A Industria Do Petroleo

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A Indústria de Petróleo e Energia, a Petrobras e o papel do operador 1 CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E ENERGIA, A PETROBRAS E O PAPEL DO OPERADOR

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A Indústria de Petróleo e Energia, a Petrobras e o papel do operador

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CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA

A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E ENERGIA, A PETROBRAS EO PAPEL DO OPERADOR

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CURITIBA2002

A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO EENERGIA, A PETROBRAS E O PAPEL DO

OPERADORAUTORIA E SELEÇÃO DE TEXTOS: MÁRIO NEWTON COELHO REIS

EQUIPE PETROBRAS

Petrobras / Abastecimento

UN´S: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC, RECAP, SIX, REVAP

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MóduloA Indústria de Petróleo e Energia

Ficha Técnica

UnicenP – Centro Universitário PositivoOriovisto Guimarães

(Reitor)José Pio Martins

(Vice Reitor)Aldir Amadori

(Pró-Reitor Administrativo)Elisa Dalla-Bona

(Pró-Reitora Acadêmica)Maria Helena da Silveira Maciel

(Pró-Reitora de Planejamento e AvaliaçãoInstitucional)

Luiz Hamilton Berton(Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa)

Fani Schiffer Durães(Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa)

Euclides Marchi(Diretor do Núcleo de Ciências Humanas e

Sociais Aplicadas)Helena Leomir de Souza Bartnik

(Coordenadora do Curso de Pedagogia)Marcos José Tozzi

(Diretor do Núcleo de Ciências Exatas eTecnologias)

Antonio Razera Neto(Coordenador do Curso de Desenho Industrial)

Maurício Dziedzic(Coordenador do Curso de Engenharia Civil)

Júlio César Nitsch(Coordenador do Curso de Eletrônica)

Marcos Roberto Rodacoscki(Coordenador do Curso de Engenharia

Mecânica)Mário Newton Coelho Reis

(Autor)Marcos Cordiolli

(Coordenador Geral do Projeto)Iran Gaio Junior

(Coordenação Ilustração, Fotografia eDiagramação)

Carina Bárbara R. de OliveiraJuliana Claciane dos Santos

(Coordenação de Elaboração dos MódulosInstrucionais)

Érica Vanessa MartinsIran Gaio Junior

Josilena Pires da Silveira(Coordenação dos Planos de Aula)

Luana Priscila Wünsch(Coordenação Kit Aula)

Carina Bárbara R. de OliveiraJuliana Claciane dos Santos(Coordenação Administrativa)

Claudio Roberto PaitraMarline Meurer Paitra

(Diagramação)Marcelo Gamaballi Schultz

Pedro de Helena Arcoverde Carvalho(Ilustração)

Cíntia Mara R. Oliveira(Revisão Ortográfica)

Contatos com a equipe do UnicenP:Centro Universitário do Positivo – UnicenP

Pró-Reitoria de ExtensãoRua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza 5300

81280-320 Curitiba PRTel.: (41) 317 3093Fax: (41) 317 3982

Home Page: www.unicenp.bre-mail: [email protected]: [email protected]

Contatos com a Equipe da Repar:Refinaria Presidente Getúlio Vargas – Repar

Rodovia do Xisto (BR 476) – Km1683700-970 Araucária – Paraná

Mario Newton Coelho Reis(Coordenador Geral)

Tel.: (41) 641 2846 – Fax: (41) 643 2717e-mail: [email protected]

Uzias Alves(Coordenador Técnico)

Tel.: (41) 641 2301e-mail: [email protected]

Décio Luiz RogalTel.: (41) 641 2295

e-mail: [email protected] Aparecida Carvalho Stegg da Silva

Tel.: (41) 641 2433e-mail: [email protected]

Adair MartinsTel.: (41) 641 2433

e-mail: [email protected]

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Apresentação

É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você.Para continuarmos buscando excelência em resultados,

diferenciação em serviços e competência tecnológica, precisamosde você e de seu perfil empreendedor.

Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre oCentro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representadapela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicosque auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria.Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planosde aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc-nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po-dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como umprocesso contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizadopela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades daPetrobras.

Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outrasfontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundarseu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão naPetrobras.

Nome:

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Escreva uma frase para acompanhá-lo durante todo o módulo.

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Sumário

1 A PETROBRAS, A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E ENERGIA ..................................7

1.1 O petróleo na natureza – uma história contada em milhões de anos .......................... 7

1.2 As maiores reservas de petróleo do mundo ................................................................ 8

1.3 A história da Petrobras ............................................................................................. 12

1.4 Anos 50: aprender fazendo ....................................................................................... 12

1.5 Anos 60: perfurando e refinando .............................................................................. 13

1.6 Anos 70: crise no exterior, sucesso no mar .............................................................. 13

1.7 Anos 80: a década dos recordes ............................................................................... 14

1.8 Anos 90: a década da tecnologia .............................................................................. 15

2 O TRABALHO DOS OPERADORES ........................................................................... 18

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1 A Petrobras, a Indústria dePetróleo e Energia

1.1 O petróleo na natureza – umahistória contada em milhões de anos

Os nossos ancestrais, há milhares de anos,utilizavam uma substância escura, densa e vis-cosa para impermeabilizar barcos, iluminarruas e cidades, unir pedras nas construções eaté para preservar seus mortos. Eles não po-deriam supor que estavam trabalhando competróleo, um mineral que se tornaria uma ri-queza e transformaria o mundo.

Estima-se que as jazidas petrolíferas maisnovas têm menos de dois milhões de anos,enquanto as mais antigas estão em reservató-rios com cerca de 500 milhões de anos. Mascomo isto ocorreu? Durante alguns intervalosdo tempo geológico da longa história da Ter-ra, uma enorme massa de organismos vege-tais e animais foi, pouco a pouco, depositan-do-se no fundo dos mares e lagos. Pela açãodo calor e da pressão provocada pelo seguidoempilhamento de camadas, esses depósitosorgânicos transformaram-se, mediante reaçõestermoquímicas, em óleo e gás. Essas substân-cias orgânicas são formadas pela combinaçãode moléculas de carbono e hidrogênio, em ní-veis variáveis. Por isso, o petróleo (óleo e gás)é definido como uma mistura complexa dehidrocarbonetos gasosos, líquidos e sólidos.

O petróleo é uma substância menos densaque a água e pode variar tanto do ponto de vis-ta de sua composição química – petróleos debase parafínica, naftênica ou mista – como emrelação a seu aspecto. Alguns são fluidos, decor clara, outros são viscosos, com tonalida-des que vão do castanho-escuro ao preto, pas-sando pelo verde.

O gás pode ser considerado um irmão gê-meo do petróleo porque, na verdade, é a por-ção do petróleo que se encontra na naturezana fase gasosa. Pode sair do poço sozinho ouassociado ao óleo, gerando subprodutos comdiferentes características, segundo o aprovei-tamento de seus componentes.

Desprezado no passado, hoje o gás é con-siderado um combustível nobre, devido àsmuitas vantagens decorrentes de sua utiliza-ção, sejam econômicas, ambientais e de pro-cesso, sobre outros combustíveis. Entre essasvantagens, podem ser citadas: a preservaçãoda qualidade do ar, a possibilidade de substi-tuir qualquer fonte de energia convencional eo fato de ser um produto acabado – já está pron-to para a utilização, quando extraído – , nãonecessitando de estoques e permitindo redu-ção de custos. Na indústria, o emprego do gásrepresenta redução de despesas com manuten-ção de equipamentos, porque a queima com-pleta do gás não deixa resíduos nos fornos ecaldeiras. Há, também, comprovada melhoriade rendimento dos equipamentos em relaçãoao óleo combustível – sem falar na diminui-ção dos gastos com transporte, porque o gás éentregue diretamente através de dutos, a partirdas fontes de produção.

Uma aplicação do gás que vem sendo in-centivada é como combustível automotivo. Éo Gás Natural Comprimido, utilizado em fro-tas de ônibus urbanos e táxis, que permite aredução à metade da emissão de gasespoluentes. Além disso, é um combustível maisbarato e aumenta a vida útil dos veículos.

Outro uso do gás natural que está sendomuito estimulado pelo governo é em usinastermelétricas. Atualmente, a Petrobras parti-cipa, associada à iniciativa privada, de 23 pro-jetos de construção de termelétricas, de nortea sul do Brasil, que deverão entrar em opera-ção entre 2001 e 2004. Destes projetos, 12 sãode usinas produtoras apenas de energia elétri-ca. Os outros serão destinados à co-geração,ou seja, vão produzir energia elétrica e vapor,utilizados no processo industrial das unidadesda Petrobras, principalmente nas refinarias.Comparadas às hidrelétricas, as termelétricasoferecem muitas vantagens, desde o menorprazo de construção aos menores custos deimplantação, além de poderem ser instaladas

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próximas aos centros de consumo, barateandoa distribuição da energia produzida. Astermelétricas a gás natural representam, por-tanto, economia sem poluição.

1.2 As maiores reservas de petróleo domundo

Condições geológicas tão especiais deter-minaram a distribuição do petróleo de manei-ra bastante irregular na superfície terrestre.Existem no mundo alguns pólos de petróleo,ou seja, regiões que reuniram característicasexcepcionais para seu aparecimento. O maiorexemplo é o Oriente Médio, onde estão cercade 65% das reservas mundiais de óleo e 34%das de gás natural. É interessante notar que asseis maiores reservas de petróleo do mundoestão em países de pequena extensão territorial:Arábia Saudita, Iraque, Kuwait, Abu Dhabi,Irã e Venezuela. Isso demonstra que, comoqualquer recurso mineral, a distribuição de ja-zidas de petróleo não tem relação com o ta-manho do país ou seu grau de desenvolvimen-to, mas depende somente de fatores controla-dos pela natureza. A distribuição pouco uni-forme do petróleo nas várias regiões do mun-do determinou que existam hoje apenas 80países produtores, em maior ou menor escala.

No Brasil, grandes estados, como oMaranhão e o Pará, apesar de possuírem baci-as sedimentares e de já terem passado por vá-rios processos exploratórios, ainda têm poucaou nenhuma reserva de petróleo. A maior par-te de nossas reservas (cerca de 85%) está lo-calizada no mar, na Bacia de Campos, em fren-te ao Estado do Rio de Janeiro, um dos meno-res do país. As reservas totais brasileiras so-mavam, ao final de 1999, 17,3 bilhões de bar-ris de petróleo (óleo + gás), sendo 14,3 bilhõesde barris de óleo e 468,4 bilhões de metroscúbicos de gás natural (correspondentes a 3bilhões de barris de óleo equivalente). As re-servas provadas brasileiras somavam, no mes-mo período, 9,5 bilhões de barris de petróleo(óleo + gás), sendo 8,1 bilhões de barris deóleo e 228,7 bilhões de metros cúbicos de gás(correspondentes a 1,4 bilhão de barris de óleoequivalente). Mesmo depois das megafusõesentre grandes companhias de petróleo, queaconteceram nos últimos anos, as reservas bra-sileiras ainda estão em quarto lugar no rankingdas maiores super-reservas conhecidas. O to-tal mundial de reservas provadas de petróleo(óleo + gás) é de cerca de 1,2 trilhão de metroscúbicos (ou cerca de 7,4 trilhões de barris),

dos quais 57% estão concentrados nos paísesárabes próximos ao Golfo Pérsico.

O quadro abaixo mostra, em percentuais,os países que possuem as maiores reservas depetróleo (óleo + gás).

Reservas mundiais de óleo (em %)Arábia Saudita 25,5Iraque 10,9Emirados Árabes Unidos 9,4Kuwait 9,3Irã 8,7Venezuela 7,0Ex-União Soviética 6,3Líbia 2,9Estados Unidos 2,8México 2,7China 2,3Nigéria 2,2Noruega 1,0Argélia 0,9Brasil 0,8Canadá 0,7Resto do Mundo 6,6Total no Mundo: 1,03 trilhão de m³ (ou 6,5 trilhões debarris), em 1999Fontes: Petrobras e BPAMOCOALIVE StatisticalReview of World Energy – June 2000

Reservas mundiais de gás (em %)Ex-União Soviética 38,7Irã 15,7Qatar 5,8Emirados Árabes Unidos 4,1Arábia Saudita 4,0Estados Unidos 3,2Argélia 3,1Venezuela 2,8Nigéria 2,4Iraque 2,1Malásia 1,6Indonésia 1,4Canadá 1,2Holanda 1,2Kuwait 1,0Líbia 0,9Resto do Mundo 10,8Total no Mundo: 146,4 trilhões de m³(ou 0,92 trilhãode barris equivalentes), em 1999Fontes: Petrobras e BPAMOCOALIVE StatisticalReview of World Energy – June 2000

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A PetrobrasA partir de agora você vai conhecer uma

história de sucesso, feita com grandes conquis-tas, muito talento e enorme respeito ao meioambiente.

A história da Petrobras confunde-se coma própria história do petróleo brasileiro. Umaempresa que, próxima de completar 50 anos,chega ao século XXI enfrentando todos os de-safios com muita eficiência.

A Petróleo Brasileiro S/A é:• Uma companhia integrada que atua na

exploração, produção, refino, comercializa-ção e transporte de petróleo e seus de-rivados no Brasil e no exterior.

• Uma empresa de energia com enormeresponsabilidade social e profunda-mente preocupada com a preservaçãodo meio ambiente.

• Uma companhia que tem a sua trajetó-ria de conquistas premiada por inúme-ros recordes e pelo reconhecimento in-ternacional.

Com sede na cidade do Rio de Janeiro, aPetrobras possui escritórios e gerências de ad-ministração em importantes cidades brasilei-ras como Brasília, Salvador e São Paulo.Além de estar presente em diversas localida-des nas quais existem representações das suassubsidiárias, a Petróleo Brasileiro S/A pos-sui ainda escritórios em Londres, Nova Iorquee Japão.

Só na segunda metade do século passado,os métodos primitivos, de pouquíssimo rendi-mento, deram lugar à ousada idéia de perfurarpoços mais profundos. Foi um ex-maquinistade trem, o americano Edwin Drake, quem pas-sou à História como o autor da façanha. Per-furado em 1859, na Pensilvânia, Estados Uni-dos, o poço aberto por Drake com um equipa-mento que funcionava como um bate-estaca,pelo sistema de percussão, produziu 19 barrispor dia, encorajando muitas outras tentativas.

Cinco anos depois da descoberta de Drake,funcionavam, nos Estados Unidos, 543 com-panhias dedicadas ao novo ramo de atividade.O petróleo passou, então, a ser utilizado emlarga escala, substituindo os combustíveis dis-poníveis, principalmente o carvão, na indús-tria, e os óleos de rícino e de baleia, na ilumi-nação.

A indústria de petróleo começou nos Es-tados Unidos e a primeira grande empresa -Standard Oil, por sua ação considerada dano-sa à economia do país, foi, em 1914, judicial-mente desmembrada em sete companhias quese tornaram gigantes no rastro do "boom" dopetróleo e do poderio dos Estados Unidos.

Começava, assim, um grande negócio emais um capítulo da história daquela que setornaria a principal matéria-prima do século XX,capaz de transformar as relações econômicasdo mundo, dando impulso à industrialização eao progresso tecnológico, diminuindo distân-cias e aumentando o conforto das pessoas.

A distribuição das fontes de energia

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Devido à alta competitividade do novocenário da indústria de energia, a Petrobrasreposicionou-se em relação ao futuro, utilizan-do os mais modernos instrumentos de gestão.

Uma nova estrutura, forte e bem posicio-nada, está fazendo com que a empresa alcan-ce suas metas estratégicas de expansão,internacionalização, rentabilidade e produti-vidade.

De acordo com o novo modelo de estruturaorganizacional, a Companhia passa a funcionarcom quatro áreas de negócio – E&P (Explora-ção e Produção), Abastecimento, Gás & Ener-gia e Internacional –, duas de apoio – a Finan-ceira e de Serviços – e as unidades corporativas

Atuação internacional da Petrobrás.

Sistema de atuação da Petrobrás.

ligadas diretamente ao presidente. Além demelhorar todo aspecto operacional e os resul-tados da empresa, a nova estrutura abre espa-ço para que os empregados desenvolvam seupotencial e se beneficiem do valor agregadoao negócio.

Refino, transporte e comercialização for-mam a cadeia do Abastecimento, também co-nhecida como Downstream, um setor que en-volve unidades industriais (as refinarias), umaextensa rede de dutos, dezenas de navios e ter-minais marítimos. Tudo isso funcionando deacordo com um planejamento cuidadoso, paragarantir o abastecimento de derivados do pe-tróleo a todos os pontos do país.

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Vinculadas a esta área estão: dez refina-rias no país, duas na Bolívia e uma na Argen-tina; uma fábrica de lubrificantes e duas defertilizantes; uma unidade de industrializaçãodo xisto.

A Petrobras possui dez refinarias:1. Refinaria Landulpho Alves – (Rlam) –

Mataripe, Bahia2. Refinaria Presidente Bernardes –

(RPBC) – Cubatão, São Paulo3. Refinaria Duque de Caxias – (Reduc) –

Campos Elíseos, Rio de Janeiro4. Refinaria Gabriel Passos – (Regap) –

Betim, Minas Gerais5. Refinaria Alberto Pasqualini – (Refap) –

Canoas, Rio Grande do Sul6. Refinaria de Paulínia (Replan) –

Paulínia, São Paulo7. Refinaria de Manaus (Reman) –

Manaus, Amazonas8. Refinaria de Capuava (Recap) –

Mauá, São Paulo9. Refinaria Presidente Getúlio Vargas

(Repar) – Araucária, Paraná10. Refinaria Henrique Lage (Revap) –

São José dos Campos – São Paulo

Uma fábrica de lubrificantes:11. Lubrificantes e Derivados de Petróleo

do Nordeste – (Lubnor) – Fortaleza,Ceará

E uma unidade de industrialização do Xisto:12. Superintendência da Industrialização do

Xisto (Six) – São Mateus do Sul, Paraná

Duas fábricas de fertilizantes:13. Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados –

(Fafen) – Camaçari – Bahia14. Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados –

(Fafen) – Laranjeiras – SergipeAlém das atividades da holding, o Siste-

ma Petrobras inclui cinco subsidiárias – em-presas independentes com diretorias próprias,interligadas à Sede. São elas:

• Petrobras Gás S.A – Gaspetro, subsi-diária responsável pela comercializaçãodo gás natural nacional e importado;

• Petrobras Química S.A (Petroquisa),que atua na indústria petroquímica;

• Petrobras Distribuidora S.A. – BR, nadistribuição de derivados de petróleo;

• Petrobras Internacional S.A. –Braspetro, que atua nas atividades deexploração e produção e na prestaçãode serviços técnicos e administrativosno exterior;

• Petrobras Transporte S.A. – Transpetro,criada para executar as atividades detransporte marítimo da Companhia.

Além disso, há o CENPES, centro de pesqui-sas da Petrobras, que possui uma das mais avan-çadas tecnologias do mundo e é reconhecido in-ternacionalmente pela sua grande competência.

Unidades da Petrobras.

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e criou a Petróleo Brasileiro S.A. – a Petrobras –para exercê-lo. Foi um momento histórico e oinício de um longo caminho a percorrer.

1.4 Anos 50: aprender fazendoAo ser constituída, a nova companhia re-

cebeu do Conselho Nacional do Petróleo(CNP) os campos de petróleo do Recôncavobaiano; uma refinaria em Mataripe, na Bahia,uma refinaria e uma fábrica de fertilizantes,ambas em fase de construção, em Cubatão(SP); a Frota Nacional de Petroleiros, com 22navios, e os bens da Comissão de Industriali-zação do Xisto Betuminoso. A produção depetróleo era de 2.700 barris por dia, represen-tando 27% do consumo brasileiro. Vinha doscampos de Candeias, Dom João, Água Gran-de e Itaparica, todos na Bahia em fase inicialde desenvolvimento. O parque de refino aten-dia a uma pequena fração do consumo nacio-nal de derivados, que se situava em torno de137 mil barris por dia, a maior parte importada.

A década de 1950 foi o tempo do "apren-der fazendo". O Governo deu à nova empresatodos os meios e facilidades para expandir aindústria petrolífera no país. Com isso, foi pos-sível aumentar a produção, ampliar o parquede refino, melhorar a capacidade de transportee incrementar a pesquisa. Ao mesmo tempo, anova empresa procurou formar e especializarseu corpo técnico, para atender às exigênciasda nascente indústria brasileira de petróleo.

As opções iniciais foram pela construçãode novas refinarias, buscando a redução doscustos de importação de derivados, e pela cri-ação de uma infra-estrutura de abastecimento,

1.3 A história da PetrobrasNa década de 30, começa a delinear-se a

tendência à nacionalização dos bens dosubsolo. Em 1938, toda a atividade petrolíferapassou, por lei, a ser privativa de brasileiros.Data também daquele ano, a criação do Con-selho Nacional do Petróleo (CNP), com a atri-buição de apreciar os pedidos de pesquisa elavra de jazidas de petróleo. O decreto de cria-ção do CNP também declarou de utilidadepública o abastecimento nacional de petróleoe regulou as atividades de importação, expor-tação, transporte, distribuição e comércio depetróleo bruto e derivados e o funcionamentoda indústria de refino. Além disso, as jazidasde petróleo passaram a constituir patrimônionacional.

No dia 3 de outubro de 1953, do Paláciodo Catete, antiga sede do Governo Federal, opresidente Getúlio Vargas enviava mensagemao povo brasileiro, dando conta de que o Con-gresso acabara de transformar em lei o planogovernamental para a exploração do petróleo."Constituída com capital, técnica e trabalhoexclusivamente brasileiros, a Petrobras resul-ta de uma firme política nacionalista no terre-no econômico, já consagrada por outros arro-jados empreendimentos, em cuja viabilidadesempre confiei", disse o presidente. "É, por-tanto, com satisfação e orgulho patriótico que,hoje, sancionei o texto de lei aprovado pelopoder legislativo, que constitui novo marco danossa independência econômica", concluiu.

Estavam lançadas as bases da política pe-trolífera nacional, estabelecida na Lei 2004,que instituiu o monopólio estatal do petróleo

Organograma funcional da Petrobras.

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com a melhoria da rede de transporte e insta-lação de terminais em pontos estratégicos dopaís. Ao final da década, a produção de petró-leo já se elevava a 65 mil barris diários, as re-servas somavam 617 milhões de barris, en-quanto as obras em andamento no setor indus-trial prometiam, para a década seguinte, a auto-suficiência do parque de refino na produçãode derivados básicos.

Alguns fatos marcantes dos anos 50 foram:

• Início de operação da Refinaria Presi-dente Bernardes (RPBC), em Cubatão,São Paulo (1955);

• Descoberta de petróleo em NovaOlinda, no Amazonas, em 1955, maistarde considerada subcomercial;

• Início de operação do Terminal de Ma-dre de Deus, na Bahia, que tornou pos-sível exportar para Cubatão o excessode petróleo produzido no estado (1956);

• Esforço para adquirir, no mercado in-terno, quantidades cada vez maiores demateriais e equipamentos. Em 1956, aRPBC adquiriu, no país, 78% de seussuprimentos;

• Intensificação das pesquisas geológicase geofísicas em todas as baciassedimentares.

1.5 Anos 60: perfurando e refinandoA década de 60 foi um período de muito

trabalho e grandes realizações para a indústrianacional de petróleo. Em 1961, a Petrobrasalcançou um de seus objetivos principais: aauto-suficiência na produção dos principaisderivados, com o início de funcionamento daRefinaria Duque de Caxias (Reduc), no Riode Janeiro. Ao longo da década, outras unida-des entraram em operação: as RefinariasGabriel Passos (Regap), em Betim, MinasGerais, e Alberto Pasqualini (Refap), em Ca-noas, Rio Grande do Sul (1968). A expansãodo parque de refino mudou a estrutura dasimportações radicalmente. Enquanto, na épo-ca de criação da Petrobras, cerca de 98% dascompras externas correspondiam a derivadose só 2% a óleo cru; em 1967, o perfil das im-portações passava a ser 8% de derivados e 92%de petróleo bruto.

Para reduzir o custo das importações, oGoverno instituiu, em 1962, o monopólio daimportação de petróleo e derivados. Essa me-dida permitiu para a Petrobras a realização de

negociações que resultaram em grande econo-mia de divisas para o país, nos anos seguintes.

Dois importantes marcos de produção fo-ram alcançados nos anos 60: os 100 mil barrisdiários de produção, em 1962, e a primeiradescoberta de petróleo no mar, em 1968. Ocampo de Guaricema, no litoral de Sergipe,representou um passo importante para que aPetrobras mergulhasse em direção ao futurosucesso exploratório na atividade offshore.

Outros destaques dos anos 60 foram:• Início da exploração da plataforma con-

tinental, do Maranhão ao Espírito San-to (1961);

• Inauguração do primeiro posto de abas-tecimento da Petrobras, em Brasília(1961);

• Diversificação das fontes de suprimen-to da Petrobras, até então restritas àArábia Saudita e Venezuela, para oitopaíses (1965);

• Inauguração da Fábrica de Asfalto deFortaleza, hoje conhecida como Lubri-ficantes e Derivados de Petróleo doNordeste – Lubnor (1966);

• Criação do Centro de Pesquisas e De-senvolvimento (Cenpes), atualmente, omaior centro de pesquisas da AméricaLatina (1966);

• Constituição da subsidiária PetrobrasQuímica S.A (Petroquisa), para articu-lar a ação dos setores estatal e privado naimplantação da indústria petroquímica nopaís (1967);

• Levantamentos geofísicos, na bacia deCampos, foram iniciados, tendo sidoperfurado o primeiro poço submarino(1968).

1.6 Anos 70: crise no exterior, sucessono mar

No início dos anos 70, o consumo de deri-vados de petróleo duplicou, impulsionado pelocrescimento médio anual do Produto InternoBruto a taxas superiores a 10% ao ano. Comoresponsável pelo abastecimento nacional deóleo e derivados, a Petrobras viu-se diante danecessidade de reformular sua estrutura de in-vestimentos, para atender à demanda interna dederivados. Datam desse período o início deconstrução da Refinaria de Paulínia (Replan),em São Paulo, a modernização da RPBC e o iníciode construção da unidade de lubrificantes da Reduc.

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Paralelamente, cresceram os esforços paraaumentar a participação do petróleo nacionalno consumo brasileiro. A plataforma continen-tal passou a merecer atenção especial. Depoisde Guaricema, foram realizadas mais de 20descobertas de pequeno e médio portes no li-toral de vários estados. Em 1974, a descobertado campo de Garoupa, no litoral do Estado doRio de Janeiro, anunciou uma nova fase paraa produção do país. Estava dada a largada paraos constantes êxitos conseguidos na bacia deCampos, que rapidamente se transformou namais importante região produtora.

Os anos 70 também foram marcados porcrises. Os países da Organização dos PaísesExportadores de Petróleo (OPEP) elevaram subs-tancialmente os preços internacionais, provocan-do os chamados choques do petróleo de 1973 e1979. Com isso, o mercado tornou-se conturba-do e marcado por incertezas não apenas quantoaos preços, como também quanto à garantia dosuprimento. Como importante cliente das com-panhias estatais dos países da OPEP, a Petrobrasconseguiu manter o abastecimento ao mercadobrasileiro, resultado de anos de bom relaciona-mento com aquelas companhias.

Para superar as dificuldades cambiais, oGoverno adotou medidas econômicas, algumasdiretamente ligadas às atividades da Petrobras:redução do consumo de derivados, aumentoda oferta interna de petróleo. Datam desse pe-ríodo a adoção dos contratos de risco, assina-dos entre a Petrobras e companhias particula-res, para intensificar a pesquisa de novas jazi-das, e o desenvolvimento de novas fontes deenergia, capazes de substituir os derivados depetróleo. Um exemplo foi o incentivo ao usodo álcool carburante como combustívelautomotivo, com a criação do Programa Nacio-nal do Álcool. Passou a ser dada prioridadeaos investimentos em exploração e produção,ocasionando aumento da produção do petró-leo nacional, que passou a ocupar espaço cadavez maior na carga das refinarias.

Alguns marcos dos anos 70 foram:• Criação de mais cinco subsidiárias: a

Petrobras Distribuidora (1971), aPetrobras Internacional – Braspetro(1972), a Petrobras Fertilizantes –Petrofertil, a Petrobras Comércio Inter-nacional – Interbrás (1976) e a PetrobrasMineração – Petromisa (1977);

• Início das operações das refinarias dePaulínia (SP), ainda hoje a maior dopaís (1972), e Presidente GetúlioVargas, em Araucária, Paraná (1977);

• Começo da operação do ComplexoPetroquímico de São Paulo – I PóloPetroquímico (1972);

• Aquisição das refinarias de Capuava eManaus pela Petrobras (1974);

• Pela primeira vez no Brasil, foi reali-zada a extração de óleo de xisto, com aentrada em operação da Usina Protóti-po do Irati, em São Mateus do Sul,Paraná (1972);

• Início da produção de petróleo na baciade Campos, com um sistema antecipadoinstalado no campo de Enchova (1977);

• No Alto Amazonas, foi descoberta aacumulação de gás de Juruá, a primei-ra descoberta com possibilidades co-merciais realizada na região amazôni-ca (1978);

• Inauguração da Central de Matérias-Pri-mas da Copene, subsidiária daPetroquisa, em Camaçari, Bahia (1978);

• Ao final da década, o Brasil produzia165.500 barris de petróleo por dia, 66%dos quais em terra e 34% no mar. Aprodução média de gás natural atingia5.200 mil metros cúbicos/dia.

1.7 Anos 80: a década dos recordesA década de 80 levou a Petrobras a supe-

rar grandes desafios. Com as bruscas eleva-ções de preços no exterior, o dispêndio de di-visas do país com petróleo e derivados aumen-tou mais de dez vezes, chegando a alcançar acasa dos 10 bilhões de dólares em 1981. Osinvestimentos nas atividades de exploração eprodução, junto ao esforço desenvolvido naárea de comercialização, contribuíram parareduzir a dependência energética. Ao final dadécada, o dispêndio líquido de divisas comimportação de óleo e derivados caía para cer-ca de 3 bilhões de dólares.

Para o desafio de produzir em águas nafaixa de 120 metros, a Petrobras valeu-se detecnologia disponível no exterior. Assim, foiimplantada a primeira fase de produção dabacia de Campos, que permitiu ao Brasil au-mentar substancialmente a produção de petró-leo. Ao mesmo tempo, a Petrobras ampliou autilização dos sistemas antecipados, que trou-xeram dois ganhos fundamentais: a possibi-lidade de antecipar receitas e o domínio gradualda tecnologia de produção submarina. A pro-dução passou, assim, a bater sucessivos recor-des, atingindo 675.135 barris diários em de-zembro de 1989.

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A Indústria de Petróleo e Energia, a Petrobras e o papel do operador

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Os anos 80 trouxeram boas notícias tam-bém para a produção em terra. Em 1988, en-trou em operação o campo de Rio Urucu, noAlto Amazonas, descoberto dois anos antes.Foi um verdadeiro marco histórico das ativi-dades da Petrobras na Amazônia, onde a pro-cura de petróleo antecedia a própria criaçãoda empresa.

Na área de refino, as instalações industriaisda Petrobras foram adaptadas para atender àevolução do consumo de derivados. Para isso,foi implantado, na década de 80, o projeto co-nhecido como "fundo de barril". Seu objetivoera transformar os excedentes de óleo com-bustível em derivados como o diesel, a gasoli-na e o gás liquefeito de petróleo (gás de cozi-nha), de maior valor.

Outro marco da década foi a atenção es-pecial dada à preservação do meio ambiente.A Petrobras passou a dedicar grande quanti-dade de recursos ao treinamento e à educaçãoambiental, assim como ao desenvolvimento detecnologias específicas de proteção ao meioambiente e a adoção de um programa demelhoria da qualidade dos combustíveis.

Também se destacaram, nos anos 80, osseguintes acontecimentos:

• Entrou em operação a RefinariaHenrique Lage (Revap), em São Josédos Campos, SP (1980);

• Foram instalados, na bacia de Campos,os Sistemas de Produção Antecipada,com tecnologia desenvolvida pelos téc-nicos da Petrobras (1981);

• Entrou em operação o III PóloPetroquímico, instalado em Triunfo, RS(1982);

• Construído, em São Sebastião (SP), oCentro Modelo de Combate à Poluiçãono Mar por Óleo, o primeiro do país(1984);

• Alcançada a meta-desafio de produçãode 500 mil barris diários de petróleo;

• Realizadas as únicas descobertas co-merciais efetuadas pelas contratantes derisco: gás natural pela Pecten, na baciade Santos, e óleo pela brasileira Aze-vedo Travassos, na parte terrestre dabacia Potiguar (1985);

• Descobertos os campos de Albacora(1984) e Marlim (1985), os primeiroscampos gigantes em águas profundasna bacia de Campos;

• Criado o Programa de InovaçãoTecnológica e Desenvolvimento Avança-do em Águas Profundas e Ultraprofundas,

para viabilizar a produção de óleo e gásem águas superiores aos 1.000 metros,mais tarde estendido aos 2.000 e pos-teriormente aos 3.000 metros (1986);

• Consolidado o pioneirismo na explora-ção e produção em águas profundas, coma perfuração de poços em lâminas d'águasuperiores a 1.200 metros e produção aprofundidades de cerca de 400 metros, oque constitui recorde mundial (1986);

• A Petrobras superou seu próprio recor-de, produzindo petróleo a 492 metrosno campo de Marimbá, na bacia deCampos (1988);

• Retirado totalmente o chumbo tetraetilada gasolina produzida pela Petrobras(1989).

1.8 Anos 90: a década da tecnologiaEntra em ação a vanguarda tecnológica:

sensoriamento remoto, poços perfurados ho-rizontalmente, robótica submarina, produçãode petróleo em águas ultraprofundas. APetrobras inicia a década sendo indicada pelaOffshore Technology Conference para recebero OTC Distinguished Achievement Award, omaior prêmio do setor petrolífero mundial, emreconhecimento à sua notável contribuiçãopara o avanço da tecnologia de produção emáguas profundas.

De fato, ao final dos anos 80, a Petrobrasencontrava-se diante do desafio de produzirpetróleo em águas abaixo de 500 metros, feitonão conseguido, até então, por nenhuma com-panhia no mundo. Num gesto de ousadia, de-cidiu desenvolver, no Brasil, a tecnologia ne-cessária para produzir em águas de até milmetros. O sucesso foi total. Menos de umadécada depois, a Petrobras dispõe detecnologia comprovada para produção de pe-tróleo em águas muito profundas. O últimorecorde foi obtido em janeiro de 1999, no cam-po de Roncador, na bacia de Campos, produ-zindo a 1.853 metros de profundidade. Mas aescalada não pára. Ao encerrar-se a década, aempresa prepara-se para superar, mais umavez, seus próprios limites. A meta, agora, sãoos 3 mil metros de profundidade, a serem al-cançados mediante projetos que aliam a ino-vação tecnológica à redução de custos.

Além da capacitação brasileira na produ-ção de petróleo em águas profundas eultraprofundas, outros desafios foram enfren-tados pelo Centro de Pesquisas da Petrobrasdurante a década. Entre eles, estão: o aumento

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• Modificado o estatuto da Petrofertil, deforma a permitir sua atuação no seg-mento do gás natural (1996). Mais tar-de, a Petrofertil tem sua razão socialalterada para Petrobras Gás S.A -Gaspetro (1998);

• Superada a marca de produção de ummilhão de barris diários de petróleo(1997);

• Criada a Petrobras Transporte S.A -Transpetro, com o objetivo de construire operar dutos, terminais, embarcaçõese instalações para o transporte e arma-zenagem de petróleo e derivados, gás egranéis (1998);

• Assinados os primeiros acordos de par-ceria entre a Petrobras e empresas pri-vadas, para desenvolvimento de blocosde exploração, em terra e no mar(1998);

• A Petrobras obteve da Agência Nacio-nal de Petróleo (ANP), 397 concessõesdistribuídas em blocos exploratórios, dedesenvolvimento da produção e cam-pos em produção, com área total de458.532 quilômetros quadrados, 7,1%da área sedimentar brasileira (1998);

• Inaugurada a primeira etapa dogasoduto Bolívia-Brasil, entre SantaCruz de la Sierra, na Bolívia, e Campi-nas (SP). Maior obra do gênero naAmérica Latina, o gasoduto vai permi-tir que se amplie consideravelmente aparticipação do gás natural na matrizenergética brasileira (1999).

Setor de Petróleo. Valor de Mercado. Em US$ Bilhões. Em 31/01/2001.

do fator de recuperação do petróleo das jazi-das, o desenvolvimento de novas tecnologiaspara adequação do parque de refino ao perfilda demanda nacional de derivados e a formu-lação de novos produtos e aditivos que garan-tam o atendimento à crescente exigência dasociedade brasileira por combustíveis e lubri-ficantes de melhor qualidade.

Em agosto de 1997, a Petrobras passou aatuar em um novo cenário de competição ins-tituído pela Lei 9.478, que regulamentou aemenda constitucional de flexibilização domonopólio estatal do petróleo. Com isso, abri-ram-se perspectivas de ampliação dos negóciose maior autonomia empresarial. Em 1998, aPetrobras posicionava-se como a 14.ª maiorempresa de petróleo do mundo e a sétima maiorentre as empresas de capital aberto, segundo atradicional pesquisa sobre a atividade da in-dústria do petróleo, divulgada pela publicaçãoPetroleum Intelligence Weekly.

Outros fatos importantes dos anos 90:• O decreto 99.226, de abril de 1990, de-

terminou a extinção da Interbrás e daPetromisa;

• Assinado o Acordo Brasil-Bolívia, paraimportação de gás natural, com a cons-trução de um gasoduto de 2.233 quilô-metros (1993);

• Desenvolvido o projeto Centros de Ex-celência, que associa o Governo, uni-versidades, empresas privadas e a es-tatal na implantação de núcleos de altosaber, com ascendência tecnológica emnível internacional (1997);

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O PresenteComo todas as grandes corporações petro-

líferas, a Petrobrás é uma companhia integra-da, que opera em todas as atividades do setorde petróleo, como a exploração, produção, re-fino, transporte, comercialização, importação eexportação de petróleo e seus derivados.

Para se ter uma idéia da real evolução daempresa, observe com cuidado os próximosdados. Dos 2.700 barris/dia de petróleo pro-duzidos quando foi criada, a Petrobrás chegaao final do ano de 2000 com produção de cer-ca de um milhão e 300 mil barris por dia deóleo e 39 milhões de metros cúbicos diáriosde gás natural. Aproximadamente 61% dessetotal vêm do mar e são produzidos através deuma centena de plataformas, fixas e flutuan-tes. A capacidade de refino ultrapassou a mar-ca de 1milhão e 600 mil barris de petróleo pordia. A distribuição conta com mais de 7.000postos espalhados pelo país.

A Petrobras hoje é a empresa que detém omaior número de certificados ISO 9000 nopaís. Esse certificado, na economia globalizadade hoje, representa um verdadeiro passaportepara o comércio internacional.

A Petrobras entende que, em um cenáriocada vez mais competitivo, a imagem dasempresas está relacionada à conscientizaçãode seus empregados de que o aprimoramentoda qualidade, a minimização de impactos aomeio ambiente e a segurança do homem e dopatrimônio são fatores decisivos para o aumen-to da produtividade. Por isso, a Companhiadedica igual atenção ao seu desenvolvimentotecnológico e aos aspectos de proteção ao meioambiente.

O futuroUma visão do ano 2010: a Petrobras será

posicionada como uma empresa de energia,presente nos mercados mundiais, líder da in-dústria na América Latina, com grande ênfa-se na prestação de serviços, e livre para atuarna condição de empresa internacional.

Depois de operar no Brasil por cerca demeio século como uma companhia monopo-lista, e levando em consideração a atual aber-tura do setor petrolífero, assim como a resul-tante chegada de competidores em negóciosupstream e downstream, torna-se claro que aPetrobras atingiu um muito importante pontode inflexão. O grande desafio, hoje, é preparar

a companhia para o mercado de livre compe-tição, revisando suas estratégias, refocalizandoseus negócios em E&P, Refino, Transporte,Comercialização, Distribuição, Gás Natural ePetroquímicos, treinando seu pessoal e abrin-do oportunidades para parcerias com os maisimportantes participantes do setor de energia.

Todos os esforços deverão convergir parao crescimento da Companhia, que se tornaráuma regional de vulto em poucos anos, man-tendo sua margem de superioridade competi-tiva em tecnologia para águas ultraprofundase contribuindo, então, efetivamente para aintegração da energia na América Latina.

Assim, esperamos poder implementar osobjetivos do Plano Estratégico da Compa-nhia para o período de 2000-2010, uma estra-tégia para tornar a Petrobras competitiva in-ternacionalmente.

O novo modelo de organização, aprovadodia 20 de outubro de 2000, pelo Conselho deAdministração, irá dotar a companhia de mo-dernos instrumentos de gestão e torná-la maiságil, transparente e eficiente. Com isso, aempresa dá um passo decisivo para atingir as me-tas estratégicas de expansão, internacionalização,rentabilidade e produtividade.

De acordo com o novo modelo, a compa-nhia passa a funcionar com quatro áreas denegócio – E&P, Abastecimento, Gás & Ener-gia e Internacional –, duas áreas de apoio - aFinanceira e de Serviços – e as unidadescorporativas ligadas diretamente ao presiden-te. A estrutura incorpora o conceito de unida-des de negócio, já adotado pelas maiores com-panhias de petróleo e energia do mundo. Fo-ram criadas 40 unidades vinculadas às áreasde negócio. Cada unidade de negócio vai ope-rar com mais autonomia nas decisões e inde-pendência para administrar orçamento e inves-timento. Haverá metas e responsabilizaçãopelos resultados. Será possível avaliar cadaatividade da companhia com mais precisão,corrigir desvios do planejado, enfatizar os bonsdesempenhos e atuar com rapidez sobre osmais fracos.

O mesmo princípio valerá para as áreas deserviço. Elas vão ser avaliadas pelo que agrega-rem de valor aos diversos negócios da empresa eterão que se tornar competitivas. Além de me-lhorar a operação e os resultados da empresa, anova estrutura abre espaço para que os emprega-dos desenvolvam seu potencial e criatividade ese beneficiem do valor agregado ao negócio.

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2O trabalho dooperador

Nas refinarias da Petrobrás, o número deoperadores corresponde a aproximadamente 40a 50% de seu pessoal efetivo. Estes profissio-nais são responsáveis por operar as plantas deprocesso, sistemas de utilidades e sistemas detransferência e estocagem dentro de rigorosospadrões de segurança e confiabilidade.

Para assumir tal responsabilidade, os ope-radores da Petrobrás passam por um longoperíodo de capacitação e amadurecimento pro-fissional. Nos dias atuais, um operador capa-citado deverá passar por 3 a 5 anos de apren-dizagem intensiva.

Para cobrir as exigências de um processode produção contínua, o trabalho do operadordá-se em turnos ininterruptos de revezamento,sendo na maioria das refinarias da Petrobrás emturnos de oito horas. Para tal, são construídasescalas em que, a partir de ciclos definidos, sãoalternados períodos de trabalho e folga.

A carreira do operador possui os cargosde Operador I, Operador II e Técnico de Ope-ração, sendo o último exercido em horário ad-ministrativo. Dentro da carreira, existe aindaa função de supervisor, exercida por operado-res que têm a responsabilidade de liderar osgrupos de turno.

A atuação dos operadores dá-se emdois processos chave: nas operações decampo e no monitoramento e controle dasunidades no console.

Nas operações de campo, cabe ao opera-dor realizar rotinas e manobras visando man-ter as operações sob controle, proporcionan-do, assim, a máxima eficiência e segurançaoperacional. Durante as suas rotinas, o opera-dor realiza a monitoração e operação de equi-pamentos e sistemas, amostragens de insumose produtos e análises para controle.

Na realização das manobras no campo, ooperador basicamente intervém sobre os equi-pamentos de processo. Mas, uma operação quea princípio pode parecer simples, na realida-de, exige deste profissional a articulação de

diversos conhecimentos e competências. Aorealizar uma manobra, por mais simples queseja, o operador estará utilizando suas compe-tências em teoria do processo; segurança, saú-de e meio ambiente; equipamentos; procedi-mentos; comunicação etc. A experiência de-monstra que operadores competentes, além derealizar tal articulação, quando atuam sobre umequipamento e sistema específico, nunca per-dem a noção da totalidade, ou seja, são capa-zes de compreender claramente a conseqüên-cia da sua ação para o processo.

Nos últimos dez anos, a revolução datecnologia da informação trouxe inúmerasmudanças para as operações das plantas deprocesso. Uma grande reestruturação produti-va vem consolidando-se através da automaçãode operações que no passado eram feitas ma-nualmente e, principalmente, transformando ossistemas de controle e monitoramento. As ino-vações tecnológicas realizadas substituíramsistemas de base eletromecânica para sistemascom base microeletrônica, o que exige do ope-rador capacidade para lidar com sistemas di-gitais. Com essas inovações tecnológicas, osoperadores precisam ter novas habilidades,como por exemplo, a capacidade para lidarcom sistemas informatizados.

Atualmente, as modernas plantas de pro-cesso são monitoradas através de Centros In-tegrados de Controle, onde os operadores con-trolam as plantas através de sistemas deinformática chamados consoles.

No monitoramento das plantas através dosconsoles, é exigido do operador um nível máxi-mo de articulação de saberes e competências,pois seu trabalho exigirá relacionar um gran-de número de variáveis de processo, visandoantecipar problemas e buscar o nível ótimo deeficiência. Nesta posição, os operadores com-petentes não se limitam a consultar informa-ções, mas sim são capazes de construir a in-formação, ponto que os leva até a identificar pro-blemas em equipamentos e instrumentos.

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A exigência por articular um conjunto desaberes e competências intensifica-se, tanto nocampo quanto no console, quando a atuaçãodo operador deixa de ser manter a condiçãonormal e passa a ser atuar em situações de anor-malidade ou mesmo em emergências. Alémde todo conhecimento técnico necessário, pas-sa a ser exigido do operador um grande con-trole emocional e capacidade de tomar deci-sões rápidas, já que, em questões de segun-dos, este pode colocar em risco sua segurançapessoal, de seus colegas e até mesmo do am-biente e das comunidades circunvizinhas.

Exige-se deste profissional uma compre-ensão clara de sua responsabilidade. A segu-rança das pessoas, instalações e a preservaçãodo meio ambiente devem prevalecer sobre aprodução. Isto requer profissionais que bus-quem sua autonomia profissional, através doaperfeiçoamento contínuo, não só para lidarcom questões técnicas, mas, também, para,entendendo o contexto e cenário de nossa in-dústria, ser capaz de tratar de questões éticas.

A formação inicial ocorre através de umintensivo processo de capacitação, que se ini-cia com o Curso de Formação de Operadores.O objetivo dessa capacitação é o de construiruma base de saberes essenciais para que ope-radores possam iniciar sua formação específi-ca. A partir daí, estes poderão aprender a ope-rar as plantas de processo, normalmente como acompanhamento de um operador mais ex-periente, que atua como treinador.

O operador assume sua primeira ativida-de no campo quando está apto a realizar ma-nobras com confiabilidade e segurança. Istopode ocorrer num horizonte de oito a dozemeses a partir de sua formação básica, estan-do este tempo sujeito a variações de acordocom a especificidade do processo e de cadaUnidade da Cia.

A assunção destas atividades não concluia formação do operador, apenas a inicia. Énecessário, pois, o contínuo aperfeiçoamentopara adquirir novas atribuições e responsabi-lidades como: liberar equipamentos, partir eparar sistemas, diagnosticar e solucionar pro-blemas e atuar em situações anormais e deemergência.

A partir do momento em que a competên-cia nas operações de campo está solidificada,o operador inicia sua capacitação emmonitoramento e controle no console, sendoesta passagem um marco para sua carreira pro-fissional.

Para fazer frente às novas demandas domundo do trabalho, tem sido exigido desteprofissional um novo conjunto de competên-cias. Estudo recente da Job PerformanceSystems, Inc. (EUA), relaciona como princi-pais demandas mentais para operadores deconsole:

• atenção seletiva – a capacidade paraconcentrar-se, diante da possibilidadede distrações;

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• sensibilidade para problemas – a ca-pacidade para determinar quando algoestá errado ou o que poderá dar errado;

• associação de tempo – capacidade paradividir a atenção entre múltiplos eventos;

• raciocínio – capacidade para analisaras causas de uma série de eventos.

Com base em nossa experiência, associa-mos às demandas definidas pela PerformanceSystems, competências que, ao longo dos últi-mos anos, vêm se consolidando como essen-ciais para adequar o perfil dos operadores àsnovas exigências do trabalho.

• Capacidade de trabalhar em equipe• Capacidade de decidir sob tensão• Capacidade de autodesenvolvimento

Para maiores informações consulte a nossahome page e o plano estratégico da empresa

www.petrobras.com.br

ção das perdas de produção, através da preci-são na realização das manobras e intervençõesque assegurem o menor desgaste possível dos

equipamentos.Problemas com seguran-

ça operacional e proteçãoambiental podem além de cau-sar perdas de produção, oca-sionar danos muito mais gra-ves, à vida humana e ao ambi-ente, na maioria das vezesirreparáveis. Portanto, nessasdimensões, não se pode espe-rar níveis de desempenho me-nores do que a excelência.Para isso, é necessária a vigi-lância permanente dos opera-dores nas condições de segu-rança das plantas de processo.Tal compromisso deve ser es-tabelecido por todos os níveisfuncionais, sendo as chefiasresponsáveis por dar aos ope-

radores os meios necessários para uma atua-ção segura.

Toda atividade, seja ela industrial ou não,é consumidora de recursos. É o uso racionaldestes recursos que produz melhores resulta-dos para o Refino, seja na redução dos custosde produção e, conseqüentemente, contribu-indo para preços mais competitivos, seja namaximização dos volumes, através da plenautilização do potencial dos equipamentos.Neste caso, as atuações do operador tanto naeliminação de desperdícios, quanto na identi-ficação e eliminação de gargalos operacionaistêm uma contribuição definitiva.

Estas são as demandas atuais, que se esta-beleceram a partir dos novos processos pro-dutivos, exigindo um trabalhador não só capazde saber fazer, mas também de saber pensar esaber ser.

Por fim, é necessário compreender qual acontribuição do operador para o desempenhodas Refinarias.

Numa refinaria de petróleo, os indicado-res de performance da produção estão relaci-onados à eficiência operacional, segurançaoperacional, proteção ambiental e otimizaçãode recursos.

A eficiência operacional, de forma geral,refere-se às perdas de produção em um deter-minado período, o que significa dizer que todaperda operacional reduz a performance dasrefinarias. Espera-se, portanto, que os opera-dores sejam capazes de contribuir para a redu-

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Principios Éticos da PetrobrasA honestidade, a dignidade, o respeito, a lealdade, odecoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípioséticos são os valores maiores que orientam a relação daPetrobras com seus empregados, clientes, concorrentes,parceiros, fornecedores, acionistas, Governo e demaissegmentos da sociedade.

A atuação da Companhia busca atingir níveis crescentesde competitividade e lucratividade, sem descuidar dabusca do bem comum, que é traduzido pela valorizaçãode seus empregados enquanto seres humanos, pelorespeito ao meio ambiente, pela observância às normasde segurança e por sua contribuição ao desenvolvimentonacional.

As informações veiculadas interna ou externamente pelaCompanhia devem ser verdadeiras, visando a umarelação de respeito e transparência com seusempregados e a sociedade.

A Petrobras considera que a vida particular dosempregados é um assunto pessoal, desde que asatividades deles não prejudiquem a imagem ou osinteresses da Companhia.

Na Petrobras, as decisões são pautadas no resultado dojulgamento, considerando a justiça, legalidade,competência e honestidade.