A água é finita naincremento da matéria orgânica, com o melhor aproveitamento dos fertilizantes...

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ITEMRepresas, como a de Sobradinho, associadas aos perímetros irrigados, sãoimportantes investimentos públicos, para fazer florescer retornos para a sociedade,a exemplo da agricultura irrigada no Pólo Petrolina/Juazeiro (PE/BA). As racionaisconservação e utilização da água requerem a permanente revitalização das baciashidrográficas, principalmente pela prática de uma agricultura sustentável, com ocontrole da erosão e maior recarga dos aqüíferos subterrâneos. A regularização devazão passa pela necessidade de investimentos nessa agricultura conservacionista,seja ela irrigada ou de sequeiro, aliando-a à construção de barragens, com os devidoscuidados socioambientais, para evitar o assoreamento das mesmas e garantir aqualidade da água e a maior perenidade dos recursos hídricos. Uma visão holísticaque se fortalece cada vez mais no alvorecer do século XXI. (Foto da EmbrapaSemi-Árido, que mostra a tomada d'água para o Perímetro Irrigado Nilo Coelho)

A água é finita naA água é finita naA água é finita naA água é finita naA água é finita naagragragragragriculturiculturiculturiculturicultura irra irra irra irra irrigada?igada?igada?igada?igada?qualidade aos lençóis freáticos ou à atmosfera. Aoretirar a água, torna-se imperativo revitalizá-la apartir dos nascedouros, cuidando-se de toda a baciahidrográfica. Assim, é legítimo argumentar sobre odesenvolvimento dessa agricultura depuradora econservadora, que enriquece o ciclo hidrológico,minimizando situações de água finita.

No cerne dessa questão, está a evolução daagricultura irrigada, com base no pioneirismo e noexemplo marcante de muitos produtores, no desen-volvimento dos equipamentos de irrigação, já lo-grado pelas indústrias, e no esforço da Pesquisa eDesenvolvimento (P&D), que está sendo empreen-dido pelas universidades e centros de pesquisas.

Esta edição da ITEM procura suprir os leitorescom as mais variadas entrevistas e artigos técnicos,facilitando-lhes o entendimento do agronegócio naagricultura irrigada, com especial ênfase na fruti-cultura, tema que enseja muitas edições.

Fazer com que programas como o Profrutaaconteçam de forma próspera e sustentável passa,obrigatoriamente, pela capacidade de resposta dairrigação e drenagem, aguçando o corpo científicoda Embrapa, do CNPq, das universidades, dos ins-titutos e das empresas de P&D dos Estados, dasorganizações privadas, para se irmanarem nessadesafiante empreitada de fazer da fruticultura irri-gada um grande negócio brasileiro.

ertamente, esta é uma questão provocativa,que enseja reflexões. Entender e praticar a indisso-ciabilidade água-solo-planta, com foco no uso com-petitivo da água e na preservação dos recursos natu-rais, serão motivos dos eventos conjuntos a seremrealizados de 27 a 31 de agosto de 2001, no Centro deConvenções de Fortaleza/CE. A mobilização em fa-vor do XI Congresso Nacional de Irrigação e Drena-gem e da 4a Conferência Inter-regional sobre Água eMeio Ambiente, com o concurso de organismos in-ternacionais, como a International Commission onIrrigation and Drainage (ICID) e a InternationalCommission of Agricultural Engineering (CIGR),irmanadas que são da Associação Brasileira de Irri-gação e Drenagem (ABID) e da Sociedade Brasileirade Engenharia Agrícola (SBEA), está ensejando umacrescente, positiva e alviçareira movimentação detoda a comunidade voltada para a gestão sustentáveldos recursos hídricos.

Um tema muito especial para o estado do Ceará,cujo governo tem muito a oferecer de experiênciase exemplos, incluindo-se aí a Secretaria de Estadoda Agricultura Irrigada.

A água é finita de forma pontual, quando falta natorneira, no bebedouro, ou na irrigação, para pro-duzir alimentos. Essa situação perversa, de confli-tos e miséria, muitas vezes é decorrente da falta derecursos para fazê-la chegar na quantidade e naqualidade que se demanda em cada região ou emcada ponto. Esse tema, especialmente caro para asociedade, motivou a parceria APDC-ABID, ense-jando reflexões sobre a capacidade de o homemsuperar obstáculos e conseguir o manejo sustentá-vel das bacias hidrográficas.

No sistema Plantio Direto de ponta, em culturastemporárias ou permanentes, em sequeiro ou sobirrigação, constatam-se um perfeito controle daerosão e uma melhor estruturação física e químicados solos, com melhor infiltração das águas e recargados mananciais. Disso resulta também a maiorprodução de biomassa e conseqüentemente maiorcapacidade de evapotranspiração, inspirando in-clusive a reutilização da água, devolvendo-a com

C

Helvecio Mattana Saturnino

EDITOR

E-MAIL: [email protected]

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CARTAS“Como um dos fundadores da ABID e um dos pionei-

ros do ensino e da pesquisa em irrigação e drenagemneste país, fiquei emocionado com o renascimento danossa revista ITEM. Aos responsáveis por esse renascer, osnossos efusivos parabéns e a nossa gratidão (...).” –EVANDRO FERRAZ DUARTEEVANDRO FERRAZ DUARTEEVANDRO FERRAZ DUARTEEVANDRO FERRAZ DUARTEEVANDRO FERRAZ DUARTE (sócio titular da ABID, consul-tor autônomo e engenheiro agrônomo aposentado da UFRRJ,Rio de Janeiro).

“Foi uma agradável surpresa o recebimento da revista,após anos sem a sua edição. Material técnico de grandeimportância e indicador de pesquisa e de tecnologias naárea de irrigação e orientação de material e equipamentosproduzidos para o setor”. – LUIZ CARLOS PEREIRA DALUIZ CARLOS PEREIRA DALUIZ CARLOS PEREIRA DALUIZ CARLOS PEREIRA DALUIZ CARLOS PEREIRA DASILVASILVASILVASILVASILVA (engenheiro agrônomo, Juazeiro/BA).

“Gostaria de dar meus parabéns a todos os colabora-dores da Item, pelo belíssimo e muito bem elaboradorenascimento da gloriosa ITEM! Foi com muita satisfaçãoque li a edição do último trimestre de 2000 dedicada aocafé! Foi e será uma honra para a Valmont continuarparticipando desse nobre empreendimento! No dia 19 deoutubro de 2000, na reunião da Câmara Setorial de Equi-pamentos de Irrigação, na sede da Abimaq, informamos atodos os associados da revista e passamos o formulário decadastramento da ABID (...). Parabéns pelo belo trabalho!Cordialmente”, – BERNHARD KIEPBERNHARD KIEPBERNHARD KIEPBERNHARD KIEPBERNHARD KIEP (Valmont Indústria eComércio Ltda, Uberaba/MG) [email protected].

“Parabenizamo-lhe pelo brilhante trabalho da revistaITEM sobre a cafeicultura irrigada. Há muito tempo, nãorecebíamos um trabalho tão bem feito, em todos os seusaspectos: apresentação, material, fotos, matérias, reporta-gens, informações técnicas. Enfim, um excelente trabalho.Estenda nossos cumprimentos aos demais integrantes ecolaboradores da revista. Abraços e sucesso, em nome dacafeicultura do Cerrado (...).” – AGUINALDO JOSÉ DE LIMAAGUINALDO JOSÉ DE LIMAAGUINALDO JOSÉ DE LIMAAGUINALDO JOSÉ DE LIMAAGUINALDO JOSÉ DE LIMA(presidente da Acarpa/Caccer, Patrocínio, Minas Gerais).

“A representação da Organização das Nações Unidaspara a Agricultura e a Alimentação – FAO, no Brasil, agra-dece o recebimento da publicação da ABID.” – JACQUESJACQUESJACQUESJACQUESJACQUESDIOUFDIOUFDIOUFDIOUFDIOUF (Diretor-geral da FAO, Brasília/DF).

“Seria interessante que as diretorias regionais da ABIDfossem reativadas. Colocamo-nos à disposição para tocar-mos a diretoria do Paraná.” – JADIR APARECIDO ROSAJADIR APARECIDO ROSAJADIR APARECIDO ROSAJADIR APARECIDO ROSAJADIR APARECIDO ROSA(engenheiro agrônomo, Iapar, Ponta Grossa/PR).

“Ao mesmo tempo que queremos parabenizá-lo peloexcelente artigo sobre cafeicultura irrigada na revista ITEM,aproveitamos o ensejo para convidá-lo a visitar nosso site.”– ENG. CARLOS DE MELLOENG. CARLOS DE MELLOENG. CARLOS DE MELLOENG. CARLOS DE MELLOENG. CARLOS DE MELLO (Soil Control – São Paulo).

“Sou engenheiro agrônomo, especializado em irriga-ção e drenagem. E gostaria de me cadastrar no ABID epassar a receber a excelente revista ITEM. Desejo sucessonessa nova fase da ABID.” – OTÁVIO CÂNDIDO RAMALHOOTÁVIO CÂNDIDO RAMALHOOTÁVIO CÂNDIDO RAMALHOOTÁVIO CÂNDIDO RAMALHOOTÁVIO CÂNDIDO RAMALHONETONETONETONETONETO (Cohidro – Consultoria Estudos e Projetos Ltda. – Rio deJaneiro).

“Gostaria de receber mais informações a respeito doCongresso Nacional de Irrigação e Drenagem.” – CARLOSCARLOSCARLOSCARLOSCARLOSROGÉRIO DE MELLOROGÉRIO DE MELLOROGÉRIO DE MELLOROGÉRIO DE MELLOROGÉRIO DE MELLO (engenheiro agrônomo, MSc. Irriga-

leitoresção e Drenagem, DS em curso Solos e Nutrição de Plantas,Ufla, Lavras/MG).

“Através de um amigo, fiquei sabendo sobre a voltadesta conceituada revista em irrigação e drenagem. Gos-taria de saber maiores informações, no sentido de metornar assinante. Sou estudante de pós-graduação emirrigação e drenagem.” – ARIOVALDO ANTÔNIO TADEUARIOVALDO ANTÔNIO TADEUARIOVALDO ANTÔNIO TADEUARIOVALDO ANTÔNIO TADEUARIOVALDO ANTÔNIO TADEULEITELEITELEITELEITELEITE (USP/São Paulo).

“Viemos agradecer a doação e parabenizar a retoma-da da publicação da revista ITEM. Informamos que esta éde grande importância para os usuários de nossa bibliote-ca setorial.” – GISELE APARECIDA ZUTIN CASTELANIGISELE APARECIDA ZUTIN CASTELANIGISELE APARECIDA ZUTIN CASTELANIGISELE APARECIDA ZUTIN CASTELANIGISELE APARECIDA ZUTIN CASTELANI(Universidade Federal de São Carlos, Centro de Ciências Agrá-rias, Biblioteca Setorial, Araras, São Paulo).

“Venho solicitar esclarecimentos quanto à assinaturada revista ITEM. Recebi um exemplar no Simpósio de Pes-quisas Cafeeiras de Poços de Caldas. Achei a revista demuitíssimo bom gosto, com temas atuais e artigos exce-lentes, feitos com base em experimentos dos maisrenomados pesquisadores da área.” – MARCELO DEMARCELO DEMARCELO DEMARCELO DEMARCELO DEFIGUEIREDO E SILVAFIGUEIREDO E SILVAFIGUEIREDO E SILVAFIGUEIREDO E SILVAFIGUEIREDO E SILVA (Franca/SP).

“Quero parabenizá-los pelo nível, pela clareza, pelostemas abordados e pela objetividade da revista. Continu-em sempre assim.” – TORRES DEBS PROCÓPIOTORRES DEBS PROCÓPIOTORRES DEBS PROCÓPIOTORRES DEBS PROCÓPIOTORRES DEBS PROCÓPIO ([email protected]).

“Parabéns pela volta.” – NEY SILVEIRA GOMESNEY SILVEIRA GOMESNEY SILVEIRA GOMESNEY SILVEIRA GOMESNEY SILVEIRA GOMES (CasaGaúcha Agropecuária, Bagé/RS).

“A revista ITEM é de grande valor informativo. Serve-nos para a tomada de decisões, bem como orienta produ-tores rurais da região, que atualmente enfrentam proble-mas de gestão de recursos hídricos no Norte do EspíritoSanto (...).” – EDSON RAMOS DA SILVAEDSON RAMOS DA SILVAEDSON RAMOS DA SILVAEDSON RAMOS DA SILVAEDSON RAMOS DA SILVA (engenheiro agrô-nomo, Secretaria Municipal de Agricultura, São Mateus/ES).

“Quando conheci a revista ITEM, interessei-me pelamesma em vista da qualidade e do conteúdo dos temasabordados” (...). – SÉRGIO RICARDO SILVASÉRGIO RICARDO SILVASÉRGIO RICARDO SILVASÉRGIO RICARDO SILVASÉRGIO RICARDO SILVA (doutorandoem Solos e Nutrição de Plantas, Universidade Federal deViçosa/MG).

“A Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimen-to de Uberaba/MG, através do Sistema de InformaçõesAgropecuário, solicita a continuidade de vossa parceria,nos prestigiando com esse intercâmbio” (...). – ANTÔNIOANTÔNIOANTÔNIOANTÔNIOANTÔNIODE BASTOS GARCIADE BASTOS GARCIADE BASTOS GARCIADE BASTOS GARCIADE BASTOS GARCIA (Secretário Municipal de Agricultura eAbastecimento de Uberaba/MG).

“Gostaria de agradecer a atenção e o envio do exem-plar da revista ITEM. Observei com detalhes a perfeição eo excelente trabalho que está sendo desenvolvido (...).” –CLÁUDIA DOMINGUESCLÁUDIA DOMINGUESCLÁUDIA DOMINGUESCLÁUDIA DOMINGUESCLÁUDIA DOMINGUES (Cia. Eletroquímica Jaraguá/SP).

“Gostaria de parabenizá-los pela retomada da ABID epela volta do Congresso Nacional de Irrigação e Drena-gem (...). – LEONARDO DUARTE BATISTA DA SILVALEONARDO DUARTE BATISTA DA SILVALEONARDO DUARTE BATISTA DA SILVALEONARDO DUARTE BATISTA DA SILVALEONARDO DUARTE BATISTA DA SILVA (en-genheiro agrícola, doutorando em irrigação e drenagem,Esalq/USP).

A ITEM recebeu muitas mensagens e recadastra-A ITEM recebeu muitas mensagens e recadastra-A ITEM recebeu muitas mensagens e recadastra-A ITEM recebeu muitas mensagens e recadastra-A ITEM recebeu muitas mensagens e recadastra-mentos. Entre eles, vale destacar a de vários profis-mentos. Entre eles, vale destacar a de vários profis-mentos. Entre eles, vale destacar a de vários profis-mentos. Entre eles, vale destacar a de vários profis-mentos. Entre eles, vale destacar a de vários profis-sionais com uma longa folha de serviços no setorsionais com uma longa folha de serviços no setorsionais com uma longa folha de serviços no setorsionais com uma longa folha de serviços no setorsionais com uma longa folha de serviços no setorprivado, privado, privado, privado, privado, que queremos simbolizar naque queremos simbolizar naque queremos simbolizar naque queremos simbolizar naque queremos simbolizar na do engenheiro do engenheiro do engenheiro do engenheiro do engenheiroagrônomo Wilson Araújo, da área de fertilizantes.agrônomo Wilson Araújo, da área de fertilizantes.agrônomo Wilson Araújo, da área de fertilizantes.agrônomo Wilson Araújo, da área de fertilizantes.agrônomo Wilson Araújo, da área de fertilizantes.

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Mensagem conjuntados presidentes da

APDC e ABID

água é nosso bem comum e precisamostê-la em quantidade e qualidade. Assim, somoslevados a raciocinar em termos da montante e dajusante do que estamos explorando, em sequeiroou sob irrigação, em cada bacia hidrográfica. Agestão dos recursos hídricos e o uso competitivoda água são de implicações locais, regionais,nacionais e internacionais, exigindo um prontoenvolvimento de todos nós. Para perseguir efortalecer mecanismos de interlocução e coope-ração entre nossas associações, ensejando a uniãode todos, celebramos o contrato de parceria entrea APDC e a ABID, procurando marcar a virada doséculo com ações de retomada da ABID.

O desenvolvimento da agricultura irrigadasignifica capital intensivo, com menores riscosclimáticos, maior quantidade e qualidade na pro-dução, constância de oferta e uma atenção muitoespecial para o mercado. Significa juntar compe-tências e desejos de realizações para ser compe-titivo em uma complexa cadeia produtiva, commuitos desafios, principalmente o econômico efinanceiro, requerendo muita articulação de es-forços, muita profissionalização, um ordenado epersistente programa de P&D, com permanentetroca de experiências e difusão de conhecimento.

O Plantio Direto é potencialmente aplicávelem todas as atividades agropecuárias e está aoalcance de todos os produtores. Seus princípios,como o de caminhar para intervenção zero nosolo, ou para o menor revolvimento possíveldeste, protegendo-o ao longo do ano com cober-tura vegetal, já se consagrou como um sistema detrabalho em harmonia com a natureza, propici-ando a vida desses solos com a manutenção e oincremento da matéria orgânica, com o melhoraproveitamento dos fertilizantes e a reciclagemde nutrientes, com o controle da erosão e melhorinfiltração das águas, favorecendo o manejo raci-onal das bacias hidrográficas, seja na agriculturairrigada, seja na de sequeiro.

O desafio, principalmente nos trópicos, é o dedesenvolver esse sistema Plantio Direto, culturapor cultura, nos mais diversos ecossistemas, con-servando-se os recursos naturais, racionalizan-do-se o uso da água, articulando-se programas deP&D que persigam uma forte integração tecnoló-gica entre os setores público e privado, canali-zando-se esses esforços em favor da prosperida-de dos produtores, colocando-os na condição deauferir renda, praticando uma agricultura sus-tentável, com benefícios para toda a sociedade.

As mudanças são cada vez mais rápidas, pro-vocando novos comportamentos no campo. Coma abertura comercial, o Brasil já conta com o quehá de melhor no mundo em termos de equipa-mentos e empresas de irrigação. Há muito desen-

volvimento e muitos desafios a serem enfrenta-dos. Há também muito espaço a ocupar. Estima-se que o país tenha de 30 a 50 milhões de hectarescom aptidão para irrigação. Mas ainda não ocupa3 milhões, enquanto os americanos irrigam 30milhões de hectares.

A irrigação pode ser um fantástico empreendi-mento, gerador de muitos empregos, desde que seconsigam implementar negócios que premiem aquem produz. Está aí o grande desafio, que é o deatrair investidores e competência técnica e empre-sarial para a prosperidade da agricultura irrigada.Para isso, o principal atrativo é a perspectiva deuma boa comercialização e de bons retornos.

Mesmo diante desse desafio, que precisa serequacionado na esfera macroeconômica, existeoutra importante demanda na virada deste sécu-lo, que é o de melhorar o manejo da irrigação,racionalizando o uso da água. Conhecer e colocarem prática quando e quanto aplicar de água emcada fase da cultura e em cada ecossistema,entender que nesse manejo a água pode serveículo de fertilizantes e outros insumos, com aperspectiva de racionalizar o trabalho e reduzircustos e usar a água com a preservação dosrecursos naturais, são fatores que requerem umaforte integração de esforços em favor do desen-volvimento tecnológico.

Acompanhar essas necessidades e evoluções,reconhecer que a irrigação e a drenagem podemser necessárias em qualquer ponto do país e queo Plantio Direto é um potente sistema que seespalhou por todo o Brasil na década 90, são fatosque nos levam a essa união de esforços, para umamaior prosperidade da ABID e da APDC nessavirada do século e do milênio.

A ABID está mobilizada, celebrando parceri-as e convocando a todos para o XI CONIRD -Congresso Nacional de Irrigação e Drenagemque acontecerá de 27 a 31/08/2001, em Fortale-za. Assim, nada mais auspicioso que concluiressa mensagem com esse convite.

A

Ivan Pupo LauandosPRESIDENTE DA ABID

Helvecio Mattana Saturnino

PRESIDENTE DA APDCEXECUTADOR DO CONTRATO APDC-ABID

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CONSELHO EDITORIAL:ALBERTO DUQUE PORTUGAL

ESTEVES PEDRO COLNAGOFERNANDO ANTÔNIO RODRIGUEZ

HELVECIO MATTANA SATURNINOJORGE KHOURY

JOSÉ CARLOS CARVALHOLUIS CARLOS HEINZE

RÔMULO DE MACEDO VIEIRASALASSIER BERNARDO

COMITÊ EXECUTIVO EDITORIAL:ANTÔNIO A. SOARES; DEVANIR GARCIA DOS SANTOS;FRANCISCO DE SOUZA; GENOVEVA RUISDIAS;HELVECIO MATTANA SATURNINO; PAULO ROBERTO COELHO LOPES

EDITOR: HELVECIO MATTANA SATURNINO

E-MAIL: [email protected] ou [email protected]

JORNALISTA RESPONSÁVEL: GENOVEVA RUISDIAS

(MTB MG 01630 JP). E-MAIL: [email protected]

AUTORIA DOS ARTIGOS TÉCNICOS: CARLOS REISSER JÚNIOR, CARLOSWELLINGTON F. SANTOS, DEMÉTRIOS CHRISTOFIDIS, EVERARDO

CHARTUNI MANTOVANI, FLÁVIO HERTER, JOSÉ MARIA PINTO, LUIMARJOSÉ TOZETTO, MAURÍCIO BONATTO ALVES DE SOUSA, UBIRAJARA

GOMES.

ENTREVISTAS TÉCNICAS: AIRSON BEZERRA LÓCIO, ANTÔNIO TOLEDO,AFONSO HAMM, ANDRÊS TRONCOSO VILAS, CARLOS ANTÔNIO LANDIPEREIRA, CLÁUDIO FURTADO SOARES, ELIAS TEIXEIRA PIRES, IVONEIABADE BRITO JOÃO PEREIRA, EVALDO VILELA, JOSÉ EDUARDO FIATES,JOSÉ FERNANDO DA S. BROTAS, JOSÉ MARIA ALVES DA SILVA, JOSÉROBERTO RODRIGUES PERES, JUAQUIM NAKA, LUCIANO SARTORI,MARCOS BOTTON, MARIA DA CONCEIÇÃO YOUNG PESSOA, MARIZA LUZ

BARBOSA, MOACYR SARAIVA FERNANDES, NUNO CASASSANTA, PAULOPIAU, PEDRO JAIME CARVALHO GENÚ, ROBERTO AMARAL, UMBERTO

CAMARGO, YUGI YAMADA.

INFORMES TÉCNICOS PUBLICITÁRIOS: CARBORUNDUM.

REVISÃO: MARLENE A. RIBEIRO GOMIDE E ROSELY A. R. BATTISTA.

FOTOGRAFIAS: ARQUIVOS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE MINASGERAIS, CARBORUNDUM, CODEVASF, EMBRAPA, EVERARDO CHARTUNI

MANTOVANI, GENOVEVA RUISDIAS, GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ,HELVECIO MATTANA SATURNINO, JOSÉ MARIA ALVES DA SILVA,MAURÍCIO ALMEIDA, MAURÍCIO BONATTO ALVES DE SOUSA, SECRETA-RIA DE AGRICULTURA IRRIGADA DO CEARÁ, SECRETARIA DE RECURSOS

HÍDRICOS DO CEARÁ.

PUBLICIDADE: ABID, E-MAIL: [email protected], FAX (61)274.7245.

PROGRAMAÇÃO VISUAL, ARTE E EDITORAÇÃO GRÁFICA: DESIGN GRÁFICOCOMUNICAÇÃO (RUA CÔNEGO JOÃO PIO, 150, BAIRRO MANGABEIRAS,BELO HORIZONTE, MG, FONE: (31) 3284.0712 E FONE-FAX: (31)3225.5065.

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TIRAGEM: 6.000 EXEMPLARES

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SCLRN 712, BLOCO C - 18, BRASÍLIA, DF, CEP: 70.760-533.

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PREÇO DO NÚMERO AVULSO DA REVISTA: R$ 6,00 (SEIS REAIS) E R$5,00 (CINCO REAIS) PARA AQUISIÇÃO DE MAIS DE 10 EXEMPLARES.

MANTENHA SEU CADASTRO ATUALIZADO JUNTO À ABID E ASSINE A ITEM,RECEBENDO-A EM SEU ENDEREÇO, POR R$ 25,00/ANO.

OBSERVAÇÕES: OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DESEUS AUTORES, NÃO TRADUZINDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DAABID. A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL PODE SER FEITA, DESDE QUECITADA A FONTE.

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ESSE TRABALHO SÓ SE VIABILIZOU GRAÇAS À ABNEGAÇÃO DE MUITOSPROFISSIONAIS E AO APOIO DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS.

LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:

Os recursos hídricos e a prática dairrigação no Brasil e no mundo, de

Demetrios Christofidis - Página 8

Fertirrigação em fruticultura irrigada, deJosé Maria Pinto - Página 14

O XI CONIRD – Congresso Nacional deIrrigação e Drenagem e o tema: “o uso

competitivo da água e esstratégias deconservação de recursos naturais”, emdiscussão no evento conjunto com a 4th

IRCEW – 4th Inter-Regional Conference onEnvironment-Water, em Fortaleza, de 27 a

31 de agosto. Página 24

Aspersão convencional subcopa comutilização de mangueiras flexíveis para

melhoria do manejo e da uniformidade deirrigação de fruteiras, de Everardo

Chartuni Mantovani e Maurício BonattoAlves de Sousa - Página 26

Conheça o programa de desenvolvimentoda fruticultura brasileira

O governo federal identificou a fruticulturacomo um setor que pode aumentar a

rentabilidade e o nível de empregabilidadenacional, além de trazer divisas para o país.Até 2003, serão inúmeras as metas a serem

atingidas para melhorar a qualidade e acompetitividade das frutas nacionais.

Página 29

Um panorama dos 30 pólos frutícolas do país

Com o objetivo de reunir informações sobreos pontos críticos que afetam a produção e ocomércio das frutas brasileiras, técnicos do

Ministério da Agricultura e doAbastecimento elaboraram um mapa do

Brasil, identificando os 30 principais pólosde produção do setor. Página 30

A Embrapa está desenvolvendo um

projeto estratégico de tecnologia defruticultura irrigada voltado para o

Nordeste do Brasil – Página 32

IRRIGAÇÃO & TECNOLOGIA MODERNAITEMITEM

REVISTA TRIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

IRRIGAÇÃO E DRENAGEM – ABID

Nº 49 - 1ºTRIMESTRE DE 2001

ISSN 0101-115X.

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Produção Integrada de Frutas, como forma de manter acompetitividade da fruticultura brasileira

O mercado consumidor de frutas está exigindo, cada vez mais,alimentos denominados “limpos”. Saiba o que se está fazendo,para que os fruticultores nacionais consigam produzir frutas,com os padrões exigidos internacionalmente. Página 40

Empresas incubadas e produção de mudas

As empresas incubadas estão sendo apontadas como solução paraa produção de mudas sadias, essenciais para a seqüência dotrabalho dos viveiristas e a garantia do processo de produção defrutas de qualidade. Página 44

Como andam as pesquisas em busca da produçãoeconomicamente viável da uva sem semente no Brasil - Página 48

Informe Técnico Publicitário da Carborundum (Irrigaçãolocalizada, novo sistema móvel de filtragem) - Página 49

Produtores do Norte de Minas falam sobre suas experiências

Três produtores mostram o começo de tudo, como estãodesenvolvendo a produção da banana e o que estão fazendo paracomercializá-la. Página 52

Situação da cultura da banana no Vale do São Francisco, deCarlos Wellington F. Santos, Luimar José Tozetto e UbirajaraGomes – Página 61

O empresário Elias Teixeira Pires mostra porque escolheu o Jaíbapara desenvolver projetos de fruticultura irrigada – Página 64

Jaíba, celeiro da fruticultura irrigada no novo milênio – Página 67

Uma avaliação macroeconômica da fruticultura irrigada dopaís com o pró-reitor da Universidade Federal de Viçosa,professor José Maria Alves da Silva – Página 72

A necessidade da irrigação na produção de frutas perenes naMetade Sul do Rio Grande do Sul, de Carlos Reisser Júnior eFlávio Gilberto Herter – Página 75

Consórcios podem ser a solução para a exportação de frutasnacionais, com Moacyr Saraiva Fernandes, do InstitutoBrasileiro de Frutas – Página 78

Navegando na Internet – Página 82

Classificados

Ao lado do consultor do CNPq, DídioGazzinelli, o gerente do Profruta e assessordo MA, Afonso Hamm, visita um canteirode produção de mudas de videiras, noNorte de Minas.

No Norte de Minas, o japonês YugiYamada tornou-se o maior produtor debananas para o mercado interno.

Alvo depolêmica, oProjeto Jaíbatoma novosrumos a partirdesse ano,com ofuncionamentoefetivo de suasegunda etapa.

A Embrapaestáorganizandotodainformaçãosobretecnologiairrigada paraa região dosemi-árido,um projetoestratégicopara oNordeste.

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8 ITEM • Nº 49 • 1º trimestre 2001

PRÁTICA DA IRRIGAÇÃONO MUNDO

A superfície irrigada no mundo é citada pelaFAO (1998), como sendo da ordem de 267,7milhões de hectares (1997), representando 17,7%da área mundial total cultivada (que é de cerca de1,51 bilhão de hectares), com a agricultura irri-gada responsável por 40% do total das colheitasagrícolas.

As áreas irrigadas e as cultivadas no mundo enos diversos continentes indicam que na Ásiaocorre o maior índice de área irrigada em relaçãoà área cultivada. Nesta região, um terço dos solosagricultados é coberto por sistemas de irrigação,Quadro 1.

A irrigação tem papel fundamental na revolu-ção verde e na segurança alimentar mundial.Além de cerca de 275 milhões de hectares irriga-dos (estimados para o ano de 1999), existemoutros 150 milhões de hectares sob produção quesó possuem sistemas de drenagem agrícola(Malano e Hofwegen 1999).

A prática da irrigação tem evoluído pela in-tenção dos produtores em obter: maior produti-vidade, segurança de produção, antecipação desafras e obtenção de melhoria de frutos, queresultam em maior retorno financeiro ao irrigante.

DDDDDEMÉTRIOSEMÉTRIOSEMÉTRIOSEMÉTRIOSEMÉTRIOS C C C C CHRISTOFIDISHRISTOFIDISHRISTOFIDISHRISTOFIDISHRISTOFIDIS

MSC: ENGENHARIA DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM AGRÍCOLA - ESPECIALISTA EM

PLANEJAMENTO DE IRRIGAÇÃO DO INSTITUTO INTERAMERICANO PARA

COOPERAÇÃO PARA AGRICULTURA - IICA / MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO

NACIONAL/SECRETARIA DE INFRA-ESTRUTURA HÍDRICA

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA

CIVIL, RECURSOS HÍDRICOS, SANEAMENTO E IRRIGAÇÃO E DRENAGEM

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - DOUTORANDO EM MEIO AMBIENTE E

DESENVOLVIMENTO: CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - CDS

Q U A D R O 1Q U A D R O 1Q U A D R O 1Q U A D R O 1Q U A D R O 1Área irrigada e cultivada no mundo e nos diversos continentes (1997)Área irrigada e cultivada no mundo e nos diversos continentes (1997)Área irrigada e cultivada no mundo e nos diversos continentes (1997)Área irrigada e cultivada no mundo e nos diversos continentes (1997)Área irrigada e cultivada no mundo e nos diversos continentes (1997)

(AI)(AI)(AI)(AI)(AI) (AC)(AC)(AC)(AC)(AC) (AI)/(AC)(AI)/(AC)(AI)/(AC)(AI)/(AC)(AI)/(AC)ContinentesContinentesContinentesContinentesContinentes Área irrigadaÁrea irrigadaÁrea irrigadaÁrea irrigadaÁrea irrigada Área cultivadaÁrea cultivadaÁrea cultivadaÁrea cultivadaÁrea cultivada

(mil hectares) (mil hectares) (%)

Africano 12.314 199.340 6,2Americano do Norte e Central 30.552 268.265 11,4Americano do Sul 9.902 116.186 8,5Asiático (*) 187.194 557.581 33,6Europeu (*) 24.777 311.214 8,0Oceania 2.988 57.856 5,2Mundo 267.727 1.510.442 17,7

(*) Continentes conforme a divisão política que ocorria em 1997.

Os recursoshídricose a práticada irrigaçãono Brasil eno mundo

Os recursoshídricose a práticada irrigaçãono Brasil eno mundo

8 ITEM • Nº 49 • 1º trimestre 2001

FOTO MAURÍCIO ALMEIDA

Page 9: A água é finita naincremento da matéria orgânica, com o melhor aproveitamento dos fertilizantes e a reciclagem de nutrientes, com o controle da erosão e melhor infiltração das

1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 9

As áreas irrigadas, em alguns países selecio-

nados, que detêm superfícies agrícolas sob irri-

gação superiores a um milhão de hectares, indi-

cam que, especialmente nos países mais populo-

sos, a agricultura irrigada constitui-se na segu-

rança de atendimento às necessidades alimenta-

res e às taxas crescentes de consumo per capita,

Quadro 2.

Observa-se que o indicador brasileiro de rela-

ção de área irrigada/cultivada (5,8%) é um dos

mais baixos, dentre os países com mais de 1

milhão de hectares irrigados.

Para uma noção acerca do avanço e processo

de degradação das áreas irrigadas no mundo,

apresenta-se a evolução (período 1975-1997),

das áreas sob irrigação, em alguns países seleci-

onados, Quadro 3.

IRRIGAÇÃO NO BRASILDa superfície total do Brasil (854,7 milhões

de hectares), cerca de 65,5 milhões de hectares

(7,7%) estão atualmente sob a categoria de terras

aráveis e sob permanente cultivo.

A área bruta total em produção com sistemas

de irrigação e drenagem agrícola (1998) ficou

determinada em cerca de 2,87 milhões de hecta-

res. Estima-se que a área irrigada brasileira, em

efetiva produção, no final do ano de 1999,

situava-se em torno de 2.950.230 hectares, Qua-

dro 4.

Analisando-se a situação da década de 70,

em relação aos demais países sul-americanos e

ao mundo, verifica-se que o Brasil fez progres-

sos no desenvolvimento do subsetor de irriga-

ção, expandindo sua área irrigada em 80 mil ha/

ano e a uma taxa de 110 mil ha/ano, na década

de 80. Nos anos 90, o crescimento foi reduzido,

pois muitos sistemas alcançaram os limites de

sua vida útil, algumas áreas passaram ou estão

em fase de reabilitação por degradação dos

solos e as indefinições das políticas econômica

e agrícola, afetaram a decisão de muitos

irrigantes, quanto a efetuar o plantio e efetiva

produção, Figura 1.

Estima-se que, da área coberta com infra-

estrutura de irrigação e drenagem, em 1999,

cerca de 150 mil hectares ficaram sem plantio

(cultivos temporários).

Outras áreas salinizadas, no semi-árido,

estão em recuperação: dentre os projetos do

Departamento Nacional de Obras Contra as

Secas (DNOCS) havia, em 1999, cerca de 1.654

hectares tidos como área salinizada e outros

1.113 hectares com tendência à salinização.

QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2Área cultivada e irrigada em países selecionadosÁrea cultivada e irrigada em países selecionadosÁrea cultivada e irrigada em países selecionadosÁrea cultivada e irrigada em países selecionadosÁrea cultivada e irrigada em países selecionados

(AC)(AC)(AC)(AC)(AC) (AI)(AI)(AI)(AI)(AI) (AI)/(AC)(AI)/(AC)(AI)/(AC)(AI)/(AC)(AI)/(AC)PaísesPaísesPaísesPaísesPaíses Á r e aÁ r e aÁ r e aÁ r e aÁ r e a Á r e aÁ r e aÁ r e aÁ r e aÁ r e a

cultivadacultivadacultivadacultivadacultivada irrigadairrigadairrigadairrigadairrigada(1.000 ha) (1.000 ha) (%)

África do Sul 16.300 1.270 7,8

Egito 3.300 3.300 100,0

Madagáscar 3.108 1.090 35,0

Marrocos 9.595 1.251 13,0

Sudão 16.900 1.950 11,5

Estados Unidos 179.000 21.400 12,0

México 27.300 6.500 23,8

Argentina 27.200 1.700 6,2

Brasil (**) 47.900 2.765 5,8

Chile 2.297 1.270 55,0

Colômbia 4.430 1.061 24,0

Peru 4.200 1.760 41,9

Afeganistão 8.054 2.800 34,8

Arábia Saudita 3.830 1.620 42,3

Azerbajão 1.935 1.455 75,2

Bangladesh 8.241 3.693 44,8

Casaquistão 30.135 2.149 7,1

China 135.365 51.819 38,2

Coréia DPR 2.000 1.460 73,0

Coréia REP 1.924 1.163 60,

Filipinas 9.520 1.550 16,3

Índia 169.850 57.000 33,6

Indonésia 30.987 4.815 15,5

Irã 19.400 7.265 37,4

Iraque 5.540 3.525 63,6

Japão 4.295 2.701 62,8

Kirgistão 1.425 1.074 75,4

Myanmar 10.151 1.556 15,3

Paquistão 21.600 17.580 81,0

Tailândia 20.445 5.010 24,0

Turquia 29.162 4.200 14,4

Turquemistão 2.000 1.800 90,0

Uzbequistão 4.850 4.281 88,0

Vietnã 7.202 2.300 31,9

Espanha 19.164 3.603 18,8

França 19.468 1.670 8,6

Grécia 3.915 1.385 35,4

Itália 10.927 2.698 24,7

Romênia 9.900 3.089 31,2

Rússia FED 127.962 4.990 4,0

Ucrânia 34.081 2.466 7,2

Austrália 53.100 2.700 5,1

(*) FAO (1998)(**) Apesar de deter uma superfície com infra-estrutura de

irrigação e drenagem da ordem de 3.169.000 hectares,somente 2.765.000 hectares estavam em efetiva produçãosob irrigação, em 1997 (Christofidis, 1999).

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Q U A D R O 3Q U A D R O 3Q U A D R O 3Q U A D R O 3Q U A D R O 3Evolução da área irrigada no mundo, nos continentes e nos países selecionados: período 1975 a 1997Evolução da área irrigada no mundo, nos continentes e nos países selecionados: período 1975 a 1997Evolução da área irrigada no mundo, nos continentes e nos países selecionados: período 1975 a 1997Evolução da área irrigada no mundo, nos continentes e nos países selecionados: período 1975 a 1997Evolução da área irrigada no mundo, nos continentes e nos países selecionados: período 1975 a 1997

(1.000 hectares)

PaísesPaísesPaísesPaísesPaíses 1 9 7 51 9 7 51 9 7 51 9 7 51 9 7 5 1 9 8 01 9 8 01 9 8 01 9 8 01 9 8 0 1 9 8 51 9 8 51 9 8 51 9 8 51 9 8 5 1989/911989/911989/911989/911989/91 1 9 9 51 9 9 51 9 9 51 9 9 51 9 9 5 1 9 9 61 9 9 61 9 9 61 9 9 61 9 9 6 1 9 9 71 9 9 71 9 9 71 9 9 71 9 9 7

Mundial (*) 189.245 210.975 225.399 242.207 260.083 264.117 267.727África 9.488 9.999 10.740 11.077 12.254 12.263 12.314África do Sul 1.017 1.128 1.128 1.290 1.270 1.270 1.270Egito 2.825 2.445 2.497 2.620 3.283 3.266 3.300Madagáscar – – – – – – – – – 1.000 1.087 1.087 1.090Marrocos 1.060 1.127 1.245 1.258 1.258 1.258 1.251Sudão – – – – – – – – – 1.946 1.946 1.946 1.950América do Norte e Central 22.823 27.687 27.592 28.974 30.152 30.152 30.552Estados Unidos 16.690 20.582 19.831 20.800 21.400 21.400 21.400México 4.479 4.980 5.285 5.600 6.100 6.100 6.500América do Sul 6.320 7.202 7.949 8.640 9.841 9.852 9.902Argentina 1.440 1.580 1.620 1.676 1.700 1.700 1.700Brasil (**) 1.100 1.600 2.100 2.650 2.650 2.661 ** 2.765 **Chile 1.242 1.255 1.257 1.265 1.265 1.265 1.270Colômbia – – – – – – – – – 673 1.037 1.051 1.061Peru 1.130 1.160 1.210 1.416 1.753 1.753 1.760Ásia 121.746 132.449 141.198 153.970 179.906 184.046 187.194Afeganistão 2.430 2.505 2.586 2.933 2.800 2.800 2.800Arábia Saudita – – – – – – – – – 1.583 1.620 1.620 1.620Arzebajão – – – – – – – – – – – – 1.453 1.453 1.455Bangladesh 1.441 1.569 2.073 2.900 3.429 3.553 3.693Casaquistão – – – – – – – – – – – – 2.380 2.213 2.149China 42.668 45.317 44.461 47.232 49.857 50.961 51.819Coréia DPR 900 1.120 1.270 1.420 1.460 1.460 1.460Coréia REP 1.277 1.307 1.325 1.344 1.206 1.176 1.163Filipinas 1.040 1.219 1.440 1.546 1.550 1.550 1.550Índia 33.730 38.478 41.779 45.809 53.000 55.000 57.000Indonésia 4.825 4.818 7.059 4.409 4.687 4.760 4.815Irã 5.900 4.948 5.740 7.000 7.264 7.265 7.265Iraque 1.587 1.750 1.750 3.200 3.525 3.525 3.525Japão 3.171 3.055 2.952 2.846 2.745 2.724 2.701Kirgistão – – – – – – – – – – – – 1.077 1.074 1.074Myanmar – – – – – – – – – 1.008 1.555 1.557 1.556Paquistão 13.630 14.680 15.760 16.860 17.200 17.580 17.580Síria – – – – – – – – – 717 1.089 1.127 1.168Tailândia 2.419 3.015 3.822 4.248 4.642 5.004 5.010Turmequistão – – – – – – – – – – – – 1.750 1.800 1.800Turquia – – – – – – – – – 3.866 4.186 4.200 4.200Uzbequistão – – – – – – – – – – – – 4.281 4.281 4.281Vietnã 1.000 1.542 1.770 1.840 2.000 2.200 2.300Europa 12.732 14.467 16.012 16.571 25.142 24.916 24.777Bulgária 1.128 1.197 1.229 1.251 800 800 800Espanha 2.818 3.029 3.217 3.387 3.527 3.603 3.603França 805 900 1.050 1.300 1.630 1.650 1.670Grécia 875 961 1.099 1.200 1.328 1.364 1.385Itália 2.720 2.870 3.000 2.615 2.698 2.698 2.698Romênia 1.474 2.301 2.956 3.124 3.110 3.096 3.089Rússia – – – – – – – – – – – – 5.362 5.108 4.990Ucrânia – – – – – – – – – – – – 2.585 2.517 2.466Oceania 1.620 1.684 1.957 2.174 2.788 2.888 2.988Austrália 1.469 1.500 1.700 1.892 2.500 2.600 2.700

(*) FAO (1998)(**) Apesar de deter uma superfície com infra-estrutura de irrigação e drenagem da ordem de 3.169.000 hectares, somente 2.765.000

hectares estavam em efetiva produção sob irrigação, em 1997 (Christofidis, 1999).

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Informações da Companhia de Desenvolvimen-

to do Vale do São Francisco (Codevasf) apresen-

tam a área de 1.640 hectares salinizada em fase

de recuperação. Estima-se que o total de área

salinizada no semi-árido nordestino seja de 15

mil hectares.

Em face da magnitude do potencial brasileiroem solos aptos para irrigação, da ordem de 29,6milhões de hectares (Christofidis, 1999) e, consi-

derando a intensidade dos problemas de secasque têm atingido as regiões Nordeste, Sudeste eSul, nos últimos anos, causando a importação de

alimentos, o desemprego e os problemas sociais,ambientais e econômicos, verifica-se que há es-paço para uma importante ação governamental

de incitação ao setor privado na adoção da práti-ca da irrigação.

Os cenários de desenvolvimento da agricul-tura irrigada indicam que grande parte da expan-

são da irrigação em todo o país, acima de 90%,ocorrerá devido aos interesses da iniciativa par-ticular, motivada pelo setor público para expan-

dir a área sob irrigação, em especial os solos

aptos, a jusante dos grandes reservatórios, junto

Q U A D R O 4Q U A D R O 4Q U A D R O 4Q U A D R O 4Q U A D R O 4

Evolução das áreas irrigadas no BrasilEvolução das áreas irrigadas no BrasilEvolução das áreas irrigadas no BrasilEvolução das áreas irrigadas no BrasilEvolução das áreas irrigadas no Brasil (mil hectares)

A n oA n oA n oA n oA n o 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1994 1995 1996 1997 1998 1999Área IrrigadaÁrea IrrigadaÁrea IrrigadaÁrea IrrigadaÁrea Irrigada 64 141 320 545 796 1.100 1.600 2.100 2.700 2.800 2.600 2.656 2.756 2.870 2.950

FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1Evolução das áreas irrigadas no BrasilEvolução das áreas irrigadas no BrasilEvolução das áreas irrigadas no BrasilEvolução das áreas irrigadas no BrasilEvolução das áreas irrigadas no Brasil

aos rios perenes e em áreas dotadas de infra-

estruturas, que se constituirão, devido ao apoio

governamental com infra-estrutura, em pólos de

desenvolvimento.

RECURSOS HÍDRICOS NODESENVOLVIMENTO DAIRRIGAÇÃO NO BRASIL

O volume de água derivado dos mananciais

com propósito de irrigação (1998) foi de 33,7

bilhões m³/ano, uma média anual de 11.521 m³/

ha (Christofidis, 1999). O estado do Rio Grande

do Sul (Quadro 5) apresentou, naquele ano, o uso

total de água para irrigação mais elevado, uma

vez que no referido Estado ocorre cerca de 34%

da área total irrigada do país, Figura 2.

Países que apresentam escassez de água,

dessalinização, reutilização de águas servidas

etc., usam técnicas que não apresentam signifi-

cativa aceitação no Brasil, especialmente devido

aos altos custos envolvidos, comparativamente

3 0 0 03 0 0 03 0 0 03 0 0 03 0 0 0

2 5 0 02 5 0 02 5 0 02 5 0 02 5 0 0

2 0 0 02 0 0 02 0 0 02 0 0 02 0 0 0

1 5 0 01 5 0 01 5 0 01 5 0 01 5 0 0

1 0 0 01 0 0 01 0 0 01 0 0 01 0 0 0

5 0 05 0 05 0 05 0 05 0 0

00000

1 9 5 01 9 5 01 9 5 01 9 5 01 9 5 0 5 45 45 45 45 4 5 85 85 85 85 8 6 26 26 26 26 2 6 66 66 66 66 6 7 07 07 07 07 0 7 47 47 47 47 4 7 87 87 87 87 8 8 28 28 28 28 2 8 68 68 68 68 6 9 09 09 09 09 0 9 49 49 49 49 4 9 89 89 89 89 8 9 99 99 99 99 9ANOS

ÁR

EA I

RR

IGA

DA

(mil

hect

ares

)

1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 11

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Q U A D R O 5Q U A D R O 5Q U A D R O 5Q U A D R O 5Q U A D R O 5Áreas irrigadas pelos diferentes métodos de irrigação: Brasil, Regiões e Estados (1996, 1998 e 1999Áreas irrigadas pelos diferentes métodos de irrigação: Brasil, Regiões e Estados (1996, 1998 e 1999Áreas irrigadas pelos diferentes métodos de irrigação: Brasil, Regiões e Estados (1996, 1998 e 1999Áreas irrigadas pelos diferentes métodos de irrigação: Brasil, Regiões e Estados (1996, 1998 e 1999Áreas irrigadas pelos diferentes métodos de irrigação: Brasil, Regiões e Estados (1996, 1998 e 199911111)))))

1 9 9 81 9 9 81 9 9 81 9 9 81 9 9 8Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)

S u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i e A s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã o P i v ôP i v ôP i v ôP i v ôP i v ô LocalizadaLocalizadaLocalizadaLocalizadaLocalizada TotalTotalTotalTotalTotalconvencion.convencion.convencion.convencion.convencion. CentralCentralCentralCentralCentral

1 . 7 0 7 . 8 3 11 . 7 0 7 . 8 3 11 . 7 0 7 . 8 3 11 . 7 0 7 . 8 3 11 . 7 0 7 . 8 3 1 5 0 2 . 7 4 45 0 2 . 7 4 45 0 2 . 7 4 45 0 2 . 7 4 45 0 2 . 7 4 4 5 5 0 . 2 6 25 5 0 . 2 6 25 5 0 . 2 6 25 5 0 . 2 6 25 5 0 . 2 6 2 1 8 2 . 3 0 71 8 2 . 3 0 71 8 2 . 3 0 71 8 2 . 3 0 71 8 2 . 3 0 7 2 . 8 7 0 . 2 0 42 . 8 7 0 . 2 0 42 . 8 7 0 . 2 0 42 . 8 7 0 . 2 0 42 . 8 7 0 . 2 0 48 2 . 0 7 08 2 . 0 7 08 2 . 0 7 08 2 . 0 7 08 2 . 0 7 0 3 . 5 3 03 . 5 3 03 . 5 3 03 . 5 3 03 . 5 3 0 3 9 03 9 03 9 03 9 03 9 0 6 7 06 7 06 7 06 7 06 7 0 8 6 . 6 6 08 6 . 6 6 08 6 . 6 6 08 6 . 6 6 08 6 . 6 6 0

1.780 420 - 30 2.230520 140 - - 660980 710 - 20 1.710

5.100 350 - 30 5.4806.550 150 - 150 6.8501.440 300 - 100 1.840

65.700 1.460 390 340 67.8902 3 7 . 6 5 12 3 7 . 6 5 12 3 7 . 6 5 12 3 7 . 6 5 12 3 7 . 6 5 1 1 6 8 . 1 4 61 6 8 . 1 4 61 6 8 . 1 4 61 6 8 . 1 4 61 6 8 . 1 4 6 8 3 . 7 6 28 3 . 7 6 28 3 . 7 6 28 3 . 7 6 28 3 . 7 6 2 7 8 . 7 5 17 8 . 7 5 17 8 . 7 5 17 8 . 7 5 17 8 . 7 5 1 4 9 5 . 3 7 04 9 5 . 3 7 04 9 5 . 3 7 04 9 5 . 3 7 04 9 5 . 3 7 0

23.780 11.450 2.940 6.030 44.20012.420 5.240 1.250 5.390 24.30032.028 29.122 17.502 3.748 82.40

2.903 3.454 1.765 11.658 19.7807.340 20.950 2.450 1.950 32.690

30.540 41.600 9.400 7.500 89.04081.040 450 - 360 8.950

1.320 10.400 190 13.930 25.84046.280 45.480 48.265 28.185 168.210

2 3 5 . 9 3 02 3 5 . 9 3 02 3 5 . 9 3 02 3 5 . 9 3 02 3 5 . 9 3 0 2 3 8 . 2 6 62 3 8 . 2 6 62 3 8 . 2 6 62 3 8 . 2 6 62 3 8 . 2 6 6 3 4 9 . 8 3 03 4 9 . 8 3 03 4 9 . 8 3 03 4 9 . 8 3 03 4 9 . 8 3 0 6 6 . 9 4 86 6 . 9 4 86 6 . 9 4 86 6 . 9 4 86 6 . 9 4 8 8 9 0 . 9 7 48 9 0 . 9 7 48 9 0 . 9 7 48 9 0 . 9 7 48 9 0 . 9 7 4104.470 72.450 85.420 31.060 293.400

12.180 35.300 12.100 6.194 65.77442.440 29.646 210 4.504 76.80076.840 100.870 252.100 25.190 455.000

1 . 0 9 4 . 7 2 01 . 0 9 4 . 7 2 01 . 0 9 4 . 7 2 01 . 0 9 4 . 7 2 01 . 0 9 4 . 7 2 0 5 3 . 2 2 05 3 . 2 2 05 3 . 2 2 05 3 . 2 2 05 3 . 2 2 0 2 0 . 9 7 02 0 . 9 7 02 0 . 9 7 02 0 . 9 7 02 0 . 9 7 0 2 6 . 5 3 02 6 . 5 3 02 6 . 5 3 02 6 . 5 3 02 6 . 5 3 0 1 . 1 9 5 . 4 4 01 . 1 9 5 . 4 4 01 . 1 9 5 . 4 4 01 . 1 9 5 . 4 4 01 . 1 9 5 . 4 4 021.740 11.230 20.970 8.360 62.300

112.800 17.890 - 3.650 134.340960.180 24.100 - 14.520 998.8005 7 . 4 6 05 7 . 4 6 05 7 . 4 6 05 7 . 4 6 05 7 . 4 6 0 3 9 . 5 8 23 9 . 5 8 23 9 . 5 8 23 9 . 5 8 23 9 . 5 8 2 9 5 . 3 1 09 5 . 3 1 09 5 . 3 1 09 5 . 3 1 09 5 . 3 1 0 9 . 4 0 89 . 4 0 89 . 4 0 89 . 4 0 89 . 4 0 8 2 0 1 . 7 6 02 0 1 . 7 6 02 0 1 . 7 6 02 0 1 . 7 6 02 0 1 . 7 6 041.070 3.287 12.940 4.103 61.400

3.995 2.635 3.480 2.070 12.18011.800 29.670 72.250 2.780 116.500

595 3.990 6.640 455 11.680

A n oA n oA n oA n oA n o 1 9 9 61 9 9 61 9 9 61 9 9 61 9 9 6M é t o d oM é t o d oM é t o d oM é t o d oM é t o d o Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)Região/EstadosRegião/EstadosRegião/EstadosRegião/EstadosRegião/Estados S u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i e A s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã o P i v ôP i v ôP i v ôP i v ôP i v ô LocalizadaLocalizadaLocalizadaLocalizadaLocalizada TotalTotalTotalTotalTotal

convencion.convencion.convencion.convencion.convencion. CentralCentralCentralCentralCentral

BrasilBrasilBrasilBrasilBrasil 1 . 5 7 8 . 9 6 41 . 5 7 8 . 9 6 41 . 5 7 8 . 9 6 41 . 5 7 8 . 9 6 41 . 5 7 8 . 9 6 4 4 4 4 . 4 7 04 4 4 . 4 7 04 4 4 . 4 7 04 4 4 . 4 7 04 4 4 . 4 7 0 5 1 9 . 0 9 05 1 9 . 0 9 05 1 9 . 0 9 05 1 9 . 0 9 05 1 9 . 0 9 0 1 1 7 . 7 3 01 1 7 . 7 3 01 1 7 . 7 3 01 1 7 . 7 3 01 1 7 . 7 3 0 2 . 6 6 1 . 1 5 42 . 6 6 1 . 1 5 42 . 6 6 1 . 1 5 42 . 6 6 1 . 1 5 42 . 6 6 1 . 1 5 4N o r t eN o r t eN o r t eN o r t eN o r t e 7 6 . 5 1 07 6 . 5 1 07 6 . 5 1 07 6 . 5 1 07 6 . 5 1 0 1 . 8 5 01 . 8 5 01 . 8 5 01 . 8 5 01 . 8 5 0 ----- 5 . 0 0 05 . 0 0 05 . 0 0 05 . 0 0 05 . 0 0 0 8 3 . 3 6 08 3 . 3 6 08 3 . 3 6 08 3 . 3 6 08 3 . 3 6 0Rondônia - 100 100Acre 500 100 - - 600Amazonas 700 500 - - 1.200Roraima 4.800 200 - 5.000 10.000Pará 6.260 - - - 6.260Amapá 100 - - - 100Tocantins 64.150 950 - - 65.100N o r d e s t eN o r d e s t eN o r d e s t eN o r d e s t eN o r d e s t e 1 5 6 . 2 3 41 5 6 . 2 3 41 5 6 . 2 3 41 5 6 . 2 3 41 5 6 . 2 3 4 1 4 4 . 2 2 01 4 4 . 2 2 01 4 4 . 2 2 01 4 4 . 2 2 01 4 4 . 2 2 0 7 1 . 7 6 07 1 . 7 6 07 1 . 7 6 07 1 . 7 6 07 1 . 7 6 0 5 5 . 2 2 05 5 . 2 2 05 5 . 2 2 05 5 . 2 2 05 5 . 2 2 0 4 2 8 . 3 3 44 2 8 . 3 3 44 2 8 . 3 3 44 2 8 . 3 3 44 2 8 . 3 3 4Maranhão 22.400 10.600 2.100 4.900 40.000Piauí 10.824 4.250 790 2.325 18.189Ceará 30.848 26.388 16.772 3.025 77.033Rio G. do Norte 3.090 2.734 480 8.190 14.494Paraíba 9.612 9.100 3.738 4.250 27.600Pernambuco 29.120 40.000 8.900 6.980 85.000Alagoas 7.200 300 - - 7.500Sergipe 1.080 9.758 - 7.200 18.038Bahia 42.060 41.090 38.980 18.350 140.480S u d e s t eS u d e s t eS u d e s t eS u d e s t eS u d e s t e 2 1 9 . 7 6 02 1 9 . 7 6 02 1 9 . 7 6 02 1 9 . 7 6 02 1 9 . 7 6 0 2 2 0 . 8 0 02 2 0 . 8 0 02 2 0 . 8 0 02 2 0 . 8 0 02 2 0 . 8 0 0 3 3 6 . 0 0 03 3 6 . 0 0 03 3 6 . 0 0 03 3 6 . 0 0 03 3 6 . 0 0 0 4 4 . 9 6 04 4 . 9 6 04 4 . 9 6 04 4 . 9 6 04 4 . 9 6 0 8 2 1 . 5 2 08 2 1 . 5 2 08 2 1 . 5 2 08 2 1 . 5 2 08 2 1 . 5 2 0Minas Gerais 96.000 68.400 80.000 15.620 260.020Espírito Santo 8.760 24.400 6.000 340 39.500Rio de Janeiro 40.000 28.000 - 4.000 72.000São Paulo 75.000 100.000 250.000 25.000 450.000S u lS u lS u lS u lS u l 1 . 0 7 5 . 0 0 01 . 0 7 5 . 0 0 01 . 0 7 5 . 0 0 01 . 0 7 5 . 0 0 01 . 0 7 5 . 0 0 0 4 1 . 6 0 04 1 . 6 0 04 1 . 6 0 04 1 . 6 0 04 1 . 6 0 0 2 0 . 0 0 02 0 . 0 0 02 0 . 0 0 02 0 . 0 0 02 0 . 0 0 0 1 1 . 2 0 01 1 . 2 0 01 1 . 2 0 01 1 . 2 0 01 1 . 2 0 0 1 . 1 4 7 . 8 0 01 . 1 4 7 . 8 0 01 . 1 4 7 . 8 0 01 . 1 4 7 . 8 0 01 . 1 4 7 . 8 0 0Paraná 20.000 10.000 20.000 5.000 55.000Santa Catarina 105.000 12.600 - 1.200 118.800Rio G. do Sul 950.000 19.000 - 5.000 974.000Centro-OesteCentro-OesteCentro-OesteCentro-OesteCentro-Oeste 5 1 . 4 6 05 1 . 4 6 05 1 . 4 6 05 1 . 4 6 05 1 . 4 6 0 3 6 . 0 0 03 6 . 0 0 03 6 . 0 0 03 6 . 0 0 03 6 . 0 0 0 9 1 . 3 3 09 1 . 3 3 09 1 . 3 3 09 1 . 3 3 09 1 . 3 3 0 1 . 3 5 01 . 3 5 01 . 3 5 01 . 3 5 01 . 3 5 0 1 8 0 . 1 4 01 8 0 . 1 4 01 8 0 . 1 4 01 8 0 . 1 4 01 8 0 . 1 4 0Mato G. do Sul 39.000 2.900 12.500 1.200 55.600Mato Grosso 3.000 2.100 3.000 - 8.100Goiás 9.000 27.500 70.000 - 106.500Distrito Federal 460 3.500 5.830 150 9.940

Notas: (1) Os valores de 1999 são estimados – Fonte: Christofidis, D. (1999)

R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O S U D E S T ES U D E S T ES U D E S T ES U D E S T ES U D E S T E

EstadosEstadosEstadosEstadosEstados 19961996199619961996 19971997199719971997 19981998199819981998 19991999199919991999MG 260.020 278.050 293.400 300.956ES 39.500 60.220 65.774 69.446RJ 72.000 73.280 76.800 80.200SP 450.000 452.266 455.000 468.400TotalTotalTotalTotalTotal 821.520821.520821.520821.520821.520 863.816863.816863.816863.816863.816 890.974890.974890.974890.974890.974 919.002919.002919.002919.002919.002

R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O C E N T R O - O E S T EC E N T R O - O E S T EC E N T R O - O E S T EC E N T R O - O E S T EC E N T R O - O E S T E

EstadosEstadosEstadosEstadosEstados 19961996199619961996 19971997199719971997 19981998199819981998 19991999199919991999MS 55.600 57.489 61.400 65.700MT 8.100 10.126 12.180 13.650GO 106.500 109.450 116.500 121.100DF 9.940 10.225 11.680 12.860TotalTotalTotalTotalTotal 180.140180.140180.140180.140180.140 187.290187.290187.290187.290187.290 201.760201.760201.760201.760201.760 212.510212.510212.510212.510212.510

R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O S U LS U LS U LS U LS U L

EstadosEstadosEstadosEstadosEstados 19961996199619961996 19971997199719971997 19981998199819981998 19991999199919991999PR 55.000 57.483 62.300 69.930SC 118.800 123.441 134.340 139.865RS 974.000 986.244 998.800 1.007.750TotalTotalTotalTotalTotal 1.147.8001.147.8001.147.8001.147.8001.147.800 1.167.1681.167.1681.167.1681.167.1681.167.168 1.195.4401.195.4401.195.4401.195.4401.195.440 1.217.5451.217.5451.217.5451.217.5451.217.545

12 ITEM • Nº 49 • 1º trimestre 2001

BRASILárea irrigada

em 19992.950.230 ha

FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2Evolução da área irrigada nosEvolução da área irrigada nosEvolução da área irrigada nosEvolução da área irrigada nosEvolução da área irrigada nos

estados brasileiros (períodoestados brasileiros (períodoestados brasileiros (períodoestados brasileiros (períodoestados brasileiros (período1996 a 1999)1996 a 1999)1996 a 1999)1996 a 1999)1996 a 1999)

Page 13: A água é finita naincremento da matéria orgânica, com o melhor aproveitamento dos fertilizantes e a reciclagem de nutrientes, com o controle da erosão e melhor infiltração das

1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 13

com as alternativas de água superficial e subter-rânea, e por condições culturais, mas são solu-ções que deverão ser consideradas em baciascom carência de água em nosso país no futuro.

Atualmente a água não é utilizada de formatecnológica e com adequada eficiência para irri-gação. A média observada de uso da água parairrigação, nos países em desenvolvimento, situa-se acima de 13 mil m³/ha/ano, bem superior aovalor da ordem de 7.500 m³/ha/ano, obtido atra-vés de manejo adequado nas mesmas regiões. Aseficiências na condução da água, na sua distri-buição pelos sistemas e na aplicação aos cultivos,são baixas, motivo que leva a indicar um esforçona otimização do uso da água.

Com a evolução de novos sistemas de irriga-ção, poupadores de água, ocorre uma tendência,forçada também pela escassez dos recursoshídricos e alta possibilidade de aplicação decobrança pelo uso da água, preconizada na Lei9.433, da Política Nacional de Recursos Hídricose na Lei 9.984, que criou a Agência Nacional deÁguas.

Observando-se a evolução no período 1996-1999, das áreas irrigadas pelos diferentes méto-dos de irrigação no país, regiões e nos estados, háuma clara evolução nas áreas sob irrigação poraspersão e irrigação localizada (Quadro 5). Esti-ma-se que nos próximos dez anos não só as novasáreas irrigadas utilizarão predominantemente ométodo de irrigação localizada, como tambémhaverá uma reconversão de 40% das áreas atuaissob irrigação por superfície e 30% das áreasirrigadas sob aspersão, para a irrigação localiza-da, ou seja, gotejamento e microaspersão. �

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1999 1999 1999 1999 1999 ( 1 )( 1 )( 1 )( 1 )( 1 )

Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)Área irrigada por método (ha)S u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i e A s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã o P i v ôP i v ôP i v ôP i v ôP i v ô LocalizadaLocalizadaLocalizadaLocalizadaLocalizada TotalTotalTotalTotalTotal

convencion.convencion.convencion.convencion.convencion. CentralCentralCentralCentralCentral

1 . 6 5 0 . 4 4 31 . 6 5 0 . 4 4 31 . 6 5 0 . 4 4 31 . 6 5 0 . 4 4 31 . 6 5 0 . 4 4 3 525. 506525. 506525. 506525. 506525. 506 5 6 1 . 8 4 35 6 1 . 8 4 35 6 1 . 8 4 35 6 1 . 8 4 35 6 1 . 8 4 3 2 1 2 . 1 6 82 1 2 . 1 6 82 1 2 . 1 6 82 1 2 . 1 6 82 1 2 . 1 6 8 2 . 9 5 0 . 2 3 02 . 9 5 0 . 2 3 02 . 9 5 0 . 2 3 02 . 9 5 0 . 2 3 02 . 9 5 0 . 2 3 08 2 . 3 3 08 2 . 3 3 08 2 . 3 3 08 2 . 3 3 08 2 . 3 3 0 3 . 2 5 03 . 2 5 03 . 2 5 03 . 2 5 03 . 2 5 0 3 9 03 9 03 9 03 9 03 9 0 2 . 1 1 02 . 1 1 02 . 1 1 02 . 1 1 02 . 1 1 0 8 8 . 3 5 08 8 . 3 5 08 8 . 3 5 08 8 . 3 5 08 8 . 3 5 0

1.820 420 — 170 2.410520 140 — 20 680

1.000 700 — 120 1.8205.100 350 - 210 5.6606.550 150 — 280 6.9801.440 300 — 170 1.910

65.900 1.460 390 1.140 68.8901 6 6 . 7 1 91 6 6 . 7 1 91 6 6 . 7 1 91 6 6 . 7 1 91 6 6 . 7 1 9 1 7 7 . 0 7 01 7 7 . 0 7 01 7 7 . 0 7 01 7 7 . 0 7 01 7 7 . 0 7 0 8 4 . 5 7 78 4 . 5 7 78 4 . 5 7 78 4 . 5 7 78 4 . 5 7 7 8 4 . 4 5 78 4 . 4 5 78 4 . 4 5 78 4 . 4 5 78 4 . 4 5 7 5 1 2 . 8 2 35 1 2 . 8 2 35 1 2 . 8 2 35 1 2 . 8 2 35 1 2 . 8 2 3

24.751 11.490 3.240 6.262 45.74312.000 6.340 1.250 6.010 25.60032.028 30.222 17.502 4.748 84.500

2.900 3.402 1.700 13.148 21.1507.100 21.210 2.450 1.990 32.750

31.640 42.200 9.400 7.740 90.9808.140 450 — 370 8.9601.380 10.540 190 14.300 26.410

46.780 51.216 48.845 29.889 176.7302 3 8 . 0 0 92 3 8 . 0 0 92 3 8 . 0 0 92 3 8 . 0 0 92 3 8 . 0 0 9 2 4 6 . 1 3 52 4 6 . 1 3 52 4 6 . 1 3 52 4 6 . 1 3 52 4 6 . 1 3 5 3 5 4 . 5 8 03 5 4 . 5 8 03 5 4 . 5 8 03 5 4 . 5 8 03 5 4 . 5 8 0 8 0 . 2 7 88 0 . 2 7 88 0 . 2 7 88 0 . 2 7 88 0 . 2 7 8 9 1 9 . 0 0 29 1 9 . 0 0 29 1 9 . 0 0 29 1 9 . 0 0 29 1 9 . 0 0 2104.881 73.535 87.950 34.590 300.956

12.200 36.950 12.060 8.236 69.44643.108 31.440 210 5.442 80.20077.820 104.210 254.360 32.010 468.400

1 . 1 0 3 . 7 5 51 . 1 0 3 . 7 5 51 . 1 0 3 . 7 5 51 . 1 0 3 . 7 5 51 . 1 0 3 . 7 5 5 5 7 . 2 9 55 7 . 2 9 55 7 . 2 9 55 7 . 2 9 55 7 . 2 9 5 2 3 . 4 4 32 3 . 4 4 32 3 . 4 4 32 3 . 4 4 32 3 . 4 4 3 3 3 . 0 5 23 3 . 0 5 23 3 . 0 5 23 3 . 0 5 23 3 . 0 5 2 1 . 2 1 7 . 5 4 51 . 2 1 7 . 5 4 51 . 2 1 7 . 5 4 51 . 2 1 7 . 5 4 51 . 2 1 7 . 5 4 523.225 12.200 23.160 11.344 69.930

114.890 19.445 283 5.248 139.865956.640 25.650 — 16.460 1.007.7505 9 . 6 3 05 9 . 6 3 05 9 . 6 3 05 9 . 6 3 05 9 . 6 3 0 4 1 . 7 5 64 1 . 7 5 64 1 . 7 5 64 1 . 7 5 64 1 . 7 5 6 9 8 . 8 5 39 8 . 8 5 39 8 . 8 5 39 8 . 8 5 39 8 . 8 5 3 1 2 . 2 7 11 2 . 2 7 11 2 . 2 7 11 2 . 2 7 11 2 . 2 7 1 2 1 2 . 5 1 02 1 2 . 5 1 02 1 2 . 5 1 02 1 2 . 5 1 02 1 2 . 5 1 042.950 3.925 13.828 4.997 65.700

4.108 2.780 3.795 2.967 13.60012.105 30.800 74.430 3.765 121.100

467 4.251 6.800 542 12.060

R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O N O R D E S T EN O R D E S T EN O R D E S T EN O R D E S T EN O R D E S T E

EstadosEstadosEstadosEstadosEstados 19961996199619961996 19971997199719971997 19981998199819981998 19991999199919991999MA 40.000 42.000 44.000 45.743PI 18.190 20.500 24.300 25.600CE 77.030 78.600 82.400 84.500RN 14.490 17.280 19.780 21.150PB 27.600 29.830 32.690 32.750PE 85.000 86.950 89.000 90.980AL 7.500 7.940 8.950 8.960SE 18.040 21.300 25.840 26.410BA 140.610 151.420 168.210 176.730TotalTotalTotalTotalTotal 428.460428.460428.460428.460428.460 455.820455.820455.820455.820455.820 495.370495.370495.370495.370495.370 512.823512.823512.823512.823512.823

R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O R E G I Ã O N O R T EN O R T EN O R T EN O R T EN O R T E

EstadosEstadosEstadosEstadosEstados 19961996199619961996 19971997199719971997 19981998199819981998 19991999199919991999RO 100 1.280 2.230 2.410AC 600 600 660 680AM 1.200 1.250 1.710 1.820RR 5.000 5.200 5.480 5.660PA 6.260 6.320 6.850 6.980AP 100 1.000 1.840 1.910TO 65.100 66.200 67.890 68.890TotalTotalTotalTotalTotal 78.36078.36078.36078.36078.360 81.85081.85081.85081.85081.850 86.66086.66086.66086.66086.660 88.35088.35088.35088.35088.350

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Fertirrigaçãoem fruticultura

irrigada

JJJJJOSÉOSÉOSÉOSÉOSÉ M M M M MARIAARIAARIAARIAARIA P P P P PINTOINTOINTOINTOINTO

ENGº. AGRÍCOLA, D.SC, PESQUISADOR EMBRAPA SEMI-ÁRIDO

VANTVANTVANTVANTVANTAAAAAGENS E LIMITGENS E LIMITGENS E LIMITGENS E LIMITGENS E LIMITAÇÕESAÇÕESAÇÕESAÇÕESAÇÕESDA FERDA FERDA FERDA FERDA FERTIRRIGAÇÃOTIRRIGAÇÃOTIRRIGAÇÃOTIRRIGAÇÃOTIRRIGAÇÃO

Teoricamente, qualquer método de irrigaçãopode ser utilizado para condução e aplicação deprodutos químicos junto com a água. Porém, auniformidade de distribuição nos sistemas deirrigação (aspersão e localizada – gotejamento emicroaspersão), que conduzem água em tubula-ções fechadas e pressurizadas é a mais adequadapara o uso dessa prática. Dependendo do sistemade irrigação e dos cuidados em realizar a fertir-rigação, diferentes vantagens podem ser obtidasem relação aos métodos convencionais de aplica-ção dos adubos, como:• maior aproveitamento do equipamento de irri-

gação, condicionando maior rentabilidade emelhor uso do capital investido;

• aplicação dos nutrientes no momento e naquantidade exatos requeridos pelas plantas;

• menor necessidade de mão-de-obra, para sefazerem as adubações, pois aproveita pratica-mente o mesmo trabalho requerido para sefazerem as irrigações;

• menor compactação com redução de tráfego demáquinas dentro da área, como acontece nosmétodos tradicionais de adubação;

• menores danos físicos às culturas, evitandoderrubadas das flores, de frutos e dos galhosdas plantas, o que reduz a incidência e a propa-gação das pragas e doenças;

• melhor aplicação de micronutrientes: na adu-bação, em pequenas dosagens por área, dificil-mente se consegue, por métodos manuais, umaboa uniformidade de distribuição do adubo, oque se consegue facilmente com a fertirriga-ção;

• possibilidade de uso em diferentes sistemas deirrigação;

A irrigação teve avanço considerável nas últimasdécadas, tanto no que diz respeito ao aprimoramento de

novos métodos de levar água ao solo e às culturas,quanto no incremento de novas áreas irrigadas. Dentre

as vantagens da irrigação, está aquela que possibilitautilizar este próprio sistema como meio condutor e

distribuidor de produtos químicos, como fertilizantes,inseticidas, herbicidas, nematicidas, reguladores de

crescimento, simultaneamente com a água de irrigação.Esta prática é conhecida, atualmente, como “quimigação”.

Embora o termo quimigação seja relativamente novo, aidéia de utilizar o sistema de irrigação como condutor de

agroquímicos já vem desde o início dos anos 40. Essatécnica vêm sendo aprimorada ano a ano, e empregada

nos países que utilizam a irrigação mais tecnificada,como os Estados Unidos, Israel , Espanha.

A fertirrigação, aplicação de fertilizantes via água deirrigação, é o mais eficiente meio de fertilização e

combina dois principais fatores essenciais nocrescimento e desenvolvimento das plantas: água e

nutrientes. Aproximadamente, 4,3 milhões de hectaressão cultivados nos Estados Unidos utilizando essa prática.

O crescimento anual da fertirrigação naquele país estáem torno de 8% a 9%, o que mostra sua importância nos

cultivos irrigados.

Embora a fertirrigação apresente vantagens, no Brasil,existe uma carência de informações sobre período de

aplicação, freqüência, doses e tipos de fertilizantes para amaioria das culturas irrigadas.

No sentido de gerar tecnologias para áreas irrigadas, aEmbrapa Semi-Árido vem desenvolvendo pesquisas, que

visam solucionar os problemas e definir os critériostécnicos da aplicação de fertilizantes através de sistemas

de irrigação.

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• aumento de produtividade e de qualidade co-mercial dos produtos;

• boa uniformidade de distribuição dos adubos nosolo, caso haja também boa uniformidade dedistribuição de água pelo sistema de irrigação;

• redução da contaminação do meio ambiente,como conseqüência do melhor aproveitamen-to, pelas plantas, dos nutrientes móveis no solo,quando aplicados via água de irrigação locali-zada.

LIMITLIMITLIMITLIMITLIMITAÇÕES DAAÇÕES DAAÇÕES DAAÇÕES DAAÇÕES DAFERFERFERFERFERTIRRIGAÇÃOTIRRIGAÇÃOTIRRIGAÇÃOTIRRIGAÇÃOTIRRIGAÇÃO

Alguns contrafeitos que por ventura surjam,dá-se em razão de não serem observados osaspectos técnicos relacionados com a nutrição deplantas, com a química e com a física de solo, coma fisiologia vegetal, com a água, com o clima ecom a própria prática da irrigação. Existem limi-tações no emprego da fertirrigação, tais como:• necessidade de conhecimentos técnicos dos

adubos e cálculos das dosagens;• necessidade de pessoal treinado para o manu-

seio dos adubos e injetores;• danos ambientais com a contaminação de fon-

tes de água;• problemas de corrosão aos equipamentos de

irrigação, de toxidez ao agricultor, de toxidadee de queima das folhagens das plantas;

• custo inicial oneroso do sistema de irrigação;• aumento nas perdas de carga no sistema de

irrigação.

FATORES QUE AFETAM AFERTIRRIGAÇÃO

Para se ter uma fertirrigação adequada, al-guns fatores relacionados a seguir, devem serconsiderados e devidamente analisados, poden-do ter maior ou menor importância, dependendode cada uso:• adubos utilizados na fertirrigação;• nutrição das plantas;• tipo de solo;• qualidade da água de irrigação;• classificação das plantas;• tipo de injetor utilizado no sistema de irrigação.

Outros fatores como compatibilidade entre osprodutos, posição do injetor no sistema, concen-tração, taxa de injeção, parcelamento, tempo deaplicação, quantidade e uniformidade de aplica-ção dos produtos na água de irrigação, também

devem ser analisados. Há, ainda, aqueles que afetam a relação custo/

benefício, os relacionados com a corrosão dos pro-dutos e com a contaminação do meio ambiente.

FATORES RELACIONADOSCOM OS ADUBOS UTILIZADOSNA FERTIRRIGAÇÃO

Já é conhecido que, em relação às culturas,uma fonte de nutriente não é melhor que outra,porém as diferentes características peculiares decada produto levam às diferenças que justificammelhor o uso de determinado produto em detri-mento de outros. A exemplo disso, tem-se o casodo nitrogênio (N), que apresenta boa solubilida-de em água, do efeito sobre o pH do solo, daforma do N no produto e da possibilidade decontaminação do meio ambiente. Isso podecondicionar várias opções de escolha de diferen-tes fontes desse elemento. Como existem diferen-tes fontes de fertilizantes, que podem ser utiliza-das na fertirrigação, cada produto deve ser esco-lhido de acordo com a função do sistema deirrigação, com a cultura a ser fertirrigada, com otipo de solo, com a solubilidade de cada produtona água de irrigação e, principalmente, com oseu custo.

Os fertilizantes com possibilidade de uso nafertirrigação são classificados em três grupos:a) líquidos, comercializados na forma de solução

pronta, para ser usada sem tratamento prévio;b) sólidos, facilmente solúveis, que devem ser

dissolvidos antes de ser utilizados;c) de baixa solubilidade, que não são recomenda-

dos para uso.Os fertilizantes ricos em nitrogênio, potássio

e micronutrientes são na sua maioria solúveis emágua e não apresentam problemas de uso. Já osfertilizantes fosforados, por serem na sua maio-ria insolúveis em água e apresentarem disponibi-lidade lenta, quando aplicados no solo, são maisproblemáticos para serem utilizados via fertirri-gação. Embora existam alguns fertilizantesfosforados solúveis, como o fosfato de amônio,alguns apresentam perigo de ser utilizados emágua de irrigação com elevado teor em cálcio, poispodem sofrer precipitação, como fosfato de cálcioque é insolúvel, levando a obstruções de tubula-ções e de emissores do sistema de irrigação.

A aplicação de produtos contendo cálcio deveser evitada em razão de este produto poder trazerriscos com a formação de precipitados. O uso decálcio deverá apenas se restringir aos solos muitoácidos e com alto teor em sódio. O nitrato de

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cálcio como fonte de cálcio é o adubo maissolúvel em água e, por isso, o mais recomendado.Pode-se também usar o cloreto de cálcio comofonte desse elemento.

Alguns fertilizantes injetados no sistema deirrigação podem-se precipitar, caso a concentra-ção de cálcio seja superior a 6,0 meq/L As con-centrações de bicarbonatos acima de 5,0 meq/Lprovocam problemas ainda mais graves.

A aplicação da amônia anidra não é recomen-dada, devido à possibilidade de aumento dosníveis de pH da água de irrigação.

Quando o pH da água for maior que 7,5, o Cae Mg podem se acumular nos filtros, nas lateraise nos emissores do sistema de irrigação. Issoacontecendo, há riscos de obstrução das tubula-ções e dos emissores, principalmente quando ovalor de saturação do carbonato de cálcio formaior que 0,5 e a concentração da solução formaior que 300 meq/l.

FATORES QUE CONTRIBUEMPARA A EFICIÊNCIA DAFERTIRRIGAÇÃO

Compatibilidade entre os produtosutilizados na fertirrigação

Nem todos os fertilizantes são mutuamentecompatíveis e podem ser aplicados juntos viaágua de irrigação (Quadro 1). A mistura de sulfa-to de amônia e cloreto de potássio reduz signifi-cativamente a solubilidade do fertilizante no tan-que. A aplicação de cálcio na água rica em bicar-bonato forma precipitados de gesso que leva àobstrução dos emissores do sistema de irrigaçãoe dos filtros. A injeção do cloreto de potássioaumenta a salinidade da água de irrigação e podecausar problema de intoxicação nas culturas.

A compatibilidade entre os adubos e entreestes e os íons presentes na água de irrigação é

outro fator de importância. O ânion sulfato éincompatível com o cálcio e os fosfatos com ocálcio e magnésio. Para facilitar a escolha deprodutos que podem ser misturados para aplica-ção via fertirrigação, veja tabelas que facilitam asdecisões, apresentadas no Quadro 1.

Parcelamento dos produtos naágua de irrigação

Há um consenso em que para solos de texturaarenosa e sujeitos a chuvas de alta intensidade, oparcelamento sendo maior permite o controle demenos risco de perda dos adubos, devido àlixiviação, pois as quantidades aplicadas por vezserão menores e haverá maior eficiência nos adu-bos e segurança no uso da fertirrigação.

Uniformidade de distribuição dasolução na água de irrigação

A uniformidade de distribuição do produto naágua e/ou no solo está diretamente relacionadacom a própria uniformidade de distribuição deágua pelo sistema de irrigação. Sistemas de irriga-ção que não apresentam boa uniformidade dedistribuição de água, diretamente não apresentamboa uniformidade de distribuição da solução.

Corrosão dos produtosutilizados na fertirrigação

Os problemas de corrosão tanto do injetorquanto do sistema de irrigação constituem aspec-to que merece ser avaliado na fertirrigação, poiso custo dos instrumentos é relativamente alto e ouso de determinado produto pode reduzir a vidaútil destes instrumentos e inviabilizar sua prática(Quadro 2). Cada tipo de material apresentamaior ou menor capacidade de sofrer corrosão,dependendo do tipo de material utilizado paraconfecção do equipamento e do produto utilizadona quimigação.

QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1 – Compatibilidade entre fertilizantes solúveis na água de irrigação – Compatibilidade entre fertilizantes solúveis na água de irrigação – Compatibilidade entre fertilizantes solúveis na água de irrigação – Compatibilidade entre fertilizantes solúveis na água de irrigação – Compatibilidade entre fertilizantes solúveis na água de irrigação

FERTILIZANTES SOLÚVEISFERTILIZANTES SOLÚVEISFERTILIZANTES SOLÚVEISFERTILIZANTES SOLÚVEISFERTILIZANTES SOLÚVEIS U r é i aU r é i aU r é i aU r é i aU r é i a N AN AN AN AN A S AS AS AS AS A N CN CN CN CN C M A PM A PM A PM A PM A P M K PM K PM K PM K PM K P N PN PN PN PN P N P + M gN P + M gN P + M gN P + M gN P + M g N P + PN P + PN P + PN P + PN P + P M + M gM + M gM + M gM + M gM + M g S PS PS PS PS PUréia – C C C C C C C C C CNitrato de amônia C – C C C C C C C C CSulfato de amônia C C – L C C L L C C CNitrato de cálcio C C L – X X C X X C LFosfato monoamônio (MAP) C C C X – C C L C X CFosfato monopotássio C C C X C – C L C X CMulti- K (NP) C C L C C C – C C C CMulti- K+ Mg C C L X L L C – X C CMulti- NPK C C C X C C C X – X CMagnisal (N+Mg) C C C C X X C C X – CSulfato de potássio C C C L C C C C C C –

C – Compatíveis L – Compatibilidade limitada X – Incompatíveis Fonte: Montag & Shnek (1998)

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Fatores relacionados àcontaminação do meio ambiente

Por serem utilizados produtos tóxicos naquimigação, é de se esperar que, se não foremmanuseados corretamente, haja risco de conta-minação do homem, de fontes de água, do solo edos demais componentes ambientais.

A fertirrigação é considerada segura para osoperadores porém, se houver uma parada impre-vista do sistema de irrigação, o retorno da solu-ção que estava na tubulação pode alcançar afonte de água. Esses riscos tornam-se cada vezmaiores, se o sistema de injeção utilizado traba-lhar com pressão efetiva negativa, a exemplo doinjetor tipo Venturi e sucção pela própria tubula-ção de sucção da bomba de irrigação.

Bombas injetoras centrífugasconfeccionadas com materiaisespeciais

As bombas injetoras centrífugas são as maisutilizadas em todo o mundo, por proporcionarvazões de injeção constantes durante a fertirriga-ção. Em razão de serem confeccionadas commateriais resistentes à corrosão e de funciona-rem com pressão superior àquela da bomba dosistema de irrigação, são bastante caras, poden-do inviabilizar seu uso em pequenas áreas.

Bomba injetora tipo diafragmaAs bombas injetoras tipo diafragma são equi-

pamentos que trabalham com uma pressão efeti-va positiva e superior à pressão disponível nosistema de irrigação. Essas bombas são confecci-onadas com materiais resistentes a pressão eapresentam a vantagem de introduzir a soluçãona água de irrigação através de taxa constante, oque nem sempre acontece com outros tipos deinjetores.

Bomba injetora tipo pistãoAs bombas injetoras tipo pistão são dotadas

de um, dois ou mais pistões acoplados em blocosmetálicos que se movimentam impulsionadospor meio de sistemas tipo biela ou acoplados emroldanas.

No início de cada ciclo, tem-se a abertura deuma válvula de aspiração que deixa passar parao interior da câmara um volume de soluçãoproveniente de um reservatório. Quando o pistãoexecuta o movimento em sentido contrário aválvula de aspiração se fecha e a válvula propul-sora se abre. O aumento da pressão no interior docilindro provoca a abertura da válvula de descar-

ga, que deixa passar o volume da solução anteri-ormente aspirado e daí, esta solução passa a serinjetada na tubulação de irrigação.

Tanque de derivação de fluxoO tanque de derivação de fluxo é um recipien-

te geralmente metálico de forma cilíndricaconectado à tubulação principal de irrigação.

A solução é incorporada na tubulação dedescarga do sistema de irrigação através da se-gunda tubulação que sai do reservatório. Umregistro de fechamento lento é instalado entre ospontos de entrada e de saída das duas tubulaçõescitadas, justamente para criar um diferencial depressão que permite o processo de funcionamen-to do tanque de derivação. O diferencial de pres-são faz com que a água seja desviada em maior oumenor volume para o interior do tanque. A tubu-lação de entrada conduz a água limpa para otanque que contém a solução a ser aplicada e,após a diluição, ela passa a ser conduzida pelatubulação de saída e introduzida na tubulaçãoprincipal do sistema de irrigação.

Injetor tipo PitotO injetor tipo Pitot é outro equipamento que

pode ser utilizado na fertirrigação. Consiste emum tanque metálico semelhante ao de derivaçãode fluxo, só que nesse caso, o desvio de parte daágua de irrigação para o interior do tanque dá-secom o uso de dois tubos de Pitot inseridos nointerior de um tubo que é acoplado à tubulaçãodo sistema de irrigação.

O princípio de funcionamento do injetor tipoPitot é semelhante ao do tanque de derivação.Este necessita de um registro instalado entre atubulação de entrada e de saída da água, paracriar o diferencial de pressão entre os dois pontose, no injetor tipo Pitot, leva-se em consideração oaumento de velocidade da água do tubo de entra-

QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2 – – – – – Corrosão relativa de vários metais, após quatroCorrosão relativa de vários metais, após quatroCorrosão relativa de vários metais, após quatroCorrosão relativa de vários metais, após quatroCorrosão relativa de vários metais, após quatrodias de imersão em soluções de fertilizantesdias de imersão em soluções de fertilizantesdias de imersão em soluções de fertilizantesdias de imersão em soluções de fertilizantesdias de imersão em soluções de fertilizantescomerciais com concentração de 120 g/L de águacomerciais com concentração de 120 g/L de águacomerciais com concentração de 120 g/L de águacomerciais com concentração de 120 g/L de águacomerciais com concentração de 120 g/L de água

M E T A LM E T A LM E T A LM E T A LM E T A L P R O D U T O *P R O D U T O *P R O D U T O *P R O D U T O *P R O D U T O *AAAAA BBBBB CCCCC DDDDD EEEEE FFFFF GGGGG HHHHH

Ferro galvanizado 2 1 4 3 1 4 1 2Alumínio 0 2 1 1 0 2 2 1Aço inoxidável 0 0 0 0 0 1 0 1Bronze 1 0 3 3 0 2 4 4Latão 1 0 3 2 0 2 4 4PH 5,6 8,6 5,9 5,0 7,6 4,0 8,0 7,1

Identificação dos produtos: A – nitrato de cálcio; B – nitrato de sódio; C – nitrato de amônio;D – sulfato de amônio; E – uréia; F – ácido fosfórico; G – DAP; H – solução 17-10-10Escala de corrosão: 0 = nula; 1 = baixa; 2 = moderada; 3 = severa; 4 = muito severa

Fonte: Burt et al. (1995)

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da para fazer com que ela seja inserida no inte-rior do reservatório contendo a solução a seraplicada.

Injetor tipo VenturiO injetor tipo Venturi é um dispositivo de

polipropileno, PVC ou metálico, que possui umasecção convergente gradual seguida de um es-trangulamento e de uma secção divergente gra-dual para igual diâmetro da tubulação a eleconectado. A função do injetor tipo Venturi nostrabalhos ligados à fertirrigação é aspirar umasolução de produtos químicos contida num reser-vatório aberto e incorporá-la na água de irriga-ção que passa pelo injetor.

Umas das principais vantagens desse tipo deinjetor, deve-se à simplicidade da operação, aoseu baixo custo e a sua eficiência satisfatória,quando se trabalha com condições de pressões deserviço e de vazões motrizes bem definidas.

Outras vantagens do injetor tipo Venturi são:• fácil manutenção;• possibilidade de uso com pequena taxa de

injeção;• a taxa de injeção pode ser ajustada com contro-

le apenas de registros;• possibilidade de uso com diferentes tipos de

produtos na quimigação.

Como limitação desse tipo de injetor têm-seas altas perdas de carga, em torno de 20% a 30%da pressão de serviço, sendo mais acentuadas,quando instalado em série na tubulação do siste-ma de irrigação.

Outras limitações são o baixo rendimento e oreduzido limite operacional de cada injetor, paradeterminada pressão de serviço e de diferencialde pressão.

Desvantagens do injetor Venturi:• possibilidade de perda de pressão na linha

principal do sistema de irrigação;• os cálculos quantitativos dos fertilizantes po-

dem ser difíceis para o produtor.

O limite operacional inviabiliza a utilizaçãodo injetor em condições hidráulicas diferentesdaquelas que foram estabelecidas e projetadaspara construção de determinado injetor.

Automação e medidas desegurança na fertirrigação

Automação do sistema de injeçãoAno a ano surgem equipamentos mais sofisti-

cados, com a finalidade de fazer da quimigação

um prática mais eficiente e segura. Sistemascomputadorizados, que operam em série comprodutos separados, já permitem que cada pro-duto seja aplicado separadamente de acordo coma necessidade temporária requerida pelas cultu-ras, conforme Bauerle et al. (1988). A automação,além de minimizar as perdas dos produtos ereduzir a mão-de-obra, evita o contato do homemcom os produtos e melhora a sua eficácia.

Medidas de segurança do sistema deinjeçãoComo a maioria dos produtos químicos utili-

zados na quimigação/fertirrigação é perigosa parao homem e para o ambiente, há necessidade decuidados especiais no manuseio desse sistema.Nos cultivos irrigados tecnificados existem equi-pamentos como registros e válvulas de controle,para evitar o refluxo desses produtos para a fontesupridora de água, já bastante utilizados e reco-mendados. Como todo equipamento mecânicopode parar de funcionar a qualquer momento,dispositivos de segurança são imprescindíveispara evitar riscos e contaminação do ambientecom os produtos utilizados.

Manejo da fertirrigaçãoA aplicação de fertilizantes via água de irriga-

ção deve seguir as recomendações de período deaplicação, freqüência, doses e fontes, asseguran-do, dessa maneira, uma adequada disponibilida-de de água e nutrientes na zona radicular daplanta.

Os procedimentos adequados para a aplica-ção de fertilizantes via água de irrigação compre-endem três etapas distintas. Na primeira, o siste-ma funciona por um período correspondente a 1/4 do tempo de irrigação, para equilibrar hidrau-licamente as subunidades de rega. Na segunda,faz-se a injeção do fertilizante no sistema deirrigação, através de equipamentos apropriados,por um período que corresponda a 2/4 do tempototal de irrigação. Na terceira etapa, o sistema deirrigação deverá continuar funcionando, visandocompletar o tempo total de irrigação, para lavá-lo completamente e carrear os fertilizantes dasuperfície para as camadas do solo com maiorconcentração de raízes.

No Pólo Petrolina/Juazeiro, as principais cul-turas ocupam uma área irrigada totalizando22.748 hectares, ou seja, 7.920ha de manga,4.527ha de coco, 4.435ha de banana, 3.348ha degoiaba, 2.193ha de uva e 325ha de melão.

A seguir, será descrita a fertilização adequadapara algumas frutas.

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Page 19: A água é finita naincremento da matéria orgânica, com o melhor aproveitamento dos fertilizantes e a reciclagem de nutrientes, com o controle da erosão e melhor infiltração das

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BananaA bananeira requer fertilização adequada,

não só por ser elevada a quantidade de nutrientesabsorvida pela planta e exportada pelos frutos,como também porque os solos da maioria dasregiões produtoras são geralmente pobres emnutrientes, devido à presença predominante decaulinita, óxidos de ferro e de alumínio, ou seja,argilas de baixa atividade, além de acidez eleva-da (Quadros 3 e 4).

QUADRO 3QUADRO 3QUADRO 3QUADRO 3QUADRO 3 – – – – – Quantidades totais de nutrientes absorvidas (AB) e exportadas pelo cacho (EX)Quantidades totais de nutrientes absorvidas (AB) e exportadas pelo cacho (EX)Quantidades totais de nutrientes absorvidas (AB) e exportadas pelo cacho (EX)Quantidades totais de nutrientes absorvidas (AB) e exportadas pelo cacho (EX)Quantidades totais de nutrientes absorvidas (AB) e exportadas pelo cacho (EX)por diferentes genótipos de bananeirapor diferentes genótipos de bananeirapor diferentes genótipos de bananeirapor diferentes genótipos de bananeirapor diferentes genótipos de bananeira

GenótipoGenótipoGenótipoGenótipoGenótipo Grande/NaineGrande/NaineGrande/NaineGrande/NaineGrande/Naine CaipiraCaipiraCaipiraCaipiraCaipira Prata-AnãPrata-AnãPrata-AnãPrata-AnãPrata-Anã PioneiraPioneiraPioneiraPioneiraPioneira F H I A - 1 8F H I A - 1 8F H I A - 1 8F H I A - 1 8F H I A - 1 8( A A A )( A A A )( A A A )( A A A )( A A A ) ( A A A )( A A A )( A A A )( A A A )( A A A ) ( A A B )( A A B )( A A B )( A A B )( A A B ) ( A A A B )( A A A B )( A A A B )( A A A B )( A A A B ) ( A A A B )( A A A B )( A A A B )( A A A B )( A A A B )

NutrienteNutrienteNutrienteNutrienteNutriente A BA BA BA BA B E XE XE XE XE X A BA BA BA BA B E XE XE XE XE X A BA BA BA BA B E XE XE XE XE X A BA BA BA BA B E XE XE XE XE X A BA BA BA BA B E XE XE XE XE X

kg/hakg/hakg/hakg/hakg/ha

N 87,0 48,5 146,8 52,8 136,4 44,3 116,8 29,8 144,5 51,3P 6,5 4,3 9,8 3,9 10,1 4,6 8,5 3,2 11,2 5,2K 272,7 135,2 313,9 124,6 418,5 107,1 371,1 99,8 382,4 142,2Ca 28,4 3,1 53,2 2,8 71,4 5,4 73,1 3,6 74,1 4,8Mg 28,0 4,6 58,0 5,2 61,6 6,9 71,0 5,0 64,4 7,0S 4,6 2,9 9,3 3,0 5,8 2,4 5,3 1,1 7,5 4,7

g/hag/hag/hag/hag/ha

B 156,1 77,9 295,5 98,8 309,5 70,1 222,3 50,3 237,7 81,9Cu 20,0 8,0 52,1 11,7 26,9 5,4 30,1 4,9 34,7 10,2Zn 96,2 38,9 132,9 40,5 148,1 52,4 120,5 33,2 115,7 43,5

Fonte: Faria, 1997

QUADRO 4QUADRO 4QUADRO 4QUADRO 4QUADRO 4 – Níveis de N, P – Níveis de N, P – Níveis de N, P – Níveis de N, P – Níveis de N, P22222OOOOO

55555 e K e K e K e K e K

22222O assinalados para a bananeiraO assinalados para a bananeiraO assinalados para a bananeiraO assinalados para a bananeiraO assinalados para a bananeira

Nutrientes no soloNutrientes no soloNutrientes no soloNutrientes no soloNutrientes no solo PlantioPlantioPlantioPlantioPlantio Fase de crescimento Fase de crescimento Fase de crescimento Fase de crescimento Fase de crescimento (dias) Fase deFase deFase deFase deFase de9 09 09 09 09 0 1 8 01 8 01 8 01 8 01 8 0 2 7 02 7 02 7 02 7 02 7 0 3 6 03 6 03 6 03 6 03 6 0 produçãoproduçãoproduçãoproduçãoprodução

Nitrogênio Nitrogênio Nitrogênio Nitrogênio Nitrogênio (não analisado) g de N / touceirag de N / touceirag de N / touceirag de N / touceirag de N / touceira

20 40 60 80 80 320

FósforoFósforoFósforoFósforoFósforo (mg/dm3 de P) g de Pg de Pg de Pg de Pg de P22222OOOOO

5 5 5 5 5 / touceira/ touceira/ touceira/ touceira/ touceira

< 10 120 0 0 0 120 12010 – 20 90 0 0 0 100 10021 – 40 60 0 0 0 80 80> 40 30 0 0 0 60 60

Potássio Potássio Potássio Potássio Potássio (cmolc /dm3 de K) g de Kg de Kg de Kg de Kg de K

22222O / touceiraO / touceiraO / touceiraO / touceiraO / touceira

< 0,12 60 60 90 120 120 5000,12 – 0,23 45 45 70 90 90 4000,24 – 0,40 30 30 50 60 60 300

IIIIInformações complementares:nformações complementares:nformações complementares:nformações complementares:nformações complementares:Na fase de produção, as doses de nitrogênio e de potássio devem serparceladas em quatro aplicações ao ano, a cada 90 dias, e as de fósforoaplicadas de uma só vez, a cada ano. Recomenda-se usar sulfato de potás-sio como fonte de potássio. Nessa fase, as adubações devem ser iniciadasdepois de 90 dias da última adubação da fase de crescimento.

QUADRO 5QUADRO 5QUADRO 5QUADRO 5QUADRO 5 – – – – – Freqüência, doses, fontes eFreqüência, doses, fontes eFreqüência, doses, fontes eFreqüência, doses, fontes eFreqüência, doses, fontes eperíodo de aplicação deperíodo de aplicação deperíodo de aplicação deperíodo de aplicação deperíodo de aplicação denutrientes na cultura do melãonutrientes na cultura do melãonutrientes na cultura do melãonutrientes na cultura do melãonutrientes na cultura do melão

FONTES DE FERTILIZFONTES DE FERTILIZFONTES DE FERTILIZFONTES DE FERTILIZFONTES DE FERTILIZA N T E SA N T E SA N T E SA N T E SA N T E S

NitrogênioNitrogênioNitrogênioNitrogênioNitrogênio

Opção 1 uréiaPeríodo de aplicação 3 a 42 dias após a germinaçãoFreqüência DiáriaDose 80kg/ha de N

Opção 2 uréia / sulfato de amônio /nitrato de potássio

Período de aplicação Uréia: 3 a 15 dias após agerminaçãoSulfato de amônio: 16 a 30dias após a germinaçãoNitrato de potássio: 31 a 42dias após a germinação

Potássio (KPotássio (KPotássio (KPotássio (KPotássio (K22222O )O )O )O )O )

Período de aplicação Até 55 dias após a germinaçãoFreqüência DiáriaDose 90 kg/ha

Fósforo PFósforo PFósforo PFósforo PFósforo P22222OOOOO

55555

Período de aplicação Em fundação, antes do plantioDose 120kg/haProdutividadeesperada (Latossolo) 30 kg/haProdutividadeesperada (Vertissolo) 40t/ha

MelãoPara cultivo em solo, como na cultura do

melão, nem todos os nutrientes devem ser aplica-dos via fertirrigação. Para sistema de irrigaçãopor gotejamento, recomenda-se que 10%-20% donitrogênio e potássio, 40%-60% do cálcio e 50%-100% do fósforo e demais macro e micronutrien-tes, devam ser aplicados como adubação de fun-dação, sendo os nutrientes aplicados via irriga-ção ao longo do ciclo de desenvolvimento dacultura. Para o sistema por aspersão, recomen-dam-se aplicar em fundação 30% do nitrogênio,50% do potássio e 100% dos demais macro/micronutrientes (Quadros 5 e 6).

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MangaA mangueira é uma planta que absorve os

nutrientes na seguinte ordem decrescente: N > K> P > Mg > Mn > S > Zn > Cu.

Considerando a exportação de nutrientes pe-los frutos (casca, polpa e semente), o nitrogênio(N) e o potássio (K) foram os mais encontrados;em média, são exportados 1,23kg de N – 0,15kgde P – 1,57kg de K – 0,28kg de Ca – 0,20kg de Mg– 0,15kg de S – 1,22g de B – 3,53g de Cu – 4,19gde Fe – 2,71g de Mn e 3,27g de Zn por toneladade frutos.

QUADRO 6QUADRO 6QUADRO 6QUADRO 6QUADRO 6 – – – – – Quantidade relativa de nitrogênio, potássio,Quantidade relativa de nitrogênio, potássio,Quantidade relativa de nitrogênio, potássio,Quantidade relativa de nitrogênio, potássio,Quantidade relativa de nitrogênio, potássio,cálcio e fósforo a ser aplicada via fertirrigação,cálcio e fósforo a ser aplicada via fertirrigação,cálcio e fósforo a ser aplicada via fertirrigação,cálcio e fósforo a ser aplicada via fertirrigação,cálcio e fósforo a ser aplicada via fertirrigação,ao longo do ciclo de desenvolvimento do meloeiroao longo do ciclo de desenvolvimento do meloeiroao longo do ciclo de desenvolvimento do meloeiroao longo do ciclo de desenvolvimento do meloeiroao longo do ciclo de desenvolvimento do meloeiroirrigado por gotejamento e aspersão, parairrigado por gotejamento e aspersão, parairrigado por gotejamento e aspersão, parairrigado por gotejamento e aspersão, parairrigado por gotejamento e aspersão, paracultivares de ciclo inferior a 70 diascultivares de ciclo inferior a 70 diascultivares de ciclo inferior a 70 diascultivares de ciclo inferior a 70 diascultivares de ciclo inferior a 70 dias

Ciclo Ciclo Ciclo Ciclo Ciclo (dias)Nutriente 01 1-7 8-14 15-21 22-28 29-35 36-42 43-49 50-56

Quantidade relativa de nutriente (%)2

I R R I G A Ç Ã O P O R G O T E J A M E N T OI R R I G A Ç Ã O P O R G O T E J A M E N T OI R R I G A Ç Ã O P O R G O T E J A M E N T OI R R I G A Ç Ã O P O R G O T E J A M E N T OI R R I G A Ç Ã O P O R G O T E J A M E N T OSolos de texturas fina e média

N 20 2 3 5 10 20 20 15 5K 20 2 3 5 10 20 20 15 5Ca 60 0 0 0 10 10 10 10 0P 100 0 0 0 0 0 0 0 0

Solos de textura grossaN 10 3 5 5 15 21 21 15 5K 10 3 5 5 15 21 21 15 5Ca 40 0 0 10 10 15 15 10 0P 60 0 5 5 10 10 10 0 0

(1) 1 % de nutriente a ser aplicada em fundação em relação à quantidade total recomendada.(2) 2 % de nutriente a ser aplicado em cada fase da cultura em relação à quantidade

total recomendada.Fonte: Adaptado de Burt et al. (1995) e Scaife & Bar-Yosef (1995).

QUADRO 7 QUADRO 7 QUADRO 7 QUADRO 7 QUADRO 7 ––––– Quantidade média de nutriente exportada pelosQuantidade média de nutriente exportada pelosQuantidade média de nutriente exportada pelosQuantidade média de nutriente exportada pelosQuantidade média de nutriente exportada pelosfrutos frescos de diferentes cultivares de mangafrutos frescos de diferentes cultivares de mangafrutos frescos de diferentes cultivares de mangafrutos frescos de diferentes cultivares de mangafrutos frescos de diferentes cultivares de manga

Cultivar Haden Tommy Extrema Manila Sensation Carlota MédiaAtkins

Nutriente kg/t frutoskg/t frutoskg/t frutoskg/t frutoskg/t frutos

N 1,18 1,09 1,18 1,24 ––– 1,45 1,23P 0,09 0,12 0,17 0,15 0,18 0,18 0,15K 1,20 0,91 1,84 1,89 1,31 2,27 1,57Ca 0,20 0,25 0,15 0,24 0,60 0,25 0,28Mg 0,20 0,24 0,17 0,17 0,31 0,13 0,20S 0,10 0,12 0,19 ––– ––– 0,19 0,15

Nutriente g/t frutosg/t frutosg/t frutosg/t frutosg/t frutos

B 1,40 1,80 0,90 ––– ––– 0,80 1,22Cu 4,80 9,00 0,90 1,43 ––– 1,50 3,53Fe 6,10 2,20 3,90 5,36 ––– 3,40 4,19Mn 2,30 2,80 3,80 0,36 ––– 4,30 2,71Zn 5,80 5,40 1,50 2,14 ––– 1,50 3,27

Peso médio fruto (g)

420-540 460-600 320-400 280 350 180-250

Fonte

Haag et adaptado Hiroce et Guzmán Janse van Hiroce etal.,1990 por al.,1978 Estrada Vuuren & al.,1978

Quaggio, et al., Stassen,1996 1996 1996

Idade cultura (anos)

9 9 ––– 31 2 –––

Quadro 9 –Quadro 9 –Quadro 9 –Quadro 9 –Quadro 9 – Quantidades de PQuantidades de PQuantidades de PQuantidades de PQuantidades de P22222OOOOO

55555 e K e K e K e K e K

22222OOOOO

indicadas para a adubaçãoindicadas para a adubaçãoindicadas para a adubaçãoindicadas para a adubaçãoindicadas para a adubaçãode plantio da mangueirade plantio da mangueirade plantio da mangueirade plantio da mangueirade plantio da mangueira

P no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dm-3-3-3-3-3

< 10 10 – 20 21 – 40 > 40

g/planta de P2O

5

150 120 90 60

K no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolccccc dm dm dm dm dm-3-3-3-3-3

< 0,16 0,16 – 0,30 0,31 – 0,45 > 0,45

g/planta de K2O

100 80 40 20

Quadro 10 –Quadro 10 –Quadro 10 –Quadro 10 –Quadro 10 – Quantidades de N, PQuantidades de N, PQuantidades de N, PQuantidades de N, PQuantidades de N, P22222OOOOO

55555e Ke Ke Ke Ke K

22222O indicadas para aO indicadas para aO indicadas para aO indicadas para aO indicadas para a

adubação de crescimentoadubação de crescimentoadubação de crescimentoadubação de crescimentoadubação de crescimentoda mangueirada mangueirada mangueirada mangueirada mangueira

NNNNN

g/planta

500

P no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dm-3-3-3-3-3

< 10 10 – 20 21 – 40 > 40

g/planta de P2O

5

160 120 80 40

K no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolccccc dm dm dm dm dm-3-3-3-3-3

< 0,16 0,16 – 0,30 0,31 – 0,45 > 0,45

g/planta de K2O

100 80 40 20

QUADRO 8QUADRO 8QUADRO 8QUADRO 8QUADRO 8 – – – – – Épocas de aplicação e doses de NPK para a mangueira, em fertirrigaçãoÉpocas de aplicação e doses de NPK para a mangueira, em fertirrigaçãoÉpocas de aplicação e doses de NPK para a mangueira, em fertirrigaçãoÉpocas de aplicação e doses de NPK para a mangueira, em fertirrigaçãoÉpocas de aplicação e doses de NPK para a mangueira, em fertirrigação

NutrienteNutrienteNutrienteNutrienteNutriente ÉpocaÉpocaÉpocaÉpocaÉpoca Dose Dose Dose Dose Dose (g/planta/ano)

NNNNN 40% após o florescimento e 60% após a colheita(quinzenal / solo arenoso e mensal / solo argiloso) 100 a 400 (dependendo da idade da planta e teor foliar)

PPPPP22222OOOOO

55555Frutificação (anual) 80 a 640 (dependendo do teor no solo e foliar e idade da planta)

KKKKK22222OOOOO 50% do período de produção e

50% após a colheita (quinzenal) 80 a 400 (dependendo do teor no solo e foliar e idade da planta)

20 ITEM • Nº 49 • 1º trimestre 2001

Page 21: A água é finita naincremento da matéria orgânica, com o melhor aproveitamento dos fertilizantes e a reciclagem de nutrientes, com o controle da erosão e melhor infiltração das

1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 21

QUADRO 11QUADRO 11QUADRO 11QUADRO 11QUADRO 11 – – – – – Quantidades de N, P2O5 e K2O indicadas para a adubação de produção da mangueira, em função daQuantidades de N, P2O5 e K2O indicadas para a adubação de produção da mangueira, em função daQuantidades de N, P2O5 e K2O indicadas para a adubação de produção da mangueira, em função daQuantidades de N, P2O5 e K2O indicadas para a adubação de produção da mangueira, em função daQuantidades de N, P2O5 e K2O indicadas para a adubação de produção da mangueira, em função daprodutividade das plantas e da disponibilidade de nutrientesprodutividade das plantas e da disponibilidade de nutrientesprodutividade das plantas e da disponibilidade de nutrientesprodutividade das plantas e da disponibilidade de nutrientesprodutividade das plantas e da disponibilidade de nutrientes

ProdutividadeProdutividadeProdutividadeProdutividadeProdutividade N nas folhas, g kgN nas folhas, g kgN nas folhas, g kgN nas folhas, g kgN nas folhas, g kg- 1- 1- 1- 1- 1 P no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dm- 3- 3- 3- 3- 3 K no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolccccc dm dm dm dm dm- 3- 3- 3- 3- 3

esperadaesperadaesperadaesperadaesperada < 12 12–14 14–16 > 16 < 10 10–20 21–40 > 40 < 0,16 0,16–0,30 0,31–0,45 > 0,45

t/hat/hat/hat/hat/ha kg/ha de Nkg/ha de Nkg/ha de Nkg/ha de Nkg/ha de N kg/ha de Pkg/ha de Pkg/ha de Pkg/ha de Pkg/ha de P22222O 5O 5O 5O 5O 5 kg/ha de Kkg/ha de Kkg/ha de Kkg/ha de Kkg/ha de K

2222200000

< 10 30 20 10 0 20 15 8 0 30 20 10 010 – 15 45 30 15 0 30 20 10 0 50 30 15 015 – 20 60 40 20 0 45 30 15 0 80 40 20 020 – 30 75 50 25 0 65 45 20 0 120 60 30 030 – 40 90 60 30 0 85 60 30 0 160 80 45 040 – 50 105 70 35 0 110 75 40 0 200 120 60 0> 50 120 80 40 0 150 100 50 0 250 150 75 0

Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:1 .1 .1 .1 .1 . Na fase de crescimento, a dose de nitrogênio deve ser parcelada em cinco

aplicações ao ano em solos argilosos e, dez aplicações ao ano, em solosarenosos. Iniciar com 10g/planta de N, aos 30 dias após o plantio e depoisir aumentando até completar 200g/planta de N no primeiro ano de cresci-mento. Nos anos seguintes, empregar a mesma forma de parcelamento.As doses de potássio deverão ser parceladas da mesma forma que as denitrogênio. Como fonte de potássio, usar sempre o cloreto de potássio.

2 .2 .2 .2 .2 . Na fase de crescimento e produção, o fósforo deve ser parcelado emduas aplicações ao ano.

3 .3 .3 .3 .3 . Matéria orgânica: usar 20 litros por planta de esterco de curral curtidoou composto orgânico no plantio e depois uma vez por ano.

Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:1 .1 .1 .1 .1 . Esterco de curralEsterco de curralEsterco de curralEsterco de curralEsterco de curral – usar 20 a 30 litros/planta no plan-

tio e antes de cada poda de frutificação. No caso depodas contínuas, aplicar uma vez ao ano.

2 .2 .2 .2 .2 . NitrogênioNitrogênioNitrogênioNitrogênioNitrogênio – na fase de crescimento (até um ano) adose de N deve ser parcelada em cinco aplicações aoano, em solos argilosos, e em dez aplicações ao ano,em solos arenosos, iniciando 30 dias após o plantio.Na fase de produção, 30% do N devem ser aplicadosantes da poda, 40% após o pegamento dos frutos,20% na fase intermediária de crescimento do fruto e10% na fase final de crescimento do fruto (antes damaturação).

3 .3 .3 .3 .3 . FósforoFósforoFósforoFósforoFósforo - aplicações únicas, seis meses após o plantioe antes de cada poda de frutificação. No caso de podascontínuas , aplicar uma vez ao ano.

4 .4 .4 .4 .4 . PotássioPotássioPotássioPotássioPotássio – na fase de crescimento, o K deve ser parce-lado da mesma forma que o nitrogênio. Na fase deprodução, 30% do potássio devem ser aplicados antesda poda, 15% após o pegamento dos frutos, 25% nafase intermediária de crescimento do fruto, e 30% nafase final de crescimento do fruto (antes damaturação).

Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:1 .1 .1 .1 .1 . NitrogênioNitrogênioNitrogênioNitrogênioNitrogênio – na fase de crescimento, a dose de N deve ser parcelada em

cinco aplicações ao ano em solos argilosos, e dez aplicações ao ano, emsolos arenosos. Iniciar com 10g/planta de N, aos 60 dias após o plantio,e depois ir aumentando até completar os 500g/planta de N, no final dafase de crescimento (30 meses). Na fase de produção, o N deve serparcelado a partir do pegamento dos frutos, até estes atingirem 5cmde diâmetro (50%) e após a colheita (50%).

2 .2 .2 .2 .2 . FósforoFósforoFósforoFósforoFósforo – na fase de crescimento, o P deve ser parcelado em duasaplicações ao ano. Na fase de produção, o P deve ser aplicado noperíodo de florescimento (40%) e logo após a colheita (60%).

3 .3 .3 .3 .3 . PotássioPotássioPotássioPotássioPotássio – na fase de crescimento, a dose de K deve ser parcelada emquatro aplicações ao ano, com intervalo de 90 dias. Na fase de produ-ção, 15% do K deve ser aplicado antes da floração, 50% no pegamentodos frutos e 35% após a colheita.

Adubação para a cultura do coqueiroQUADRO 12QUADRO 12QUADRO 12QUADRO 12QUADRO 12 – – – – – Níveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, P

22222OOOOO

55555 e K e K e K e K e K

22222O assinalados para aO assinalados para aO assinalados para aO assinalados para aO assinalados para a

cultura do coqueirocultura do coqueirocultura do coqueirocultura do coqueirocultura do coqueiro

P l a n t i oP l a n t i oP l a n t i oP l a n t i oP l a n t i o C r e s c i m e n t oC r e s c i m e n t oC r e s c i m e n t oC r e s c i m e n t oC r e s c i m e n t o P r o d u ç ã oP r o d u ç ã oP r o d u ç ã oP r o d u ç ã oP r o d u ç ã oN u t r i e n t e sN u t r i e n t e sN u t r i e n t e sN u t r i e n t e sN u t r i e n t e s 1º ano1º ano1º ano1º ano1º ano 2º ano2º ano2º ano2º ano2º ano 3º ano3º ano3º ano3º ano3º ano 4º ano4º ano4º ano4º ano4º ano 5º ano5º ano5º ano5º ano5º ano 6 º e m6 º e m6 º e m6 º e m6 º e mno solono solono solono solono solo d i a n t ed i a n t ed i a n t ed i a n t ed i a n t e

NitrogênioNitrogênioNitrogênioNitrogênioNitrogênio (não analisado) g/planta de Ng/planta de Ng/planta de Ng/planta de Ng/planta de N

–– 200 450 600 750 900 1000

FósforoFósforoFósforoFósforoFósforo (mg/dm3 de P) g/planta de Pg/planta de Pg/planta de Pg/planta de Pg/planta de P22222OOOOO

55555

< 10 160 –– 180 210 240 300 40010 – 20 120 –– 135 160 180 225 30021 – 40 80 –– 90 100 120 150 200> 40 40 –– 45 50 60 75 100

PotássioPotássioPotássioPotássioPotássio (cmolc

/dm3 de K) g/planta de Kg/planta de Kg/planta de Kg/planta de Kg/planta de K22222OOOOO

< 0,12 –– 250 500 600 700 850 10000,12 – 0,23 –– 180 375 450 525 640 7500,24 – 0,45 –– 120 250 300 350 425 500> 0,45 –– 60 125 150 175 210 250

Adubação para goiabeiraQUADRO 13QUADRO 13QUADRO 13QUADRO 13QUADRO 13 – – – – – Níveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, P

22222OOOOO

55555 e K e K e K e K e K

22222OOOOO

assinalados para a goiabeiraassinalados para a goiabeiraassinalados para a goiabeiraassinalados para a goiabeiraassinalados para a goiabeira

ImplantaçãoImplantaçãoImplantaçãoImplantaçãoImplantação Ciclo de produçãoCiclo de produçãoCiclo de produçãoCiclo de produçãoCiclo de produçãoN u t r i e n t e sN u t r i e n t e sN u t r i e n t e sN u t r i e n t e sN u t r i e n t e s P l a n t i oP l a n t i oP l a n t i oP l a n t i oP l a n t i o C r e s c .C r e s c .C r e s c .C r e s c .C r e s c . 1 º1 º1 º1 º1 º 2 º2 º2 º2 º2 º 3 º e m3 º e m3 º e m3 º e m3 º e mno solono solono solono solono solo d i a n t ed i a n t ed i a n t ed i a n t ed i a n t e

NitrogênioNitrogênioNitrogênioNitrogênioNitrogênio (não analisado) g/planta de Ng/planta de Ng/planta de Ng/planta de Ng/planta de N

0 100 150 200 250

FósforoFósforoFósforoFósforoFósforo (mg/dm3 de P) g/planta de Pg/planta de Pg/planta de Pg/planta de Pg/planta de P22222OOOOO

55555

< 10 100 90 100 10010 – 20 80 70 90 9021 – 40 60 50 70 80> 40 40 30 50 70

PotássioPotássioPotássioPotássioPotássio (cmolc /dm3 de K) g/planta de Kg/planta de Kg/planta de Kg/planta de Kg/planta de K

22222OOOOO

< 0,12 60 90 120 180 2100,12 – 0,23 40 60 90 135 1500,24 – 0,40 20 30 60 90 120> 0,40 0 0 30 60 90

1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 21

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Adubação para abacaxi

Adubação para videiraQUADRO 14QUADRO 14QUADRO 14QUADRO 14QUADRO 14 – – – – – Quantidades de N, P2O5 e K2O indicadas para a adubação de plantio e de crescimentoQuantidades de N, P2O5 e K2O indicadas para a adubação de plantio e de crescimentoQuantidades de N, P2O5 e K2O indicadas para a adubação de plantio e de crescimentoQuantidades de N, P2O5 e K2O indicadas para a adubação de plantio e de crescimentoQuantidades de N, P2O5 e K2O indicadas para a adubação de plantio e de crescimento

da videirada videirada videirada videirada videira

F a s eF a s eF a s eF a s eF a s e NNNNN P no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dmP no solo, mg dm- 3- 3- 3- 3- 3 K no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolK no solo, cmolccccc dm dm dm dm dm- 3- 3- 3- 3- 3

< 11 11 - 20 21 - 40 > 40 < 0,16 0,16 - 0,30 0,31 - 0,45 > 0,45

g/plantag/plantag/plantag/plantag/planta g/planta de Pg/planta de Pg/planta de Pg/planta de Pg/planta de P22222OOOOO

55555g/planta de Kg/planta de Kg/planta de Kg/planta de Kg/planta de K

22222OOOOO

Plantio –– 160 120 80 40 –– –– –– ––

Crescimento mudaenxertada 260 –– –– –– –– 160 120 80 40Crescimento mudaporta-enxerto 130 –– –– –– –– 160 120 80 40

QUADRO 15QUADRO 15QUADRO 15QUADRO 15QUADRO 15 – – – – – Quantidades de N, PQuantidades de N, PQuantidades de N, PQuantidades de N, PQuantidades de N, P22222OOOOO

55555 e K e K e K e K e K

22222O indicadas para a adubação de produção da videira,O indicadas para a adubação de produção da videira,O indicadas para a adubação de produção da videira,O indicadas para a adubação de produção da videira,O indicadas para a adubação de produção da videira,

em função da produtividade das plantas e da disponibilidade de nutrientesem função da produtividade das plantas e da disponibilidade de nutrientesem função da produtividade das plantas e da disponibilidade de nutrientesem função da produtividade das plantas e da disponibilidade de nutrientesem função da produtividade das plantas e da disponibilidade de nutrientes

ProdutividadeProdutividadeProdutividadeProdutividadeProdutividade NNNNN P no solo, mg dm-³P no solo, mg dm-³P no solo, mg dm-³P no solo, mg dm-³P no solo, mg dm-³ K no solo, cmolc dm-³K no solo, cmolc dm-³K no solo, cmolc dm-³K no solo, cmolc dm-³K no solo, cmolc dm-³esperadaesperadaesperadaesperadaesperada

< 11 11 - 20 21 - 40 > 40 < 0,16 0,16 - 0,30 0,31 - 0,45 > 0,45

t/hat/hat/hat/hat/ha kg/ha de Nkg/ha de Nkg/ha de Nkg/ha de Nkg/ha de N kg/ha de Pkg/ha de Pkg/ha de Pkg/ha de Pkg/ha de P22222OOOOO

55555kg/ha de Kkg/ha de Kkg/ha de Kkg/ha de Kkg/ha de K

2222200000

< 15 120 100 80 60 40 120 100 80 6015 - 25 160 120 110 80 50 200 160 140 10026 - 35 200 160 140 100 60 300 240 200 130> 35 240 200 160 120 80 400 320 240 160

Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:Informações complementares:1 .1 .1 .1 .1 . As aplicações dos fertilizantes no solo devem ser realizadas em sulcos alternados e paralelos às fileiras das plantas.2 .2 .2 .2 .2 . N i t r o g ê n i oN i t r o g ê n i oN i t r o g ê n i oN i t r o g ê n i oN i t r o g ê n i o – na fase de crescimento, a dose de N deve ser parcelada em aplicações quinzenais, iniciando com 5g de

N, até 90 dias; 8g, até 180 dias; 12g, até a poda de formação e a partir daí, 15g até antes da primeira poda de produção,que deve ocorrer entre o 18° e o 20° mês do plantio ou enxertia no campo. Na fase de produção, 30% de N deve serparcelado em aplicações no período da poda à brotação; 30% no período de desbrota à prefloração e 40% no períodode pós-floração (tamanho chumbinho até o crescimento da baga). Parte do nitrogênio aplicado no período depréfloração (30%) poderá ser aplicado aos 15-20 dias antes da poda.

3 .3 .3 .3 .3 . F ó s f o r oF ó s f o r oF ó s f o r oF ó s f o r oF ó s f o r o – uma aplicação no plantio. Na fase de crescimento, aplicar 40% e 60% da dose recomendada, no final de 6a 12meses, respectivamente. Na fase de produção, aplicar 70% da dose recomendada aos 15-20 dias antes da poda,ou logo após a colheita e 30% no período de florescimento ou após a floração.

4 .4 .4 .4 .4 . P o t á s s i oP o t á s s i oP o t á s s i oP o t á s s i oP o t á s s i o – na fase de crescimento, a dose deve ser parcelada em aplicações quinzenais. Na fase de produção, 30% dadose deve ser aplicada em fundação (15 a 20 dias antes da poda) ou parcelada em aplicações no período de brotaçãoaté o florescimento, 15% da dose deve ser parcelada no período de pós-floração, 15% durante o crescimento da bagae 40% no período de amolecimento da baga.

QUADRO 16 QUADRO 16 QUADRO 16 QUADRO 16 QUADRO 16 ––––– Níveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, P22222OOOOO

55555 e K e K e K e K e K

22222OOOOO

assinalados para o abacaxizeiroassinalados para o abacaxizeiroassinalados para o abacaxizeiroassinalados para o abacaxizeiroassinalados para o abacaxizeiro

Teores no soloTeores no soloTeores no soloTeores no soloTeores no solo M e s e sM e s e sM e s e sM e s e sM e s e s1 – 21 – 21 – 21 – 21 – 2 5 – 65 – 65 – 65 – 65 – 6 8 – 98 – 98 – 98 – 98 – 9

kg.hakg.hakg.hakg.hakg.ha- 1- 1- 1- 1- 1

Nitrogênio (N)Nitrogênio (N)Nitrogênio (N)Nitrogênio (N)Nitrogênio (N)

não analisado 75 85 90

Fósforo (PFósforo (PFósforo (PFósforo (PFósforo (P22222OOOOO

55555))))) – mg dm-3 de P

< 6 50 –– ––6 – 10 40 –– ––> 10 30 –– ––

Potássio (KPotássio (KPotássio (KPotássio (KPotássio (K22222O )O )O )O )O ) – cmol

c dm-3 de K

< 0,08 50 60 700,08 – 0,15 40 50 60> 0,15 30 40 50

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1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 23

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Adubação para cajuQUADRO 17QUADRO 17QUADRO 17QUADRO 17QUADRO 17 – – – – – Níveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, PNíveis de N, P

22222OOOOO

55555 e K e K e K e K e K

22222O assinalados para a cultura do cajuO assinalados para a cultura do cajuO assinalados para a cultura do cajuO assinalados para a cultura do cajuO assinalados para a cultura do caju

Teores no soloTeores no soloTeores no soloTeores no soloTeores no solo ImplantaçãoImplantaçãoImplantaçãoImplantaçãoImplantação Idade Idade Idade Idade Idade (ano)PlantioPlantioPlantioPlantioPlantio CrescimentoCrescimentoCrescimentoCrescimentoCrescimento 2 º2 º2 º2 º2 º 3 º3 º3 º3 º3 º 4 º4 º4 º4 º4 º 5 º5 º5 º5 º5 º

g.plantag.plantag.plantag.plantag.planta- 1- 1- 1- 1- 1

Nitrogênio (N)Nitrogênio (N)Nitrogênio (N)Nitrogênio (N)Nitrogênio (N)

não analisado –– 60 80 120 140 160

Fósforo (P2O5) – mg dmFósforo (P2O5) – mg dmFósforo (P2O5) – mg dmFósforo (P2O5) – mg dmFósforo (P2O5) – mg dm- 3- 3- 3- 3- 3 de P de P de P de P de P

< 9 120 –– 60 90 100 1209 – 15 100 –– 40 70 80 100> 15 80 –– 20 50 60 80

Potássio (KPotássio (KPotássio (KPotássio (KPotássio (K22222O) – cmolc dm-3 de KO) – cmolc dm-3 de KO) – cmolc dm-3 de KO) – cmolc dm-3 de KO) – cmolc dm-3 de K

< 0,08 –– 60 60 90 120 1400,08 – 0,15 –– 40 40 70 100 120> 0,15 –– 20 20 50 80 100

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inda este ano, de 17 a 31 de agosto,Fortaleza, capital do Ceará, será a sedede dois expressivos eventos que, em rea-

lização conjunta, estarão enfocando a agricultu-ra irrigada e o gerenciamento de recursos hídricose o meio ambiente. Trata-se do XI CongressoNacional de Irrigação e Drenagem (XI Conird) eda 4th Inter-regional Conference on Environment-Water (4th Ircew), a Quarta Conferência Inter-regional de Água e Meio Ambiente, quando espe-cialistas e autoridades do setor, de renomeinternacional, estarão reunidos para discutir edebater esses temas.

A cidade-sede desses dois encontros não foiescolhida por acaso. Há mais de dez anos, oEstado passou a ser referência e exemplo nacio-nal no combate a um dos principais flagelos doNordeste brasileiro desde os tempos imperiais, aseca, e na adoção de uma nova política de geren-ciamento de recursos hídricos.

O secretário de Recursos Hídricos do Ceará,Hypérides Pereira de Macêdo, vê a realizaçãodesses encontros de amplitude nacional e inter-nacional em Fortaleza, como uma referênciaimportante para o Estado, onde o aspecto semi-árido agrava o processo de degradação ambien-tal. “Um evento dessa natureza poderá contribuir

muito, junto a outras experiências de conserva-ção dos recursos naturais amparadas por novastecnologias e práticas”, considera o secretário.

TEMPO DE DEBATE – ParaCarlos Matos Lima, secretário deAgricultura Irrigada do Ceará e tam-bém com uma pasta inédita em ad-ministrações de outros Estados, osencontros conjuntos representamuma oportunidade singular parareunir estudos e propostas, que vi-sam solucionar um dos maiores pro-blemas atuais, que é o uso competi-tivo das águas, de maneira justa eplanejada. Além disso, constituem-se em oportunidades para que técni-cos, empresários e todos que fazema comunidade da agricultura irriga-da brasileira participem intensa-mente das discussões acerca dotema.

O secretário Carlos Matos tem buscado, atra-vés de sua pasta, a implementação da agriculturairrigada no Estado, com vistas ao desenvolvimen-to socioeconômico com sustentabilidade ambien-tal, atraindo investimentos e gerando empregospara o Ceará.

Falando sobre como a questão dos recursoshídricos é tratada no Ceará, o secretário HypéridesMacêdo considera que a base doprograma é a gestão das águasterritoriais. “O gerenciamento dasnossas fontes hídricas, de formademocrática e participativa, é a nos-sa principal ação, seguida de umapromoção da oferta planejada daágua.”

Segundo ele, mecanismos decontrole e disciplina do uso da águatambém estão sendo implantados,através de uma legislação modernae atuante de outorga e licença nautilização dos recursos hídricos, edos comitês de bacias hidrográficas,que garantem o envolvimento e aconscientização social.

Nesses dois eventos de agosto, deverão estarpresentes conferencistas do porte de BartSchultz, presidente da International Commissionon Irrigation and Drainage (Icid), Ted L. Loudon,da Michigan State University, Luiz Santos Pe-reira, da International Commission onAgricultural Engeneering (CIGR), além de au-toridades da área de recursos hídricos e daAgência Nacional de Águas. Mais novidades einformações poderão ser obtidas via internet,pelos sites: www.funarbe.org.br/conird ewww.funarbe.org.br/ircew. �

AgriculturaIrrigada

Especialistas debatem

gerenciamento derecursos hídricos,

manejo da irrigação,

exploraçõeseconômicas e

preservação dos

recursos naturais

Carlos Matos Lima,Carlos Matos Lima,Carlos Matos Lima,Carlos Matos Lima,Carlos Matos Lima,secretário desecretário desecretário desecretário desecretário deAgriculturaAgriculturaAgriculturaAgriculturaAgriculturaIrrigada do Ceará,Irrigada do Ceará,Irrigada do Ceará,Irrigada do Ceará,Irrigada do Ceará,considera umaconsidera umaconsidera umaconsidera umaconsidera umaoportunidadeoportunidadeoportunidadeoportunidadeoportunidadesingular asingular asingular asingular asingular arealização conjuntarealização conjuntarealização conjuntarealização conjuntarealização conjuntado XI CONIRD e dodo XI CONIRD e dodo XI CONIRD e dodo XI CONIRD e dodo XI CONIRD e do44444t ht ht ht ht h IRCEW IRCEW IRCEW IRCEW IRCEW

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O pioneirismo do Ceará

Fazendo parte de um conjunto de mais oito Esta-dos, que formam a região Nordeste do Brasil, o Cearátem cerca de 90% de seu território com característicasde semi-árido, com solos rasos e cristalinos, que im-põem severos períodos de seca. A população chega aum pouco mais que 7 milhões de pessoas, das quaiscerca de 68% residem nas áreas urbanas e 32% nasáreas rurais.

Vivendo dramas provocados pela seca e a inexis-tência de uma política de recursos hídricos desde ostempos do Império, o Ceará adotou, nas duas últimasdécadas, uma nova mentalidade, que transformou oEstado na primeira unidade da federação a cobrarpelo uso da água bruta. Começou a implantação daestrutura para solucionar o desequilíbrio hídrico, como projeto de interligação de bacias, e, hoje, possui umacompanhia que cuida do gerenciamento da oferta deágua, com a participação dos comitês de bacias.

As barreiras enfrentadas pelos mentores dessanova política de recursos hídricos foram inúmeras,desde a tradicional linha de construção de açudes empropriedades privadas desprovidas de uma explora-ção planejada, às temporárias e eleitoreiras distribui-ções de alimentos, água e formação de frentes detrabalho.

PIONEIRISMOPIONEIRISMOPIONEIRISMOPIONEIRISMOPIONEIRISMO – A Secretaria de Recursos Hídricosdo Ceará foi o marco institucional da política estadualde gestão da oferta de água, instituída em 1987. Comela inaugurou-se uma nova filosofia administrativa epolítica no governo do Estado. Até final de 1991, asreformas na área de recursos hídricos foramincrementais, culminando com a conclusão do PlanoEstadual de Recursos Hídricos (Planerh), a instalação

da Companhia deGestão dos RecursosHídricos (Cogerh),em 1994, e a criaçãode regras para aoperacionalizaçãodessa gestão. Atra-vés dos primeiroscomitês, foram discutidas e disseminadas informa-ções importantes para todos os usuários de água bru-ta e tomadas, em conjunto, decisões que levaram auma melhor compreensão do impacto do consumode cada usuário sobre o dos outros.

A Secretaria de Agricultura Irrigada, em nível esta-dual, também foi criada com o objetivo de incrementaressa tecnologia de produção, em moldes modernos eracionais, outra decisão pioneira da administraçãoestadual. Foram implantados mais dois programas,considerados reforços para a instituição dessa novapolítica de recursos hídricos. São eles: o Programa deDesenvolvimento Urbano e Gestão de Recursos Hídri-cos e o Programa de Gestão e Integração dos RecursosHídricos, ambos em parceria com o Banco Mundial.

Entre o que o governador do Ceará, Tasso Jereissati,classifica como a implantação de um modelo, produtodo processo do “aprender fazendo”, e os exemplosinternacionais incorporados, a experiência desse Es-tado, provavelmente, deverá ser adotada por outrasunidades da federação, que passam pelo mesmo dra-ma da seca. E, filosoficamente, servirá de parâmetropara a institucionalização da política de gerencia-mento de recursos hídricos, em nível federal, da re-cém-criada Agência Nacional de Águas (ANA). �

Observações:Observações:Observações:Observações:Observações:O quadro acima mostra como as atividades dos eventos foram planejadas, para que os participantes tenham a liberdade deescolher a atividade que querem desenvolver no período de 27 a 31 de agosto de 2001.

(*) A empresa organizadora é a Arx Produções e Eventos Ltda, rua Joaquim Sá, 879, CEP: 60130-50, Fortaleza, Ceará, Fone: (85)272.1572, fax: (85) 272.7795, endereço eletrônico: [email protected].

(*) A agência oficial para viagens, hospedagens e excursões é a Naja Turismo, rua Carolina Sucupira, 480, Aldeota, cep: 60140-120,Fortaleza, Ceará, fone: (85) 244.6985 e fax: (85) 264.4787, endereço eletrônico: [email protected].

XI CONIRD – CONGRESSO NACIONAL DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM4th IRCEW – Inter-Regional Conference on Environment - WaterCentro de Convenções de Fortaleza, 27 a 31 de agosto de 2001

ATIVIDADESATIVIDADESATIVIDADESATIVIDADESATIVIDADES 27 DE AGOSTO27 DE AGOSTO27 DE AGOSTO27 DE AGOSTO27 DE AGOSTO 28, 29, 30 E 31 DE AGOSTO28, 29, 30 E 31 DE AGOSTO28, 29, 30 E 31 DE AGOSTO28, 29, 30 E 31 DE AGOSTO28, 29, 30 E 31 DE AGOSTO ATIVIDADESATIVIDADESATIVIDADESATIVIDADESATIVIDADESPRÉ-EVENTOSPRÉ-EVENTOSPRÉ-EVENTOSPRÉ-EVENTOSPRÉ-EVENTOS 2ª FEIRA2ª FEIRA2ª FEIRA2ª FEIRA2ª FEIRA 3ª, 4ª, 5ª E 6ª FEIRA3ª, 4ª, 5ª E 6ª FEIRA3ª, 4ª, 5ª E 6ª FEIRA3ª, 4ª, 5ª E 6ª FEIRA3ª, 4ª, 5ª E 6ª FEIRA PÓS-EVENTOSPÓS-EVENTOSPÓS-EVENTOSPÓS-EVENTOSPÓS-EVENTOS

Excursões técnicas Inscrições 7:30 às 10:00 h Traslado para o CCF Excursões técnicasExcursões turísticas Abertura do Evento Visitas, posters e reuniões Excursões turísticasOs arranjos serão Inauguração da feira 10:00 às 12:00 h Conferência da manhã Os arranjos serãofeitos pelas agências Coquetel 12:00 às 17:00 h Atividades multiescolha: feitos pelas agênciasoficiais dos eventos Almoço, Conferências, oficiais dos eventosARX e Seminários, Cursos, Palestras, ARX eNAJA TURISMO* Mesas redondas, Sessão Poster, NAJA TURISMO*

Coffe-Break, Etc.17:00 às 19:00 h Conferência da tarde20:00 h Atividades de confraternização

e culturais

O governadorO governadorO governadorO governadorO governadordo Ceará, Tassodo Ceará, Tassodo Ceará, Tassodo Ceará, Tassodo Ceará, TassoJereissati, um dosJereissati, um dosJereissati, um dosJereissati, um dosJereissati, um dosresponsáveis pelaresponsáveis pelaresponsáveis pelaresponsáveis pelaresponsáveis pelanova política denova política denova política denova política denova política derecursos hídricosrecursos hídricosrecursos hídricosrecursos hídricosrecursos hídricosdo Estadodo Estadodo Estadodo Estadodo Estado

1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 25

FOTO ARQUIVO DO GOVERNO DO CEARÁ

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Irrigação de fruteirasIrrigação de fruteiras

o mundo moderno, cerca de 5% a 6% dasáreas agricultáveis (230-240 milhões dehectares) são irrigadas e fornecem ali-

mentos para mais de 40% da população global.Isto é possível devido a vários métodos e sistemasdesenvolvidos e aperfeiçoados nos últimos 50anos de tecnologia liderada por Israel e pelosEstados Unidos.

A irrigação, cuja finalidade é atender às ne-cessidades hídricas dos cultivos, de forma quegaranta sua produtividade, pode ser feita utili-zando-se diversos sistemas. A escolha de umdeles deve ser com base nas viabilidades técnicae econômica do projeto e nos seus benefíciossociais, devendo ser considerados os seguintespontos: topografia do terreno, tipo de solo, quan-tidade e qualidade da água, cultura, manejo dairrigação e do clima, entre outros.

A irrigação por aspersão convencional é ummétodo de irrigação em que a água é aspergidasobre a superfície do terreno, assemelhando-se auma chuva, por causa do fracionamento do jatode água em gotas. Este sistema é geralmenteconstituído de tubulações fixas na linha principale portáteis nas linhas laterais, com característi-cas que as tornem de fácil transporte, instalaçãoe montagem, de tal modo que as operações sejamexeqüíveis, manualmente. É um sistema de ma-nejo simples e, por este motivo, muito utilizadono meio rural.

As principais vantagens deste tipo de sistemasão sua adaptabilidade aos diversos tipos de topo-grafia e solo, menor exigência no que diz respeitoà qualidade da água, quando comparado ao siste-ma localizado, e baixo custo de implantação porárea. Como principais desvantagens podem-sedestacar a alta exigência de mão-de-obra no mane-jo diário da irrigação, os altos custos, em algunscasos, com bombeamento, e a influência de deter-minadas condições climáticas (temperatura, umi-dade relativa e vento) na qualidade da irrigação.

Dependendo do comprimento da linha late-ral, a mudança de posição pode requerer de vinteminutos à uma hora, acarretando em uma dimi-nuição do tempo útil de irrigação, além da mobi-lização de boa parte da mão-de-obra disponívelpara executar o serviço.

Em razão destas limitações do sistema, umnovo incremento, ainda pouco conhecido no Bra-sil, porém bastante utilizado em alguns países da

Aspersão convencional subcopa comutilização de mangueiras flexíveis para

melhoria do manejo e da uniformidadede irrigação de fruteiras

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PROFESSOR TITULAR DO DEA – UFV, VIÇOSA, MG

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África e na Espanha, apresenta-se com grandepotencial de uso na agricultura irrigada por as-persão convencional. Trata-se da utilização demangueiras flexíveis. Estas são utilizadasconectadas à linha lateral em uma extremidade eao aspersor, sustentado por um tripé, em suaoutra ponta, de tal modo que com uma posiçãomontada de linha lateral, é possível se fazer trêsposições de irrigação; à direita da linha lateralmontada, sobre a linha lateral e à sua esquerda.Para isso, as mangueiras a serem utilizadas noprocesso devem ter o comprimento correspon-dente ao espaço entre as linhas laterais.

As grandes vantagens do sistema com man-gueiras flexíveis são:• diminuição do número de mudanças da linha

lateral, havendo possibilidades em alguns casos,principalmente quando o produtor possuir linhasde espera, de o sistema tornar-se fixo ou semifixo;

• redução no tempo de mudança de posição dosaspersores e diminuição da necessidade demão-de-obra para executar tais mudanças;

• possibilidade de irrigação à noite, uma vez quenão haverá necessidade de desmontagem emontagem de tubulação, quando em muitoslocais a energia apresenta tarifas reduzidas,possibilitando assim uma diminuição nos cus-tos de produção e uma ampliação do tempodiário de irrigação;

• possibilidade de obtenção de uma melhor uni-formidade de aplicação de água em culturasarbóreas (banana, goiaba, etc.) irrigadas pelasubcopa, devido à maior maleabilidade dosaspersores, que podem ser mais bem posicio-nados entre as plantas e, conseqüentemente,propiciam uma melhor distribuição de águapara a cultura;

• possibilidade de economia de água, em relaçãoa aspersão convencional, devido à melhor uni-formidade de aplicação de água e conseqüente-mente à maior eficiência do uso da mesma.

• facilidade de adaptação do sistema com man-gueiras a um sistema de aspersão convencio-nal comum;

• não afeta em nada qualquer tipo de aplicaçãode produtos químicos, via água de irrigação.

As maiores dificuldades na utilização do sis-tema são: encontrar no mercado mangueirascom preços que viabilizem economicamente asua utilização e, ao mesmo tempo, que sejamduráveis sob condições de arraste constante,exposições ao sol e à umidade; limitação docomprimento das mangueiras a serem utiliza-das, uma vez que esta característica é diretamen-te proporcional ao aumento da altura manomé-trica do sistema, implicando assim em um im-pacto no conjunto motobomba; uso restrito emculturas rasteiras (feijão, soja etc.) já que o arras-te da mangueira no solo pode danificar as plan-tas, principalmente na época de floração.

Através de uma parceria envolvendo o Bancodo Nordeste, a Fapemig e o Departamento deEngenharia Agrícola/UFV/Funarbe foi desenvol-vido um projeto, visando à adaptação deste tipode sistema às condições do Brasil e objetivandotambém a sua divulgação, para que todos osinteressados tenham condições de utilizá-lo cor-retamente.

Para se atingir estes objetivos, o equipamentofoi levado para o campo tendo sido testado pelospróprios produtores. Nesta fase da pesquisa,foram avaliados vários aspectos, tais como: aresistência da mangueira utilizada sob condi-ções de campo, o impacto causado no conjuntomotobomba, devido à perda de carga impostapela utilização das mangueiras, e a aceitação donovo sistema por parte dos produtores. Estasavaliações aconteceram no Perímetro Irrigadodo Gorutuba, em Minas Gerais, onde o equipa-mento foi utilizado por diversos produtores, prin-cipalmente fruticultores (banana e goiaba), porum período de um ano.

FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1 – Sistema de irrigação com a utilização de mangueiras flexíveis – Sistema de irrigação com a utilização de mangueiras flexíveis – Sistema de irrigação com a utilização de mangueiras flexíveis – Sistema de irrigação com a utilização de mangueiras flexíveis – Sistema de irrigação com a utilização de mangueiras flexíveis

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É importante ressaltar que a irrigação poraspersão sub-copa em frutíferas, como a bananae a goiaba, é largamente utilizada de maneirasatisfatória na região. A utilização das manguei-ras flexíveis nada mais é do que uma adaptaçãoao sistema convencional, visando à diminuiçãodas dificuldades encontradas pelos produtoresno manejo diário do equipamento.

Os resultados obtidos foram os melhores pos-síveis, tendo o equipamento um desempenhosatisfatório no campo, além de ter tido umagrande aceitação por parte dos produtores.

Devido à constatação do grande potencial deuso das mangueiras flexíveis na aspersão conven-cional, novos trabalhos vêm sendo desenvolvi-dos, para se adaptar este tipo de sistema a outrascondições que não aquelas encontradas noGorutuba, como por exemplo, na cafeiculturairrigada por aspersão convencional em regiõesde relevo acidentado, onde os benefícios do equi-pamento podem ser ainda maiores, uma vez que,nestas condições, as mudanças de linha lateraltornam-se ainda mais difíceis.

Os resultados destes trabalhos darão suporteaos produtores que tiverem interesse na utiliza-ção deste tipo de equipamento, através de bole-tins técnicos que serão publicados com todas as

informações necessárias para a correta instala-ção e uso deste sistema alternativo.

Para caracterizar os custos da adaptação dosistema de irrigação por aspersão convencionalportátil para o sistema de mangueiras, que aten-da a uma área entre 3 e 5 hectares, apresenta-seo exemplo a seguir.

Serão considerados os custos da adaptaçãode uma linha lateral com sete aspersores, em umprojeto onde esta linha e os aspersores são espaça-dos em 18 metros. O comprimento da mangueiraserá de 20 metros (2 m de folga), um tripé e duasconexões por aspersor (uma na saída da linhalateral e outra no tripé), totalizando para todosistema de irrigação 140 metros de mangueira,sete tripés e 14 conexões. Os custos da adaptaçãosão mostrados no Quadro abaixo e os detalhes deconexões e montagem do sistema são apresenta-dos nas fotos e ilustrações. É importante ressaltarque a adaptação apresentada como exemplo nãose refere a apenas uma linha lateral, podendoesta ser utilizada em várias linhas laterais. �

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDO, S. Manual de irrigação. Viçosa: UniversidadeFederal de Viçosa, Imprensa Universitária, 1995, 657p.

KELLER, J. & BLIESNER, R.D. Sprinkle and Trickle irrigation,Van Nostrand Reinhold, New York, 1990, 652p.

Detalhe doDetalhe doDetalhe doDetalhe doDetalhe dotripé comtripé comtripé comtripé comtripé com

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Custo total 5 9 1 , 5 05 9 1 , 5 05 9 1 , 5 05 9 1 , 5 05 9 1 , 5 0

OBS: levantamento realizado em novembro de 2000

Custos dos componentes necessários paraadaptação de uma linha lateral, para sistemade movimentação com mangueiras flexíveis

FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2 – Adaptação das mangueiras flexíveis ao tripé – Adaptação das mangueiras flexíveis ao tripé – Adaptação das mangueiras flexíveis ao tripé – Adaptação das mangueiras flexíveis ao tripé – Adaptação das mangueiras flexíveis ao tripé

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desenvolvimento da fruticultura nacio-nal constitui-se, hoje, num dos progra-mas do Plano Plurianual de Investimen-

tos 2000/2003 – Avança Brasil, aprovado peloCongresso Nacional e sancionado pelo presiden-te Fernando Henrique Cardoso. É uma das prio-ridades estratégicas do Ministério da Agriculturae do Abastecimento e foi lançado oficialmentepelo ministro Pratini de Moraes, nas regiõesNordeste e Sul do país.

Para se ter uma idéia dessa importância, em2000, as exportações de frutas apresentaram umincremento de 65%, em relação ao ano de 1999.Os números obtidos com a comercialização defrutas representaram um superávit de U$ 179.203mil, contra os U$108.822, obtidos em 1999.

A irrigação é a principal base para a garantiada qualidade e da constância da oferta. Paraanalisar os possíveis retornos aos investimentos,é indispensável o conhecimento de como o gover-no está se estruturando nesse segmento. Assim, aITEM apresenta, a seguir, os indicadores básicosdo Programa de Desenvolvimento da Fruticultu-ra (Profruta).

OBJETIVO – O objetivo geral do Profruta é ode elevar os padrões de qualidade e competitivi-dade da fruticultura brasileira, tanto para aten-der ao mercado interno, quanto ao externo. Esteobjetivo será atingido com o avanço da capacida-de produtiva e gerencial dos produtores de frutase a ampliação dos mercados, por meio de açõesde capacitação tecnológica, para incorporaçãode métodos, técnicas e processos que se baseiam,principalmente, em sistemas integrados de pro-dução, sustentabilidade ambiental e segurançaalimentar.

É um programa dirigido aos agentes de pro-dução, de processamento, de distribuição e decomercialização dos produtos frutícolas, locali-zados especialmente nas regiões dos pólos deprodução, que também beneficia o universo cons-tituído pelos consumidores finais. Reserva-se ao

Estado o papel indutor e promotor do desenvol-vimento.

A base estratégica para a implementação desseprograma é o modelo de parceria e desenvolvi-mento integrado de ações de responsabilidade dosagentes da fruticultura. Envolve tanto instituiçõespúblicas como o CNPq, Embrapa, Codevasf,Emater, Apex, Banco do Nordeste, BNDES, Dnocs,governos estaduais e prefeituras municipais, quan-to agentes representantes da iniciativa privada.

META – A expansão da produção e da rendado setor é a principal meta a ser atingida. Paraisso, o governo considera prioritária a implemen-tação de ações de desenvolvimento tecnológico,de produção de mudas certificadas, de incremen-to de exportações e do consumo interno de frutas,a instituição e a expansão do sistema de produçãointegrada, a capacitação do setor frutícola, apromoção agroindustrial e de eventos e o aperfei-çoamento do processo de gestão das ações doMinistério da Agricultura e Abastecimento nafruticultura.

O cumprimento das ações degestão do Profruta demandou o es-tabelecimento de uma estruturaoperativa do programa, para confe-rir competência técnica e eficáciagerencial à programação delineadapara o período 2000/2003, tendocomo base os esforços já imple-mentados e realizados no exercíciode 1997/1999. Para isso, foram cri-ados um comitê técnico operacio-nal e um grupo gestor. O primeiro,composto por coordenadores téc-nicos das ações do programa e porconsultores especializados doCNPq, é presidido pelo gerente doprograma. Já o grupo gestor temcomo função a gestão operativa doprograma, além de assessorar oseu gerente e o comitê. �

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Com o objetivo de reunir as orientações e infor-mações sobre os principais pontos críticos queafetam a produção e o comércio das frutas econo-micamente significativas, técnicos do Ministério daAgricultura e do Abastecimento reuniram os recen-tes trabalhos elaborados para o setor e elaboraramo “Mapeamento da Fruticultura Brasileira”.

Esse mapeamento foi possível, graças à colabo-ração de diferentes técnicos ligados às várias unida-des descentralizadas da Embrapa e do Ministérioda Agricultura, bem como de técnicos e de profissi-onais com experiência no setor, pertencentes ainstituições parceiras.

De acordo com a produção, a vocação e ascondições apresentadas, o Brasil foi dividido em 30pólos de frutícolas, espalhados do norte ao sul dopaís (ver mapa anexo). Alguns desses pólos estãoatingindo um nível de desenvolvimento próximo doideal, enquanto outros estão praticamente engati-nhando. A tecnologia da irrigação é tida como umaforte aliada dos produtores para a obtenção deprodutos com qualidade e com competitividade nomercado internacional, um dos objetivos do pro-grama estabelecido pelo governo. Uma boa avalia-ção do Programa de Desenvolvimento da Fruticul-tura empreendido pelo governo poderá ser feita nofinal de 2003, quando serão apurados os resultadosobtidos de acordo com as metas estabelecidas.

Alguns dos principais pólos de fruticultura doBrasil, de acordo com esse mapeamento, são osseguintes:

PETROLINA/JUAZEIRO (PE/BA) Este pólo reúne um conjunto de perímetros

irrigados sob a influência dos municípios dePetrolina, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vistae Orocó, em Pernambuco; e Juazeiro, Sobradinho,Casa Nova e Curuçá, na Bahia.

Está localizado no semi-árido nordestino, naregião do submédio São Francisco e apresenta umcrescimento acelerado da produção da agriculturairrigada. As frutas que têm a produção destacadanesse pólo, são a manga, a banana e a uva. Atransformação da região começou na década de 70,acelerando-se a partir da intensificação da implan-tação dos projetos públicos de irrigação, através daCodevasf. Atualmente, de uma área potencial de220 mil hectares, estão ocupados cerca de 100 milhectares irrigados, com a participação do governoe da iniciativa privada.

AÇU/MOSSORÓ (RN)Este pólo localiza-se no Rio Grande Norte, onde

englobam-se as principais áreas de produção defrutas do Estado. Inserido no semi-árido, é a regiãomaior produtora de melão do Brasil, com o eixo

econômico voltado para a irrigação. Entre as de-mais frutas produzidas no pólo e que merecemdestaque estão a banana, o coco, o caju e a manga.

Compreende-se dos municípios de Mossoró, Açu,Baraúna, Carnaubais, Upanema, Ipangaçu, Alto doRodrigues, Afonso Bezerra, Pendências, Serra doMel e Itajá. Atualmente, a área de irrigação públicaé de 5 mil hectares, mas a iniciativa privada vemexpandindo a sua atuação na região, especialmen-te, na criação de infra-estrutura de produção e decomercialização das frutas, que têm permitido oacesso dos produtores aos mercados consumidoresdo país e do exterior.

BAIXO JAGUARIBE (CE)Localizado no estado do Ceará, este pólo envol-

ve, atualmente, cerca de 52 mil hectares, sendo 15,2mil em áreas de projetos públicos e 36,8 mil emáreas particulares. A irrigação é desenvolvida, ex-clusivamente, pela iniciativa privada, tendo porbase um modelo mais avançado de frutas para aexportação, aproveitando-se as experiências deoutras regiões produtoras.

As frutas de maior produção e expressão econô-mica deste pólo são a banana e o melão. Abrangeuma pequena área do semi-árido do Ceará, compre-endendo os municípios de Limoeiro do Norte, Mo-rada Nova, Russas, Jaguaruana, Itaiçaba, Aracatu,São João do Jaguaribe e Quixeré.

Para os próximos anos, está prevista a implanta-ção de mais 50 mil hectares, dos quais 23 mil em áreade projetos públicos. Além do Baixo Jaguaribe, ou-tros agropólos do estado do Ceará são Baixo Acaraú,Metropolitano, Ibiapaba, Centro Sul e Cariri.

NORTE DE MINAS (MG)Englobando municípios mineiros de Janaúba,

Jaíba, Manga, Matias Cardoso, Porteirinha, NovaPorteirinha e Verdelândia, que compreendem umaárea total de cerca de 12.607 km2 e uma populaçãode, aproximadamente, 180 mil habitantes, este pólotem por base alguns perímetros de irrigação im-plantados pela Codevasf, acrescidos pela área irri-gada a cargo de produtores independentes. As prin-cipais frutas produzidas são a banana, manga, uva,maracujá e limão. Os perímetros que compõem estepólo são os seguintes:• Perímetro de Irrigação de Pirapora, localizado no

município do mesmo nome, com uma área irrigávelde 1.236 hectares, ocupada por 34 empresários;

• Perímetro de Irrigação do Gorutuba, alimentadopela Barragem Bico da Pedra, está localizado nosmunicípios de Janaúba e Nova Porteirinha. En-volve 390 pequenos irrigantes, com um total de2.528,6 hectares e 44 empresários, com 2.290,2hectares;

Os 30 pólos frutícolas do Brasil, do semi-árido ao temperado

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• Perímetro de Irrigação Jaíba, localizado nosmunicípios de Jaíba e Matias Cardoso, com 8.500hectares em produção de uma área total irrigávelde aproximadamente 25 mil hectares, somentena primeira etapa, destinados a 1.400 pequenosempresários e mais 67 médios empresários. Es-tão previstas mais três etapas para complementaro perímetro. (ver matéria sobre o Distrito Irriga-do da Jaíba, na página 63).

• Perímetro de Irrigação Lagoa Grande, localizadoem Janaúba, com uma área total e irrigável de1.660 hectares, ocupada por 55 empresários.

ESTADO DE SÃO PAULOO estado de São Paulo, por tradição, constitui-

se num importante centro de produção de frutastropicais, como banana, manga, abacaxi, melan-cia e goiaba, e de frutas de clima temperado, comouva, morango, caqui e figo. O Vale da Ribeira é aprincipal região produtora, seguido dePindamonhangaba, Fernandópolis e Jales. A re-gião metropolitana de São Paulo registra umasignificativa área de produção e aparece como asegunda produtora do Estado.

As regiões Centro-Oeste e Norte do Estado apa-recem como as principais produtoras de laranjapara processamento, limão e tangerina. Já o Valeda Ribeira tem a banana Cavendish como a princi-pal atividade agrícola da região.

ESTADO DO ESPÍRITO SANTOA fruticultura no Espírito Santo constitui-se na

segunda atividade da agropecuária do Estado, per-dendo apenas para a cultura do café. Apresentacondições favoráveis de clima e de solo para aprodução de grande variedade de frutas tropicais,subtropicais e temperadas. A cultura do mamão,por exemplo, adaptou-se melhor na região Norte doEstado, transformando o Espírito Santo no segun-do maior produtor e o primeiro exportador, emnível nacional.

ESTADO DO PARANÁNo estado do Paraná, a atividade colocou-o

como o 10o produtor nacional de frutas. A diversida-de de clima e de solos propicia o cultivo de umagama variada de espécies tropicais e temperadas,entre elas, laranja, tangerina, banana, melancia euva de mesa.

Sua localização estratégica em relação aos cen-tros consumidores das regiões Centro-Sul do país edo Mercosul, faz com que o Estado tenha condiçõesde atingir uma posição mais agressiva no mercadode frutas.

FRAIBURGO/SÃO JOAQUIM (SC)Formado pelos municípios de Fraiburgo e São

Joaquim, este pólo caracteriza-se como o maiorprodutor de maçã do país. Além desta fruta, oestado de Santa Catarina destaca-se como produtorde outras de clima temperado como a uva, o pêsse-go e a ameixa.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULO Rio Grande do Sul apresenta três regiões,

onde a fruticultura tem importância econômicasignificativa. São as regiões da Serra Gaúcha, en-globando os municípios de Bento Gonçalves e Caxiasdo Sul, além de Vacaria e a chamada Metade Sul.

As principais frutas produzidas pelo Estado sãoas de clima temperado, destacando-se a ameixa, opêssego, a maçã e a uva. Tendo em vista as exigên-cias do mercado internacional, os produtores demaçã da região deverão ser os pioneiros na adoçãodo sistema de produção integrada, adequando-seaos requisitos internacionais de qualidade e compe-titividade exigidos pelo mercado externo. �

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P Ó LP Ó LP Ó LP Ó LP Ó LO SO SO SO SO SF RF RF RF RF RUTÍCULUTÍCULUTÍCULUTÍCULUTÍCULA SA SA SA SA SDO BRDO BRDO BRDO BRDO BRASILASILASILASILASIL

1. Norte de Minas MG2. Guanambi BA3. Formoso BA4. Barreiras BA5. Petrolina/Juazeiro PE/BA6. Baixo São Francisco SE/AL7. Moxotó/Pajeú PE8. Gurguéia PI9. Alto Piranhas PB

10. Açu RN11. Baixo Médio Jaguaribe CE12. Acaraú/Curu CE13. Baixo Parnaíba PI/MA14. Baixada Ocidental

Maranhense MA15. Benevides/Ananindeua PA16. Paragominas/Salvaterra PA17. Ulianópolis/Dom Elizeu PA18. Miracema do Tocantins TO19. Entorno do Distrital Federal20. Triângulo Mineiro MG

21. Norte Fluminense RJ22. Linhares ES23. Sul da Bahia (Eunápolis,

Teixeira de Freitas24. Campinas/Jundiaí SP25. Vale do Ribeira SP26. Paraná PR27. Fraiburgos/S. Joaquim SC28. Bento Gonçalves/Caxias

do Sul RS29. Vacaria RS30. Metade do Sul do Rio

Grande do Sul

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semi-árido nordestino não só apresentaproblemas, mas também potencialidadesdiferenciadas, por se tratar da maior área

semi-árida do globo, com amplo potencial para odesenvolvimento da agricultura irrigada. Consti-tui-se, portanto, na nova fronteira para a expansãoda fruticultura. “Estamos num momento oportu-no, com vários eventos voltados para a fruticulturairrigada, bem como para a agricultura irrigada doNordeste, com oportunidade de troca de experiên-cias entre pesquisadores, especialistas e os maisdiversos profissionais, empresários e produtoresdo Brasil e do exterior”, afirma José RobertoRodrigues Peres, diretor da Embrapa e responsá-vel pela supervisão do Projeto Estratégico de Agri-cultura Irrigada, da Diretoria Executiva destaEmpresa, ao destacar a realização do XI Congres-so Nacional de Irrigação e Drenagem e da QuartaConferência Inter-regional sobre Água e MeioAmbiente, que acontecerão em Fortaleza (CE), naúltima semana de agosto deste ano. “Espero quepossamos ter uma apresentação efetiva de resulta-dos dessa rede para o Nordeste”, considera ele.

AGRICULTURA IRRIGADA – Além do ma-nejo da irrigação, Peres considera merecedores

Com o objetivo de dar suporteCom o objetivo de dar suporteCom o objetivo de dar suporteCom o objetivo de dar suporteCom o objetivo de dar suporte

tecnológico ao Programa detecnológico ao Programa detecnológico ao Programa detecnológico ao Programa detecnológico ao Programa de

Desenvolvimento da FruticulturaDesenvolvimento da FruticulturaDesenvolvimento da FruticulturaDesenvolvimento da FruticulturaDesenvolvimento da Fruticultura

(Profruta), proposto pelo Ministério da(Profruta), proposto pelo Ministério da(Profruta), proposto pelo Ministério da(Profruta), proposto pelo Ministério da(Profruta), proposto pelo Ministério da

Agricultura e Abastecimento,Agricultura e Abastecimento,Agricultura e Abastecimento,Agricultura e Abastecimento,Agricultura e Abastecimento,

a Empresa Brasileira de Pesquisaa Empresa Brasileira de Pesquisaa Empresa Brasileira de Pesquisaa Empresa Brasileira de Pesquisaa Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (Embrapa) tem umaAgropecuária (Embrapa) tem umaAgropecuária (Embrapa) tem umaAgropecuária (Embrapa) tem umaAgropecuária (Embrapa) tem uma

missão especial. Pretende organizar,missão especial. Pretende organizar,missão especial. Pretende organizar,missão especial. Pretende organizar,missão especial. Pretende organizar,

inicialmente, toda a geração einicialmente, toda a geração einicialmente, toda a geração einicialmente, toda a geração einicialmente, toda a geração e

transferência de tecnologia irrigada,transferência de tecnologia irrigada,transferência de tecnologia irrigada,transferência de tecnologia irrigada,transferência de tecnologia irrigada,

no desenvolvimento de um projetono desenvolvimento de um projetono desenvolvimento de um projetono desenvolvimento de um projetono desenvolvimento de um projeto

considerado estratégico para oconsiderado estratégico para oconsiderado estratégico para oconsiderado estratégico para oconsiderado estratégico para o

Nordeste, para depois evoluir para oNordeste, para depois evoluir para oNordeste, para depois evoluir para oNordeste, para depois evoluir para oNordeste, para depois evoluir para o

restante do país. Esse projeto temrestante do país. Esse projeto temrestante do país. Esse projeto temrestante do país. Esse projeto temrestante do país. Esse projeto tem

como objetivo otimizar a utilização doscomo objetivo otimizar a utilização doscomo objetivo otimizar a utilização doscomo objetivo otimizar a utilização doscomo objetivo otimizar a utilização dos

recursos hídricos disponíveis narecursos hídricos disponíveis narecursos hídricos disponíveis narecursos hídricos disponíveis narecursos hídricos disponíveis na

região, como as águas do rio Sãoregião, como as águas do rio Sãoregião, como as águas do rio Sãoregião, como as águas do rio Sãoregião, como as águas do rio São

Francisco e a água subterrâneaFrancisco e a água subterrâneaFrancisco e a água subterrâneaFrancisco e a água subterrâneaFrancisco e a água subterrânea

sedimentar e de grandes açudes.sedimentar e de grandes açudes.sedimentar e de grandes açudes.sedimentar e de grandes açudes.sedimentar e de grandes açudes.

Tecnologia para irrigaçãoUm projeto estratégico da Embrapa para o Nordeste

Tecnologia para irrigaçãoUm projeto estratégico da Embrapa para o Nordeste

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FOTO MAURÍCIO ALMEIDA

O

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da mesma atenção da pesquisa outros temascomo o melhoramento genético, a fertirrigação,que ainda é vista como um desafio no Brasil, omanejo dos solos e a drenagem, principalmenteem áreas com potencial para salinização.

“Às vezes, importamos tecnologia de outrospaíses e temos pouquíssimas informações volta-das para a fertirrigação, que é uma forma demaximizar o uso de insumos de uma maneirasustentável”, considera o diretor da Embrapa.

Um diagnóstico elaborado em áreas de fruti-cultura irrigada no Pólo de Irrigação Juazeiro/Petrolina, por Bernardo Van Raij, chefe-geral daEmbrapa Meio Ambiente, apontou um grandedesequilíbrio nutricional. “Aplicamos fertilizan-tes, principalmente nitrogênio e fósforo, semindicadores de quanto colocar. Perde-se dinhei-ro, produtividade, cria-se desequilíbrio nutricio-nal e polui-se o meio ambiente”, afirma Peres.

A primeira iniciativa da pesquisa é estabele-cer uma espécie de estado-da-arte da irrigação,com a atualização e o mapeamento de todas asinformações e estruturas existentes na regiãoNordeste, para a definição de prioridades. Nesseprojeto, estão sendo estabelecidas parcerias comuniversidades, sistema estadual de pesquisa esetor privado. Nessa primeira etapa, a Embrapaestá custeando esse Projeto e buscando obterrecursos em outras fontes financiadoras. Existegrande interesse do Banco Interamericano, quejá está financiando estudos sobre o novo modelode agricultura irrigada para o Nordeste.

FRUTICULTURA IRRIGADA – Além de de-senvolver um programa nacional de fruticultura,a Embrapa coordena um programa de Pesquisae Desenvolvimento (P&D) em fruteiras irrigadasdo Avança Brasil. Este Programa priorizou oitofruteiras e possui metas bem definidas que têmde ser atingidas em cinco anos.

O governo tem liberado cerca de R$ 8 milhõespor ano para a sua execução. “Temos desafios,como desenvolver um melão tropical com quali-dade e adaptado às condições brasileiras. A bana-na do grupo cavendish, um produto voltado paraa exportação, é outro exemplo, já que o Brasil éum grande produtor de banana-prata, destinadaao consumo interno”, explica Peres. A Embrapaestá investindo na formação de uma equipe mul-tidisciplinar para desenvolver esse produto, tor-nando disponíveis mudas de alta qualidade paraos viveiristas e colocando os produtores nacio-nais em melhores condições de competir no mer-cado externo.

Outro desafio é a produção integrada de fru-tas, para a abertura comercial do Brasil. Essetipo de produção é uma exigência mundial, pois,atualmente, não basta ter um produto de qualida-

de e, sim, todo um sistema de produção monito-rado. O ministro Pratini de Morais liberou cercade R$16 milhões para acelerar a obtenção deindicadores de sustentabilidade para a produçãointegrada.

PLANTIO DIRETO – O diretor da Embrapaconsidera que o desafio da agricultura sustentá-vel é ter indicadores de qualidade, tanto de águaquanto de solo, analisando, por exemplo, metaispesados, coliformes etc, para ter alimentos lim-pos que venham atender às exigências dos mer-cados interno e externo.

Para Peres, o sistema Plantio Direto (PD) éuma realidade nos trópicos e precisamos entendê-lo cada vez melhor, principalmente, na agricul-tura irrigada, tendo-o como aliado para vencerdesafios. “O futuro da agricultura sustentávelpassa pelo aprofundamento dos estudos da partebiológica do solo. Para ser sustentável, a agricul-tura tem que adotar o sistema Plantio Direto”,afirma ele.

Ele cita como um fantástico exemplo dessesistema as tecnologias para agricultura familiardesenvolvidas na Embrapa Clima Temperado.Com o PD, houve a recuperação de um solopraticamente degradado, manejando plantas decobertura, sem colocar adubo químico. O solo foireconstituído com reciclagem de nutrientes eprodução de matéria orgânica. Com isso, desen-volveu-se uma agricultura orgânica, o PD e oequilíbrio biológico com controle natural. “É umexemplo que se pode fazer com agricultura orgâ-nica e PD”, disse ele, considerando que é umapreocupação atual o fato de existirem poucospesquisadores trabalhando na área biológica desolo com PD. �

Para José RobertoPara José RobertoPara José RobertoPara José RobertoPara José RobertoRodrigues Peres,Rodrigues Peres,Rodrigues Peres,Rodrigues Peres,Rodrigues Peres,diretor da Embrapa,diretor da Embrapa,diretor da Embrapa,diretor da Embrapa,diretor da Embrapa,o semi-áridoo semi-áridoo semi-áridoo semi-áridoo semi-áridonordestino não sónordestino não sónordestino não sónordestino não sónordestino não sóa p r e s e n t aa p r e s e n t aa p r e s e n t aa p r e s e n t aa p r e s e n t aproblemas, masproblemas, masproblemas, masproblemas, masproblemas, mast a m b é mt a m b é mt a m b é mt a m b é mt a m b é mpotencial idadespotencial idadespotencial idadespotencial idadespotencial idadesfantásticas parafantásticas parafantásticas parafantásticas parafantásticas pararevolucionar arevolucionar arevolucionar arevolucionar arevolucionar aagricultura irrigadaagricultura irrigadaagricultura irrigadaagricultura irrigadaagricultura irrigada

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E N T R E

Como funciona esseprojeto estratégico

da EmbrapaO pesquisador Pedro Jaime de Carvalho Genú é o novoO pesquisador Pedro Jaime de Carvalho Genú é o novoO pesquisador Pedro Jaime de Carvalho Genú é o novoO pesquisador Pedro Jaime de Carvalho Genú é o novoO pesquisador Pedro Jaime de Carvalho Genú é o novo

coordenador técnico do programa estratégico da Embrapacoordenador técnico do programa estratégico da Embrapacoordenador técnico do programa estratégico da Embrapacoordenador técnico do programa estratégico da Embrapacoordenador técnico do programa estratégico da Embrapa

denominado: “Inovação Tecnológica para a Fruticulturadenominado: “Inovação Tecnológica para a Fruticulturadenominado: “Inovação Tecnológica para a Fruticulturadenominado: “Inovação Tecnológica para a Fruticulturadenominado: “Inovação Tecnológica para a Fruticultura

Irrigada no Semi-árido Nordestino”. Nesta entrevista à revistaIrrigada no Semi-árido Nordestino”. Nesta entrevista à revistaIrrigada no Semi-árido Nordestino”. Nesta entrevista à revistaIrrigada no Semi-árido Nordestino”. Nesta entrevista à revistaIrrigada no Semi-árido Nordestino”. Nesta entrevista à revista

ITEM, ele mostrou como vem funcionando o braço tecnológicoITEM, ele mostrou como vem funcionando o braço tecnológicoITEM, ele mostrou como vem funcionando o braço tecnológicoITEM, ele mostrou como vem funcionando o braço tecnológicoITEM, ele mostrou como vem funcionando o braço tecnológico

e científico do Programa de Desenvolvimento da Fruticulturae científico do Programa de Desenvolvimento da Fruticulturae científico do Programa de Desenvolvimento da Fruticulturae científico do Programa de Desenvolvimento da Fruticulturae científico do Programa de Desenvolvimento da Fruticultura

(Profruta), falou sobre as primeiras conquistas obtidas e sobre(Profruta), falou sobre as primeiras conquistas obtidas e sobre(Profruta), falou sobre as primeiras conquistas obtidas e sobre(Profruta), falou sobre as primeiras conquistas obtidas e sobre(Profruta), falou sobre as primeiras conquistas obtidas e sobre

as metas estabelecidas a serem atingidas até 2003.as metas estabelecidas a serem atingidas até 2003.as metas estabelecidas a serem atingidas até 2003.as metas estabelecidas a serem atingidas até 2003.as metas estabelecidas a serem atingidas até 2003.

Item Qual o esforço imediatovoltado para fortalecimentotecnológico do Profruta?Pedro Genú – O Profruta expres-sa uma das prioridades estraté-gicas do Ministério da Agricultu-ra e do Abastecimento e tem comoobjetivo elevar os padrões de qua-lidade e de competitividade dafruticultura brasileira ao pata-mar de excelência requerido pelomercado internacional. Para tal,existe a necessidade de efetivar oavanço da capacidade produtivae gerencial dos diversos segmen-tos que compõem a cadeia defrutas e a ampliação dos merca-dos interno e externo, por meiode ações de capacitação para aincorporação de métodos, técni-cas e processos que se baseam,principalmente, em concepçõesde sistemas integrados de pro-dução, sustentabilidade ambien-tal e segurança alimentar.Uma das primeiras ações desen-volvidas dentro desta linha foi aelaboração de um documento de-nominado “Mapeamento da Fru-ticultura”. Este documento re-presenta um eficiente instrumen-

para a produção de mudas e vi-veiros, capacitação tecnológica,além de sistemas integrados deprodução e de sustentabilidadeambiental.No que diz respeito à produçãode mudas e viveiros, tivemos, noano 2000, a implantação de noveprojetos, nas regiões Nordeste,Centro-Oeste, Sudeste e Sul dopaís, para a produção de dez mi-lhões de mudas/ano, a partir de2002, para as culturas de uva,mamão, abacaxi, banana, citros,manga, frutas de caroço, maçã,maracujá e goiaba.Quanto à capacitação técnica, oobjetivo é realizar 70 cursos paratreinamento de 2.100 técnicos/ano, no período de 2001 a 2003.Em novembro de 2000, foramintroduzidos 11 cursos sobre sis-temas de produção e de implan-tação e manutenção de viveiros,nas regiões Sul, Sudeste, Cen-tro-Oeste e Nordeste, o que re-sultou em 330 técnicos treina-dos, encarregados de multipli-car o treinamento para 30 pro-dutores por técnico; a edição de11 vídeos e manuais de capacita-

to e importante fonte de referên-cia ao processo de conhecimen-to e compreensão do setor frutí-cola, e propicia as bases de apoioà tomada de decisões sobre açõesa serem implementadas peloProfruta.A Embrapa está inserida nessePrograma através de duas ações.Uma voltada para o Nordeste,intitulada: “Inovação Tecnológi-ca para a Fruticultura Irrigadano Semi-árido Nordestino”, daqual sou o coordenador técnico,e outra, mais abrangente, deno-minada “Pesquisa e Desenvolvi-mento em Fruticultura”, coor-denada por Mário Augusto Pintoda Cunha, chefe-geral daEmbrapa Mandioca e Fruticul-tura, em Cruz das Almas (BA).Na primeira, estão contempla-das ações voltadas para a produ-ção de mudas e de viveiros e paraa capacitação tecnológica, querseja através treinamentos didáti-cos e práticos, quer seja atravésda publicação de um conjunto demanuais sobre diferentes cultu-ras. Na segunda, estão contem-pladas, também, ações voltadas

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A tecnologia de produção e de tratamento pós-colheitaA tecnologia de produção e de tratamento pós-colheitaA tecnologia de produção e de tratamento pós-colheitaA tecnologia de produção e de tratamento pós-colheitaA tecnologia de produção e de tratamento pós-colheitado melão já foi organizada pela Embrapado melão já foi organizada pela Embrapado melão já foi organizada pela Embrapado melão já foi organizada pela Embrapado melão já foi organizada pela Embrapa

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PPPPPEDROEDROEDROEDROEDRO J J J J JAIMEAIMEAIMEAIMEAIME DEDEDEDEDE

CCCCCARVALHOARVALHOARVALHOARVALHOARVALHO G G G G GENÚENÚENÚENÚENÚV I S T A

ção em técnicas de produção, defitossanidade e de pós-colheita,incluindo as espécies abacaxi(produção, pós-colheita e fitossa-nidade), banana (produção e fi-tossanidade), manga (produção,pós-colheita e fitossanidade),mamão (produção, fitossanidade),melão (pós-colheita). Está previs-ta a elaboração de mais 22 manu-ais com técnicas de produção,fitossanidade e pós-colheita deespécies tropicais, e seis de espé-cies de clima temperado, além dacapacitação de 540 técnicos, noperíodo de 2001/2003.

Item – Como braço científico etecnológico do Profruta, articu-lando-se em todo o Brasil, envol-vendo Centros da Embrapa, uni-versidades, empresas e institutosestaduais de P&D e as diversasorganizações dos agentes doagronegócio da fruticultura,quais as perspectivas em avançoscientíficos e tecnológicos, paramelhorar o abastecimento inter-no de frutas e ganhar mais espa-ço no mercado internacional?Pedro Genú – O programaenfatiza a participação da inicia-tiva privada, como principalagente gerador da produção e darenda, reservando-se ao Estadoo papel indutor e promotor dodesenvolvimento. Os beneficiá-rios estão sendo os agentes dacadeia frutícola, como os produ-tores, distribuidores, atacadistase varejistas, técnicos agrícolas,traders, pesquisadores, gestores,viveiristas, agroindústria, siste-ma de crédito e finanças e consu-midores finais. O foco do progra-ma contempla ações nas áreas:inovação tecnológica, pesquisa edesenvolvimento, capacitação defruticultores, difusão de tecnolo-gia, controle de pragas e de resí-duos químicos em frutas, cam-panha para promoção de frutasbrasileiras, sistema de integraçãoe qualificação da informação co-mercial e tecnológica, e promo-

ção de eventos técnicos, assis-tência técnica e extensão rural.Para cada uma dessas ações, háum grupo trabalhando, formadopor pesquisadores, extensionis-tas e agentes do agronegócio fru-ticultura.Especificamente, no que diz res-peito à ação que coordenamos,devemos enfatizar os trabalhoscom uva (com prioridade paramelhoramento de variedadessem sementes); manga (com focoem colheita na contra-estaçãodos países competidores); melão(com ênfase em melhoramentopara produção do melão tropi-cal); banana (enfatizando fitos-sanidade e melhoramento paratipos exportáveis); coco (concen-trando esforços na multiplica-ção da variedade anão híbrido);mamão (viabilizando participa-ção nordestina nas exportaçõespara os Estados Unidos); abaca-xi (objetivando o controle de pra-gas e doenças, como a fusario-se); e exóticas (com destaque parao caju e frutas nordestinas pro-missoras).

Item – Qual é a engenharia fi-nanceira para atender a esseamplo leque de demandas? Quaissão as maiores prioridades?Como está a estruturação orga-nizacional para atendê-las?Pedro Genú – Existe a necessi-dade de desenvolver parceriaspara atender a este grande lequede demandas. As prioridades es-tão voltadas para as questõesbásicas e primordiais, comomudas certificadas, produçãointegrada, sistema de qualifica-ção da informação, cadastro deprodutores e empacotadores.Hoje, a título de exemplo, estãosendo articulados convênios,contratos e parcerias com dife-rentes instituições, públicas ouprivadas, para avançar no traba-lho. Dessa forma, um convêniode cooperação técnica MA/CNPqprevê a implantação de nove pro-

jetos de mudas certificadas paraas culturas de uva, mamão, aba-caxi, banana, citros, manga, fru-tos de caroço, maçã, pera, mara-cujá e goiaba; dez projetos deprodução integrada para as cul-turas de maçã, manga, uva, pês-sego, citros, banana e mamão;um projeto sobre sistema de qua-lificação e informação; e um pro-jeto sobre avaliação da confor-midade e cadastro de produtorese empacotadores, no regime daprodução integrada de frutas.Um outro convênio do MA com aSecretaria de Estado da Agricul-tura do Piauí prevê a aquisiçãode 400 mil mudas de cajueiroanão precoce para o desenvolvi-mento do projeto de cajuculturado Estado, visando à melhoriana oferta da fruta nos mercadosinterno e externo.Existe ainda a programação depesquisa e desenvolvimento exe-cutada pelo Sistema Nacional dePesquisa Agropecuária (SNPA) ecoordenada pela Embrapa, ondesão executados 450 subprojetosde pesquisa, nas mais diferenteslinhas e espécies frutícolas.

Item – Irrigação e drenagem con-figuram-se, praticamente, comoindissociáveis de uma fruticultu-ra, que prime pela constância daqualidade e da oferta, especial-mente para frutas in natura. Des-sa forma, gostaríamos que colo-casse sua visão sobre o desenvol-vimento e as perspectivas da fru-ticultura irrigada no Brasil.Pedro Genú – O Brasil é o segun-do produtor mundial de frutas,produzindo 36 milhões de tone-ladas, cerca de 10% da produçãomundial. O mercado de frutasfrescas representa US$ 23 bi-lhões, dos quais apenas 10% sãode produtos tropicais. Esse mer-cado cresce US$ 1 bilhão porano, com apenas 1% de partici-pação do Brasil.Qualquer expansão do negóciofrutícola representará negócios

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E N T R E

Item – Apesar de o mercadomundial de frutas estar em pro-cesso de crescimento, a partici-pação do país na pauta de ex-portações é considerada tími-da. O senhor poderia nos darum quadro numérico dessa evo-lução e das projeções futuras?Vilas – A participação do Brasilno mercado mundial de frutas érelativamente pequena, confor-me indicada no Quadro 1. Istose explica por várias razões,como a falta de tradição, a pe-quena atenção dos governosanteriores com a fruticultura e omercado interno relativamentegrande que absorve a produçãonacional de frutas. Não obstante,

de acordo com estatísticas daFood and AgricultureOrganization (FAO), que é a Or-ganização das Nações Unidaspara Agricultura e Alimentação,o comércio internacional de fru-tas tem crescido aproximada-mente um bilhão de dólares aoano; o Brasil pode aproveitaressa oportunidade de mercadoe transformar-se num impor-tante exportador de frutas. Ofuturo promissor desse negóciobaseia-se numa demanda cres-cente, com sólidos fundamen-tos da medicina e de preocupa-ções dos consumidores com me-lhor saúde, obtida através domaior consumo de frutas.

PPPPPEDROEDROEDROEDROEDRO J J J J JAIMEAIMEAIMEAIMEAIME DEDEDEDEDE

CCCCCARVALHOARVALHOARVALHOARVALHOARVALHO G G G G GENÚENÚENÚENÚENÚ

Maiorparticipaçãono mercado

externo, umameta nacionalUm dos defensores do programa de Pesquisa eUm dos defensores do programa de Pesquisa eUm dos defensores do programa de Pesquisa eUm dos defensores do programa de Pesquisa eUm dos defensores do programa de Pesquisa e

Desenvolvimento em Fruteiras Irrigadas é o pesquisadorDesenvolvimento em Fruteiras Irrigadas é o pesquisadorDesenvolvimento em Fruteiras Irrigadas é o pesquisadorDesenvolvimento em Fruteiras Irrigadas é o pesquisadorDesenvolvimento em Fruteiras Irrigadas é o pesquisadorAndrês Troncoso Vilas, formado em EngenhariaAndrês Troncoso Vilas, formado em EngenhariaAndrês Troncoso Vilas, formado em EngenhariaAndrês Troncoso Vilas, formado em EngenhariaAndrês Troncoso Vilas, formado em Engenharia

Agronômica e com mestrado em Economia Rural pelaAgronômica e com mestrado em Economia Rural pelaAgronômica e com mestrado em Economia Rural pelaAgronômica e com mestrado em Economia Rural pelaAgronômica e com mestrado em Economia Rural pelaUniversidade Federal de Viçosa e PhD pela UniversidadeUniversidade Federal de Viçosa e PhD pela UniversidadeUniversidade Federal de Viçosa e PhD pela UniversidadeUniversidade Federal de Viçosa e PhD pela UniversidadeUniversidade Federal de Viçosa e PhD pela Universidade

de Purdue/Estados Unidos, além de produtor de frutas.de Purdue/Estados Unidos, além de produtor de frutas.de Purdue/Estados Unidos, além de produtor de frutas.de Purdue/Estados Unidos, além de produtor de frutas.de Purdue/Estados Unidos, além de produtor de frutas.Para ele, que está atuando hoje no MCT, na equipe dePara ele, que está atuando hoje no MCT, na equipe dePara ele, que está atuando hoje no MCT, na equipe dePara ele, que está atuando hoje no MCT, na equipe dePara ele, que está atuando hoje no MCT, na equipe decoordenação dos fundos setoriais de P&D, na área decoordenação dos fundos setoriais de P&D, na área decoordenação dos fundos setoriais de P&D, na área decoordenação dos fundos setoriais de P&D, na área decoordenação dos fundos setoriais de P&D, na área de

irrigação, todos os esforços empreendidos pelos setoresirrigação, todos os esforços empreendidos pelos setoresirrigação, todos os esforços empreendidos pelos setoresirrigação, todos os esforços empreendidos pelos setoresirrigação, todos os esforços empreendidos pelos setorespúblicos e privados, em prol da fruticultura brasileira, sãopúblicos e privados, em prol da fruticultura brasileira, sãopúblicos e privados, em prol da fruticultura brasileira, sãopúblicos e privados, em prol da fruticultura brasileira, sãopúblicos e privados, em prol da fruticultura brasileira, são

justificados pela grande geração de empregos, pelasjustificados pela grande geração de empregos, pelasjustificados pela grande geração de empregos, pelasjustificados pela grande geração de empregos, pelasjustificados pela grande geração de empregos, pelascondições de renda, pelas divisas com exportação e pelocondições de renda, pelas divisas com exportação e pelocondições de renda, pelas divisas com exportação e pelocondições de renda, pelas divisas com exportação e pelocondições de renda, pelas divisas com exportação e pelo

desenvolvimento em todos os segmentos dodesenvolvimento em todos os segmentos dodesenvolvimento em todos os segmentos dodesenvolvimento em todos os segmentos dodesenvolvimento em todos os segmentos doagronegócio. Em entrevista à revista ITEM, ele falaagronegócio. Em entrevista à revista ITEM, ele falaagronegócio. Em entrevista à revista ITEM, ele falaagronegócio. Em entrevista à revista ITEM, ele falaagronegócio. Em entrevista à revista ITEM, ele falaespecialmente sobre o mercado externo de frutas.especialmente sobre o mercado externo de frutas.especialmente sobre o mercado externo de frutas.especialmente sobre o mercado externo de frutas.especialmente sobre o mercado externo de frutas.

de milhões de dólares, havendofortes evidências de aberturapara frutas tropicais, com sabo-res exóticos, principalmente nacontra-estação. Considerando aconjuntura brasileira, a desvalo-rização da moeda torna estesprodutos mais atrativos no mer-cado internacional, gerando au-mento de competitividade e, porconseguinte, aumento nas expor-tações.Mas, torna-se necessário que osprodutos brasileiros atendam aexigências, como adequação devariedades ao mercado externo(tamanho de frutos, coloraçãoda polpa, presença de sementes,relação brix/acidez etc.), adequa-ção das embalagens, qualifica-ção da mão-de-obra envolvidana colheita, seleção, manuseio etratamento pós-colheita, regula-ridade de produção (oferta) econtrole fitossanitário.Uma das formas para regulari-zar a produção é através do usoda irrigação. A área irrigada emfruticultura tem-se expandidosignificativamente no Brasil,principalmente na região Nor-deste, onde o Governo Federaltem investido de maneira acen-tuada (vide Programa de Apoio eDesenvolvimento da Fruticultu-ra Irrigada do Nordeste (Padfin),Brasil em Ação e Avança Brasil.O respaldo tecnológico para sus-tentar esta expansão está sendodado através de um número sig-nificativo de subprojetos na áreade irrigação, onde estão em exe-cução 38 subprojetos. Muitosdestes estão associados à fertir-rigação, o que tem proporciona-do geração de tecnologia paraatender à demanda de frutos dequalidade, visando, principal-mente, a exportação.Seguramente, a conjugação des-ses dois fatores deverá incremen-tar em muito a produção de fru-tas no Brasil, projetando tam-bém sua participação no merca-do frutícola mundial. �

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AAAAANDRÉSNDRÉSNDRÉSNDRÉSNDRÉS

TTTTTRONCOSORONCOSORONCOSORONCOSORONCOSO V V V V VILASILASILASILASILASV I S T A

Item – Quais os exemplos inter-nacionais que o Brasil deveriaconsiderar para efetivamenteparticipar no processo de ex-portação de frutas? E, por quê?Vilas – O Quadro 2, indica osprincipais países produtores defruta, que competem com oBrasil no mercado internacio-nal, mas que também servemcomo exemplos de eficiêncianos vários segmentos doagronegócio frutícola, dentreeles, destaca-se, na AméricaLatina, o Chile.

Item – Quais são os pontos for-tes e fracos da experiência chi-lena com o setor?Vilas – A fruticultura de expor-tação no Chile é um caso desucesso. O país aproveita bemvários microclimas adequadospara a fruticultura. Desenvol-veu sólidos programas de apoiotecnológico e financeiro para afruticultura, continuamentedurante as duas últimas déca-das, implementou um rigorosoprograma de controle fitossa-nitário e desenvolveu relevan-tes parcerias comerciais comtrading companies, em mais de40 mercados, em importantespaíses consumidores. Tudo isso,com uma forte participação deempresários privados nacionaise internacionais, são pontosfortes da fruticultura chilena.Obviamente, essa experiênciatambém tem algumas limita-ções como mercado internopequeno, margens apertadaspara fruticultores com menorescala econômica e uma limita-ção de área para crescimentofuturo.

Item – Como aproveitar os bonsexemplos chilenos no Brasil eos cuidados que o país deveadotar para não cometer er-ros?

quadrquadrquadrquadrquadro 1 – o 1 – o 1 – o 1 – o 1 – E X P O RE X P O RE X P O RE X P O RE X P O RTTTTTAÇÕES BRAÇÕES BRAÇÕES BRAÇÕES BRAÇÕES BRASILEIRASILEIRASILEIRASILEIRASILEIRAS DE FRAS DE FRAS DE FRAS DE FRAS DE FRU TU TU TU TU TAS (US$)AS (US$)AS (US$)AS (US$)AS (US$)F R U T A SF R U T A SF R U T A SF R U T A SF R U T A S 1 9 9 41 9 9 41 9 9 41 9 9 41 9 9 4 1 9 9 51 9 9 51 9 9 51 9 9 51 9 9 5 1 9 9 61 9 9 61 9 9 61 9 9 61 9 9 6 1 9 9 71 9 9 71 9 9 71 9 9 71 9 9 7 1 9 9 81 9 9 81 9 9 81 9 9 81 9 9 8 1 9 9 91 9 9 91 9 9 91 9 9 91 9 9 9

Banana 10.996.419 4.083.329 6.226.704 8.381.081 11.628.862 12.518.012Abacaxi 6.883.093 3.784.516 4.050.768 3.938.385 3.853.644 4.289.757Figo 921.246 1.252.425 1.742.409 1.599.054 1.437.811 1.541.238Laranja 27.207.730 29.092.254 20.410.123 23.091.638 14.358.728Tangerina 1.919.969 3.242.740 2.684.874 4.692.680 2.523.989 3.763.174Uva 8.543.057 10.123.067 6.344.918 4.892.146 5.856.437 8.614.856Melão 31.492.456 16.475.085 25.326.783 20.913.101 28.323.447 28.733.371Mamão 3.766.418 4.020.228 4.723.912 7.276.752 9.453.484 13.577.523Maçã 15.046.425 6.190.173 1.787.315 11.297.195 5.667.095 30.153.133Melancia 524.097 899.766 1.251.599 739.441 1.031.417 1.798.366Outras frutas 20.773.145 24.075.016 30.987.525 50.353.102 57.326.769 70.407.083

T o t a lT o t a lT o t a lT o t a lT o t a l 128.074.055 103.238.599 105.536.930 137.174.575 141.461.683 175.396.513

Fonte: Secex/MDIC - Secretaria de Comércio Exterior / Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (www.mdic.gov.br)Atualizado em 03/10/00.

Item – Várias missões de auto-ridades governamentais, técni-cos e empresários brasileirostêm visitado o Chile, procuran-do conhecer melhor essa expe-riência bem-sucedida, da qualo Brasil já tem aproveitado bas-tante. Além disso, vários em-presários e técnicos chilenos jádesenvolvem no Brasil ativida-des no negócio frutícola, sejaem São Paulo com importa-ções e exportações, seja noNordeste, principalmente naárea de produção. Também, im-portantes cooperações técnicasentre o Brasil e o Chile, na áreade fruticultura, têm sido desen-volvidas através do InstitutoInteramericano de Cooperaçãopara a Agricultura (IICA), daFAO, da Embrapa e do Sebrae.Obviamente, devemos ser críti-cos e adequar os aspectos posi-tivos dessa e de outras expe-riências à realidade brasileira.

Item – Quais são os principaispontos de estrangulamentopara o Brasil conquistar mer-cados e as perspectivas de solu-ções através do programa dedesenvolvimento da fruticultu-

ra, que está sendo implementa-do pelo governo federal?Vilas – A abertura de importan-tes mercados internacionais éum processo demorado que exi-ge profissionalismo, seriedade,constância e principalmentecompetitividade. Na últimadécada, o governo brasileirotem buscado essa abertura demercados, promovendo expor-tações agrícolas e apoiando osetor frutícola, através de pro-gramas como o Frupex, o

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O mamãoO mamãoO mamãoO mamãoO mamãoapresentou umapresentou umapresentou umapresentou umapresentou umaumento deaumento deaumento deaumento deaumento de37% na37% na37% na37% na37% naq u a n t i d a d eq u a n t i d a d eq u a n t i d a d eq u a n t i d a d eq u a n t i d a d eexportada peloexportada peloexportada peloexportada peloexportada peloBrasil em 2000Brasil em 2000Brasil em 2000Brasil em 2000Brasil em 2000

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Padfin, o Bioex, o InovaçãoTecnológica para a Fruticultu-ra Irrigada no Nordeste, coor-denado pela Embrapa, e atual-mente o Programa de Desen-volvimento da Fruticultura li-derado pelo Ministério da Agri-

nas áreas de produção, tarifas,crédito rural, comercialização,cadeias de frios e promoção deexportações.

Item – Com a implementaçãodesses programas, como o se-nhor antevê o futuro do setor?As perspectivas de mercado sãofavoráveis ao Brasil?Vilas – Se dermos seqüência aessas ações, alocando recursosfinanceiros para elas, desen-volvendo eficientes parceriasentre os setores público e pri-vado, nacional e internacional-mente, acredito que é muitopromissor o futuro desse setor.As perspectivas dos mercadosinternos e externos são favorá-veis ao Brasil e as estatísticasdisponíveis estão fundamentan-do objetivamente isso. Os con-sumidores, no Brasil e nos prin-cipais mercados mundiais, es-tão demandando mais frutas,estimulados principalmentepelos avanços na medicina, essaé uma tendência duradoura.Além disso, o Brasil já é umgrande produtor de frutas tro-picais, algumas exóticas para oconsumidor internacional, comsabores distintos que podemsatisfazer clientes exigentes,com elevada renda per capita.O Brasil tem diferentes regiõescom microclimas distintos, pró-prios à produção de frutas,grande disponibilidade de ter-ras agrícolas, enormes áreasirrigadas, mão-de-obra abun-dante, bastante tecnologia jádesenvolvida para a produçãoe pós-colheita de frutas tropi-cais, viabilizando a produçãona contra-estação e tambémtécnicos e empresários compe-tentes.

Item – Um dos quesitos paraessa competitividade na fruti-cultura é a criação de produtos

que atendam a nichos de mer-cado. Como a pesquisa tem atu-ado nesse setor, quais são asnovidade e as perspectivas?Vilas – Um dos segredos dosucesso da fruticultura moder-na é a produção na contra-esta-ção, em temporadas de ofertareduzida, buscando preços re-lativamente elevados nos mer-cados consumidores, possibili-tando maiores rentabilidadesao produtor. Isto se faz comadequada análise de mercado,planejamento da produção, usode variedades precoces ou tar-dias, controle de podas, utiliza-ção de produtos químicos mo-dernos, manejo de irrigação,armazenagem com atmosferacontrolada etc.; tecnologias quejá estão sendo usadas na fruti-cultura tropical brasileira. A no-vidade é que estamos democra-tizando essas informações tec-nológicas e tornando disponí-vel, ano a ano, uma maior quan-tidade de manuais técnicos,materiais genéticos, equipamen-tos e insumos mais eficientes eprofissionais especializados emfruticultura e áreas afins.

Item – Qual o atual tamanhoe as perspectivas do mercadoexterno para a fruticultura quese desenvolve nos trópicos? Osenhor poderia montar um qua-dro numérico ou colocar gráfi-cos sobre os produtos?

Vilas – No mercado interna-cional, 75% das frutascomercializadas são aquelas tra-dicionais, como: citros, maça,pêra, uva, pêssego, nectarina,melões, morango, kiwi e outrasfrutas temperadas. Somente25% desse mercado é ocupadocom frutas tropicais como aba-caxi, abacate, manga, mamãopapaya, limas ácidas, maracu-já, carambola, acerola e outrasfrutas tropicais exóticas (Qua-

E N T R EAAAAANDRÊSNDRÊSNDRÊSNDRÊSNDRÊS

TTTTTRONCOSORONCOSORONCOSORONCOSORONCOSO V V V V VILASILASILASILASILAS

quadrquadrquadrquadrquadro 2o 2o 2o 2o 2PRINCIPPRINCIPPRINCIPPRINCIPPRINCIPAIS PAIS PAIS PAIS PAIS PAÍSESAÍSESAÍSESAÍSESAÍSESP RP RP RP RP RODUTODUTODUTODUTODUTORES DEORES DEORES DEORES DEORES DEF RF RF RF RF RU TU TU TU TU TA ,A ,A ,A ,A ,CCCCCO M PO M PO M PO M PO M PETIDORESETIDORESETIDORESETIDORESETIDORESDO BRDO BRDO BRDO BRDO BRASIL NOASIL NOASIL NOASIL NOASIL NOM E RM E RM E RM E RM E RCCCCCA D OA D OA D OA D OA D OINTERNAINTERNAINTERNAINTERNAINTERNACIONALCIONALCIONALCIONALCIONALP a í s e sP a í s e sP a í s e sP a í s e sP a í s e s US$ Bi lhõesUS$ Bi lhõesUS$ Bi lhõesUS$ Bi lhõesUS$ Bi lhões

Estados Unidos 6,4Holanda 6,3Espanha 6,2França 3,7China 2,6Bélgica 2,0Turquia 1,9Alemanha 1,9Tailândia 1,7Chile 1,4México 1,3Grécia 1,2Brasil 1,2

T o t a lT o t a lT o t a lT o t a lT o t a l 3 6 , 83 6 , 83 6 , 83 6 , 83 6 , 8

Fonte: FAO Year Book (1998)

cultura e do Abastecimento. Asatividades desses programastêm sido fundamentais, masrelativamente descontinuadas;é importante persistir comações de apoio à pesquisa, im-plementação de programas decontrole fitossanitário, de pro-dução de mudas geneticamen-te superiores, de transferênciatecnológica, de informação demercados, de capacitação derecursos humanos e também

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dro 3). Essa segmentação indi-ca que o mercado de frutastropicais ainda é relativamentepequeno. Mas, as atuais ten-dências crescentes da deman-da de frutas tropicais, exóticas,com sabores distintos, indicamque esse mercado tende a cres-cer; e o Brasil poderá aprovei-tar essa oportunidade.

Item – Como o senhor achaque o produtor deve organizar-se e estruturar-se diante dasperspectivas do mercado exter-no de frutas? A produção inte-grada será obrigatória? Casopositivo, a partir de quando?

Vilas – Nos países princi-pais produtores de frutas, veri-ficam-se várias formas de orga-nização dos fruticultores paraparticipar nesse agronegócio.São viáveis organizações atra-vés de cooperativas, associa-ções, consórcios, empresas li-mitadas e, também, através desociedades anônimas. No Bra-sil, temos casos de sucesso comassociações como a AssociaçãoBrasileira de Produtores deMaçã (ABPM), a Associação dosProdutores de Banana do Nor-te de Minas (Abanorte), Asso-ciação de Exportadores de Fru-tas em Petrolina/Juazeiro(Valexport), e com cooperati-vas, como a Cooperativa deProdutores de Juazeiro daBahia, além de várias outras.Acredito que essas formas co-letivas e empresariais são viá-veis, pois o negócio de exporta-ção é relativamente complexoe dificilmente um só produtorpoderá viabilizá-lo.

A questão da produção inte-grada na fruticultura está to-mando, cada vez mais, impor-tância nos vários países desen-volvidos, por isso, estamos tra-balhando fortemente com essatemática no Brasil; desenvol-

AAAAANDRÊSNDRÊSNDRÊSNDRÊSNDRÊS

TTTTTRONCOSORONCOSORONCOSORONCOSORONCOSO V V V V VILASILASILASILASILASV I S T A

vendo sistemas de produção in-tegrada para maçã, pêssego,ameixa, abacaxi, manga, uva,coco e, muito brevemente, paraoutros produtos como citros.Eu acredito que a tendência éusar este sistema na maioriadas frutas que venham a serexportadas, pois, em breve, seráuma exigência generalizadapelos principais países impor-tadores.

Item – Dos estudos e pes-quisa, quais as maiores evidên-cias e oportunidades que se de-lineiam para melhorar os pro-dutos, agregando-se valor emaior competitividade? Quaisos principais conselhos para asdiversas cadeias produtivas dafruticultura irrigada?

Vilas – Podemos segmentara demanda do mercado inter-nacional de frutas na seguinteordem de importância: 1) fru-tas frescas; 2) frutas congela-das; 3) polpas; 4) sucos; 5) fru-tas desidratadas; 6) frutas pro-cessadas. O consumidor, emgeral, está valorizando mais afruta fresca e reduzindo o con-sumo de frutas enlatadas. As-sim, a tendência não é só agre-gar valor no conceito relativa-

quadrquadrquadrquadrquadro 3 –o 3 –o 3 –o 3 –o 3 – C O M É RC O M É RC O M É RC O M É RC O M É RCIO INTERNACIO INTERNACIO INTERNACIO INTERNACIO INTERNACIONAL DECIONAL DECIONAL DECIONAL DECIONAL DEF RF RF RF RF RU TU TU TU TU TAS FRESCAS FRESCAS FRESCAS FRESCAS FRESCA S ,A S ,A S ,A S ,A S , POR SEGMENT POR SEGMENT POR SEGMENT POR SEGMENT POR SEGMENTO SO SO SO SO S

Frutas tradicionais 75%Frutas tradicionais 75%Frutas tradicionais 75%Frutas tradicionais 75%Frutas tradicionais 75% Frutas tropicais 25%Frutas tropicais 25%Frutas tropicais 25%Frutas tropicais 25%Frutas tropicais 25%

Milhões de toneladasMilhões de toneladasMilhões de toneladasMilhões de toneladasMilhões de toneladas citros, maçãs, bananasperas, uvas

Milhões de quilosMilhões de quilosMilhões de quilosMilhões de quilosMilhões de quilos frutas sem caroço abacaxi, abacate,melões, morangos, manga, papaya,kiwi, figo, caqui, etc. lima ácida

Milhões de gramasMilhões de gramasMilhões de gramasMilhões de gramasMilhões de gramas acerola, carambola,graviola, bacuri,pitanga, rambutão,sapoti, etc.

mente antigo, mas agregar uti-lidades de forma, lugar, posse,tempo. Assim, ganharão maisdinheiro os produtores que fo-rem capazes de comercializarfrutas com todo frescor, comose fossem recém-colhidas, emmercados exigentes, mas comelevada capacidade de com-pra, no tempo oportuno, depreferência na contra-estação.Em síntese, também recomen-daria que se trabalhasse com afruta que tenha os seguintesatributos: sabor, sem semente,boa sanidade, sem resíduos deagrotóxicos, sazonalidade,aproveitando a contra-estaçãoe produzida com sustentabili-dade ambiental. �

Andrês Troncoso VilasAndrês Troncoso VilasAndrês Troncoso VilasAndrês Troncoso VilasAndrês Troncoso Vilasconsidera que umconsidera que umconsidera que umconsidera que umconsidera que umdos segredos dodos segredos dodos segredos dodos segredos dodos segredos dosucesso dasucesso dasucesso dasucesso dasucesso dafruticultura modernafruticultura modernafruticultura modernafruticultura modernafruticultura modernaé a produção naé a produção naé a produção naé a produção naé a produção nacontra-estação, emcontra-estação, emcontra-estação, emcontra-estação, emcontra-estação, emtemporadas de ofertatemporadas de ofertatemporadas de ofertatemporadas de ofertatemporadas de ofertar e d u z i d ar e d u z i d ar e d u z i d ar e d u z i d ar e d u z i d a

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mercado consumidor de frutas, especial-mente o externo, tem exigido, cada vezmais, alimentos denominados “limpos”,

produzidos sob determinados cuidados, o quetem levado o agricultor a mudar seu comporta-mento em sistemas de produção.

Preocupado em adequar-se aos novos requi-sitos de mercado, como segurança alimentar,sustentabilidade ambiental e saúde humana, osetor frutícola do país, ao adotar as DiretrizesGerais da Produção Integrada de Frutas, con-forme proposição do Ministério da Agriculturae do Abastecimento, capacita-se para assumirum novo patamar de qualidade conceitual etecnológico.

“Qualquer cadeia produtiva que quiser terseus produtos reconhecidos e aceitos como dife-renciados nos mercados externo e interno, deve-rá desenvolver um sistema de produção que sejaaderente às normas oficiais da produção integra-da, para que então seja passível de ser certificadae comercializada como tal”, afirma José Fernan-do da Silva Protas, chefe-geral da Embrapa Uvae Vinho.

Este tipo de produção é definido pela Organi-zação Internacional da Luta Biológica (OILB),sediada na Europa, como uma produção de altaqualidade e rentabilidade, obtida através de mé-todo ecologicamente mais seguro, que minimizaos efeitos colaterais indesejáveis do uso deagroquímicos, aumenta a proteção do meio am-biente e melhora a saúde humana.

CADERNETA – O conceito de produção inte-grada passa pela rastreabilidade, que é o proces-

so de acompanhamento do produto mediante oreconhecimento de origem da produção, a iden-tificação da procedência da muda utilizada e aanálise das características do local da proprieda-de, passando pelos tratos culturais, técnicas demanejo e uso de tecnologias pós-colheita, proces-samento, embalagem, armazenamento e trans-porte, até chegar ao consumidor final. O assessordo Ministério da Agricultura e Abastecimento,Afonso Hamm, acredita que dentro de um ano, ascadeias das frutas mais organizadas, como as damaçã, manga, uva, banana, pêssego, citros emamão já estarão produzindo frutas com o selode certificação de qualidade.

Engenheiro agrônomo, ele mesmo é um pro-dutor de frutas na Metade Sul do Rio Grande doSul, onde cultiva pêssego, nectarina, ameixa e uvapara a produção de vinho, através do Sistema deProdução Integrada. “Temos incorporada a ca-derneta de campo, onde se faz todos os registros,desde a implantação do pomar”, explica Hamm.

PRAZOS – Um documento de intenções, váli-do para os países europeus, estabelece que, apartir de 2003, somente serão aceitos os produtosdevidamente certificados e que passem por pro-cessos de avaliação da conformidade regulamen-tada por Diretrizes da Produção Integrada. Daí,a necessidade de o setor nacional de fruticulturaorganizar-se, rapidamente, para produzir frutascertificadas por instituições de credibilidade in-ternacional.

O pesquisador Marcos Botton, da EmbrapaUva e Vinho, explica as diferenças existentesentre os sistemas de cultivo convencional e deprodução integrada. No primeiro, a decisão sobreo que o produtor deve usar no cultivo de frutasparte dele mesmo e, muitas vezes, ele priorizaprodutos mais baratos, normalmente não faz mo-nitoramento de pragas e doenças, aplica herbicidaspor calendário e na área total do plantio, não tempadronização do produto e a regulagem dos equi-pamentos de aplicação também não é perfeita. Jáno Sistema de Produção Integrada, o produtoridentifica as fontes de poluição dentro da propri-edade e restringe o nível de uso do nitrogênio,além de seguir recomendações técnicasnormatizadas sobre o uso de aplicações.

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PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS

Como tornar competitiva afruticultura nacional

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PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS

Como tornar competitiva afruticultura nacional

As exportaçõesAs exportaçõesAs exportaçõesAs exportaçõesAs exportaçõesbrasileiras embrasileiras embrasileiras embrasileiras embrasileiras em2000 mostram2000 mostram2000 mostram2000 mostram2000 mostram

bons resultadosbons resultadosbons resultadosbons resultadosbons resultadoscom a mangacom a mangacom a mangacom a mangacom a manga

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Além da maçã, uva e manga, brevemente,terão suas normas de produção integrada estabe-lecidas em conjunto com os vários agentes dacadeia de produção o pêssego, banana, mamão ecitros. Em seguida, virão o coco, caju e o melão.“Não é um sistema impositivo, ele funciona coma concordância de procedimentos e por adesão”,afirma Afonso Hamm.

DESAFIOS – São vários os desafios a seremvencidos para a implementação da produçãointegrada de frutas no Brasil, a começar pelaoficialização e instituição da legislação sobre oassunto, já em estádio bastante adiantado. “De-senvolver um sistema de produção integradapara qualquer fruta requer muito trabalho, equi-pe de pesquisadores e técnicos de campo capaci-tados e apoio incondicional da iniciativa privada– produtores, empresários, lideranças políticasetc.”, explica Protas.

A partir da publicação das Diretrizes Geraisda Produção Integrada de Frutas, que ocorreucom a edição da Portaria 447, do Ministério daAgricultura e do Abastecimento, no Diário Ofi-cial da União, de 18 de janeiro de 2001, entrouem vigor o prazo de 60 dias para consulta públi-ca, onde os profissionais do setor poderão opinare encaminhar suas contribuições, através do e-mail [email protected]. Estasnormas serão, então, editadas de forma definiti-va. A partir daí, cada tipo de fruta e região produ-tora irão estabelecer suas normas específicas.

A pesquisadora Maria Conceição Peres YoungPessoa, da Embrapa Meio Ambiente, trabalha noprojeto de produção integrada de manga e uva,no Vale do São Francisco, região de Petrolina/Juazeiro, que representa as duas principais fru-tas de exportação da região, aborda esta novaforma de integrar conceitos ambientais ao siste-ma produtivo. Ela explica que, através do diag-nóstico ambiental, conseguem-se identificar osproblemas regionais nas áreas social, econômicae ecológica. “A partir disso, podem-se definir astécnicas favoráveis ao ambiente, ao homem e àprodução”, diz ela.

A importância do manejointegrado de pragas

Segundo Conceição Young, a adesão dos fru-ticultores da região tem sido boa, tanto entre osgrandes como entre os pequenos produtores.Enquanto os maiores empresários são mais orga-nizados, especialmente em torno da Valexport,que concentra os grandes exportadores, os pe-quenos vêm procurando organizar-se e apresen-tam potencial para crescer, especialmente osprodutores de água de coco, que querem atingirmercados exigentes, como o da Alemanha.

Como o diagnóstico ambiental da região ter-minou recentemente e existem alguns produtosagroquímicos de controle biológico utilizados nosistema de produção e que estão em fase deregistro junto ao Ministério da Agricultura, apesquisadora explica que o passo seguinte é criarum comitê gestor da produção integrada. Essecomitê deverá ser composto por produtores etécnicos que conhecem os solos, as diferentesáreas de produção e as técnicas de manejo inte-grado de pragas e das culturas.

A pesquisadora considera que o manejo inte-grado de pragas representa 80% do Sistema deProdução Integrada e incorpora os controlesbiológico, químico e cultural. “Um produtor sozi-nho não consegue fazer esse manejo, porque oseu vizinho tem que fazer também. Então, paraque um Sistema de Produção Integrada dê certo,torna-se necessária a participação da maioriados produtores, pelo menos, em programas demanejo integrado de pragas”, completa ela.

CONTROLE BIOLÓGICO – Ao demonstraruma especial preocupação com a questão dafitossanidade e a competitividade da fruta brasi-leira no mercado externo, o reitor da Universida-de Federal de Viçosa, Evaldo Vilela, aponta autilização do controle biológico de pragas e deferomônios (perfumes para atração de insetos),como formas de solução para a questão do mane-jo integrado de pragas e a necessidade de atenderàs exigências do mercado internacional.

“Como produzir uma graviola de qualidade,de altíssimo valor no mercado”, questiona ele.Enquanto o produtor nacional utiliza inseticidassem registro internacional, em países da Áfricado Sul, França, Chile, Colômbia e México existetradição no uso do controle biológico de pragas.

Segundo Vilela, a prática de uso indiscrimi-nado de inseticidas acaba criando desequilíbriosna natureza, surgem pragas secundárias e, aofinal, torna-se um fator de transferência de rendado produtor para o setor industrial. “O controlebiológico natural é a grande jogada”, considera oreitor, que também vê um futuro fantástico paraa tecnologia da transgenia. “Do ponto de vistatécnico, as fruteiras transgênicas são bastanteinteressantes para a fruticultura irrigada. Pode-rão ser cultivadas frutas que amadurecerão commais lentidão ou com teores maiores de vitami-nas”, ilustra o cientista.

COMPETITIVIDADE – Entre as principaisconseqüências esperadas com a implantação daProdução Integrada de Frutas está, em primeirolugar, a manutenção da competitividade do se-tor. Sabe-se que esse sistema encontra-se emestádio bem desenvolvido em mercados de paísesda Europa, da África do Sul, da Nova Zelândia,Chile e Argentina.

Conceição Young, pesquisadoraConceição Young, pesquisadoraConceição Young, pesquisadoraConceição Young, pesquisadoraConceição Young, pesquisadorada Embrapa Meio Ambienteda Embrapa Meio Ambienteda Embrapa Meio Ambienteda Embrapa Meio Ambienteda Embrapa Meio Ambiente

Marcos Botton, pesquisador daMarcos Botton, pesquisador daMarcos Botton, pesquisador daMarcos Botton, pesquisador daMarcos Botton, pesquisador daEmbrapa Uva e VinhoEmbrapa Uva e VinhoEmbrapa Uva e VinhoEmbrapa Uva e VinhoEmbrapa Uva e Vinho

Prof. Evaldo Vilela, reitor daProf. Evaldo Vilela, reitor daProf. Evaldo Vilela, reitor daProf. Evaldo Vilela, reitor daProf. Evaldo Vilela, reitor daUniversidade Federal de ViçosaUniversidade Federal de ViçosaUniversidade Federal de ViçosaUniversidade Federal de ViçosaUniversidade Federal de Viçosa

1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 41

FOTOS GENOVEVA RUISDIAS

Afonso Hamm, assessor do MA eAfonso Hamm, assessor do MA eAfonso Hamm, assessor do MA eAfonso Hamm, assessor do MA eAfonso Hamm, assessor do MA egerente do Profrutagerente do Profrutagerente do Profrutagerente do Profrutagerente do Profruta

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O Processo de Avaliação da Conformidade,que marcará a diferenciação da fruta produzida,através do Sistema de Produção Integrada, éconsiderado uma etapa importante do programa.“É da credibilidade que este processo tiver juntoaos consumidores, que dependerá o sucesso co-mercial do sistema de produção”, considera JoséFernando da Silva Protas.

Essa etapa já está em implantação sob aliderança do Ministério da Agricultura, em par-ceria multi-institucional, envolvendo o InstitutoNacional de Metrologia, Normalização e Quali-dade Industrial (Inmetro), a Embrapa, a FAO e osagentes da cadeia das frutas, através de suasorganizações representativas. O processo de iden-tificação e acompanhamento de instituiçõescertificadoras credenciadas estará a cargo daComissão Técnica, que será instituída em confor-midade com a Portaria MA/447 Diretrizes Geraisda Produção Integrada de Frutas.

RECURSOS – Para o desenvolvimento e apoiodirecionados aos Programas de Produção Inte-grada, visando à qualificação e à melhoria dacompetitividade e qualidade das frutas, foramaprovados recursos da ordem de R$ 15 milhõesaté o final de 2004. “É uma quantia significativa,além de recursos próprios de produtores, pólosde fruticultura e de parceiros envolvidos na ca-deia das frutas”, considera Afonso Hamm.

Ele acredita que o Sistema de Produção Inte-grada irá propiciar a organização e a qualifica-ção dos produtores, fazendo com que todos osagentes da cadeia estejam voltados para a obten-ção de um produto final de qualidade. O sistema

envolve a organização de produtores, treinamen-to e capacitação de técnicos e produtores emvários pontos do país e o processo de incorpora-ção tecnológica no sistema de produção e empacking house. “Vamos intensificar nossas açõespara que todos os pólos de fruticultura insiram-se dentro deste princípio. Quem não se inserir,vai estar fora do mercado”, conclui Hamm.

As exportações de frutasbrasileiras melhoram em 2000

Os resultados das exportações brasileiras defrutas, no ano 2000, divulgados recentementepela Secretaria de Comércio Exterior do Ministé-rio do Desenvolvimento da Indústria e do Comér-cio (Secex/MDIC), apresentam significativosavanços do segmento e apontam perspectivasanimadoras, conforme análise de indicadoresque a seguir, elaborada pelo Grupo Gestor daFruticultura/MA.

As exportações brasileiras, no ano 2000, porfrutas, mostram o bom resultado da manga (deUS$ 32.011 mil, em 1999, para US$ 35.763 mil,em 2000), devido ao acréscimo de 25% na quan-tidade e 12% no valor; a maçã registrou acrésci-mo de quantidade de 12% e de valor de 2%; omamão apresentou aumento de quantidade de37% e de valor de 30%; a uva, o significativoaumento de quantidade de 77% e de valor de70%; a tangerina apresentou acréscimo de valorde 32% e de quantidade de 60%; o limão, acrés-cimo de valor de 57% e de quantidade de 61%; abanana, embora tenha apresentado diminuição

E X P O RE X P O RE X P O RE X P O RE X P O R TTTTT A Ç Ã O A Ç Ã O A Ç Ã O A Ç Ã O A Ç Ã O B RB RB RB RB R A S I L E I RA S I L E I RA S I L E I RA S I L E I RA S I L E I R A A A A A D E D E D E D E D E F RF RF RF RF R U TU TU TU TU T A SA SA SA SA S19991999199919991999 20002000200020002000 V A R I A Ç Ã OV A R I A Ç Ã OV A R I A Ç Ã OV A R I A Ç Ã OV A R I A Ç Ã O

V A L O RV A L O RV A L O RV A L O RV A L O R QUANT.QUANT.QUANT.QUANT.QUANT. P.MÉDIOP.MÉDIOP.MÉDIOP.MÉDIOP.MÉDIO V A L O RV A L O RV A L O RV A L O RV A L O R QUANT.QUANT.QUANT.QUANT.QUANT. P.MÉDIOP.MÉDIOP.MÉDIOP.MÉDIOP.MÉDIO V A L O RV A L O RV A L O RV A L O RV A L O R QUANT.QUANT.QUANT.QUANT.QUANT. P.MÉDIOP.MÉDIOP.MÉDIOP.MÉDIOP.MÉDIOPRODUTOSPRODUTOSPRODUTOSPRODUTOSPRODUTOS US$ MilUS$ MilUS$ MilUS$ MilUS$ Mil ton.ton.ton.ton.ton. US$/ton.US$/ton.US$/ton.US$/ton.US$/ton. US$ MilUS$ MilUS$ MilUS$ MilUS$ Mil ton.ton.ton.ton.ton. US$/ton.US$/ton.US$/ton.US$/ton.US$/ton. %%%%% %%%%% %%%%%

MaçãMaçãMaçãMaçãMaçã 30.153 57.438 524,97 30.757 64.480 477,00 2,00 12,26 -9,14

Manga *Manga *Manga *Manga *Manga * 32.011 53.765 595,39 35.763 67.169 532,43 11,72 24,93 -10,57

MelãoMelãoMelãoMelãoMelão 28.733 65.453 438,99 25.005 60.904 410,56 -12,97 -6,95 -6,47

LaranjaLaranjaLaranjaLaranjaLaranja 21.108 103.086 204,76 15.248 75.345 202,38 -27,76 -26,91 -1,16

MamãoMamãoMamãoMamãoMamão 13.578 15.709 864,35 17.694 21.510 822,59 30,31 36,93 -4,83

BananaBananaBananaBananaBanana 12.518 81.227 154,11 12.359 71.812 172,10 -1,27 -11,59 11,67

UvaUvaUvaUvaUva 8.614 8.083 1.065,69 14.605 14.344 1.018,20 69,55 77,46 -4,46

TangerinaTangerinaTangerinaTangerinaTangerina 3.763 7.518 500,53 4.977 12.032 413,65 32,26 60,04 -17,36

Limão e LimaLimão e LimaLimão e LimaLimão e LimaLimão e Lima 29.625 5.336 555,10 4.642 8.607 539,33 56,72 61,30 -2,84

AbacaxiAbacaxiAbacaxiAbacaxiAbacaxi 4.290 15.814 271,28 4.087 16.023 255,07 -4,73 1,32 -5,97

MelanciaMelanciaMelanciaMelanciaMelancia 1.798 13.146 136,77 1.809 13.605 132,97 0,61 3,49 -2,78

F i g oF i g oF i g oF i g oF i g o 1.535 746 2.057,64 1.269 707 1.794,91 -17,33 -5,23 -12,77

MorangoMorangoMorangoMorangoMorango 144 67 2.149,25 504 252 2.000,00 250,00 276,12 -6,94

OutrasOutrasOutrasOutrasOutras 8.253 8.218 1.004,26 5.949 6.769 878,86 -27,92 -17,63 -12,49

T O T A LT O T A LT O T A LT O T A LT O T A L 169.460169.460169.460169.460169.460 435.606435.606435.606435.606435.606 389,02389,02389,02389,02389,02 174.668174.668174.668174.668174.668 433.559433.559433.559433.559433.559 402,87402,87402,87402,87402,87 3,073,073,073,073,07 -0,47-0,47-0,47-0,47-0,47 3,563,563,563,563,56

Fonte: Secex/MDIC; elaboração: Decom/SPC/MA(*) Inclui goiaba

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na quantidade (12%) e em valor (1%), apresentousignificativa melhora no preço médio (de US$154,11/t, para US$ 172,10/t); com relação aomorango, as exportações observadas, emborapequenas, indicam a possibilidade de aberturade novo mercado, devido ao crescimento no valorexportado de 250% e na quantidade de 276%.Quanto às demais frutas, os respectivos preçosmédios registram valores decrescentes, como jávêm sendo observados nas séries históricas ante-riores, inclusive com as commodities agrícolasem geral.

As exportações totais de frutas frescas, noperíodo janeiro/dezembro de 2000, quando com-paradas com o mesmo período do ano anterior,registram acréscimo de valor de 3,1%, embora aquantidade exportada tenha apresentado peque-na diminuição de 0,5%. A melhor performancedo aumento do valor exportado, que de US$169.460 mil, passou a US$ 174.668 mil, foi de-corrente do acréscimo do preço médio de 3,6%(US$ 402,87/t, contra US$ 389,02/t), não obstantea maioria das principais frutas da pauta de expor-tações, como a manga, mamão, melão, maçã, uvae laranja, tenha registrado preços médios decres-centes.

Balança comercial das frutasO comportamento da Balança Comercial de

Frutas Frescas, no ano de 2000, registrou superá-vit de US$ 38.733 mil, com incremento de 39%,em relação ao ano anterior (US$ 27.846 mil).

Considerando-se inclusive as exportações decastanhas (US$ 194.514 mil), o superávit totalascendeu a US$ 179.203 mil, o que mostrou, emrelação ao ano anterior (US$ 108.822 mil), orelevante incremento de 65%.

As frutas com maior contribuição neste resul-tado foram a manga com superávit de US$ 35.763mil; melão – US$ 24.993 mil; mamão – US$17.694 mil; laranja – US$ 15.248 mil e banana –US$ 12.359 mil.

Quanto à pauta de importações, a pêra apre-sentou o maior ingresso com US$ 50.918 mil; uvassecas com US$ 16.230 mil; ameixa US$ 13.003mil e coco seco/ralado com US$ 9.159 mil.

Com relação à deterioração dos preços médi-os, a exemplo do que vem ocorrendo com ascommodities agrícolas, cabe observar a necessi-dade de rearticulação das ações e a integração deesforços multilaterais entre nações de interessesestratégicos comuns, para o fortalecimento eavanço nas posições de negociação junto a im-portantes fóruns do comércio mundial, sobretu-do, mediante o estabelecimento de mecanismos einstrumentos mais eficazes na geração de impac-tos sobre os sensíveis temas das barreiras inter-

nacionais em vigor, que, evidentemente, contri-buem no processo de flutuação das relaçõesinternacionais de troca.

A despeito dessa conjuntura, o segmento dafruticultura brasileira continuará projetando osindicadores de expansão de negócios, confirma-do na série de dados do comércio exterior, nosemergentes empreendimentos de consolidaçãode novos pólos frutícolas e, ainda, na diversifica-ção e melhoramento de qualidade e competitivi-dade na oferta das frutas, o que está sendo impul-sionados pelas ações de apoio e fomento à mu-dança qualitativa do patamar tecnológico de pro-dução, mediante parcerias de integração entre oMinistério da Agricultura e do Abastecimento e osetor privado da cadeia das frutas.

Em conseqüência, o comércio de frutas brasi-leiras no exterior deverá propiciar incrementomédio de 7% anual, no período do PPA 2000/2003. �

Programa de Desenvolvimento da Fruticultura

Gerente: Afonso Hamm

Suplente: José Rozalvo Andrigueto

Grupo Gestor: César Roberto de Souza Mirandela

João Atilio Zardim

Juaquim Naka

BALANÇA COMERCIAL DAS FRUTAS BALANÇA COMERCIAL DAS FRUTAS BALANÇA COMERCIAL DAS FRUTAS BALANÇA COMERCIAL DAS FRUTAS BALANÇA COMERCIAL DAS FRUTAS FOB - US$MIL

2 02 02 02 02 00 00 00 00 00 0 1 9 9 91 9 9 91 9 9 91 9 9 91 9 9 9

ProdutosProdutosProdutosProdutosProdutos E X PE X PE X PE X PE X P I M PI M PI M PI M PI M P SALDOSALDOSALDOSALDOSALDO E X PE X PE X PE X PE X P I M PI M PI M PI M PI M P SALDOSALDOSALDOSALDOSALDO

Manga*Manga*Manga*Manga*Manga* 35.763 0 35.763 32.011 12 31.999

MaçãMaçãMaçãMaçãMaçã 30.757 21.136 9.621 30.153 27.183 2.970

MelãoMelãoMelãoMelãoMelão 25.005 12 2.993 28.733 23 28.710

MamãoMamãoMamãoMamãoMamão 17.694 0 17.694 13.578 0 13.578

LaranjaLaranjaLaranjaLaranjaLaranja 15.248 0 15.248 21.108 0 21.108

UvaUvaUvaUvaUva 14.605 9.066 5.539 8.614 8.461 153

BananaBananaBananaBananaBanana 12.359 0 12.359 12.518 0 12.518

TangerinaTangerinaTangerinaTangerinaTangerina 4.977 294 4.683 3.763 658 3.105

LimãoLimãoLimãoLimãoLimão 4.642 0 4.642 2.962 0 2.962

AbacaxiAbacaxiAbacaxiAbacaxiAbacaxi 4.087 0 4.087 4.290 0 4.290

MelanciaMelanciaMelanciaMelanciaMelancia 1.809 2 1.807 1.798 5 1.793

F i g oF i g oF i g oF i g oF i g o 1.269 0 1.269 1.535 0 1.535

MorangoMorangoMorangoMorangoMorango 504 55 449 144 91 53

PêraPêraPêraPêraPêra 0 50.918 -50.918 0 52.181 -52.181

KiwiKiwiKiwiKiwiKiwi 0 7.594 -7.594 0 7.905 -7.905

AmeixaAmeixaAmeixaAmeixaAmeixa 0 13.003 -13.003 0 12.747 -12.747

OutrasOutrasOutrasOutrasOutras 5.949 33.855 -27.906 8.253 32.348 -24.095

SubtotalSubtotalSubtotalSubtotalSubtotal 174.668 135.935 38.733 169.460 141.614 27.846

C o c oC o c oC o c oC o c oC o c o seco/ral. seco/ral. seco/ral. seco/ral. seco/ral. 0 9.159 -9.159 0 13.306 -13.306

Uvas secasUvas secasUvas secasUvas secasUvas secas 0 16.230 -16.230 0 20.084 -20.084

OutrasOutrasOutrasOutrasOutras 0 2.242 -2.242 0 2.725 -2.725

Castanhas**Castanhas**Castanhas**Castanhas**Castanhas** 194.514 26.413 168.101 154.514 37.423 117.091

T O T A LT O T A LT O T A LT O T A LT O T A L 369.182369.182369.182369.182369.182 189.979189.979189.979189.979189.979 179.203179.203179.203179.203179.203 323.974323.974323.974323.974323.974 215.152215.152215.152215.152215.152 108.822108.822108.822108.822108.822

(*) Inclui goiaba e mangustões(**) Castanha de caju e castanha-do-pará (com e sem casca), nozes e avelãs.Fonte: Secex/MDIC; Decom/SPC/MA

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Considerada uma área estratégica

dentro do programa de

desenvolvimento da fruticultura

nacional, a produção de mudas

certificadas das principais frutas

produzidas no país vem sendo

conduzida em dez diferentes Estados

brasileiros, próximos aos pólos

produtores.

o processo de produção, se o pro-dutor usa uma muda doente ouvirótica, cria uma condição de má

qualidade final e perde os investimentos feitos”,explica João Pereira, consultor do CNPq e umdos responsáveis pelo apoio, organização e exe-cução do programa “Produção e Distribuição deMaterial de Propagação Vegetativa de Frutei-ras”, conduzido pela Embrapa e pelo CNPq.

“O tipo de muda foi escolhido de acordo coma vocação natural de frutas produzidas na re-gião”, considera ele. O atual número de viveiris-tas envolvidos nesse programa chega a 100 e os

Empresas incubadas podemmelhorar a produção de

mudas certificadas

“N

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FOTO GENOVEVA RUISDIAS

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1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 45

resultados começam a aparecer. Na área de citros,estão sendo produzidos 40% das mudas, de exce-lente qualidade. Visando acelerar o processo,criando também oportunidades de trabalho, asduas entidades envolvidas nesse programa estãoestudando a possibilidade de utilizar empresasincubadas nessa produção. “A idéia é de incubarviveiristas, dar uma formação adequada paraque eles se transformem em referenciais”, afir-ma o consultor.

Segundo Cláudio Furtado Soares, presidenteda Fundação Arthur Bernardes (Funarbe), enti-dade ligada à Universidade Federal de Viçosa,que já vive a experiência de incubadora de em-presas de base tecnológica voltadas para a áreaagrícola, “essa é uma nova forma profissional euma maneira de entrar no mercado. Aqueles quetêm potencial empreendedor e empresarial, sãotrabalhados dentro da universidade para levarprodutos inovadores para o mercado”, afirma ele.

OPORTUNIDADE – O presidente da Funarbeconsidera que as demandas do setor de fruticul-tura devem ser levadas aos estudantes de gradu-ação e pós-graduação de cursos específicos, paraque eles percebam e despertem para as oportuni-dades de mercado.

Mariza Luz Barbosa, chefe da Secretaria deAdministração Estratégica da Embrapa, é categó-rica, ao afirmar: “A incubação de viveiristas, paramim, pode ser um ponto de partida. Acredito que,brevemente, teremos diferentes tipos de viveiris-tas. Poderemos ter, por exemplo, algo como umamaternidade de mudas ou berçário de mudas,que são as biofábricas. Assim, quando alguémprecisar produzir uma dada quantidade de mu-das de um determinado produto com qualidadespredeterminadas, vai ter uma empresa capaz dedar resposta para as primeiras fases de produçãodessas mudas. Um exemplo é o caso da produçãode muda de banana livre do vírus da sigatoka.”

Para ela, em todas as fases do processo deprodução e de comercialização de frutas, é pos-sível a atuação de empresas incubadas.

QUALIDADE – João Pereira, responsável peloprograma de mudas, acha que as incubadas vãoinfluenciar na qualidade do material produzidopara o mercado. “Há investimentos em treina-mento de viveiristas e a muda de qualidade temproporcionado um retorno maior, dá maislucratividade para quem a produz.”

Nesse programa conjunto dos dois órgãos depesquisa, foram eleitas algumas frutas e locaispara a produção de mudas. Além dos citros, as

frutas escolhidas foram maçã, manga, maracujá,uva, banana, caju, abacaxi, coco, acerola,pupunha, clones de guaraná. Está sendo iniciadoum trabalho com frutas de caroço.

Os locais são os campos experimentais daEmbrapa, próximos aos pólos de fruticultura,que cultivam mudas de acordo com a vocaçãoregional. Estão sendo produzidas mudas emJanaúba/MG, Petrolina/PE, Santa Catarina, SãoPaulo, Rondonópolis/MT, Manaus/AM, Doura-dos e Bandeirantes. Estes dois últimos no MatoGrosso do Sul.

MODELO INEXISTENTE – Para José Eduar-do Fiates, vice-presidente da Associação Nacio-nal das Entidades Promotoras de Empreendi-mentos de Tecnologias Avançadas (Anprotec), asincubadoras têm um relacionamento forte com anova economia. “A incubadora é uma forma detransferência do mundo da informação e datecnologia obtida nas universidades e centros depesquisa, para a sociedade”, explica ele.

Segundo Fiates, a agricultura tem uma basetecnológica importante nas universidades, nosinstitutos estaduais de pequisa e Embrapa, quenão está sendo devidamente explorada. Ele citaalguns exemplos de iniciativas isoladas existen-tes em Cascavel (PR), Viçosa (MG), Barretos(SP), Rio Grande do Sul, Chapecó (SC), Brasília,Petrolina (PE) e Fortaleza (CE).

Para Mariza Luz Barbosa, da Embrapa, é possível a atuação de empresasPara Mariza Luz Barbosa, da Embrapa, é possível a atuação de empresasPara Mariza Luz Barbosa, da Embrapa, é possível a atuação de empresasPara Mariza Luz Barbosa, da Embrapa, é possível a atuação de empresasPara Mariza Luz Barbosa, da Embrapa, é possível a atuação de empresasincubadas em todas as fases de produção e de comercialização de frutasincubadas em todas as fases de produção e de comercialização de frutasincubadas em todas as fases de produção e de comercialização de frutasincubadas em todas as fases de produção e de comercialização de frutasincubadas em todas as fases de produção e de comercialização de frutas

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Fiates relata que a Fundação Certa, há cercade dois anos, desenvolveu um projeto para aEmbrapa, em nível nacional, avaliando várioscentros de pesquisa e elaborando um plano denegócios para oito deles, para que implementas-sem uma ação estruturada na área de empreendi-mentos agropecuários. O nome do projeto eraTransferência de Tecnologia através de Empreen-dimentos e Tecnologia Agropecuários (Tentar).

Também a Associação Brasileira de Institu-tos de Pesquisa Tecnológicos tem um programana área. A entidade promoveu treinamentos elançou um livro “Agroparques”, que traz umasérie de idéias e exemplos internacionais. “Ofato é que hoje não se tem uma proposta organi-zada para tratar esse assunto. E na área de agro,tem pouca gente se motivando para isso. Àmedida que tiver duas ou três pessoas dentro decada centro de pesquisa da Embrapa, das uni-versidades da área agrícola e de associações,preocupadas em fazer modelos acontecerem,daqui a dois ou três anos, teremos uma tecnologianessa área”, completa ele.

a sinergia e a escala resultantes promoveriam odesenvolvimento sustentado”, considera ela.

INTERESSE – Segundo a chefe da Secretariade Administração Estratégica, a Embrapa temum grande interesse nesse tema. Tanto que emum projeto negociado com o Banco Interameri-cano de Desenvolvimento (BID), para ter inícioem 2001/2002, existe um componente direciona-do para a incubação de empresas com base tecno-lógica.

A Embrapa também conseguiu recursos noFumin, que é um fundo especial do BID, paratrabalhar com incubadoras de empresas. “Se issonão acontecer, dificilmente teremos uma grandemudança na agricultura brasileira,” afirma MarizaBarbosa, lembrando o que já aconteceu nos Esta-dos Unidos, não só na agricultura, como nosoutros setores da economia, como da informática,e o que está acontecendo na Europa e no Japão.

Ela considera que é arriscado e caro para umprodutor sozinho, ter acesso a prestadores deserviço, como é o caso, por exemplo, de mudas esementes melhoradas, ou de qualquer outro tipode insumo ou serviço especializado. A formaçãode clusters dá chance para que uma empresaprestadora de serviços possa resolver o problema

Clusters são concentrações geográficas deempresas e de instiuições interconectadas em umou mais campos específicos. São constituídos porempresas e instituições que têm ligações particu-larmente fortes entre si, tanto horizontal comoverticalmente. Incluem empresas de produçãoespecializada, fornecedoras, prestadoras de ser-viços, instituições públicas e privadas de suportefundamental de pesquisa e de ensino.

Para Mariza Luz Barbosa, quando se pensaem fruticultura, tem-se um produto extrema-mente delicado e um mercado exigente, quedemanda um grande nível tecnológico, não só naprodução, onde predomina a irrigação e suasmúltiplas interfaces, quanto no processo de em-balagem e de venda. Com a formação de umcluster, vamos ter um conjunto de empresasdiversificadas trabalhando ao redor daquele pólode fruticultura irrigada, seja no fornecimento deserviços, seja no fornecimento de insumos.

E, como nem todos os produtores têm condi-ções de atender a todas as exigências necessáriasa um processo moderno de produção de frutas,“com a formação de clusters, permite-se o surgi-mento de empresas prestadoras desses serviços e,ao mesmo tempo, a região fica fortalecida, já que

A relação entre clusters, empresas incubadas de basetecnológica e o desenvolvimento da fruticultura

Produção de mudas de coco-anão no Campo Experimental da Embrapa,Produção de mudas de coco-anão no Campo Experimental da Embrapa,Produção de mudas de coco-anão no Campo Experimental da Embrapa,Produção de mudas de coco-anão no Campo Experimental da Embrapa,Produção de mudas de coco-anão no Campo Experimental da Embrapa,em Gorutuba, norte de Minasem Gorutuba, norte de Minasem Gorutuba, norte de Minasem Gorutuba, norte de Minasem Gorutuba, norte de Minas

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de várias empresas produtivas. Para o setoragropecuário, é uma forma que os produtorestêm para continuar independentes, e, ao mesmotempo, usufruírem os benefícios de acesso atecnologias e serviços especializados sem au-mentar muito os riscos inerentes da inovação.

Para Mariza, os clusters representam umaforma de maior união de produtores, pois comeles permitem maior facilidade no estabeleci-mento das relações de cooperação. E, ao mesmotempo, permitem a redução dos riscos inerentesao período de infância das empresas, já que elasirão atuar em um mercado melhor definido eonde se torna menos difícil mapear as vantagense as desvantagens existentes.

DIFICULDADES – São inúmeras as dificul-dades para a implantação de incubadoras, espe-cialmente no setor agropecuário. Primeiramen-te, há aquelas próprias de uma empresa incuba-da: recursos. “São aqueles famosos 90 dólaresque o Bill Gates teve para começar as empresasMicrosoft nos porões de sua casa e que os EstadosUnidos, o Japão e a Europa têm, em forma demecanismos interessantes, ensejado fortes par-cerias”, afirma Mariza.

Continuando, ela também considera difícil oprocesso de identificação de pessoas com capaci-dade empresarial. “É quase que uma mudança decultura dentro do país, não só das pessoas, comodas instituições de pesquisa, das universidades,dos órgãos de fomento, dos investidores e dosistema financeiro”.

Em terceiro lugar, é a própria legislação exis-tente. Segundo Mariza, o atual aparato quanto àpropriedade intelectual representa um avanço.“Todavia, temos muito que trabalhar nessa área.O Ministério de Ciência e Tecnologia tem estuda-do esse assunto e tem iniciativas interessantes”. Alegislação deveria flexibilizar o ingresso nas uni-versidades e centros de pesquisa. De repente, umpesquisador ou um professor quer empreenderuma empresa de base tecnológica. Esta empresaserá incubada e depois, a tecnologia ou até aempresa poderá ser vendida para outra maior eo cientista/empreendedor, seja ele pesquisador,seja professor, seja estudante de pós-graduação,poderá voltar para a universidade ou centro depesquisa, dando continuidade ao processo deinovação tecnológica. “Estamos falando de umsistema de inovação para impulsionar o desen-volvimento sustentado”, afirma Mariza.

Ela acredita que, à medida que as organiza-ções de produtores rurais comungarem dessasidéias, poderão organizar discussões sobre o as-sunto, procurando melhores soluções para osgargalos nos agronegócios.

A CRIAÇÃO DA ANA – Mariza Luz Barbosaacredita que as mudanças na gestão de recursoshídricos, que irão acontecer com a regulamenta-ção da Agência Nacional de Águas (ANA), abrirãovárias oportunidades de serviços especializados,em que a escala será um fator importante paraque eles se estabeleçam.

Ela considera que, quando se pensa em de-senvolvimento regional e irrigação, tem-se umasérie de mudanças no processo produtivo que iráocorrer e afetar o ecossistema, com ênfase nasbacias hidrográficas. “Quando se pensa que pre-cisamos ter uma tecnologia limpa, que proporci-one competitividade do setor e não agrida o meioambiente, temos que ter um fluxo de informaçõestecnológicas”, acredita Mariza Barbosa, ao con-siderar a necessidade de dar ênfase à incubaçãode empresas de base tecnológica para garantiresse fluxo de informações.

Mariza considera, ainda, que o cluster podeser de uma bacia hidrográfica ou de produtoreslocalizados numa bacia hidrográfica. Ela cita,como exemplo, uma organização de produtores,que tem a preservação do meio ambiente comoum de seus objetivos. “São os Clubes Amigos daTerra (CATs), que a Associação do plantio diretono Cerrado (APDC) tem fomentado a favor deuma tecnologia comum, o Plantio Direto, comatividades que se aplicam ao manejo racional dasbacias hídrográficas”, finaliza. �

Cláudio Furtado, presidente daCláudio Furtado, presidente daCláudio Furtado, presidente daCláudio Furtado, presidente daCláudio Furtado, presidente daFunarbe, e Helvecio Saturnino,Funarbe, e Helvecio Saturnino,Funarbe, e Helvecio Saturnino,Funarbe, e Helvecio Saturnino,Funarbe, e Helvecio Saturnino,presidente da APDC e executor dopresidente da APDC e executor dopresidente da APDC e executor dopresidente da APDC e executor dopresidente da APDC e executor docontrato ABID-APDC e as articulaçõescontrato ABID-APDC e as articulaçõescontrato ABID-APDC e as articulaçõescontrato ABID-APDC e as articulaçõescontrato ABID-APDC e as articulaçõesem favor de incubadoras naem favor de incubadoras naem favor de incubadoras naem favor de incubadoras naem favor de incubadoras naagriculturaagriculturaagriculturaagriculturaagricultura

Para José Eduardo Fiates, vice-Para José Eduardo Fiates, vice-Para José Eduardo Fiates, vice-Para José Eduardo Fiates, vice-Para José Eduardo Fiates, vice-presidente da Anprotec, aspresidente da Anprotec, aspresidente da Anprotec, aspresidente da Anprotec, aspresidente da Anprotec, asincubadoras têm um forteincubadoras têm um forteincubadoras têm um forteincubadoras têm um forteincubadoras têm um forterelacionamento com a nova economiarelacionamento com a nova economiarelacionamento com a nova economiarelacionamento com a nova economiarelacionamento com a nova economia

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perda de competitividade do Brasil nas ex-portações de uva, devido à exigência cadavez maior do mercado internacional pelo

produto sem semente, fez com que setores da pes-quisa e da produção passassem a buscar, desde1992, a adaptação de variedades importadas àscondições edafo-climáticas brasileiras.

Depois de obter resultados positivos com algu-mas variedades, testadas e não aceitas no mercadoeuropeu, a pesquisa e seus parceiros resolveraminverter o processo e reiniciar os trabalhos de adap-tação com variedades (Thompson Seedless, Festival eCripson Seedless), que tinham mercado garantido.

Segundo o pesquisador Umberto Camargo, daEmbrapa Uva e Vinho, mesmo que resultados obti-dos tenham sido considerados abaixo do desejado,devido à baixa fertilidade dessas variedades, cami-nhou-se para o desenvolvimento de um programade melhoramento, visando, especialmente, às cha-madas “janelas” do mercado europeu e, futuramen-te, do mercado americano. “Algumas técnicas demanejo desenvolvidas têm permitido, por exemplo,que na região do submédio São Francisco (PóloIrrigado de Petrolina/Juazeiro) existam, atualmen-te, cerca de 500 hectares plantados de uva semsemente”, afirma ele.

POSSIBILIDADES – Os trabalhos de pesquisacom variedades importadas de uva sem sementecomeçaram há oito anos. Todo esse esforço leva opróprio pesquisador a questionar: “Conseguiremosproduzir essas variedades no Brasil?”

Ele tem convicção de que isso será possível, mascom um sistema de produção sofisticado e umasérie de práticas de manejo, que irão dificultar a suadifusão. “Serão poucos os produtores que terãocompetência técnica para administrar um sistematão sofisticado”, considera Camargo.

O programa de melhoramento de variedadesestá em andamento desde 1997, com a participaçãoda Cooperativa de Produtores Exportadores do PóloIrrigado de Petrolina/Juazeiro (Valexport), da Coo-perativa de Jales (Oeste de São Paulo) e da Embrapae com apoio financeiro do CNPq/Bioex, do Progra-ma de Apoio à Fruticultura Irrigada do Nordeste

(Padfin) e do Programa Avança Brasil, com experi-mentos promovidos em São Bento/RS, em Jales(SP)e Petrolina (PE).

A partir deste ano, serão iniciados os testes devalidação junto aos produtores de algumas seleçõesde variedades obtidas no programa de melhora-mento. “Temos materiais de boa qualidade e comníveis bastante aceitáveis de resistência a doençasimportantes da viticultura tropical, como o míldio,antracnose e xantomonas. Em 2003, pretendemoslançar boas variedades, em nível comercial”, ga-rante Camargo.

PATENTES – O pesquisador acredita que den-tro de cinco a dez anos serão obtidos melhoresresultados da pesquisa, desde que o programa con-tinue com a intensidade e o apoio necessários. Eleobserva que os programas de melhoramento dafruticultura têm gerado, cada vez mais, materiaisde melhor qualidade, seja em tamanho, aspecto,sabor e aroma da fruta, além de menor custo deprodução e de maior resistência a doenças. “NosEstados Unidos, uma nova variedade de pêssegofica obsoleta e sem mercado num prazo de dezanos”, exemplifica ele.

Ele alerta também para a necessidade do paga-mento de uso de patentes de variedades importa-das, que poderá constituir-se em uma barreira nomercado internacional de frutas. E lembra o exem-plo da África do Sul, que desenvolveu um trabalhocom a variedade Superium, de uva sem semente,patenteada por uma empresa privada dos EstadosUnidos. Depois que a cultura se expandiu no país, aOrganização Mundial do Comércio (OMC) foi acio-nada para o pagamento dos devidos royalties. JáIsrael tem uma série de variedades patenteadas queforam introduzidas no Chile, Califórnia e África doSul, sob contrato.

Por enquanto, o Brasil está trabalhando comvariedades que não têm a proteção de patentes,mas, dentro de algum tempo, estas estarão obsole-tas. “Para acompanhar a evolução, precisamos sem-pre ter materiais novos para atender à competitivi-dade e aos diferentes nichos do mercado”, completaCamargo. �

Em buscada uva semsemente

ADesde 1992,Desde 1992,Desde 1992,Desde 1992,Desde 1992,

o país busca ao país busca ao país busca ao país busca ao país busca aadaptação deadaptação deadaptação deadaptação deadaptação de

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uva sem sementeuva sem sementeuva sem sementeuva sem sementeuva sem sementeàs condiçõesàs condiçõesàs condiçõesàs condiçõesàs condições

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FOTO JOSÉ MARIA ALVES DA SILVA

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IRRIGAÇÃO LOCALIZADA

Novo sistema móvelde filtragem

Para culturas que não podem ocupar a mesma área todos os anos

UUm dos fatores limitantes na utilização de siste-mas de irrigação localizada por gotejamento, emculturas que têm como característica a necessida-de de mudanças constantes na área de plantio, éo conceito de que este tipo de sistema deve ser fixo.

Culturas como tomate ou batata, na maioria doscasos práticos de plantio tradicional, não têm suaexploração continuada na mesma área, devido à con-taminação e perpetuação de pragas e doenças, queacabam por tornar sua prática economicamenteinviável. Já existem técnicas que permitem umadescontaminação do solo, no entanto, sua aplicaçãoainda pode ser considerada difícil e de pouco acessoaos agricultores.

Existe uma preocupação muito grande com osmétodos de irrigação adotados para estas culturas. Aprópria característica de mudança de área acaba porinduzir à utilização de sistemas de baixa tecnologia, esem nenhum controle quanto à aplicação de água. Daíderiva-se a idéia de que são culturas com grandeconsumo de água, quando na verdade grande partedeste consumo se deve a um problema muito sério deeficiência em sua aplicação.

Com o advento legal da racionalização do uso daágua, através de cobrança pelo consumo, torna-sepreocupante o futuro da exploração destas culturas,levando-se em conta a maneira como é praticadahoje.

LLLLLAERCIOAERCIOAERCIOAERCIOAERCIO J J J J JOSEOSEOSEOSEOSE L L L L LAVORAVORAVORAVORAVOR ([email protected])ENG. AGRÔNOMO, FORMADO NA ESALQ-USP 1983 – COORDENADOR ENG. APLICAÇÃO –

CARBORUNDUM DO BRASIL – SAINT-GOBAIN CERÂMICAS E PLÁSTICOS LTDA

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EquipamentosO principal fator limitante para a baixa utilização

dos sistemas localizados é o fato de eles serem fixos.Um sistema de irrigação localizado é composto, basi-camente, por bombeamento, tubulação de PVC paracondução de água, filtragem e linhas de polietilenoporta emissores.

A motobomba e as tubulações podem ser móveise com engate rápido, como já são utilizados hoje emdia. As linhas porta emissores, podem ser recolhidasno final de cada ciclo e a utilização de tubulações comparedes delgadas tornam sua substituição possível,devido ao baixo custo de sua aquisição, quando com-paradas às tubulações tradicionais.

A estação de filtragem é um problema ainda nãoresolvido, e sua utilização é absolutamente impres-cindível para um perfeito funcionamento do sistemade irrigação por gotejamento.

O Sistema Móvel de FiltragemA Divisão de Irrigação da Saint-Gobain Cerâmicas

e Plásticos Ltda. (Carborundum), uma das líderes nafabricação de equipamentos de irrigação localizadano Brasil, desenvolveu em sua unidade fabril de Vinhe-do um sistema móvel de filtragem, construído sobreuma carreta, que permite seu deslocamento para ou-tras áreas ao final do ciclo da cultura.

Esta carreta é construída com estrutura de Viga “U”reforçada, dimensionada de forma a resistir aos esfor-ços imposto pela operação do sistema.

O chassis é composto por eixo traseiro com articu-lação central, que permite a divisão do peso de formaproporcional, fazendo com que o equipamento sejatransportado por estradas irregulares, sem danificar-se.

FiltragemO coração de uma irrigação localizada é seu siste-

ma de filtragem. Dele depende o seu perfeito funcio-namento e durabilidade.

As águas utilizadas para irrigação no Brasil são, emsua grande maioria, superficiais, de córregos, rios,represas e açudes, que têm como característica cons-tante um alto nível de sólidos suspensos, ferro emanganês, responsáveis por grande parte dos proble-mas de entupimento de emissores.

A análise da água torna-se um fator fundamentalpara a recomendação da qualidade da filtragem a seradotada num sistema de irrigação localizada. É umaimprudência a recomendação de filtragens mais bara-tas, sem o conhecimento e discussão dos possíveisproblemas potenciais num sistema de irrigação locali-zada, principalmente o sistema de gotejamento. Mes-mo a automação do processo de retrolavagem podenão criar condições para a limpeza adequada dos filtros

O sistema móvel de filtragem éO sistema móvel de filtragem éO sistema móvel de filtragem éO sistema móvel de filtragem éO sistema móvel de filtragem étodo construído sobre umatodo construído sobre umatodo construído sobre umatodo construído sobre umatodo construído sobre umacarreta, que permite o seucarreta, que permite o seucarreta, que permite o seucarreta, que permite o seucarreta, que permite o seu

deslocamento para outras áreas,deslocamento para outras áreas,deslocamento para outras áreas,deslocamento para outras áreas,deslocamento para outras áreas,ao final do ciclo da culturaao final do ciclo da culturaao final do ciclo da culturaao final do ciclo da culturaao final do ciclo da cultura

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1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 51

I N F O R M E T É C N I C O P U B L I C I T Á R I O

O sistema deO sistema deO sistema deO sistema deO sistema defiltragem móvelfiltragem móvelfiltragem móvelfiltragem móvelfiltragem móvelCarborundumCarborundumCarborundumCarborundumCarborundumproporcionaproporcionaproporcionaproporcionaproporcionacondiçõescondiçõescondiçõescondiçõescondiçõesfavoráveis ao usofavoráveis ao usofavoráveis ao usofavoráveis ao usofavoráveis ao usoda fertirrigaçãoda fertirrigaçãoda fertirrigaçãoda fertirrigaçãoda fertirrigação

utilizados, o que diminui sua eficiência epotencializa os problemas de entupimentos em emis-sores.

Para isso, o sistema de filtragem móvel, desenvol-vido pela Carborundum para as mais severas condi-ções, é composto por filtros de areia, filtros de disco efiltros de tela como uma segurança adicional do siste-ma. Naqueles sistemas, nos quais se utilizam tubos deparede delgada (8 a 12 mil), com baixas vazões nosemissores (0,6 a 1,0 lph), em que a velocidade da águaé muito baixa, a segurança na filtragem garante auniformidade de irrigação e longevidade do sistema.

A água inicialmente passa pelo filtro de areia,onde sofre a primeira fase da filtragem e ficam retidasas impurezas orgânicas e sólidas em suspensão. De-pois, passa pelo filtro de disco, onde ficam as impure-zas sólidas menores, ainda presentes na água. Final-mente, passa pelo filtro de tela, garantindo que asimpurezas fiquem no processo de filtragem.

Apesar de o sistema de filtragem não ser eficientena remoção do ferro ou manganês, a filtragem de areiaé muito eficiente na remoção dos seus precipitados.

Os filtros de tela e disco são de modelo novo comconstrução em “Y” e os filtros de areia têm uma novaconcepção construtiva, que possibilita uma maior efi-ciência na filtragem.

RetrolavagemOs sistemas de filtragem móvel Carborundum são

dotados de retrolavagem, comandados por controlehidráulico localizado na lateral do conjunto, com fácilacesso ao operador.

O processo de retrolavagem é feito por válvula deretrolavagem, construída de forma a proporcionar amenor perda de carga ao sistema.

A freqüência da retrolavagem é um dos pontosimportantes na manutenção e longevidade do siste-ma. Sua escolha depende de uma análise criteriosa daágua a ser utilizada, bem como do seu potencial deentupimento no sistema. Deve ser analisado caso acaso.

FertirrigaçãoAlém da racionalização do uso da água, outra

vantagem dos sistemas de irrigação localizada é apossibilidade de utilização de fertirrigação.

A utilização racional de produtos químicos junto àágua de irrigação, notoriamente os fertilizantes, éhoje um diferencial técnico significativo de produtivi-dade, e pode ser o responsável por altas produções eelevação da qualidade do produto final.

A qualidade do produto final, principalmente quan-do se fala de tomate, pode ser muito diferente, com autilização técnica e racional da fertirrigação.

As tecnologias já desenvolvidas permitem atuar

no desenvolvimento da planta, controlando seu cicloe atendendo às suas necessidades, proporcionandocondições para o seu pleno desenvolvimento e pro-dução.

O sistema de filtragem móvel Carborundum foidesenvolvido de forma a proporcionar condições fa-voráveis à utilização de fertirrigação. Vem equipadocom uma bomba injetora hidráulica, já instalada epronta para operação. Esta bomba possui aplicaçãoprecisa e regulável, o que permite máxima eficiênciana operação.

O sistema de filtragem móvel Carborundum podeser fornecido para vazões de 25, 50 e 100 m3/h.

Confira no Quadro a qualidade da sua água:

(1) Concentração máxima medida de um representativo número deamostras, usando procedimento padrão de análise (mg/l).

(2) Número máximo de bactérias por mililitro. População de bactérias refleteum aumento de algas e nutrientes microbianos.

SISTEMA DE CLSISTEMA DE CLSISTEMA DE CLSISTEMA DE CLSISTEMA DE CLASSIFICASSIFICASSIFICASSIFICASSIFICAÇÃO DE ÁGUAÇÃO DE ÁGUAÇÃO DE ÁGUAÇÃO DE ÁGUAÇÃO DE ÁGUA CA CA CA CA CO M OO M OO M OO M OO M OINDICINDICINDICINDICINDICAAAAAT I VT I VT I VT I VT I VO DE PO DE PO DE PO DE PO DE PERIGO DE ENTUPERIGO DE ENTUPERIGO DE ENTUPERIGO DE ENTUPERIGO DE ENTUPI M E N TI M E N TI M E N TI M E N TI M E N TO E MO E MO E MO E MO E MSISTEMAS DE IRRIGAÇÃO LSISTEMAS DE IRRIGAÇÃO LSISTEMAS DE IRRIGAÇÃO LSISTEMAS DE IRRIGAÇÃO LSISTEMAS DE IRRIGAÇÃO LO CO CO CO CO CA L I ZA L I ZA L I ZA L I ZA L I ZA D AA D AA D AA D AA D A

FATOR DEFATOR DEFATOR DEFATOR DEFATOR DE PERIGO DE ENTUPIMENTOPERIGO DE ENTUPIMENTOPERIGO DE ENTUPIMENTOPERIGO DE ENTUPIMENTOPERIGO DE ENTUPIMENTOENTUPIMENTOENTUPIMENTOENTUPIMENTOENTUPIMENTOENTUPIMENTO MenorMenorMenorMenorMenor ModeradoModeradoModeradoModeradoModerado SeveroSeveroSeveroSeveroSevero

F Í S I C OF Í S I C OF Í S I C OF Í S I C OF Í S I C OSólidos suspensos (1) < 50 50 – 100 > 100

Q U Í M I C OQ U Í M I C OQ U Í M I C OQ U Í M I C OQ U Í M I C OPH < 7,0 7,0 – 8,0 > 8,0Sólidos dissolvidos (1) < 500 500 – 2.000 > 2.000Manganês < 0,1 0,1 – 1,5 > 1,5Ferro total < 0,2 0,2 – 1,5 > 1,5Sulfeto de hidrogênio (1) < 0,2 0,2 – 2,0 > 2,0

B I O L Ó G I C OB I O L Ó G I C OB I O L Ó G I C OB I O L Ó G I C OB I O L Ó G I C OPopulação de bactérias (2) < 10.000 10.000 – 50.000 > 50.000

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52 ITEM • Nº 49 • 1º trimestre 2001

Produtoresde banana

do Norte deMinas

debatemsuas

experiências

A banana é uma das frutas mais

cultivadas no Norte de Minas e

detém a maior área plantada no

Vale do São Francisco. Segundo

o Cadastro Frutícola de 1999,

elaborado pela Codevasf, a

banana ocupa praticamente

uma área de 13 mil hectares,

com predomínio da variedade

prata-anã. A revista ITEM

entrevistou alguns dos

principais produtores desse

pólo de fruticultura e suas

diferentes experiências estão

relatadas a seguir.52 ITEM • Nº 49 • 1º trimestre 2001

FOTOS GENOVEVA RUISDIAS

Dos bananais atéDos bananais atéDos bananais atéDos bananais atéDos bananais atéos os os os os packing housespacking housespacking housespacking housespacking houses,,,,,os cachos sãoos cachos sãoos cachos sãoos cachos sãoos cachos sãotransportadostransportadostransportadostransportadostransportadosatravés de cabosatravés de cabosatravés de cabosatravés de cabosatravés de cabosaéreos, onde oaéreos, onde oaéreos, onde oaéreos, onde oaéreos, onde ocontato manual écontato manual écontato manual écontato manual écontato manual ém í n i m om í n i m om í n i m om í n i m om í n i m o

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1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 53

As mudanças ocorridasnos processos decomercialização dehortifrutigranjeiros, quandoas grandes redes desupermercados passaram aatuar diretamente com oprodutor, estão fazendo comque o setor produtivo abraoportunidades de trabalhopara novos profissionais nestaárea. Esta e outrasoportunidades de trabalhoforam identificadas peloempresário e produtor NunoCasassanta, duranteentrevista à revista ITEM,quando relatou suaexperiência com o plantioirrigado de banana, no póloagroindustrial localizado noNorte de Minas.

Economista mineiro,natural de Belo Horizonte,Nuno Casassanta sempreesteve ligado ao mundofinanceiro e ao da políticaagrícola. Ele entrou paravaler no setor de agriculturairrigada, em 1982, comoforma de buscar suaindependência profissional.Já havia trabalhado comotécnico, no setoragropecuário para váriosgovernos e também no Bancode Desenvolvimento de MinasGerais (BDMG). Escolheu aagricultura irrigada,iniciando com a plantação desorgo e milho para sementes,algodão e feijão, em 120hectares irrigados, emsociedade, de 1982 a 1984.Mesmo com os altos índicesde produtividade obtidos,

E N T R E V I S T A

Item – Como o senhor vê oagronegócio da fruticultura ir-rigada no Nordeste?Nuno – Vejo o setor da fruticul-tura no país como um grandenegócio, expressivo em termosde movimentação financeira ecom amplas possibilidades decrescimento e de diversifica-ção. Tem forte expressão eco-nômica, perfil empresarial mo-derno, ligação forte com o se-tor urbano e exigência de capi-talização diferente.Poucos setores no Brasil têm apossibilidade que a fruticultu-ra e a horticultura irrigadasoferecem para melhorar a vidado pobre. Isso pode vir a ocor-rer através do sucesso do pe-queno empreendedor ou doemprego criado numa ativida-de dinâmica. O que se precisater nítido é que a fruticulturairrigada exige empreendedo-res, qualquer que seja o tama-nho do seu negócio. É uma ati-vidade que não pode ser tutela-da amplamente e de forma per-manente. Daí a necessidade de,nos projetos públicos, ter a li-berdade para, ao operá-loscomo condomínios, como defato os são, poder cobrar detodos os condôminos os encar-gos de operação. Isto é funda-mental para aumentar a segu-rança do grande ou do pequenoinvestidor, pois é básico asse-gurar o perfeito funcionamen-to do perímetro irrigado.O que não se pode fazer éengessar a administração des-ses espaços, impedindo dema-gogicamente que as cobrançassejam efetuadas e tornando astransferências de áreas/lotesdifíceis de serem realizadas. É

NUNO CASASSANTANovas oportunidades profissionais surgemnos pólos agroindustriais irrigados

quase faliu com essas opções.Partiu, então, para a

fruticultura, começando emfevereiro de 1985 pelabanana-caturra, tipo nanicão,seguindo-se com a prata-anãe depois, com o limão thayti,para colher na entressafra.Esse novo empreendimentona fruticultura lhe trouxeresultados excepcionais,viabilizando-se os acertosdecorrentes dos insucessos doinício, proporcionando-lhe,em 1987, uma feliz cisão deuma sociedade forçada pelasnecessidades de trocas deavais, com seus amigos,Marcos Pessoa, Mário Vilela,Ricardo (irmão caçula,agrônomo, falecidorecentemente), e Renato (queentrou no negócio do plantiode banana). Aposentou-se hádois anos e desde então,dedica-se inteiramente aodesenvolvimento dafruticultura irrigada em cincodiferentes áreas localizadasem Janaúba, Norte de Minas.Com uma área de 180hectares irrigados, sendo 110hectares com microaspersãopara o cultivo da banana e 70hectares, com gotejamento,para o cultivo do limão tahyti.Depois de 16 anos deexperiência no setor, eleconclui que o melhorcaminho para a sobrevivênciae a conquista de mercados é oda organização de gruposhomogêneos, pequenos, naforma de cooperativas, comum executivo contratado eum conselho atuante.

1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 53

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54 ITEM • Nº 49 • 1º trimestre 2001

E N T R ENNNNNUNOUNOUNOUNOUNO C C C C CASASSANTAASASSANTAASASSANTAASASSANTAASASSANTA

“Tenho cinco áreas“Tenho cinco áreas“Tenho cinco áreas“Tenho cinco áreas“Tenho cinco áreasdistintas e cincodistintas e cincodistintas e cincodistintas e cincodistintas e cincodiferentes níveis dediferentes níveis dediferentes níveis dediferentes níveis dediferentes níveis deuso dos recursosuso dos recursosuso dos recursosuso dos recursosuso dos recursoshídricos e não seihídricos e não seihídricos e não seihídricos e não seihídricos e não seiqual o maisqual o maisqual o maisqual o maisqual o maisadequado. Com todoadequado. Com todoadequado. Com todoadequado. Com todoadequado. Com todoavanço obtido atéavanço obtido atéavanço obtido atéavanço obtido atéavanço obtido atéagora, ainda há muitaagora, ainda há muitaagora, ainda há muitaagora, ainda há muitaagora, ainda há muitaimprovisação”improvisação”improvisação”improvisação”improvisação”

interessante comparar a taxade mortalidade empresarial dopequeno produtor da fruticul-tura, com a taxa de mortalida-de do pequeno empreendedorurbano, e será verificado que,apesar de todos percalços, osprodutores rurais têm umaperformance muito superior. Arealidade mostra que a promo-ção social pelo lado do empre-go é ampla e diversificada, con-siderando-se toda a cadeia pro-dutiva da agricultura irrigada,que funciona ao longo do ano,especialmente no Nordeste,onde é premente a abertura demais oportunidades de traba-lho.

Item – Com sua experiência,qual é o assunto emergente li-gado à fruticultura irrigada doNordeste?Nuno – São 18 anos que estouna fruticultura no Norte deMinas. Tivemos muitas mudan-ças nesse período. Eu me arris-caria a indicar que um dos pon-tos fundamentais desta área,especialmente quando se falaem Nordeste, em semi-árido,em áreas conflagradas, foi acriação da Agência Nacionalde Águas (ANA). Isso vai trazeralguns efeitos, não só de redu-ção de conflitos, como tambémde administração do uso daágua.Estamos com muitas dificulda-des nesse campo. Paradoxal-

mente, há uma grande chancede essas dificuldades de admi-nistração de recursos hídricosvirem a se tornar um impulsopara um grande círculo de in-teresses com a instalação daANA, criando-se condições deautonomia financeira para cadabacia arranjar suas soluções,contratar os profissionais e en-volver investimentos, sobretu-do na prospecção, na identifi-cação, no dimensionamento dosrecursos de água na área dosemi-árido, e ganhar eficiênciano uso deles e nos gastos comenergia.Há muito para se evoluir nessecampo. Eu tenho cinco áreasdistintas e cinco níveis diferen-tes de uso dos recursos hídricose não sei qual o mais adequado. Com todo o avanço obtido atéagora na área do conhecimen-to, ainda há muita improvisa-ção, principalmente na fase deprojetos de irrigação. Estamossujeitos a qualquer tipo de ex-ploração, por falta de informa-ção do produtor.Outro termo recorrente em to-das as discussões sobre a evo-lução desse nosso agronegócio,tem sido a comercialização. Enessa agenda se vê desde a fal-ta/insuficiência de infra-estru-tura, equipamentos de suporte(cadeias de frios, armazenagemetc.), carência institucional deavaliação macro e micro demercados, a inexistência derecursos modernos mercado-lógicos de distribuição e vendade produtos até a qualidade equantidade de operadores demercado. O crescimento dademanda, impulsionado pelaurbanização, pela modificaçãoda dieta, pelas condições detrabalho do casal, pelo cresci-mento da renda, está levando areboque toda a cadeia que tratao agronegócio. Exceto nos se-tores onde há possibilidade deconcentração (caso da indús-tria de frios, laranja em São

Paulo, maçã no sul) a monta-gem de uma logística eficienteestá longe de ser uma realidadeno agronegócio brasileiro. Issoporque há milhares de produ-tores envolvidos, sem quase ne-nhuma coesão. Essa dispersão“negocial” acaba mascarandoas possibilidades de negócios.Daí os inevitáveis gargalos daparte comercial, resultado daimprovisação de agentes ope-radores e dos equipamentosutilizados. Verdadeiros absur-dos acontecem desde a inexis-tência de pautas de padroniza-ção consolidadas, até o relaxa-mento de questões sanitáriasque afetam a segurança alimen-tar. Estamos vendo recente-mente, que as grandes redes desupermercados já começarama se movimentar neste sentidoe deve-se esperar que, pelo po-der de persuasão, se implanteaqui um sistema mais eficientee seguro do ponto de vista desegurança alimentar do que oatual.

Item – E quais são as perspec-tivas para a fruticultura irriga-da no Nordeste?Nuno – Hoje, temos uma reali-dade diferente e estamos dian-te de um impasse. Com as alter-nativas de produção, a taxa decrescimento da implantação deprojetos de fruticultura ouhorticultura irrigada será pe-quena, diante do potencial quetemos. Isso decorre da dificul-dade de o produtor ver comnitidez o que ele pode plantar.Hoje, estamos com poucas al-ternativas concretas, em ter-mos de viabilidade econômica.As áreas a serem ocupadas sãograndes.No Norte de Minas, temos oexemplo do Projeto Jaíba, com15 mil hectares prontos paraserem implantados, com áreasmaiores disponíveis e dificul-dade de acesso ao crédito, emface das poucas alternativas de

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V I S T A NNNNNUNOUNOUNOUNOUNO C C C C CASASSANTAASASSANTAASASSANTAASASSANTAASASSANTA

“A agricultura“A agricultura“A agricultura“A agricultura“A agriculturairrigada tem umairrigada tem umairrigada tem umairrigada tem umairrigada tem uma

característica: exige acaracterística: exige acaracterística: exige acaracterística: exige acaracterística: exige aaplicação de capitalaplicação de capitalaplicação de capitalaplicação de capitalaplicação de capital

intensivo e umintensivo e umintensivo e umintensivo e umintensivo e umprodutor diferente doprodutor diferente doprodutor diferente doprodutor diferente doprodutor diferente doprodutor clássico, umprodutor clássico, umprodutor clássico, umprodutor clássico, umprodutor clássico, um

empreendedor, comempreendedor, comempreendedor, comempreendedor, comempreendedor, comum grau de ousadiaum grau de ousadiaum grau de ousadiaum grau de ousadiaum grau de ousadia

maior”maior”maior”maior”maior”

produção. Você tem que arran-jar uma atividade que dê capa-cidade de pagamento, e estanão está sendo fácil de ser vis-lumbrada, com segurança, tan-to pelo investidor como peloagente financeiro.A agricultura irrigada tem umacaracterística: exige a aplica-ção de capital intensivo e umprodutor diferente do produtorclássico, um empreendedor,com um grau de ousadia maior.Esse tem que saber calcular, ea atividade que ele vai lidar temque pagar sua conta.No número anterior da revistaITEM, enfatizou-se muito bema cafeicultura irrigada e seuavanço. No caso do café, a solu-ção de implantação do consór-cio de pesquisa foi facilitada,porque havia o domínio da si-tuação financeira com os re-cursos vindos do Funcafé.Quando não se tem esse cami-nho, como no caso da fruticul-tura, e se o setor público nãooferece um perfil de alternati-vas com mais segurança, é umrisco e um custo que o produtorvai ter que assumir. É um pedá-gio, que, às vezes, é muito caro,desde a escolha do materialgenético mais apropriado, domanejo e das inúmeras alterna-tivas tecnológicas aplicáveis acada situação. No Norte deMinas, já temos, depois de 16anos, uma boa massa críticaem relação à banana. Mas, emrelação aos citros, área ondetambém atuo, temos investidode forma isolada, levado con-sultores privados de São Pau-lo, a um custo oneroso. Issotambém inibe alguns investi-mentos que poderiam acelerara taxa de ocupação. Daí a gran-de importância do maior apoioe mais articulações nas açõesde P&D, como hoje se verificano café.

Item – Como está a evoluçãonos processos de comercializa-

ção?Nuno – É preciso que o produ-tor tenha uma maior consciên-cia desse processo de comer-cialização e suas mudanças. Seformos observar, ao longo dahistória da comercialização deperecíveis, veremos que adota-mos um modelo inspirado nomodelo francês, para este tipode comércio, que funcionavada seguinte forma: montavam-se centrais de abastecimento,onde se fazia a concentração daprodução, para depoisredistribuí-la nos diferentespontos de consumo. Esse siste-ma completo envolveria unida-des coletoras de produtos nointerior, chamadas mercadosexpedidores de origem, nasáreas de produção, com reu-nião, coleta, primeiro proces-samento, classificação e padro-nização e comunicação. O pro-dutor chegaria nessas unida-des e teria informações sobrepreços do dia nos diferentesmercados, que daria a ele aflexibilidade de mandar o seuproduto para um mercado ououtro. Em 1980, esse sistemafrancês representava 80% nacomercialização de perecíveisna França. Hoje, representa só20%.Mudou-se a prática de comer-cialização na França, bem comono Brasil. Os equipamentos devarejo também mudaram. Exis-te, hoje, uma enorme concen-tração de mercado, com trêsgrandes redes de supermerca-dos, acrescentando uma ououtra rede regional e mais ogrupo de sacolões. Eles nãocompram na Ceasa e, sim, naplataforma deles; negocia-sedireto com o Carrefour, o Pãode Açúcar, o Champion e o Epa.Nessa fase de transição, esta-mos completamente desprepa-rados. Que escola formou umprofissional nesse assunto?Estamos propondo na Abanortea contratação e treinamento de

executivos para realizarem estatarefa. Fazer sozinho a sua co-mercialização e ao mesmo tem-po, gerenciar a produção, écomplicado. Entrar em solu-ções, tipo cooperativas gran-des, também o é. A prática, noBrasil, mostrou que a grandecooperativa bem-sucedida,quase sempre vira objeto decobiça política e entra em difi-culdades. Estamos formandogrupos menores, pequenas co-operativas (seis ou sete produ-tores), contratando um execu-tivo para gerenciá-la, traba-lhando com conselho e execu-tando uma agricultura susten-tável. A Citronorte é um exem-

plo disso, no caso de citros emanga. No meu caso, aindaparticipo de mais dois grupospequenos, associados com ba-nana. Acho que é a solução.Item – Fazendo um balanço,como evoluir para que o Brasilseja mais competitivo?Nuno – Estamos arranhandoem alguns setores. A indústriade equipamentos vai indo bem,mas ainda não alcançamos omesmo nível de tecnologia naindústria de fertilizantes, dedefensivos e outros insumos eprocessos. A área de controlebiológico vai explodir: prova-velmente serão pequenos ne-gócios, com profissionais for-mados em Agronomia, em Ciên-cias Biológicas e em Farmácia.

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OPORTUNIDADESDE NEGÓCIOQuais são as áreas técnicasQuais são as áreas técnicasQuais são as áreas técnicasQuais são as áreas técnicasQuais são as áreas técnicasdeficientes no Norte de Minas?deficientes no Norte de Minas?deficientes no Norte de Minas?deficientes no Norte de Minas?deficientes no Norte de Minas?Segundo o empresário Nuno Casassanta, exis-tem deficiências e falta de profissionais espe-cializados em vários setores da área agrícolados pólos de irrigação, tendo por base a suaexperiência profissional no Norte de Minas.Ao longo de sua entrevista, ele enumerou asdificuldades enfrentadas pelos produtores, pornão contarem com esses profissionais e, aomesmo tempo, apresentou um quadro de no-vas oportunidades de trabalho, serviço e/ouespecialização para estudantes universitários.A seguir, apresentamos um resumo das princi-pais deficiências do setor de fruticultura irriga-da, na região Norte de Minas, apontado por ele:

• serviços ou profissionais especializados/ca-pacitados na prospeção, identificação e di-mensionamento de projetos de irrigação,que permitam o uso eficiente da água e daenergia;

• serviços ou profissionais especializados naárea de produção de mudas e de controlebiológico;

• novas tecnologias para a indústria deinsumos (defensivos, fertilizantes e adubosadaptados à fertirrigação);

• mais pesquisa agropecuária e assistência téc-nica na implantação de novas variedades;

• melhoria e treinamento de mão-de-obra;

.• serviços ou profissionais especializados nogerenciamento e administração de coope-rativas;

• serviços ou profissionais especializados emgestão comercial e logística;

• maior eficiência e melhoria no setor de em-balagens;

• serviços ou profissionais especializados emmercados interno e externo na área de fruti-cultura.

Também na área Gerencial ede Administração, de GestãoComercial e de Logística há umenorme campo de trabalho. Nosetor de embalagens, temospoucas indústrias (três) e ainda

muito que melhorar em efici-ência. Isso só vai acontecer,quando tivermos escalas deprodução mais compatíveis.A falta de coesão entre produ-tores reforça a vulnerabilidadeda agricultura irrigada e a prá-tica de políticas discriminató-rias contra o setor, como o casode abuso do setor econômico,com práticas ilegais de comér-cio, seja comprando, seja ven-dendo produtos com um nívelde concentração em supermer-cados que chega a ser brutal.Será que o Cade examinou isso?Será que tem alguém preocu-pado com as conseqüências dis-so a longo prazo? Todo o pro-cesso que está acontecendo,tanto na área de varejo, quantona de insumos, está sendo vistocomo um sinal de modernidade,de ganho de escala e de eficiên-cia. A teoria econômica mostraque isso pode acontecer, mastambém mostra que um nívelde concentração dessa ordempermite manipulações. Esse éum ponto de discussão.Assistimos, recentemente, umagrande e complicada discussãoem relação ao mercado de cer-veja. Antárctica e Brahma jun-taram-se e ocuparam 50% domercado. Se observarmos osetor de sementes de milho,80% estão nas mãos de um sógrupo e ninguém fala nada. Jápercebemos isso na área deoferta de insumos (sementes,herbicidas), sem que haja ummovimento em defesa da con-corrência. Contra a prática des-leal de comércio, não se falanada. Isso reflete também a fal-ta de informação das elites bra-sileiras em relação à importân-cia do setor agrícola.O mercado sempre será desa-fiante. Temos que ter uma vi-são objetiva e uma postura maisagressiva, ousadia nas áreasnacional e internacional, usan-do os mesmos recursos de de-senvolvimento de mercados e

de produtos que se mostrarameficientes noutros casos.Um exemplo internacional fan-tástico é o kiwi, que não existiano mercado, apareceu e desen-volveu-se com a maior compe-tência. Foi com muito ceticis-mo que se viu a implantação daindústria da maçã no Brasil.Hoje, exportamos para os gran-des países produtores euro-peus. Aproveitamos uma jane-la de mercado.Estamos desenvolvendo mer-cados com muita competênciana área de uvas, de manga, delima ácida e temos um grandepotencial no mercado de bana-nas, em face da oportunidadecom o relaxamento de certasrestrições comerciais. Precisa-mos ficar atentos às projeçõesde novos plantios, o que já esta-mos produzindo e o que entra-rá em produção, principalmen-te diante das condições doscompetidores e das nossas.É muito difícil para um produ-tor isolado investigar a fundoas condições de um mercadoglobal. Ele tem que fazer a ava-liação de seu negócio, com basenas informações próprias, desua associação e de uma agên-cia oficial. Esse custo de inves-tigação de mercado é caro etem que ser desenvolvido pelogoverno. O lado melancólico é que nos-sa geração foi incapaz de mos-trar a uma ampla variedade deprofissionais do meio urbano,a enorme chance de negóciosque há no campo. Sem a estru-tura de recursos humanos paraatender toda a gama de neces-sidades desse agronegócio, es-ses projetos são inviáveis. Essasuperestrutura exige gente trei-nada e disponível para mudaressas relações de comércio,dominar suas práticas e pro-porcionar uma produção maissustentável, com uma distribui-ção mais eqüitativa dos resul-tados. �

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Quando era criança, ainda em sua terra

natal, Okaido, o japonês Yugi Yamada

ouvia as histórias de que no Brasil havia

muita fartura e, principalmente, não havia

guerra. Isso tudo fez com que ele

tentasse, durante todo o tempo,

convencer seu pai a emigrar para cá, fato

que acabou se concretizando, em 1960.

oje, aos 53 anos de idade, Yamada podeser considerado o maior produtor comer-cial individual de bananas do Norte de

Minas, onde chegou em 1983, depois de ter perdi-do sua lavoura numa enchente no Vale da Ribeira,em São Paulo. São ao todo 750 hectares plantadoscom banana, usando a irrigação, dos quais 600hectares estão em produção. Além da banana, eletambém desenvolve trabalhos de pesquisa comoutras frutas, como limão e cajá-manga.

Naquele ano, quando veio conhecer Janaúba,Yamada quase retornou para o interior paulistasem informações, mas um pneu furado do carroobrigou-o a parar numa borracharia. Lá, ficousabendo onde ficava a barragem do Bico daPedra, conheceu o pesquisador Jorge Kakida e ostrabalhos de pesquisa da Epamig, com banana.“Bati o olho e pensei: aqui vai dar certo. Venditudo que eu tinha em Registro e vim para cá”,conta o japonês.

PRIMEIRO ESTRANGEIRO – Não foi tãofácil para Yamada realizar o sonho vislumbradode tornar-se, de imediato, um produtor de bana-nas do Norte de Minas. No princípio, o Projeto deIrrigação do Gorutuba tinha como orientaçãoatender somente aos produtores locais, sendovedada a participação de gente de fora do Estado.A exceção para o produtor japonês foi aberta porum diretor da Codevasf, Roberto Amaral. Se elepagasse as dívidas deixadas por um irriganteinadimplente, ele poderia ficar. Yamada não sefez de rogado e ocupou os primeiros 45 hectares.

Trabalhando, inicialmente, com irrigação porsulcos, Yamada transformou-se, rapidamente,numa atração da região, servindo de modelo paravários produtores locais. “A vizinhança aprendeu

YUGI YAMADADe forasteiro a maior produtor debanana do Norte de Minas

comigo e Janaúba virou a terra da banana”,afirma Yamada, que além de produtor, é tambémcomerciante e atende aos mercados de Belo Ho-rizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Elecompra e vende uma média de 20% a 30% dasbananas que comercializa, produzidas no pró-prio município, no Vale da Ribeira, na Bahia e emSanta Catarina.

Atualmente, comprou outras fazendas e temvárias áreas em produção, não só no Norte deMinas, mas também em Tocantins. Cerca de 90%da banana que produz é da variedade prata, alémda nanica, maçã e ouro. Utiliza vários sistemas deirrigação, que vão desde o original, através desulcos, passando pelo canhão e microaspersão.Faz parte de seus planos a adoção do sistema degotejamento localizado e fertirrigação para oplantio de banana-maçã.

A VOZ DA EXPERIÊNCIA – Depois de 18anos de experiência, Yamada tem algumas opini-ões formadas em relação aos vários sistemas deirrigação utilizados por ele. Considera, por exem-plo, o trabalho muito maior, especialmente ànoite, com o sistema de irrigação por sulcos.Requer o uso intensivo de mão-de-obra, mas atéhoje, o seu bananal ainda está em produção.

Em 18 anos,Em 18 anos,Em 18 anos,Em 18 anos,Em 18 anos,Yugi YamadaYugi YamadaYugi YamadaYugi YamadaYugi Yamadatransformou-setransformou-setransformou-setransformou-setransformou-senum dos maioresnum dos maioresnum dos maioresnum dos maioresnum dos maioresprodutores deprodutores deprodutores deprodutores deprodutores debananas para obananas para obananas para obananas para obananas para omercado internomercado internomercado internomercado internomercado interno

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O sistema de irrigação por microaspersãotrouxe-lhe maiores problemas para controle donematóide e deve ser melhor estudado. “Pensoque seja um problema de profundidade da plan-ta. No primeiro sistema, as raízes do bananalaprofundam-se mais e buscam os nutrientes maisembaixo, enquanto no sistema com aspersão,elas se mantêm mais na superfície, onde se loca-liza o nematóide”, explica ele, que acha que osistema de irrigação deve chegar o mais próximopossível da natureza.

PRODUTIVIDADE – Yamada traz de suainfância as lembranças de muito trabalho, aju-dando o pai na lavoura, antes de o inverno che-gar, das lições de economia da mãe para guardarcomida para o ano todo. “Tínhamos somente umaépoca para produzir e tínhamos que fazer tudodepressa, antes de o frio chegar. A comida eraguardada num buraco no chão e consumida aospoucos, para durar todo o inverno”, conta ele.

Por isso mesmo, ele não concorda com osistema de leis trabalhistas existentes no Brasil,que não premia a produtividade, além da institui-ção do salário mínimo. Com uma média de 400 a500 empregados diretos, Yamada considera queexiste no país um excesso de fiscalização. “Quemestá empregado, não quer perder seus direitos equem está empregando também não quer pagar”,afirma ele.

No Chile, Yamada viu de perto que a fruticul-tura trabalha muito com diaristas contratados,que ganham bem por tarefa executada. Em com-pensação, não existem férias, aviso-prévio, 13o

salário, hora extra ou FGTS. “Se o trabalhadorrecebe uma oferta melhor, ele pode aceitar, o quenão acontece com essa facilidade no Brasil”,defende ele. �

Jorge Kakida, responsável pelos trabalhos de pesquisa com a bananaJorge Kakida, responsável pelos trabalhos de pesquisa com a bananaJorge Kakida, responsável pelos trabalhos de pesquisa com a bananaJorge Kakida, responsável pelos trabalhos de pesquisa com a bananaJorge Kakida, responsável pelos trabalhos de pesquisa com a bananadesenvolvidos em 1983, pela Epamig, que fizeram com que o japonêsdesenvolvidos em 1983, pela Epamig, que fizeram com que o japonêsdesenvolvidos em 1983, pela Epamig, que fizeram com que o japonêsdesenvolvidos em 1983, pela Epamig, que fizeram com que o japonêsdesenvolvidos em 1983, pela Epamig, que fizeram com que o japonêsYamada resolvesse permanecer em Janaúba, norte de MinasYamada resolvesse permanecer em Janaúba, norte de MinasYamada resolvesse permanecer em Janaúba, norte de MinasYamada resolvesse permanecer em Janaúba, norte de MinasYamada resolvesse permanecer em Janaúba, norte de Minas

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onsiderada um verdadeiro símbolo nacio-nal, a banana é a fruta de maior produçãoe comercialização mundial, responsável

por 13,7 milhões de toneladas comercializadasno mercado internacional de frutas, em 1999, oque, de acordo com os dados da (FAO), represen-ta uma fatia de 37% desse comércio. Naqueleano, os maiores exportadores da fruta foram oEquador (com 4,0 milhões de toneladas), seguidopela Colômbia (com 1,8 milhão de toneladas) e asFilipinas (com 1,1 milhão de toneladas).

O terceiro maior produtor da fruta no Mundoé o Brasil. Em 1999, o país produziu 5,6 milhõesde toneladas, em 518 mil hectares plantados,segundo o IBGE. Mas, a participação brasileirano mercado internacional não passou de 68 miltoneladas exportadas. A maior parte da produçãoé destinada ao mercado interno e os poucosexportadores enfrentam dificuldades diversas,que vão desde a qualidade da produção à preca-riedade da estrutura comercial.

A Cobalchini, com 25 anos no mercado, é umadas poucas produtoras nacionais exportadorasde banana, exclusivamente voltada para oMercosul, além de atender ao mercado interno. Aempresa mantém uma unidade de produção emJanaúba, há três anos, com 110 hectares de áreaplantada, dos quais 70% estão em produção.Semanalmente a unidade local produz cerca de123 toneladas da banana do grupo Cavendish,variedade Grande Nine, que tem grande aceita-ção no mercado argentino e no Mundo.

CUIDADOS ESPECIAIS – Quem visita a fa-zenda da Cobalchini, em Janaúba, percebe oscuidados adotados, a partir da entrada na unida-de de produção. O bananal é totalmente cercadoe, na portaria, há um controle dos carros, osquais têm os pneus devidamente pulverizadoscom defensivos, enquanto os transeuntes utili-zam-se do pedilúvio. Esta é uma medida paratentar evitar doenças e pragas.

No bananal, os cachos são protegidos comsacos plásticos, colhidos e carregados nos ombrosaté os cabos aéreos e, imediatamente, transporta-dos para o packing house da empresa. O tratamen-to pós-colheita é considerado artesanal, o contatomanual com a fruta é o mínimo possível, ficandoum trabalhador, em média, para cada hectare.

Antes da embalagem, em caixas de papelão de21,5kg, a banana passa por três diferentes sele-ções e beneficiamentos, é despencada em bu-quês, lavada, pesada e selada. Após receber a

embalagem, é paletizada, arma-zenada em câmaras de resfria-mento e transportada em cami-nhões frigoríficos, da forma comodeverá ser exposta nas gôndolasdos pontos de venda de destino.

O transporte é feito pela rodo-via até Pato Branco (PR), na fron-teira brasileira com a Argentina,onde a empresa faz o câmbio, apre-senta os atestados fitossanitáriose providencia os documentos ne-cessários para a exportação, numprazo que varia de seis a 12 dias,dependendo do local de entrega edos problemas na aduana.

ALTOS E BAIXOS – “Comoqualquer atividade agrícola, ga-nha-se e perde-se dinheiro com abanana”, afirma, com um sorriso,o engenheiro agrônomo, LucianoSartori, responsável pela unidade da Cobalchiniem Janaúba, e também vice-presidente do Distri-to Irrigado do Gorutuba. Segundo ele, a altaprodutividade e a qualidade obtidas com a frutano Norte de Minas fazem com que o produtotorne-se competitivo com a banana origináriatanto do Equador, como de outros países commaior tradição em exportação.

A empresa também comercializa banana nomercado interno, através de uma parceria quemantém com produtores em Guaramirim (SC),sendo esse produto considerado um pouco in-ferior, em termos de qualidade. “Não se podecomparar a banana produzida para o mercadointerno com outra voltada para exportação”,explica Luciano. Segundo ele, para a bananadestinada ao Mercosul, a empresa faz exatamen-te o que fazem os países com maior tradição deexportação do produto, adaptando as práticasnecessárias ao clima brasileiro.

A Cobalchini tem aproveitado suas exporta-ções para a Argentina e colocado algumas caixasde banana-prata, como experiência no processode comercialização do produto. Resultado: o prin-cipal problema enfrentado foi do desconhecimen-to em relação à fruta, especialmente em relação aotamanho e ao paladar (ela é considerada maisazeda), apesar de sua maior digestibilidade. ParaLuciano, falta um trabalho de informação emarketing sobre o produto, “pois ela só era vendi-da, quando faltava a banana equatoriana”.

COBALCHINIUma lição para exportação

Luciano Sartori,Luciano Sartori,Luciano Sartori,Luciano Sartori,Luciano Sartori,responsável pelaresponsável pelaresponsável pelaresponsável pelaresponsável pelaColbalchini emColbalchini emColbalchini emColbalchini emColbalchini emJanaúba, afirmaJanaúba, afirmaJanaúba, afirmaJanaúba, afirmaJanaúba, afirmaque os resultadosque os resultadosque os resultadosque os resultadosque os resultadosobtidos com aobtidos com aobtidos com aobtidos com aobtidos com abanana no nortebanana no nortebanana no nortebanana no nortebanana no nortede Minas tornaramde Minas tornaramde Minas tornaramde Minas tornaramde Minas tornaramo produtoo produtoo produtoo produtoo produtocompetitivo nocompetitivo nocompetitivo nocompetitivo nocompetitivo nom e r c a d om e r c a d om e r c a d om e r c a d om e r c a d ointernacionalinternacionalinternacionalinternacionalinternacional

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Lição – Enquanto a Cobalchini dá lições deexportação, o consultor do Sebrae, Rodrigo San-tos, vem tentando implantar, em Janaúba, umasistemática de comercialização da banana-pratano mercado externo, através da formação de umconsórcio de produtores, com o apoio da AgênciaPromotora de Exportações Brasileiras (Apex).

As duas principais dificuldades enfrentadasestão relacionadas com o próprio produto. Aprimeira delas é a mesma constatação feita pelaCobalchini na Argentina: a banana-prata não éconhecida no mercado internacional e precisariade uma campanha de promoção para atrair eseduzir o consumidor.

Depois, teria que ser resolvido um problemasério de logística, já que diferentemente da bana-na do grupo Cavendish, a banana-prata apresentaum hormônio vegetal (etileno), que acelera o seuprocesso de maturação e dificulta o seu transpor-te até países mais distantes, como da Europa edos Estados Unidos, por exemplo. Esse problemadeverá ser resolvido dentro de pouco tempo, coma adoção de tecnologias de conservação pós-co-lheita, que irão prolongar o processo de maturaçãoda banana-prata por períodos de 30 a 35 dias.

Os produtores de Janaúba e Pirapora passa-ram por um programa de capacitação e qualifica-ção denominado Setores Estratégicos para a Ex-portação (Setex), com a finalidade de organizar aprodução, de forma que atenda a exigências domercado internacional. “Exportar exige um pro-cesso longo e o mais difícil é mudar a cultura doprodutor”, acredita Rodrigo. Segundo o especia-lista, exportação não pode ser encarada como “a

Um dos problemas enfrentadospelos produtores de banana deJanaúba é o racionamento da água,que, ultimamente, vem sendo prati-cado pelo Distrito Irrigado doGorutuba. Já o produtor de algunspontos do município, que usa águade poços tubulares, está enfrentan-do outros problemas: o alto índicede pH e a salinização dos terrenos, oque pode comprometer a produtivi-dade de culturas no futuro.

“Estamos aqui há três anos e, talvez por faltade chuvas ou pelo mal-uso das águas, a sua faltacomeçou a tornar-se preocupante, já que a águaé um fator determinante no Norte de Minas e onutriente mais importante do bananal”, comple-ta Luciano Sartori.

salvação da lavoura” e sim, como uma alternativaestratégica, que oferece benefícios a médio e alongo prazos.

ENDIVIDAMENTO – Geraldo Guedes, res-ponsável pela regional do Sebrae, em MontesClaros, acredita que a principal causa dodespreparo do produtor do Norte de Minas parasua entrada no mercado internacional é só uma:a falta de recursos para novos investimentos. “Edevido à descapitalização do produtor, provocadapela atual política agrícola, ele fica a dever emtermos de competitividade”, considera ele.

Segundo Geraldo Guedes, esse fato foi consta-tado pela entidade no seu atendimento aos produ-tores da região. O Sebrae tem desenvolvido, emconjunto com a Apex, trabalhos no campo dagestão administrativa, financeira, mercadológicae tecnológica junto aos produtores de frutas dePirapora, da Jaíba e de Janaúba, tendo, inclusive,tentado capacitá-los para um nível internacional.

“O nosso produtor vem lutando para ter umproduto de qualidade, com seus próprios recur-sos, enquanto a Organização de Cooperação eDesenvolvimento Econômico (OCDE), um grupode países desenvolvidos, de acordo com os últi-mos dados da Confederação Nacional da Agricul-tura (CNA), concede mais de US$ 1 bilhão/dia emsubsídios aos produtores dos países ricos”, afir-ma Geraldo Guedes. Ele defende o estabeleci-mento de uma política de renda para o setor, paraque o país expanda a sua fronteira agrícola.“Temos 250 milhões de hectares para seremplantados e o Brasil está, há dez anos, produzin-do na mesma área agrícola”, considera ele. �

O prefeito do município, Ivonei Abade Brito,disse que chegou a abandonar um bananal plan-tado numa área de 5,8 hectares, devido à exaustãoda água de um poço tubular utilizado por ele.Segundo Ivonei, a represa Bico da Pedra foi fe-chada, em 1979, e jamais mereceu um estudo outrabalho sobre o seu grave problema de assorea-mento.

Como responsável pela administração muni-cipal, ele pretende pedir apoio ao (Cetec) paraum estudo do potencial aqüífero da região. Tam-bém considera necessária a construção de pe-quenas barragens ao longo do rio Gorutuba, ajusante e a montante da barragem. “Se não cui-darmos da situação, daqui a alguns anos, pode-remos nos arrepender de não termos tomadoprovidências desde o início do problema”, com-pleta o prefeito. �

EM JANAÚBEM JANAÚBEM JANAÚBEM JANAÚBEM JANAÚBA,A,A,A,A,OS PRIMEIROS PRIMEIROS PRIMEIROS PRIMEIROS PRIMEIROS PROS PROS PROS PROS PROBLEMAS COBLEMAS COBLEMAS COBLEMAS COBLEMAS COM A ÁGUOM A ÁGUOM A ÁGUOM A ÁGUOM A ÁGUAAAAA

O prefeito deO prefeito deO prefeito deO prefeito deO prefeito deJanaúba, IvoneiJanaúba, IvoneiJanaúba, IvoneiJanaúba, IvoneiJanaúba, Ivonei

Abade Brito:Abade Brito:Abade Brito:Abade Brito:Abade Brito:enfrentando osenfrentando osenfrentando osenfrentando osenfrentando os

problemas deproblemas deproblemas deproblemas deproblemas deracionamentoracionamentoracionamentoracionamentoracionamento

de água node água node água node água node água nomunic ípiomunic ípiomunic ípiomunic ípiomunic ípio

60 ITEM • Nº 49 • 1º trimestre 2001

FOTO GENOVEVA RUISDIAS

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Situação da cultura da bananano Vale do São Francisco

A banana foi a fruta mais produzida,A banana foi a fruta mais produzida,A banana foi a fruta mais produzida,A banana foi a fruta mais produzida,A banana foi a fruta mais produzida,no mundo, em 2000, com um total deno mundo, em 2000, com um total deno mundo, em 2000, com um total deno mundo, em 2000, com um total deno mundo, em 2000, com um total de

88,9 milhões de toneladas. O Brasil,88,9 milhões de toneladas. O Brasil,88,9 milhões de toneladas. O Brasil,88,9 milhões de toneladas. O Brasil,88,9 milhões de toneladas. O Brasil,com 449.119ha plantados, foi ocom 449.119ha plantados, foi ocom 449.119ha plantados, foi ocom 449.119ha plantados, foi ocom 449.119ha plantados, foi o

segundo maior produtor com 5,4segundo maior produtor com 5,4segundo maior produtor com 5,4segundo maior produtor com 5,4segundo maior produtor com 5,4milhões de toneladas, após a Índia,milhões de toneladas, após a Índia,milhões de toneladas, após a Índia,milhões de toneladas, após a Índia,milhões de toneladas, após a Índia,

com 11 milhões de toneladascom 11 milhões de toneladascom 11 milhões de toneladascom 11 milhões de toneladascom 11 milhões de toneladas(FAO, 2001). O cultivo da banana(FAO, 2001). O cultivo da banana(FAO, 2001). O cultivo da banana(FAO, 2001). O cultivo da banana(FAO, 2001). O cultivo da banana

ocorre em todos os estados brasileirosocorre em todos os estados brasileirosocorre em todos os estados brasileirosocorre em todos os estados brasileirosocorre em todos os estados brasileirose com grande influência sócio-e com grande influência sócio-e com grande influência sócio-e com grande influência sócio-e com grande influência sócio-econômica, uma vez que a suaeconômica, uma vez que a suaeconômica, uma vez que a suaeconômica, uma vez que a suaeconômica, uma vez que a sua

produção se dá durante todo o ano oprodução se dá durante todo o ano oprodução se dá durante todo o ano oprodução se dá durante todo o ano oprodução se dá durante todo o ano oque contribui para fixar o homem noque contribui para fixar o homem noque contribui para fixar o homem noque contribui para fixar o homem noque contribui para fixar o homem no

campo. Na Região do Vale do Sãocampo. Na Região do Vale do Sãocampo. Na Região do Vale do Sãocampo. Na Região do Vale do Sãocampo. Na Região do Vale do SãoFrancisco (Figura 1),Francisco (Figura 1),Francisco (Figura 1),Francisco (Figura 1),Francisco (Figura 1),

em 1999, o cultivo da bananaem 1999, o cultivo da bananaem 1999, o cultivo da bananaem 1999, o cultivo da bananaem 1999, o cultivo da bananaocupou o primeiro lugar em áreaocupou o primeiro lugar em áreaocupou o primeiro lugar em áreaocupou o primeiro lugar em áreaocupou o primeiro lugar em área

plantada com 23.509,2 ha.plantada com 23.509,2 ha.plantada com 23.509,2 ha.plantada com 23.509,2 ha.plantada com 23.509,2 ha.

Figura 1 – Vale do São Francisco – Mapa políticoFigura 1 – Vale do São Francisco – Mapa políticoFigura 1 – Vale do São Francisco – Mapa políticoFigura 1 – Vale do São Francisco – Mapa políticoFigura 1 – Vale do São Francisco – Mapa político

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1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 63

QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2Métodos de irrigMétodos de irrigMétodos de irrigMétodos de irrigMétodos de irrigação para a cultura da banana por Estado, em hectareação para a cultura da banana por Estado, em hectareação para a cultura da banana por Estado, em hectareação para a cultura da banana por Estado, em hectareação para a cultura da banana por Estado, em hectare

MÉTODO / ESTADOMÉTODO / ESTADOMÉTODO / ESTADOMÉTODO / ESTADOMÉTODO / ESTADO BahiaBahiaBahiaBahiaBahia Minas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas Gerais PernambucoPernambucoPernambucoPernambucoPernambuco SergipeSergipeSergipeSergipeSergipe AlagoasAlagoasAlagoasAlagoasAlagoas T O T A LT O T A LT O T A LT O T A LT O T A L

Aspersão Convenc.Aspersão Convenc.Aspersão Convenc.Aspersão Convenc.Aspersão Convenc. 2.123,9 1.966,6 3.322,5 151,7 3,2 7.567,9GotejamentoGotejamentoGotejamentoGotejamentoGotejamento 66,9 98,2 0,0 3,8 1,0 169,9MicroaspersãoMicroaspersãoMicroaspersãoMicroaspersãoMicroaspersão 1.473,5 9.744,3 337,5 162,5 0,0 11.717,8Pivô CentralPivô CentralPivô CentralPivô CentralPivô Central 682,7 205,0 48,0 0,0 0,0 935,7S u l c oS u l c oS u l c oS u l c oS u l c o 1.347,3 859,5 409,1 0,0 0,0 2.615,9BaciaBaciaBaciaBaciaBacia 30,6 6,3 47,6 0,8 0,0 85,3Não IrrigadoNão IrrigadoNão IrrigadoNão IrrigadoNão Irrigado 343,0 56,2 9,3 8,2 0,0 416,7

T O T A LT O T A LT O T A LT O T A LT O T A L 6.067,96.067,96.067,96.067,96.067,9 12.936,112.936,112.936,112.936,112.936,1 4.174,04.174,04.174,04.174,04.174,0 327,0327,0327,0327,0327,0 4 , 24 , 24 , 24 , 24 , 2 23.509,223.509,223.509,223.509,223.509,2

Q U A D R O 3Q U A D R O 3Q U A D R O 3Q U A D R O 3Q U A D R O 3Fontes de água de irrigação para a cultura da banana por Estado, em hectareFontes de água de irrigação para a cultura da banana por Estado, em hectareFontes de água de irrigação para a cultura da banana por Estado, em hectareFontes de água de irrigação para a cultura da banana por Estado, em hectareFontes de água de irrigação para a cultura da banana por Estado, em hectare

FONTE / ESTADOFONTE / ESTADOFONTE / ESTADOFONTE / ESTADOFONTE / ESTADO BahiaBahiaBahiaBahiaBahia Minas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas Gerais PernambucoPernambucoPernambucoPernambucoPernambuco SergipeSergipeSergipeSergipeSergipe AlagoasAlagoasAlagoasAlagoasAlagoas T O T A LT O T A LT O T A LT O T A LT O T A L

Irrigação PúblicaIrrigação PúblicaIrrigação PúblicaIrrigação PúblicaIrrigação Pública 3.462,8 5.478,8 3.324,3 314,0 4,2 12.584,1BarragemBarragemBarragemBarragemBarragem 455,6 33,0 7,0 0,0 0,0 495,5R i oR i oR i oR i oR i o 1.419,1 2.786,0 768,1 4,8 0,0 4.978,0C ó r r e g oC ó r r e g oC ó r r e g oC ó r r e g oC ó r r e g o 36,2 347,2 0,0 0,0 0,0 383,4LagoaLagoaLagoaLagoaLagoa 166,5 30,0 0,0 0,0 0,0 196,5Poço AmazonasPoço AmazonasPoço AmazonasPoço AmazonasPoço Amazonas 0,0 0,0 26,3 0,0 0,0 26,3Poço ProfundoPoço ProfundoPoço ProfundoPoço ProfundoPoço Profundo 184,7 4.205,0 39,0 0,0 0,0 4.428,7Não IrrigadoNão IrrigadoNão IrrigadoNão IrrigadoNão Irrigado 343,0 56,2 9,3 8,2 0,0 416,7

T O T A LT O T A LT O T A LT O T A LT O T A L 6.067,96.067,96.067,96.067,96.067,9 12.936,112.936,112.936,112.936,112.936,1 4.174,04.174,04.174,04.174,04.174,0 327,0327,0327,0327,0327,0 4 , 24 , 24 , 24 , 24 , 2 23.509,223.509,223.509,223.509,223.509,2

QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1Municípios do Vale do São FranciscoMunicípios do Vale do São FranciscoMunicípios do Vale do São FranciscoMunicípios do Vale do São FranciscoMunicípios do Vale do São Franciscocom área de banana superior a 200 hacom área de banana superior a 200 hacom área de banana superior a 200 hacom área de banana superior a 200 hacom área de banana superior a 200 ha

MUNICÍPIOSMUNICÍPIOSMUNICÍPIOSMUNICÍPIOSMUNICÍPIOS ÁREA (ha)ÁREA (ha)ÁREA (ha)ÁREA (ha)ÁREA (ha)

Petrolina PE 3.248,7Juazeiro BA 429,1Jaíba MG 3.179,8Porteirinha MG 318,0Janaúba MG 2.798,9Petrolandia PE 294,3Nova Porteirinha MG 2.452,2Livramento de N. Senhora BA 286,3Bom Jesus da Lapa BA 1.300,4Oroco PE 259,9Verdelândia MG 949,9Formosa do Rio Preto BA 252,8Matias Cardoso MG 637,4Barreiras BA 243,0Sebastião Laranjeiras BA 596,4Francisco Sa MG 235,0Curaca BA 526,4Paracatu MG 225,5Capitão Eneas MG 496,5Casa Nova BA 219,1Urandi BA 458,7

Montes Claros MG 200,0

nio das cultivares prata-anã e pacovan, respectiva-mente com 62% e 27% da área plantada (Figura 3).A região Norte do estado de Minas Gerais detém amaior área plantada, ocupando 12.936,1ha (Qua-dros 2 e 3), que correspondem a 55% do total daárea plantada, no Vale do São Francisco. Em MinasGerais, predomina o cultivo da prata-anã, com 92%da área plantada; na Bahia, as maiores áreas são deprata-anã e pacovan, com 42% e 29%, respectiva-mente; em Pernambuco, a pacovan ocupa 94% daárea plantada.

Quanto à irrigação no Vale do São Francisco,apenas 9%, dos 81.063ha com fruticultura, não sãoirrigados (Figura 4). Estas áreas, em sua maioria,localizam-se na região Norte de Minas Gerais, ondea precipitação média anual está em torno de1.100mm.

Na cultura da banana, a irrigação é feita em23.092,5ha, o que corresponde a 98% da área culti-vada e o sistema de irrigação predominante é amicroaspersão, registrada em 11.717,8 ha ou 51%(Quadro 2).

A água para irrigação é proveniente, principal-mente, de projetos públicos de irrigação, responsá-veis pelo abastecimento de 12.584,1ha de banana,correspondendo a 53% da área cultivada (Quadro 3).

A irrigação na bananicultura contribui para oprocesso de qualificação do produto e sua utiliza-ção conduz a maiores produções e produtividades,mas o Brasil ainda possui uma precária estruturacomercial e baixa qualidade da produção.�

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64 ITEM • Nº 49 • 1º trimestre 2001

Item – Como você vê o futuro da

fruticultura na região Jaíba/

Matias Cardoso?

Elias – A região Jaíba/MatiasCardoso, como todo o Norte deMinas, abrangendo também oJequitinhonha, tem uma carac-terística climática favorável aodesenvolvimento de uma gamaenorme de espécies, quer sejamfrutíferas, quer sejam olerícolas.Esta região tem, além dessa ca-racterística climática, o Projetode Irrigação Jaíba, que será osustentáculo da agricultura irri-gada no Norte de Minas, poisoferece garantia de oferta de águae escala de produção (atualmen-te são mais de 10 mil hectaresirrigados no Projeto, e dentro dedois a três anos serão ao todoentre 30 e 35 mil hectares, quan-do estarão em operação as eta-pas 1 e 2 do Projeto, com maisduas etapas previstas, o que per-mitirá irrigar entre 80 a 100 milhectares).A região tem solo, clima e estru-tura física de disponibilização deágua.Em qualquer lugar do mundo,onde existem condições favorá-veis de clima e solos, chove pou-co, um negócio chamado irriga-

Elias:Elias:Elias:Elias:Elias:“O Jaíba será o“O Jaíba será o“O Jaíba será o“O Jaíba será o“O Jaíba será o

sustentáculosustentáculosustentáculosustentáculosustentáculoda agriculturada agriculturada agriculturada agriculturada agricultura

irrigada noirrigada noirrigada noirrigada noirrigada noNorte deNorte deNorte deNorte deNorte de

Minas"Minas"Minas"Minas"Minas"

Quem sabe,aponta osmotivos parase investirno Jaíba

Com mais de 25 anos deCom mais de 25 anos deCom mais de 25 anos deCom mais de 25 anos deCom mais de 25 anos de

experiência na área, oexperiência na área, oexperiência na área, oexperiência na área, oexperiência na área, o

empresário Elias Teixeira Piresempresário Elias Teixeira Piresempresário Elias Teixeira Piresempresário Elias Teixeira Piresempresário Elias Teixeira Pires11111

tem algumas certezas: atem algumas certezas: atem algumas certezas: atem algumas certezas: atem algumas certezas: a

irrigação é fator importanteirrigação é fator importanteirrigação é fator importanteirrigação é fator importanteirrigação é fator importante

para o desenvolvimentopara o desenvolvimentopara o desenvolvimentopara o desenvolvimentopara o desenvolvimento

regional em qualquer lugar doregional em qualquer lugar doregional em qualquer lugar doregional em qualquer lugar doregional em qualquer lugar do

mundo. Elias faz parte de ummundo. Elias faz parte de ummundo. Elias faz parte de ummundo. Elias faz parte de ummundo. Elias faz parte de um

grupo de produtores quegrupo de produtores quegrupo de produtores quegrupo de produtores quegrupo de produtores que

investiram em fruticulturainvestiram em fruticulturainvestiram em fruticulturainvestiram em fruticulturainvestiram em fruticultura

irrigada na região Jaíba/Matiasirrigada na região Jaíba/Matiasirrigada na região Jaíba/Matiasirrigada na região Jaíba/Matiasirrigada na região Jaíba/Matias

Cardoso (Norte de Minas), háCardoso (Norte de Minas), háCardoso (Norte de Minas), háCardoso (Norte de Minas), háCardoso (Norte de Minas), há

cerca de quatro anos.cerca de quatro anos.cerca de quatro anos.cerca de quatro anos.cerca de quatro anos.

Proprietário de uma área deProprietário de uma área deProprietário de uma área deProprietário de uma área deProprietário de uma área de

120 hectares em produção,120 hectares em produção,120 hectares em produção,120 hectares em produção,120 hectares em produção,

dentro do Projeto de Irrigaçãodentro do Projeto de Irrigaçãodentro do Projeto de Irrigaçãodentro do Projeto de Irrigaçãodentro do Projeto de Irrigação

Jaíba, a 40 km de distância doJaíba, a 40 km de distância doJaíba, a 40 km de distância doJaíba, a 40 km de distância doJaíba, a 40 km de distância do

Rio São Francisco, ele e seusRio São Francisco, ele e seusRio São Francisco, ele e seusRio São Francisco, ele e seusRio São Francisco, ele e seus

companheiros elegeramcompanheiros elegeramcompanheiros elegeramcompanheiros elegeramcompanheiros elegeram

algumas fruteiras para cultivo,algumas fruteiras para cultivo,algumas fruteiras para cultivo,algumas fruteiras para cultivo,algumas fruteiras para cultivo,

no qual a banana-prata é ono qual a banana-prata é ono qual a banana-prata é ono qual a banana-prata é ono qual a banana-prata é o

carro-chefe. Nesta entrevista àcarro-chefe. Nesta entrevista àcarro-chefe. Nesta entrevista àcarro-chefe. Nesta entrevista àcarro-chefe. Nesta entrevista à

revista ITEM, ele fala de suarevista ITEM, ele fala de suarevista ITEM, ele fala de suarevista ITEM, ele fala de suarevista ITEM, ele fala de sua

experiência e seus problemas.experiência e seus problemas.experiência e seus problemas.experiência e seus problemas.experiência e seus problemas.

EEEEELIASLIASLIASLIASLIAS TTTTTEIXEIREIXEIREIXEIREIXEIREIXEIRAAAAA P P P P PIRESIRESIRESIRESIRES

ção foi o propulsor do desenvol-vimento regional.Alguns exemplos: se não quiser-mos ir ao Colorado (EUA), va-mos ao Nordeste brasileiro.Quem conheceu Petrolina/Jua-zeiro há 20 anos e vê a regiãohoje, com 80-90 mil hectares ir-rigados, percebe a diferençaprovocada pela irrigação. Outroexemplo é a região de Janaúba,que teve nos últimos 15-20 anosum notável avanço socioeconô-mico, com uma área irrigada depouco mais de 8 mil hectares.Além desses fatores, tem de con-siderar que a região Jaíba/MatiasCardoso está mais próxima dosprincipais centros consumidores,ou seja, Minas Gerais, São Pau-lo, Rio de Janeiro, Distrito Fede-ral. Isto é importante, já que 20%a 25% do custo final de produçãode frutas no país está represen-tado pelo transporte.Veja então, que a região vem-seconstituindo num dos principaispólos de produção de frutas tropi-cais do país, graças às condiçõesfavoráveis e por estar ancoradapelo Projeto de Irrigação Jaíba.

Item – Em relação à produção,

quais são os principais proble-

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1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 65

mas existentes no Projeto Jaíba?

Elias – Têm-se limitações estru-turais, uma vez que ainda não háuma boa estrutura de estrada(mas que vem melhorando nosúltimos cinco anos) e falta à re-gião uma política, por parte dogoverno estadual, de atração deagroindústrias.As limitações técnicas, como, porexemplo, a relacionada com omanejo de água x solo x planta,variedades, fitossanidade, vêmsendo superadas pelas inovaçõesdos empresários, com o apoio deinformações das pesquisas de-senvolvidas pela Empresa dePesquisa Agropecuária de MinasGerais (Epamig) e Empresa Bra-sileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa). Nós entendemos queresultado com pesquisa em fru-ticultura só aparece a médio elongo prazos.

Item – Quanto ao uso competiti-

vo da água, quais são as tendên-

cias na região?

Elias – Numa região como oNorte de Minas, não se conse-guirão avanços socioeconômicosse ela não estiver pautada numaagricultura irrigada. Temos quepassar por um processo de me-lhorar o aparato de utilização daágua, para melhorar o níveltecnológico de produção e a efi-ciência do uso. Temos que inves-tir no segmento solo-água-plan-ta, saber qual é o mínimo neces-sário de água para uma produ-ção econômica e sustentável e,com isso, permitir uma maiorárea irrigada com a mesma quan-tidade de água.Na nossa propriedade e naque-las orientadas pela Plena, temoshoje um consumo de água porunidade de produção, pelo me-nos 30% menor do que na região.Trabalhamos com sistema demicroaspersão, gotejo e aplica-

ção de água, com base nos dadosclimáticos locais e nossa condi-ção de solo. O manejo adequadoda água favorece todo um pro-cesso orgânico e físico do soloque vai responder de forma maisfavorável em produtividade.

Item – Como você vê o problema

de salinização do solo no Proje-

to Jaíba?

Elias – Se fizermos um levanta-mento efetivo, vamos verificarque a área de salinização é pe-quena nos projetos irrigados doNordeste. Não se trata de faltade pesquisa, mas de falta de pla-nejamento para implantação eoperação de projetos e, depois,trabalhar com o manejo de água.Com mais de 25 anos de expe-riência nessa área, vê-se que nes-ses projetos a palavra drenagemé raramente tratada. Fala-semuito em canal de irrigação,bomba, captação, manejo e irri-gação, mas, não se fala em ma-nejo de água x solo, visando àquestão de drenagem.É pouco provável que vá aconte-cer problemas de salinização noProjeto Jaíba, porque existe umperíodo normal de chuvas favo-rável a uma lixiviação natural,além do solo com boas condiçõesnaturais de drenagem e de utili-zação de água com qualidadeC1S1.

Item – Qual é o seu sentimento

em relação às alternativas de

viabilização econômico-finan-

ceiras de projetos de irrigação

na região?

Elias – É uma questão interes-sante essa, relacionada com aviabilidade econômico-financei-ra de projetos de irrigação naregião. A partir do momento quevocê trata o projeto como uminvestimento, com profissiona-lismo, avaliando os riscos e como

contorná-los, as alternativas sãomuitas.Por outro lado, é preciso que ogoverno defina claramente umapolítica para o setor, para facili-tar as decisões dos investidores.Existem muitas informações e,muitas das vezes, distorcidas, masque servem de alerta ou de atrati-vo. Vejamos alguns exemplos:O mercado de banana parece queestá bem definido. A tendênciados preços e de oferta dessa frutanos últimos cinco anos apontapara uma estabilização no preçomédio anual.Para o coco, existe uma área queainda não entrou em produção.Se você comparar isso com oatual consumo de coco in natura,passa a ser um negócio preocu-pante. Mas, existe um outro fa-tor que as pessoas estão se es-quecendo de analisar: qual é oconsumo de água de coco indus-

trializado e qual a sua tendência.No caso da manga, ainda nãotrabalhamos no Brasil o concei-to de consumo da fruta. Temosuma oferta muito grande no pe-ríodo de novembro a fevereiro,mas de sã consciência, ninguémsabe o que isso vai representarno mercado. Está começandoagora o conceito de suco de man-ga, como também a indução deflorações para escalonar a ofer-

“Com 25 anos de“Com 25 anos de“Com 25 anos de“Com 25 anos de“Com 25 anos deexperiência nessaexperiência nessaexperiência nessaexperiência nessaexperiência nessa

área, vê-se queárea, vê-se queárea, vê-se queárea, vê-se queárea, vê-se quenesses projetos anesses projetos anesses projetos anesses projetos anesses projetos a

palavra drenagempalavra drenagempalavra drenagempalavra drenagempalavra drenagemraramente tratada”raramente tratada”raramente tratada”raramente tratada”raramente tratada”

FOTO GENOVEVA RUISDIAS

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ta, o período pós-colheita e acadeia de frios, para que se possater a fruta ao longo do ano.

Item – Existem trabalhos com

recomendações de cautela a ou-

tros países, em relação ao pacto

que o Chile fez com três multina-

cionais de frutas, onde as em-

presas ficaram com o maior qui-

nhão, em prejuízo do produtor e

do próprio país. Como você ana-

lisa isso?

Elias – O Chile adotou uma pos-tura de atração de multiproces-sadoras e deu a elas o poder denegociação. Existem mecanis-mos de proteção ao produtor,mas, na realidade, quem detém omecanismo de gerenciamentosão as multiprocessadoras.A fruticultura é um ótimo negó-cio para o governo, porque mo-vimenta recursos e empregos.Numa cadeia de frutas, cria uma

média de 1,5 emprego direto/hectare e mais o dobro de em-pregos indiretos. Numa área de30 mil hectares de frutas no Nor-te de Minas, ter-se-iam 90 milempregos. É uma movimenta-ção fantástica.Por isso, o Chile adotou essemodelo. Agora, temos que anali-sar se também é um ótimo negó-cio para o produtor. O exemplodo Chile mostra que é ótimo para

o governo, mas o produtor estáamarrado, apenas sobrevivendo.Na realidade, esse modelo deveser muito bem analisado no Bra-sil, para ver o que estamos que-rendo. Até agora, o governo nãoapresentou as coordenadas doque ele está querendo.A França tem um modelo queprocura proteger o produtor, àmedida que ela estimula a for-mação de pequenas associaçõese cooperativas, tendo um outronível empresarial, negociandocom supermercados, deixandoclaro as margens e os preços.

Item – E como são as dificulda-

des de comercialização de frutas

no mercado externo?

Elias – Os Estados Unidos e aEuropa têm o domínio e a prote-ção desse mercado, enquantoisso, no Brasil, a fruticultura narealidade não é uma prioridade.Comparado ao mercado interno,o externo é incipiente, estamoslonge de entrar de forma compe-titiva e agressiva. Teríamos, pri-meiro, que quebrar as barreirasinternacionais de proteção; se-gundo, que as áreas tradicionaisprodutoras e exportadoras vies-sem a sofrer uma regressão; edepois, que estivéssemos prepa-rados para atender àquela de-manda, com as mesmas exigên-cias e qualidade.São poucos os produtores nacio-nais que estão negociando frutascom o mercado externo. Paraexportar, temos que nos estrutu-rarmos de melhor forma, melho-rar nossas estradas, reformularos portos, criar uma cadeia defrios e estabelecer um sistema decertificação, ter uma real políti-ca governamental para o seg-mento.

Item – Com a banana, observa-

se muito a queixa do produtor

em relação a crises. Sob o ponto

de vista da estabilidade do negó-

cio, qual é a sua visão?

Elias – Momentos de crise que osprodutores reclamam, são carac-terísticas de qualquer negócio.Como produtor, eu tenho quesaber que vou passar por crises eestar preparado para superá-las.O interessante é que as crises sãoprovocadas pela classe produto-ra e, no fundo, estimulada pelafalta de uma política governa-mental para o setor, senão, veja-mos:

1º) Qual o programa publicitá-rio da classe produtora paraestimular o consumo de ba-nana?

2º) Quantos produtores sabemrealmente o seu verdadeirocusto de produção?

3º) Quantas vezes os represen-tantes da cadeia comercialda banana (produtores, ata-cadista, supermercados etc.)estiveram reunidos para de-finir uma linha conjunta deação?

4º) Quais as informações sobreo mapa de produção da cul-tura no país e qual é real-mente o tamanho de merca-do?

5º) Quais as ações que o gover-no desenvolveu para facili-tar a entrada do nosso pro-duto no mercado externo?

Essas questões, entre outras, seresolvidas, ajudariam a solucio-nar os problemas que os produ-tores chamam de crise. �

“O Chile adotou“O Chile adotou“O Chile adotou“O Chile adotou“O Chile adotouum modelo, que éum modelo, que éum modelo, que éum modelo, que éum modelo, que éótimo para oótimo para oótimo para oótimo para oótimo para ogoverno, mas ogoverno, mas ogoverno, mas ogoverno, mas ogoverno, mas oprodutor estáprodutor estáprodutor estáprodutor estáprodutor estáamarrado, apenasamarrado, apenasamarrado, apenasamarrado, apenasamarrado, apenassobrevivendo”sobrevivendo”sobrevivendo”sobrevivendo”sobrevivendo”

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ENGENHEIRO AGRÔNOMO, PRODUTOR RURAL E

SÓCIO-PROPRIETÁRIO DA PLENA CONSULTORIA DE

ENGENHARIA AGRÍCOLA LTDA, RUA TEIXEIRA DE

FREITAS, 48, SALA 509, BAIRRO SANTO ANTÔNIO,CEP 30350-180, TELEFAX: (31) 3296-1611,

E-MAIL: [email protected]

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Distrito Irrigado do Jaíba (DIJ) tem, a par-tir deste novo milênio, todas as condiçõespara decolar e transformar-se num imenso

pomar irrigado e produtor de frutas variadas, paraos mercados interno e externo.

A razão principal dessa mudança são os médiosprodutores que estão adquirindo lotes e ocupandoa denominada área empresarial da primeira etapado distrito. Constituído por profissionais do ramo,muitos de nível superior e com vocação agrícola,esse grupo está levando “sangue novo” para a ver-dadeira luta, que representa o processo de implan-tação de um pólo de desenvolvimento. A chegadadessa leva de produtores inaugurou uma nova fasedo Projeto, que vai deslanchar, brevemente, com aentrada, já em funcionamento, da segunda etapa,das quatro previstas ainda em 2001.

Com uma administração pioneira, que serviu demodelo para os demais pólos públicos de irrigaçãodo país, o DIJ conta hoje, com 1.400 pequenosprodutores assentados e 67 médios produtores queplantam, além da banana, principal produto, man-ga, limão, mamão, tomate e pimentão industriais,melancia, cebola e sementes diversas.

O DIJ tem mais de três décadas de fama, aoutorga de água do rio São Francisco garantida de80 metros cúbicos por segundo, uma área plantadade 8.500 hectares que rendeu uma produção de 47mil toneladas, em 1999, e uma comunidade de 12mil habitantes.

Alvo de muita polêmica, o Jaíba faz parte da listados megaprojetos implantados na década de 70,onde não houve a participação da população. “Tal-vez, por isso, o pessoal da região não tenha enten-dido a importância do Projeto para o desenvolvi-mento do Norte de Minas. Já a implantação dodistrito está sendo peça fundamental para isso”,afirma Antônio Toledo, presidente da Associação dosBananicultores da Gleba C2, que reúne parte dosprodutores da área empresarial do DIJ.

A grandiosidade do Projeto é apontada pelopresidente da Companhia de Desenvolvimento doVale do São Francisco (Codevasf), Airson BezerraLócio, como a principal causa pela lentidão na suaimplantação definitiva. Ainda existem problemasde titulação das terras dos assentados, já que a

Ruralminas detinha somente a posse das terras.“Estamos tentando resolver esse assunto com ogoverno de Minas Gerais, pois a titulação é muitoimportante para os pequenos produtores, tanto naobtenção de financiamentos para a atividade, quan-to para o direito de repassar o domínio da área paraterceiros, com a devida autorização da Codevasf”,afirma Lócio.

MODELO – O modelo de administração do DIJé de uma co-gestão, que conta com a participaçãoda iniciativa privada, constituída pelos produtoresdo distrito e do Estado, através dos governos federale estadual, que têm assento no Conselho de Admi-nistração. “Funciona como o condomínio de umprédio de apartamentos, onde quem habita paga ocondomínio e o governo responde pela parte ociosa.A nossa receita vem da venda da água”, explicaCarlos Antônio Landi Pereira, engenheiro agrôno-mo, gerente executivo do distrito há, 13 anos.

Ele conta que a idéia de uma organizaçãogerenciada pelos próprios irrigantes foi sugerida,inicialmente, pelos financiadores do Projeto, acata-da pelo presidente da Codevasf, na época ElizeuAlves, dando origem a um modelo depois copiadopor todos os projetos de irrigação do Vale do SãoFrancisco. “Houve uma tentativa de fazer essa ges-tão através de cooperativas e associações, mas omodelo estrutural dessas organizações não compor-tava a co-gestão do governo”, mostra Landi.

A Ruralminas é detentora de parte dos terrenose a Codevasf, proprietária dos equipamentos princi-pais e das estações de bombeamento. A injeção derecursos financeiros faz-se através de convênios etudo isso é gerido pelo próprio distrito, uma associ-ação civil de direito privado, cuja gerência é esco-lhida pelo Conselho de Administração.

Jaíba: celeiro dafruticultura irrigada

no novo milênio

Jaíba, umJaíba, umJaíba, umJaíba, umJaíba, ummegaprojeto damegaprojeto damegaprojeto damegaprojeto damegaprojeto dadécada de 1970,década de 1970,década de 1970,década de 1970,década de 1970,que parte agoraque parte agoraque parte agoraque parte agoraque parte agorapara uma fasepara uma fasepara uma fasepara uma fasepara uma faseempresarialempresarialempresarialempresarialempresarial

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Os custos fixos da infra-estruturainicial do Projeto são consideradospela Codevasf, que injeta recursos fi-nanceiros no DIJ, bastante pesados.“Se a segunda e a terceira fases doProjeto não se expandirem rapida-mente, esses custos vão ficar muitoonerosos para os irrigantes que lá seencontram”, afirma Lócio.

A Codevasf é a responsável diretapela administração de 23 projetos, aolongo do Vale do São Francisco, par-ticipa da administração de outros,como o do DIJ e está construindomais quatro na região Nordeste.

DESGASTE – A equipe técnica e operacional doDIJ é composta por 130 pessoas. Dentre elas háquatro engenheiros agrônomos e 16 técnicos agríco-las para darem assistência técnica aos pequenosprodutores. As demais são da área de manutenção eoperação, e uma outra parte está ligada à assistênciasocial, responsável pelo assentamento de famílias.

Falta pouco para completar o número total depequenos produtores previstos para o Projeto. Hoje,eles são 1.308 agricultores e está previsto o assen-tamento de um total de 1.888, em lotes padroniza-dos de 5 hectares. No início do Projeto, depois de

selecionados, esses pequenos produto-res recebiam material de construçãopara levantar a primeira habitação,equipamentos de irrigação e insumospara fazer o primeiro plantio. Atual-mente, o apoio vem através da assis-tência técnica subsidiada pelo gover-no. O pequeno produtor selecionadopela Codevasf apresenta um projeto eobtém financiamento do equipamen-to escolhido junto ao Banco do Nor-deste. Já a responsabilidade do distri-to com os médios produtores, queadquiriram suas áreas, através de lici-tação, restringe-se à distribuição ade-quada da água.

Fornecer água para os 8 mil hectares custa 2,5milhões de reais, conforme o orçamento de 2001para o distrito, além de mais 2 milhões de reaisprevistos para a assistência técnica ao pequenoprodutor. “O Projeto demorou muito para entrar nafase empresarial e desgastou-se muito com os pe-quenos produtores. Estes não atingiram os níveisde comercialização e de qualidade do produto quese está obtendo agora. A região é nova, o pequenoprodutor aprendeu muito e o médio está aprenden-do com ele”, justifica Landi.

Já o presidente da Codevasf considera que te-mos pouco tempo de experiência com o uso dairrigação na região do semi-árido. “Hoje existemmuitas frutas para as quais ainda não se estabelece-ram informações básicas, como melhores espaça-mentos e estratégias de irrigação (a exemplo do

estresse hídrico necessário para algumas espéciesetc.)”, afirma Lócio. Um dos projetos da empresa,considerado “a menina dos olhos da presidência” éo Projeto Amanhã, de capacitação e organização dejovens rurais. Este Projeto vem sendo desenvolvidoao longo dos perímetros irrigados do Vale do SãoFrancisco. Como resultado prático, foram treina-dos quatro mil jovens, filhos de produtores rurais,em atividades que os habilitam a tornarem-se pe-quenos empreendedores ou empregados treinados.A mobilização de mais oito mil jovens faz parte daatual fase desse Projeto.

ORGANIZAÇÃO – Os pequenos produtores jápassaram por várias experiências de associativismoe hoje agregam-se em 42 pequenas associações. “Éum desafio gigantesco a organização de grupos dediferentes pessoas e interesses. Por isso, partimospara pequenas organizações, com no máximo, 20integrantes”, afirma Landi. Segundo ele, a preocu-pação é trabalhar numa área que permita atingirum nível de escala de produção, para atender tantoo mercado interno quanto o externo. “É nessesentido que temos a organização dos produtores”,explica o gerente.

Os médios produtores, recém-chegados, consti-tuíram uma outra entidade, a Associação dosBananicultores da Gleba C2 (ABC2), que reúne 25produtores. Com reuniões mensais e muita discus-são, a Associação passou a atuar mais ativamentehá pouco tempo, encabeçando uma série de reivin-dicações que vão ajudar no desenvolvimento daregião. “Acredito mesmo numa verdadeira explo-são da região. Existe uma projeção da Codevasf deque, com a segunda etapa, a cidade de Jaíba vaiatingir 100 mil habitantes”, calcula Antônio Toledo,presidente da ABC2.

MENOS PATERNALISMO – Numa fase preli-minar do Projeto, o distrito entrou na comercializa-ção da produção conseguida pelos pequenos produ-tores, chegando a contar com uma estrutura pró-pria e uma câmara de climatização em Belo Hori-zonte.

Atualmente, esse processo encontra-se numa fasetransitória, com a administração do distrito traba-lhando, para que os produtores assumam essa res-ponsabilidade. Para tanto, com recursos do BancoMundial, está sendo construída uma central coletivade processamento numa área de 77 hectares. Nosgalpões dessa central, será realizado o trabalho declassificação e de embalagem da produção, que vaicomeçar, ainda de forma improvisada, com a próxi-ma safra de cebola.

Mesmo classificada como um avanço, sob o pon-to de vista de distribuição de renda, a estruturaçãosocial do Jaíba em módulos de cinco hectares,estabelecida para o pequeno produtor de uma regiãocomo o Norte de Minas, segundo Carlos Landi éconsiderada difícil, ou praticamente impossível asua manutenção. “No modelo econômico atual, vaiacabar havendo uma agregação de áreas em módulos

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de 10 a 50 hectares e somente esses produtores vãoconseguir sobreviver”.

PARCERIA IMPORTANTE – Com três anos deatuação na região e na segunda safra de banana, omédio produtor conseguiu montar uma estruturade comercialização considerada satisfatória. En-quanto em Janaúba, eles assistem a um verdadeiroleilão na hora da comercialização, pelo fato demuitos produtores estarem ainda desorganizados,no Jaíba, os médios produtores conseguiram esta-belecer parceria com um comprador em Belo Hori-zonte. Com o aumento gradual da produção, elesestão buscando novos parceiros no Rio de Janeiro eBrasília. “Enquanto não estivermos devidamenteorganizados na nossa produção, não daremos no-vos passos”, garante Toledo.

Ele considera que antes de chegar ao complexosistema de distribuição, que exige altos investimen-tos e riscos, é preciso que o produtor domine o queestá acontecendo debaixo de seu nariz. “Há muitoromantismo em relação a essa história de acabarcom o atravessador. Temos é de eliminar o especu-lador e tratar o bom distribuidor com muito cari-nho.” Segundo o presidente da ABC2, apesar de osprodutores do Jaíba se localizarem um pouco maisdistantes do que os produtores de Janaúba, elesconseguem o mesmo preço na comercialização dabanana, além de 10% a mais no preço da banana de“segunda”.

Em Janaúba o produto é embalado em caixascom diferentes pesos, de 23kg a 25kg, enquanto queno Jaíba, a caixa-padrão pesa 21kg, o que represen-ta outro ganho. “O comprador entra na lavoura,classifica o produto e combina o padrão da bananaque ele quer. Nós embalamos o produto, que leva oselo da ABC2”, afirma Toledo.

Uma história que começou há 35 anosO Projeto Jaíba começou a ser concebido na

década de 60, quando o Bureau of Reclamation, dosEstados Unidos, identificou, através de estudos,uma extensa área na região denominada Mata doJaíba, entre os rios São Francisco e Verde, comgrande potencialidade para a agricultura irrigada.

Em 1972, através da Ruralminas, foi elaborado oprimeiro plano de trabalho para a região, que reco-mendava, entre outras ações, a implantação do pro-jeto de Mocambinho. Até 1974, o Projeto de Irrigaçãodo Jaíba que se resumia na implantação de Mocam-binho, passou a ter cooperação técnica e financeirado governo federal, através da Codevasf, como órgãoexecutor, e integrou-se ao governo do estado, atravésda Ruralminas, numa ação conjunta para a implan-tação de um projeto de 100 mil hectares.

Na concepção original, o Projeto foi dividido emquatro etapas de implantação, e a infra-estruturaprincipal de bombeamento para todo o projeto jáestá concluída. Com o início da operação do Proje-to, em 1988, foi criada e estabelecida a parceria como Distrito Irrigado do Jaíba. �

DIVISÃO FUNDIÁRIA DA ETAPA 1DIVISÃO FUNDIÁRIA DA ETAPA 1DIVISÃO FUNDIÁRIA DA ETAPA 1DIVISÃO FUNDIÁRIA DA ETAPA 1DIVISÃO FUNDIÁRIA DA ETAPA 1

Lotes (área)Lotes (área)Lotes (área)Lotes (área)Lotes (área) AtividadeAtividadeAtividadeAtividadeAtividade ExistentesExistentesExistentesExistentesExistentes OcupadosOcupadosOcupadosOcupadosOcupados05 ha Agricultura familiar 1.888 1.30820 ha Agricultura empresarial 271 3550 ha Agricultura empresarial 54 16Glebas particulares 12 12

O b s :O b s :O b s :O b s :O b s : A agricultura empresarial pode compor área de até 200 ha

DIVISÃO FUNDIÁRIA DA ETAPA 2DIVISÃO FUNDIÁRIA DA ETAPA 2DIVISÃO FUNDIÁRIA DA ETAPA 2DIVISÃO FUNDIÁRIA DA ETAPA 2DIVISÃO FUNDIÁRIA DA ETAPA 2

São 684 lotes. A área varia de 10 a 90 ha (previsão de licitação em 2001)

CARACTERÍSTICAS DO PROJETOCARACTERÍSTICAS DO PROJETOCARACTERÍSTICAS DO PROJETOCARACTERÍSTICAS DO PROJETOCARACTERÍSTICAS DO PROJETO

Fonte hídrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Rio São FranciscoVazão potencial do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80m3/seg.Temperatura máxima (média de dez anos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34, 0oCTemperatura mínima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14,8oCTemperatura média . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24,2oCUmidade relativa do ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58% - 79%Insolação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.892 horas/anoPrecipitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 900mm/anoVelocidade do vento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 – 81km/diaSolo predominante . . . . . . . . . . . . . . . . . Latossolo Vermelho-amarelo, textura médiaRelevo predominante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano

ETAPAS DE IMPLANTAÇÃOETAPAS DE IMPLANTAÇÃOETAPAS DE IMPLANTAÇÃOETAPAS DE IMPLANTAÇÃOETAPAS DE IMPLANTAÇÃO

EtapasEtapasEtapasEtapasEtapas Área Bruta (ha)Área Bruta (ha)Área Bruta (ha)Área Bruta (ha)Área Bruta (ha) Área Irrigável (ha)Área Irrigável (ha)Área Irrigável (ha)Área Irrigável (ha)Área Irrigável (ha) EstádioEstádioEstádioEstádioEstádioI 32.754 26.790 Concluído

II 29.982 19.322 Em obrasIII 16.000 12.200 Estudo básicoIV 21.264 9.578 Sem previsão

TotalTotalTotalTotalTotal 100.000100.000100.000100.000100.000 67.00067.00067.00067.00067.000

ESTRADAS DE ACESSO E DISTÂNCIASESTRADAS DE ACESSO E DISTÂNCIASESTRADAS DE ACESSO E DISTÂNCIASESTRADAS DE ACESSO E DISTÂNCIASESTRADAS DE ACESSO E DISTÂNCIAS

PercursosPercursosPercursosPercursosPercursos PavimentaçãoPavimentaçãoPavimentaçãoPavimentaçãoPavimentação DistânciaDistânciaDistânciaDistânciaDistânciaBH/Montes Claros Asfalto 410kmMontes Claros/Janaúba Asfalto 132kmJanaúba/Jaíba Asfalto 72kmJaíba/Mocambinho Asfalto 50kmJaíba/Brasília Asfalto 950km

AEROPORTOAEROPORTOAEROPORTOAEROPORTOAEROPORTO

Mocambinho – 1.650m de pista com pavimentação asfáltica

PRINCIPAIS CULTURAS EXPLORADASPRINCIPAIS CULTURAS EXPLORADASPRINCIPAIS CULTURAS EXPLORADASPRINCIPAIS CULTURAS EXPLORADASPRINCIPAIS CULTURAS EXPLORADAS

Banana – Manga – Limão – Mamão – Coco – Goiaba – Pinha – Abacaxi – Uva –Melancia – Cebola – Sementes de hortaliças – Tomate industrial – Pimentão páprica– Cenoura – Abóbora – Moranga híbrida – Batata-doce – Outras

TARIFA DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃOTARIFA DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃOTARIFA DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃOTARIFA DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃOTARIFA DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO

K 1 – R$ 4,84 ha/mêsK2 – R$ 17,82/1.000m3, com 20% de taxa mínima de consumo (pagamento mensal ao DIJ)

SITUAÇÃO ATUALSITUAÇÃO ATUALSITUAÇÃO ATUALSITUAÇÃO ATUALSITUAÇÃO ATUAL

Área em produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8.500haNúmero de pequenos produtores assentados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.368Número de empresários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67Produção (1999) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46.900 toneladasValor da produção (1999) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . R$10.640.000,00Empregos diretos e indiretos gerados em 1999 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12.200Investimentos realizados pelos produtores até 1999 . . . . . . . . . . . . . R$30.750.000,00

SITUAÇÃO PREVISTA PARA ATÉ 2005SITUAÇÃO PREVISTA PARA ATÉ 2005SITUAÇÃO PREVISTA PARA ATÉ 2005SITUAÇÃO PREVISTA PARA ATÉ 2005SITUAÇÃO PREVISTA PARA ATÉ 2005

Área em produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30.800haNúmero de pequenos produtores assentados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.000Número de empresários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 530Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321.000 toneladasValor previsto da produção anual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . R$102.000.000,00Empregos diretos e indiretos gerados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48.000Investimentos a serem realizados p/ produtores entre 2000 e 2005 . . R$272.400.000,00

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O associativismo, como fator de progresso

Com os médios produtores ocu-pando uma área de 8.500 hectaresnessa primeira etapa do Distrito Irri-gado do Jaíba, o projeto passou parauma nova etapa, a de desenvolvimen-to empresarial. São 1.300 hectaressendo desmatados ou em processo deprodução, trazendo gente de fora,novos ares e idéias para a região.Como todo processo que requerpioneirismo, o trabalho de organiza-ção da produção e de criação da infra-estrutura regional está exigindo umsacrifício maior. E, foi com esse obje-tivo, que a maior parte desses produ-

tores resolveu se organizar através de uma associa-ção, a dos Bananicultores da Gleba C2 (ABC2), querecentemente retomou suas atividades e inaugurousua sede no município.

A área empresarial do Jaíba atraiu profissionaisdo setor e também uma nova categoria do Brasil dosanos 90, o aposentado, que sempre teve vontade deinvestir na agricultura. Lá se encontram proprietá-rios empreendedores entre engenheiros agrôno-mos, o prefeito recém-eleito de Janaúba e até umengenheiro nuclear, ex-funcionário do ConselhoNacional de Energia Nuclear.

Sustentada com recursos dos pro-dutores, a associação tem várias fren-tes de luta para tirar a região do ostra-cismo. Apresentando melhores con-dições físicas do que Janaúba, ondenão falta a água, respira-se esperançade rápido progresso na região do Jaíba.“Com a segunda etapa entrando emfuncionamento efetivo, acredito numaverdadeira explosão. Existem proje-ções da Codevasf de que a cidade vaiatingir 100 mil habitantes”, explicaToledo.

FRENTES – Há muito a ser feitona região, além dos cuidados neces-sários ao próprio negócio na gleba

C2. Fazem parte da lista de reinvindicações daassociação a criação de uma infra-estrutura derodovias de acesso, escolas, postos de saúde, servi-ços de atendimento comunitário, até mesmo, umaagência do Banco do Brasil para evitar a perda detempo da viagem de ida e volta aos municípios maispróximos, pela rodovia até Janaúba ou, de barco,até Itacarambi. A associação reinvindica o asfalta-mento da rodovia Jaíba/Manga e a interligação daMG-401 com rodovia Janaúba/Manga, para facilitaro escoamento da produção.

“É preciso institucionalizar a irrigação no con-texto socioeconômico, administrativo e político domunicípio recém-emancipado”, considera RobertoAmaral, superintendente regional da Sudene e ex-superintendente regional da Codevasf, no Norte deMinas. Segundo ele, cada um dos segmentos, muni-cipal, estadual e federal, tem que assumir sua parte.

BARREIRAS SANITÁRIAS – Nas questões defitossanidade, existe outra frente firmada com oInstituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Os pro-dutores temem pela chegada da Sigatoka negra dabanana, que já atingiu a Amazônia e o Mato Grosso,e a previsão é que ela apareça na região em doisanos. Para tentar evitá-la, os produtores consegui-ram que as autoridades responsáveis baixassemuma portaria que proíbe a circulação de caixariasde madeira no transporte do produto. Nas idas evindas aos grandes centros e troca de caixas noslocais de comercialização, a caixaria torna-se umvetor da doença. Os problemas para a efetivaçãodessa troca são vários, desde o preço mais elevadodas embalagens de papelão (sem retorno) e deplástico (podem ser lavadas), até a adaptação dotransporte para caminhões do tipo baú e a instala-ção de câmaras de climatização nos pontos recepto-res da banana.

Como pretende evoluir para a exportação, aregião precisa ser considerada livre da mosca dasfrutas. O IMA vai começar a fazer estudos sobre oassunto e também a introduzir barreiras sanitáriaspara fechar a região para a entrada de mudas deprodutos vegetais, sem a devida certificação.

ESCALA – Com a chegada dos médios produto-res, os problemas da região tomaram uma novadimensão, requerendo cada vez mais profissiona-lismo. Atendendo inicialmente ao mercado interno,as primeiras questões dos produtores estão volta-das para o quê produzir e onde vender. “Como onosso produto tem sua qualidade garantida peloselo da associação e trabalhamos com um atacadis-ta em cada praça, ainda não temos nenhum tipo dedificuldade para comercializar”, garante Toledo.Mas, com a entrada de novas áreas no processo deprodução, surgiu a necessidade de busca de novaspraças (Rio de Janeiro e Brasília). Por isso mesmo,a ABC2 contratou recentemente um profissionalem comercialização.

Outras vantagens do associativismo estão na ne-gociação de juros de empréstimos de financiamentosbancários e na compra coletiva de insumos, de servi-ços e de assistência técnica. “Para o futuro, talvezpartamos para outra forma de organização, umacooperativa, por exemplo”, considera Toledo, certoapenas de que há muito trabalho pela frente. �

Toledo acreditaToledo acreditaToledo acreditaToledo acreditaToledo acreditaem umem umem umem umem um

crescimentocrescimentocrescimentocrescimentocrescimentoefetivo da região,efetivo da região,efetivo da região,efetivo da região,efetivo da região,

com a conclusãocom a conclusãocom a conclusãocom a conclusãocom a conclusãoda segundada segundada segundada segundada segunda

etapa do Projetoetapa do Projetoetapa do Projetoetapa do Projetoetapa do ProjetoJaíbaJaíbaJaíbaJaíbaJaíba

Roberto AmaralRoberto AmaralRoberto AmaralRoberto AmaralRoberto Amaraldefende adefende adefende adefende adefende a

institucionalizaçãoinstitucionalizaçãoinstitucionalizaçãoinstitucionalizaçãoinstitucionalizaçãoda irrigaçãoda irrigaçãoda irrigaçãoda irrigaçãoda irrigação

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Para o deputado estadual, PauloPiau, o projeto Jaíba estevevoltado para sua infra-estruturae preocupou-se pouco com ohomem. E, com a sua experiên-cia de engenheiro agrônomo,ligado à área de pesquisa edesenvolvimento, adverte: “Senão houver organização emtoda a cadeia produtiva,definição do que se vai plantar,de acordo com o que o mercadoestá cobrando, evidentemente, oprojeto vira poesia e umsumidouro de dinheiro, comotem sido até hoje.”Ele considera que o produtordo Jaíba deve ser treinado,capacitado e organizado pararesolver seus problemastecnológicos financeiros, demercado e de infra-estruturapara que, então, o projetopossa se tornar um celeiro deprodução. Em sua segundalegislatura, Piau é autor de trêsleis, que criaram o Fundo deRecuperação, Proteção eDesenvolvimento Sustentáveldas Bacias Hidrográficas deMinas Gerais (Fhidro), o PlanoEstadual de Conservação daÁgua, e a lei do uso, manejo econservação do solo agrícola.Em entrevista a revista ITEM,ele mostrou a sua visão sobre odesenvolvimento da agriculturairrigada no país.

Item – Com o desenvolvimentoda agricultura irrigada e a ex-pansão do Plantio Direto, esta-ríamos caminhando para dimi-nuir os riscos do produtor, que éo grande gargalo econômico dosetor. Na sua opinião, como di-minuir esse risco?Paulo Piau – Sem dúvida nenhu-ma, tanto a agricultura irrigadaquanto o Plantio Direto são tec-

nologias fantásticas, que surgi-ram para a melhoria tecnológicada nossa agropecuária. Elas po-dem favorecer a implantação deum seguro agrícola profissional,eficiente, de que tanto precisa-mos. Mas, não basta tecnologia,o problema da agricultura brasi-leira, em forma de risco, conti-nua sendo o mesmo de muitasdécadas, exatamente segurançaou seguro agrícola para produ-zir, um instituto que ainda care-ce de melhorias. Além disso, re-cursos em disponibilidade, a pre-ços compatíveis, de maneira queo produtor possa competir comprodutores de países concorren-tes; saber operar no mercado,porque dentro da porteira da fa-zenda, sabemos fazer bem, massaindo, o produtor rural aindatrabalha mal, sobretudo os pe-quenos e os médios. É claro quetambém depende da infra-estru-tura do país (transporte, energiae portos), que ainda é muito de-ficiente. E o treinamento e a ca-pacitação do produtor rural paradesenvolver a atividade. E orga-nização da classe rural, porquese não houver organização, nãoteremos políticas públicas sendodefinidas de baixo para cima. Issosim são fatores de segurança ede diminuição de riscos.Compolíticas públicas duradouras einteligentes, poderemos compe-tir no mercado internacional.

Item – Quais são as suas preocu-pações em relação ao uso com-petitivo da água voltado para odesenvolvimento econômico egeração de empregos, em ativi-dades como a fruticultura?Paulo Piau – A água passa a sernesse milênio o grande proble-ma. Há uma década, água eraum fator abundante no Brasil e

PPPPPaulo Paulo Paulo Paulo Paulo Piau defiau defiau defiau defiau defende aende aende aende aende acccccapacitação e apacitação e apacitação e apacitação e apacitação e a organizaçãodo produtor do Jaíba

hoje, descobrimos que é extre-mamente escasso. Nossos reser-vatórios estão vazios e a águasendo usada para diversos fins,energéticos, de irrigação, de con-sumo humano. Vamos ter quedecidir: o uso da água para aprodução, me parece um usonobre; é claro que o consumohumano e animal são importan-tes, em detrimento da geraçãode energia. Temos alternativaspara a geração de energia, paraque a água não concorra com airrigação. O Brasil tem cerca de3 milhões de hectares irrigados,isso representa menos de 10%que os EUA e menos que 7% daÍndia. Portanto, temos que au-mentar a nossa agricultura irri-gada. A água é um fator escassoe tem que ser bem usado. Poroutro lado, ela é mal usada naprópria agricultura. Países comquantidade de água mais escas-sa que no Brasil têm se preocu-pado com esse fato há mais tem-po, no sentido de fazer o usomais adequado e técnico. Infe-lizmente, no Brasil, nos sistemasirrigados, o desperdício ainda émuito grande.

Item – Como o senhor vê o de-senvolvimento da irrigação nopaís, como um todo?Paulo Piau – Vejo a irrigação noBrasil engatinhando, precisan-do de melhorias tecnológicas,tanto no aspecto de equipamen-tos, quanto no de aplicação daágua. Vejo com alegria, culturasque antes não eram prioritaria-mente irrigadas, começam a terum novo enfoque de produtivi-dade e de custo. Temos que tor-cer para que o avanço da agricul-tura irrigada, respeitando o meioambiente, cresça mais no país, acada dia. �

PPPPPAULOAULOAULOAULOAULO P P P P PIALIALIALIALIALE N T R E V I S T A

Para o deputado,Para o deputado,Para o deputado,Para o deputado,Para o deputado,o Projeto Jaíbao Projeto Jaíbao Projeto Jaíbao Projeto Jaíbao Projeto Jaíbapreocupou-sepreocupou-sepreocupou-sepreocupou-sepreocupou-sepouco com opouco com opouco com opouco com opouco com oh o m e mh o m e mh o m e mh o m e mh o m e m

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FOTO ARQUIVO DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE MG

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JJJJJOSÉOSÉOSÉOSÉOSÉ M M M M MARIAARIAARIAARIAARIA

AAAAALVESLVESLVESLVESLVES DADADADADA S S S S SILVAILVAILVAILVAILVA

Item – Qual é a importância dafruticultura irrigada para a re-gião do semi-árido brasileiro?Professor José Maria – Essa re-gião do semi-árido já era pro-blemática antes dos tempos deD. Pedro I. A irrigação é umasaída para isso, reconhecida-mente. Em outros países, comoIsrael, estão produzindo no de-serto. O Nordeste tem áreas derios, como o São Francisco, ealguns que foram perenizados,como o Jaguaribe e o Açu, e umasérie de obras foi feita, barra-gens e açudes, na tentativa deresolver o problema da seca ouminimizar seus efeitos. A fruti-cultura do Nordeste tem umgrande potencial, condiçõesedafoclimáticas favoráveis. En-tretanto, para que ela funcionebem, é preciso organização.Mas, em termos de produção,geração de empregos e de ren-da numa região de semi-árido,não há dúvida que a fruticultu-ra irrigada é uma grande saída.É uma agricultura de alto valoragregado, que ocupa muitamão-de-obra, com empregosdiretos e indiretos.

Item – A fruticultura é vista co-mo uma atividade estratégica?Professor José Maria – A fruti-cultura irrigada é estratégicapara uma região carente como

Fruticultura irrigada,uma saída para

geração de empregoe de renda no NE

o Nordeste, que pode contarcom recursos hídricos. Ela podeajudar a resolver problemassociais e econômicos e do pon-to de vista da economia regio-nal, dando certo no Nordeste,minimizaria as disparidadesregionais. E ela pode ser com-binada com uma agriculturade subsistência adaptada à pró-pria região. Essa é uma outrahistória. O nordestino típico éuma pessoa adaptada para vi-ver naquela região, em condi-ções de baixa disponibilidadede água, desde que tenha umaagricultura apropriada, resis-tente à seca e uma pecuáriarústica. A irrigação seria maisdestinada a culturas de merca-do, de geração de renda e deemprego. Mas, um bom planopara o Nordeste agrícola deve-ria envolver também a produ-ção de subsistência ecológica,como diz o professor Guima-rães Duque, com base em plan-tas xerófitas. Há também aque-la conversa de que, por trás daseca do Nordeste, existe umaindústria, mas isso também éuma outra conversa.

Item – Até onde vai a partici-pação da iniciativa privada edo Estado para o desenvolvi-mento do setor?Professor José Maria – Pelo

Estima-se que, no Brasil, existam cerca de 2,5Estima-se que, no Brasil, existam cerca de 2,5Estima-se que, no Brasil, existam cerca de 2,5Estima-se que, no Brasil, existam cerca de 2,5Estima-se que, no Brasil, existam cerca de 2,5milhões de hectares ocupados com a produçãomilhões de hectares ocupados com a produçãomilhões de hectares ocupados com a produçãomilhões de hectares ocupados com a produçãomilhões de hectares ocupados com a produçãode frutas, que supera a marca de 30 milhões dede frutas, que supera a marca de 30 milhões dede frutas, que supera a marca de 30 milhões dede frutas, que supera a marca de 30 milhões dede frutas, que supera a marca de 30 milhões de

toneladas. O Nordeste do Brasil detém 100% datoneladas. O Nordeste do Brasil detém 100% datoneladas. O Nordeste do Brasil detém 100% datoneladas. O Nordeste do Brasil detém 100% datoneladas. O Nordeste do Brasil detém 100% daprodução de caju, 90% da produção de coco-da-produção de caju, 90% da produção de coco-da-produção de caju, 90% da produção de coco-da-produção de caju, 90% da produção de coco-da-produção de caju, 90% da produção de coco-da-

baía, 70% da produção de mamão e 50% dabaía, 70% da produção de mamão e 50% dabaía, 70% da produção de mamão e 50% dabaía, 70% da produção de mamão e 50% dabaía, 70% da produção de mamão e 50% daprodução agregada de abacaxi, banana, manga,produção agregada de abacaxi, banana, manga,produção agregada de abacaxi, banana, manga,produção agregada de abacaxi, banana, manga,produção agregada de abacaxi, banana, manga,

melancia, ocupando uma extensão próxima amelancia, ocupando uma extensão próxima amelancia, ocupando uma extensão próxima amelancia, ocupando uma extensão próxima amelancia, ocupando uma extensão próxima a200 mil hectares. A irrigação é vista,200 mil hectares. A irrigação é vista,200 mil hectares. A irrigação é vista,200 mil hectares. A irrigação é vista,200 mil hectares. A irrigação é vista,

reconhecidamente, como uma saída parareconhecidamente, como uma saída parareconhecidamente, como uma saída parareconhecidamente, como uma saída parareconhecidamente, como uma saída pararesolver sérios problemas dessa região, porresolver sérios problemas dessa região, porresolver sérios problemas dessa região, porresolver sérios problemas dessa região, porresolver sérios problemas dessa região, porexemplo, a geração de emprego e de renda.exemplo, a geração de emprego e de renda.exemplo, a geração de emprego e de renda.exemplo, a geração de emprego e de renda.exemplo, a geração de emprego e de renda.

Nas abordagens mais recentes, a fruticultura éNas abordagens mais recentes, a fruticultura éNas abordagens mais recentes, a fruticultura éNas abordagens mais recentes, a fruticultura éNas abordagens mais recentes, a fruticultura éencarada como uma atividade estratégica naencarada como uma atividade estratégica naencarada como uma atividade estratégica naencarada como uma atividade estratégica naencarada como uma atividade estratégica na

formação dos chamados formação dos chamados formação dos chamados formação dos chamados formação dos chamados clustersclustersclustersclustersclusters na região, que, na região, que, na região, que, na região, que, na região, que,segundo definição do ex-ministro dosegundo definição do ex-ministro dosegundo definição do ex-ministro dosegundo definição do ex-ministro dosegundo definição do ex-ministro do

Planejamento, Paulo Haddad, representa maisPlanejamento, Paulo Haddad, representa maisPlanejamento, Paulo Haddad, representa maisPlanejamento, Paulo Haddad, representa maisPlanejamento, Paulo Haddad, representa maisdo que a cadeia produtiva, “focaliza os insumosdo que a cadeia produtiva, “focaliza os insumosdo que a cadeia produtiva, “focaliza os insumosdo que a cadeia produtiva, “focaliza os insumosdo que a cadeia produtiva, “focaliza os insumos

críticos, num sentido geral, que as empresascríticos, num sentido geral, que as empresascríticos, num sentido geral, que as empresascríticos, num sentido geral, que as empresascríticos, num sentido geral, que as empresasgeradoras de emprego e renda necessitam parageradoras de emprego e renda necessitam parageradoras de emprego e renda necessitam parageradoras de emprego e renda necessitam parageradoras de emprego e renda necessitam para

serem dinamicamente competitivas”.serem dinamicamente competitivas”.serem dinamicamente competitivas”.serem dinamicamente competitivas”.serem dinamicamente competitivas”.

O entrevistado da ITEM, o professor de O entrevistado da ITEM, o professor de O entrevistado da ITEM, o professor de O entrevistado da ITEM, o professor de O entrevistado da ITEM, o professor deMacroeconomia e Pró-Reitor de Planejamento eMacroeconomia e Pró-Reitor de Planejamento eMacroeconomia e Pró-Reitor de Planejamento eMacroeconomia e Pró-Reitor de Planejamento eMacroeconomia e Pró-Reitor de Planejamento e

Orçamento da Universidade Federal de Viçosa,Orçamento da Universidade Federal de Viçosa,Orçamento da Universidade Federal de Viçosa,Orçamento da Universidade Federal de Viçosa,Orçamento da Universidade Federal de Viçosa,José Maria Alves da Silva, foi um dos trêsJosé Maria Alves da Silva, foi um dos trêsJosé Maria Alves da Silva, foi um dos trêsJosé Maria Alves da Silva, foi um dos trêsJosé Maria Alves da Silva, foi um dos três

coordenadores (ao lado de Demerval Vianacoordenadores (ao lado de Demerval Vianacoordenadores (ao lado de Demerval Vianacoordenadores (ao lado de Demerval Vianacoordenadores (ao lado de Demerval VianaDavid e Pedro Maia e Silva), que elaboraram oDavid e Pedro Maia e Silva), que elaboraram oDavid e Pedro Maia e Silva), que elaboraram oDavid e Pedro Maia e Silva), que elaboraram oDavid e Pedro Maia e Silva), que elaboraram o

relatório denominado “Diagnóstico de Produçãorelatório denominado “Diagnóstico de Produçãorelatório denominado “Diagnóstico de Produçãorelatório denominado “Diagnóstico de Produçãorelatório denominado “Diagnóstico de Produçãoe Comercialização de Mudas e Sementes dee Comercialização de Mudas e Sementes dee Comercialização de Mudas e Sementes dee Comercialização de Mudas e Sementes dee Comercialização de Mudas e Sementes de

Espécies Frutíferas na Região Nordeste doEspécies Frutíferas na Região Nordeste doEspécies Frutíferas na Região Nordeste doEspécies Frutíferas na Região Nordeste doEspécies Frutíferas na Região Nordeste doBrasil”, por solicitação da Embrapa. Para isso,Brasil”, por solicitação da Embrapa. Para isso,Brasil”, por solicitação da Embrapa. Para isso,Brasil”, por solicitação da Embrapa. Para isso,Brasil”, por solicitação da Embrapa. Para isso,

eles fizeram 40 entrevistas e aplicaram 389eles fizeram 40 entrevistas e aplicaram 389eles fizeram 40 entrevistas e aplicaram 389eles fizeram 40 entrevistas e aplicaram 389eles fizeram 40 entrevistas e aplicaram 389questionários em vários agentes envolvidosquestionários em vários agentes envolvidosquestionários em vários agentes envolvidosquestionários em vários agentes envolvidosquestionários em vários agentes envolvidos

nessa cadeia produtiva, distribuídos por tipos enessa cadeia produtiva, distribuídos por tipos enessa cadeia produtiva, distribuídos por tipos enessa cadeia produtiva, distribuídos por tipos enessa cadeia produtiva, distribuídos por tipos eregiões dos Estados pesquisados. Eles tambémregiões dos Estados pesquisados. Eles tambémregiões dos Estados pesquisados. Eles tambémregiões dos Estados pesquisados. Eles tambémregiões dos Estados pesquisados. Eles também

visitaram e conheceram quatro pólos devisitaram e conheceram quatro pólos devisitaram e conheceram quatro pólos devisitaram e conheceram quatro pólos devisitaram e conheceram quatro pólos deirrigação: Norte de Minas, Petrolina/Juazeiro,irrigação: Norte de Minas, Petrolina/Juazeiro,irrigação: Norte de Minas, Petrolina/Juazeiro,irrigação: Norte de Minas, Petrolina/Juazeiro,irrigação: Norte de Minas, Petrolina/Juazeiro,

Açu/Mossoró e Baixo/Médio Jaguaribe.Açu/Mossoró e Baixo/Médio Jaguaribe.Açu/Mossoró e Baixo/Médio Jaguaribe.Açu/Mossoró e Baixo/Médio Jaguaribe.Açu/Mossoró e Baixo/Médio Jaguaribe.

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que observamos, a iniciativaprivada tem muitas queixas doEstado e de suas instituições.Em Petrolina/Juazeiro, tudoque saiu de lá e cresceu tevecomo base o heroísmo dos pio-neiros, que não contaram coma retaguarda de pesquisa, como apoio público em prover ser-viços, que são serviços públi-cos por excelência. Por exem-plo, a questão da fitossanidade,controle e barreiras fitossani-tárias, atividades governamen-tais típicas, que sempre foramnegligenciadas no Brasil. Porque há tanta praga no Nordestehoje? Em Petrolina/Juazeiro, aagricultura é muito dependen-te de defensivos e agrotóxicos.Imaginava-se que, devido aoclima inóspito, a agriculturapoderia ser mais isenta de pra-gas . Mas, quando se começa airrigar, a umedecer a área, osinsetos vêm, adaptam-se àque-la região e proliferam, especi-almente se não houver um con-trole adequado.A adequação do equipamentode irrigação também é impor-tante. Não foi feito um planeja-mento para isso. A irrigaçãopor aspersão não é considera-da boa para várias regiões doNordeste, porque, além deumedecer o ar e tornar o am-biente propício para o desen-volvimento de pragas, em algu-mas regiões, é desperdiçadora,por causa do vento.

Item – Como o senhor vê aatuação dos pólos públicos deirrigação e o papel que elesrepresentam?Professor José Maria – Nessesperímetros públicos, essa idéiade fazer assentamentos deirrigantes nordestinos pode serconsiderada um retumbante fra-

casso, na minha opinião. Todosos perímetros da Codevasf e doDNOCs que visitamos são pro-blemáticos. A agricultura irri-gada é uma atividade que exigeum certo profissionalismo.Hoje, cada vez mais, esses perí-metros estão sendo ocupadospor pessoas de outras regiões,produtores mais tecnificados.É o que chamamos de seleçãonatural. Entre os primeirosirrigantes, alguns conseguemassimilar alguma tecnologia etornam-se empresários. Mas,em cada grupo de 100, vingam-se apenas 30.Quem está alavancando a fruti-cultura, dentro e fora dessesperímetros públicos, é a inicia-tiva privada. Cada vez mais,esses perímetros vêm sendoocupados por empresas e o go-verno já aceitou isso. Nos perí-metros do DNOCs, que são osmais problemáticos, foi ondemais se tentou fazer uma sele-ção, com base em critérios,como: número de filhos, genteoriginária da região da áreaque foi desapropriada etc. Fo-ram os perímetros que menosderam certo e há alguns queestão desativados. Chegamos avisitar perímetros no Rio Gran-de do Norte, com gente lá den-tro passando sede; o governohavia cortado a água, porqueeles não pagaram a conta. Ou-tros viraram cidades-fantas-mas. A concepção do DNOCsera de que a engenharia resol-veria o problema da irrigação eda seca no Nordeste, e não ébem assim. São necessáriosmais estudos sociológicos e atéantropológicos para se conhe-cer o perfil daqueles que têmcondições de adaptar-se ou não,para fazer um plano que dêcerto. Isso não foi feito.

Item – O senhor conhece bempelo menos quatro pólos de ir-rigação. Quais são os princi-pais problemas constatados?Professor José Maria – Os pro-blemas são muito semelhantes.Quando fizemos a pesquisa, oBrasil sentia os primeiros efei-tos do Plano Real. Ou seja: ju-ros altos, falta de apoio públi-co, más condições de crédito.Pela política neoliberal do go-verno, o Estado deve-se afastare deixar de investir nos benspúblicos e em infra-estrutura.E isso atrapalha o agronegócio.Um bom empresário tecnifica-do da região de Açu, por exem-plo, não quer subsídios ou fa-vorecimentos. Suas maioresqueixas são falta de energia elé-trica, estradas vicinais adequa-das e segurança. O governoexiste para nos dar bens públi-cos, que justifiquem a existên-

cia do Estado.Do ponto de vista do produtor,o perfil de empresários bem-sucedidos da região mostragente de bom nível. Há queixascontra a atuação da Embrapa,de que ela deveria agir muitomais. Reclama-se muito porserviços estaduais e federais deassistência técnica. Em Petro-lina, a tecnologia desenvolvida

“A irrigação por aspersão“A irrigação por aspersão“A irrigação por aspersão“A irrigação por aspersão“A irrigação por aspersãonão é considerada boanão é considerada boanão é considerada boanão é considerada boanão é considerada boapara várias regiões dopara várias regiões dopara várias regiões dopara várias regiões dopara várias regiões do

Nordeste, porque alémNordeste, porque alémNordeste, porque alémNordeste, porque alémNordeste, porque alémde umedecer o ar e tornarde umedecer o ar e tornarde umedecer o ar e tornarde umedecer o ar e tornarde umedecer o ar e tornaro ambiente propício parao ambiente propício parao ambiente propício parao ambiente propício parao ambiente propício para

o desenvolvimento deo desenvolvimento deo desenvolvimento deo desenvolvimento deo desenvolvimento depragas, em algumaspragas, em algumaspragas, em algumaspragas, em algumaspragas, em algumas

regiões, éregiões, éregiões, éregiões, éregiões, édesperdiçadora, pordesperdiçadora, pordesperdiçadora, pordesperdiçadora, pordesperdiçadora, por

causa do vento”causa do vento”causa do vento”causa do vento”causa do vento”

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FOTO GENOVEVA RUISDIAS

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acerola, depois tiveram quearrancar tudo, porque não com-pensava. Mais recentemente,temos o caso do coco, o que setem plantado de coco-anão ir-rigado é alarmante, faltoumuda. Uma das formas de con-trole que se tem é através daprodução de mudas.Com isso, por falta de planeja-mento, o Nordeste está perden-do espaço para outras áreas doBrasil, fora do semi-árido. Oestado de São Paulo, por exem-plo, virou o maior produtor demaracujá, que era produzidono Nordeste. No caso do abaca-xi, os municípios de Monte Ale-gre de Minas e de Frutal , emMinas Gerais, também viraramgrandes produtores e já estãosuperando o Nordeste. Se bo-bear, logo, logo, São Paulo vaiestar produzindo mais caju queo Ceará.

Item – Como o senhor vê a for-mação dos chamados clustersda fruticultura?Professor José Maria – É maisum exemplo de que é necessá-rio ter instituições do governoparticipando mais ativamente.A agroindústria é o mercadoque mais cresce, o chamadomercado de alimentos funcio-nais. Por exemplo, a Coca-Colaé uma potência, mas, como jáfoi comprovado, ela corrói aparede do estômago e promovea osteoporose nas mulheres deuma certa idade. E, por que setoma tanta Coca-Cola? Porquehouve um planejamento, hámuito tempo, em que grandesempresas criaram seus merca-dos, investiram nisso, ensina-ram as crianças a tomar o refri-gerante desde pequenas. Mer-cado é um negócio que a gran-de indústria faz, com a ajudados governos. �

para o melão vem sendo lidera-da pela iniciativa privada. EmAçu, até na área de barreirasfitossanitárias, quem atua é oprodutor, Manoel Dantas, queacaba desenvolvendo uma li-derança bastante positiva e su-prindo o Estado. Estão sendodesenvolvidos projetos como oda uva sem semente e do melãotropical.

Item – Quais são as tendênciasdos mercados interno e externo?Professor José Maria – Vejomuito ufanismo por parte dasautoridades. Houve inovaçãocom a fruticultura no semi-ári-do, mas está faltando muito tra-balho na formação de clustersda fruticultura para apoiar eampliar a sua participação nomercado externo. A tendênciaé perder nichos de mercado,como aconteceu com a pinhana Europa, onde produtoresconseguiram entregar a produ-ção brasileira durante doismeses e acabaram perdendo.Em termos de exportação, oscarros-chefes desses quatropólos nessa região são o melão,a uva e a manga, que chegam aatingir cifras em torno de US$150 milhões, enquanto o Chileatinge US$ 1,5 bilhão.

Item – Quais são as principaisdeficiências identificadas quedificultam uma tomada de de-cisão?Professor José Maria – Umadas queixas é a falta de organi-zação. O BNDES tem um viésde indústria e financia muitopouco a agricultura. Para ga-nhar o mercado externo, teriaque haver um trabalho demarketing. O governo teria queassumir o papel de divulgar oproduto nacional. Os EstadosUnidos têm uma infra-estrutu-

ra de transportes e comandamcadeias, em nível internacio-nal; a Holanda é um entreposto,um grande intermediário nafruticultura.No Brasil, essa atividade preci-sa ser fomentada, precisa doauxílio do Estado. Existem vá-rias instituições: a Sudene, oBanco do Nordeste, o BNDES.Não faltam órgãos importantespara uma política de desenvol-vimento, mas eles não atuamcomo deveriam.Os produtores privados enten-dem que instituições que foramfeitas para o fomento de ativida-des importantes como a fruti-cultura, não funcionam. É umaqueixa quase unânime. Se umprodutor quiser plantar bananairrigada, vai ter um problemasério para conseguir a muda.Tem gente que pega o financia-mento e “cadê” a muda? O queexiste de história de falta deorganização entre o sistema ban-cário e o setor produtor do ma-terial de propagação certifica-do... É o que eu chamo de faltade organização da produção.Nos países desenvolvidos comoHolanda e Israel, existe umaprogramação da produção, ten-do em vista as situações de de-manda. No Brasil, não. Temosexemplos de excessos, como ocaso da banana, na Jaíba. Como Plano Real, plantou-se bana-na na região, deu certo, o preçoestava bom. O que foi plantadode banana desde então, porcausa do preço em 1996/1996,provocou o que se chama deboom da banana. Em 1997/1998, houve a crise do preço doproduto, exatamente por causado excesso de produção. E exis-tem várias outras histórias des-sas crises. Tem o caso da acerolaem Petrolina/Juazeiro. Em1995/1996, plantaram muita

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Distribuição da chuvana região

A precipitação pluvial, normal anual (período1931/60), média em todo o estado do Rio Grandedo Sul, é da ordem de 1.534 mm, variando de1.236 mm (Santa Vitória do Palmar) a 2.064 (SãoFrancisco de Paula). Chove mais na metade nortedo Estado (norte, latitude de 30ºS), com totaisanuais superiores a 1.500 mm do que na metadesul (sul, –30ºS) com totais anuais inferiores a1.500 mm.

FFFFFLAVIOLAVIOLAVIOLAVIOLAVIO G G G G GILBERTOILBERTOILBERTOILBERTOILBERTO H H H H HERTERERTERERTERERTERERTER

PESQUISADOR DOUTOR, EMBRAPA CLIMA TEMPERADO, C.P. 403, PELOTAS.CEP 96001-970- [email protected]

CCCCCARLOSARLOSARLOSARLOSARLOS R R R R REISSEREISSEREISSEREISSEREISSER J J J J JUNIORUNIORUNIORUNIORUNIOR

PESQUISADOR MSC. EMBRAPA CLIMA TEMPERADO, C.P. 403, PELOTAS. [email protected]

O pessegueiro e a nectarineira

representam uma importante

atividade para o setor frutícola do Rio

Grande do Sul, com 72% da

produção nacional, em cerca de

13.000 ha. Estima-se que a produção

gira em torno de 80 mil toneladas/

ano, representando uma excelente

fonte de renda para o produtor.

Atualmente, existem três pólos de

exploração no RS. Um localizado na

região de Pelotas, cujo produto

destina-se, em sua maioria, à

industrialização, outro na região da

Serra do Nordeste, nos municípios de

Bento Gonçalves e Farroupilha, o

terceiro, na região da grande Porto

Alegre, destinado ao mercado in

natura. Um quarto pólo vem-se

estabelecendo na região da

Campanha, principalmente nos

municípios de Bagé e Santana do

Livramento.

A necessidade da irrigaçãona produção de frutas

perenes na metade sul doRio Grande do Sul,

caso das pronóides

A necessidade da irrigaçãona produção de frutas

perenes na metade sul doRio Grande do Sul,

caso das pronóides

1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 75

FOTOS MAURÍCIO ALMEIDA

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Estresse hídriconesta região

Depois da irradiação, a água é o segundofator limitante para o crescimento do pesse-gueiro e da ameixeira durante a estação decrescimento. A necessidade de água e a sensi-bilidade à seca variam entre as espécies dePrunus. De modo geral, a ameixeira é maistolerante à seca e ao encharcamento do que opessegueiro. Como muitas espécies de Prunussão compatíveis na enxertia, cultivares de pes-segueiro podem ser enxertadas sobre porta-enxertos de ameixeira, para aumentar a resis-tência à seca ou ao encharcamento.

A expansão de ramos e de folhas é oparâmetro mais sensível para se avaliar o nívelde déficit hídrico. Resultados de pesquisa indi-cam que, sob essas condições, ocorre a inibi-ção da expansão dos ramos e das folhas, antesda redução da fotossíntese líquida. Nesse caso,um estresse hídrico moderado pode reduzir avelocidade do crescimento em plantas de pes-segueiro sem, no entanto, reduzir a assimila-ção do carbono.

A capacidade de as plantas resistirem aníveis críticos de água no solo é variável.Quando o déficit hídrico ocorre em períodosprolongados, há redução do crescimento deramos, frutos e folhas. A divisão celular e aatividade enzimática também diminuem coma redução do potencial de água no solo. Como fechamento dos estômatos, provocado pelafalta de água no solo, diminui a assimilação deCO

2, reduzindo a translocação de produtos

fotossintetizados, bem como o acúmulo deaçúcares. Estes fenômenos fisiológicos acar-retam bloqueios de ar no xilema, o que provo-ca queda de folhas, morte de ramos e, até,morte da planta. Baixos níveis de água no solopodem também causar sintomas de deficiên-cia de alguns nutrientes, devido à incapacida-de de a planta absorvê-los nestas condições.

Sob condições máximas de estresse, ocorreum desfolhamento antecipado na planta, di-minui o crescimento dos frutos, que ficamcom sabor adstringente, prejudica a diferenci-ação floral e , portanto, compromete a produ-ção na próxima safra.

Períodos críticos em relação ao déficithídrico – os estádios em que as espécies frutí-feras são sensíveis ao estresse hídrico identifi-cam-se, basicamente, por grande atividade

fisiológica e meristemática (divisão celular).Em pessegueiro, um dos períodos de gran-

de atividade fisiológica é o da diferenciaçãodas gemas, que ocorre após a colheita. Estedesenvolvimento continua durante o inverno,em menor intensidade. Neste período, a ativi-dade radicular é muito grande, uma vez que aplanta armazena as reservas de nutrientes,que irá utilizar na brotação, no florescimentoe no período de definição da carga de frutospara a próxima estação. Este é o período maisimportante para o controle da umidade nosolo, em razão de, em condições de baixaumidade, haver um comprometimento da ab-sorção de nutrientes pela planta, impedindo-ade entrar em dormência adequadamente nu-trida.

Outra fase de intensa atividade fisiológicaocorre no período compreendido entre a que-bra da dormência e o fim da floração. A retira-da de água do solo, pela planta, aumenta, àmedida que se desenvolvem os ramos e au-menta a área foliar. A multiplicação de célulasnesta fase (35-40 dias após a floração) é muitogrande, diminuindo após o fim da polinização.Como o número de células irá determinar otamanho final dos frutos, a falta de água nesteperíodo reduz o número de células, diminu-indo o tamanho do fruto e a produção. Épossível, com fornecimento de água próximoà colheita, aumentar o tamanho dos frutoscom pequeno número de células; estes pode-rão ter baixa qualidade (menor teor de sóli-dos solúveis, pouca firmeza etc.), quandocolhidos.

Após a divisão celular, inicia-se a fase deaumento de volume da célula. Neste período,a parte mais crítica ocorre durante a acelera-ção máxima do crescimento do fruto, duas atrês semanas antes da colheita. Pode-se mane-jar a água durante este estágio, de forma queseja reduzido o teor de umidade do solo na faseque se inicia com o fruto do tamanho de umaazeitona, até o período de seu crescimentorápido, visando economia de água e melhoriada qualidade do fruto, sem comprometimentode sua produtividade.

Assim, para que se obtenha uma alta pro-dutividade, com frutos de qualidade, o pesse-gueiro necessita, durante a primavera e overão, de um adequado suprimento de água.Estima-se que a necessidade da planta situa-seentre 70 e 100% da ETP (evapotranspiração

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potencial), variável com o período. A plantadeve possuir um sistema radicular profundo,para suportar curtos períodos de seca. Secasprolongadas, principalmente no fim da prima-vera e início do verão, antes da colheita, tra-zem considerável prejuízo à cultura. A irriga-ção, nesse caso, torna-se imprescindível. Emáreas onde há ausência total de chuvas deverão, o cultivo do pessegueiro pode serviabilizado pelo uso de irrigação, havendonessas condições menores riscos de prejuízoscausados por pragas e doenças.

Resultados de pesquisaFazendo-se uma análise sobre a necessida-

de de irrigação na produção de frutas perenes,considerou-se o período compreendido entre aplena floração e o pico de maturação, divididonas fases I, II e III. Fixou-se a fase I em 50 dias,a partir da floração, a fase III, em 45 dias,anterior à maturação e a fase II variável,segundo as condições climáticas anuais e ociclo de duração da floração à maturação dacultivar. O estresse hídrico foi consideradotoda vez que a CAD baixou de 60% (lâminad'água menor que 30 mm). Tanto os dadosfenológicos como os climatológicos corres-pondem a um período de onze anos (1969 a1995).

Durante um período de 50 dias após a plenafloração, correspondendo à fase I, não ocor-reu estresse. Esta fase, juntamente com a fasefinal de desenvolvimento dos frutos, (fase III),anterior à maturação deles, caracterizam-secomo fases de crescimento dos frutos. A fase IIcorresponde ao endurecimento do caroço, naqual o fruto cessa o crescimento, quase quecompletamente. Salienta-se que, durante osperíodos inicial e final (fase I e II), a água écrítica no desenvolvimento do fruto.

No presente trabalho, para as fases inter-mediária e final, foram encontrados diversosperíodos de estresse em todos os anos estuda-dos, não caracterizando maior freqüência emdeterminada fase.

A análise evidencia que o estresse de água,ocorrido durante a fase intermediária, real-mente não influiu de maneira direta. Toda-via, quando o estresse ocorreu com maiorintensidade, na fase final, principalmente nosúltimos 30 dias anteriores à colheita, notou-se que a influência foi bastante marcante,com maior freqüência nos meses de novem-

bro e dezembro, período final do desenvolvi-mento do fruto da cultivar Diamante, utiliza-da naquele estudo.

ConclusõesConsiderando-se que em 80% dos anos, em

que foi realizado o estudo, caracterizado pelaocorrência de estresse hídrico, durante as fasesreprodutivas II e III, do pessegueiro, recomen-da-se a utilização da irrigação complementar,visando reduzir as perdas de produção e au-mentar a qualidade do fruto, na região. Estaprática torna-se necessária, principalmente,quando se trata de cultivares de ciclo médio,como a Diamante, ou de ciclo longo, como aCapdeboscq, tendo em vista que o estressemanifesta-se com maior freqüência durante osmeses de novembro, dezembro e janeiro. �

Os estudos desenvolvidos pelos técnicos da Embrapa Clíma Temperado recomendam o uso daOs estudos desenvolvidos pelos técnicos da Embrapa Clíma Temperado recomendam o uso daOs estudos desenvolvidos pelos técnicos da Embrapa Clíma Temperado recomendam o uso daOs estudos desenvolvidos pelos técnicos da Embrapa Clíma Temperado recomendam o uso daOs estudos desenvolvidos pelos técnicos da Embrapa Clíma Temperado recomendam o uso dairrigação complementar para cultivares de ciclo médio do pessegueiroirrigação complementar para cultivares de ciclo médio do pessegueiroirrigação complementar para cultivares de ciclo médio do pessegueiroirrigação complementar para cultivares de ciclo médio do pessegueiroirrigação complementar para cultivares de ciclo médio do pessegueiro

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Item – A formação de consórci-os de produtores seria uma so-lução para que o produtor con-siga exportar seus produtos?Moacyr – É um modelo interes-sante, porque, como uma enti-dade sem fins lucrativos, o con-sórcio vai ser um ponto deaglutinação de interesses, quevai, por exemplo, iniciar nego-ciações em nome de todos, masas faturas de cobrança irão paracada um dos consorciados, bemcomo as faturas de venda defrutas. Se o José da Silva man-dar uma fruta ruim, ele vai terproblemas sérios. Não quere-mos que aconteça como nascooperativas, quando um pro-dutor prejudica o trabalho dedez outros e todo mundo levana cabeça. Se o produtor qui-ser entrar, ele entra; se quisersair, tudo bem. A filosofia domodelo inovador do consórcioé de que ele vai funcionar comoo centro de inteligência do gru-po, vai ter os sistemas gerencial,de logística e de tudo que fornecessário para seu funciona-mento.

O consórcio pode ser umasolução para quem quer exportar

“Exportar não é tão fácil, mas, evidentemente, é“Exportar não é tão fácil, mas, evidentemente, é“Exportar não é tão fácil, mas, evidentemente, é“Exportar não é tão fácil, mas, evidentemente, é“Exportar não é tão fácil, mas, evidentemente, é

uma opção de mercado. E assim encarada, tem queuma opção de mercado. E assim encarada, tem queuma opção de mercado. E assim encarada, tem queuma opção de mercado. E assim encarada, tem queuma opção de mercado. E assim encarada, tem que

ser profundamente estudada, determinar os tiposser profundamente estudada, determinar os tiposser profundamente estudada, determinar os tiposser profundamente estudada, determinar os tiposser profundamente estudada, determinar os tipos

de produtos que serão exportados e se estes serãode produtos que serão exportados e se estes serãode produtos que serão exportados e se estes serãode produtos que serão exportados e se estes serãode produtos que serão exportados e se estes serão

competitivos”. O recado vem de um especialista docompetitivos”. O recado vem de um especialista docompetitivos”. O recado vem de um especialista docompetitivos”. O recado vem de um especialista docompetitivos”. O recado vem de um especialista do

setor, Moacyr Saraiva Fernandes, vice-presidentesetor, Moacyr Saraiva Fernandes, vice-presidentesetor, Moacyr Saraiva Fernandes, vice-presidentesetor, Moacyr Saraiva Fernandes, vice-presidentesetor, Moacyr Saraiva Fernandes, vice-presidente

operacional do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf),operacional do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf),operacional do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf),operacional do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf),operacional do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf),

uma entidade sem fins lucrativos criada poruma entidade sem fins lucrativos criada poruma entidade sem fins lucrativos criada poruma entidade sem fins lucrativos criada poruma entidade sem fins lucrativos criada por

associações de fruticultores, para apoiar oassociações de fruticultores, para apoiar oassociações de fruticultores, para apoiar oassociações de fruticultores, para apoiar oassociações de fruticultores, para apoiar o

desenvolvimento do setor.desenvolvimento do setor.desenvolvimento do setor.desenvolvimento do setor.desenvolvimento do setor.

Segundo ele, um dos primeiros diagnósticosSegundo ele, um dos primeiros diagnósticosSegundo ele, um dos primeiros diagnósticosSegundo ele, um dos primeiros diagnósticosSegundo ele, um dos primeiros diagnósticos

promovidos para o setor pelo Ibraf apontou que opromovidos para o setor pelo Ibraf apontou que opromovidos para o setor pelo Ibraf apontou que opromovidos para o setor pelo Ibraf apontou que opromovidos para o setor pelo Ibraf apontou que o

maior problema da fruticultura hoje é amaior problema da fruticultura hoje é amaior problema da fruticultura hoje é amaior problema da fruticultura hoje é amaior problema da fruticultura hoje é a

organização para a comercialização, entre os váriosorganização para a comercialização, entre os váriosorganização para a comercialização, entre os váriosorganização para a comercialização, entre os váriosorganização para a comercialização, entre os vários

pontos levantados nesta entrevista exclusivapontos levantados nesta entrevista exclusivapontos levantados nesta entrevista exclusivapontos levantados nesta entrevista exclusivapontos levantados nesta entrevista exclusiva

concedida à revista ITEM. E ele apontou o modeloconcedida à revista ITEM. E ele apontou o modeloconcedida à revista ITEM. E ele apontou o modeloconcedida à revista ITEM. E ele apontou o modeloconcedida à revista ITEM. E ele apontou o modelo

de consórcio, como um ponto de aglutinação dede consórcio, como um ponto de aglutinação dede consórcio, como um ponto de aglutinação dede consórcio, como um ponto de aglutinação dede consórcio, como um ponto de aglutinação de

interesses de vários produtores, que podeinteresses de vários produtores, que podeinteresses de vários produtores, que podeinteresses de vários produtores, que podeinteresses de vários produtores, que pode

funcionar como um sistema gerencial do que forfuncionar como um sistema gerencial do que forfuncionar como um sistema gerencial do que forfuncionar como um sistema gerencial do que forfuncionar como um sistema gerencial do que for

necessário para que a operação se concretize.necessário para que a operação se concretize.necessário para que a operação se concretize.necessário para que a operação se concretize.necessário para que a operação se concretize.

E N T R

Segundo Moacyr Saraiva Fernandes, o modelo deSegundo Moacyr Saraiva Fernandes, o modelo deSegundo Moacyr Saraiva Fernandes, o modelo deSegundo Moacyr Saraiva Fernandes, o modelo deSegundo Moacyr Saraiva Fernandes, o modelo deconsórcio funciona como um ponto de aglutinaçãoconsórcio funciona como um ponto de aglutinaçãoconsórcio funciona como um ponto de aglutinaçãoconsórcio funciona como um ponto de aglutinaçãoconsórcio funciona como um ponto de aglutinaçãode interesses de vários produtoresde interesses de vários produtoresde interesses de vários produtoresde interesses de vários produtoresde interesses de vários produtores

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Um dos primeiros diagnósticosfeitos pelo Ibraf (que existedesde 1989) mostrou que omaior problema que temos noprojeto de fruticultura é a orga-nização da comercialização.Somos muito individualistas enão sabemos comercializar emgrupo. As experiências que ti-vemos com a Valexport, no casoda uva, mostraram claramenteisso e, enquanto persistir essamentalidade, fica muito com-plicado.

Item – Para exportar, a pala-

vra-chave é competitividade. O

que representa isso?

Moacyr – Competitividade é umconjunto de três itens: qualida-de adequada, que significaaquilo que o cliente quer com-prar, não aquilo que o produtorquer vender; custo, pelo qual omeu cliente está disposto a re-munerar; e assiduidade, o quesignifica entregar a quantiacerta na data combinada.

Item – No caso da banana, o

que acontece?

Moacyr – No caso da banana,nós reunimos esses três itens?Da mesma forma, que eu nãovou poder insistir com a uvacom semente, se o mercado sóquer a uva sem semente, oucom o abacate grande, se oseuropeus querem uma fruta dotamanho de um limão. Temosque ser competitivos em rela-ção ao padrão de compra e nãoem relação ao padrão de ven-da. Essa é a regra do jogo.Exportar é uma opção de mer-cado, como qualquer outra. Ademanda é que deve ser pro-fundamente estudada e deter-minar os tipos de produtos quevocê pode exportar, os volu-mes, e se é competitivo. O gran-

de problema da competitivida-de internacional é que ela temque ser calculada na base dolocal aonde o comércio se dá, enão na base aonde a oferta ocor-re. A banana, por exemplo, ocu-pa 36% do mercado internaci-onal de frutas, mas é um mer-cado extremamente fechado.Apesar de ser enorme, está cir-cunscrito a poucas empresasque detêm o oligopólio da co-mercialização. Então, na reali-dade, não existe banana doEquador, da Martinica, do Bra-sil ou do Panamá. Existe mes-mo a banana da Dole, daChiquita e da Delmont. As tran-sações deixam de ser interpaí-ses para ser empresariais. En-tão, a grande dificuldade deentrar no comércio de primei-ra linha é essa. Porém, existemalguns mercados, em que te-mos oportunidade de agir,como nos países do Mercosul.

Item – Quais são as chances da

banana-prata?

Moacyr – O mundo lá fora co-nhece determinados tipos debanana e de plátanos. Dentrodas bananas, há o subgrupoCavendish, em que as mais co-nhecidas são a nanica e ananicão. Então, o principal pro-blema em relação à banana-prata para ser resolvido é esse:você só vai ter sucesso, se con-seguir captar demandantespara esse tipo novo de produto.Porém, se temos alguns merca-dos que pode ser trabalhadocom a banana-prata, como o daArgentina, na realidade, vaidepender muito mais da capa-cidade de demonstrar que esseproduto pode fazer parte docontexto. É evidente que seriamuito mais fácil convencer umdos grandes operadores de ba-

nana, do que me aventurar nis-so sozinho.

Item – Quais são os modelos de

exportação a serem seguidos,

de acordo com a realidade bra-

sileira?

Moacyr – Eu diria que não exis-te uma melhor receita para o“bolo”, e sim modelos mais ade-quados. O modelo chileno vis-lumbrou possibilidades de ga-nhar divisas na fruticultura ena horticultura e fez isso commuita competência. Sabia quenão adiantava insistir em ven-der determinados produtos eadotou a estratégia de trazerempresas que fazem isso. Poraí, elas geram recursos, dei-xam divisas, mas não se inte-gram. Aliás, não precisamos irmuito longe. O sistema de fran-go brasileiro está caminhandopara esse tipo de problema. Umprodutor integrado de frangoestá desesperado, pois quemganha dinheiro é a Perdigão, éa Sadia etc. Mas, são empresascompetitivas e elas deixam deser nacionais, à medida que oâmbito de atuação transcendao Brasil. Hoje, temos transa-cionais brasileiras como a Sa-dia, a Cutrale e a Citrosul, queoperam aqui e em outros paí-ses, enquanto ficamos discu-tindo empresas nacionais. NoMercosul, por exemplo, quan-do se fala em mercado, ele nãofunciona institucionalmentecomo o governo quer. Ele fun-ciona como o mercado quer. Épor isso que há essa discussãotoda, pois nós nos antecipamos.Como é que se pode fazer ummercado comum com quatropaíses desestabilizados?O Mercosul é fundamental,porque nos ensina a pensar embloco, nos dá mais força nas

E V I S T AMMMMMOACYROACYROACYROACYROACYR S S S S SARAIVAARAIVAARAIVAARAIVAARAIVA

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negociações internacionaiscom a Organização Mundial doComércio (OMC). Mas, eu sem-pre digo que se uma empresabrasileira quiser se expandir,não precisa se preocupar como Chile, a Argentina, o Paraguaiou o Uruguai. Mas, se umaempresa chilena, argentina,paraguaia ou uruguaia quiserse expandir, vai ter que olhar omercado brasileiro. Essa é adiferença.

Item – E quanto ao modelo

chileno?

Moacyr – O modelo chilenonasceu agroexportador. Quan-do viram que para ser competi-tivos, tinham que ter perda zero,eles desenvolveram um merca-do interno que não tinham, eesse mercado chama-se Brasil.O Chile tem hoje uma fatia de30% da produção de uva demesa com os Estados Unidos.Ele desenvolveu, então, um

E N T R E V I S T A

mercado menos exigente, que éo Brasil. E também outro ítemdo tripé do circuito da perdazero, que é a agroindustrializa-ção.

Item – Então, para alguns pro-

dutos como a banana-prata, o

negócio seria apostar no mer-

cado interno?

Moacyr – Existe um ditado quediz que, “se eu tenho uma gali-nha de ovos de ouro, devo jogartodos os recursos em cima dela,porque ela vai me dar um ovode ouro”. Não adianta apostarem uma galinha que não botaovos. Talvez a galinha de ovosde ouro desses produtores sejao mercado interno e a saídapara a banana-prata seja con-centrar na oferta de um produ-to de melhor qualidade. A gali-nha que não bota ovos é a ex-portação. Exportar não é umaobrigação, é uma opção comer-cial. Se o indivíduo cai nessesneologismos, modernismos epseudos-incentivos, pode aca-bar em um buraco inimaginá-vel.Qualquer tipo de negócio hojetem que estar fundamentadono cliente. Você tem que terrespeito, produzir o que, comoe na hora que ele quiser. Vol-tando à banana-prata, eu preci-so dessas respostas.

Item – O que representa o pa-

pel desempenhado por insti-

tuições como o Ibraf e a Apex?

Moacyr – Temos produtores,associações e agroindústriasassociadas ao Ibraf e o objetivoé este: promover o produto ins-titucionalmente, que vai bene-ficiar quem for competitivo.Não posso correr o risco defazer um trabalho de marketingempresarial. Esse efeito “guar-

da-chuva” funciona como o docafé da Colômbia, que é umamarca que traduz um padrãode qualidade de excelência e deaceitabilidade, que coincidecom os padrões de compra. Naparte de frutas, no meu pontode vista, o setor que está maisavançado tecnologicamente é acultura da maçã. A maçã pro-duz três vezes por ano, masexiste uma tecnologia paraguardar a fruta por mais seismeses. Se eu quiser continuarvendendo maçã, vou ter queincorporar essa tecnologia. Issonão é uma concorrência à cul-tura da maçã brasileira, é umacomplementação. É o que cha-mamos de janela, de contra-estação, que, paradoxalmente,só se explora quando exporta.E só exportamos melão, uva emaçã na janela, pois não vouconseguir concorrer com pro-dutores de frutas temperadas.Então, me sobra o mercado lo-cal, onde concorro com tercei-ros países que são meus com-pradores, que não produzemfrutas tropicais.Precisamos aprender a andarcom as próprias pernas. Pro-gramas, como o da Apex, vãoacabar um dia, pois eles têmcomeço, meio e fim. O merca-do brasileiro tem um potencialmuito maior do que o da expor-tação. Talvez, ele possa sermelhorado, dar mais rentabili-dade para subsidiar a exporta-ção. Para isso, temos que de-senvolver o pólo de marketing,ensinar as pessoas a comeremfrutas, desde a escola até omédico. Porque sem consumonão adianta oferta. Ou vocêacha que o brasileiro vai sensi-bilizar com o excesso de man-ga ou de coco que vai aconte-cer aí? �

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O Programa de Implementação de Consórcios coloca àdisposição de todos um software de gestão, com osseguintes procedimentos já sistematizados:

• logística de distribuição física;• pool de compras de insumos;• manejo pós-colheita;• assistência técnica de manejo e colheita;• comercialização para os mercados interno e externo.

5. Atribuições de um consórcio• desenvolvimento e compra de embalagens e insumos;• contratação de transporte para entrega da carga;• contratação de serviços especializados para acom-

panhamento da descarga no exterior;• identificação de agentes comerciais nos mercados-alvo;• operacionalização de vendas;• emissão de relatórios periódicos de preços internacio-

nais, demandas e resultados operacionais do consórcio;• elaboração de promoções das frutas no exterior;• participação em missões comerciais e de feiras no

exterior;• promoção de cursos e treinamentos;• cadastro de fornecedores de insumos;• articulação com outros consórcios para troca de in-

formações comerciais;• investigação permanente do mercado internacional

para detectar oportunidades e ameaças para os pro-dutores.

6. O consórcio de exportaçãoproporciona• o uso cooperado em packings e meios de transporte;• compartilhamento de custos administrativos;• demonstração de profissionalismo do setor;• aumento do poder de negociação;• melhoria da qualidade das frutas.

7. Maiores InformaçõesO Ibraf e a Fundação André Tosello contam com com-pleto material explicativo e consultores especializadosà disposição para atender a qualquer grupo de produ-tores interessados na formação de consórcio.

O Ibraf funciona na avenida Ipiranga, 952, CEP: 01084-900, São Paulo/SP, telefone/fax: (11) 223. 8766, e-mail:[email protected].

A Fundação André Tosello fica na rua Latino Coelho,1.301, Parque Taquaral, CEP 13087-010, Campinas/SP,telefone (19) 242.7022 e fax (19) 242.7827. �

1. O que é o consórcio?O consórcio consiste na formação de um grupo consti-tuído por produtores da mesma região, com interessesna exportação de suas frutas. Seus integrantes, reuni-dos, cotizam os investimentos necessários para a im-plantação de suas estratégias de conquista dos merca-dos externos, ampliando o poder de negociação e cri-ando uma marca de origem de respeito no exterior.

A formação de consórcios é uma das ações do Progra-ma Setorial de Promoção de Exportações de FrutasBrasileiras e vem sendo organizada pela Fundação AndréTosello, uma entidade de utilidade pública federal, jun-to com o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf).

2. Estrutura básica de umconsórcio

Associação de Produtores

Assembléia Geral

Comitê Executivo de Produtores

Consórcio / Escritório de Exportadores

Coordenador Coordenador Secretaria Coordenadorde Compras de Vendas Financeiro/

Contábil

3. Como participar?Os consórcios são entidades formadas, sem fins lucrati-vos, com o objetivo de fomentar as exportações entre osprodutores associados. Esses consórcios têm a estruturaflexível e moldada, de acordo com a necessidade dosprodutores que os formarem. Seu objetivo é profissiona-lizar o grupo para o comércio exterior, sem a criação deestruturas superdimensionadas ou com muita burocra-cia. Uma das caraterísticas principais desse modelo deconsórcio é que a comercialização das frutas continuasob a responsabilidade de cada produtor.

4. Como criar?Para se criar um consórcio de exportação, deverá serelaborado um projeto consistente, identificando a via-bilidade do financiamento necessário para sua implan-tação. Esse projeto deverá ser estruturado por agênciase consultorias credenciadas pelos órgãos financeiros.

O que é necessário saber para formar um consórcio

1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 81

Page 82: A água é finita naincremento da matéria orgânica, com o melhor aproveitamento dos fertilizantes e a reciclagem de nutrientes, com o controle da erosão e melhor infiltração das

82 ITEM • Nº 49 • 1º trimestre 2001

www.www.Os vários sitesna internet,sobre fruticulturae irrigação

Através de sites na internet,podemos encontrar informaçõesvariadas e interessantes, que nosdão condições de atualizar esaber do que anda acontecendotanto na área econômica, quantona área política.Produtores e técnicos envolvidosno agronegócio da fruticulturairrigada, com certeza,encontrarão sempre boasinformações nos seguintes sites:

.agricultura.gov.brPortal do Ministério da Agricultura e doAbastecimento – obtêm-se informaçõessobre estrutura da instituição governa-mental, legislação, recursos humanos,notícias com qualidade e atualizadas dia-riamente. Através deste portal, pode-sechegar aos sites de quaisquer órgãos liga-dos ao ministério e às informações apre-sentadas por eles. São os seguintes ór-gãos: Embrapa, Instituto Nacional deMeteorologia (Inmet), Ceagesp, Agrofit,Proagro, Secretaria de Apoio Rural eCooperativismo (Sarc) e Serviço Nacionalde Proteção de Cultivares (SNPC) etc.

.agridata.mg.gov.brPortal da Secretaria de Estado de Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento do Estadode Minas Gerais – permite o acesso aossites das instituições ligadas à Secretaria,como Ceasa/MG, Epamig, Emater/MG,Ruralminas. Traz informações sobre pre-ços agropecuários, pesquisas, trabalhosrealizados, publicações, notícias etc.

.anprotec.org.brSite da Associação Nacional das EntidadesPromotoras de Empreendimentos deTecnologias Avançadas, organização em

nível nacional - reúne empresas incubadasde todos os setores da economia.

.banconordeste.gov.br/irrigaSite do Banco do Nordeste - divulga a redede irrigação, criada no âmbito do estudoque subsidiará o projeto Novo Modelo deIrrigação do Programa Brasil em Ação. Trazinformações sobre consultas, links e con-tatos de interesse.

.bdmg.mg.gov.brSite do Banco de Desenvolvimento de Mi-nas Gerais – traz informações sobre oFundese Base Tecnológica, um programade apoio financeiro ao desenvolvimentodas médias, pequenas e micro empresasde base tecnológica.

.embrapa.gov.brSite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária – pode-se acessar diretamenteinformações sobre qualquer uma das uni-dades da Empresa.

.icid.orgSite da International Commission onIrrigation and Drainage (em inglês) – trazinformações sobre a organização, temasestratégicos, eventos, notícias, publica-ções, catálogo de serviços etc.

.iea.sp.gov.brSite do Instituto de Economia Agrícola, ins-tituição ligada à Secretaria de Agriculturae Abastecimento do Estado de São Paulo –traz informações sobre estatísticas, publi-cações, agroecologia, produtos, serviços eartigos comentados sobre a conjunturaeconômica.

.funarbe.org.brSite da Fundação Arthur Bernardes, sediadana Universidade Federal de Viçosa – umadas organizações que vem dando apoio àconstituição de empresas incubadas naárea de agropecuária.

.interagua.net

.Portal voltado para os negócios da cadeiade produção e distribuição de água, monta-

do por consultores especializados.

.integracao.gov.br Site do Ministério da Integração Nacional– através dele pode-se chegar às informa-ções da Codevasf (ou através do sitecodevasf.gov.br), além de, também, po-der acessar publicações como oFrutiséries, cuja edição está sob a respon-sabilidade do Departamento de ProjetosEspeciais da Secretaria de Infra-estruturaHídrica.

.pesagro.comSite da Empresa de Pesquisa Agropecuá-ria do Estado do Rio de Janeiro, vinculadaà Secretaria de Estrado da Agricultura,Abastecimento, Pesca e Desenvolvimen-to do Interior. Traz informações sobrezoneamento, programação anual, notíci-as, informações técnicas, notícias, unida-des, clima e governo do Rio de Janeiro.Outros sites de instituições de pesquisasão: ebda.ba.gov.br (Empresa Baiana deDesenvolvimento Agrícola SA); iac.br (Ins-tituto Agronômico de Campinas),celepar.br/iapar (Instituto Agronômico doParaná), ital.org.br (Instituto de Tecnolo-gia de Alimentos); fgv.br (Fundação Getú-lio Vargas) etc.

.rmi.org.brSite da Rede Mineira de Incubadoras, quetem como principal função o apoio e aintegração de entidades promotoras deempresas.

.sebraenet.com.brSite do Serviço de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas (Sebrae).

.ufu.br;uniube.br;ufv.br;ufla.brSites das universidades federais deUberlândia, Uberaba, Viçosa e Lavras, res-pectivamente, que trazem informaçõessobre departamentos, cursos, trabalhosrealizados, pesquisas, publicações, vesti-bulares, estrutura de cada uma delas, re-cursos humanos etc.

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1º trimestre 2001 • Nº 49 • ITEM 83

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