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A IDEIA DE CADEIAS PRODUTIVAS PARA IMPLANTAÇÃO DE COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS Lia Buarque de Macedo Guimarães (UFRGS) Resumo Este artigo apresenta o delineamento de uma proposta para desenvolvimento sustentável de comunidades. Ela tem como base os cinco pilares da sustentabilidade, a abordagem berço a berço (C2C) e a filosofia Zeri para o desenvolvimento de cadeiias produtivas, e contempla a gestão participativa de recursos regionais. O artigo apresenta o método Design Sociotécnico adotado e um exemplo de aplicação em uma pequena cidade no Rio Grande do Sul que produz resíduos da indústria arrozeira (principalmente casca de arroz), lã e couro de ovinos, além do lixo doméstico comum nas cidades. Os resíduos podem ser os insumos de cadeias produtivas que minimizam o impacto ambiental e geram trabalho e renda para uma comunidade com pouca oferta de emprego. Palavras-chaves: sustentabilidade, cadeias produtivas, design berço a berço, comunidades 20, 21 e 22 de junho de 2013 ISSN 1984-9354

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A IDEIA DE CADEIAS PRODUTIVAS

PARA IMPLANTAÇÃO DE

COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS

Lia Buarque de Macedo Guimarães

(UFRGS)

Resumo Este artigo apresenta o delineamento de uma proposta para

desenvolvimento sustentável de comunidades. Ela tem como base os

cinco pilares da sustentabilidade, a abordagem berço a berço (C2C) e

a filosofia Zeri para o desenvolvimento de cadeiias produtivas, e

contempla a gestão participativa de recursos regionais. O artigo

apresenta o método Design Sociotécnico adotado e um exemplo de

aplicação em uma pequena cidade no Rio Grande do Sul que produz

resíduos da indústria arrozeira (principalmente casca de arroz), lã e

couro de ovinos, além do lixo doméstico comum nas cidades. Os

resíduos podem ser os insumos de cadeias produtivas que minimizam o

impacto ambiental e geram trabalho e renda para uma comunidade

com pouca oferta de emprego.

Palavras-chaves: sustentabilidade, cadeias produtivas, design berço a

berço, comunidades

20, 21 e 22 de junho de 2013

ISSN 1984-9354

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1 Introdução

O termo sustentabilidade foi utilizado pela primeira vez no relatório da Brundtland

Commission intitulado "Nosso Futuro Comum” (Brundtland Commission, 1987) e adotado

pela World Commission on Environment and Development (WCED) das Nações Unidas

(UN), com a definição mais divulgada atualmente: “Desenvolvimento sustentável é o

desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer a habilidade das

gerações futuras de atender suas próprias necessidades”. A ideia tem base no conceito de eco-

desenvolvimento proposto nos anos 1970 por Maurice Strong e Ignacy Sachs, na First United

Nations Conference on the Environment and Development em Estocolmo (1972), que levou à

criação do United Nations Environment Programme - UNEP. Na visão de Sachs (1992;

O.T.A, 1992), adotada neste estudo, sustentabilidade é alcançada quando atende cinco

quesitos: 1) sustentabilidade social, que implica em construir uma sociedade mais equânime

em ganhos e distribuição de renda para minimizar a diferença entre os que têm tudo e os que

não tem nada; 2) sustentabilidade econômica, que implica na alocação e gestão mais eficiente

de recursos e investimentos; 3) sustentabilidade ambiental, que significa a manutenção do

capital natural, isto é, que a taxa de emissão de poluentes não exceda a capacidade do ar, do

solo e da água de absorvê-los e processá-los. Implica, portanto, no equilíbrio entre a taxa de

produção dos resíduos e as taxas de sua absorção ou regeneração pelos ecossistemas, implica

na manutenção da biodiversidade, da saúde, e da qualidade do ar, do solo e da água em níveis

capazes de manter a vida no planeta; 4) sustentabilidade espacial, que implica na configuração

rural/urbana mais balanceada e melhor distribuição territorial; 5) sustentabilidade cultural,

que implica em conscientização e educação, e requer modificações estruturais no atual estilo

de vida pós-industrial, que é insustentável, e implica na manutenção da diversidade de

culturas e de valores e na proteção das minorias, para soluções locais, especificas em termos

de ecossistema, cultura e região.

Este conceito de sustentabilidade é mais amplo que o Tripé da Sustentabilidade, triple bottom

line ou TBL (Elkington, 1999) que se tornou uma ferramenta para integrar sustentabilidade à

agenda empresarial equilibrando metas econômicas tradicionais (lucro ou profit), com as

preocupações sociais (pessoas ou people) e ambientais (ambiente ou planet), criando uma

nova dimensão do desempenho corporativo. O TBL é atualmente adotado como indicador de

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sustentabilidade que valora as ações das empresas nas bolsas de valores mundiais e, no Brasil,

na BOVESPA. Portanto, uma empresa que atue considerando o TBL pode ter um ganho que

se antes era considerado intangível, hoje é bastante tangível.

Este artigo apresenta uma alternativa para desenvolvimento sustentável de comunidades que

tem como base os cinco pilares de sustentabilidade e os conceitos de produção ZERI (Pauli,

1998) e de design “berço a berço” (Pauli, 1998; McDonough e Braungart, 2002) apresentados

na sequencia. Juntos, eles configuram um método de desenvolvimento sustentável de

produtos e processos, denominado Design Sociotécnico (Guimarães, 2010).

1.1. Modelo Zeri de cadeia produtiva

A Zero Emissions Research Initiative ou filosofia Zeri (Pauli, 1998) pode ser entendida como

uma visão sustentável de negócio, aplicável a cadeias produtivas, e é definida como:

“O conglomerado de atividades industriais através do qual subprodutos sem valor para um

negócio são convertidos em inputs de valor agregado para outro, possibilitando, desta forma,

o aumento da produtividade, a transformação global de capital, de mão-de-obra e matérias-

primas em produtos adicionais e na venda de serviços, a preços competitivos, resultando na

geração de postos de trabalho e na redução - e eventual eliminação - de efeitos adversos às

pessoas e ao meio ambiente” (Pauli, 1998 p.205). Os objetivos são (p.204): nenhum resíduo

líquido, nenhum resíduo gasoso, nenhum resíduo sólido; todos os inputs são utilizados na

produção; quando ocorre resíduo, ele é utilizado por outras indústrias, na criação de valor

agregado.

Os critérios de seleção da metodologia Zeri são (p. 216): avaliar o potencial para valor

agregado; estabelecer as necessidades de energia; determinar os investimentos de capital;

revisar as necessidades de espaço físico; calcular as oportunidades de criação de postos de

trabalho (upsizing).

O conceito Zeri transforma, então, a ideia de resíduo como lixo em matéria-prima nobre para

outro processo, como ocorre na natureza. Segundo Pauli (1998 p.96-97), “a espécie humana é

a única espécie na Terra capaz de gerar resíduo em grande quantidade. Já com as outras

espécies não importa quais resíduos ou excrementos sejam criados, pois sempre serão

utilizados: o resíduo de uma é aproveitado por outra. Além disso, estamos constantemente

produzindo coisas que ninguém quer ter ou comprar: dioxina, lama residual de metais

pesados, resíduo nucleares e componentes plásticos clorados. A indústria não respeita nem

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mesmo os princípios básicos do marketing, que prescrevem que ‘você somente produz o que o

seu cliente quer’. Ninguém quer resíduo. Há resíduos que são tóxicos, resultado de um

sistema de produção e tecnologia de processamento mal projetado. Há resíduos que são

simplesmente resultado da ignorância de alguns. É o caso bem documentado do homo não-

sapiens”.

1.2. Design berço a berço (cradle to cradle ou C2C)

Para dar um fim no conceito do resíduo e impulsionar o crescimento, desenvolvimento,

geração e regeneração do meio-ambiente, Pauli (1998) propõe a utilização da Ciência

Generativa e a “interpretação popular do conceito do ‘berço ao berço’ ao invés do errôneo

conceito do ‘berço ao túmulo’ ” (Pauli, 1997 p. 80), conforme Figura 1, conceito que também

é defendido por McDonough e Braungart (2002). No entanto, o conceito “berço ao túmulo” é

o que suporta o modelo de desenvolvimento desenfreado adotado até o momento pelos países

desenvolvidos. Os impactos ambientais carreados por tal modelo vêm sendo divulgados por

vários pesquisadores e tomou força, mais recentemente, por causa da divulgação, na mídia em

geral, sobre os efeitos no ambiente, principalmente o aquecimento global.

Nos EUA, 99% dos materiais utilizados na produção de bens são descartados nas seis

semanas seguintes às vendas (Nações Unidas, 1997 1 apud Kazazian, 2005). Além de

tornarem-se lixo quase que imediatamente, Pauli (1998) ressalta que um produto acaba por

conter, em média, apenas 5% da matéria-prima envolvida na sua fabricação. Às vezes o

próprio produto final dura muito pouco, pois a obsolescência planejada faz com que seja mais

barato comprar um produto novo ao invés de consertá-lo.

1 1Nações Unidas (1997) Mudança nos padrões de produção e consumo. Nota de informação da reunião de cúpula Planeta Terra+5, Nova York, 23-27 de junho de 1997.

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Figura 1 Processo ultrapassado de projeto de produto: do berço ao túmulo (à esquerda) e processo realimentativo

berço a berço (à direita)

Soluções do tipo incinerar o que sobrou, jogar tudo em um lago artificial e tratá-lo, apesar de

serem aceitas por lei, são denominadas de “fim-de-tubo” (end-of-pipe), pois são reativas, com

o único objetivo de atender às questões legais vigentes sem questionar as causas geradoras.

Sem uma análise de causas, e com a adoção de medidas paliativas ou temporárias, a empresa

fica suscetível à reincidência do problema que pode ocorrer periodicamente implicando em

custos adicionais. O pior de tudo é que não resolvem o maior problema que é a geração de

resíduo: o importante não é dar fim no mesmo mas, sim, não gerá-lo. Por trás deste modelo,

fica a questão da irresponsabilidade quanto ao que se está colocando no planeta em termos de

produtos e resíduos; e de riqueza e miséria.

Em termos de sustentabilidade aplicada ao design de produtos, McDonough e Braungart

(2002) consideram que existem dois metabolismos fundamentais no mundo: um é o biológico

ou seja, os produtos deverão ser projetados para retornar ao ciclo orgânico, para serem

literalmente consumidos de forma segura por microrganismos e outras criaturas no solo, e o

outro é técnico, ou seja, voltam para a indústria.

Com base nesta abordagem, uma concepção “verde” ou melhor, sustentável, é o produto

concebido do “berço a berço” levando em consideração os recursos naturais locais e as

necessidades também locais, em um sistema produtivo ZERI, conforme a proposta do método

Design Sociotécnico, descrito a seguir.

2 Método

Design Sociotécnico ou DS (Guimarães, 2010) para projetos de produtos e processos é um

método que contempla a gestão participativa de recursos, o conceito berço a berço e a

filosofia Zeri para o desenvolvimento de cadeias produtivas, e os cinco pilares da

sustentabilidade.

Produtos desenvolvidos de acordo com o DS focam o uso por uma ou mais pessoas com um

tempo de vida o mais longo possível. Nesta concepção, o projeto é feito para necessidades de

pequenos grupos, e não para a massa, para conseguir atender às necessidades dos diferentes

públicos. No geral, o foco está na sociedade e, não, no indivíduo.

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De qualquer forma, como em algum momento um produto ficará obsoleto (técnica ou

esteticamente), ele é projetado para reassumir outra forma ou outra função como um novo

produto. Quanto mais este ciclo se repetir, mais “verde” ou sustentável é o projeto. Ressalta-

se, portanto, que ele só pode ressurgir como outro produto sustentável se ele for pensado para

ser facilmente desmontável e montável, usando, por exemplo, as técnicas de Design para

Montagem ou DfA (detalhado em Boothroyd e Alting, 1992), Design para Desmontagem ou

DfD (Dewhurst 1992, Boothroyd e Alting 1992) e Design para Reciclagem ou DfR (Crow,

2002). O produto no DS é considerado em todo seu ciclo de vida: obtenção da matéria-prima,

manufatura, embalagem, uso e deposição, em um sistema produtivo que use um mínimo de

recursos e não gere resíduos, não altere o ecossistema e não imponha nenhum dano aos seres

humanos envolvidos na sua produção e uso.

As premissas do Design Sociotécnico são:

• detalhar a prática do estabelecimento de necessidades dos usuários. Esta fase independe do

marketing, pois os usuários em foco são a maioria da população sem grande poder de compra,

que não é alvo do marketing. Esta população ou tem um mínimo de condições para pagar por

soluções adequadas (e, portanto, dentro do orçamento desta população) ou, quando não tem

dinheiro algum, deveria ter acesso por meio dos órgãos públicos responsáveis;

• enfocar o projeto dentro da concepção ZERI ampliada. Apesar da geração de empregos ou

“upsizing” ser um dos pilares do conceito Zeri, Pauli (1998) não enfatiza a questão da

qualidade do trabalho por trás dos empregos gerados. O DS amplia esta visão de upsizing,

incluindo também a qualidade de vida desta população. Neste âmbito, espera-se melhorar os

índices de desenvolvimento humano por meio de instrumentos sociais e econômicos de gestão

do meio ambiente e dos recursos naturais e humanos segundo equações de menor custo e

máximo benefício ambiental e social.

• enfocar o produto do “berço a berço” não só sob o ponto de vista ambiental mas, também, o

social, o que é um diferencial em relação às propostas de design sustentável que tendem a

focar no ambiente e não no social. Os parâmetros básicos do DS são o atendimento das

necessidades básicas da população, geração de trabalho e renda para ela, e o fim do resíduo

para a regeneração do meio-ambiente.

• considerar todos os usuários de um dado sistema, que são quatro: três humanos (o usuário

primário, o intermediário e o final) e o quarto, o meio ambiente, em que vivem não só os seres

humanos mas todos os outros seres do planeta. Usuário primário é aquele envolvido no ciclo

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de produção, o intermediário é aquele envolvido no ciclo de manutenção e logística, e o

usuário final é quem usa o produto;

• considerar estes quatro usuários em três ciclos que compõem o ciclo de vida do produto: o

ciclo de produção, o ciclo de uso e o ciclo de manutenção e logística;

• considerar estes quatro usuários nos quatro subsistemas do sistema sociotécnico (Hendrick e

Kleiner, 2001): subsistema pessoal, tecnológico, de projeto de trabalho e do ambiente externo.

3. O Design Sociotécnico na concepção de cadeias produtivas e

comunidades sustentáveis

Apesar da ideia de cadeias remeter diretamente a fábricas tradicionais, uma cidade também

pode ser considerada uma fábrica, ou um conglomerado de várias fábricas que podem formar

uma cadeia produtiva. Toda cidade tem algum tipo de matéria-prima local, nem sempre

aproveitada; ela processa vários produtos (principalmente para alimentação) e gera resíduo.

Para progredir, uma cidade precisa oferecer algum tipo de desenvolvimento para que as

pessoas sobrevivam nela (Haixiao, 2013) ou então acontece o êxodo para localidades mais

prósperas. Portanto, a vitalidade econômica é muito importante, e para que a cidade seja

sustentável, esta vitalidade deve ter baixo impacto ambiental. As cidades precisam ser mais

ricas já que há necessidade de investimento para produzir uma cidade sustentável. Geralmente

ela se paga com o tempo, mas existe um custo inicial. A cidade sustentável do futuro será

provavelmente uma que tem sucesso econômico (Abruzzese, 2013).

O Danish Architecture Center (2011 b) mostra vários cases de cidades sustentáveis, de acordo

com onze parâmetros: 1) plano geral, 2) edificação, 3) economia, 4) responsabilidade social,

5) educação, 6) saúde, 7) energia, 8) alimentos, 9) transporte, 10) lixo e 11) a quantidade de

“verde” que a cidade oferece. Oito destes (economia, responsabilidade social, educação,

saúde, alimentos, transporte, lixo e a quantidade de “verde”) são passiveis de implementação

sem custos elevados, e foram discutidas com os cidadãos de Palmares do Sul, para

implementação de forma participativa.

4. Aplicação do método Design Sociotécnico na cidade de Palmares do Sul

O objetivo maior do projeto em desenvolvimento na cidade de Palmares do Sul, estado do Rio

Grande do Sul, foi mostrar a viabilidade técnica e econômica do desenvolvimento sustentável

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(social, cultural, ambiental, espacial e econômico) de pequenas comunidades, a partir da

implantação de cadeias produtivas utilizando insumos considerados resíduos, para a redução

de impacto ambiental (sustentabilidade ambiental), melhoria da qualidade de vida e inclusão

social (sustentabilidade social), geração de trabalho e renda (sustentabilidade econômica)

mantendo a característica rural a reduzindo o êxodo para as regiões urbanas (sustentabilidade

espacial). Os resíduos locais devem dar origem a produtos com características regionais

valorizando a cultura local (sustentabilidade cultural).

A comunidade de Palmares do Sul tornou-se o cenário de estudo, após 5 anos de tentativas em

outras cidades próximas de Porto Alegre. As cidades prováveis foram elencadas por meio de

acesso facilitado por estudantes do curso de Pós-graduação em Engenharia de Produção da

UFRGS. O contato era geralmente mediado por aluno junto à prefeitura de sua cidade. Isto,

porque os alunos vislumbravam uma possibilidade de melhoria da cidade, por meio do projeto

que foi intitulado “Fabrica da Inclusão”. O que acontecia é que nem sempre o projeto seguia

adiante, por causa de questões politicas: ou o prefeito prometia mas não cumpria, ou havia

sempre uma demanda mais importante, ou porque não havia dinheiro, ou porque uma dada

solução dependia de outros stakeholders que não apoiavam o governo, etc. Em uma das

cidades, após 3 anos de pesquisa, houve mudança de prefeito que não deu prosseguimento ao

projeto porque ele era por demais participativo. A comunidade não tinha sido colocada a par

do projeto.

Estas experiências levaram à busca de uma outra comunidade, de acordo com os seguintes

parâmetros, para não desperdiçar anos de pesquisa apoiada pelo CNPq: 1) a comunidade

deveria ser economicamente dependente da rizicultura; 2) deveria ter problemas de poluição

de rio.

Foi feito então contato com a prefeitura da cidade de Palmares do Sul, RS, que preenchia os

requisitos. Para que o projeto não ficasse restrito à prefeitura, foi feito contato informal com

os cidadãos que estavam nos restaurantes e praças da cidade, assim como com os lideres

locais (pescadores e quilombolas), antes mesmo da reunião com o prefeito. A EMATER-

Palmares do Sul foi relevante para conscientização do projeto na cidade.

O primeiro contato formal com a comunidade de Palmares do Sul para troca de conhecimento

foi feito no “curso de educação ambiental com foco na implantação da coleta seletiva”, dado

por quatro integrantes da equipe de pesquisa da universidade. Participaram 32 pessoas da

comunidade (sendo 22 mulheres) entre estes, professores e representantes do governo

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municipal. O curso foi desenvolvido em abril de 2009, durante quatro sessões semanais

totalizando 16 horas. Na primeira sessão, foi apresentado o projeto “Fabrica da Inclusão” e as

alternativas discutidas com os participantes.

O Município de Palmares do Sul está localizado a 73 Km de Porto Alegre, capital do Rio

Grande do Sul e conta com uma população de pouco mais de 10 mil habitantes. Conforme o

depoimento dos moradores, Palmares do Sul é uma cidade com poucas oportunidades de

emprego (que se concentram nas fazendas de plantio de arroz, na cooperativa de

beneficiamento de arroz e no setor de serviços, em poucos bancos, escolas, pequeno comercio

etc.) e lazer, o que faz com que os mais jovens vão para Porto Alegre ou outras cidades

próximas. Muitos deles foram expulsos do campo em função da mecanização da lavoura de

arroz e não têm outra capacitação. No entanto, além de arroz, a região conta com rebanho de

ovelhas Texel (apenas para obtenção de carne) e agricultura de pequenos produtores. Estas

atividades geram resíduos e/ou produzem menos do que poderiam. A Tabela 1 resume os

insumos disponíveis na cidade e o que pode ser impulsionado para geração de mais trabalho e

renda e redução de resíduos.

Tabela 1 Insumos disponíveis na cidade de Palmares do Sul, RS, destino atual e destino proposto, por tipo de

metabolismo processador

Origem Insumo Destino atual Metabolismo de processamento

técnico orgânico

Coleta seletiva Material orgânico Aterro sanitário/rio Adubo de permacultura e espirais de ervas

Óleo de cozinha Pia da cozinha/esgoto

Combustível; Sabão

Vidro Aterro sanitário/rio Vidro contendores para produção local

Papel Aterro sanitário/rio Polpeamento

Plástico Aterro sanitário/rio Peletizacao

Alumínio Incerto Venda

Metal Incerto Venda

Rizicultura Casca de arroz 60% combustível; 40% incerto

Celulose; Sílica; Carvão ativado

Quirera de arroz Venda como arroz de segunda categoria e para ração

Alimentos na comunidade

Farelo de arroz Venda para ração Alimentos na comunidade

Ovinos Texel Lã Enterrado Vestuário; Embalagem

Couro Enterrado Calçados

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Considerando a realidade local, as seguintes oportunidades de negócios foram levantadas:

produção de alimentos a partir de insumos da rizicultura agregados à produção de agricultores

locais, permacultura e espirais de ervas; celulose, sílica, carvão a partir de resíduos da

rizicultura; produção de vestuário de lã e produção de sapatos e afins de couro ovino Texel;

produção a partir de insumos da coleta seletiva. Mais detalhadamente, as seguintes cadeias

produtivas podem ser desenvolvidas:

1) Cadeia de processamento de insumos da rizicultura

1a) Quirera e principalmente o farelo de arroz (vendido a preço baixo para a produção de

ração) podem voltar ao metabolismo técnico para produção de alimentos, com maior valor

agregado. É interessante notar que apesar do Brasil ser o 9o produtor mundial de arroz (e o

Rio Grande do Sul, o maior produtor Brasileiro), o uso de farinha de arroz para produção de

alimentos é modesto quando comparado com a farinha de trigo que é importada (o Brasil

importa 80% do que consome). O arroz tem alto valor nutricional, baixo índice glicêmico e,

por não conter glúten, é indicado para pessoas com restrição alimentar, como os celíacos.

Portanto, o incentivo do uso de farinha de arroz é interessante para o pais.

Além de utilizar os produtos plantados pelos agricultores locais (e aumentar a produção

significa aumentar os lucros para a comunidade), esta iniciativa de produção de alimentos a

base de arroz inclui a manutenção da permacultura e de espirais de ervas para a preparação de

pães, bolos, doces, compotas geleias, conservas etc., a serem distribuídos nas escolas da

comunidade e/ou vendidos. O material orgânico recolhido na coleta seletiva poderá ser

reprocessado no metabolismo orgânico, como material para adubo a ser utilizado na

permacultura e/ou espiral de ervas. Estas iniciativas aumentam a quantidade de verde na

comunidade.

1b) Cadeia de palha e de casca de arroz para produção de celulose, energia, sílica e carvão. A

palha é geralmente deixada no campo, e parte da casca produzida (60%) é utilizada como

biomassa para a aquecimento da agua na produção de arroz parbolizado. 40% da casca pode

então ser reaproveitada em outros sistemas: por exemplo, celulose para embalagem, cerâmica,

obtenção de sílica, carvão ativado etc. A casca de arroz poderá ser utilizada como energia na

secagem de chás plantados por quilombolas. No momento, eles usam lenha no forno de

secagem. O carvão residual pode ser utilizado como adubo ou para purificação de água.

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A celulose pode ser utilizada em embalagens e palmilhas na indústria calçadista. O Rio

Grande do Sul é o maior cluster de calçados no mundo e o 3o maior exportador. Produz 800

milhões de pares de calçados por ano (ABICALÇADOS, 2013), o que significa o consumo de

mesma quantidade de caixas de papelão, proteção de calçados e palmilhas. A utilização de

casca de arroz significaria um uso para a casca que não tem utilização atualmente, e a não

utilização de papel (ou seja, a redução de árvores abatidas). Está em discussão uma parceria

entre o setor calçadista e a comunidade de Palmares do Sul para instalação de uma fábrica de

embalagens e palmilhas na comunidade. Esta iniciativa significa a geração de trabalho e

renda, ganhos econômicos e ambientais para a região e para a região calçadista.

A disponibilidade de matéria-prima de arroz é apresentada na Tabela 2.

Tabela 2 Produção de arroz (safra 2003/04) Fonte: Adaptado de CONAB (2006) e Relação: Beneficiamento de

arroz / geração de casca de arroz e palha no Rio Grande do Sul (safra 2001/02) e Palmares do Sul Fonte:

Adaptado de Arroz Brasileiro (2006) e http://www.riogrande.com.br/palmares_do_sul-2006_arroz-o28659-

en.html

Produção dearroz

(toneladas)

Beneficia-mento dearroz

(toneladas)

Produção dequirera dearroz

(toneladas)

Produção defarelo dearroz

(toneladas)

Produção decasca dearroz

(toneladas)

casca dearrozcarbonizada

Produção depalha dearroz

(toneladas)

Preco porsaco 50 kgR$ 25,61

Preco porsaco 30 kgR$ 39,32 ou1,30 kg

Preco por kgR$ 0,80

Preco por kgR$ 0,07

Preco por kgR$ 0,07

Preco por kgR$ 0,40

Preco por kgR$ 0,07

Brasil (2006)12,830.000

RS(Irga, 2009)

6.784.236 3.800.000 4.409.753 10.000 760.000 5.430.000

Palmares do

Sul(Irga, 2009)

119.639 41.874 77.765 176 10.647 95.757

CooperativaArrozeiraPalmares(Irga, 2009)

76.894 26.913 49.981 113 6.846 61.544

Disponivel/dia 137 ton/dia 309 kg/dia 19 ton/dia 168 ton/dia

2) Cadeia de insumos de ovelhas Texel. O

gado Texel é criado apenas para a

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comercialização da carne. Como a pele e a lã

não tem valor comercial, elas são enterradas.

2a) Uma amostra de lã Texel foi lavada e fiada

e testes mostraram que ela é aproveitável no

metabolismo técnico. Como a lã não é macia,

ela pode ser utilizada em tapetes, bolsas,

sacolas, fio e cadarços. A sobra da lã não

aproveitável foi feltrada e este material pode

servir para confecção de palmilhas, bolsas,

sacolas e tapetes.

2b) Uma amostra de couro de ovelha Texel foi

tratado em processos de baixo impacto

ambiental (com tanino de acácia) e alguns

modelos de sapatos para distribuição em

escolas públicas foram desenvolvidos,

considerando o DfA e o DfD. Os sapatos não

tem cola mas apenas um tipo de costura que se

desfaz quando se corta o nó. Assim, depois de

usados, estes sapatos podem ser recolhidos nas

escolas para retornar ao metabolismo técnico

(i.e., as partes podem ser reaproveitadas em

um outro sapato ou derivados) ou ao

metabolismo orgânico (quando não

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reaproveitáveis, as partes podem ser picadas e

incorporadas ao solo).

A implantação de uma fábrica de produtos de

lã e couro depende: a) da aquisição de

máquinas/equipamentos; b) da instalação de

máquinas/equipamentos; c) do treinamento de

pessoal.

3) Cadeia para fabricação de produtos com insumos da coleta seletiva, que não depende de

muito investimento. Esta iniciativa parte do princípio que não há razão para gastar em

transporte (pessoal, combustível, poluição nas ruas e ameaça à saúde dos cidadãos) de

material misturado para ser separado, depois, por catadores, em condições desumanas. Para

eliminar os custos e problemas ambientais, além de gerar trabalho e renda, o lixo da

comunidade deverá ser separado e limpo pelos próprios cidadãos que serão pagos pela entrega

do material limpo e separado. A coleta deverá segregar: vidro, óleo de cozinha (para

combustível do transporte coletivo e posterior fabricação de sabão) e material orgânico: borra

de café e mate podem ser utilizados no tingimento de roupas; dejetos de alimentos podem ser

processados pelo metabolismo biológico em composteiras para geração de matéria-prima para

a permacultura, espirais de ervas, plantio de arvores etc. Os demais insumos (plástico, papel,

ferro, alumínio), também separados, serão inicialmente vendidos para que o dinheiro financie

a coleta seletiva. Mais tarde, quando houver um mínimo de infraestrutura fabril, eles podem

ser processados na comunidade, gerando trabalho e renda. Apenas os resíduos não

aproveitáveis (material do banheiro, estimado em 1% do total) seriam enviados para aterro

sanitário, significando redução de custos para a prefeitura e de impacto para o meio ambiente.

As características dos resíduos sólidos variam em função das características sociais,

econômicas, culturais, geográficas e climáticas de uma comunidade/cidade. A Tabela 3

apresenta a variação da composição dos resíduos urbanos em países desenvolvidos e em

desenvolvimento, de acordo com o estudo de Monteiro et al. (2008). A percentagem de

matéria orgânica tende a diminuir em países desenvolvidos, provavelmente devido à grande

quantidade de alimentos pré-preparados no mercado destes países.

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Tabela 3 Composição gravimétrica dos resíduos urbanos (%) em quarto países, de acordo com Monteiro et al. (2008)

Componente Brasil Alemanha Holanda EUA

matéria orgânica 65,0 61,2 50,3 35,6 vidro 3,0 10,4 14,5 8,2 metal 4,0 3,8 6,7 8,7 plástico 3,0 5,8 6,0 6,5 papel 25,0 18,8 22,5 41,0

Apesar do percentual de material do lixo doméstico variar dependendo da população, foi feita

uma estimativa do que pode ser esperado em Palmares do Sul, com base no estudo de

Monteiro et al. (2008) e no de Silva (2006) feito na região central e periférica da cidade de

União dos Palmares, em Alagoas. O total não soma 100% pois 21.4% pode ser classificado

como “outros”. A Tabela 4 apresenta o valor de cada material, no Rio Grande do Sul, de

acordo com o CEMPRE (2013), e o valor de arrecadação total esperado, por material,

considerando uma geração média de 500 gramas por habitante/dia, e 500 pessoas envolvidas

(ou seja, um montante de 250 kg de lixo por dia) em um total de 100 famílias na comunidade.

Desconsiderando a venda do vidro (que tem baixo valor e poderá ser então reusado como

matéria prima em uma fábrica de vidro) as 500 pessoas (ou 100 famílias) teriam um ganho de

R$ 40,33/dia ou R$ 1209,90/mês, significando um ganho de R$ 0,40/família/dia ou R$

12,10/família/mês com a venda do material para reciclagem. Ressalta-se que este é um

cenário hipotético, pois é necessário o levantamento e a caracterização do lixo da

Comunidade e o número de pessoas participantes para se ter os dados corretos.

Tabela 4 Tempo médio de decomposição, percentagem e quantidade de material esperado no lixo doméstico de 500

pessoas e valores de venda de material no Rio Grande do Sul (Porto Alegre)

P = prensado L = limpo

*Preços da tonelada, em R$, praticados por programas de coleta seletiva, de acordo com CEMPRE (2013)

(http://www.cempre.org.br/serv_mercado.php) ** A soma exclui os vidros (que serão reutilizados)

Considerando o custo fixo inicial calculado em R$ 1782,00, e a expectativa de captação de R$

40,15/dia com a venda dos produtos da coleta seletiva, a despesa seria paga nos primeiros 44

dias. Após, para que o sistema de coleta seja autossustentável e gere lucro a ser dividido na

Material da coleta seletiva

Tempo médio de decomposição

% esperado

Kg/dia Valor* (R$)

Total/dia (R$)

Benefícios

1) papelão 3 a 6 meses 5.5 13,75 280 PL 3,85 Reciclagem (redução de impacto ambiental) e ganhos financeiros para a Comunidade

2) papel branco 3 a 6 meses 5.5 13,75 430 PL 5,91

3) lata de aço até 450 anos 4.6 23,00 130 PL 2,99

4) alumínio 100 a 500 anos 1.0 5,00 2450 P 12.25

5) vidro incolor indeterminado 1.5 3,75 50 0,18

6) vidro colorido indeterminado 1.5 3,75 -

7) plástico rígido até 450 anos 1.0 5,00 510 P 2.55

8) PET até 450 anos 1.0 5,00 1650 P 8,25

9) plástico firme até 450 anos 1.0 5,00 700 P 3,50

10) TetraPak até 450 anos 1.0 5,00 170 P 0,85

11) matéria orgânica 3 a 6 meses 55.0 137,5

Total esperado de arrecadação (em R$), por dia, para 100 famílias 40,15**

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comunidade participante, a captação de recursos deve ser, no mínimo de R$ 42,60/dia, para

pagar 2 funcionários envolvidos na coleta. A partir deste montante, os recursos financeiros

começam a ser suficientes para serem divididos na comunidade.

Em geral, o óleo de cozinha é descartado na pia, sendo que cada litro de óleo de cozinha pode

contaminar mais de 25 mil litros de água (Sabesp, 2010). A Sabesp (2010) estima que, no

Brasil, 1,2 milhões de litros de óleo são descartados dos quais apenas 2.5 % são reciclados.

Além da pia, o óleo é descartado em terrenos baldios ou no lixo, acarretando três fins

desastrosos: 1) permanece retido no encanamento, causando entupimento das tubulações se

não for separado por uma estação de tratamento e saneamento básico; 2) se não houver um

sistema de tratamento de esgoto, acaba se espalhando na superfície dos rios, dos lagos e das

represas, causando danos à fauna aquática; 3) fica no solo, impermeabilizando-o e

contribuindo com enchentes, ou entra em decomposição, soltando gás metano durante esse

processo, causando mau cheiro, além de agravar o efeito estufa e redução da camada de

ozônio.

O maior custo de uma fábrica de vidro artesanal é o forno (em torno de R$ 300 mil) mas o

investimento se paga pela geração de trabalho imediato e, principalmente, pelo potencial

como atração turística, que resulta em divisas para toda a cidade. Os produtos da fábrica de

vidro podem ser utilitários (potes para os chás da espiral de ervas, e geleias, doces, conservas

etc. produzidos pela comunidade) e de decoração para venda ao público em geral. A produção

de vidros seria uma inovação para a comunidade e uma forma de impulsionar o artesanato

local que pouco a pouco foi perdendo força. Eles desenvolviam principalmente cestaria com

as fibras locais mas a associação de artesãos foi fechada. A introdução de artesanato em vidro,

couro, lã e também a produção de alimentos com material local poderia ser um incentivo para

retomada do artesanato, fomentando a sustentabilidade cultural. Os diversos produtos a serem

fabricados seriam desenvolvidos com a comunidade.

Cabe ressaltar que o plástico, papel, ferro e alumínio que foram inicialmente previstos para

venda tendo em vista o alto investimento para seu processamento, podem gerar novas cadeias,

ao se considerar que eles podem ser beneficiados antes da venda. Por exemplo, o plástico

pode ser picado e peletizado agregando valor. O papel pode ser polpeado. Desta forma, mais

pessoas podem ser incluídas e maior é a geração de trabalho e renda. Além do mais, a ideia da

coleta pode ser otimizada se for considerada não apenas uma cidade, mas várias cidades

próximas participando do sistema. Desta forma os insumos aumentam, e por conseguinte os

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ganhos por um maior numero de pessoas. Delineia-se, então, o que pode ser considerado um

consórcio de insumos, que teria as seguintes características: cada cidade seria responsável

pelo processamento de cada um dos insumos: uma pelo vidro, outra pelo óleo de cozinha,

outra pelo papel, outra pelo plástico, outra pelos metais. Apenas o material orgânico seria

processado por cada cidade, tendo em vista o volume esperado (material orgânico é o resíduo

mais volumoso de qualquer cidade) o que onera o transporte. O lixo sanitário, ao invés de ser

enviado para um aterro, poderia ser direcionado para uma outra cidade onde estaria instalada

uma usina de processamento de lixo.

Para que o consórcio aconteça, é necessário um planejamento de quantas cidades serão

envolvidas e qual cidade ficaria encarregada de que processamento. Os lucros seriam

divididos entre todas as cidades participantes. Para a delimitação geográfica do consórcio, é

preciso identificar: 1) número de habitantes envolvidos; 2) distância entre cidades para

otimização do transporte, considerando que o consórcio deve formar uma cadeia ZERI.

Outra iniciativa relacionada ao lixo da cidade diz respeito à conscientização para a não

poluição do rio. Principalmente os pescadores que vivem à beira do rio serão orientados para

a não deposição de lixo no rio e a despoluição do rio Palmares, utilizando plantas aquáticas

(aguapés). Depois de usadas, os aguapés servem como alimento para animais (principalmente

equinos).

A Figura 2 apresenta um esquema das cadeias identificadas. Outras cidades foram

incorporadas porque produzem insumos a serem utilizados. Por exemplo, a argila que é

resíduo da mineração de carvão em Charqueadas poderia ser agregada à casca de arroz para

produção cerâmica. Camaquã e a região da campanha são grandes produtores de arroz que

podem fornecer mais quirera/farelo e casca para aumentar a produção. Santana do Livramento

tem uma cooperativa para lavagem de lã que pode ser utilizada até ser instalada uma

lavanderia em Palmares do Sul. Bento Goncalves e toda a região de vinícolas pode fornecer

resíduos de uva para obtenção de tanino para curtimento de couro. Está sendo considerado,

também, o resíduo da fibra de linho, da região de Guarani das Missões, que é descartado já

que o interesse comercial recai apenas na semente para fabricação de óleo de linhaça.

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Figura 2 Esquema das cadeias ZERI identificadas: resíduos de um processo são matéria-prima de outros

Cabe destacar que estas iniciativas estão alinhadas com a política de Ciência, Tecnologia e

Inovação para o Desenvolvimento Nacional, Programa Tecnologias para o Desenvolvimento

Social e Desenvolvimento Regional com Enfoque em Desenvolvimento Local-APL do

Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação (Brasil, 2013) e a Politica Nacional de

Resíduos Sólidos (Brasil, 2010). As propostas resultantes destes projetos foram discutidas

com o prefeito e representantes da população da cidade de Palmares do Sul, e uma Associação

de Moradores foi formada para obtenção de recursos para a implementação do projeto.

Em 2012, tendo em vista a não obtenção de recursos para a implantação das cadeias, foi

iniciada a coleta seletiva nas 6 escolas da cidade, conforme proposto pelos participantes do

curso. Professores, estudantes e seus familiares foram instruídos a separar, lavar e entregar,

nas escolas, os recicláveis (plástico, papel, ferro alumínio) que são separados em 4 big bags

(reusados da rizicultura local). Os catadores locais aderiram ao projeto e estão fazendo a

coleta 3 vezes por semana. As escolas estão sendo pagas pelo material limpo e separado

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entregue aos catadores. No momento, o material está sendo vendido e o dinheiro arrecadado

dividido entre os catadores e as escolas. Cada escola está dando um uso diferente para o

dinheiro arrecadado. O óleo está sendo entregue, gratuitamente, a um intermediário, mas

assim que for adquirido um veiculo de transporte para a comunidade, a entrega do óleo será o

passaporte para uso gratuito do transporte coletivo, já que os cidadãos estariam fornecendo o

material para combustível.

Ter iniciado apenas a coleta seletiva mostra a dificuldade de implantação de projetos de cunho

sustentável. As propostas são viáveis, o pais precisa deste tipo de iniciativa para

desenvolvimento de pequenas cidades que não tem o mínimo para manter seus habitantes em

condições que satisfaçam suas necessidades. A implementação das cadeias propostas reduz o

impacto no meio ambiente, gera trabalho e renda para usuários primários e intermediários, e

agregam valor ao produto a ser utilizado pelo usuário final. Os cidadãos são interessados,

participam do projeto e ficam tão decepcionados quanto os pesquisadores, quando não se

consegue a implantação. Contatos para viabilização do projeto foram feitos com bancos,

empresas e órgãos públicos. No entanto, a colocação em prática destas iniciativas depende

mais de vontade política e comprometimento do que financiamento. O projeto como um todo

tem característica de inovação. No entanto, apesar da inovação ser um assunto em voga no

momento, não há interesse, de modo geral, em fomentá-la, provavelmente porque mudanças

são difíceis, sendo mais confortável manter um sistema do jeito que sempre foi, mesmo que

ele seja insustentável.

Ressalta-se a importância do projeto no que tange a relação entre a academia, o setor

empresarial e a sociedade, por meio da interação entre pesquisadores, empresas, órgãos

públicos e a comunidade. Esta integração tem permitido a troca de informações técnicas de

forma que as cadeias se desenvolvam e se consolidem, e espera-se que a comunidade não

dependa de tanta intervenção da universidade no futuro. Dentre os conhecimentos que a

academia pode repassar destacam-se: custeio das cadeias, apoio no desenvolvimento e

comercialização de produtos, desenvolvimento de novos produtos e estabelecimento de

marcas com cunho social e ecológico, melhoria e agregação de valor aos produtos, redução de

impactos ambientais e implementação de sistemas e parcerias para a certificação de produtos.

Conclusão

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Este artigo apresentou uma proposta para desenvolvimento sustentável de comunidades,

considerando os conceitos de sustentabilidade, a abordagem berço a berço (C2C), a filosofia

Zeri para o desenvolvimento de cadeias produtivas e a gestão participativa de recursos

regionais, principalmente aqueles considerados resíduos. O exemplo foi tomado na cidade de

Palmares do Sul, RS, onde se projetou um sistema piloto autossustentável e inclusivo,

utilizando resíduos locais (principalmente resíduos da rizicultura e pele/lã de gado ovino

Texel e da coleta seletiva do lixo da cidade) como matéria-prima para produtos de amplo

impacto social para a região.

Os materiais da coleta seletiva de processamento mais oneroso (plástico, papel, ferro,

alumínio) estão sendo vendidos mas a médio/longo prazos podem ser pré -beneficiados

gerando maior valor agregado além de trabalho e renda. O óleo de cozinha pode ser utilizado

como combustível no transporte público e, depois de usado, na fabricação de sabão. O vidro,

que não tem valor comercial, foi projetado para utilização em uma fábrica de vidro reciclado a

ser instalada na cidade, e o resíduo orgânico da cozinha projetado para compostagem e

servirem de nutrientes para a permacultura e/ou espirais de ervas, os quais, junto com a

plantação local de frutas, legumes e ervas e a quirera /farelo de arroz das arrozeiras locais

poderão ser utilizados em uma fábrica de alimentos. A casca de arroz pode ser utilizada na

manufatura de celulose (embalagens), sílica e carvão ativado. Os resíduos de couro e lã do

gado ovino Texel foram projetados para confecção de vestuário (sapato e roupas serão

tingidos com borra de café e mate), sacolas, mantas etc. que podem refletir a cultura da região

fomentar o artesanato local que foi desestimulado.

Apesar de não ter sido implementado, por falta de recursos financeiros, o projeto na cidade de

Palmares do Sul teve como objetivo maior mostrar a viabilidade de transformação de uma

comunidade em um ambiente sustentável, menos poluído, mais bonito, saudável e com

geração de trabalho e renda. A relevância do projeto proposto reside: 1) na fabricação de

produtos com valor socioambiental agregado; 2) na redução do impacto ambiental

(sustentabilidade ambiental): resíduos e o lixo tradicional são nocivos à saúde dos seres

humanos e do meio-ambiente; 3) na geração de trabalho e de recursos financeiros

(sustentabilidade econômica) para uma comunidade carente (sustentabilidade social) que

assim, pode tirar seu sustento da região sem ter que buscá-lo nas zonas urbanas

(sustentabilidade espacial); 4) na valorização da cidadania por meio de gestão participativa,

divisão de renda, educação socioambiental e preservação da cultura da comunidade

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(sustentabilidade cultural). Em termos acadêmicos, ficou clara a importância de pesquisas

com resíduos para a sustentação de cadeias produtivas e geração de trabalho e renda,

reduzindo o êxodo e os impactos ambientais. O projeto mostrou que é fácil engajar a

comunidade mas muito difícil obter os recursos para implementação de alternativas que,

apesar de não serem economicamente custosas, são politicamente desafiantes.

Agradecimentos

Esta pesquisa foi desenvolvida com recursos do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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