliação feito nas escolas públicas, em escolas privadas, em 11

Estados e no Distrito Federal.

As avaliações de rendimento escolar realizadas entre 1988-91

trouxeram o impacto dos baixos resultados médios, muito aquém do esperado,

que repercutiram tanto no Ministério, como nas Secretarias de Educação e na

mídia, criando nas administrações públicas interesse pelos processos

avaliativos. Com os resultados obtidos e dados das escolas, dos professores e

dos alunos, dispunha-se de muitas informações, sobre as quais se poderia

debruçar, refletir e tirar inferências tanto para políticas dirigidas às redes de

ensino como um todo, como para questões da aprendizagem de alunos nas

salas de aula. Estes primeiros estudos mais abrangentes de alunos e escolas

serviram de base para a implantação do SAEB — Sistema de Avaliação da

Educação Brasileira.

Para isso contribuiu, também, a participação do Brasil, logo no início dos

anos 1990, no segundo Programa Internacional de Avaliação de Proficiência

Educacional. Esse programa internacional, que à época envolvia 27 países,

Page 17: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

17

pretendia ser comparativo. Portanto, a metodologia de aplicação e os testes fo-

ram elaborados por uma equipe internacional de especialistas: chineses,

árabes, americanos, suecos, holandeses, etc., num processo de validação

recíproca. Mas, no Brasil o estudo ficou restrito a apenas duas capitais

(Fortaleza e S. Paulo) tornando a comparabilidade pretendida comprometida.

Foram avaliadas crianças de 13 anos de idade, não importando a série em que

o aluno se encontrava (a correspondência idade-série não era garantida). A

ideia desse estudo internacional era procurar saber qual domínio de co-

nhecimentos teriam as crianças dessa idade em cada um dos países

participantes. No estudo aqui realizado não foram incluídas crianças que

estavam fora da escola e crianças com excessiva defasagem idade-série,

problema que na maior parte dos países participantes não se colocava. A

avaliação, embora realizada apenas em duas capitais, mostrava o precário

desempenho dos alunos de 13 anos no Brasil, na comparação com outros

países: penúltima colocação.

A contundência dos dados obtidos até aqui leva o Ministério da

Educação e alguns dos Estados da federação a desenvolver uma política de

avaliação de redes de ensino de forma a trazer a público os resultados, na

intenção de se buscar formas de superação da precária situação das

aprendizagens escolares. Os resultados médios eram muito preocupantes.

Estímulos vindos de órgãos internacionais tiveram papel relevante na

consolidação e ampliação dessas avaliações.

1.4 - O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica —

SAEB

A partir de 1993, o Ministério da Educação, em articulação com as

Secretarias Estaduais de Educação, implantou o Sistema de Avaliação da

Educação Básica (SAEB). Realizado por amostra nacional de alunos,

inicialmente com provas objetivas no modelo clássico, essa avaliação passou a

ser realizada anualmente, abrangendo séries do ensino fundamental e médio,

tendo aperfeiçoado sua metodologia e, finalmente, em 1995, adotado os

procedimentos preconizados pela Teoria da Resposta ao Item. Pesquisadores

da Fundação Carlos Chagas capitanearam a introdução dessa metodologia no

SAEB (Andrade & Valle, 1998; Fletcher, 1991, 1995). No entender dos

Page 18: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

18

especialistas poderia oferecer informações mais seguras sobre o repertório

escolar das crianças e jovens, bem como oferecer condições de comparabi-

lidade em escala, o que não era possível no modelo anterior. Pelos

documentos disponíveis verifica-se que a intenção associada a essa avaliação

era a de prover informações para tomadas de decisão quanto a diversos

aspectos das políticas educacionais, bem como para pesquisas e discussões, a

partir da geração e organização de informações sobre o desempenho

acadêmico dos alunos no sistema e fatores a ele associados. Hoje estão

disponíveis várias bases de dados sobre as sucessivas avaliações feitas em

nível nacional, e relatórios que disponibilizam as análises realizadas. O SAEB

compõe-se de dois grandes eixos: o primeiro voltado ao acesso ao ensino

básico no qual se verifica o atendimento à demanda (taxas de acesso e taxas

de escolarização) e a eficiência (taxas de produtividade, taxas de transição e

taxas de eficiência interna); o segundo eixo é relativo à qualidade, implicando

no estudo de quatro dimensões relativas: 1. ao produto — desempenho do

aluno quanto a aprendizagem de conteúdos e desenvolvimento de habilidades

e competências; 2. ao contexto — nível socioeconômico dos alunos, hábitos de

estudo, perfil e condições de trabalho dos docentes e diretores, tipo de escola,

grau de autonomia da escola, matriz organizacional da escola; 3. ao processo

— planejamento do ensino e da escola, projeto pedagógico, utilização do

tempo escolar; estratégias de ensino; 4. aos insumos — infra-estrutura, espaço

físico e instalações, equipamentos, recursos e materiais didáticos. Os

instrumentos de coleta são as provas aos alunos, questionários aplicados a

alunos, professores e diretores, questionário sobre as condições da escola.

Nos dois últimos anos agregou-se ao modelo geral de avaliação, estudos de

caso de situações específicas consideradas relevantes para análise mais

aprofundada de fatores contextuais intervenientes nos resultados

(Brasil/Ministério da Educação, 2002; Fontanive & Klein, 2000; Pestana, 1999).

O SAEB veio sendo objeto de vários estudos e discussões, inclusive de

comissões em nível de Ministério na busca de seu aperfeiçoamento. Problemas

técnicos têm sido superados, por exemplo, quanto à modelagem das provas e

o teor dos itens e sua validade, quanto ao processo de amostragem, que vem

sendo aperfeiçoado, etc., levantando-se, também, problemas quanto à

divulgação, disseminação e apropriação dos resultados nos diferentes níveis

Page 19: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

19

de gestão do sistema e aos professores. Franco (2001) nos oferece

observações interessantes quanto às potencialidades e aos problemas

relativos a essa avaliação, pontuando sugestões sobre as formas de tornar o

SAEB mais relevante para gestores e professores, por exemplo, ilustrando com

exemplos claros dificuldades dos alunos, propondo alternativas pedagógicas,

em linguagem adequada, construir melhor explicitação dos fatores que contam

em educação (efeito escola, efeito sala de aula), apresentação das escalas de

proficiência em linguagem e esquemas gráficos facilmente inteligíveis para não

especialistas, estabelecimento de relacionamentos com secretarias estaduais e

municipais mais efetivos para apropriação dos resultados, etc.

Mais recentemente o Ministério de Educação expandiu a avaliação de

desempenho do sistema educacional, com a Prova Brasil, aplicada a todos os

alunos dos primeiros anos do ensino fundamental, integrando essa prova ao

SAEB. Com isso avançou-se na construção de um indicador — o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), a partir de 2007, que integra o

fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações nacionais. Essas

médias referem-se ao desempenho no SAEB para os Estados e na Prova

Brasil para os Municípios. É possível dispor de um valor do Indicador para o

país como um todo, cada Estado, Município e Escola.

1.5 - Iniciativas Regionais

Foi durante os anos mil novecentos e noventa que diversas avaliações

de sistemas escolares vão tomar corpo também em várias regiões do país,

além do âmbito nacional já exposto. Abaixo, três iniciativas em Estados da

Federação, as mais consolidadas.

Estado de S. Paulo

Assim, em 1992 foi realizada no Estado de S. Paulo avaliação dos

alunos das Escolas Padrão, projeto de inovação curricular desenvolvido pela

Secretaria Estadual de Educação, inicialmente com 306 escolas no Estado,

depois ampliando-se para mais de mil, com vistas a abranger aos poucos todas

as escolas do sistema, o que não chegou a acontecer. O objetivo da avaliação

era verificar se com os insumos educacionais diferenciados que recebiam as

escolas e professores se obtinham melhorias no nível de aprendizagem escolar

por parte dos alunos. A avaliação então realizada abrangeu Língua

Page 20: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

20

Portuguesa, Redação, Matemática, Ciências, História e Geografia, tendo sido

aplicado um questionário para sondagem de características dos alunos. Foram

submetidos a ela todos os alunos de 8ª série. Essa avaliação seria o marco

zero, com a qual sucessivamente se procuraria comparar o futuro

desenvolvimento educacional das crianças. Esperava-se, no início dos

trabalhos, poder realizar avaliações sucessivas, durante vários anos, com

dados da progressão dessas crianças que estavam vinculadas ao Projeto da

Escola Padrão. Os primeiros resultados foram interpretados psi-

co-pedagogicamente e recomendações curriculares foram feitas e

consolidadas em documentos distribuídos às escolas. A partir dos dados

obtidos vários estudos com foco específico foram realizados para subsidiar

ações específicas junto às escolas (Gatti, 1996). Essa avaliação, que pretendia

ser longitudinal, foi descontinuada por mudança na administração da Secretaria

de Educação do Estado. A nova gestão desenvolveu outros estudos visando

comparar Escolas Padrão e Não Padrão, considerando a região da escola, os

períodos, diurno e noturno dos cursos. Os dados foram divulgados para a rede.

Enfatizava-se que se deveria enfrentar com critério e determinação os pontos

críticos revelados em relação ao processo de ensino. As provas foram

analisadas e implicações pedagógicas foram apontadas, com recomendações

quanto aos pontos críticos em cada disciplina avaliada (Mondel & Maluf, 1994).

Ao mesmo tempo, entre 1992 e 1994, outro projeto de avaliação vinha

sendo desenvolvido, amostralmente, nas escolas estaduais do Estado de São

Paulo, com caráter de uma verdadeira pesquisa avaliativa: O Projeto de

Avaliação de Impacto do Ciclo Básico e da Jornada Única na Área Metropo-

litana de São Paulo. A equipe de pesquisa fez um estudo longitudinal de

acompanhamento de um mesmo segmento de crianças, durante 3 anos, com o

objetivo complexo de analisar mudanças de aprendizagem e de características

cognitivas ao longo do tempo. Esse foi um tipo de pesquisa em avaliação

nunca antes desenvolvido no país, inclusive com um estudo paralelo de caráter

antropológico. Este permitiu que se tivesse uma compreensão profunda do que

se passava no cotidiano das escolas e no desenvolvimento cognitivo das

crianças (Neubauer et al., 1996). A partir de 1995 institui-se no Estado de São

Paulo, como parte de um programa para a educação pública do estado, o

SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar no Estado de São

Page 21: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

21

Paulo), que vem se realizando até hoje, abrangendo séries sucessivas, com

questionários informativos, e fazendo-se as equalizações necessárias ano a

ano para se obter comparabilidade. Neste modelo todos os alunos matriculados

nas séries envolvidas são avaliados (Espósito, 2000; SEESP, 1996, 1998). O

sistema SARESP tem mantido as avaliações periódicas e em 2008

fundamentou a criação de um indicador de desenvolvimento educacional

específico para o Estado de São Paulo — IDESP —, com características de

construção um pouco mais nuanceadas do que o índice do Ministério da

Educação.

Estado de Minas Gerais

Também o Estado de Minas Gerais começa a partir de 1992 a

desenvolver um programa de avaliação das suas escolas públicas. Como as

demais iniciativas, o propósito da avaliação era dar base para a melhoria da

qualidade do ensino e fazia parte de uma proposta mais ampla do governo do

estado para a educação. As avaliações foram planejadas e realizadas em

ciclos, a cada dois anos, eram avaliações censitárias, incorporando outras

informações através de questionários. Em 1998, com a implantação da

progressão continuada nas escolas, passou-se a fazer a avaliação todos os

anos. Desenvolveu-se com este programa de avaliação uma proposta

formativa de quadros na própria Secretaria, através de cursos específicos

oferecidos aos técnicos, aqui e no exterior (Antunes et al., 1992; Souza, 1999).

Hoje, o Estado de Minas Gerais possui um complexo modelo de avaliação de

sua rede de ensino — o SIMAVE: Sistema de Avaliação da Qualidade do

Ensino e das Escolas. Esse Sistema é composto por três programas de

avaliação: PROALFA — voltado à avaliação dos níveis de alfabetização;

PROEB — verifica a eficiência e a qualidade do ensino com base no desem-

penho nas séries finais dos blocos de ensino; PAAE — realiza diagnósticos

progressivos da aprendizagem para subsidiar intervenções pedagógicas.

Estado do Paraná

Estado do Paraná realizou em 1995 sua primeira avaliação em larga

escala como expansão do SAEB, oferecendo aos seus municípios e às escolas

resultados particularizados. Deu-se continuidade ao processo nos anos

subsequentes e, em 2000, introduziu no processo avaliativo do ensino funda-

Page 22: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

22

mental a metodologia da teoria da resposta ao item, tomando como referência

os conteúdos do Currículo Básico para as Escolas Públicas do Paraná.

Desenvolveram-se estudos analíticos detalhados sobre o desempenho dos

alunos de 4ª e 8ª séries. As matrizes de referência das provas trazem

inovações em sua concepção em relação a outras abordagens, por exemplo,

em Língua Portuguesa, contempla cinco áreas: procedimentos de leitura,

recursos expressivos e efeitos de sentido, variação linguística, coerência e

coesão, e, conhecimento linguístico operacional. Análises diversificadas

encontram-se consolidadas em relatórios publicados e distribuído à rede. A

disseminação desses resultados foi realizada por três tipos diferentes de

relatórios: para diretores de escola e secretários municipais de educação, com

uma visão mais global e comparativa; para professores e equipes pedagógicas

contendo análises detalhadas dos itens, dos tipos de erros, com

recomendações e sugestões pedagógicas; e, para presidentes de associações

de pais e mestres e pais de alunos foi feito no Boletim da Escola uma síntese

específica da situação da escola e uma descrição dos níveis de desempenho

alcançados (SEEPR, 2001). Mais recentemente implementou-se nesse Estado

um processo de avaliação institucional envolvendo escolas, regionais de ensino

e Secretaria.

Estado do Ceará

O Estado do Ceará desenvolveu um sistema avaliativo de suas escolas

a partir de 1996, com avaliação, por amostras, de desempenhos de alunos do

ensino fundamental. Realizou, também, um processo de avaliação institucional

de escolas, com envolvimento da comunidade, o qual se mostra como um

modelo diferenciado em relação ao que se fez em outros estados. Neste

Estado foi institucionalizado o SPAECE — Sistema Permanente de Avaliação

da Educação Básica. Conforme documentado pela Secretaria Estadual de

Educação (Ceará, 2009), compreende três vertentes: Avaliação de Desempe-

nho Acadêmico, Avaliação Institucional e Estudos e Pesquisas Educacionais.

Na primeira, de natureza externa, o Sistema avalia as competências e habili-

dades dos alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, nas disciplinas

de Língua Portuguesa e Matemática. Identifica-se o nível de proficiência e a

evolução do desempenho dos alunos. Abrange todos os alunos das escolas

estaduais e municipais. São aplicados questionários investigando dados

Page 23: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

23

socioeconômicos e hábitos de estudo dos alunos, perfil e prática dos

professores e diretores. Na vertente da Avaliação Institucional, possibilita à

escola, através da Auto-Avaliação e da Avaliação de Desempenho do Núcleo

Gestor, conhecer e aperfeiçoar as inter-relações, os serviços prestados, o

desempenho do corpo docente e discente, dos funcionários e gestores.

Objetiva a implementação de mudanças no cotidiano escolar. A terceira

vertente compreende Estudos e Pesquisas Educacionais, bem como

Avaliações de Programas, buscando aprofundar o conhecimento das

situações-problema e das tendências detectadas nas avaliações.

Page 24: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

24

CAPÍTULO II

A CONFIGURAÇÃO DA SOCIEDADE NOS DIAS

RECENTES

2.1 - Conceitos

Toma-se aqui como dias recentes o período que se inicia nos anos

noventa do século XX. Nesses anos se acentuam os esforços das grandes

instituições mundiais formalmente comprometidas com a atuação multilateral,

dos grandes institutos de pesquisa vinculados às corporações industriais e das

grandes universidades no sentido de transferir para o meio eletrônico todos os

seus acervos e os processos de produção e controle de informações. Contudo,

a própria exigência da competição econômica não se satisfaz com esta ação

ainda muito limitada para a sustentação do principal objetivo destas

organizações: o poder. Poder que se traduz em estar na dianteira das

conquistas de saber novo, capacidade de investimento, competência para a

realização de lucro, o que vai implicar a busca de metodologias que configurem

em softwares as capacidades criativas humanas e um modelo capaz e

gerenciável.

Estruturas básicas que levaram a isso foram criadas sob a forma de

meios para a exposição de todas as informações, ligando em rede aberta todos

os acervos disponibilizados. Desse modo, tudo o que foi produzido e registrado

como uma informação em meio eletrônico e não passível de segredo a critério

de seu produtor pode ser colocado à disposição de todos os interessados,

como num diálogo ou comunicação socialmente aberta. Evidentemente muitos

fatores impedem que essa comunicação seja efetivamente aberta a começar

pelas barreiras a eles associadas, como língua, domínio de um contexto, de

compreender e incorporar essa informação e, até mesmo, ter a possibilidade

de localizar a informação existente. Nesse ponto, além dessa plataforma de

acesso, que se pode chamar de uma grande rede de arquivos, foi feita a

concepção e construção de recursos para ler todos esses arquivos, dando

origem aos buscadores de arquivos. Esses captadores de informações, através

de sofisticada engenharia de reconhecimento rápido de termos livres: ao

agregar o conhecimento de indexação e recuperação e automatizá-lo, avançou

um pouco mais na apropriação do saber humano relativo às competências de

Page 25: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

25

identificar, comparar, separar, agrupar e recuperar as informações que se

compatibilizam com as necessidades determinadoras da busca de informação

que fazem. Esses captadores de informações, transformados em grandes

empreendimentos de prestação de serviços, ou em grandes empresas,

portanto mobilizados em função de poder político e lucro, passaram a investir

numa etapa de apropriação do modo de incorporar as competências cognitivas

humanas. Uma manifestação nesse sentido aparece em matéria noticiosa da

imprensa geral, quando trata de uma dessas grandes companhias: Google.

Tratando do “Mundo Google”, a matéria afirma que:

[ . . . ] a disputa entre Google, Yahoo!, Microsoft e o resto da internet não vai acabar tão cedo. [ . . . ] Craig Silverstein, chefe de tecnologia do Google, declarou à imprensa que o objetivo final (para melhoria do buscador Google) é fazer uma versão eletrônica de um bibliotecário: alguém que o conheça, entenda suas perguntas, traga respostas confiáveis, saiba que línguas você fala, forneça a quantidade ideal de resultados e sugira novas abordagens para o problema. O tempo necessário para chegar até uma tecnologia perfeita como essa, segundo Silverstein, é 300 anos. (RESPOSTA . . . , 2004).

Isso quer dizer que há uma configuração esperada por esses

buscadores nos próximos 300 anos que é a de incorporar num grande

dispositivo de engenharia (num modelo gerenciável e disponível à todos), que é

um software ou um “motor de busca”, todo o raciocínio e as ações interativas

decorrentes que um bibliotecário emprega para oferecer respostas aos seus

usuários. Isso significa, de outro lado, que também se deve estabelecer uma

nova configuração, ou novas configurações, para a atuação dos bibliotecários

nos próximos séculos. Também significa que saberes humanos são extraídos

desse ambiente em que atuam profissionalmente os bibliotecários para o

ambiente de máquina, o que acentuará a eliminação de mais trabalho integrado

humano-corporal-intelectual.

Mas, analisando o que já foi exposto no parágrafo anterior, é de se

considerar duas questões:

a) a decisão sobre a construção dessa nova configuração de

bibliotecário: um software surge em que bases e como é interpretada pelos

bibliotecários? e

Page 26: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

26

b) que alternativas profissionais os bibliotecários construirão e que

saberes produzirão para sustentar essas alternativas nos anos vindouros?

As questões acima puxam outras interrogações:

a) são os modelos educacionais recentes que levam a essa progressiva

transferência de saberes bibliotecários para o ambiente de máquina, como se

houvesse uma determinação isenta de interesses econômicos?

b) por que os autodefinidos Profissionais da Informação muitas vezes

reagem com aparente naturalidade a essas transformações, cuidando somente

de adaptar-se a elas? Ou

c) são os modelos educacionais recentes tão benéficos aos interesses

da grande massa populacional que os profissionais de todos os campos não

pode deles se eximir e, portanto, ao incorporá-los à preparação de novos

profissionais já buscam prepará-los em novos parâmetros?

Talvez sejam questões difíceis de tratamento, mas que estão postas em

um ambiente de sociedade que é ordenada, para se configurar como

subordinada aos interesses estritos de um capitalismo dominado pela ideologia

do progresso infindável e incontrolado como se fosse uma determinação supra-

humana (DUPAS, 2001).

E nesse sentido, absorvendo os conhecimentos que a ciência, sobretudo

a Física e a Psicologia Genética, produziu ao longo do século XX, os atores e

os meios que mais têm contribuído para ordenar essa configuração: capitalista,

capital e capitalismo também têm influenciado uma modalidade de discurso

que aponta, sugere, reforça, como necessidade, uma educação que se afirme

como nova, emergente (MORAES, 2003).

2.2 - Paradigma Educacional Emergente

A configuração social que vem predominando ao longo do século XX.

Toma em sua última década e início do século XXI uma conformação que

implica a convivência em seu contexto discursivo de uma disputa de

paradigmas educacionais. Substantivamente, os defensores e divulgadores de

um paradigma emergente na educação argumentam que o paradigma

tradicional se relacionava com a visão de mundo construída a partir da

explicação racionalista que advém do pensamento científico formulado a partir

Page 27: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

27

do discurso do método de Descartes e fortalecido com o amplo arcabouço

matemático-físico elaborado por Isaac Newton, perpassando por todo o

experimentalismo dos últimos 500 anos. Essa argumentação, trazida para a

educação, associa ao debate o surgimento de novas explicações da física

teórico-elaboradas a partir das explicações da existência de um mundo físico

subatômico inicialmente demonstrado matematicamente por Albert Einstein e,

posteriormente, comprovado experimentalmente por ele e por vários outros

pesquisadores que adquiriram notoriedade nos últimos 80 anos. Acrescem-se

também, aos argumentos da nova física, as experiências da Psicologia

Genética (MOSCOVICI, 2003) e, mais recentemente, o conhecimento

construído a partir do expressivo desenvolvimento da Biologia.

Esse conjunto, constituído pelas novas explicações, inclui a formulação

mais sintética de que o novo paradigma educacional se revela pelas

mudanças. Não apenas a mudança como diferença ao paradigma anterior,

sustentado por uma “certa estabilidade”, pretensa ou real, mas a mudança

como o estado de existência da ação da escola. Nesse sentido, percebe-se,

como síntese pelo que é dito por Moraes, que as mudanças afetam: a Missão

da Escola; o foco do trabalho docente; o objeto do trabalho educacional; a

relação entre os sujeitos envolvidos no Trabalho Educacional; a Percepção

sobre o Contexto Educacional. Nesse último ponto, vê-se afirmado que o

Contexto Educacional, sob o Paradigma Educacional Emergente, contém

algumas propriedades. Esse contexto seria: Relacional, Interacional,

Construtivista, Sócio-Cultural, Transcendental, Reflexivo, Autonomista,

Cooperativo, Crítico e Cidadão. Essas propriedades, por si mesmas, apontam

para situações aparentemente coletivas em que se valoriza cada sujeito por

compreendê-lo como integrado no todo. Essa noção vem da ideia da nova

física (a Física Quântica, construída a partir do trabalho Einsteiniano) de que

num nível de onda, que é o estágio genético de cada partícula, isto é, de cada

sujeito, todos estão implicados e são indiferenciados.

Isso traz para o ambiente concreto da educação a noção do professor

também como um aprendente e do aluno também como um ensinante no

espaço da escola, pois na sociedade ambos são sujeitos. Se essa noção é

apontada como a ser considerada em qualquer nível escolar, ela tem muito

mais vigor quando se considera o ambiente de educação universitária. Por ela,

Page 28: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

28

diz-se que o foco do trabalho docente deixa de ser o ensino e passa a ser a

aprendizagem. Nessa dimensão se toma como concreto que o estudante não

deve vir à escola para cumprir o exclusivo papel de aprendente, mas como um

sujeito que vai para ali interagir com o ambiente, com seus colegas e com o

professor. É nessa perspectiva que Dwyer (2001) vê como essa relação pode

se dar e como ela pode ser adequadamente fortalecida pelos novos meios

oferecidos pelas recentes tecnologias de comunicação e informação.

Referindo-se às tecnologias que empregam a Inteligência Artificial, Dwyer

(2001, p. 72) afirma que elas “[ . . . ] vão, com certeza, chegar às salas de aula

de alunos de Ciências Sociais.” Mas isso vale e pode, portanto, ser estendido

para quaisquer campos de conhecimento. De outro lado, Dwyer (2001, p. 73)

afirma que há um princípio fundamental da computação pelo qual

[ . . . ] em todo sistema automatizado, há sempre algo que não pode ser automatizado, e, ironicamente, este algo passa a ter um papel cada vez mais crucial, na medida em que a informatização avança. No caso de ensino, este algo é o papel do professor. Numa sociedade de informação, o papel do professor muda, o professor não transmite mais informações, ajuda o aluno a interpretar as informações que ele mesmo recolheu e também estimula o aluno a procurar outras informações, e o aluno, por sua vez, tem que contar com o apoio de bibliotecários profissionais.

Comparando essa reflexão de Dwyer com a configuração buscada para

os próximos 300 anos, por Craig Silverstein, chefe de tecnologia do Google, vê-

se, no caso, que o alcance da pesquisa aplicada aos propósitos das empresas

de busca de informação negam, por exemplo, os traços de humanidade do

bibliotecário. Aqui caberia perguntar se, no futuro, a robotização das funções

cognitivas e pessoais relacionais do bibliotecário é aceitável e pode ser

assimilada normalmente por quem hoje capacita e pensa prospectivamente

sobre a preparação de profissionais na área de Tecnologia da Informação?

Se for possível atribuir-se um rótulo para designar os últimos quinze

anos, pode-se perfeitamente utilizar aquele forjado por Zigmunt Baumann

(2002): modernidade líquida. Nessa modernidade líquida, em rede, com tudo

fluindo, todo o tempo, em todo o espaço e nas mentes humanas

continuamente, a educação precisa ter uma configuração correspondente e se

sustentará, explicativamente, para além das causas físicas, nas razões do

pensamento e das representações, portanto, no discurso (MOSCOVICI, 2003).

Page 29: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

29

Perguntas podem ser feitas. Dentre elas estão: como esse paradigma

educacional emergente pode ter implicações distintas para campos distintos?

Como ele se manifestará em campos que são fortes em atuação

profissionalista? Como ele se realizará em campos que são fortes em atuação

científica e que estão mais assentados em uma estrutura de ciência com

recorte clássico? Como ele fluirá em campos cujo recorte científico pode ter

outros parâmetros caracterizadores, como a Comunicação e a Tecnologia da

Informação? (SODRÉ, 2003).

Vale recordar que as propriedades do Paradigma Educacional

Emergente (Relacional, Interacional, Construtivista, Sócio-Cultural,

Transcendental, Reflexivo, Autonomista, Cooperativo, Crítico e Cidadão)

podem ser sintetizadas pelo grande traço comum a todas elas: o das relações,

que numa sociedade que opera em rede, num processo aberto em nível global,

constitui um traço comum também à humanidade, sobretudo a partir da última

década do século XX, tornando aceitável designar a época recente como uma

Era das Relações e que em seu teor não difere do que Baumann chamou de

Modernidade Líquida. Nessa Era das Relações, conforme dito por Moraes

(2003), a educação exige:

a) um enfoque reflexivo na prática pedagógica;

b) autonomia, cooperação e criticidade;

c) educar para a cidadania global.

Em outros termos, reconhece-se, com Moraes (2003), que muitos

analistas e defensores do Paradigma Educacional Emergente tomam os meios

recentes de comunicação e informação, como basilares para a construção da

igualdade social.

Esta igualdade, obtida por essa nova educação, seria consequência do

melhor uso da tecnologia, posto que a tecnologia representaria a condição para

que o mundo da onda, o mundo da energia, se torne alcançável a todos os

sujeitos.

2.3 - Área de Tecnologia da Informação

No espaço humano-social da Era das Relações ou da Modernidade

Líquida está a Tecnologia da Informação. Ela pode tanto ser vista como uma

Page 30: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

30

área de atuação profissional, e esta abordagem tende a ser a forma

privilegiada de situá-la na discussão educacional, quanto como um campo

intelectual. Nesse caso, sob a perspectiva de Bourdieu, em um campo

intelectual convive uma comunidade científica, a infra-estrutura de produção e

difusão dos saberes que respondem às questões colocadas pela realidade

para seu exame e um projeto político-científico de inserção no mundo da

ciência. Isso fomenta, como consequência, a busca de ampliação de espaço e

conquista de alianças que levam à intervenção e transformação da realidade e,

a longo prazo, contribui para a construção de novas configurações para a

dimensão profissional para a qual o saber que produz pode dar suporte.

Tomando o quadro educacional de ensino superior brasileiro, e

considerando a decisão referente às Diretrizes Curriculares em vigência

(SOUZA, 2002), a área de Tecnologia da Informação recobre os conteúdos

profissionais que integram as grades de disciplinas dos Cursos de

Biblioteconomia, Arquivologia, Ciência e Gestão da Informação, constituídos no

país. Isso implica uma discussão difusa que reflete em outro campo,

imediatamente relacionado ao mundo real, que diz respeito ao espaço ou

mercado de trabalho.

Conforme a tradição trabalhista brasileira, constituída ao longo dos

últimos setenta anos, a visibilidade profissional estaria associada à

regulamentação das profissões pelo aparelho de estado. Sob este ponto de

vista, a área de Tecnologia da Informação oferece nestes últimos quinze anos

o exemplo concreto da transição de uma configuração profissional social mais

tradicional (ainda vinculada ao modelo de um profissional que foi modelado

pelas práticas das bibliotecas públicas) para a configuração profissional social

mais “atual”, vinculada ao perfil de um profissional modelado pelas práticas das

bibliotecas especializadas, num primeiro momento (DIAS, 2002), e,

subsequentemente, pelas práticas exigidas de operadores de centros de

documentação e informação, e empresas produtoras de índices, tesauros,

abstracts, papers de síntese, mineração de dados etc., com domínios de muita

tecnologia associada aos recentes meios eletrônicos de comunicação e

informação.

Page 31: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

31

Então se veem aí forjadas, vindo para o âmbito da área de Tecnologia

da Informação, as expectativas de visibilidade social, oportunidade profissional,

domínios distintos de saberes, exigências sociais e econômicas diversas.

Culmina tudo isso na discussão de conteúdos a serem oferecidos pelos cursos

da área, de formas de organização das escolas, de recursos tecnológicos

mínimos e, sobretudo, nos modelos de metodologia e práticas de ensino

apropriadas para a formação de pessoas capazes de cumprir todas as práticas

que o papel social representado pelo profissional oriundo de cursos da área de

Tecnologia da Informação pode cumprir.

O paralelismo dessa nova configuração das práticas profissionais de

bibliotecários, arquivologistas e demais egressos dos cursos da área de

Tecnologia da Informação com a nova configuração da sociedade mais ampla,

da ordem econômica e das estruturas políticas é visível e impulsiona o espaço

escolar, sua infra-estrutura, suas normas e o pessoal docente e discente para

novos modos de convivência em que a relação, interação, autonomia dos

indivíduos na busca do saber tomam a centralidade. Dessa maneira, mais que

uma retórica entra na ordem do dia a resignificação de papéis: professores que

são aprendentes e estudantes que são ensinantes e isso requalifica,

obrigatoriamente, a pedagogia da área.

2.4 - Dimensão Pedagógica

Se a dimensão pedagógica em qualquer área de capacitação

profissional na universidade for tomada como o conjunto das relações que

envolvem professores, alunos, conhecimento acessível e previsto nos

programas e planos de ensino, infra-estrutura bibliotecária, laboratorial,

institucional intra e extrauniversitária, práticas de ensino, modalidades de

avaliação de desempenhos individuais e institucionais, dentre outros fatores,

pode-se perceber a multifocalidade da discussão que, por isso mesmo, será

sempre inacabada, independentemente de qual seja o paradigma educacional.

Ocorre que, neste momento, o novo modelo que emerge como nova

configuração para a capacitação profissional surge num quadro de acentuação

das transformações. Assim, os formatos já criados para as relações

educacionais estão submetidos a reconfigurações também, pela apropriação

das recentes tecnologias de comunicação e informação e pela reconstrução de

Page 32: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

32

processos de trabalho. Simultaneamente, tem uma escala infinitamente menor,

a velocidade com que as instituições educacionais e o sistema educacional

mais amplo compreendem, assimilam e põem em prática, em grande escala,

uma parte significativa dos fatores envolvidos na relação pedagógica. Há várias

razões para isso, sendo as de origem econômica e comportamental as mais

fortes. As de origem econômica apontam para a restrição de recursos que a

sociedade pode gerar para emprego na educação, principalmente, pelo fato de

grande parcela dos recursos de todos os países estarem sendo canalizados

nos anos recentes para o pagamento de dívidas e juros internacionais, que

alimentam o mercado financeiro global. As de origem comportamental têm

relação com a impregnação que docentes, discentes, formuladores de políticas

educacionais têm certezas dadas pelos modos de fazer, ou seja, pelos

métodos já reconhecidos para realizar as práticas sociais e, também,

profissionais e pedagógicas.

Olhando-se especialmente para uma das variáveis desse conjunto, os

métodos pedagógicos, vai-se encontrar em Muchielli (1992), apresentado por

Fontes (2004)1, desde os métodos completamente passivos, ou apassivadores

do estudante, aos completamente ativos, ou postuladores do estudante como

sujeito envolvido na construção do conhecimento no espaço de aprendizagem.

Sob outro olhar, pode-se perceber que métodos pedagógicos carregam

características próprias e seu condicionamento à adoção de um determinado

paradigma não guarda relação de naturalidade, mas sim está vinculado às

modalidades de regulação ou normatização da atividade educacional.

Evidentemente, determinada configuração da sociedade pode sugerir

facilmente determinados modelos de práticas pedagógicas não como movidos

pela razão educacional, mas sim pelas razões políticas e econômicas. Em

qualquer época, sob configurações diferentes, por exemplo, pode-se aplicar a

tipologia apontada por Goguelin (1994), citado por Fontes (2004)2: Métodos

afirmativos, compostos por exposições e demonstrações; Métodos

interrogativos e Métodos ativos. Carlos Fontes (2004), ao tratar da matéria,

categoriza os vários métodos pedagógicos em: Verbais, com ênfase no dizer;

Intuitivos, com ênfase no mostrar e Ativos, com ênfase no fazer. Assim,

1 Documento Eletrônico 2 Documento Eletrônico

Page 33: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

33

métodos verbais comportam a Exposição, Explicação, Diálogo, Debate,

Conferência, Painel e Interrogação; métodos intuitivos comportam a

Demonstração, uso de Audiovisuais e Produção de Textos Escritos; métodos

ativos comportam Trabalho em Grupo, Equipe e de Projeto, Estudo de Casos,

Psicodramas, Role-play, Simulação, E-learning e Jogos.

De outro lado, o tema requer que se olhe para outra variável: os sujeitos

que estão nas escolas onde são capacitados os profissionais e que nelas

interagem cumprindo os papéis de alunos e de professores. Que valores eles

carregam? Que compreensão tem da recente configuração da sociedade no

âmbito da profissão em torno da qual discursam? Que distinção fazem entre os

vários rótulos atribuídos, segundo diferentes posições teóricas, para o mundo

atual: Época das Perplexidades (DREIFUSS, 1996), Era da Informação

(CASTELLS, 1999), Era da Manipulação (KEY, 1993), Globalização (IANNI,

1998), Sociedade do Conhecimento (LEÃO, 2003), Sociedade do Consumo

(BAUDRILLARD, 1995), Sociedade do Espetáculo (DÉBORD, 1997),

Sociedade da Informação etc. Que visão têm do futuro das profissões e dos

profissionais da área de Tecnologia da Informação? Pensam que a

informatização absorverá suas funções cognitivas ou pensam que haverá, no

futuro, espaço próprio para o trabalho corporal-humano-intelectual que

compõem os seus papéis? Pensam a educação como um produto pronto e

acabado ou pensam a educação como um processo em continua

reelaboração? Do ponto de vista econômico, percebem a educação como uma

aquisição mediante um investimento fixo retornável ou como um domínio em

continuo aperfeiçoamento e com a exigência de gastos regulares e

permanentes?

Estas e muitas outras questões podem ser feitas para esses sujeitos e

suas respostas podem ser muito variadas, a depender da carga de leitura de

mundo e de leitura de ciência que carregam. Da mesma forma todos, e cada

um, provavelmente têm um conceito e algumas definições para as interações

pedagógicas que consideram melhores para capacitar profissionais voltados à

atuação nas profissões em que se capacitam.

Em face disso, pode ser estimulante, como base para reflexão, uma

leitura de Baumann (2000). Em seu texto Desafios Educacionais da

Page 34: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

34

Modernidade Líquida reporta-se a um momento do século XX em que se

enxerga também na então configuração da educação uma ação das políticas

de estado das superpotências mundiais: Estados Unidos da América e União

Soviética, e o efeito de um paradigma sustentado pelas “irrefutáveis”

experiências científicas comportamentais obtidas pela tecnologia experimental

behaviorista. O resultado, diz Baumann, é que:

Acreditávamos que o mundo ao redor era inalterável, duro, intratável e impenetrável, mas também regular - com as rotas diretas e os becos sem saída conduzindo sempre aos mesmos lugares, aguardando para serem descobertos e mapeados. Cabia a nós aprender suas posições de cor, seguir as primeiras e evitar os segundos [ . . . ] o mundo e suas regras pareciam também duráveis, de qualquer modo mais duráveis do que as nossas vidas [ . . . ] (2002, p. 45).

Baumann (2002, p. 47) fala nesse trecho do que chama de um estágio

de modernidade: a modernidade sólida, ainda carregada com práticas

pedagógicas consistentes com uma configuração de cunho político e

econômico ancorada na concepção de uma educação que deveria reforçar a

noção de conhecimento não como processo, mas como um bem durável.

O conhecimento tinha valor, porque se esperava que ele durasse, e a educação tinha valor na medida em que oferecia este conhecimento de valor duradouro [ . . . ] a educação [ . ..] seria uma atividade voltada para a entrega de um produto que, como qualquer outra posse, poderia ser possuída e desejada para sempre.

Em Baumann (2002) se vê revelada a contradição que ainda aparece

fortemente em grande parte do discurso da sociedade deste início de século

XXI, como se a educação, por seus conteúdos e em suas atividades

pedagógicas, fosse um produto: a busca do saber perfeito, da escola perfeita,

do conhecimento pronto, do conhecimento verdadeiro ainda está muito

evidente em “sala de aula”, em muitas manifestações de alunos que querem

aula, em pontos de vista sobre que ser um bom professor é dominar mais

conteúdos que metodologias, é ter domínio mais de produtos que de

processos. Estes valores estão ainda contidos na dimensão pedagógica de

quase todas as áreas de formação profissional. Mesmo em nível de política

educacional, ao olhar-se para o padrão brasileiro atual vê-se isso nos mais

diversos procedimentos, ou Sistemas de Avaliação de Ensino, na avaliação

Page 35: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

35

produtivista dos professores, na avaliação do Exame Nacional de Cursos, na

avaliação da maioria das disciplinas etc., em que busca produtos mensuráveis.

Esta valoração é diferente nos cursos da área de Tecnologia da

Informação desenvolvidos no Brasil, que tanto é desafiada pela nova

configuração social nas práticas e metodologias de ensino, quanto é desafiada

no sistema de avaliação? Tanto é desafiada em relação aos conteúdos que

oferta como é desafiada na forma como o conhecimento é ministrado?

2.5 - Desafios do paradigma educacional emergente para a

dimensão pedagógica da Tecnologia da Informação

Considerado em grande escala, a atual configuração social, construída a

partir das últimas décadas, traz para a educação dois grandes desafios

conforme a avaliação de Baumann (2002). O primeiro é que “[ . . . ] possessões

duráveis, produtos apropriados de uma vez e jamais substituídos, perderam a

passada atração.” O segundo é que a mudança contemporânea tem uma “[ . . .]

natureza errática e essencialmente imprevisível.” (Passim). Sob essa

perspectiva política e econômica, na área da Tecnologia da Informação, isto

aponta diretamente para a transformação das ocupações realizáveis em novas

profissões, as quais exigem um lugar e uma identidade no mercado de trabalho

e no elenco das profissões “existentes”, o que termina trazendo o conflito para

dentro da escola que atua para as profissões já estabelecidas. Sob uma

dimensão de âmbito pedagógico, relativa às metodologias e práticas de ensino,

meios educacionais, processos de trabalho, relação docente-discente, por

exemplo, há vários outros desafios.

Trazendo-se a reflexão para a dimensão de âmbito pedagógico, poder-

se-á ter uma compreensão em torno do que reúne e do que afasta esses dois

pólos da questão no Brasil. Por isso, se discutirá a partir daqui com base no

que está exposto nos tópicos precedentes e, assim, se tratará um pouco mais

particularmente os desafios que se instalam nas ações pedagógicas da área de

Tecnologia da Informação.

Há nos eventos profissionais, técnicos e científicos, tanto do campo

quanto da área da Tecnologia da Informação, realizados nos anos recentes no

Brasil, um discurso de senso geral, ou baseado em afirmações a priori de que o

Curso de Biblioteconomia (que, pelo número de escolas, professores e alunos,

Page 36: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

36

é predominante na área) não responde à nova configuração tomada pela

sociedade global. Como indicação disso, haveria ainda grades curriculares

carregadas de conteúdos técnicos tradicionais, maioria de professores com

titulação que não fomenta a pesquisa, baixa produção e publicação de

pesquisa etc. Esse é um olhar que relaciona formação profissional com

mercado de trabalho quando aponta o outro pólo levantado que é a

regulamentação da profissão. A escola seria lenta ou estaria atrasada porque

deverá responder à legislação profissional. Decisões recentes, sujeitas ou não

a equívocos, têm mostrado que tanto há espaço possível para novos currículos

que dimensionem respostas sob a forma de habilitações na Biblioteconomia,

por exemplo, quanto há necessidade de mão-de-obra preparada para a nova

configuração trazida pela Era das Relações ou pela Modernidade Líquida. Isso

implica que os desafios externos que a Educação terá de enfrentar, como os

apontados por Baumann, se desdobrarão e se transformarão,

necessariamente, em desafios internos que virão para dentro da escola

formadora na área de Tecnologia da Informação, e em particular a

Biblioteconomia, e impactarão basicamente:

a) a Missão da Escola;

b) o Foco do Trabalho Docente;

c) o Objeto do trabalho educacional na área;

d) a Relação entre os sujeitos;

e) a Percepção sobre o contexto educacional;

f) a certeza da continuidade.

Para produzir impactos sobre esses seis aspectos acima apontados, o

desafio principal seria então o de vencer as resistências associadas a um

modelo de ensino transferidor de conhecimento, associado a manuais, livros

didáticos sistemas e instrumentos de gestão de informação que são tomados

mais como objetos para serem repassados em estado final, do que como

objetos para serem criticamente repassados como saber transitório e passível

de assimilação e transformação no meio ao qual se destina. A superação

dessa resistência básica passa a exigir do ambiente escolar ser compreendida

como uma plataforma de aprendizagem constante do corpo docente, e

Page 37: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

37

discente, onde, entre outras coisas, praticar-se-ão metodologias que seriam

introdutoras processualistas da reflexividade que levariam à autonomia, com

cooperação e exercício crítico dos participantes. A culminância desta relação

seria que o ambiente de formação profissional universitário poderia se constituir

como um espaço de formação de cidadãos, docentes e discentes, no sentido

de que cidadania, sendo entendida como no pensamento de Habermas, é o

resultado da deliberação que os sujeitos tomam a partir da participação

igualitária. Entretanto, isso exige condições. Uma primeira condição, por

exemplo, é o patamar de escrita e de leitura que é básico para a construção do

entendimento e dos saberes que constituem o conhecimento comum de todos.

Essa condição, com possíveis limitações, está dada desde o resultado do

processo de ingresso dos estudantes na escola universitária, uma vez que

foram “igualados” a partir dos critérios de seleção e ingresso. Dada essa

condição inicial, passam a ser mais importantes o projeto pedagógico e seus

instrumentos e sua assimilação e prática pelos docentes e discentes. Nesse

particular, os aspectos: missão da Escola; foco do Trabalho Docente; objeto do

trabalho educacional na área; relação entre os sujeitos; percepção sobre o

contexto educacional, precisariam ser detalhados e compreendidos por cada

docente e cada discente dos cursos da área e transformado pelos métodos

pedagógicos em ação concreta.

Em outros termos, a escolha dos métodos pedagógicos a serem

utilizados na escola, em uma área disciplinar, em suas disciplinas

desdobradas, ou a avaliação a ser empregada, não seria aplicada sem uma

discussão que envolvesse os sujeitos que estariam implicados no processo,

tornando-os solidários nos resultados, mas considerando um contexto

educacional que é condicionado pelo contexto de trabalho, pelo contexto

econômico, pelas escolhas políticas nacionais em relação às prioridades que o

país deverá buscar permanentemente estabelecer e atender.

Ao fim, poder-se-ia descobrir que é possível utilizar quaisquer métodos

pedagógicos (os verbais, que comportam a Exposição, Explicação, Diálogo,

Debate, Conferência, Painel e Interrogação; os intuitivos, que comportam a

Demonstração, uso de Audiovisuais e Produção de Textos Escritos; e os

ativos, que comportam Trabalho em Grupo, Equipe e de Projeto, Estudo de

Casos, Psicodramas, Role-play, Simulação e Jogos), porque essas escolhas

Page 38: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

38

resultam de uma avaliação dos riscos calculados para a permanente busca

futuro desejado.

O próprio processo pedagógico praticado com essa modelagem, pondo

em prática os fundamentos do Paradigma Educacional Emergente, contribuiria

para o necessário apressamento da revisão ou adequação jurisprudencial da

legislação profissional existente no sentido de estimular, em vez de punir, a

ocupação dos espaços de atuação profissional pelos egressos dos Cursos da

área de Tecnologia da Informação, que tomem a iniciativa de preparar

profissionais para responder às necessidades colocadas pela nova

configuração econômica e social do Brasil.

Page 39: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

39

CAPÍTULO III

PROJETO - DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS

3.1 - Conceitos

Lewis (2000) define projeto como um trabalho único que possui início e

fim claramente definidos, um escopo de trabalho relativamente especificado,

um orçamento e um nível de performance a ser atingido. Além disso, o mesmo

autor considera que para um trabalho ser considerado um projeto, este precisa

ter mais de uma tarefa associada, ou seja, trabalhos constituídos de uma única

tarefa não são considerados projetos.

Nicholas (1990), por sua vez, diz que projeto pode ser definido em

termos de propósito, estrutura organizacional, complexidade, interesse e ciclo

de vida:

1. Um projeto envolve um propósito, produto ou resultado único e definível,

geralmente especificado em termos de requerimentos de custo, prazo e

performance;

2. Os projetos “cortam” as linhas funcionais da organização já que para sua

execução são necessárias habilidades, competências e talentos de

múltiplos profissionais de diferentes funções. A complexidade do projeto

muitas vezes surge dessa necessidade de times multifuncionais;

3. Todo projeto é único no sentido que gera algo diferente em algum ponto do

que já foi feito anteriormente. Mesmo em projetos de “rotina”, como uma

construção de uma casa, variáveis como o terreno, o acesso a casa, leis de

zoneamento, mercado de trabalho e serviços públicos certamente irão

variar de uma construção para outra, tornando o projeto de cada

construção único.

4. Dado que um projeto é diferente do que já foi feito anteriormente, a

incerteza e risco são inerentes a ele;

5. Projetos são empreendimentos temporários, ou seja, possuem um início e

um fim definidos. O fim é alcançado quando os objetivos do mesmo são

alcançados, quando se torna claro que esses objetivos nunca serão

alcançados ou quando a necessidade que os objetivos sejam alcançados

não existir mais;

Page 40: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

40

6. Finalmente, o projeto é um processo de trabalho para atingir uma meta.

Durante esse processo, os projetos passam por várias fases distintas. O

conjunto dessas fases é chamado de ciclo de vida do projeto.

Meredith & Mantel (1985) dizem que um projeto pode ser dividido em

subtarefas que precisam ser executadas para se alcançar os objetivos. O

mesmo é complexo o suficiente para que a execução dessas sub-tarefas

requeira uma coordenação cuidadosa e controle em termos de duração,

precedência, custo e performance. O próprio projeto precisa ser coordenado

perante outros projetos sendo executados concomitantemente.

Os mesmos autores dizem que, assim como entidades orgânicas, os

projetos possuem um ciclo de vida. De um começo vagaroso, o nível de

atividade vai se desenvolvendo até um pico, começando então a declinar e,

finalmente, terminar.

3.2 - Fatores Críticos: Sucesso e Fracasso de Projetos Robert L. Kimons, um consultor norte americano, enumera nove

componentes de projetos de sucesso, no artigo Picking Projects For Profitability da revista PM Network de dezembro de 2009:

1. Definição adequada e precisa do escopo;

2. Boa definição e priorização das razões para se fazer o projeto;

3. Entendimento dos riscos potenciais que podem afetar o projeto;

4. Um bom plano de gerenciamento desses riscos;

5. Projeto adequado para medir a performance, durante o andamento do

projeto, de cada um dos indicadores associados aos objetivos;

6. A confecção de um plano de execução logo após a definição da estratégia

do projeto;

7. Início imediato da execução de um plano de recuperação quando

detectados desvios do realizado em comparação com o projetado;

8. Incorporação rápida de cada mudança aprovada de escopo;

9. Relatórios de status periódicos adaptados aos interesses dos interessados

no projeto.

Com relação às causas de fracasso, Crawford (2001) diz que o gestor de projetos que for incumbido de gerenciar um projeto sem nenhuma

Page 41: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

41

metodologia, procedimento e processos formais para apoiá-lo terá grandes problemas para manter o projeto sob controle. Algumas das outras razões pelas quais um projeto pode falhar incluem:

• Gestores de projetos que não têm uma visão corporativa de planejamento,

controle, habilidades e ferramentas para o gerenciamento de projetos

muitas vezes não conseguem visualizar o contexto no qual seus projetos

estão inseridos, não conseguindo priorizar os recursos de acordo com as

necessidades corporativas;

• Planos de recuperação dificilmente podem ser implantados a tempo em

projetos que não são ativamente acompanhados e gerenciados durante

sua execução;

• Falha no treinamento dos gestores de projetos. Muitas organizações

simplesmente promovem técnicos competentes para o cargo de gestor

quando, na realidade, deveriam possibilitar entendimento e

desenvolvimento das habilidades necessárias no gerenciamento de

projetos, antes da promoção;

• Falta de apoio da alta administração para os gestores de projetos. Existe

(Crawford apud Roberts & Furlonger, 2008) uma alta correlação entre a

falta de um patrocínio e apoio formal da alta administração e a falha em

projetos;

• As organizações muitas vezes não possuem um único responsável pelo

gerenciamento de projetos, desta forma, não existe um “culpado” na alta

administração para as falhas em gerenciamento de projetos.

3.3 - A Gestão de Projetos

Apesar de, como foi mencionado na introdução, as pessoas estarem

rotineiramente envolvidas em projetos desde os primórdios da civilização, a

natureza destes projetos mudou (Nicholas, 1990). Os projetos modernos

envolvem grande complexidade técnica e requerem uma alta diversidade de

habilidades. Para lidar com esta nova e complexa natureza das atividades

ligadas aos projetos modernos e com a incerteza inerente a essa

complexidade, novas formas de gestão se desenvolveram. A moderna

administração, ou gestão, de projetos é uma delas.

Page 42: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

42

O gerenciamento de projetos, como uma área distinta de prática

gerencial, é relativamente novo e seus métodos não são muito conhecidos por

grande parte dos gerentes (Nicholas, 1990). Seu inicio data da década de 50,

com os militares americanos, mas somente no final dos anos 80 começou a se

espalhar fora da esfera militar.

A gestão de projetos provê a empresa com ferramentas poderosas que

melhoram a habilidade da organização para planejar, organizar, executar e

controlar as atividades de maneira a conseguir atingir os resultados esperados

dentro do prazo e custo previstos, mesmo em projetos de grande complexidade

(Meredith & Mantel, 1985).

Gerenciamento de Projetos pode ser definido também como sendo a

aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas nas

atividades do projeto de forma a atingir os resultados necessários. Lewis (2000)

coloca que o gerenciamento de projetos consiste no planejamento,

programação e controle das atividades que precisam ser executadas para que

os objetivos do projeto sejam atingidos.

Rad & Raghavan (2000), acentuam a importância dos processos no

gerenciamento de projetos dizendo que, no passado, o foco da gestão de

projetos estava em alocar pessoal competente para assegurar o sucesso do

projeto. Apesar de essa abordagem ser necessária, o pensamento atual diz

que procedimentos, processos, políticas e ferramentas mais formalizadas são

vitais para o planejamento e gerenciamento de projetos. A elaboração dos

processos de gerenciamento de projetos é crucial para a boa gestão dos

mesmos. Crawford (2000b) diz que a grande maioria dos fracassos em gestão

de projetos se deve a falta de processos ou processos mal formulados.

Page 43: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

43

CONCLUSÃO

No presente trabalho relatou-se o atual quadro da educação no Brasil,

bem como sua relação com a Tecnologia da Informação e as novas

tendências. Nesse contexto, as diversas ações (governo, educador, educando

e propriamente o modelo) precisam de um gerenciamento eficaz. O moderno

gerenciamento de projetos com todas as partes integrantes é um instrumento

utilizado com muita frequência para esse fim. O modelo existente, porém,

precisa passar por constantes aperfeiçoamentos, ser moldado para a realidade

local, porém sem perder sua essência e principalente: ser contínuo.

Pode-se perceber que o modelo educacional emergente gera impactos

sobre a dimensão pedagógica da área de Tecnologia da Informação a partir de

formas decorrentes de uma nova configuração social ampla. Isso indica a

necessidade de se reconhecer como exigência de política formadora que as

profissões da área de Tecnologia da Informação permaneçam reconhecidas,

como instituições sociais, na condição de soluções das carências de uso e

aplicação da informação.

A aceitação do formador (professor, coletivo docente etc.) em dar

relevância também a um fator essencial que é o patrocinador da existência de

um campo de trabalho, isto é, mais que as características indicadas acima o

que interessa, em última instância, é poder ter-se a clareza de que está

instalada uma carência social em torno de uma determinada resposta

especializada.

A capacitação, em paralelo à formação técnica e cientifica de egressos

com competência política, que leve ao confronto, num primeiro estágio, e a um

diálogo, num segundo momento, em torno de uma visão global da área, como

um processo, portanto, sendo ela permanentemente reconfigurada e incorpada

a um gerenciamento de projetos eficaz.

A Gestão de Projetos compreende o hoje e projeta o amanhã como

configurações novas, determinadas pelo movimento tecnológico e social.

Page 44: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

44

BIBLIOGRAFIA

Andrade, Dalton F. & Valle, Raquel C. (1998). Introdução à Teoria da Resposta ao Item. São aulo, Estudos em Avaliação Educacional, 18, pp. 13-32.

Antunes, Ana Lúcia; Xavier, Edir P. C. & Freitas, Maria A. de. (1992). Avaliação do rendimento do aluno da escola estadual de Minas Gerais: o CBA. São Paulo, Estudos em Avaliação Educacional, 6, pp. 29-42.

ANPED — Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (1999). A Avaliação da pós-graduação em debate. São Paulo: ANPED.

ANPED — Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (2005). 40 Anos da Pós-Graduação em Educação. Revista Brasileira de Educação. São Paulo: ANPED/Autores Associados.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto (1995). Resultados do SAEB 1995: a escola que os alunos freqüentam. Brasília: MEC.

BRASIL. Ministério da Educação (1996). Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras — PAIUB. Avaliação: Revista da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior,1, 1, pp. 43-68.

BRASIL. Ministério da Educação (2002). Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica: SAEB. In BRASIL. Ministério da Educação, Textos divulgados para a imprensa: coletânea 1966 — 2001. Brasília: MEC/INEP, pp. 133-155.

Castro, Cláudio de M. & Sanguinetty, Jorge A. (1977). Custos e determinantes da educação na América Latina: resultados preliminares. Rio de Janeiro: INTED.

CEARÁ (2009). Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica — SPAECE. Fortaleza: Secretaria de Estado da Educação.

Esposito, Yara L. (coord.); SÃO PAULO (Estado) & Secretaria da Educação (2000). Sistema de avaliação de rendimento escolar do Estado de São Paulo — SARESP 98: conhecendo os resultados da avaliação. São Paulo: SEE/FDE.

Fletcher, Philip R. (1991). Avaliação do perfil cognitivo da população brasileira. São Paulo, Estudos em Avaliação Educacional, 4, pp. 27-64.

Fletcher, Philip R. (1995). Propósitos da avaliação educacional: uma análise de alternativas. S. Paulo, Estudos em Avaliação Educacional, 11, pp. 93-112.

Fontanive, Nilma S. & Klein, Ruben (2000). Uma visão sobre o sistema de avaliação da educação básica do Brasil — SAEB. Rio de Janeiro, Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 29, 8, pp. 409-439.

Franco, Creso (2001). O SAEB — sistema de avaliação da educação básica: potencialidades, problemas e desafios. Revista Brasileira de Educação, 17, pp. 127-133.

Fundação Carlos Chagas (1981). Educação e desenvolvimento social. 4v. São Paulo: FCC/DPE.

Fundação Getúlio Vargas (1970). Testes e medidas na educação. Rio de Janeiro: FGV.

Gatti, Bernardete A. (1992). Avaliação da jornada única em São Paulo. Estudos em Avaliação Educacional, 5, pp. 85-90.

Page 45: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

45

Gatti, Bernardete A. (1996). Desenvolvimento de projetos de avaliação do sistema educacional no Estado de São Paulo. Estudos em Avaliação Edu-cacional, 13, pp. 19-26.

Mondel, Lúcia M. & Maluf, Mônica M. B. (1994). Avaliação dos Rendimentos de Alunos das Escolas Padrão. Estudos em Avaliação Educacional, 10, pp. 103-122.

Neubauer, Rose; Davis, Cláudia & Espósito, Yara L. (1996). Avaliação do processo de inovações no ciclo básico e seu impacto sobre a situação de ensino-aprendizagem na Região Metropolitana de São Paulo. Estudos em Avaliação Educacional, 13, pp.35-64.

Pestana, Maria Inês G. S. (1999). O Sistema de avaliação brasileiro. Brasília, Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 191, 79, pp. 65-73.

SEEPR — PARANÁ. Secretaria da Educação. Coordenação de Informações Educacionais (2001). Cadernos Ava. Curitiba: SEEPR.

SEESP — SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação (1996). Sistema de avaliação de rendimento escolar do Estado de São Paulo — SARESP: relatório final dos resultados da 1ª aplicação. São Paulo: SEE.

SEESP — SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação (1998). Sistema de avaliação de rendimento escolar do estado de São Paulo — SARESP. São Paulo: SEE/FDE.

Souza, Maria Alba de (1999). A Experiência de Avaliação Educacional em Minas Gerais: 1992-1998. Estudos em Avaliação Educacional, 19, pp. 57-76.

Universidade Federal do Ceará (1988). Edurural 1981-1985: avaliação da educação básica no nordeste brasileiro. (7 v.). Fortaleza: UFC/FCC/DPE.

Vianna, Heraldo M. (1988). Avaliação do Rendimento de Alunos de Escolas de 1º grau da Rede Pública: uma aplicação experimental em 10 cidades. Educação e Seleção, 17, pp. 5-52.

Vianna, Heraldo M. (1989a). Avaliação do Rendimento de Alunos de Escolas de 1º grau da Rede Pública: um estudo em 39 cidades. Educação e Seleção, 20, pp. 5-56.

Vianna, Heraldo M. (1989b). Avaliação do Rendimento de Alunos de Escolas do 1º Grau da Rede Pública: um estudo em 20 cidades. Educação e Seleção, 19, pp. 33-98.

Vianna, Heraldo M. & Gatti, Bernardete A. (1988). Avaliação do Rendimento de alunos das 2ªs e 4ªs séries de Escolas Oficiais do Estado do Paraná. Educação e Seleção, 18, pp. 5-62.

BAUDRILLARD, J. A Sociedade do Consumo. Rio de Janeiro: Elfos, 1995.

BAUMANN, Z. Desafios Educacionais da Modernidade Líquida. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 148, p. 41-58, jan./mar. 2002.

BOURDIEU, P. O Poder Simbolico. Lisboa: DIFEL, 1989.

CASTELLS, M. A Era da Informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

Page 46: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

46

DEBORD, G. A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

DIAS, E. W. O Específico da Ciência da Informação. In: AQUINO, M. de A. (Org.). O Campo da Ciência da Informação: gênese, conexões e especificidades. João Pessoa: Ed. Universitária, 2002. P. 87-99.

DREIFUSS, R. A Época das Perplexidades; Mundialização, Globalização e Planetarização: novos Desafios. Petrópolis: Vozes, 1996.

DUPAS, G. Ética e Poder na Sociedade da Informação: de como a autonomia das novas tecnologias obriga a rever o mito do progresso. 2. ed. rev. ampl. São Paulo: UNESP, 2001.

DWYER, T. Inteligência Artificial, Tecnologias Informacionais e seus Impactos sobre as Ciências Sociais. Sociologias, Porto Alegre, v. 3, n. 5, p. 58-79, jan./jun. 2001.

ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

GOGUELIN, Pierre. Lê Formation continue des adultes. 4. ed. Paris: PUF, 1994.

HABERMAS, J. Teoria de la acción comunicativa: racionalidad de la acción y racionalización social. Madrid: Taurus, 1999.

IANNI, O. Teorias da Globalização. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

KEY, W. B. A Era da Manipulação. São Paulo: Scritta, 1993.

LEÃO, E. C. A Sociedade do Conhecimento: passes e impasses. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 152, p. 11-20, jan./mar. 2003.

MORAES, M. C. O Paradigma Educacional Emergente. 9. ed. Campinas: Papirus, 2003.

MOSCOVICI, S. Representações Sociais: investigações em Psicologia Social. Petrópolis: Vozes, 2003.

MUCHELLI, Roger. Le Travail em equipe: connaissance du probléme. Paris: E. S. F., 1992. RESPOSTA para Tudo. Superinteressante, São Paulo, n. 201, p. 54-63, jun., 2004.

ARCHIBALD, Russel D. Managing High-Tecnology Programs And Projects, 2ª Ed. New York: John Wily & Sons Inc., 1992

CRAWFORD, J. Kent. (2000a) Making a Place for Success, Project Management Best Pratices Report, Junho de 2000., 2000a

NICHOLAS, John M. Managing Business and Engineering Projects: concepts and implementation, Nova Jersey, Prentice-Hall, 1990

DINSMORE, Paul C. Sixteen Reason Not To Implement a Project Office, PM Network, Fevereiro de 2002.

FRAME, J. Davidson. Managing Projects In Organizations ver. Ed., São Francisco,. Jossey-Bass inc., 1995

LEWIS, James P. The Project Manager´s Desk Reference, 2ª Ed., Boston, MacGraw-Hill, 2000.

Page 47: A GESTÃO DE PROJETOS NO MODELO EDUCACIONAL … · disponíveis em tecnologia web, e-learning, pedagogia e psicologia comportamental. Somente entendendo todo esse conjunto de técnicas

47

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

Avaliação dos Sistemas Educacionais no Brasil 10

1.1 - Uma análise do sistema educacional 10

1.2 - Avaliações em larga escala na educação básica: ensino fundamental

e médio

11

1.3 - Implantação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica 15

1.4 - O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica — SAEB 17

1.5 - Iniciativas Regionais 19

CAPÍTULO II 24

A configuração da Sociedade nos dias recentes 24

2.1 - Conceitos 24

2.2 - Paradigma Educacional Emergente 26

2.3 - Área de Tecnologia da Informação 30

2.4 - Dimensão Pedagógica 31

2.5 - Desafios do paradigma educacional emergente para a dimensão

pedagógica da Tecnologia da Informação

35

CAPÍTULO III 39

Projeto - Definição e Características 39

3.1 - Conceitos 39

3.2 - Fatores Críticos: Sucesso e Fracasso de Projetos 40

3.3 - A Gestão de Projetos 41

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA 44

ÍNDICE 47